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6. Lei de Responsabilidade Fiscal

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Direito Financeiro 
João Paulo Lordelo
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL[1: Continuação Aula 12 – 08/04/2011.]
Sumário:
1. Noções gerais da Responsabilidade Fiscal
1.1. Natureza jurídica e origem da LRF
1.2. Pressupostos da Responsabilidade Fiscal (art. 1º)
1.3. Aplicabilidade da LRF 
1.4. Receita Corrente Líquida 
2. Planejamento
2.1. LDO 
2.2. LOA 
2.3. Execução orçamentária e cumprimento de metas 
2.4. Limitação de Empenho
3. Receita Pública
3.1. Previsão e Arrecadação 
3.2. Renúncia de Receita
4. Despesa Pública
4.1. Geração da despesa
4.2. Despesas com pessoal
4.2.1. Definição e Limites
4.2.2. Controle da despesa de pessoal
4.3. Despesas da seguridade social
5. Transferências Voluntárias
6. Destinação de recursos para o setor privado 
7. Dívida e Endividamento
7.1. Limites da dívida pública e recondução 
7.2. Operação de créditos por antecipação de receita orçamentária (ARO)
7.3. Restos a Pagar
8. Gestão patrimonial
8.1. Disponibilidades de caixa 
8.2. Preservação do patrimônio público 
9. Transparência, controle e fiscalização
9.1. Escrituração das contas públicas 
9.2. Consolidação das contas 
9.3. Fiscalização da Gestão Fiscal
1. Noções gerais da Responsabilidade Fiscal
	A Lei de responsabilidade fiscal deve ser entendida como um código de conduta criado para que os ordenadores de despesas passassem a planejar suas ações e a mostrar o que foi feito (transparência). 
	Pode-se dizer que a responsabilidade fiscal em nosso país constitui-se em instrumentos norteadores na busca do Equilíbrio orçamentário-financeiro do Estado brasileiro, em cada uma das unidades da Federação e dentro de cada Poder.
Atualmente requer-se que o gestor público não seja apenas um mero ordenador de despesas ou arrecadador de tributos, mas sim que todos os seus atos relacionados à execução de despesas ou arrecadação de receitas sejam processados de forma planejada e transparente. Assim, depois que a LRF foi publicada, o papel do ordenador de despesas foi alterado. 
1.1. Natureza jurídica e origem da LRF
A LRF é uma Lei Complementar Federal que estabelece normas gerais de finanças públicas para todos os entes da Federação.
A origem histórica da LRF foi a pressão internacional do FMI, que só aceitou emprestar dinheiro ao Brasil mediante a criação de um código de conduta.
Internamente, a origem da LRG encontra-se na CF/88, pois disciplina os artigos 163 e 169 da CF/88.
Art. 163. Lei complementar disporá sobre:
I - finanças públicas;
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público;
III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar [LRF].
	A LRF foi apresentada na Câmara em abril de 1999 e sancionada em maio de 2000. Houve grande pressão por parte dos parlamentares para impedir a aprovação da lei.
	Essa possui 10 capítulos:
	Os artigos mais cobrados em provas (para decorar mesmo!) são: art. 1º, 2º, 4º, 5º, 8, 12, 14, 15, 16, 17,18, 19,20, 21, 22, 23, 25, 26, 29 a 37, 38, 42, 43 a 46, 48 a 49.
1.2. Pressupostos da Responsabilidade Fiscal (art. 1º)
Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.
§ 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se PREVINEM riscos e CORRIGEM desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.
§ 2º As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
	A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe ação PLANEJADA e TRANSPARENTE.
	A ação planejada passa pela prevenção de riscos e correção de desvios no que tange ao:
Cumprimento de metas e resultados entre despesas e receitas;
Obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar
	A ação transparente possibilita o controle social. São instrumentos de transparência: PPA, LDO e LOA (art. 48 da LRF); o relatório resumido da execução orçamentária; relatório de estão fiscal; pareceres dos Tribunais; audiências públicas; documentos que simplificam os relatórios; participação popular.
1.3. Aplicabilidade da LRF
	A LRF aplica-se aos entes da Administração Direta (União, Estados, Municípios e DF), Estatais Dependentes, Fundações, Autarquias, Administração Indireta e Poderes, Ministério Público, Tribunais de Contas.
Art. 1º, § 2º As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
§ 3º Nas referências:
I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos:
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes;
II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;
III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município.
I. Estatais controladas dependentes 
As estatais dependentes são uma novidade da LRF em relação a seu campo de atuação (isso já foi questão de prova). As estatais dependentes são conceituadas pela LRF:
Empresa controlada é aquela em que o ente federativo tem mais de 50% do capital social com direito a voto. Ex: Embrapa e Petrobrás. As empresas controladas se distinguem em dependentes e independentes:
Empresa controlada dependente Depende de recursos do ente federativo para arcar com suas despesas CORRENTES e de CAPITAL (pois não tem condição de gerar receitas próprias). A empresa controla dependente se sujeita à LRF e integra o orçamento fiscal.
Empresa controlada independente Pode receber recursos do ente federativo, se ele quiser aumentar sua participação acionária ou se for a título de pagamento por serviços prestados ao ente da federação. Não se sujeita à LRF e não faz parte do orçamento fiscal.
Veja: Nem toda transferência de recursos para a controlada a torna dependente (e, por conseguinte, sujeita à LRF).
Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:
I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada Município;
II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação;
III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária;
É possível que uma estatal independente se torne dependente? SIM, conformeprevisto na Portaria 589/01 da STN:
Art. 2º Para fins desta Portaria, considera-se:
II - empresa estatal dependente: empresa controlada pela União, pelo Estado, pelo Distrito Federal ou pelo Município, que tenha, no exercício anterior, recebido recursos financeiros de seu controlador, destinados ao pagamento de despesas com pessoal, de custeio em geral ou de capital, excluídos, neste último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária, e tenha, no exercício corrente, autorização orçamentária para recebimento de recursos financeiros com idêntica finalidade;
Resumindo; a estatal independente que recebeu, durante 2 anos, recursos para arcar com despesas correntes e de capital, deixará de ser independente e passará a ser dependente. Sendo dependente, estará obrigada a observar às normas da LRF e fará parte do orçamento fiscal.
II. Controle direto e indireto
Supondo que um ente federativo detenha a maioria do capital social de uma sociedade de economia mista X (ex: 70%), o Poder Público terá controle direto sobre a sociedade. Se essa sociedade de economia mista tiver a maioria do capital social de uma outra empresa estatal Y (ex: 60%), e o Poder Público tiver 10% desta empresa estatal, será como se ele tivesse 42% de Y (70% de 60% que X possui = 42%) + 10% = 62%. Nesse caso, o Poder Público tem controle indireto da empresa Y.
1.4. Receita Corrente Líquida
	A LRF prevê diversos limites com base no referencial monetário da receita corrente líquida. Assim, a receita corrente líquida serve para se calcular os limites com pessoal, dívida, garantias e serviços de terceiros, englobando todas as receitas correntes do ente da federação. 
Mas veja: a receita corrente líquida não se confunde com a totalidade das receitas correntes, embora as englobe.
Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:
IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos:
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição;
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira citada no § 9o do art. 201 da Constituição.
§ 1º Serão computados no cálculo da receita corrente líquida os valores pagos e recebidos em decorrência da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
§ 2º Não serão considerados na receita corrente líquida do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos recebidos da União para atendimento das despesas de que trata o inciso V do § 1o do art. 19.
I. Cálculo da receita corrente líquida
	O cálculo da receita corrente líquida está prevista no art. 2º, §3º da LRF e na Portaria 589/01:[2: Estabelece conceitos, regras e procedimentos contábeis para consolidação das empresas estatais dependentes nas contas públicas e dá outras providências.]
Art. 2º, § 3º A receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades.
Port. 589/2001, Art. 6º Para efeitos das portarias 469, 470 e 471 de 20 de setembro de 2000 e 559 e 560 de 14 de dezembro de 2001 a receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês de referência e nos 11(onze) meses anteriores, excluídas as duplicidades.
Parágrafo único. Entende-se por mês de referência, ou atual, o mês imediatamente anterior àquele em que a receita corrente líquida estiver sendo apurada.
A receita líquida não se confunde com o somatório das correntes porque pressupõe a exclusão das duplicidades.
O período de apuração da receita líquida é o mês de referência e os meses anteriores. Como o período de apuração vai depender do mês em que estiver sendo calculada a receita corrente líquida, é chamado de EXERCÍCIO FISCAL MÓVEL.
II. Deduções da receita corrente líquida
	A receita corrente líquida é um referencial com detalhe, escolhido como parâmetro para a LRF. Os valores que o ente recebe e classifica como receito corrente mas transfere para outros entes não configuram receita corrente líquida. Por isso, a aferição da receita corrente líquida deve ser verificada extraindo-se as deduções:
Deduções da UNIÃO 
Os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal. Inclui-se o fundo de participação. A União arrecada tributos (receitas correntes que não ficam, em sua totalidade, com a União). O valor a ser deduzido será a despesa por transferência (e não a receita). ATENÇÃO: 
Questão: As deduções a título de transferência da União para Estados e Municípios aparece no rol da receita. Errado. Aparece no rol de despesa.
As contribuições que incidem sobre a folha, mencionadas na alínea ‘a’ do inciso I e II do art. 195 (previdência social) e Art. 239 da Constituição (PIS/PASEP) – a União arrecada mas repassa para a seguridade social.
Deduções dos ESTADOS
As parcelas entregues aos municípios por determinação constitucional Não são deduzidas as transferências determinadas por lei, mas apenas as constitucionais.
Deduções em TODOS OS ENTES DA FEDERAÇÃO
Contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema da previdência e assistência social;
Receitas provenientes da compensação financeira citada no § 9º do art. 201 da Constituição Federal É a compensação entre os diversos regimes de previdência social.
Art. 201, § 9º da CF. Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.
Os valores pagos ou recebidos em decorrência da Lei Complementar n◦ 87/96 (Lei Kandir) e do fundo previsto no art. 6º do ADCT (FUNDEF); 
2. Planejamento
	OBS: No capítulo II da LRF, o art. 3º, que falava sobre o PPA, foi VETADO.
2.1. LDO
A LDO foi criada pela Constituição Federal de 1988. A LDO ganhou mais relevância a partir da edição da LRF, a qual incluiu outras características:
Pegadinha: A questão pode questionar as características da LDO segundo a CF/88 ou segundo a LRF.
Art. 165, § 2º da CF - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
Art. 4o da LRF. A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2o do art. 165 da Constituição e:
I - disporá também sobre:
a) equilíbrio entre receitas e despesas;
b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. 9o e no inciso II do § 1o do art. 31;
e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;
f) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas; 
Questão: as condições e exigências para a transferência de recursos entre entidades privadas devem ser estabelecidas na LDO. ERRADO, deve ser entre entidades públicas ou entre entidades públicas e privadas.
Ademais, a LRF dispõe que a Lei de Diretrizes Orçamentárias será acompanhada de 2 anexos: 
Anexo de METAS FISCAIS Estabelecerá metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas às: receitas,despesas, resultado nominal, resultado primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os 2 seguintes. Assim, a LDO de 2010 será acompanha do anexo de metas fiscais de 2011 e 2012 (art. 4º, §1º da LRF).
§ 2o O Anexo conterá, ainda:
I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;
II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional;
III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos;
IV - avaliação da situação financeira e atuarial:
a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;
b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial;
V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. – somente do exercício de referência (questão GEAGU)
Anexo de RISCOS FISCAIS Avaliará os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem (§3º).
Passivo contingente é uma despesa incerta e futura. Ao elaborar o anexo de riscos fiscais, a Administração deve imaginar essas situações e as medidas corretivas para saná-las. 
Há dois tipos de riscos:
Riscos Orçamentários – possibilidade de a receita não acontecer ou de uma despesa acontecer sem que haja planejamento.
Risco da Dívida – possibilidade de se contrair uma dívida sem que haja o devido planejamento.
Art. 4º, § 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.
Atenção: há mais um anexo, que não integra a LDO, pois só aparece na mensagem que encaminhar a LDO federal. Os dois anexos anteriores encontram-se tanto na LDO federal como nos demais entes federativos. Já o anexo da mensagem que encaminhar a LDO não a integra, mas sim à mensagem, e só ocorre na LDO federal.
Uma mensagem vai encaminhar a LDO que contém os 2 anexos vistos acima. Essa mensagem terá um anexo que apresentará os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções:
Art. 4º, § 4o A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em anexo específico, os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação, para o exercício subseqüente.
2.2. LOA 
	O art. 5º da LRF prevê a Lei Orçamentária Anual:
Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:
I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do documento de que trata o § 1o do art. 4o;
II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6º do art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;
Art. 165, § 6º da CF - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:
a) (VETADO)
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.
	É o anexo da LOA que mostra a compatibilidade dos programas com as normas.
A LOA conterá reserva de contingência, a qual será calculada com base em percentual previsto no anexo de riscos fiscais da LDO. A LOA irá calcular a reserva de contingência, aplicando o percentual sobre a base de cálculo [receita corrente líquida]. 
ATENÇÃO: O valor da reserva de contingência estará da LOA, mas a forma de utilização e o percentual para o cálculo estarão na LDO. 
O §1º expressa o princípio da UNIVERSALIDADE, que obriga a que impõe a inclusão de todas as receitas e despesas na LOA.
§ 1º Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orçamentária anual.
§ 2º O refinanciamento da dívida pública constará SEPARADAMENTE na lei orçamentária e nas de crédito adicional.
Questão: O refinanciamento de dívida pública constará separadamente da lei orçamentária. ERRADO.
§ 3º A atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços previsto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica. 
	O §4º expressa o princípio da ESPECIFICAÇÃO, DISCRIMINAÇÃO OU ESPECIALIZAÇÃO (art. 15 da lei 4.320/64), cuja regra geral é que as despesas da LOA devem ser discriminadas, no mínimo, até o elemento da despesa. No §4º há uma especificação ainda maior, pois diz que o crédito tem que especificado e a dotação tem que ter um valor designado. 
§ 4º É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada.
	Se uma obra tiver prazo de execução superior a 12 meses, ela deverá estar prevista na PPA, ser prioridade na LDO e ter dotações na LOA. Se a obra tiver prazo de execução inferior a 12 meses, bastará que seja prioridade na LDO e ter dotações na LOA, conforme previsto no art. 167, §1º da CF, referido no §5º do art. 4º da LRF:
§ 5º A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a um exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão, conforme disposto no § 1º do art. 167 da Constituição.
§ 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.
§ 6º Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei orçamentária, as do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos.
2.3. Execução orçamentária e cumprimento de metas
	O art. 8º cai muito em provas, com pegadinhas bobas:
Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.
Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.
	O art. 8º é considerado uma peça chave do equilíbrio das contas públicas, pois o objetivo da programação financeira é compatibilizar a entrada de recursos e a efetivação de despesas, passando por um cronograma, uma calendário feito pelo Poder Executivo para o desembolso.
	A programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso serão feitos pelo PODER EXECUTIVO no prazo de até 30 DIAS após a publicação dos orçamentos.
	Cuidado também com o parágrafo único dessa norma, objeto de muitas pegadinhas. Explicando: se o Estado firma um convênio com a União e ela transfere recursos em 2010, ainda que a obra só comece em 2011, não haverá quebra da vinculação. 
2.4. Limitação de Empenho
	Limitação de empenho estáprevista no art. 9º da LRF:
Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, LIMITAÇÃO DE EMPENHO e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
Questão: diante de uma queda na arrecadação, obrigatoriamente a administração deverá efetuar a limitação de empenho. ERRADO, pois a limitação só será feita se a queda efetivamente houver prejudicado o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal.
§ 1º No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.
§ 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.
§ 5º No prazo de noventa dias após o encerramento de cada semestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em reunião conjunta das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, avaliação do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas operações e os resultados demonstrados nos balanços.
	O período da verificação é bimestral.
A limitação será feita pelos Poder Públicos e pelo Ministério Público, por ato próprio.
I. Hipóteses de limitação de empenho
As situações que permitem a limitação de empenho são:
Receita cai, prejudicando os resultados primário ou nominal (art. 9º da LRF).
Excesso da dívida consolidada (art. 31, §1º, II da LRF).
Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subseqüentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro.
§ 1o Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido:
I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária;
II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho, na forma do art. 9o.
II. Despesas que não podem sofrer limitação de empenho
	As despesas obrigatórias não podem sofrer limitação:
Despesas constitucionais legais – Ex: aplicação de percentual de impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino.
Despesas destinadas ao pagamento do serviço da dívida – o pagamento da dívida nunca será afetado. 
Qualquer caso ou situação ressalvada pela LDO
		
III. Casos dispensados para limitação de empenho
	O art. 65 prevê os três casos em que a limitação de empenho é dispensada, estando o estado/município dispensado de atender às 5 metas fiscais preestabelecidas no Anexo de Metas Fiscais da LDO:
Calamidade pública
Estado de defesa
Estado de sítio.
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembléias Legislativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a situação:
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos arts. 23 , 31 e 70;
II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a limitação de empenho prevista no art. 9º.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput no caso de estado de defesa ou de sítio, decretado na forma da Constituição.
IV. Limitação de empenho do Poder Executivo sobre os demais Poderes
	Se o Poder ou o Ministério Público decidir não limitar o empenho, poderá o Executivo limitar o empenho do Ministério Público? 
	O art. 9º, §3º da LRF estabelecia essa situação, mas, na ADI 2238-5, o STF suspendeu liminarmente a eficácia dessa norma, sob pena de haver “interferência indevida do Poder Executivo nos demais Poderes e no Ministério Público”. 
§ 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. (Vide ADIN 2.238-5)
V. Audiência Púbica
	As metas fiscais devem ser estabelecidas na LDO. Contudo, durante o exercício, o Poder Executivo terá que se reunir em uma audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (no âmbito federal, pois nos demais âmbitos poderá ser por outra comissão) para mostrar para o cidadão o que aconteceu em cada quadrimestre. A previsão legal para isso está no art. 9º, §4º:
§ 4º Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais.
	
3. Receita Pública
3.1. Previsão e Arrecadação
I. Requisitos da responsabilidade fiscal
	Um artigo muito cobrado em provas é o art. 11 da LRF, que estabelece os requisitos essenciais da responsabilidade fiscal:
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os TRIBUTOS da competência constitucional do ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.
Essa norma não pegou, o que se extrai da não edição do Importo de Grandes Fortunas. 
Há punição para o ente que não institua, preveja e efetivamente arrecade IMPOSTOS: a vedação de transferências voluntárias (por meio de convênio, v.g.). Veja: não são todos os tributos, mas todos os impostos.
Ocorre que as principais transferências voluntárias estão relacionadas à assistência, saúde e previdência social. Assim, a punição ao prefeito irresponsável terminaria atingindo o povo. Em razão disso, o art. 25, §3º retirou essas três áreas como sujeitas à punição de vedação de transferência voluntária. 
Art. 25, § 3º Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social.
II. Estimativa e reestimativa de receita
O Poder Executivo tem que observar as normas do art. 12 para a estimativa da receita.
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.
Se houver um erro de ordem TÉCNICA ou LEGAL, é possível haver a reestimativa de receita.
§ 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal.
§ 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício subseqüente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo.
O art. 12, §3º prevê uma técnica para que os demais Poderes e Ministério Público possam elaborar suas propostas com base naquilo que o Poder Executivo está pensando em arrecadar.
III. Regra de ouro: vedação do endividamento e constitucionalidade do art. 12, §3º da LRF
ATENÇÃO: para evitar o endividamento, a Constituição Federal e a LRF proibiram que as receitas de operações de crédito sejamsuperiores as das despesas de capital, pois o endividamento só se justifica para fazer frente às despesas de capital, e não às despesas usuais e corriqueiras do ente da Federação, as quais devem ser financiadas por receitas próprias. 
Receitas decorrentes de operações de crédito são as que decorrem de endividamento (operação que gera tanto receita como dívida pública). Despesa de capital é a decorrente de investimento, ou seja, o ente gasta para aumentar seu patrimônio (ex: obras públicas). Portanto, o §2º diz que a receita que se obtém com endividamento/empréstimos não pode ser superior à despesa de investimento. Assim, não pode a Administração se endividar sem investir. 
Ocorre que o art. 12, §2º não prevê qualquer exceção à proibição de endividamento superior ao investimento, o que se contrapõe ao art. 167, III da CF, que prevê algumas exceções a essa regra. Diante disso, o STF realizou, em sede de medida cautelar, interpretação conforme à Constituição:
Art. 12, § 2º da LRF. O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária. (Vide ADIN 2.238-5)
Art. 167 da CF. São vedados:
III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, APROVADOS pelo PODER LEGISLATIVO por MAIORIA ABSOLUTA; 
	Assim, é possível haver a perda do equilíbrio na realização de operações de créditos se houver créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados expressamente pelo Poder Legislativo, por maioria absoluta.	 
	Veja: o STF não declarou a inconstitucionalidade da norma! O Supremo decidiu que a norma é constitucional, mas depende de interpretação conforme à Constituição.
Art. 167 da CF. São vedados:
III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, RESSALVADAS as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;
Assim, são exceções à vedação em comento as operações de crédito autorizadas por créditos SUPLEMENTARES ou ESPECIAIS com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta.
Cuidado: as operações de créditos extraordinários não excepcionam o art. 167 da CF/88.
XXI - Art. 12, § 2º: medida cautelar deferida para conferir ao dispositivo legal INTERPRETAÇÃO CONFORME ao inciso III do art. 167 da Constituição Federal, em ordem a explicitar que a proibição não abrange operações de crédito autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo.
Obs: A ADI 2238 trata de diversas normas da Lei de Responsabilidade Fiscal. LER!
Caso ocorra o excesso quanto às receitas provenientes das operações de crédito, se comparadas às despesas de capital, o ente deverá constituir reserva específica na LOA para garantir que a parcela excedente da dívida será pago, com o retorno ao equilíbrio entre endividamento e despesas de capital (art. 33, §4º da LRF).
IV. Metas bimestrais de arrecadação e realização de despesas
	Quando a lei orçamentária é aprovada, o Governo tem que estabelecer a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso em até 30 dias após a publicação dos orçamentos (art. 8º). Além disso, ele deverá fixar metas bimestrais para arrecadação da receita e realização das despesas.
	CUIDADO: as bancas adoram trocar esses prazos (metas bimestrais): 
Art. 13. No prazo previsto no art. 8º [após a publicação dos orçamentos], as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa.
3.2. Renúncia de Receita
A receita pública ganhou um destaque especial da LRF, tornando-se um dos requisitos essenciais da responsabilidade fiscal. É possível ao Estado deixar de arrecadar, perdoando multa, dívida, concedendo crédito presumido, renunciado receita? SIM, em razão do art. 150 da CF art. 14 da LRF:
I. Compreensão da renúncia de receita
Art. 14, § 1º A renúncia compreende ANISTIA, REMISSÃO, SUBSÍDIO, CRÉDITO PRESUMIDO, concessão de ISENÇÃO EM CARÁTER NÃO GERAL, ALTERAÇÃO DE ALÍQUOTA ou MODIFICAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
Veja: a renúncia só ocorre quando o tratamento diferenciado implique em redução DISCRIMINADA (apenas para um determinado segmento). Se a redução for geral, indiscriminada, não há renúncia (ex: isenção geral não se classifica como renúncia de receita). 
Enunciam-se no § 1º os tipos de renúncia de receita que se devem preceder por medidas de cautela fiscal. É o caso da anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral e redução discriminada de alíquotas e da base de cálculo.
Na ANISTIA, o poder local isenta de multa os munícipes que, por exemplo, ampliaram a área construída de seus imóveis, sem anterior permissão de autoridade local.
Na REMISSÃO, há isenção, total ou parcial, de débitos inscritos em dívida ativa, tendo em mira, por exemplo, a diminuta importância do crédito tributário.
No SUBSÍDIO, o Município arca com a diferença entre o custo real de um serviço concedido a particular e o valor efetivamente pago pela população (ex: tarifa de transporte coletivo).
Na ISENÇÃO DE CARÁTER NÃO-GERAL, a Municipalidade beneficia determinada pessoa ou segmento socioeconômico; tal figura tributária é discriminatória; não alcança todos os contribuintes existentes no território Municipal. 
II. Condições para renúncia de receita[3: Aula 14 – 09/04/2011.]
A CF/88 e a LRF fixaram as medidas de cautela fiscal OBRIGATÓRIAS para a renúncia de receita. Em suma, as condições para a renúncia de receita [medidas de cautela fiscal] são:
Lei específica que preveja a renúncia de receita (art. 150, §6º da CF)
Art. 150, § 6.º da CF/88. Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante LEI ESPECÍFICA, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
Estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos 2 seguintes +
Atender ao disposto na LDO +
Atender a uma das condições previstas nos incisos do art. 14:
Demonstração de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da LOA, e de que não afetará as metas de resultados fiscais do anexo da a LDO; ou 
Estar a renúncia acompanhada de medidas de compensação por meio do aumento de receita. 
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
§2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso.
Questão: O que deve fazer o Poder executivo para compensar financeiramente a renúncia re receita? Há três medidas de geram aumento permanente de receitas, compensando a renúncia: (i) elevação de alíquotas, (ii) ampliação da base de cálculo, (iii) majoração ou criação de tributo ou contrição.
III. Medidas de cautela fiscal
	Há situações de renúncia de receita que dispensam o atendimento das medidas de cautela fiscal do art. 14 da LRF. Elas estão previstas na na CF/88 e na própria LRF:
Alterações das alíquotas de II, IE, IPI e IOF (art. 153 da CF/88) – São impostos extrafiscais, cuja função principal não é a arrecadação, mas a regulação da economia. Ex: Isenção do IPI para automóveis de motor 1.0; isenção de IPI para materiais de construção, para regular a crise de 2008.
Cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança – Ocorre quando o perdão da dívida se impõe pela impossibilidade de cobrança, em razão de seus custos.
Art. 14, § 3º O disposto neste artigo não se aplica:
I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º;[4: Art. 153, § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.]
II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança.
Questão: As medidas de cautela fiscal são dispensadas para o cancelamento de débito cujo montante seja superior ao dos respectivos custos de cobrança. ERRADO.
Questão de prova: Os descontos dos impostos pagos à vista [prática comum quanto ao IPTU, v.g.] se sujeitam às medidas de cautela fiscal do art. 14? NÃO, pois não configuram renúncia de receita, já que para a renúncia ocorrer, é necessário que a redução seja discriminatória, para um determinado segmento, e no caso em tela há redução geral.
4. Despesa Pública
4.1. Geração da despesa
Antes da LRF, para que uma despesa pudesse ser empenhada, bastava que houvesse crédito na LOA, inicial ou adicional. Depois da LRF, o regime foi alterado:
Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.
I. Condições prévias para criação, expansão e aperfeiçoamento da ação governamental
Para que haja criação, expansão ou aperfeiçoamento da ação governamental que acarrete o aumento da despesa, não adianta apenas ter crédito inicial ou adicional. Além disso, deverão ser atendidos os requisitos do art. 16:
Art. 16. A CRIAÇÃO, EXPANSÃO ou APERFEIÇOAMENTO de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes; [planejamento trienal – vale para a renúncia de receita e para a geração de despesa]
§ 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.
II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a LOA e compatibilidade com o PPA e LDO.
Questão: Segundo a LRF, para que haja criação de despesa, será necessário haver a declaração do ordenador de despesa de que esse aumento está adequado com o PPA e LDO e compatível com a LOA. ERRADO.
	Adequação orçamentária e financeira está relacionada aos créditos [autorização para gastar], definindo que as despesas não podem ultrapassar os créditos. Por isso, somente a LOA tem adequação. Já compatibilidade significa que a despesa deve atender às Diretrizes, Objetivos e Metas do PPA e às Metas e Prioridades da LDO.
A LRF define o que são adequação e compatibilidade:
Art. 16, § 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
I - ADEQUADA com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício.
II - COMPATÍVEL com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.
Atenção: O art. 16 incide antes mesmo do empenho da despesa.
Conforme §4º, as normas do art. 16 constituem condições prévias às seguintes situações:
I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;
II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da CF/88.
§ 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.
	
II. Despesas obrigatórias de caráter continuado.
	Quando as despesas forem obrigatórias de caráter continuado, a regra muda:
Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a DESPESA CORRENTE derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período SUPERIOR A DOIS EXERCÍCIOS.
	A despesa obrigatória de caráter continuado é uma despesa CORRENTE, e não de capital, pois está ligada à manutenção e funcionamento da Administração Pública (art. 12 da lei 4.320/64).
	Para que a despesa obrigatória possa acontecer, a LRF exigiu a adoção de algumas medidas:
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos 2 subseqüentes; [planejamento trienal – vale para a renúncia de receita e para a geração de despesa] está prevista no art. 16.
§ 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.
II – comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes. 
§ 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa.
§ 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias.
III – compensação da despesa com o aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa [§2º] Não pode ir de encontro às metas fiscais pré-estabelecidas no Anexo da LDO.
§ 3º Para efeito do § 2º, considera-se AUMENTO PERMANENTE de receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
§ 5º A despesa de que trata este artigo não será executada antes da implementação das medidas referidas no § 2º, as quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar.
§ 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado.
Questão: O aumento permanente da receita poderá ocorrer no exercício seguinte ao da despesa obrigatória de caráter continuado. ERRADO. A despesa só poderá ser realizada se antes ou concomitantemente forem implementas as medidas referidas no §2º, e não depois da implementação.
	EXCEÇÕES de despesas correntes de caráter continuado que não precisam observar o art. 17 da LRF:
Serviço daDívida – pagamento do principal da dívida ativa e seus encargos.
Reajustamento geral de remuneração de pessoal – é feito em cada ano em 1º de janeiro.
§ 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição. 
4.2. Despesas com pessoal
4.2.1. Definição e Limites
	O art. 18 da LRF deve ser compreendido como a conceituação dos fatos/elementos que serão contabilizados como de pessoal. Deve-se decorar!
Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.
	As contribuições a que se refere o art. 18 são as contribuições patronais, pagas pelo ente, e não o que o Estado retém do servidor, que não importa em despesa do Estado, mas do próprio servidor (não configurando despesa orçamentária, mas extra).
	Antes da LRF já havia um limite de pessoal, mas a terceirização era uma prática comum utilizada para burlar o limite imposto pela Lei Camata, já que o valor gasto com a terceirização não entrava no limite da despesa com pessoal. O art. 18 da LRF incluiu o valor gasto com a terceirização de mão de obra realizada para substituir servidores (prática ilegal) na contabilização das “OUTRAS DESPESAS DE PESSOAL”.
§1º Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados como "Outras Despesas de Pessoal".
	
I. Mês de referência (atual) e regime de competência
Quanto ao mês de referência adota-se o REGIME DE COMPETÊNCIA. 
§ 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência.
Explicando: O pagamento fora do período não provocará a saída das folhas de dentro do período de apuração. Era prática comum os Prefeitos bloquearem o pagamento das últimas folhas de despesas de pessoal para posteriormente ao período de apuração. Contudo, a LRF determinou que não interessa o momento do pagamento da folha, já que o regime adotado foi o de competência e não de caixa. Assim, ainda que paga apenas posteriormente ao período de apuração, as despesas contam-se pagas nele.
 
II. Limites de despesa com pessoal
	O cálculo da despesa com pessoal é feito com referencial monetário na receita corrente líquida – deve ser com ela comparado para ver se em termos percentuais o valor está acima ou abaixo dos limites do art. 19, fixados por esfera de Poder:
União – 50%
Estados – 60%
Municípios – 60%
Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:
I - União: 50% (cinqüenta por cento);
II - Estados: 60% (sessenta por cento);
III - Municípios: 60% (sessenta por cento).
	A LRF repartiu internamente os percentuais por esfera e por Poder:
	Esfera
	Poder Executivo
	Poder Legislativo, inclusive Tribunal de Contas
	Poder Judiciário
	Ministério Público
	Limites Federais (Total = 50%)
	40,9%
	2,5%
	6%
	0,6%
	Limites Estaduais (Total = 60%)
	49% (ou 48,6%, se houver Tribunal dos Municípios) 
	3% (ou 3,4%, se houver Tribunal dos Municípios)
	6%
	2%
	Limites Municipais (Total = 60%)
	49%
	6%
	–
	–
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais:
I - na esfera federal:
a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19, repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar;
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;
II - na esfera estadual:
a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;
d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;
III - na esfera municipal:
a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver;
b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo.
§ 1º Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os limites serão repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à média das despesas com pessoal, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar.
§ 2º Para efeito deste artigo entende-se como órgão:
I - o Ministério Público;
II- no Poder Legislativo:
a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União;
b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas;
c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do Distrito Federal; 
d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas do Município, quando houver; 
III - no Poder Judiciário:
a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição;
b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.
§ 3º Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciário, a cargo da União por força do inciso XIII do art. 21 da Constituição, serão estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1º.
§ 4º Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do caput serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4%.
§ 5º Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega dos recursos financeiros correspondentes à despesa total com pessoal por Poder e órgão será a resultante da aplicação dos percentuais definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 6º (VETADO)
III. Deduções para fins de verificação dos limites
Para o cálculo do limite do ente e do Poder, a LRF afasta o cômputo de algumas despesas classificadas como de pessoal. A LRF procurou premiar aqueles que se esforcem em reduzir os gastos:
§ 1º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão computadas as despesas:
I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;
II - relativas a incentivos à demissão voluntária;
III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6º do art. 57 da Constituição [letra morta, pois não há mais indenização dos parlamentares pela convocação extraordinária];
IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração a que se refere o § 2º do art. 18;
O inciso IV deve ser assim entendido: quando o fato gerador estiver fora do período de apuração, mas o pagamento ocorrer dentro do período em decorrência de decisão judicial, o valor pago não será considerado para fins de verificação do limite. Essa é a única situação que exclui. Qualquer outra variável dessa hipótese será considerada no limite.
VEJA: São considerados para verificação dos limites (não se incluindo na exceção): (i) se o fato gerador ocorrerdentro do período de apuração e o pagamento também, motivado por uma decisão judicial e; (ii) se o fato ocorrer fora do período de apuração e o pagamento dentro do período, mas não decorrente de uma decisão judicial.
V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional nº 19;
VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por recursos provenientes:
a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
b) da compensação financeira de que trata o § 9º do art. 201 da Constituição;
c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.
§ 2º Observado o disposto no inciso IV do § 1o, as despesas com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no limite do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.
4.2.2. Controle da despesa de pessoal
Segundo previsto no art. 21 da LRF, é NULO de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e:
Não atenda às exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o disposto no art. 37, XIII e no art. 169, § 1º do da CF/88 (art. 21, I da LRF);
Art. 37, XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Art. 169, § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: (Renumerado do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Não atenda ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo (art. 21, II, LRF).
Resulte AUMENTO da despesa com pessoal nos 180 dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20 (art. 21, p. ún. da LRF). – Não está certo dizer que “em qualquer situação não poderá haver nova despesa com pessoal nos últimos 180 dias do mandato”. Dentro dos 180 dias, o Prefeito pode contratar novos servidores desde que não aumente a folha, mas é possível haver a compensação.
I. Limites preventivos da despesa com pessoal
	Antes de chegar no máximo dos limites legais (previstos nos arts. 19 e 20 da LRF), a Lei fixou os limites preventivos alerta e prudencial, na seguinte ordem:	
		1º Limite ALERTA – não gera conseqüências. 
2º Limite PRUDENCIAL – já gera conseqüências restritivas ao Poder. 
3º Limites legais máximos dos arts. 19 e 20 da LRF.
LIMITE ALERTA Será atingindo quando for ultrapassado 90 % do limite legal. Ex: Quando o MP exceder a 1,8% de despesa com pessoal, estará entrando no limite alerta, pois seu limite legal é 2%. Não há qualquer conseqüência ou medidas restritivas por se chegar ao limite alerta. O Tribunal de Contas apenas irá alertar o Poder de que chegou nesse limite.
Art. 59, § 1º da LRF. Os Tribunais de Contas ALERTARÃO os Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando constatarem:
I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inciso II do art. 4º [vetado] e no art. 9º [limitação de empenho];
II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do limite;
III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;
IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite definido em lei;
V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária.
§ 2º Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão referido no art. 20.
§ 3º O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumprimento do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39.
LIMITE PRUDENCIAL Será atingido quando for ultrapassado 95% do limite legal. Quando o Poder excede esses 95%, algumas medidas restritivas são aplicadas (decorar!):
Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre.
Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, SÃO VEDADOS ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso:
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, SALVO os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição [reajustamento geral dos servidores];
II - criação de cargo, emprego ou função;
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; [Veja: é possível alterar a estrutura de carreira se isso não implicar em aumento de despesa.]
IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, RESSALVADA a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança; [Não é possível qualquer reposição, mas apenas dessas áreas]
V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias.
II. Limites legais máximos
	Quando há ultrapassagem do máximo dos limites legais, devem ser promovidas medidas corretivas.
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição.
§ 1º No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos. (Vide ADIN 2.238-5)
§ 2º É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária. (Vide ADIN 2.238-5)
	A lei de responsabilidade fiscal estabeleceu um prazo para que haja recondução do excesso ao limite máximo: 2 quadrimestres, sendo a redução no primeiro quadrimestre de, pelo menos, 1/3.
A verificação para saber se o limite foi ultrapassado ou não é realizada de 4 em 4 meses (por quadrimestre). Explicando: analisa o mês anterior ao de apuração e 11 meses para trás (período de apuração) e deduz o que for devido (art. 18 e §1º). Chega ao cálculo da despesa de pessoal e da receita corrente líquida e compara. Se for verificado que houve um excesso do limite máximo permitido pela LRF, esse excede deverá ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes. 
Pergunta-se: Existem medidas corretivas na LRF para cortar o excesso? NÃO. Na LRF há medidas preventivas (limite alerta e prudencial) e previsão de um prazo para o reenquadramento no limite, mas não há previsão de medidas corretivas. As medidas corretivas que devem ser adotadas para corte de pessoal e reenquadramento dos limites de despesa são previstas na CF/88:
Art. 169, § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, duranteo prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; Veja que não há obrigação de reduzir tudo.
II - exoneração dos servidores não estáveis. São que entraram sem serviço sem concurso público, de outubro de 1983 a outubro de 1988 ou que não passaram ainda pelo estágio probatório.
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Caso prático: Prefeitura excedeu o limite máximo e tinha previsão de 10 funções de confiança, mas apenas 8 estavam preenchidas. Assim, a Prefeitura cortou as duas funções que estavam desocupadas e passou à exoneração dos servidores estáveis. Está correta essa conduta? NÃO. CUIDADO: A CF não prevê o corte de 20% das funções, mas das despesas com as funções.
III. Punições pela não redução da despesa no prazo
O excedente ao limite máximo deve ser recomposto nos dois quadrimestres seguintes. Se o órgão ou Poder não conseguir reduzir o excedente nesse prazo, ficará sujeito às seguintes punições:
Art. 23, § 3º Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá: 
I - receber transferências voluntárias;
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.
As transferências voluntárias não são determinadas por lei nem pela CF/88. Três áreas ficaram de fora da punição, sendo possível ao Município receber transferências voluntárias:
Art. 25, § 3º Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social.
Pergunta-se: As punições incidem desde que verificado o excesso ou somente depois de findo o prazo dos 2 quadrimestres? As punições só incidem depois de fim o prazo de 2 quadrimestres, se não for alcançada a redução das despesas de pessoal ao limite máximo.
Questão: Um Município ultrapassou seu limite máximo de pessoal. Diante dessa situação, ele não mais poderá receber transferências voluntárias, excetuadas as áreas relacionadas à saúde, educação e assistência social. ERRADO, pois a punição só incide depois do prazo de redução. 
IV. Regra de final de mandato
O art. 23, §4º prevê a regra de final de mandato, afirmando que as punições aplicáveis ao ente que excede o limite das despesas de pessoal incidem imediatamente (e não após o prazo de 2 quadrimestres) se o excesso ocorrer no último ano de mandato dos titulares do Poder ou órgão.
Art. 23, § 4º As restrições do § 3º aplicam-se imediatamente se a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20.
V. Excesso de gastos por órgão dotado de autonomia financeira e administrativa
A despeito do fato de o Ministério Público e os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário não possuírem personalidade jurídica distinta da do ente federativo do qual fazem parte, a Constituição os dotou de autonomia administrativa, financeira e orçamentária. Assim, não poderia o Poder Executivo intervir na esfera administrativa dos demais Poderes e do Ministério Público, compelindo-os a cumprir as disposições presentes na Lei de Responsabilidade Fiscal. Por conseguinte, se o Poder Executivo não pode desfazer ato administrativo omissivo ou comissivo imputado a outro Poder ou órgão autônomo, é razoável entender que ele também não possa ser obrigado a suportar as conseqüências gravosas desse ato ou omissão.
Em razão disso, o STF firmou jurisprudência no sentido de que o Poder Executivo não pode sofrer as sanções pelo descumprimento da LRF por parte desses órgãos absolutamente independentes (ex: não pode ser impedido de receber transferências voluntárias, obter aval e garantias diretas ou indiretas, realizar operações de contratação de crédito interno e externo etc.), o que geraria graves conseqüências na prestação de serviços públicos ou no cumprimento de suas políticas públicas.
Fundamentos: 
Art. 2° e no inc. XLV do art. 5° da CF/88; 
Princípio da intranscendência das medidas restritivas de direitos; 
Princípio da independência e autonomia dos poderes do Estado;
Princípio federativo;
Princípio da separação dos poderes.
Nesse sentido, veja a ementa do julgamento da Ação Cautelar 2197-MC/DF, DJ 12/11/2009:
AÇÃO CAUTELAR PREPARATÓRIA - MEDIDA LIMINAR - RECUSA DE PRESTAÇÃO DE AVAL PELA UNIÃO FEDERAL E NEGATIVA DE AUTORIZAÇÃO, POR PARTE DA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL (OFÍCIO Nº 10.540/2008-COPEM/STN) - OBSTÁCULOS QUE IMPEDEM O DISTRITO FEDERAL DE CELEBRAR OPERAÇÕES DE CRÉDITO COM ENTIDADES DE FOMENTO E INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS INTERNACIONAIS - RESTRIÇÕES, QUE, EMANADAS DA UNIÃO, INCIDEM SOBRE O DISTRITO FEDERAL, POR ALEGADO DESCUMPRIMENTO, POR PARTE DE SUA CÂMARA LEGISLATIVA E DE SEU TRIBUNAL DE CONTAS, DOS LIMITES SETORIAIS QUE A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL IMPÕE A TAIS ÓRGÃOS PÚBLICOS (LC Nº 101/2000, ART. 20, II, "A") - CONFLITO DE INTERESSES ENTRE A UNIÃO E O DISTRITO FEDERAL - LITÍGIO QUE SE SUBMETE À ESFERA DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - HARMONIA E EQUILÍBRIO NAS RELAÇÕES INSTITUCIONAIS ENTRE O DISTRITO FEDERAL E A UNIÃO FEDERAL - O PAPEL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL COMO TRIBUNAL DA FEDERAÇÃO - PRETENSÃO CAUTELAR FUNDADA NAS ALEGAÇÕES DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DAS MEDIDAS RESTRITIVAS DE DIREITOS - MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA - DECISÃO DO RELATOR REFERENDADA PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O ALTO SIGNIFICADO DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL E A QUESTÃO DE SUA APLICABILIDADE AO DISTRITO FEDERAL: LIMITE GLOBAL E LIMITES SETORIAIS EM TEMA DE DESPESA COM PESSOAL (CÂMARA LEGISLATIVA E TRIBUNAL DE CONTAS). - O Poder Executivo do Distrito Federal não pode sofrer sanções nem expor-se a restrições impostas pela União Federal em tema de celebração de operações financeiras internacionais (recusa de prestação de aval e negativa de autorização), sob a alegação de que o Tribunal de Contas e o Poder Legislativo locais - embora observando o índice setorial de 3% - teriam descumprido, cada qual, os limites individuais a eles impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (art. 20, inciso II, "a"), pois o Governo do Distrito Federal não tem competência para intervir na esfera orgânica da Câmara Legislativa e do Tribunal de Contas, por se tratar de órgãos investidos de autonomia institucional, por força e efeito de expressa determinação constitucional.
Precedentes. - O art. 20, inciso II, "a", da Lei de Responsabilidade Fiscal - cuja validade constitucional foi inteiramente confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (ADI 3.756/DF) - aplica-se, de modo plenamente legítimo, no que se refere ao índice setorial de 3% (três por cento), ao Distrito Federal. NECESSIDADEDE OUTORGA DE PROVIMENTO CAUTELAR, NO CASO, EM ORDEM A NÃO FRUSTRAR A REGULAR PRESTAÇÃO, NO PLANO LOCAL, DE SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS. - A recusa de prestação de aval pela União Federal e a negativa da Secretaria do Tesouro Nacional em autorizar o Distrito Federal a celebrar operações de crédito com entidades de fomento e instituições financeiras internacionais comprometem, de modo irreversível, a prestação, no plano local, de serviços públicos de caráter primário, pois inviabilizam a obtenção de recursos financeiros necessários ao desenvolvimento e ao fortalecimento de áreas sensíveis, tais como a gestão das águas e a drenagem urbana, a preservação ambiental (proteção de nascentes e recuperação de erosões), bem assim a execução de obras de saneamento básico, na modalidade abastecimento de água, além do aperfeiçoamento institucional da administração tributária do Distrito Federal, para efeito de adequado custeio dos serviços públicos, notadamente no domínio da saúde e da educação públicas. Situação que configura, de modo expressivo, para efeito de outorga de provimento cautelar, hipótese caracterizadora de "periculum in mora". Precedentes.
Ademais, não é possível deixar de conceder garantia em operações de crédito destinadas à captação de recursos vinculados a programas sociais de governo, ante a “aplicação teleológica do art. 25, § 3º, da Lei Complementar nº 101/2000”.
4.3. Despesas da seguridade social
	A seguridade social é composta pela saúde, previdência e assistência social. A regra é que não se pode conceder qualquer benefício da seguridade social sem que haja fonte para seu custeio total, atendidas as exigências acerca da despesa obrigatória de caráter continuado. 
Mas há EXCEÇÕES, em que não será necessário demonstrar a fonte de custeio. Assim, não é necessário haver aumento permanente da receita para compensar os seguintes aumentos de despesa:
Concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente Ex: a pessoa que já atendeu aos requisitos legais para aposentadoria irá se aposentar independentemente de haver previsão do custeio total.
Expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados Ex: um hospital que aumenta o número de leitos não precisa ter esse aumento de despesa previsto na LOA.
Reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real.
Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total, nos termos do § 5o do art. 195 da Constituição, atendidas ainda as exigências do art. 17 [despesa obrigatória de caráter continuado].
§ 1º É dispensada da compensação referida no art. 17 o aumento de despesa decorrente de:
I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente;
II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados;
III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço de saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas.
5. Transferências Voluntárias
	O art. 25 da LRF prevê o que sejam as transferências voluntárias:
	As transferências voluntárias ocorrem entre entes da Federação, por meio da entrega de recursos CORRENTES ou de CAPITAL a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira que não decorra de:
determinação constitucional ou legal ou 
recursos destinados ao Sistema Único de Saúde (são transferências obrigatórias).
Questão: As transferências voluntárias ocorrem somente por meio de entrega de recursos correntes. ERRADO.
Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.
I. Condições para a transferência voluntárias
	As questões exploram muito as condições para as transferências voluntárias:
Art. 25, § 1º São exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:
Atender às exigências da LDO
Existência de dotação específica na LOA
Observância do disposto no inciso X do art. 167 da CF/88 – um ente não pode transferir para o outro pagar sua folha. Obs: é possível pagar mão de obra com o valor de transferência voluntária se esse gasto for decorrente de um convênio firmado entre os entes para a realização de uma obra ou outro fim que não seja apenas o pagamento dos gastos com pessoal.
Art. 167, X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Comprovação, por parte do beneficiário, de:
Que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, bem como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele recebidos;
Cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde;
Observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal;
Previsão orçamentária de contrapartida – contrapartida significa que o ente que receberá os recursos deverá oferecer alguma vantagem para o ente transferido (ex: disponibilizar um terreno).
ATENÇÃO: É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da pactuada. Há vinculação legal dos recursos transferidos voluntariamente (art. 25, §2º).
O art. 25, §3º prevê que quando houver sanção de suspensão de transferências voluntárias, ela não afetará as transferências relativas à educação, saúde e assistência social, que permanecerão.
§ 3º Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social.
6. Destinação de recursos para o setor privado
	Quando os recursos se destinam ao setor privado, não se chama de transferências voluntárias, mas destinação de recursos.
Para haver destinação de recursos para o setor privado é necessário:
Lei específica – Não é necessário que haja uma lei para cada item doado, mas apenas regulando a destinação.
Atendimento da LDO
Crédito orçamentário, inicial ou adicional.
Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.
§ 1º O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil.
§ 2º Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, financiamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação em constituição ou aumento de capital.
Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pessoa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou indireto, os encargos financeiros, comissões e despesas congêneres não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação.
Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as prorrogações e composições de dívidas decorrentes de operações de crédito, bem como a concessão de empréstimos ou financiamentos

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