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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS TESE DE DOUTORADO ESTUDO DAS PROPRIEDADES ESTRUTURAIS E MAGNÉTICAS DE NANOFERRITAS DE MAGNÉSIO DOPADAS COM NÍQUEL E COBRE ANTONIO CARLOS SILVA DA COSTA Orientador Prof. Dr. Wilson Acchar Tese nº______/PPGCEM Fevereiro de 2015 Natal – RN ANTONIO CARLOS SILVA DA COSTA ESTUDO DAS PROPRIEDADES ESTRUTURAIS E MAGNÉTICAS DE NANOFERRITAS DE MAGNÉSIO DOPADAS COM NÍQUEL E COBRE Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Ciência e Engenharia de Materiais. Fevereiro de 2015 Natal – RN Dedico a minha família, e em especial, minha amada esposa Ana. AGRADECIMENTOS Ao Professor Dr. Wilson Acchar, pela orientação, pelos conhecimentos e ensinamentos adquiridos, pela confiança e amizade. A pesquisadora Dr. Andréia Cavalcante de Lima por toda ajuda na produção deste trabalho. Aos meus amigos do PPGCEM, em especial aos dos laboratórios LaPFiMC e LMCME, alunos e ex-alunos, serei eternamente grato por tudo que fizeram e que ainda fazem por mim. Ao coordenador e alunos do Laboratório de Síntese de materiais em Pó e Buck. A todas aquelas pessoas que, diretamente e indiretamente, estiveram envolvidas neste projeto. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) pela oportunidade de realizar a Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, e pelos recursos fornecidos durante o período da pesquisa. E acima de tudo a Deus, por estar comigo em todos os momentos da minha vida. “O caráter do homem é seu destino” Heráclito ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 17 1.2. OBJETIVOS ........................................................................................... 20 1.2.1. Objetivo geral ...................................................................................... 20 1.2.2. Objetivos específicos ........................................................................... 20 2. REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................... 21 2.1. Nanopartículas magnéticas .................................................................... 21 2.2. Introdução ao magnetismo ..................................................................... 22 2.2.1. Comportamento magnético ................................................................. 25 2.2.1.1. Anisotropia magnética ...................................................................... 29 2.2.1.2. Domínios magnéticos ....................................................................... 30 2.3. Estrutura espinélio .................................................................................. 31 2.4. Ferritas ................................................................................................... 33 2.4.1. Microestrutura das ferritas ................................................................... 35 2.5. Ferrita de magnésio ............................................................................... 35 2.6. Ferrita de níquel ..................................................................................... 37 2.7. Ferrita de cobre ...................................................................................... 38 2.8. Métodos de preparação das ferritas ....................................................... 39 2.8.1. Método de combustão ......................................................................... 39 2.8.1.1. Método de combustão assistido por micro-ondas ............................ 42 3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL ........................................................... 44 3.1. Nomenclatura do sistema Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) ................................................................................................................ 44 3.2. Materiais de partida ................................................................................ 45 3.3. Síntese dos sistemas Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) ....................................................................................................................... 45 3.4. Caracterização dos sistemas Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) ........................................................................................................ 48 3.4.1. Análise termogravimétrica (ATG) ........................................................ 48 3.4.2. Difração de raios X (DRX) ................................................................... 48 3.4.3. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ........................................ 49 3.4.4. Medidas magnéticas – Magnetômetro de amostra vibrante (MAV) ..... 49 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 51 4.1. Análise termogravimétrica (ATG) ........................................................... 51 4.2. Difração de raios X (DRX) ...................................................................... 60 4.3. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ........................................... 72 4.4. Propriedades magnéticas (MAV) ............................................................ 79 5. CONCLUSÕES ......................................................................................... 91 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 93 RESUMO A ferrita de magnésio (MgFe2O4) e seus compostos dopados tem recebido especial atenção devido a sua vasta área de utilização, que inclui aplicações em mídia de alta gravação, catálise heterogênea, adsorção, sensores e tecnologias magnéticas. Suas propriedades estruturais, elétricas e magnéticas dependem da composição química, estrutura, tamanho de partículas, além da substituição de cátions nos sítios A e/ou B, as quais são diretamente influenciados pelo método de síntese, as condições empregadas no processamento desses materiais. Neste trabalho, ferritas do tipo Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x= 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) foram preparadas pelo método de combustão assistido por micro-ondas com a finalidade de avaliar tanto o efeito da substituição parcial do Mg2+ por Ni2+ e/ou Cu2+ quanto o tratamento térmico sobre as propriedades magnéticas. Os pós precursores foram tratados nas temperaturas de 600°C, 800°C e 1000°C com o patamar de 2h e caracterizados por Análise Termogravimétrica (ATG), Difração de Raios X (DRX) e Refinamento pelo método Rietveld, Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e medidas de histerese magnéticas realizadas à temperatura ambiente. De acordo com as curvas TG dos pós precursores, um comportamento semelhante foi observado para ambos os sistemas, onde o processo de perda total de massa aconteceu em duas etapas e na faixa de temperatura entre 30 e 500°C para o sistema Mg1-xNixFe2O4 (x= 0; 0,25; 0,50 e 0,75) e entre 30 e 450°C para o sistemaMg1-xCuxFe2O4 (x= 0; 0,25; 0,50 e 0,75). Os difratogramas de raios X revelaram a formação da fase espinélio MgFe2O4 (ICSD 76176) de simetria cúbica, e de fases secundárias, como α- Fe2O3 (ICSD 88418), NiO (ICSD 9866) e CuO (ICSD 87125), para os sistemas estudados. Em relação às curvas de histerese, verificou-se uma dependência da magnetização em função do teor de dopante e da temperatura de tratamento térmico adotada. Para as amostras Mg0,25Ni0,75Fe2O4 e Mg0,75Cu0,25Fe2O4, tratadas a 1000°C, apresentaram os maiores valores de magnetização de saturação, 41,9 emu/g e 35,76 emu/g, respectivamente. Palavras chave: Ferritas; Método de Combustão; Medidas Magnéticas; Espinélio; ABSTRACT The magnesium ferrite (MgFe2O4) and their doped compounds has received special attention due to its wide area of use, including applications in high recording media, heterogeneous catalysis, adsorption, sensors and magnetic technologies. Its structural, electrical and magnetic properties depend on the chemical composition, structure, particle size, and the replacement of cations in the sites A and/or B, which are directly influenced by the synthesis method, the conditions employed in processing these materials. In this work, ferrites of the type Mg1-xBxFe2O4 (B = Ni, Cu; x = 0, 0.25, 0.50, 0.75 and 1) were prepared by combustion method assisted by microwave in order to evaluate both the effect of partial substitution of Mg2+ for Ni2+ and/or Cu2+ as thermal treatment on the magnetic properties. Precursor powders were treated at the temperatures of 600 °C, 800 °C and 1000 °C with 2h level and characterized by Thermogravimetric Analysis (TGA), X-Ray Diffraction (XRD) and refinement by the Rietveld method, Scanning Electron Microscopy (SEM) and magnetic hysteresis measurements at room temperature. According to the TG curves of the precursor powders, a similar behavior was observed for both systems where the total mass loss process occurred in two stages and in the temperature range between 30 and 500 °C for Mg1-xNixFe2O4 system (x = 0, 0.25, 0.50 and 0.75) and between 30 and 450 °C for Mg1-xCuxFe2O4 system (x = 0, 0.25, 0.50 and 0.75). The X-ray diffraction revealed the formation of the spinel phase MgFe2O4 (ICSD 76176) of cubic symmetry, and secondary phases such as α- Fe2O3 (ICSD 88418), NiO (ICSD 9866) and CuO (ICSD 87125), for the studied systems. Regarding the hysteresis curves, there was a dependence of the magnetization as a function of the dopant content and the heat treatment temperature adopted. For Mg0,25Ni0,75Fe2O4 Mg0,75Cu0,25Fe2O4 and samples treated at 1000 °C showed the highest saturation magnetization values of 41.9 emu/g and 35.76 emu/g, respectively. Keywords: Ferrite; Combustion method; Magnetic measurements; spinel; LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ATG – Análise Termogravimétrica B – Indução magnética CTGAS-ER – Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis DRX – Difração de raios X H – Campo Magnético Hc – Campo Coercivo ICSD – Do inglês: Inorganic Crystal Structure Database LAPFIMC – Laboratório de Propriedades Físicas dos Materiais Cerâmicos LMCME – Laboratório de Materiais Cerâmicos e Metais Especiais M - Magnetização m – Momento Magnético Total MAUD – Do inglês: Materials Analysis using diffraction MAV – Magnetômetro de Amostra Vibrante ml – Número quântico magnético do elétron Mr – Magnetização remanente Ms – Magnetização de saturação MS-DOS – Microsoft Disk Operating System V – Volume δ – Grau de inversão μ – Permeabilidade magnética μ0 – Permeabilidade no vácuo μB – Magnéton de Bohr ᵡ – Susceptibilidade magnética PPMS – Sistema para Medidas de Propriedades Físicas EDTA – Ethylene Diamine Tetraacetic Acid (ácido etilenodiamino tetra-acético) LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Representação dos movimentos do elétron (a) movimento orbital ao redor do núcleo e (b) movimento de spin em torno do próprio eixo ............... 23 Figura 2 – Representação dos tipos de comportamentos magnéticos encontrados nos materiais ............................................................................. 27 Figura 3 – Representação do ciclo de histerese ............................................ 29 Figura 4 – Representação da estrutura espinélio ........................................... 31 Figura 5 – Representação dos orbitais “p” e “d” envolvidos nas interações de supertroca ...................................................................................................... 34 Figura 6 – Fluxograma das etapas para obtenção dos sistemas Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) através do método de combustão assistido por micro-ondas ............................................................................... 47 Figura 7 – Magnetômetro de amostra vibrante Lakeshore modelo EM4-HVA .50 Figura 8 – Curva TG do pó precursor MF preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ............................................................................... 52 Figura 9 – Curva TG do pó precursor MFN25 preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 53 Figura 10 – Curva TG do pó precursor MFN50 preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 53 Figura 11 – Curva TG do pó precursor MFN75 preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 54 Figura 12 – Curva TG do pó precursor NF preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 54 Figura 13 – Curvas TG dos pós precursores MF, MFN25, MFN50, MFN75 e NF preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ................. 55 Figura 14 – Curva TG do pó precursor MFC25 preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 57 Figura 15 – Curva TG do pó precursor MFC50 preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 57 Figura 16 – Curva TG do pó precursor MFC75 preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 58 Figura 17 – Curva TG do pó precursor CF preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 58 Figura 18 – Curvas TG dos pós precursores MF, MFC25, MFC50, MFC75 e CF preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ................. 59 Figura 19 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C por 2h .................................................................................................. 61 Figura 20 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 800°C por 2h .................................................................................................. 64 Figura 21 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 1000°C por 2h ................................................................................................ 66 Figura 22 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a600°C por 2h .................................................................................................. 68 Figura 23 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 800°C por 2h .................................................................................................. 70 Figura 24 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 1000°C por 2h .............................................................................................. 71 Figura 25 – Micrografia da amostra MF preparada pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h ...................................... 73 Figura 26 – Micrografia da amostra MF preparada pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h .................................... 73 Figura 27 – Micrografia da amostra NF preparada pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h ...................................... 74 Figura 28 – Micrografia da amostra NF preparada pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h .................................... 74 Figura 29 – Micrografia da amostra CF preparada pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h ...................................... 75 Figura 30 – Micrografia da amostra CF preparada pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h .................................... 75 Figura 31 – Micrografia da amostra MFN25 preparada pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h .................... 76 Figura 32 – Micrografia da amostra MFC25 preparada pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h .................... 76 Figura 33 – Micrografia da amostra MFN75 preparada pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratada a 800°C por 2h .................... 77 Figura 34 – Micrografia da amostra MFN75 preparada pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h .................. 77 Figura 35 – Micrografia da amostra MFC75 preparada pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratada a 800°C por 2h .................... 78 Figura 36 – Micrografia da amostra MFC75 preparada pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h .................. 78 Figura 37 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C por 2h .................................................................................................. 80 Figura 38 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pela reação assistida por micro-ondas e tratado a 800°C por 2h . 80 Figura 39 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pela reação assistida por micro-ondas e tratado a 1000°C por 2h 81 Figura 40 – Curvas de histerese da composição MgFe2O4 tratada em diferentes temperaturas .................................................................................................. 82 Figura 41 – Curvas de histerese da composição Mg0,75Ni0,25Fe2O4 tratada em diferentes temperaturas ................................................................................. 82 Figura 42 – Curvas de histerese da composição Mg0,50Ni0,50Fe2O4 tratada em diferentes temperaturas ................................................................................. 83 Figura 43 – Curvas de histerese da composição Mg0,25Ni0,75Fe2O4 tratada em diferentes temperaturas ................................................................................. 83 Figura 44 – Curvas de histerese da composição NiFe2O4 tratada em diferentes temperaturas .................................................................................................. 84 Figura 45 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C por 2h .................................................................................................. 86 Figura 46 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 800°C por 2h .................................................................................................. 86 Figura 47 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 1000°C por 2h ................................................................................................ 87 Figura 48 – Curvas de histerese da composição Mg0,75Cu0,25Fe2O4 em diferentes temperaturas ................................................................................. 88 Figura 49 – Curvas de histerese da composição Mg0,5Cu0,5Fe2O4 em diferentes temperaturas .................................................................................................. 88 Figura 50 – Curvas de histerese da composição Mg0,25Cu0,75Fe2O4 em diferentes temperaturas ................................................................................. 89 Figura 51 – Curvas de histerese da composição CuFe2O4 em diferentes temperaturas .................................................................................................. 89 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Distribuição e ocupação do número de cátions nos sítios na estrutura cristalina do espinélio ...................................................................... 32 Tabela 2 – Nomenclatura do sistema Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) ............................................................................................... 44 Tabela 3 – Reagentes utilizados na síntese das ferritas ................................ 45 Tabela 4 – Dados percentuais da decomposição térmica dos pós precursores do sistema Mg1-xNixFe2O4 preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ................................................................................................... 55 Tabela 5 – Dados percentuais da decomposição térmica dos pós precursores do sistema Mg1-xCuxFe2O4 preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ................................................................................................... 59 Tabela 6 – Valores de 2θ do pico principal do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C por 2h. ................................................................................................. 62 Tabela 7 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C ...................................................................... 63 Tabela 8 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pela reação de combustão assistida por micro-ondas e tratado a 800°C ...................................................................... 65 Tabela 9 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 1000°C por 2h ........................................................ 67 Tabela 10 – Valores de 2θ do pico principal do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparadopelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C por 2h ................................................................................................. 69 Tabela 11 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C ...................................................................... 69 Tabela 12 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 800°C ...................................................................... 71 Tabela 13 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 1000°C por 2h .................................................. 72 Tabela 14 – Parâmetros magnéticos do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ................ 85 Tabela 15 – Parâmetros magnéticos do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ................ 90 17 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa 1. INTRODUÇÃO Recentemente, a síntese e aplicação de nanopartículas magnéticas têm sido alvo de intensa investigação devido às suas propriedades únicas que as tornam bastante atraentes, no campo científico e tecnológico, o qual envolve a física e a química do estado sólido apresentando uma grande relevância de aplicabilidade nas tecnologias modernas em diversas áreas da ciência (MISRA et al., 2004; MATHEW & JUANG, 2007). As propriedades físicas e químicas dos nanomateriais tendem a ser excepcionalmente dependentes do seu tamanho de cristalitos, morfologia das partículas e microestrutura do cristal. Como resultado, os pesquisadores estão concentrando seus esforços no desenvolvimento de métodos simples e eficazes para a produção desses materiais com tamanho e morfologia controlados e, consequentemente adequando as suas propriedades (MATHEW & JUANG, 2007). O estudo de nanopartículas magnéticas oferece uma compreensão das propriedades fundamentais como o tunelamento quântico de magnetização, reversões de spin em partículas de domínio único, e os efeitos quânticos de tamanho (MISRA et al., 2004). Nesse sentido, espinélios magnéticos em combinação com vários tipos de sistemas binários e ternários têm sido amplamente investigados por possuírem potenciais aplicações nas áreas de magnetismo, eletrônica, catálise e biomedicina (TADI et al., 2010). As nanoferritas têm demonstrado um crescente interesse nos últimos anos, devido às suas propriedades eletromagnéticas específicas. As ferritas com estrutura espinélio são atualmente usadas como materiais essenciais para os avanços em dispositivos de armazenamento de informação e tecnologia ferro-fluido (ALI et al., 2014). O comportamento magnético das ferritas é fortemente influenciado quando o tamanho de partícula é da ordem de grandeza do domínio magnético (MISRA et al., 2004). 18 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa A ferrita de magnésio MgFe2O4 é uma das cerâmicas mais importantes da classe das ferritas por apresentar grande relevância de aplicabilidade em vários campos de atuação. Diversos trabalhos relatam que as ferritas de estrutura espinélio são bastante utilizadas em materiais fundamentais de dispositivos de armazenamento de informações, distribuidores de energia de corrente alternada, gravação magnética e sensores magnéticos (KHAN et al., 2012), na terapia de hipertermia magnética (BARATI; SELOMULYA; SUZUKI, 2014), sensores de gás (LIU et al., 2005), sensores de umidade (TRAVERSA et al., 1996), pigmentos cerâmicos (CANDEIA et al., 2006), células à combustíveis (OKAWA et al., 2004), catalisadores (JIA et al., 2010; YUAN et al., 2015), entre outras. Muitos esforços têm sido feitos para melhorar as propriedades das ferritas substituindo vários cátions com diferentes estados de valência. A substituição por metais de transição e terras raras têm atraído atenção considerável no campo das aplicações tecnológicas (KHAN et al., 2012). O vasto campo de atuação das ferritas de magnésio é relacionado com a variedade de cátions de metais de transição que pode ser incorporado na estrutura espinélio da ferrita de magnésio pura. A origem das propriedades magnéticas destes materiais deve-se ao momento magnético de spin dos elétrons 3d desemparelhados do elemento de transição pela interação de super-troca através dos íons oxigênio. As propriedades magnéticas, como a magnetização de saturação são fortemente dependentes da distribuição de cátions, método de síntese, composição metálica, tipo de dopantes, tratamento térmico (temperatura, atmosfera, tempo), tamanho de cristalitos entre outros, no qual todos esses fatores podem estar relacionados com a forma e microestrutura do material (ALI et al., 2014). A influência da substituição de íons metálicos como Zinco (PUCHE et al., 2008), Cádmio (KAUR; RANA & TARSIKKA, 2012), Cobalto (ALI et al., 2014), Níquel (MELO et al., 2015), Alumínio (BATOO et al., 2009), Cobre (RAMESH et al., 2015) (DRUC et al., 2013), Cromo (IQBAL et al., 2012) e Germânio (ABU-ELSAAD, 2014) em diversas propriedades estruturais, magnéticas, elétricas e dielétricas de MgFe2O4 foram relatados na literatura. 19 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa O comportamento magnético macio nas ferritas é devido a troca de interações entre os cátions em sítios tetraédricos e octaédricos nos espinélios (MATHEW & JUANG, 2007 apud TADI et al., 2010). De acordo com trabalhos anteriores sobre MgFe2O4, os íons não- magnéticos de magnésio e os íons magnéticos de ferro ocupam os sítios tetraédricos e octaédricos, mediados por íons de oxigênio. Esta caracteristica dos espinélios possibilita modificar as propriedades magnéticas substituindo os sítios, através da escolha de cátions o qual pode conduzir ao desenvolvimento de várias classes de materiais magnéticos. É conhecido que o níquel pode influenciar as propriedades magnéticas de diversos materiais, como exemplo, a magnetização do ferro é significativamente aumentada através da adição de níquel (O’HANDLEY, 2000). Segundo Tadi et al., (2010), as propriedades magnéticas moles da ferrita de magnésio pode ser melhorada por intermédio da substituição de níquel, o que pode levar ao desenvolvimento de novos materiais multiferróicos. Diante deste contexto, esta tese tem por finalidade descrever a síntese, a caracterização e o estudo das propriedades magnéticas de ferritas de magnésio do tipo Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x= 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) obtidos pelo método de combustão assistido por micro-ondas, assim como o efeito do tratamento térmico empregado sobre as propriedades estruturais e magnéticas destes sistemas. 20 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa 1.2. OBJETIVOS 1.2.1. Objetivo geral O presente trabalho tem como objetivo principal a preparação de ferritas de estrutura espinélio do tipo Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x= 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) pelo método de combustão assistido por micro-ondas para posterior estudo de suas propriedades magnéticas e estruturais. 1.2.2. Objetivos específicos Sintetizar as ferritas do tipo Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x= 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) através do método de combustão assistido por micro-ondas, utilizando os nitratos metálicos como precursores e a ureia como combustível; Avaliar o efeito da substituição parcial e total dos íons Mg2+ por íons Ni2+ e Cu2+, assim como o tratamento térmico sobre as propriedades estruturais e magnéticas dos sistemas preparados. 21 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1. Nanopartículas magnéticas Nas últimas décadas, a síntese de materiais cerâmicos magnéticos em nanoescala tem sido intensivamente estudada devido às novas propriedades mesoscópicas demonstradas por partículas de dimensões quânticas localizadas na região de transição entre átomos e sólidos na forma de “bulk”. Efeitos quânticos de tamanho e a grande área de superfície das nanopartículas magnéticas mudam drasticamente algumas de suas propriedades magnéticas, como a exibição de fenômenos superparamagnéticos e o encapsulamento do quantum de magnetização uma vez que cada partícula pode ser considerada como um único domínio magnético (MATHEW & JUANG, 2007). A descoberta de novos materiais magnéticos desempenha um papel fundamental na tecnologia moderna, pois estes possuem um grande número de aplicações em produtos e processos industriais nos mais variados setores (REZENDE, 1998). A pesquisa em magnetismo evoluiu no intuito de desenvolver materiais com considerável diminuição de peso e tamanho, além do aumento na eficiência. As nanopartículas têm despertado interesse nos últimos anos, devido às suas propriedades químicas e físicas únicas, bem como por seu grande potencial em aplicações tecnológicas, industriais, ambientais, biológicas e médicas. Esse fato é devido às mudanças sofridas nas propriedades magnéticas e físicas dos materiais, quando as dimensões típicas das estruturas envolvidas são da ordem de nanômetros. Dessa forma, novas propriedades com importantes aplicações tecnológicas surgem nesses materiais (KNOBEL, 2005). A fabricação de estruturas magnéticas artificiais destaca-se na área de magnetismo, tais como em filmes finos, multicamadas e nanoestruturas, levando ao surgimento de novas áreas de pesquisa, o qual pode-se citar os fenômenos de magnetorresistência gigante, acoplamento entre camadas magnéticas separadas por camadas não magnéticas, efeitos uni e bidimensionais, entre outras. 22 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa 2.2. Introdução ao magnetismo Um dos campos mais promissores da física da matéria condensada é o estudo do magnetismo. As pesquisas sobre materiais magnéticos estão cada vez mais intensas, com grandes avanços nas últimas décadas, o que vem atraindo a atenção de físicos teóricos e experimentais (REZENDE, 1998). O primeiro material magnético permanente descoberto foi um mineral de magnetita, essencialmente uma ferrita de ferro de fórmula FeFe2O4, isto é, um material ferrimagnético com estrutura do tipo espinélio. Os materiais na natureza são formados a partir dos elementos químicos que se encontram distribuídos na tabela periódica. Cada elemento químico é único sendo composto de um núcleo constituído por prótons e nêutrons, que está envolto por camadas de elétrons, onde apenas os prótons e os elétrons possuem cargas elétricas. Pode-se dizer que o magnetismo é uma propriedade cuja natureza é de origem elétrica, estando relacionado com uma carga em movimento. Seus princípios e mecanismos básicos são complexos, contudo, sua origem encontra-se na estrutura eletrônica dos átomos (CULLITY; GRAHAM, 2009; LIMA, 2010). A propriedade magnética de um material pode ser definida como sua capacidade de atrair ou repelir outros materiais. Em termos da física clássica, a origem dos momentos magnéticos pode ser explicada através de dois momentos eletrônicos associados ao elétron, o momento orbital, em torno do núcleo do átomo, e o momento de spin, ao redor do seu próprio eixo (CALLISTER, 2012), conforme ilustrado na Figura 1, a seguir. 23 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa Figura 1 – Representação dos movimentos do elétron (a) movimento orbital ao redor do núcleo e (b) movimento de spin em torno do próprio eixo. (a) (b) Fonte: GOMES, 2009. Nos átomos, os elétrons estão em movimento e este movimento cria um momento magnético, que é denominado de magnéton de Bohr (µB) e sua magnitude é de 9,27 x 10-24 A.m2. O momento magnético de spin para cada elétron em um átomo é de ± µB (sinal positivo – spin ↑ e negativo – spin ↓), sendo a contribuição do momento magnético orbital igual a mlµB, onde ml representa o número quântico magnético do elétron (CALLISTER, 2012). As propriedades magnéticas dos materiais são determinadas pelas interações que ocorrem entre um campo magnético externo e os momentos de dipolo magnéticos dos átomos constituintes. O momento magnético global de um átomo é o resultado do somatório das contribuições dos momentos magnéticos de cada um dos elétrons, incluindo o cancelamento dos momentos de spin e orbital dos pares eletrônicos. O momento magnético resultante será nulo caso os dois elétrons encontram-se emparelhados no mesmo orbital, pois como consequência da regra de Hund, estes elétrons deverão ter spins invertidos. Dessa forma, serão contabilizados apenas os elétrons desemparelhados para o cálculo do momento magnético. Assim, materiais formados por átomos que possuem camadas eletrônicas totalmente preenchidas não são capazes de serem magnetizados permanentemente (CALLISTER, 2012). 24 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa Geralmente, três grandezas físicas são descritas na área de propriedades magnéticas, são elas: a indução magnética (B), o campo magnético (H) e a magnetização (M). A indução magnética é o campo proveniente da própria magnetização do material e do campo externo aplicado. A relação entre eles é dada através da equação 1 (CULLITY; GRAHAM, 2009; LIMA, 2010). B = µ0 (H + M) (Equação 1) Em que, µ0 representa a permeabilidade magnética no vácuo. A magnetização, M, pode ser definida pela relação [M = m/V = nµb/V], onde m é o momento magnético total, que corresponde ao número total de átomos n que possuem elétrons desemparelhados multiplicado pelo momento magnético elementar, µB (magnéton de Bohr), dividido pelo volume, V que ele ocupa (CULLITY; GRAHAM, 2009; JILES, 1991; LIMA, 2010). Os materiais também podem ser descritos através de outras importantes propriedades como a susceptibilidade (ᵡ) e a permeabilidade magnética (µ), conforme descrito nas equações 2 e 3. A susceptibilidade magnética é a medida da efetividade com que um campo magnético externo induz o dipolo magnético no material. Já a permeabilidade magnética é definida como a razão entre a indução magnética e a intensidade do campo magnético (CULLITY; GRAHAM, 2009; LIMA, 2010). ᵡ = M/H (Equação 2) µ = B/H (Equação 3) Onde ᵡ, é a susceptibilidade e µ, a permeabilidade magnética. 25 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa 2.2.1. Comportamento magnético Os materiais, em sua grande maioria, exibem magnetismo reduzido e, somente quando estão na presença de um campo magnético externo pode-se classificá-los quanto aos tipos de interação e alinhamento entre os seus momentos de dipolos magnéticos. Assim, diante da resposta que apresentam quando submetidos à aplicação de um campo magnético externo, os materiais são classificados em cinco tipos principais: diamagnéticos, paramagnéticos, ferromagnéticos, ferrimagnéticos e antiferromagnéticos (JILES, 1991; MATHEW & JUANG, 2007; CULLITY; GRAHAM, 2009). Os Diamagnéticos são materiais cujos átomospossuem camadas eletrônicas completas nos quais os momentos magnéticos estão emparelhados e se cancelam, não apresentando magnetização resultante. Quando na presença de um campo magnético externo, eles são fracamente magnetizados no sentido oposto do campo magnético aplicado. Isto se deve ao surgimento de pequenas correntes localizadas no interior do material criando seu próprio campo magnético em oposição ao campo magnético aplicado. Dessa forma, apresentam valores reduzidos e negativos de susceptibilidade magnética. Exemplos: Alguns metais como Prata (Ag), Mercúrio (Hg), Bismuto (Bi), Ouro (Au); a maioria dos não metais (Boro (B), Silício (Si) e Fósforo (P)); gases nobres; muitos íons (Na+, Cl- e seus sais; moléculas diatômicas H2, N2); água e grande parte dos compostos orgânicos (JILES, 1991; CULLITY; GRAHAM, 2009; LIMA, 2010). Os materiais Paramagnéticos são materiais cujos átomos possuem momentos magnéticos intrínsecos que não interagem entre si. Os momentos magnéticos encontram-se orientados aleatoriamente não havendo uma magnetização macroscópica global. Porém, a aplicação de um campo magnético externo provoca o alinhamento dos dipolos na direção do campo e sua intensidade de magnetização é proporcional ao mesmo. Esses compostos apresentam valores reduzidos e positivos de susceptibilidade magnética. Exemplos: alguns metais (Cromo (Cr), Manganês (Mn) e Alumínio (Al)); alguns gases diatômicos (O2, NO); íons de metais de transição e metais; sais e óxidos de terras raras (JILES, 1991; CULLITY; GRAHAM, 2009; LIMA, 2010). 26 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa Os Ferromagnéticos são os materiais que possuem momentos de dipolos magnéticos permanentes que interagem entre si causando alinhamento paralelo. Ou seja, apresentam magnetização espontânea na ausência de campo externo. Quando estão sob a influência de um campo externo, seus momentos de dipolos magnéticos se alinham na direção e sentindo do campo, podendo seguir orientados mesmo com a sua retirada. Um material ferromagnético atinge a máxima magnetização chamada de magnetização de saturação (Ms), quando todos os dipolos magnéticos estão alinhados com o campo magnético aplicado. Acima de uma temperatura crítica denominada de temperatura de Curie (Tc), este alinhamento é destruído e o material comporta- se como paramagnético. Estes materiais apresentam valores altos e positivos de susceptibilidade magnética. Exemplos: metais de transição (Fe, Co e Ni); terras raras (Gadolínio (Gd), Térbio (Tb), Disprósio (Dy), Hólmio (Ho), Érbio (Er) e Tm); ligas de elementos ferromagnéticos e algumas ligas de Mn (MnBi) (JILES, 1991; CULLITY; GRAHAM, 2009; LIMA, 2010). Os Antiferromagnéticos esses materiais têm momentos de dipolos magnéticos alinhados em sentido antiparalelo, levando a uma magnetização nula. Quando são expostos a um campo magnético externo, os momentos se orientam na direção do campo. Acima da temperatura crítica, chamada de temperatura de Néel (TN), o alinhamento antiparalelo desaparece e o material passa a comporta-se como materiais paramagnéticos. Neste caso, os materiais possuem valores pequenos e positivos de susceptibilidade magnética. Exemplos: compostos de metais de transição (MnO, FeO, CoO, NiO, MnS, CuCl2) (JILES, 1991; CULLITY; GRAHAM, 2009; LIMA, 2010). No entanto, alguns materiais antiferromagnéticos comportam-se de maneira diferente, apresentando uma pequena magnetização resultante, fazendo com que deixem de ser totalmente antiferromagnéticos e passem a exibir um ferromagnetismo fraco. Tal fenômeno pode ser explicado em função da interação de troca Dzialoshinskii-Moriya, na qual ocorre a formação de um pequeno campo molecular devido a uma inclinação dos spins (spin canting) que compõe a rede cristalina do material, resultando uma magnetização não nula. Alguns óxidos perovskitas e a hematita (α-Fe2O3) são exemplos de materiais que comportam- se como ferromagnetos fracos. 27 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa A hematita é um óxido com acoplamento antiferromagnético por toda a sua estrutura romboédrica em baixas temperaturas. A -8°C, verifca-se que este apresenta uma transição magnética denominada de transição Morin (TM). Nesta temperatura, o material passa a ter um ordenamento ferromagnético fraco devido ao “spin canting” resultante da interação de troca Dzialoshinskii- Moriya, conforme discutido anteriormente. Entretanto, uma dependência da temperatura de TM com o tamanho de partículas é verificada, onde esta se desloca para temperaturas maiores quando o tamanho da partícula aumenta. Para partículas muito pequenas (≤ 20 nm), a transição desaparece (MORRISH, 1994; BENGOA et al., 2010; LIMA, 2010). Os Ferrimagnéticos são aqueles materiais que apresentam um alinhamento semelhante aos antiferromagnéticos, porém com momentos de dipolos magnéticos de magnitudes diferentes, fazendo com que possuam uma pequena magnetização espontânea. Esses materiais possuem valores elevados e positivos de susceptibilidade magnética. A magnetita (Fe3O4) e as ferritas M2+O.Fe2O3 (M= Fe, Ni, Co, Cu, Mn, Mg) são alguns exemplos (JILES, 1991; CULLITY; GRAHAM, 2009; LIMA, 2010). Na Figura 2 a seguir, são ilustrados os diferentes tipos de comportamentos magnéticos encontrados nos materiais com suas orientações de dipolo magnéticos. Figura 2 – Representação dos tipos de comportamentos magnéticos encontrados nos materiais . Fonte: Adaptado de MATHEW & JUANG, 2007. 28 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa Os materiais magnéticos também são classificados de acordo com sua resposta ao processo de magnetização e desmagnetização, esta classificação leva em consideração a dureza magnética e pode ser obtida através das leituras de curvas de magnetização versus o campo magnético. Esta propriedade está relacionada com a anisotropia cristalina que, quando sob a ação de um campo, o sistema magnético tende a mover as paredes dos domínios, fazendo com que a região em que o momento magnético está alinhado com o campo aumente. Para campos fracos, este processo é reversível, porém se este campo for forte, o suficiente, o processo torna-se irreversível, impedindo que o sistema volte a configuração original depois da retirada do campo. Este fenômeno é conhecido como histerese, que é a tendência do material ou sistema de conservar as propriedades magnéticas adquiridas, na ausência do campo que as gerou (ASHCROFT & MERMIN, 2011; COSTA, 2012). Em um material magnético duro, ao iniciar a magnetização, o comportamento típico é ilustrado através do seguimento de curva O→A, apresentado na Figura 3 abaixo, entretanto, se o campo H for diminuído, a partir de A, a curva não volta pelo mesmo caminho (A→O), ela desce mais lentamente descrevendo o segmento A→C. No ponto C em que H=0 e M≠0, o material permanece magnetizado, mesmo com a ausência de campo externo, o valor de M neste ponto chama-se Magnetização de residual ou remanência. Em seguida inverte-se o sentido do campo H, e a curva de magnetização descreve o trajeto C→D. No ponto D, M=0 e H≠0, o valor do módulo de H, neste ponto, é chamado de campo coercivo. Para valores de H<0, mas com o módulo H crescente, M volta a região de saturação, no ponto E. Os pontos A e E são conhecidos como regiões de saturação, ou seja, a partir deles não importa os valores de campo, a magnetização será a mesma, esses valores são denominados de magnetização de saturação. Porém, a partir de E, este ciclo é repetido e a magnetização segue o caminho E→F→ G→A. Para materiais considerados magnéticos macios, a distância entre D e G é muito menor, podendo aparentar umacurva unívoca em forma de “S” (NUSSENZVEIG, 1997). 29 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa Figura 3 – Representação do ciclo de histerese. Fonte: NUSSENZVEIG,1997. 2.2.1.1. Anisotropia magnética A anisotropia magnética é uma propriedade de certos materiais que induz determinadas direções preferenciais para a magnetização espontânea. Deste fenômeno decorre a existência de direções de fácil e difícil magnetização, que são respectivamente chamadas de direções, ou eixos, de fáceis e duros. Da anisotropia, fluem diversos comportamentos que levam a desafios do ponto de vista básico e novas aplicações do ponto de vista tecnológico. A origem deste fenômeno vem de diversos fatores, tais como a forma do material, estrutura cristalina, defeitos de superfície, agentes físicos externos (tensão, tratamento térmico e irradiação iônica), entre outros (SCHÄFER, 2010). 30 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa 2.2.1.2. Domínios magnéticos O conceito de domínios foi originalmente introduzido por P. Weiss para explicar o porquê dos materiais magnéticos poderem estar desmagnetizados enquanto continuam tendo, localmente, uma magnetização espontânea não nula. Este conceito é bastante útil para uma ampla variedade de materiais magnéticos. Dentro de um domínio, a magnetização é paralela a uma das direções preferenciais, as quais são determinadas pela energia de anisotropia magnética do material. A transição de uma direção de magnetização para outra, em domínios adjacentes, é contínua, ou seja, a parede de domínio tem uma largura finita e, portanto, possui uma estrutura interna. Quando um campo magnético é aplicado, os domínios com orientação da magnetização favorável em relação ao campo aplicado tendem a crescer. Esse mecanismo tem um papel importante no processo de magnetização de quase todos os materiais (CARARA, 2001). 2.3. Estrutura espinélio Os espinélios são uma importante classe de óxidos metálicos mistos amplamente investigados devido as suas notáveis propriedades ópticas, elétricas, magnéticas em comparação a outros materiais, são utilizados em grande variedade de aplicações, que inclui na área de materiais refratários, sensores de umidade, lasers de estado sólido, dispositivos eletrônicos integrados, catálise como catalisador ou suporte catalítico, materiais de enchimentos cerâmico, entre outras (PADMARAJ; VENKATESWARLU & SATYANARAYANA, 2015). Genericamente, a estrutura do tipo espinélio de fórmula química AB2O4 é derivada do mineral MgAl2O4. Esse tipo de estrutura apresenta empacotamento cúbico de face centrada (CFC) de íons oxigênio, em que os íons A2+ ocupam o centro de um tetraedro e os íons B3+ ocupam o centro de um octaedro. Em espinélios magnéticos, o íon divalente Mg2+ pode ser substituído por íons de 31 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa manganês (Mn), níquel (Ni), cobre (Cu), cobalto (Co), ferro (Fe), zinco (Zn) ou por alguma combinação destes íons, no caso do íon trivalente Al3+, geralmente este é substituído por íons Fe3+ (NAKAGOMI, 2008; MEDEIROS, 2013). A energia de estabilização do campo cristalino, a constante de Mandelung e o tamanho do cátion são os principais fatores que decidem a estrutura do sistema (SREEKUMAR et al., 2000). A representação da estrutura espinélio é ilustrada na Figura 4, a seguir, onde os círculos vermelhos representam os íons oxigênio, os sítios tetraédricos são representados pela cor amarela e os sítios octaédricos aparecem na cor azul. Figura 4 – Representação da estrutura espinélio. Fonte: MOURA, 2008. Esta estrutura cristalina é caracterizada pelo grupo espacial Fd3m, onde cada célula unitária é constituída por 96 interstícios entre os ânions, sendo 64 interstícios tetraédricos e 32 interstícios octaédricos. Entretanto, somente 24 desses interstícios são ocupados por cátions na estrutura espinélio, sendo que 8 ocupam interstícios tetraédricos e 16 ocupam sítios octaédricos. Dessa forma permanecem 56 sítios tetraédricos e 16 octaédricos vazios no espaço 32 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa intersticial da estrutura (Tabela 1) que, conceitualmente, poderia conter um cátion (SICKAFUS; WILLS & GRIMES, 1999; SREEKUMAR et al., 2000; TADI et al., 2010; PADMARAJ; VENKATESWARLY; SATYANARAYANA, 2015). A estrutura espinélio pode apresentar algum grau de inversão (δ) devido a alta eletronegatividade do oxigênio, que promove ligações de forte caráter iônico com os cátions divalentes e trivalentes, isso depende da distribuição iônica dos cátions, sendo classificados como, espinélio normal, espinélio inverso e espinélio parcialmente inverso ou intermediário. Tabela 1 – Distribuição e ocupação do número de cátions nos sítios na estrutura cristalina do espinélio. Tipo de Sítio Número Disponível Número Ocupado Espinélio Normal Espinélio Inverso Espinélio intermediário Tetraédrico (A) 64 8 8M2+ 8M3+ NM3+ e NM2+ Octaédrico [B] 32 16 16M3+ 8M3+ e 8M2+ NM3+ e NM2+ N- número de íons de elemento metálico e M- elemento metálico. Fonte: PERES, 2011. Na estrutura do espinélio normal, os cátions divalentes estão nos sítios tetraédricos “A” e os trivalentes estão nos sítios octaédricos “B”. Essa distribuição pode ser representada como (A)[B2]O4, com os colchetes referindo- se aos sítios octaédricos e os parênteses aos sítios tetraédricos. Para o espinélio inverso, a distribuição dos cátions ocorre conforme um arranjo inverso, (B)[AB]O4, onde os cátions divalentes e metade dos cátions trivalentes estão nos sítios octaédricos e, a outra metade dos cátions trivalentes estão nos sítios tetraédricos (POLETI et al., 1994). Para o espinélio intermediário ou parcialmente inverso, os arranjos podem ser representados pela fórmula (A1-xBx)[AxB2-x]O4, em que x é o grau de inversão (SUGIMOTO, 1980). A distribuição dos cátions na rede é influenciada pelo método de síntese empregado para obtenção desses materiais, além de ser altamente sensível ao tratamento térmico (TAILHADES et al., 1998; REZLESCU et al., 2000; MOURA, 2008; GOMES FILHO, 2009). Além disso, o tipo e a quantidade do cátion 33 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa dopante geram alterações nas propriedades e características dos mesmos (REZLESCU et al., 2000; GOMES FILHO, 2009). Embora a ferrita de magnésio seja um material magnético, os íons Mg2+ não possuem natureza magnética, e o fenômeno de distribuição dos íons Mg2+ nos sítios depende da temperatura de síntese, desse modo as propriedades magnéticas, como a magnetização de saturação e a temperatura de transição variam de acordo com as condições de tratamento térmico empregadas (ICHIYANAGI et al., 2007). 2.4. Ferritas As ferritas têm conquistado posição de bastante destaque econômico e de utilização na engenharia, dentro da família de materiais magnéticos, devido suas excelentes propriedades físicas que incluem: altos valores de resistividade, permeabilidade magnética, magnetização por saturação, baixas perdas por correntes de Foucault e baixo custo. De forma geral, algumas de suas aplicações são em equipamentos de telecomunicações, ímãs permanentes, dispositivos eletrônicos e de micro-ondas, mídias de gravação magnéticas usadas em computadores, cartões magnéticos, entre outras (GABAL; ANGARI & ZAKI, 2014; HESSIEN; ZAKI & MOHSEN, 2011; ATEIA, AHMED & GHOUNIEM, 2014). A origem do magnetismo nas ferritas deve-se a presença de elétrons 3d desemparelhados e distribuídos, em númeronão equivalentes, nos sítios octaédricos e tetraédricos (NAKAGOMI, 2007). Portanto, as propriedades magnéticas das ferritas dependem dos spins eletrônicos dos cátions e suas interações. Nos metais, as interações de troca ocorrem entre átomos situados em sítios vizinhos. Por outro lado, nas ferritas, os cátions não estão em contato direto, pois tem sempre um átomo de oxigênio como vizinho mais próximo, de forma que, as interações de troca nesses materiais ocorrem através dos elétrons dos átomos de oxigênio e são por isso chamadas de interações de supertroca. Essas alterações acontecem porque as funções de onda dos orbitais “p” do oxigênio se sobrepõem às funções de onda dos orbitais 3d dos 34 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa cátions, como é mostrado na Figura 5. Os dois elétrons da última camada do oxigênio estão desemparelhados, polarizando os cátions adjacentes do metal de transição que se acoplam antiparalelamente (O’HANDLEY, 2000; RODRIGUES, 2013). Figura 5 – Representação dos orbitais “p” e “d” envolvidos nas interações de supertroca. Fonte: Próprio autor. As ferritas constituem uma classe de materiais cerâmicos ferrimagnéticos de alta relevância no desenvolvimento de tecnologias mais avançadas em dispositivos eletroeletrônicos, constituída por uma mistura de óxidos metálicos, onde 70% de sua composição são formadas por óxido de ferro com estruturas cristalinas e composições químicas variadas. As ferritas podem ser classificadas, dependendo da composição química e do arranjo cristalográfico, em: granadas, ortoferritas, hexagonais e espinélio. Dentre estas, a estrutura espinélio se destaca por sua mobilidade catiônica, oferecendo diferentes propriedades para a mesma estequiometria (HENDERSON et al., 2007; GOMES FILHO, 2009). Entre a família das ferritas de estrutura espinélio, a magnesioferrita (MgFe2O4) é um dos óxidos magnéticos mais importante e tem recebido uma atenção especial por causa de sua vasta aplicação nas áreas de magnetismo, 35 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa eletrônica, catálise heterogênea e adsorção e na tecnologia de sensores. Foi demonstrado que este material pode ser utilizado no tratamento de tumores por hipertermia magnética através da aplicação de campos magnéticos alternados. 2.4.1. Microestrutura das ferritas As propriedades magnéticas das ferritas, tais como permeabilidade, coercividade, perdas por histerese e corrente parasita, depedem fortemente de sua microestrutura, ou seja, do contorno do grão, do seu tamanho médio e de sua porosidade. A microestrutura pode ser controlada através da variação no processamento, isto é, na preparação do pó, calcinação, moagem e condições de sinterização (temperatura, tempo e atmosfera) e por introdução de dopantes (SILVA et al., 2006). O conhecimento da identificação e formação de fases, bem como a presença de poros e de impurezas, é de grande importância para se entender e melhorar as propriedades magnéticas das ferritas cerâmicas nas regiões dos contornos de grãos. Essas regiões são de grande desordem atômica e de segregação de impurezas. A mobilidade das paredes dos domínios magnéticos sofre, nesta região, uma redução devido à ação de fixação desses contornos de grãos. Quando os poros são pequenos e discretos eles são menos efetivos nas regiões de contornos dos grãos. Poros pequenos e discretos dentro do grão, apesar de serem indesejáveis, não são de todo prejudiciais ao movimento dos domínios magnéticos. 2.5. Ferrita de magnésio As ferritas de magnésio são materiais que cristalizam em uma estrutura espinélio parcialmente inverso e apresentam alto potencial de aplicação na tecnologia moderna. Suas propriedades magnéticas são influenciadas pela distribuição dos íons metálicos entre os sítios A e B disponíveis (RANA & 36 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa ABBAS, 2002). É um material magnético macio, semicondutor do tipo n que apresenta boas propriedades de sensores de gás (CHEN et al., 2013; KANAGESAN et al., 2013). Na literatura, trabalhos recentes envolvendo o estudo das propriedades magnéticas de ferritas produzidas por diferentes métodos são encontrados e discutidos abaixo. Pradeep, Priyadharsini e Chandrasekaran, (2008) prepararam a ferrita de magnésio (MgFe2O4) através do método sol-gel a fim de estudar o efeito de estruturas em nano-escala nas propriedades magnéticas e estruturais. De acordo com os resultados de DRX, os autores observaram picos referentes a formação da fase MgFe2O4 de estrutura espinélio com simetria cúbica. Em relação as medidas magnéticas, as amostras mostraram um decréscimo no valor de magnetização de saturação (21,89 emu/g) em comparação com a ferrita de magnésio em forma de bulk (27 emu/g) como reportada por Smit & Wijn, 1959 e Kulkarni & Joshi, 1986. Ali et al., (2014ª), prepararam ferritas de magnésio do tipo Mg1-xCaxNiyFe2-yO4, (x= 0; 0,2; 0,4 e 0.6; y= 0; 0,4; 0,8 e 1,2) usando o método da microemulsão, com o intuito de estudar os efeitos nas propriedades magnéticas e dielétricas das ferritas de magnésio dopadas com cálcio e níquel. Os difratogramas dos materiais mostraram que a formação da fase única pode ser conseguida através da substituição de íons Mg2+ por Ca2+ e Fe3+ por Ni2+, não havendo mudança na estrutura do espinélio de simetria cúbica das nanoferritas. Com base nos resultados obtidos, os autores concluíram que o método de síntese foi eficaz na obtenção desses materiais. Além disso, eles verificaram que a dopagem com (x=0,2 e y=0,4) proporcionou um aumento da magnetização de saturação de 9,84 emu/g para 24,99 emu/g, e para as outras dopagens, ocorreu uma diminuição na magnetização de saturação, enquanto que a coercividade aumentou continuamente de 94 Oe para 153 Oe com o aumento da concentração de dopantes. Druc et al., (2013), estudaram os efeitos da substituição com cobre nas ferritas de magnésio obtidas através do método sol-gel. Os autores observaram que a inserção do cobre no sítio do magnésio ocasionou mudanças nos valores 37 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa das constantes dielétricas, onde aumentos da ordem de grandeza de até 19x10² foram obtidos para a composição x= 0,67, com diminuição na perda dielétrica. Ali et al., (2014b) investigaram a influência da inserção simultânea de níquel e cobalto nas propriedades estruturais, magnéticas e dielétricas das ferritas de magnésio obtidas pelo método da microemulsão. As análises de DRX mostraram a formação do sistema Mg1-xNixCoyFe2-yO4, com tamanhos de cristalito variando entre 15 e 26 nm. Com a substituição do magnésio pelo níquel e do ferro pelo cobalto, verificou-se um aumento na coercividade e magnetização de saturação. Valores insignificantes de constante dielétrica foram observados, indicando que este material é excelente candidato para dispositivos de micro-ondas e mídia de gravação. 2.6. Ferrita de níquel A ferrita de níquel é um óxido de simetria cúbica ferrimagnético que possui uma estrutura cristalina de espinélio inversa. O momento magnético da NiFe2O4 deve-se exclusivamente aos momentos magnéticos não compensados de oito íons Ni2+ distribuídos nos sítios octaédricos (SANTOS, 2002). Têm sido largamente estudadas em decorrência de suas propriedades que incluem a dureza mecânica, alta coercividade, moderada saturação de magnetização, excelente estabilidade química e desempenho magnético, no qual estão intimamente ligadas à composição química, microestrutura e tamanho de cristalito, este último pode ser controlado através dametodologia de preparação (NASERI et al., 2011; MEDEIROS, 2013). Hoyo et al 2013, relatam a produção de ferrita de níquel obtidos pelo método Pechini e sinterizados por micro-ondas. Os pós obtidos foram calcinados e submetidos a analise de raios X, onde se verificou além da fase cristalina ferrita níquel, além de traços da fase secundaria hematita (Fe2O3). Os materiais obtidos foram sinterizados por micro-ondas e caracterizados por Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e Sistema para medidas de propriedades físicas (PPMS), o tamanho médio de partículas observado foi 38 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa abaixo de 100 nm, os valores encontrados para magnetização de saturação, mensuradas pelo PPMS variaram entre 45,81 e 46,50 emu/g, valores semelhantes aos reportados na literatura. Khairy, 2014, foi produzido ferrita de níquel pelo método sol-gel, as amostras foram caracterizadas por raios X, espectroscopia de infravermelho e microscopia eletrônica de varredura, análises termogravimétricas e MAV. Os DRX apresentaram padrões de difração referentes a fase ferrita de níquel, sem presença de fases secundária. A espectroscopia de infravermelho mostrou uma banda na região de 400-600 cm-1 referentes a fase NiFe2O4, nenhuma porção orgânica foi observada. As Microscopias eletrônica de varredura apresentaram amostras com forma esferoidais e tamanhos na faixa de 25 a 35 nm. As TG não mostraram perda de massa, o material produzido mostrou-se estável. Nas analises de MAV a ferrita de níquel apresentou valores de magnetização de saturação de 24 emu/g. 2.7. Ferrita de cobre Ferritas do tipo CuFe2O4 apresentam alta condutividade elétrica e estabilidade térmica, sendo utilizado na fabricação de anodos para eletrólise de alumínio. As ferritas de cobre apresentam arranjos tipo espinélio, tais estruturas são influenciadas tanto pelo método de síntese, quanto pelo tratamento térmico adotado, seus elementos tendem a assumir arranjos cúbicos, sendo o tetragonal estável a baixa temperatura, já o cúbico só ganha estabilidade a temperaturas elevadas. As ferritas de cobre são semicondutores magnéticos, o que lhes confere uma gama de aplicação muito ampla. (PRABHU et al., 2011). Alic et al. 2014, estudaram o efeito da temperatura e do tamanho de grão nas propriedades magnéticas de compósitos de ferrita de cobre e oxido de níquel, produzidas pela técnica de coprecipitação. Os pós obtidos foram caracterizados por DRX, MAV e PPMS. Os padrões de raios X revelaram a presença da fase CuFe2O4, o tamanho de cristalito calculado variou entre 20 e 31 nm. Com o aumento da temperatura a magnetização de saturação sofreu um decréscimo, não foi observada influência significante do tamanho do 39 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa cristalito nas propriedades magnéticas medidas a temperatura ambiente, nas curvas de histerese todas as amostras apresentaram características de material ferromagnético e baixa coercividade. Marinca et al 2012, estudaram as propriedades estruturais e magnéticas de nanopós de ferrita de cobre, produzidas por uma combinação de moagem reativa, tratamento térmico e moagem mecânica, a caracterização das propriedades estruturais foram realizadas pelas análises de DRX e MEV, para o estudo das propriedades magnéticas utilizou-se o método de campo magnético contínuo. 2.8. Métodos de preparação das ferritas Existe um grande número de métodos para a preparação desses óxidos, entre eles estão incluídos a reação de estado sólido, método de combustão em placa e assistido por micro-ondas, processo sol-gel, co-precipitação, síntese hidrotermal e método Pechini. A escolha do método de síntese é extremamente importante para se obter pós com um melhor controle estequiométrico, do tamanho de partículas e baixo grau de aglomeração, uma vez que para a maioria das aplicações faz-se necessário uma síntese controlada de alta pureza, que permita uma boa reprodutibilidade das propriedades. Neste trabalho, o método utilizado para a preparação das ferritas foi o método de combustão assistido por micro-ondas, que será descrito a seguir. 2.8.1. Método de combustão O método de combustão faz uso de reações exotérmicas para produzir um número variado de pós cerâmicos. A reação exotérmica, uma vez iniciada por uma fonte externa (Ex.: placa de aquecimento, mufla, forno micro-ondas), ocorre de forma rápida tornando-se autossustentável, resultando na obtenção de um material cerâmico em um reduzido intervalo de tempo (JAIN; ADIGA; 40 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa PAI-VERNEKER, 1981; BARROS, 2009). Assim, este método apresenta como principais vantagens, a rapidez do processo, pois a reação de combustão é instantânea, o baixo custo por não utilizar equipamentos sofisticados, além do fato de geralmente se obter pós monofásicos com partículas em escala nanométrica (COSTA, 2002; LIMA, 2010). O princípio do método está fundamentado em conceitos termodinâmicos utilizados na química dos propelentes e explosivos, onde parte-se da reação de uma mistura redox em meio aquoso, contendo os íons metálicos de interesse como reagentes oxidantes, e um combustível redutor, geralmente, a ureia (CO(NH2)2). Os nitratos metálicos são as fontes de cátions mais usadas no processo em função da alta solubilidade em água e, por fundirem em baixas temperaturas, garantindo assim a homogeneidade da solução. Eles reagem com o combustível redutor para formar um pó óxido fino, seco e geralmente cristalino (JAIN; ADIGA; PAI-VERNEKER, 1981; BARROS, 2009). O pó produzido pode ser composto por apenas uma fase, ou pela combinação de óxidos metálicos, sendo necessário, neste caso, passar por tratamentos térmicos para formação da fase desejada. A grande quantidade de gases liberada durante a síntese resulta em uma chama que pode alcançar temperaturas superiores a 1000°C (SOUSA et al., 1999; LIMA, 2010). Outros combustíveis podem ser usados na síntese por combustão para obtenção de óxidos puros e mistos, entre eles a glicina (C2H5NO2), hidrazina maléica (C4H4N2O2), triazina tetraformol (C4H16N6O2), entre outros. Estes combustíveis diferem na capacidade de redução do pó e na quantidade de gases gerados, fatores que afetam as características do produto final. Entre os combustíveis, a ureia tem a mais baixa capacidade redutora (valência total 6+) e, produz um pequeno volume de gases. As vantagens de usar a ureia são: disponibilidade comercial, baixo custo e o fato de gerar altas temperaturas, as quais são necessárias para a formação da fase desejada (SEGADÃES; MORELLI; KIMINAMI, 1998; BARROS, 2009; LIMA, 2010). Segundo Kiminami et al., (2000), o uso da ureia em excesso na reação faz com que os gases gerados sejam liberados mais rapidamente havendo maior dissipação de energia, de modo que a formação de aglomerados duros 41 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa e/ou o crescimento das partículas é evitada. Quanto maior a quantidade de gases gerados, maior será a dissipação de energia, e a energia disponível para a sinterização e cristalização do material será menor. Na química dos propelentes e explosivos, a mistura de combustão composta pelo combustível e o oxidante é caracterizada pelos seguintes parâmetros: razão de mistura Øm, razão equivalente Ø e a razão estequiométrica Øs, onde: ∅𝑚 = 𝑅𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜𝑟 𝑜𝑥𝑖𝑑𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑛𝑎 𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 (Equação 4) ∅𝑠 = 𝑅𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑒𝑞𝑢𝑖𝑜𝑚𝑒𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙 𝑟𝑒𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜𝑟 𝑜𝑥𝑖𝑑𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑛𝑎 𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎(Equação 5) A deficiência ou excesso de combustível na mistura é determinada pela razão equivalente, que é definida pela expressão: ∅ = ∅𝑠 ∅𝑚 (Equação 6) Para valores de Ø>1, a mistura é considerada deficiente em combustível. Já para Ø<1, a mistura é rica em combustível, enquanto que para Ø=1, os sistemas estão misturados estequiometricamente. Para o cálculo das quantidades de reagentes necessários à reação de combustão, Jain, Adiga & Pai-Verneker, (1981), propuseram um método simples, aplicável também em sistemas com mais de dois componentes, para determinação rápida de sua estequiometria. O método se baseia no cálculo da valência total do combustível e do oxidante. A mistura é estequiométrica quando o valor das respectivas valências for igual, ou seja, o valor total das valências dos oxidantes for igual ao valor total das valências dos redutores, como observado nas equações a seguir: 42 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa ∅ = 1 = ∑(𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑜𝑥𝑖𝑑𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑋 𝑣𝑎𝑙ê𝑛𝑐𝑖𝑎) (−1) ∑(𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑜𝑥𝑖𝑑𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑋 𝑣𝑎𝑙ê𝑛𝑐𝑖𝑎) (Equação 7) ∑(𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑜𝑥𝑖𝑑𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑋 𝑣𝑎𝑙ê𝑛𝑐𝑖𝑎) + (𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 𝑋 𝑣𝑎𝑙ê𝑛𝑐𝑖𝑎) = 0 (Equação 8) Os cálculos são feitos considerando as valências que os elementos apresentam nos produtos gasosos da reação de combustão, que são CO2, H2O e N2. O carbono e o hidrogênio são elementos redutores com valências correspondentes 4+ e 1+, respectivamente. O oxigênio é um elemento oxidante com valência 2- e, o nitrogênio tem valência zero. As valências dos cátions metálicos são aquelas que terão nos óxidos finais. 2.8.1.1. Método de combustão assistido por micro-ondas As micro-ondas são ondas eletromagnéticas confinadas a uma faixa do espectro que se estende de 300 a 300.000 MHz. Tão larga faixa confere a esses osciladores grande versatilidade de aplicação em função da frequência selecionada. Radares de aviação civil, aparelhos de telefonia celular e fornos de micro-ondas domésticos são exemplos de dispositivos que funcionam a base de micro-ondas. Essa radiação não-ionizante causa migração de íons e rotação de dipolos, mas não causa mudança na estrutura molecular (BARROS, 2009). A aplicação da tecnologia de micro-ondas tem despertado grande interesse na área da Química e da Ciência dos Materiais, por possibilitar a síntese de uma variedade de compostos orgânicos e inorgânicos, e também ser empregada no tratamento térmico de muitos materiais. Nos últimos anos, houve um crescente aumento no número de pesquisas envolvendo a preparação de óxidos cerâmicos usando a autocombustão assistida por micro-ondas. A diferença entre a reação de combustão convencional comparada à assistida por micro-ondas consiste no fato de que o calor necessário para a ignição é fornecido pelo próprio material quando submetido à incidência de micro-ondas. Ou seja, enquanto que nos processos térmicos convencionais, a troca de calor se dá pela transferência de 43 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa energia devido a gradientes térmicos, a energia de micro-ondas é entregue diretamente ao material por meio da interação molecular com o campo eletromagnético. O método de combustão assistido por micro-ondas vem se destacando como uma técnica bastante promissora, pois permite a obtenção de materiais com tempo curto para se atingir a temperatura de ignição e uniformidade na distribuição de temperatura. Além disso, proporciona um maior controle das condições de síntese, pois a intensidade das emissões de micro-ondas pode ser interrompida, diminuída ou aumentada rapidamente, permitindo, deste modo, a produção de materiais com características bastante específicas (BARROS, 2009; LIMA, 2010). 44 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa 3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL Neste capítulo serão descritos os reagentes utilizados, a metodologia empregada na síntese do sistema Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1), as técnicas e equipamentos usados para caracterização, bem como as condições operacionais em que as análises foram submetidas. 3.1. Nomenclatura do sistema Mg1-XBXFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) Para o sistema Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas adotou-se as nomenclaturas apresentadas na Tabela 2. Tabela 2 – Nomenclatura do sistema Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1). Sistemas Nomenclatura MgFe2O4 MF Mg0,75Ni0,25Fe2O4 MFN25 Mg0,5Ni0,50Fe2O4 MFN50 Mg0,25Ni0,75Fe2O4 MFN75 NiFe2O4 NF Mg0,75Cu0,25Fe2O4 MFC25 Mg0,5Cu0,50Fe2O4 MFC50 Mg0,25Cu0,75Fe2O4 MFC75 CuFe2O4 CF Fonte: Próprio autor. 45 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa 3.2. Materiais de partida Os reagentes utilizados na preparação das ferritas através do método de combustão assistido por micro-ondas são listados na Tabela 3. Tabela 3 – Reagentes utilizados na síntese das ferritas. Reagentes Marca Teor (%) CH4N2O (Ureia) Vetec P.A Mg(NO3)2.6H2O Vetec 98-102 Ni(NO3)2.6H2O Vetec 97 Cu(NO3)2.3H2O Vetec 98-102 Fe(NO3)3.9H2O Vetec 98-101 Fonte: Próprio autor. 3.3. Síntese dos sistemas Mg1-XBXFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) A síntese dos sistemas Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) usando o método de combustão assistido por micro-ondas envolveu o preparo de uma mistura redox contendo os nitratos metálicos de interesse como agentes oxidantes e a ureia como combustível redutor. As quantidades dos reagentes utilizadas na síntese foram previamente calculadas baseadas nos conceitos da química dos propelentes e explosivos, como descrito no item 2.8. Para os cálculos, as valências dos elementos carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, magnésio, ferro, níquel e cobre foram 4+, 1+, 2-, 0, 2+, 3+, 2+ e 2+, respectivamente, a valência da ureia foi 6+. O procedimento consistiu basicamente na mistura dos nitratos metálicos e da ureia seguido pela dissolução dos mesmos em água destilada. Para garantir a completa homogeneização da solução, esta foi aquecida diretamente em uma placa de aquecimento à 70°C e mantida sob agitação constante. Em 46 PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa seguida, a solução foi colocada em um forno de micro-ondas marca Brastemp com potência máxima de 950W e frequência de 2450 MHz, até atingir a autoignição. O tempo total da reação variou entre 3 e 5 minutos conforme o material. Os pós obtidos após a combustão foram desaglomerados em almofariz de ágata e calcinados a 600 °C, 800 °C e 1000°C a um patamar de 2h em forno mufla usando razão de aquecimento de 10°C/min, e atmosfera oxidante e estática. O procedimento detalhado pode ser melhor no fluxograma, representado pela Figura 6. A preparação das ferritas envolveu reações na síntese de combustão assistida por micro-ondas, tendo como precursores a ureia, os nitratos metálicos e água. Como exemplo, a reação de combustão estudada para a preparação da MgFe2O4, utilizando a equação 8, é exemplificada através da equação 9, abaixo. 1[Mg(NO3)2.6H2O] + 2[Fe(NO3)3.9H2O] + n[CO(NH2)2] = 0 (Equação 9) 1(-10) + 2(-15) + n(6) = 0 (Equação 10) -10 -30 +6n = 0 (Equação 11) n = 6,67 mols de ureia (Equação 12) Ureia: 6,67 mols.60,06 g.mol-1= 400,60g/60= 6,677g de ureia Mg: 1 mol.256,41
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