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Trabalho de História do Cerebelo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
SETOR DE NEURO-HUMANIDADES
DISCIPLINA DE NEUROLOGIA 
CURSO DE EXTENSÃO – HISTÓRIA DA NEUROLOGIA E DAS NEUROCIÊNCIAS
TRABALHO FINAL
Breve histórico sobre o Cerebelo
Aluno: Jaime Moreira Pires 
Professor: Dr. Afonso Carlos Neves
São Paulo
2016
Revisão de Literatura
Há muito tempo, estudos vêm demostrando incontestáveis provas de que nossos ancestrais pré-históricos sabiam da importância do encéfalo para a manutenção da vida.
Por muitos séculos, vários povos de todo o mundo foram defensores da hipótese cardíaca, como era conhecida a crença de que a mente estava associada ao coração. O povo egípcio, por exemplo, admitia que era no coração que se encontrava a alma, por tal motivo, quando no trato com os mortos, embalsamavam cuidadosamente o coração destes, enquanto, o cérebro era totalmente desprezado (JESUS, 2010). Crenças semelhantes, sobre a mente em relação ao coração, eram sustentadas por antigos povos da Índia e da China (GAZZANIGA e HEATHERTON, 2005). Aristóteles (384-322 a.C.) também era defensor de que havia uma relação entre a mente e o coração, ele acreditava que o coração era a base da mente e que o cérebro era apenas uma espécie de radiador, com a finalidade de resfriar a temperatura sanguínea (JESUS, 2010).
No século IV a.C., Hipócrates, um médico grego, e nos dias de hoje conhecido como o “pai da medicina”, referiu-se ao cérebro como localização da mente. Hipócrates, em seu tratado “Da doença sagrada”, comprovou que o cérebro é a sede das sensações, o órgão dos movimentos e dos juízos (JESUS, 2010). Naquela época, Hipócrates chegou a afirmar: “Algumas pessoas dizem que o coração é o órgão com o qual nós pensamos, e que ele sente dor e ansiedade. Mas não é assim. Os homens deveriam saber que é o cérebro a origem de nossos prazeres, alegrias, riso e lágrimas. Por meio dele, em especial, nós pensamos, enxergamos, ouvimos e distinguimos o feio do belo, o ruim do bom, o agradável do desagradável” (citado por Gazzaniga & Heatherton, 2005, p. 121).
Galeno (130-200 d.C.), médico romano e um dos maiores e primeiros anatomistas de seu tempo, concluiu que o encéfalo era formado de duas partes: uma anterior, o cerebrum e uma posterior, o cerebellum¹ (PINHEIRO, 2005).
__________________
¹Cerebellum: Palavra que quer dizer “pequeno cérebro”, e denominou-o assim, pela relativa aparência com o cérebro, porém, com um tamanho bem reduzido. 
Buscando confirmar o que defendia Hipócrates, Galeno realizou inúmeras dissecações em animais, tentando desvendar em suas pesquisas a função do cérebro e do cerebelo. (WULLSTEIN, 2009). Em um simples teste de toque, Galeno observou, um cérebro mais “tenro” e o cerebelo mais “rijo”, propondo assim, que o cérebro estaria relacionado com o comando das sensações e o cerebelo com o comando dos músculos (WULLSTEIN, 2009). Foi de Galeno uma das primeiras teorias do funcionamento cerebral, presumindo que espíritos animais habitavam a mente e que esses espíritos haviam sido transformados a partir de espíritos vitais do coração localizados na rete mirabile (rede miraculosa) do cérebro (JESUS, 2010).
Desde as primeiras descrições do cerebelo, feitas por Herófilo (335-280 a.C.) um médico grego, considerado um dos primeiros anatomistas da história da medicina, até as observações de Andreas Vesalius (1514-1564), considerado o “pai da anatomia moderna” (WULLSTEIN, 2009), muitos questionamentos foram feitos sobre a estrutura e real função do cerebelo, hoje, porém, esses questionamentos já são bem compreendidos. 
Em 1665 Marcello Malpighi (1628-1694) descreveu que as fibras (nervosas) dispersas através do cérebro e cerebelo tinham origem no tronco da medula espinhal e que o curso destas fibras era mais aparente no cerebelo, visto que elas eram mais alargadas e organizadas, pouco tempo depois os núcleos do cerebelo foram identificados por Raymond de Vieussens (1641-1716) (GLICKSTEIN, 2009). No século XVIII, houve uma sucessão de descrições anatômicas cada vez mais precisas, nas quais começaram a identificar as subdivisões do cerebelo. Vincenzo Malacarne (1744-1816) publicou o primeiro trabalho integralmente dedicado ao cerebelo (Malacarne, 1776). Em seu trabalho, ele relatou a descrição mais precisa do córtex cerebelar e de seus núcleos, do que qualquer um de seus antecessores (GLICKSTEIN, 2009). 
Capa do trabalho de Malacarne “Il cervelletto”, “O Cerebelo”. O primeiro livro dedicado inteiramente ao Cerebelo.
Muitas hipóteses sobre a função cerebelar foram surgindo e sendo desenvolvidas ao longo dos séculos. Obras de grandes pesquisadores, ainda exercem atualmente, papel relevante na maneira como observamos e estudamos as funções e os mecanismos de atuação do cerebelo (MANTO, 2008). Na extensa lista de famosos pesquisadores que deixaram suas contribuições, no que diz respeito as pesquisas cerebelares, podemos citar: Rolando (1809) que mostrou dois séculos atrás que as lesões no cerebelo prejudicavam de alguma forma os movimentos e que a estimulação elétrica (estimulação galvânica) do cerebelo aumentava os movimentos. Fodera (1823), que trabalhou de perto com Magendie, observou difusa hipertonia, em casos de grandes remoções de tecido cerebelar. Flourens (1824), correlacionou lesão no cerebelo com falta de coordenação muscular, confirmando as conclusões do Saucerotte. Lugaro (1894) descreveu os elementos do córtex cerebelar. Babinski (1899, 1902, 1906) propôs que a falta de sinergia cerebelar era uma incapacidade para combinar cada um dos elementos de um movimento em um ato motor complexo e foi o primeiro a descrever os déficits associados aos movimentos sucessivos rápidos (o chamado adiadococinesia). Sherrington (1900) considerou o cerebelo como o regulador de um grande sistema proprioceptivo. Ramon y Cajal (1911) descreveu a estrutura de redes finas do córtex cerebelar contendo células de Purkinje, granulares, entre outras, bem como fibras musgosas e escaladas. Allen (1924) esclareceu a distribuição de fibras eferentes do núcleo cerebelar (MANTO, 2008). 
Em suma, todas as vertentes de conhecimento a despeito do cerebelo, descobertas e estudadas ao longo da história, consolidam-se hoje como a base para as mais diversas pesquisas, sobre o cerebelo, realizadas em laboratórios de todo o mundo, na busca de se compreender cada vez mais sua estrutura, funções e mecanismos pelos quais atua.
2 – REFERÊNNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GAZZANIGA M. S.; HEATHERTON, T., F. Ciência Psicológica: Mente, Cérebro e Comportamento. Trad. Maria Adriana Veríssimo Veronese – 2. imp. ver. – Porto Alegre: Artmed, 2005.
GLICKSTEIN, M.; STRATA, P.; VOOGD, J. Cerebellum: History. Neuroscience, v.162, p. 549–559, 2009.
JESUS, M. V. M. de. Avaliação Neuropsicológica: um estudo da avaliação qualitativa na prática. 2010. 67 (Mestrado). Departamento de Psicologia do Centro de Teologia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 
MANTO, M. The Cerebellum, Cerebellar Disorders, and Cerebellar Research—Two Centuries of Discoveries. Cerebellum v.7, p. 505–516, 2008.
PINHEIRO, M. Historical aspects of the neuropsychology: a contribution to the educators formation. Educar, Editora UFPR, n. 25, p. 175-196, Curitiba, 2005. 
WULLSTEIN, I. A. C. Yoga, Meditação e Silêncio: Um estudo na tradição de grandes mestres e na visão científica de Bohdan Wijtenko. 2009. 338 (Doutorado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

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