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Título XI – Dos crimes contra a administração pública 
▪ Como o próprio nome já diz, tais crimes são aqueles que
implicam em lesão ao patrimônio da administração
pública.
▪ Podem ser praticados tanto por funcionários públicos
(agentes da administração pública, do Estado), quanto
por particulares, a depender do crime.
▪ Podem ser divididos basicamente em cinco espécies:
1. Crimes praticados por funcionário público contra a
administração em geral (arts. 312 a 327);
2. Crimes praticados por particular contra a administração em
geral (arts. 328 a 337-A);
3. Crimes praticados por particular contra a administração
estrangeira (arts, 337-B a 337-D);
4. Crimes contra a administração da Justiça (arts. 338 a 359);
5. Crimes contra as finanças públicas (arts. 359-A a 359-H).
Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário 
público contra a administração pública em geral
▪ Trata-se dos chamados crimes funcionais, pois devem ser
praticados por funcionário público, dividindo-se em:
▪ Crimes funcionais próprios ou puros, os quais se
caracterizam pelo fato de que, ausente a condição de
“funcionário público” ao agente, a conduta passa a ser
considerada um indiferente penal (atipicidade absoluta).
Ex: art. 319 – Prevaricação (se o agente não for funcionário
público, não há a prática de qualquer infração penal).
▪ Já os crimes funcionais impróprios ou impuros são
aqueles que, faltando a condição de “funcionário público”
ao agente, a conduta não será um indiferente penal,
deixando apenas de ser considerada crime funcional, a
qual será desclassificada para outro delito (atipicidade
relativa)
Ex: art. 312, § 1º, - Peculato-furto, no qual o agente deve ser
funcionário público, caso contrário, haverá furto.
Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário 
público contra a administração pública em geral
▪ Em regra, os crimes funcionais são crimes dolosos, ficando a
exceção por conta do peculato culposo (art. 312, § 2º, do CP).
▪ A Lei 9.099/95 é perfeitamente aplicável aos crimes funcionais, (art.
98, I, CF/88), o que tem gerado críticas da doutrina, pois tais crimes
não deveriam ser tratados como de menor potencial ofensivo, ante a
relevância do bem jurídico da administração pública.
▪ Tais crimes funcionais sujeitam-se à extraterritorialidade
incondicionada da lei penal brasileira, (art. 7º, I, “c”, CP: “Ficam
sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os
crimes: c) contra a administração pública, por quem está a seu
serviço;”).
OBS: A progressão de regime nos crimes contra a administração
pública (não somente nos crimes funcionais) exige reparação do dano
ou restituição da coisa. § 4º O condenado por crime contra a
administração pública terá a progressão de regime do cumprimento
da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à
devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário 
público contra a administração pública em geral
▪ Na condenação por crime funcional, o Juiz poderá impor,
como efeito da condenação, fundamentadamente (já que
não é automático), a perda do cargo, função pública ou
mandado eletivo quando aplicada pena privativa de
liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos
crimes praticados com abuso de poder ou violação de
dever para com a administração pública (art. 92, I, a do CP).
▪ Predomina na jurisprudência dos tribunais superiores ser
inviável o reconhecimento da atipicidade da conduta em
face do princípio da insignificância nos crimes
funcionais, ainda que o valor do bem seja ínfimo ou que
tenha se corrompido por pequeno valor ou por fato de
pouca relevância, já que o principal bem jurídico tutelado é
a moralidade administrativa.
OBS: Todavia, o STF reconhece já reconheceu o princípio
da insignificância em seus julgados, recebendo críticas.
Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário 
público contra a administração pública em geral
▪ Funcionário público: Art. 327: Considera-se funcionário público,
para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal (AUTARQUIA,
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA, EMPRESAS PÚBLICAS E
FUNDAÇÕES INSTITUÍDAS PELO PODER PÚBLICO), e quem
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
(CONCESSIONÁRIAS OU PERMISSIONÁRIAS DE SERVIÇO
PÚBLICO) ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública (Ex: Hospital ou profissional particular
que, mediante convênio, realiza atendimento pelo SUS).
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos
crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão
da administração direta, sociedade de economia mista, empresa
pública ou fundação instituída pelo poder público. CUIDADO: AS
AUTARQUIAS NÃO SE ENCONTRAM NESSE ROL.
Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário 
público contra a administração pública em geral▪ Conceito de funcionário público: (cont.)
OBS: tal conceito é mais amplo do que aquele estabelecido pelo
Direito administrativo, onde funcionários públicos são apenas
aqueles detentores de cargo público efetivo. Para fins penais,
funcionário público engloba empregados públicos, estagiários,
mesários da Justiça Eleitoral, jurados do tribunal do Júri.
CUIDADO: Não confundam função pública com encargo/múnus
público, os quais não são considerados funcionários públicos,
de modo que tutores, curadores, inventariantes e depositários
judiciais não são considerados funcionários públicos pela maioria.
OBS: Por força do art. 327, § 1º, funcionários de empresa
terceirizada que presta serviços a um órgão público,
obviamente, exercendo atividade típica (ou atividade-meio –
aquelas que dizem respeito ao bem estar do
administrado/interesse público. ex: segurança, limpeza, transporte)
da administração, são considerados funcionários públicos para
fins penais. Vide HC 264459 STJ Info 579
Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário 
público contra a administração pública em geral
(...). PECULATO E CORRUPÇÃO PASSIVA. PRETENDIDA
ABSOLVIÇÃO POR AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
POR MEIO DE CONVÊNIO, (...). FUNCIONÁRIO PÚBLICO.
CONCEITO PARA FINS PENAIS. ADVOGADO
CONTRATADO POR MEIO DE CONVÊNIO FIRMADO ENTRE
A PROCURADORIA GERAL DO ESTADO E A OAB PARA
ATUAR EM DEFESA DOS BENEFICIÁRIOS DA JUSTIÇA
GRATUITA. EQUIPARAÇÃO. TIPICIDADE RECONHECIDA.
(...). 1. (...). 2. (...). 3. (...). 4. "O advogado que, por força de
convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma
remunerada em defesa dos agraciados com o benefício da
Justiça Pública, enquadra-se no conceito de funcionário
público para fins penais (Precedentes)" (REsp. n.
902.037/SP, Rel. Min. FELIX FISCHER, Quinta Turma,
julgado em 17/4/2007, DJ de 4/6/2007). Precedentes. Sendo
equiparado a funcionário público, possível a adequação
típica aos crimes previstos nos artigos 312 e 317 do Código
Penal. 5. (...). 6. (...). 7. Habeas Corpus não conhecido.
Cassada liminar anteriormente deferida. (HC 264.459/SP, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 10/03/2016, DJe 16/03/2016)
Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário 
público contra a administração pública em geral
▪ Conceito de funcionário público: (cont.)
CUIDADO: Ainda em relação ao art. 327, § 1º, prevalece que
caso as atividades da empresa terceirizada sejam
completamente alheias (atípicas) à função do órgão
(empresa que realizada eventos, por exemplo), seus
empregados não serão funcionários públicos por
equiparação.
OBS: No § 2º existe uma majorante (causa de aumento de
pena) caso o funcionário público seja ocupante de cargo
em comissão ou exerça função de direção ou
assessoramento na administraçãopública.
CUIDADO: A doutrina majoritária entende que tal dispositivo
se estende também aos agentes políticos, detentores de
cargos eletivos (Prefeitos, governadores, Presidente da
República), sendo esta também a posição do STF.
(...). CRIMES DE PECULATO E DISPENSA ILEGAL DE LICITAÇÃO. (...). ART. 312
DO CÓDIGO PENAL. CRIME PRATICADO POR GOVERNADOR DE ESTADO.
CAUSA DE AUMENTO DO ART. 327, § 2º, DO CÓDIGO PENAL. INCIDÊNCIA.
CHEFE DO PODER EXECUTIVO EXERCE FUNÇÃO DE DIREÇÃO. (...). 1. O
Governador do Estado, nas hipóteses em que comete o delito de peculato,
incide na causa de aumento de pena prevista no art. 327, §2º, do Código
Penal, porquanto o Chefe do Poder Executivo, consoante a Constituição
Federal, exerce o cargo de direção da Administração Pública, exegese que
não configura analogia in malam partem, tampouco interpretação extensiva
da norma penal, mas, antes, compreensiva do texto. 2. “A exclusão, do
âmbito normativo da alusão da regra penal a 'função de direção', da chefia do
Poder Executivo, briga com o próprio texto constitucional, quando nele, no
art. 84, II, se atribui ao Presidente da República o exercício, com o auxílio dos
Ministros de Estado, da direção superior da Administração Pública, que,
obviamente, faz do exercício da Presidência da República e, portanto, do
exercício do Poder Executivo dos Estados e dos Municípios, o desempenho
de uma 'função de direção'" (INQ. 1.769/DF, Rel. Min. Carlos Velloso, Pleno,
DJ 03.06.2005, excerto do voto proferido pelo Ministro Sepúlveda Pertence no
leading case sobre a matéria). Consectariamente, não é possível excluir da
expressão "função de direção de órgão da administração direta" o detentor
do cargo de Governador do Estado, cuja função não é somente política, mas
também executiva, de dirigir a administração pública estadual. 3. As
expressões "cargo em comissão" e "função de direção ou assessoramento"
são distintas, incluindo-se, nesta última expressão, todos os servidores
públicos a cujo cargo seja atribuída a função de chefia como dever de ofício.
4. (...). (Inq 2606, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 04/09/2014)
Art. 312 - Peculato
▪ Texto legal: Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de
que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
▪ Bem jurídico tutelado: a moralidade e o patrimônio da
administração pública.
▪ Sujeito ativo: crime próprio, que só pode ser cometido por
funcionário público (no sentido amplo do art. 327 do CP).
OBS: O particular que, sabendo da qualidade de servidor
público do agente, concorre, de qualquer modo, para o
evento, responde como partícipe do peculato, conforme art.
30 do CP (a condição de funcionário é elementar, daí porque se
comunica). Se for comprovado que o particular desconhecia
a qualidade funcional do agente, responderá por apropriação
indébita (art. 168 do CP) ou furto (no caso do § 1º do art. 312).
Art. 312 - Peculato
▪ Sujeito passivo: será o Estado, lesado no seu patrimônio
material e moralmente.
OBS: Não é necessário que o dinheiro ou outro bem móvel
apropriado ou desviado seja público, podendo ser particular,
desde que tenha sido entregue ao funcionário público em
razão da função. Assim, se o bem apropriado for de propriedade
particular também este será vítima do crime (secundária).
▪ Conduta: No caput do art. 312 há o chamado peculato próprio,
sendo punível a conduta do agente que consiste na apropriação
(peculato apropriação) ou no desvio (peculato desvio) de
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo.
▪ Peculato apropriação: hipótese em que o agente se apodera
de coisa que tem sob sua posse legítima em razão do
cargo, passando, arbitrariamente, a comportar-se como se
dono fosse.
Art. 312 - Peculato
▪ Conduta (cont.):
▪ Peculato apropriação (cont.):.
CUIDADO: A posse deve ter sido obtida de forma lícita/legítima.
Se o agente alcança a posse da coisa mediante engodo, ardil ou
outro meio fraudulento, haverá estelionato; se decorre de violência
ou grave ameaça, haverá roubo ou extorsão; se não usa as
facilidades proporcionadas pelo cargo (age como qualquer
meliante poderia agir), haverá furto. Ex: escalada da repartição.
OBS: No art. 313 do CP há o peculato mediante erro de outrem
ou “peculato estelionato” (nome doutrinário), no qual o agente
tem posse, mas esta é ilegítima/ilícita, pois foi recebida por erro
de outrem (no art. 312, caput, a posse é legítima). Assim, se o
funcionário, percebendo o erro de terceiro (QUE DEVERÁ SER
ESPONTÂNEO, POIS, SE PROVOCADO PELO FUNCIONÁRIO,
PODERÁ CONFIGURAR ESTELIONATO), não o desfaz,
apropriando-se da coisa, cometerá tal crime.
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no
exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de
um a quatro anos, e multa
Art. 312 - Peculato▪ Conduta (cont.):
▪ Peculato apropriação (cont.):
OBS: Prevalece que na palavra “posse” está incluída a detenção,
ao que Sanches discorda pelo fato do art. 168 do CP distinguir posse
de detenção expressamente, o que não ocorre no art. 312, caput.
Assim, a conduta da indevida inversão da detenção exercida por
funcionário público configuraria o peculato-furto.
OBS: O objeto material do crime deve ser dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel (ex: energia elétrica), podendo recair
tanto sobre bens públicos quanto particulares que estejam sob a
guarda ou custódia da Administração, não existindo peculato de
bem imóvel. CUIDADO: Se o bem móvel particular não estiver
sob a guarda ou custódia do Estado e o funcionário público dele
se apropriar, haverá apropriação (art. 168) ou furto (art.155).
▪ Peculato desvio: ocorre quando o funcionário público confere
destinação diversa à coisa que está em seu poder lícita ou
legitimamente, com intuito de beneficiar-se ou beneficiar
terceiro, sendo que tal proveito pode ser moral ou
material/patrimonial (não necessariamente econômico).
Art. 312 - Peculato▪ Conduta (cont.):
▪ Peculato desvio (cont.):
OBS: Há doutrinadores que entendem ser necessário que o
bem, valor ou coisa seja desviado para o patrimônio de alguém
(do agente ou de terceiro) com ânimo definitivo, sendo esta a
corrente adotada pelo STF/STJ, enquanto outra corrente
doutrinária entende que o termo “desviar” está sendo utilizado no
sentido de “dar destinação diversa da que deveria”, de modo que o
simples uso indevido do bem, valor ou coisa já caracterizaria o
crime (corrente minoritária).
(...). PECULATO-DESVIO. NÃO CONFIGURAÇÃO. PECULATO-
USO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. RELEVÂNCIA DA
ARGUMENTAÇÃO. CONCESSÃO EX OFFICIO DA ORDEM. (....).
1. É indispensável a existência do elemento subjetivo do tipo
para a caracterização do delito de peculato-uso, consistente na
vontade de se apropriar definitivamente do bem sob sua
guarda. 2. (...). 4. A concessão, ex officio, da ordem para trancar a
ação penal se justifica ante a atipicidade da conduta. 5.(...). (HC
108433 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em
25/06/2013).
Art. 312 - Peculato▪ Conduta (cont.):
▪ Peculato desvio (cont.):
OBS: Portanto, há discussão na jurisprudência se haverá o crime
em caso de ânimo de uso, prevalecendo que dependerá da
natureza da coisa apoderada (ou desviada) momentaneamente:
se consumível com o uso, existirá o crime; se não consumível, o
fato será atípico, configurando ilícito administrativo. CUIDADO:
Desvio de dinheiro configura peculato, ainda que o agente
reponha o valor correspondente com outras cédulas.
OBS: Em qualquer caso, uso de bem público por funcionário
público para fins particulares configura ato de improbidade
administrativa (Lei 8429/92).
CUIDADO: Se há desvio de verba em proveito da própria
administração, com utilização diversada prevista em sua
destinação, haverá o crime do art. 315 do CP (Emprego irregular
de verbas ou rendas públicas - Dar às verbas ou rendas públicas
aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a
três meses, ou multa).
Art. 312 - Peculato
▪ Tipo subjetivo: pune-se a conduta dolosa, expressada pela
vontade consciente do agente em transformar a posse da
coisa em domínio (peculato apropriação) ou desviá-lo em
proveito próprio ou de terceiro (peculato desvio).
▪ A forma culposa está prevista no art. 312, § 2º, do CP.
OBS: Em se tratando de Prefeito Municipal (ou quem esteja
atuando em substituição a ele), o peculato de uso é crime
previsto no Decreto-lei 201/67 punido com pena de 2 a 12
anos de reclusão.
Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal,
sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente
do pronunciamento da Câmara dos Vereadores:
I – apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em
proveito próprio ou alheio;
Il – utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou
alheio, de bens, rendas ou serviços públicos;
Art. 312 - Peculato
▪ Consumação e tentativa:
▪No peculato apropriação, a consumação ocorrerá no
momento em que o funcionário se apropria do
dinheiro, valor ou bem móvel de que tem posse em
razão do cargo, invertendo o ânimo que tem sobre
coisa, o que ocorre a partir do momento em que o agente
exterioriza a disposição do objeto material como se
dono fosse. Trata-se, portanto, de crime material.
▪Já no peculato desvio, a consumação ocorrerá quando o
funcionário altera o destino normal da coisa, pública
ou particular, empregando-a em fins outros que não o
próprio, sendo também crime material.
OBS: Não é necessário que o agente vise o lucro e pouco
importa se a vantagem visada é conseguida ou não, pois
a conduta malfere também a moralidade administrativa.
▪A tentativa é admissível em ambos os casos.
Art. 312 - Peculato
▪ Consumação e tentativa:
OBS: O STF entende pela aplicabilidade do princípio da
insignificância nos crimes funcionais, enquanto o STJ
entende “que não se aplica o princípio da insignificância
aos crimes contra a administração pública, ainda que o
valor da lesão possa ser considerado ínfimo, uma vez
que a norma visa resguardar não apenas o aspecto
patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa”
(AgRg no REsp 1275835/SC, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA
MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ),
QUINTA TURMA, julgado em 11/10/2011).
“HABEAS CORPUS. Subtração de objetos da Administração
Pública, avaliados no montante de R$ 130,00 (cento e trinta
reais). 3. Aplicação do princípio da insignificância,
considerados crime contra o patrimônio público.
Possibilidade. Precedentes. 4. Ordem concedida”. (HC
107370, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda
Turma, julgado em 26/04/2011)
Art. 312 - PeculatoPrincípio da insignificância e Administração Pública
A 2ª Turma, por maioria, concedeu habeas corpus para
reconhecer a aplicação do princípio da insignificância e
absolver o paciente ante a atipicidade da conduta. Na
situação dos autos, ele fora denunciado pela suposta prática do
crime de peculato, em virtude da subtração de 2 luminárias de
alumínio e fios de cobre. Aduzia a impetração, ao alegar a
atipicidade da conduta, que as luminárias: a) estariam em
desuso, em situação precária, tendo como destino o lixão; b)
seriam de valor irrisório; e c) teriam sido devolvidas. Considerou-
se plausível a tese sustentada pela defesa. Ressaltou-se que,
em casos análogos, o STF teria verificado, por inúmeras
vezes, a possibilidade de aplicação do referido postulado.
Enfatizou-se que, esta Corte, já tivera oportunidade de
reconhecer a admissibilidade de sua incidência no âmbito de
crimes contra a Administração Pública. Observou-se que os
bens seriam inservíveis e não haveria risco de interrupção de
serviço. Vencida a Min. Ellen Gracie, que indeferia ordem.
Salientava que o furto de fios de cobre seria um delito endêmico
no Brasil, a causar enormes prejuízos, bem assim que o metal
seria reaproveitável. HC 107370/SP, rel. Min. Gilmar Mendes,
26.4.2011. (HC-107370)
AÇÃO PENAL. DELITO DE PECULATO-FURTO. Apropriação, por carcereiro, de farol
de milha que guarnecia motocicleta apreendida. Coisa estimada em treze reais.
Res furtiva de valor insignificante. Periculosidade não considerável do agente.
Circunstâncias relevantes. Crime de bagatela. Caracterização. Dano à probidade
da administração. Irrelevância no caso. Aplicação do princípio da
insignificância. Atipicidade reconhecida. Absolvição decretada. HC concedido para
esse fim. Voto vencido. Verificada a objetiva insignificância jurídica do ato tido
por delituoso, à luz das suas circunstâncias, deve o réu, em recurso ou habeas
corpus, ser absolvido por atipicidade do comportamento. (HC 112388,
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. CEZAR
PELUSO, Segunda Turma, julgado em 21/08/2012)
HABEAS CORPUS. PECULATO PRATICADO POR MILITAR. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. CONSEQÜÊNCIAS DA AÇÃO PENAL.
DESPROPORCIONALIDADE. 1. A circunstância de tratar-se de lesão patrimonial
de pequena monta, que se convencionou chamar crime de bagatela, autoriza a
aplicação do princípio da insignificância, ainda que se trate de crime militar. 2.
Hipótese em que o paciente não devolveu à Unidade Militar um fogão avaliado
em R$ 455,00 (quatrocentos e cinqüenta e cinco) reais. Relevante, ademais, a
particularidade de ter sido aconselhado, pelo seu Comandante, a ficar com o fogão
como forma de ressarcimento de benfeitorias que fizera no imóvel funcional. Da
mesma forma, é significativo o fato de o valor correspondente ao bem ter sido
recolhido ao erário. 3. A manutenção da ação penal gerará graves conseqüências
ao paciente, entre elas a impossibilidade de ser promovido, traduzindo, no
particular, desproporcionalidade entre a pretensão acusatória e os gravames
dela decorrentes. Ordem concedida. (HC 87478, Relator(a): Min. EROS GRAU,
Primeira Turma, julgado em 29/08/2006)
Art. 312 - Peculato▪ Peculato furto: § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário
público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem,
o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário.
▪ Também chamado de peculato impróprio, caracteriza-se não
pela apropriação ou desvio de um bem que fora confiado
previamente ao agente em razão do cargo, mas pela subtração
de coisa sob guarda ou custódia da administração.
▪ Nessa hipótese, o agente não tem a posse/guarda da coisa,
de modo que pratica verdadeiro furto, mas, por se valer da
facilidade que a condição de funcionário lhe concede para
subtrair (ou concorrer para que seja subtraída) a coisa do
ente público ou de particular sob custódia da administração,
comete peculato furto.
CUIDADO: Caso o agente não seja funcionário público, ou, sendo,
não se utilize das facilidades que o cargo lhe proporciona para
a subtração, incorrerá no crime de furto (art. 155 do CP).
Art. 312 - Peculato▪ Peculato furto: § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário
público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio
ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário.
OBS: São punidas basicamente duas condutas: subtrair o bem ou
valor ou concorrer, dolosamente, para sua subtração por
terceiro (não necessariamente funcionário público), valendo-se
o funcionário, em ambos os casos, de facilidade
proporcionada pela condição de funcionário público.
OBS: Consuma-se no momento em que o agente adquire a posse
do bem mediante a subtração (crime material), independente
da obtenção do proveito, admitindo-se a tentativa.
Peculato próprio Peculato impróprio
O agente se apropria
da coisapor ter posse
em razão do cargo.
O agente subtrai a coisa ou concorre para que seja
subtraída, não havendo posse da coisa, devendo a
subtração ser facilitada pela condição de servidor.
Art. 312 - Peculato▪ Peculato culposo: § 2º - Se o funcionário concorre
culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três
meses a um ano.
▪ Único crime funcional culposo, punindo-se o funcionário
público que concorrer culposamente para que, através de
manifesta negligência, imprudência ou imperícia, infringindo
dever de cuidado objetivo, criar condições favoráveis à
prática do peculato doloso, em qualquer de suas
modalidades (apropriação, desvio, subtração), ou furto.
CUIDADO: Há divergência quanto ao alcance da expressão “crime
de outrem”, prevalecendo que se trata de qualquer crime que
viole a administração pública (não necessariamente funcional).
▪ A consumação ocorre com o aperfeiçoamento da conduta
dolosa do terceiro, havendo necessidade da existência de
nexo causal entre os delitos (o primeiro possibilitando o
segundo).
OBS: O funcionário negligente não é partícipe do crime
praticado pelo terceiro (não haverá concurso de agentes), pois
este age com dolo, enquanto o funcionário age com culpa (se
houvesse dolo do funcionário, haveria peculato furto).
Art. 312 - Peculato▪ Peculato culposo:
▪Não é admissível tentativa em crimes culposos, bem
como é desnecessária a identificação do terceiro que
cometeu o crime doloso (basta provar a ocorrência deste).
▪ Reparação do dano: § 3º - No caso do parágrafo anterior, a
reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível (OU
SEJA, ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO), extingue a
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta (QUANDO CABERÁ AO JUIZ DA EXECUÇÃO
PENAL REDUZIR A PENA).
CUIDADO: A reparação do dano (devolução do bem ou
ressarcimento do prejuízo) somente surte efeito no caso
do peculato culposo (e não nas demais modalidades). No
caso do peculato doloso, a reparação do dano poderá
gerar arrependimento posterior (art. 16) ou atenuante
genérica.
▪Ação penal: pública incondicionada.
Art. 316 - Concussão
▪ Texto legal: Exigir, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena -
reclusão, de dois a oito anos, e multa.
▪ Bem jurídico: a moralidade administrativa e, em segundo
lugar, o patrimônio do particular constrangido.
▪ Sujeito ativo: é o funcionário público no sentido amplo do
direito penal, incluindo aquele que esteja fora da função (ex:
férias; licença; descanso) ou apenas nomeado, embora
ainda não esteja no exercício da sua função (empossado),
mas que atue criminosamente em razão dela.
OBS: O particular poderá concorrer para a prática
delituosa, desde que conhecedor de que o autor é
funcionário público (art. 30), havendo previsão expressa no
tipo de concussão por interposta pessoa.
Art. 316 - Concussão
▪ Sujeito passivo: é a administração pública, bem como
eventual pessoa constrangida, que pode ser particular ou
até mesmo outro funcionário público.
▪ Conduta: pune-se a conduta daquele que exigir, por si ou
por interposta pessoa, explícita (direta) ou
implicitamente (indiretamente), vantagem indevida,
abusando da sua autoridade pública como meio de
coação/constrangimento.
OBS: Trata-se de uma forma especial de extorsão (art.
158), executada por funcionário público.
▪Na concussão, há sempre algo de intimidação/coerção,
na medida em que o agente impõe/ordena, de forma
intimidativa ou coativa, a vantagem que almeja e a que
não faz jus. Se assim não fosse, haveria mero pedido
(corrupção passiva).
Art. 316 - Concussão
▪ Conduta (cont.):
CUIDADO: Não confunda exigência com solicitação, pois, no
caso de mero pedido, o crime será de corrupção passiva.
▪ Deve o agente contar com atribuição/competência/poder
de cumprir ou praticar o mal prometido (ex: interdição,
prisão; lavrar multa) em caso de não recebimento da
vantagem indevida. Faltando-lhe poderes para tanto,
mesmo que servidor, o crime será de extorsão (ex:
ameaça de morte).
▪ Haverá extorsão (e não concussão), quando o agente
apenas simula a qualidade de agente público (ex: policial),
não ostentando, na realidade, tal atributo, bem como
também se houver utilização de violência ou grave
ameaça. VER STJ HC 54776
Roubo Extorsão Concussão Corrupção passiva
Subtrair
(violência ou
grave ameaça)
Constranger
(Violência ou
grave ameaça)
Exigir (intimidação
com os poderes do
funcionário)
Solicitar; Receber;
aceitar promessa
Art. 316 - Concussão
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE
RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. PLEITO
DE DESCLASSIFICAÇÃO DO DELITO DE EXTORSÃO PARA O DE
CONCUSSÃO. IMPOSSIBILIDADE. EMPREGO DE GRAVE
AMEAÇA NA PRÁTICA DO DELITO. CONFIGURAÇÃO DO CRIME
DE EXTORSÃO E NÃO CONCUSSÃO, NÃO OBSTANTE
PRATICADO POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO, VALENDO-SE
DESSA CONDIÇÃO. REVISÃO DO JULGADO. VIA IMPRÓPRIA.
NECESSIDADE DE REEXAME DA MATÉRIA FÁTICO-
PROBATÓRIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 1. (...). 2. Ainda que a
conduta delituosa tenha sido praticada por funcionário público,
o qual teria se valido dessa condição para a obtenção da
vantagem indevida, o crime por ele cometido corresponde ao
delito de extorsão e não ao de concussão, uma vez configurado
o emprego de grave ameaça, circunstância elementar do delito
de extorsão. Precedentes. 3. Ademais, a pretendida inversão do
julgado, com vistas a demonstrar a não ocorrência, na espécie, da
grave ameaça, não se coaduna com a via eleita, dada a necessidade
de se reexaminar o material cognitivo produzido nos autos,
insuscetível em habeas corpus. Precedentes. 4. Habeas corpus não
conhecido. (HC 54.776/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA
TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 03/10/2014)
Art. 316 - Concussão
▪ Conduta (cont.):
▪ Pela expressão “vantagem indevida” deve-se entender
qualquer tipo de proveito proibido, ainda que não seja
econômico ou patrimonial, embora existam posições em
sentido contrário (Damásio, Hungria e Noronha).
OBS: Se a vantagem devida for tributo ou contribuição
social, caracteriza-se o excesso de exação § 1º do art. 316.
E se for devida, haverá abuso de autoridade (Lei 4898/65).
▪ O Agente deve visar proveito para ele próprio ou para
terceira pessoa.
OBS: Em se tratando de policial militar há concussão
específica no CPM: Art. 305. Exigir, para si ou para outrem,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena -
reclusão, de dois a oito anos.
Art. 316 - Concussão
▪ Tipo subjetivo: é o dolo de exigir vantagem indevida,
acrescido de finalidade específica (para si ou para outrem),
não havendo previsão de forma culposa.
OBS: Prevalece que haverá o crime quando a vantagem indevida
é exigida para a própria administração pública por persistir a
violação à moralidade administrativa (bem jurídico tutelado).
▪ Consumação e tentativa: o crime consuma-se no momento em
que o agente efetivamente pratica a conduta de exigir a
vantagem indevida, ou seja, quando esta chega ao
conhecimento da vítima, não importando se o agente recebe
a vantagem.
▪ Trata-se, portanto, de crime formal, não se exigindo a
percepção do proveito do crime, que é mero exaurimento.
▪ A tentativa é admissível na modalidade escrita (carta/email),
isto é, quando a exigência não chega ao conhecimento do
destinatário, ou quando o agente age por interposta pessoa.
Art. 316 - Concussão
▪ Excesso de exação: § 1º - Se o funcionário exige tributo ou
contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou,
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8
(oito) anos, e multa.
▪ Sujeito ativo: Embora haja divergência, é qualquerfuncionário
público, ainda que não encarregado pela arrecadação do tributo
ou contribuição social.
OBS: O particular colaborador, ciente das qualidades do agente
público, também responde pela prática do crime (art. 30 do CP).
▪ Sujeito passivo: É o Estado e, secundariamente, o contribuinte
lesado pela conduta criminosa.
▪ Tipo subjetivo: É o dolo, não exigindo nenhum elemento
subjetivo específico, sendo inadmissível a modalidade culposa.
Art. 316 - Concussão
▪ Excesso de exação (cont.): art. 316, § 1º. Conduta: são puníveis
basicamente duas condutas:
▪ Cobrança/exigência de tributo que o agente sabe (dolo) ou
deveria saber (dolo eventual) indevido.
OBS: O CP exige que o agente saiba que está cobrando tributo
ou contribuição social indevida (ou seja, nada é devido pelo
contribuinte), ou, ainda, que este ao menos deveria saber que é
indevido (tem dúvidas quanto a existência da dívida, mas
assume o risco de cometer o crime ao insistir na sua exigência),
hipótese de dolo eventual, segundo a maioria da doutrina.
▪ Cobrança de tributo devido com emprego de meio vexatório
ou gravoso, que a lei não autoriza.
OBS: Pune-se o funcionário que se exceder na cobrança de
tributo ou contribuição social devido, quando utiliza-se de meio
vergonhoso (vexatório) ou que traz ao contribuinte maiores
ônus.
Art. 316 - Concussão▪ Excesso de exação: art. 316, § 1º - Consumação e tentativa:
▪ Se o crime consiste na indevida exigência de tributo ou
contribuição social, a consumação ocorrerá no momento em
que a ilícita cobrança é dirigida ao particular, sendo
dispensável o recebimento de qualquer valor.
OBS: A tentativa é possível na exigência por escrito.
▪ Se o crime consiste na cobrança vexatória ou gravosa,
consuma-se o delito no momento do emprego do meio
constrangedor, independentemente do recebimento do valor
cobrado.
OBS: Ambas as hipóteses são crimes formais, portanto, que se
consumam com a mera exigência, sendo desnecessário o
efetivo pagamento pelo contribuinte.
OBS: Na segunda hipótese, a tentativa é perfeitamente
possível, basta o agente não conseguir empregar os meios
vexatórios.
Art. 316 - Concussão
▪ Excesso de exação qualificado: § 2º - Se o funcionário desvia, em
proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para
recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos,
e multa.
▪ Trata-se de qualificadora do excesso de exação, pois, além de
exigir indevidamente o tributo ou contribuição social, em
seguida, o agente o desvia dos cofres da administração
pública, em proveito próprio ou de terceiro.
▪ Aplicável apenas ao excesso de exação em que o tributo ou
contribuição são indevidos, e o funcionário os desvia para si ou
para outrem.
OBS: Caso o funcionário receba o tributo ou contribuição devidos
e deles se apodere, o crime será o de peculato desvio (art. 312).
OBS: Na qualificadora, há um elemento subjetivo específico (em
proveito próprio ou de outrem) e a consumação ocorre com o
efetivo desvio.
▪ Ação penal: pública incondicionada.
Art. 317 – Corrupção Passiva
▪ Texto legal: Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
OBS: A pena é maior do que o crime de concussão (2 a 8 anos),
embora este seja mais grave (por ser exigência, e não mera
solicitação).
▪ Bem jurídico tutelado: a moralidade administrativa.
▪ Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, pois o agente deve ser
funcionário público (art. 327 do CP), incluindo também aquele
que esteja fora da função ou, apenas nomeado, embora ainda
não esteja no exercício da função, atue criminosamente em
razão dela.
OBS: É plenamente possível o concurso de pessoas, respondendo
o particular também pelo crime, desde que este tenha
conhecimento da condição de funcionário público do agente
Art. 317 – Corrupção Passiva
▪ Sujeito passivo: será o Estado ou, especificamente, a
administração pública, bem como a pessoa constrangida pelo
agente público, desde que, obviamente, não tenha praticado o
crime de corrupção ativa (art. 333/343 do CP).
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário
público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício: Pena – reclusão, de 02 a 12 anos, e multa.
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra
vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete,
para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em
depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: Pena -
reclusão, de 03 a 04 anos, e multa.
CUIDADO: O particular só será vítima se a corrupção partir do
funcionário corrupto, solicitando indevida vantagem. Se o
particular oferecer ou prometer vantagem, responderá por
corrupção ativa, tratando-se de exceção à teoria monista do
art. 29 (os agentes buscam o mesmo resultado, mas respondem
por crimes diversos).
Art. 317 – Corrupção Passiva
Art. 317 Art. 333
SOLICITAR
O art. 333 não pune a conduta “dar”, que é o verbo
correspondente ao verbo “solicitar”.
Nesse caso, quem dá início à corrupção é o funcionário
público corrupto, de modo que o particular será vítima.
CUIDADO: Se o particular toma a iniciativa, isso não é
“dar”, mas oferecer.
OBS: Se o funcionário público solicita e o particular aceita e
lhe entrega a vantagem solicitada, o particular não será
punido, pois não há a incriminação da conduta de “dar”
(fato atípico).
RECEBER OFERECER (o corruptor/particular inicia o fato)
ACEITAR 
PROMESSA
PROMETER (quem dá início ao fato é quem promete a
recompensa, ou seja, o corruptor)
CONCLUSÃO: A corrupção passiva não pressupõe a ativa e vice-versa.
Excepcionalmente, os núcleos “receber” e “aceitar promessa” demandam
corrupção ativa. Já na forma “solicitar” não é necessário o art. 333 do CP. OBS:
Os núcleos “oferecer” e “prometer” do art. 333 não demandam o art. 317.
Art. 317 – Corrupção Passiva
▪ Conduta: nada mais é do que a mercancia do agente com
a função pública (ou seja, em razão do cargo), punindo-se,
especificamente, as seguintes condutas típicas:
1. Solicitar (pedir), explicita ou implicitamente, vantagem
indevida.
OBS: Aqui é o próprio agente que toma a iniciativa,
requerendo que a vantagem lhe seja concedida ou a
promessa lhe seja feita.
CUIDADO: Esta é a diferença entre concussão (onde a ação
do funcionário representa uma exigência, seguida ou não
do recebimento) e corrupção passiva, onde há tão somente
um pedido, de igual modo seguido ou não do recebimento.
OBS: Nessa conduta, não haverá responsabilização do
particular que atendeu a solicitação por ausência de
previsão da conduta “dar” no art. 333 do CP (fato atípico).
Art. 317 – Corrupção Passiva
▪ Conduta: são três as condutas típicas (cont.):
2. Receber referida vantagem;
OBS: Neste caso, supõe-se uma doação voluntária.
CUIDADO: Repare que a iniciativa é do
corruptor/particular, afinal, “receber” e “oferecer” são
ideias correlatas na medida em que a primeira depende
da segunda.
3. Aceitar promessa de tal vantagem,
anuindo/concordando com futuro recebimento.
OBS: Tal conduta diz respeito à aceitação
(consentimento/anuência) de promessa de uma
vantagem indevida. Do mesmo modo, aqui também há
corrupção por parte do corruptor (particular que faz a
promessa).
Art. 317 – Corrupção Passiva
▪ Conduta: Classificações importantes:
▪ C. P. imprópria é aquela que visa a prática de ato legítimo,
ou seja, o ato a ser praticado pelo funcionário público em troca
da vantagem é lícito (o que é ilegal é a sua comercialização
pelo funcionário público. Ex: o funcionário recebe a
vantagem para agilizar o andamento de uma certidão; oficial de
justiça que solicita vantagem para executar citação).
▪ C. P. própria ou propriamentedita ocorre quando o agente
recebe a vantagem ou aceita a promessa de vantagem para a
realização de ato ilegal/ilegítimo (ex: agente de trânsito que
recebe vantagem para deixar de aplicar uma multa; negociar
fuga de preso;).
▪ C. P. antecedente: ocorre quando a vantagem ou recompensa
é dada ou prometida em razão de uma ação, positiva ou
negativa, futura (antes da ação);
▪ C.P. subsequente se é dada ou prometida por uma ação,
positiva ou negativa, já realizada (passada), ou seja, a
vantagem é entregue depois da ação.
Art. 317 – Corrupção Passiva
▪ Conduta: Observações importantes:
OBS: Em se tratando de militares, há previsão especial de
corrupção passiva no CPM (art. 308) SOMENTE nas
modalidades recebimento da vantagem indevida em razão
do cargo e aceitação da promessa de tal vantagem, de modo
que se o militar solicitar tal vantagem caberá à Justiça
comum julgá-lo pelo crime do art. 317 do CP (e não a JM).
CUIDADO: Existe corrupção ainda que a vantagem seja
entregue ou prometida não diretamente ao funcionário, mas
a um familiar seu (mulher, filhos, etc.).
OBS: Para a existência do crime deve haver um nexo entre a
vantagem solicitada ou aceita e a atividade exercida pelo
corrupto, de modo que se o funcionário público não for o
competente para a realização do ato comercializado não
haverá que se falar em crime de corrupção (podendo
configurar outros crimes, por exemplo: exploração de prestígio –
art. 357; estelionato – art. 171).
Art. 317 – Corrupção Passiva
▪ Conduta: Observações importantes:
OBS: Quanto ao caráter da vantagem indevida solicitada,
recebida ou prometida, há a mesma discussão da concussão,
prevalecendo que se trata de qualquer tipo de proveito
proibido, ainda que não seja econômico ou patrimonial.
OBS: Parte da doutrina entende que o mero recebimento de
presentes, gratificações usuais, de pequena monta, por
questões de gratidão ou demonstração de amizade não
configura corrupção passiva por não lesarem a
moralidade administrativa (Ex: cesta de natal), enquanto
outra parte entende que haverá corrupção passiva na
modalidade receber vantagem simbólica.
▪ Tipo subjetivo: é o dolo consistente em praticar uma das
condutas previstas no tipo, se exigindo a finalidade
específica de que vantagem seja para o próprio
funcionário ou para outrem.
Art. 317 – Corrupção Passiva
▪ Tipo subjetivo (cont.): Não há previsão de modalidade
culposa.
OBS: se a vantagem for para a própria administração não
haverá o crime, mas haverá a improbidade administrativa
(art. 11, I, da Lei 8429/92).
▪ Consumação e tentativa:
▪Nas modalidades “solicitar” e “aceitar promessa de
vantagem”, trata-se de crime formal, consumando-se
ainda que a gratificação não se concretize, sendo
dispensável o efetivo recebimento da vantagem.
▪Já na modalidade “receber vantagem ilícita”, o crime é
material, exigindo efetivo enriquecimento ilícito do
autor (recebimento da vantagem) para o crime se
consumar. OBS: Todavia, existem doutrinadores que
entendem ser crime formal também (Masson, André
Estefam).
Art. 317 – Corrupção Passiva
▪ Consumação e tentativa (cont.): Admite-se a tentativa
apenas na modalidade “solicitar” quando formulada por meio
escrito (carta interceptada).
OBS: Em todas as condutas não se exige que o funcionário
público efetivamente pratique ou deixe de praticar o ato em
razão da vantagem ou promessa de vantagem recebida. Caso
isso ocorra, incidirá a causa de aumento de pena prevista no §
1º do art. 317.
▪ Majorante de pena: § 1º - A pena é aumentada de um terço,
se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de
ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
▪ O que seria exaurimento foi tratado pelo CP como causa de
aumento de pena (exaurimento penalizado) na medida em
que a pena será aumentada quando o agente cumpre o
prometido, realizando a pretensão do corruptor.
Art. 317 – Corrupção Passiva
▪ Majorante de pena: § 1º - A pena é aumentada de um
terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa,
o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato
de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
OBS: Repare que tal majorante incidirá tanto na C. P.
imprópria (quando o funcionário pratica um ato
observando o seu dever funcional, porém
comercializando esse ato - retardamento ou
abstenção de ato de ofício) quanto na C. P. própria
(que ocorre quando o ato comercializado é ilegítimo),
ante a violação de dever funcional.
OBS: A corrupção passiva tem dois momentos: 1º -
comércio do ato, quando ocorre a consumação do
crime; 2º - execução do ato, quando haverá incidência
da majorante.
Art. 317 – Corrupção Passiva
▪ Majorante de pena: § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em
conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou
deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo
dever funcional.
CUIDADO: Quando a execução do ato comercializado constitui,
por si só, crime autônomo, não incidirá a majorante, evitando-se
o bis in idem, na medida em que haverá concurso de crimes entre o
art. 317 e o delito praticado.
Ex: funcionário público solicita dinheiro para facilitar fuga de preso,
consumando, assim, o art. 317 do CP. Em seguida, o funcionário
efetivamente facilita a fuga. Nesse caso, não haverá incidência da
majorante, pois, facilitar fuga de preso, configura o art. 351 do CP, de
modo que o agente responderá pelo art. 317 (sem a majorante) em
concurso material com o art. 351, pois o mesmo fato não pode ser
considerado duas vezes em prejuízo do réu.
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou
submetida a medida de segurança detentiva: Pena - detenção, de
seis meses a dois anos.
Art. 317 – Corrupção Passiva
▪ Corrupção passiva privilegiada: § 2º - Se o funcionário
pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a
um ano, ou multa.
▪A privilegiadora ocorrerá na hipótese do
“favorzinho”, ou seja, quando o funcionário cede a
pedido de amigos, conhecidos ou mesmo de estranhos,
para que faça ou deixe de fazer algo ao qual estava
obrigado, sem visar e/ou perceber vantagem de
qualquer natureza ou satisfação de interesse próprio
(quando ocorrerá prevaricação).
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de
lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 317 – Corrupção Passiva
OBS: A corrupção passiva privilegiada é crime material, só
se consumando quando o funcionário pratica, deixa de praticar
ou retarda o ato de ofício.
OBS: Repare que as condutas de “praticar, deixar de praticar
ou retardar ato de ofício, com infração de dever funcional”
estão previstas tanto na corrupção passiva privilegiada (§
2º) quanto na causa de aumento de pena (§ 1º), sendo que o
diferencial entre ambas é a existência ou não de vantagem
ou promessa indevida.
▪Ação penal: pública incondicionada.
Art. 317, § 2º, do CP (CP Privilegiada) Art. 319 - Prevaricação
O agente cede diante de pedido ou
influência de outrem.
Não existe pedido ou influência de
outrem. Trata-se de uma “autocorrupção”
Não busca satisfazer interesse ou
sentimento pessoal.
O agente busca satisfazer interesse ou
sentimento pessoal. Ex: Delegado que
deixa de instaurar IP por ser o agente seu
amigo.
Art. 319 – Prevaricação
▪ Texto legal: Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de
lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena -
detenção, de três meses a um ano, e multa.
▪ Bem jurídico tutelado: a moralidade administrativa,
especificamente, no que diz respeito a funcionários
desidiosos por razões pessoais(e não por conta de
vantagem indevida).
▪ Sujeito ativo: funcionário público (crime próprio),
admitindo-se a participação de particular, desde que
conhecedor da condição funcional do agente público (art.
30 do CP).
▪ Sujeito passivo: será a administração pública, atingida com
a conduta irregular do funcionário, que pode ofender, ainda,
interesses particulares (suj. passivo secundário).
Art. 319 – Prevaricação
▪ Conduta: três são as formas de praticar o crime:
1. Retardando (atrasando, procrastinando) ato de ofício –
deve ser por tempo juridicamente relevante;
2. Deixando de praticá-lo (omissão);
3. Praticando-o de forma ilegal (realizar);
CUIDADO: Prevalece que somente na última conduta é
exigida que o ato se dê contra expresso texto de lei,
enquanto Rogério Sanches defende que a necessidade que o
ato retardado, omitido ou praticado (todas as condutas) se
revele contra disposição expressa de lei.
CUIDADO: Caso haja discricionariedade na conduta
escolhida, não há se falar em crime. Ex: Delegado plantonista
que baixa portaria para apurar fato delituoso ao invés de autuar
em flagrante delito os suspeitos do crime, justificadamente,
não prevarica.
Art. 319 – Prevaricação
▪ Conduta (cont.): OBS: Como o ato é de ofício, é necessário que o
funcionário tenha atribuição para a prática do ato, pois, se o ato
praticado, omitido ou retardado não era da sua competência,
não haverá violação do dever funcional, daí porque Masson
defende que se trata de crime de mão própria (e não próprio), já
que a execução do conduta criminosa não pode ser delegada a
outrem.
OBS: Para caracterização do delito exige-se o propósito deliberado,
a intenção direta de satisfazer interesse ou sentimento pessoal
(finalidade específica do dolo), pois, ausente esta, haverá
improbidade administrativa, salvo se constituir outros crimes:
Art. 11, II, da Lei 8429/92: Constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração
pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso
daquele previsto, na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
Art. 319 – Prevaricação
▪ Tipo subjetivo: é o dolo do agente, ou seja, pela vontade
consciente de retardar, omitir ou praticar ilegalmente
ato de ofício, acrescido do intuito de satisfazer
interesse ou sentimento pessoal (elemento subjetivo
específico), colocando o seu interesse particular acima
do interesse público.
▪Não há previsão da modalidade culposa.
OBS: Repare que embora o interesse/sentimento pessoal
(que pode ser de qualquer espécie) seja do funcionário
público, o beneficiado pode ser terceiro.
OBS: A denúncia pela prática do crime de prevaricação
deve, necessariamente, descrever qual a omissão do
servidor acusado, qual a sua natureza, especificando,
ainda, o interesse ou sentimento pessoal que animou a
conduta do réu, que o levou a agir ilicitamente.
Art. 319 – Prevaricação
▪ Consumação e tentativa: consuma-se o crime com o
efetivo retardamento, a omissão ou prática do ato,
sendo dispensável a satisfação do
interesse/sentimento visado pelo servidor. Logo, se
trata de crime formal.
▪A tentativa é admissível apenas na modalidade
“praticar” contra disposição expressa da lei, a
única comissiva.
OBS: Na modalidade “deixar de praticar” não cabe
tentativa por ser tratar de crime omissivo próprio ou
puro.
▪ Ação penal: pública incondicionada, de competência
do JECRIm.
Art. 319 – Prevaricação
▪ Prevaricação e Corrupção passiva:
▪A prevaricação não se confunde com a corrupção
passiva privilegiada (art. 317, § 2º), onde o funcionário
público atende a pedido ou influência de outrem
(“favorzinho”), pois o agente age por conta/iniciativa
própria, buscando satisfazer interesse ou
sentimento pessoal/próprio (não há tal pedido ou
influência).
Deixa de praticar, retardar ou praticar ato de ofício
Infringindo dever funcional Contra disposição 
expressa em lei
Infringindo dever 
funcional
Art. 317, § 1º Art. 317, § 2º Art. 319 Art. 333, § único
Causa de aumento
de pena da
corrupção passiva
Núcleos do tipo da
corrupção passiva
privilegiada
Núcleos do tipo da
prevaricação
Causa de
aumento de
pena da
corrupção ativa
Cedendo a pedido ou
influência de outrem
Para satisfazer a
interesse ou
sentimento pessoal
Art. 319 – Prevaricação
▪ Modalidades específicas de prevaricação:
▪Prevaricação imprópria: Art. 319-A. Deixar o Diretor
de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu
dever de vedar ao preso o acesso a aparelho
telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente
externo: Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano.
OBS: O sujeito ativo é o funcionário público (crime
próprio) que, no exercício de suas funções, tem o
dever de evitar o acesso do preso aos aparelhos de
comunicação, seja diretor ou agente penitenciário.
OBS: Repare que não se exige dolo específico
(finalidade especial de agir), tratando-se de crime
formal. Além disso, não admite tentativa por se tratar
conduta omissiva própria.
Art. 319 – Prevaricação
▪ Modalidades específicas de prevaricação:
▪ Prevaricação imprópria: Art. 319-A. Deixar o Diretor de
Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de
vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou
similar, que permita a comunicação com outros presos ou
com o ambiente externo: Pena: detenção, de 3 meses a 1
ano.
OBS: Sanches entende que tal crime também é aplicável ao
funcionário que fornecer o aparelho (atitude comissiva), já
que, fornecendo, estará deixando de vedar o acesso,
todavia, prevalece que caso o funcionário introduza o
aparelho no presídio haverá o crime do art. 349-A (aplicável
a quaisquer pessoas) ou corrupção passiva (se for em troca
de vantagem indevida).
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a
entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio
ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional.
(Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). Pena: detenção, de 3
(três) meses a 1 (um) ano.
Art. 319 – Prevaricação▪ Modalidades específicas de prevaricação (cont.):
▪ Condescendência criminosa: Art. 320 - Deixar o funcionário, por
indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu
infração (ADMINISTRATIVA OU PENAL) no exercício do cargo
ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao
conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de
quinze dias a um mês, ou multa.
OBS: Tutela na esfera penal o poder disciplinar da administração
pública, sendo que nesse crime o agente também deixa de fazer
algo a que estava obrigado em razão da função, mas o faz por
indulgência (sentimento de pena, clemência, perdão,
misericórdia, tolerância), elemento subjetivo específico (dolo
específico), tratando-se de crime formal (se consuma com a mera
omissão, independentemente da efetiva impunidade do infrator).
CUIDADO: Se o chefe deixar de responsabilizar o subordinado
por outro motivo que não seja a indulgência, poderá haver
configuração de prevaricação ou corrupção passiva, conforme o
caso. OBS: Não admite tentativa por se tratar de crime omissivo
puro ou próprio.
Capítulo II – Dos crimes praticados por 
particular contra a administração em geral
▪ Tal qual ocorre nos crimes funcionais, são crimes que
possuem a administração pública como sujeito
passivo, todavia, pode ocorrer que, eventualmente, algum
particular também seja sujeito passivo do crime.
▪ Diferentemente dos crimes funcionais, nos quais exige-
se que o sujeito ativo seja funcionário público,
valendo-se do cargo para praticar o delito, sendo,
portanto, crimes próprios, aqui os crimes são comuns,
ou seja,podem ser praticados por qualquer pessoa (o
agente não possui qualquer vínculo com a
administração pública).
CUIDADO: Tais crimes também podem ser cometidos
por funcionários públicos, desde que se apresentem na
qualidade de particulares, ou seja, não estejam
investidos na função pública desempenhada.
Art. 328 – Usurpação de função pública
▪ Texto legal: Usurpar o exercício de função pública: Pena -
detenção, de três meses a dois anos, e multa.
▪ Bem jurídico tutelado: o normal e regular
funcionamento/desempenho das atividades
administrativas.
▪ Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum),
inclusive o servidor público, desde que a função
usurpada não esteja entre as atribuições do cargo que
ocupa, pois nesse caso estará agindo como particular,
já que a conduta não guarda qualquer relação com a
função pública para a qual foi investido.
▪ Sujeito passivo: será a administração pública (Estado).
Também poderá ser vítima eventual particular
prejudicado pela ação criminosa do agente.
Art. 328 – Usurpação de função pública
▪ Conduta: pune-se a conduta de usurpar (assumir, exercer ou
desempenhar indevidamente) uma atividade pública, de
natureza civil ou militar, gratuita ou remunerada, permanente
ou temporária, executando atos inerentes ao ofício
arbitrariamente ocupado (isto é, sem que tenha sido aprovado
em concurso ou nomeado para tal função).
OBS: A conduta daquele que simples e falsamente se intitula
funcionário público perante terceiros, sem, no entanto, praticar
atos inerentes ao ofício (sem intromissão no aparelho estatal),
não se sujeita ao presente artigo, mas pode configurar contravenção
penal (Art. 45. Fingir-se funcionário público: Pena – prisão simples,
de 01 a 03 meses, ou multa, de 500 mil réis a três contos de réis).
OBS: Não confundir com o Exercício funcional ilegalmente
antecipado ou prolongado, crime funcional: Art. 324 - Entrar no
exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências
legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de
saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou
suspenso: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Art. 328 – Usurpação de função pública
▪ Tipo subjetivo: é o dolo, consistente na vontade consciente
do agente em desempenhar, ilegitimamente, uma função
pública, pouco importando, em tese, o motivo da usurpação
(não há finalidade específica), não havendo previsão de
modalidade culposa.
▪ Consumação: consuma-se o delito com a prática de ato
exclusivo (inerente à função) que só pode ser praticado por
pessoa legalmente investida no ofício usurpado.
OBS: Admite-se a tentativa (Ex: quando o agente é impedido de
executar ato de ofício por circunstâncias alheias à sua vontade).
OBS: É desnecessária a ocorrência de qualquer outro resultado,
tratando-se de crime formal (independe de dano patrimonial
à administração pública ou obtenção de qualquer tipo de
vantagem pelo sujeito ativo), inclusive a reiteração de
conduta. Ação penal: pública incondicionada.
Art. 328 – Usurpação de função pública
▪ Qualificadora: Parágrafo único - Se do fato o agente aufere
vantagem: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
▪Se do fato o agente aufere efetivamente, para si ou
para terceiro, vantagem (não só as patrimoniais), a
pena será maior, tratando-se tal qualificadora de crime
material.
OBS: O terceiro beneficiado que recebe a vantagem,
concorrendo para a usurpação, responderá como partícipe
do crime.
OBS: Repare que aqui o agente obtém vantagem ilícita em
decorrência do exercício irregular de uma função, ou seja,
realizando indevidamente ato de ofício, de modo que tal
delito absorve o de estelionato (art. 171), pois sua pena é
maior.
Art. 328 – Usurpação de função pública
CUIDADO: Ocorrerá somente o estelionato quando o agente
limita-se a mentir/fingir que exerce certa função pública
(fraude) a fim de induzir alguém em erro e obter vantagem
ilícita em detrimento alheio. Ex: agente que se passa por fiscal
da Receita Federal e pede dinheiro à vítima para regularizar sua
situação perante aquele órgão.
OBS: Caso o agente não se passe por funcionário público,
mas engane a vítima, pedindo-lhe dinheiro a pretexto de
influir em ato praticado por funcionário no exercício da
função, estará configura o crime de tráfico de influência (art.
332 do CP).
Estelionato Usurpação de função pública
Crime contra o patrimônio Crime praticado por particular contra a 
adm. Pública em geral
Não há exercício de função pública 
para obtenção da vantagem ilícita
Vantagem ilícita relaciona-se com o 
exercício ilegal de função pública
Não se realiza ato de ofício Há a realização indevida de ato de ofício
Art. 331 - Desacato▪ Texto legal: Desacatar funcionário público no exercício da função
ou em razão dela: Pena - detenção, de 06 meses a 02 anos, ou
multa.
▪ Bem jurídico tutelado: o respeito e o prestígio da função
pública, assegurando o andamento das atividades administrativas,
bem como, secundariamente, a honra do funcionário público.
▪ Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), inclusive o
funcionário público quando estiver fora da sua função.
OBS: Há divergência doutrinária se o funcionário público
também pode ser sujeito ativo no exercício da função, havendo
quem discorde por se tratar de crimes cometidos por particular contra
a administração, enquanto outros admitem desde que o funcionário
desacate o seu superior hierárquico (se não houver hierarquia, não
haverá o crime). Todavia, prevalece que é possível o funcionário
público praticar desacato no exercício da função,
independentemente da função que exerçam os sujeitos ativo e
passivo, ou de subordinação hierárquica.
Art. 331 - Desacato
Informativo 395 STJ DESACATO. SUJEITO ATIVO.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO. O paciente, na qualidade de Secretário
de Estado, foi chamado a prestar esclarecimentos à Assembléia
Legislativa. Consta que, na sessão, ele teria detratado os
deputados estaduais ali presentes, o que resultou em sua
denúncia pela suposta prática do delito de desacato (art. 331 do
CP). A Sexta Turma, prosseguindo no julgamento, após o voto
vista do Min. Og Fernandes (que desempatou a votação),
denegou, por maioria, a ordem entendendo que o crime em
questão, de natureza comum, pode ser praticado por
qualquer pessoa, inclusive, funcionário público, seja ele
superior ou inferior hierárquico à vítima. Isto porque o bem
jurídico a ser tutelado é o prestígio da função pública,
portanto, o sujeito passivo principal é o Estado e,
secundariamente, o funcionário ofendido. Decidiu-se, ainda,
que a exordial acusatória apresenta indícios suficientes para a
persecução criminal, sendo impossível aferir, no momento, a
alegada atipicidade da conduta do paciente por ausência de dolo.
Os votos vencidos concediam a ordem para extinguir a ação penal
por falta de justa causa. Precedentes citados: Inq 292-AC, DJ
4/2/2002, e HC 9.322-GO, DJ 23/8/1999. HC 104.921-SP, Rel.
Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG),
julgado em 21/5/2009.
Art. 331 - Desacato
▪ Sujeito passivo: será o estado e, secundariamente, o
servidor ofendido, pois a ofensa macula sua honra
profissional.
OBS: será vítima somente o funcionário público definido
no art. 327 do CP, não abrangendo o equiparado.
▪ Conduta: é desacatar funcionário público no exercício da
função ou em razão dela, podendo ser praticado por ação
(ex: xingamento; gestos obscenos) ou omissão (ex: não
responder a cumprimento).
OBS: Desacatar é faltar com respeito, ofender, humilhar, com
gestos ou palavras, ou até mesmo vias de fato.
OBS: A mera crítica ao exercício da função pelo servidor
não configura desacato, desde que seja realizada de
maneira condizente com os padrões de respeito e urbanidade.
Art. 331 - Desacato
▪ Conduta (cont.):
OBS: O desacato ocorre não somente quando o
funcionário estiver no exercício da função(por exemplo,
quando estiver na repartição ou no horário de trabalho), mas
também quando estiver fora dela, obviamente, desde que
a ofensa seja em razão do ofício/função exercido pelo
servidor.
OBS: Independentemente de ser em público, a ofensa
deve ser praticada na presença do funcionário público,
isto é, o ofendido deve estar no lugar do ultraje, sob pena
de restar configurado crime contra a honra (e não
desacato).
OBS: Advogados podem cometer desacato, pois eles só
têm imunidade em relação aos crimes de injúria e
difamação, e não em crimes que atingem a administração
pública. Vide Informativo 436 STF.
Art. 331 - Desacato
Imunidade Profissional do Advogado e Desacato A Turma
indeferiu habeas corpus impetrado contra decisão de Turma
Recursal de Juizado Especial Criminal, que negara provimento a
recurso interposto pelo ora paciente, no qual se pretendia a extinção
do processo penal de conhecimento contra ele instaurado pela
suposta prática do crime de desacato contra policial militar.
Invocava-se, na espécie, a aplicação do § 2º do art. 7º da Lei
8.906/94 ("O advogado tem imunidade profissional, não
constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer
manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em
juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares
perante a OAB, pelos excessos que cometer."). Considerou-se o
entendimento firmado pelo STF no julgamento da ADI 1127/DF
(acórdão pendente de publicação), no sentido da
inconstitucionalidade da expressão "e desacato" contida no
aludido dispositivo. HC 88164/MG, rel. Min. Celso de Mello,
15.8.2006. (HC-88164)
(...). VIII - A imunidade profissional do advogado não
compreende o desacato, pois conflita com a autoridade do
magistrado na condução da atividade jurisdicional. (...) (ADI
1127, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/
Acórdão: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado
em 17/05/2006)
Art. 331 - Desacato
▪ Tipo subjetivo: é dolo consistente na vontade deliberada
de desprestigiar a função exercida pelo sujeito passivo,
não se admitindo a modalidade culposa.
OBS: O agente deve ter a intenção de ofender a
administração e a honra subjetiva do funcionário
(elemento subjetivo específico, embora CLEBER MASSON
discorde sob o argumento de que “desacatar” já implica em
desprezo à função pública).
CUIDADO: Embora bastante controverso, o fato do agente se
encontrar nervoso/exaltado ou ter perdido o autocontrole
não é suficiente para afastar o dolo do delito,
principalmente considerando que ninguém desacata outrem
estando em seu perfeito controle e com ânimo refletido.
LEMBRAR: A emoção não exclui a imputabilidade penal
(art. 28, I, do CP).
Art. 331 - Desacato▪ Tipo subjetivo (cont.): OBS: Há quem defenda que a
embriaguez afasta o dolo específico de humilhar, ofender, pois o
ébrio perde os freios inibitórios, não agindo com intenção
específica de ofender a administração. Todavia, prevalece que
apenas a embriaguez fortuita ou de força exclui a
imputabilidade (art. 28).
▪ Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que o
funcionário público toma conhecimento (direto) do ato
humilhante e ofensivo.
OBS: pouco importa que o funcionário público tenha se
sentido menosprezado/ofendido, ou se agiu com indiferença,
tratando-se, portanto, de crime formal, pois o que está sendo
tutelado é a dignidade do cargo.
OBS: Não cabe tentativa pelo fato de ser indispensável a
presença da vítima no momento da ofensa (crime
unissubsistente). Ação penal: pública incondicionada.
Art. 332 – Tráfico de influência
▪ Texto legal: Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de
influir em ato praticado por funcionário público no exercício
da função: Pena - reclusão, de 02 a 05 anos, e multa.
▪ Bem jurídico tutelado: a administração pública,
especialmente, o seu prestígio/confiança, bem como,
indiretamente, o patrimônio do particular engando pelo
agente.
▪ Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), inclusive,
funcionário público.
▪ Sujeito passivo: o Estado, em primeiro lugar, e, em segundo
plano, aquele que paga pela suposta mediação (corruptor
putativo), que pratica imoral (mas não criminoso), tendo
sido ele também lesado pela conduta do agente, que o
enganou.
Art. 332 – Tráfico de influência
CUIDADO: Não confundir com o crime de advocacia
administrativa, crime funcional (praticado por
funcionário público contra a administração pública) onde
o agente, direta ou indiretamente, aproveitando-se das
facilidades que sua qualidade de funcionário lhe
proporciona, defende/advoga/pleiteia interesse privado
alheio (não existindo a infração quando o funcionário
pleiteia interesse próprio), seja ele legítimo ou ilegítimo,
perante a administração pública, independentemente da
obtenção de qualquer vantagem pessoal ou econômica
(se houver vantagem ou promessa de vantagem, haverá
tráfico de influência, crime mais grave).
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
privado perante a administração pública, valendo-se da
qualidade de funcionário: Pena - detenção, de um a três
meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena -
detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Art. 332 – Tráfico de influência▪ Conduta: Trata-se de modalidade especial de estelionato, onde
o agente solicita, exige, cobra ou obtém vantagem ou
promessa de vantagem (para si ou para outrem), simulando
ter poder de influência sobre ato de funcionário público.
CUIDADO: A conduta punível diz respeito ao agente que
promete usar um influência que não possui. Caso essa
influência seja real e o funcionário público seja corrompido,
haverá o crime de corrupção ativa (art. 333), pelo qual o
corruptor putativo também será responsabilizado
criminalmente.
CUIDADO: Se a vantagem efetivamente se destina ao
funcionário público, que está em conluio/unidade de designíos
com o agente, há crime de corrupção passiva (art. 317).
▪ Tipo subjetivo: é o dolo de praticar um dos verbos do tipo,
acrescido do fim especial de agir “para obter para si ou para
outrem vantagem indevida”.
Art. 332 – Tráfico de influência▪ Consumação e tentativa: Nas modalidades “solicitar, exigir e
cobrar”, a consumação ocorre com a prática de qualquer
uma delas, independentemente da obtenção da vantagem
(crime formal).
▪ Já na modalidade obter, é necessário que o agente aufira
efetivamente a vantagem (crime material), o que é de difícil
ocorrência na prática, pois, para obter a indevida vantagem,
o agente deverá tê-la solicitado, exigido ou cobrado, ainda
que implicitamente, já consumando o crime, portanto.
▪ A tentativa é admissível na forma escrita.
CUIDADO: A obtenção da vantagem é mero exaurimento, sendo
dispensável para a consumação do crime (crime formal).
OBS: Para consumação do crime, é desnecessária a
qualificação do funcionário público a que o agente afirma ter
influência. Caso o mesmo seja identificado e não se trate de
servidor, haverá estelionato.
Art. 332 – Tráfico de influência▪ Majorante: Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o
agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao
funcionário.
▪ Caso o agente, além de toda a fraude empregada, afirma que a
vantagem também se destina ao funcionário público que deverá
praticar o ato, incidirá a presente majorante, pois a lesão à
moralidade administrativa será ainda maior.
CUIDADO: Se o tráfico indevido de influência recair sobre juiz,
jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça,
perito, tradutor, intérprete ou testemunha, ocorrerá exploração
de prestígio (crime contra a administração da justiça).
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra
utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério
Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou
testemunha:Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente
alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a
qualquer das pessoas referidas neste artigo.
Estelionato Tráfico de influência Exploração de prestígio
Crime contra o
patrimônio
Crime contra a
administração pública
Crime contra a
administração da Justiça
Crime comum Crime comum Crime comum
Consiste em “obter”
vantagem ilícita em
prejuízo alheio
mediante fraude
(artifício, ardil ou
qualquer outro meio
fraudulento)
Consiste em solicitar,
exigir, cobrar ou obter
vantagem ou promessa
de vantagem a pretexto
de influir em ato
praticado por
funcionário público
Solicitar ou receber
(dinheiro ou utilidade) a
pretexto de influir em
Juiz, jurado, órgão do
Ministério Público,
funcionário da justiça,
perito, tradutor intérprete
ou testemunha
O agente visa obter
vantagem ilícita em
prejuízo alheio
O agente visa obter
vantagem ilícita
O agente visa obter
vantagem ilícita.
Consuma-se com o
duplo resultado
(vantagem ilícita e
prejuízo alheio) –
crime material
Consuma-se c/ a
solicitação, exigência,
cobrança (crime formal)
ou c/ a obtenção da
vantagem (crime
material
Consumação com a
solicitação (delito formal)
ou com o recebimento
(delito material).
REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS
1) Admite modalidade culposa o crime de:
a) Peculato
b) Prevaricação
c) Concussão
d) Corrupção passiva
e) Corrupção ativa.
2) Antônio, funcionário público, exige de Pedro, para si, em razão da
função, vantagem indevida, consistente em certa quantia em
dinheiro. Pedro concorda com a exigência e combina com Antônio
um local para a entrega do dinheiro, mas Antônio é preso por
policiais, previamente avisados do ocorrido, no momento em que ia
recebê-lo. Assinale a alternativa correta.
(A) Antônio cometeu crime de extorsão consumado.
(B) Antônio cometeu crime de concussão consumado.
(C) Antônio cometeu crime de extorsão tentado.
(D) Antônio cometeu crime de concussão tentado.
(E) Trata-se de crime impossível, em razão de flagrante preparado.
REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS
3) Julgue os itens abaixo verdadeiro ou falso:
I - Pratica crime de prevaricação o funcionário público autorizado
que insere dados falsos nos sistemas informatizados ou banco de
dados da administração pública, com o fim de causar dano a outrem.
II - No crime de peculato culposo, se o sujeito ativo reparar o dano
até a data da sentença irrecorrível, sua punibilidade será extinta.
III - No crime de prevaricação, a satisfação de interesse ou
sentimento pessoal é mero exaurimento do crime, não sendo
obrigatória a sua presença para a configuração do delito.
IV - Não haverá o crime de condescendência criminosa quando
faltar ao funcionário público competência para responsabilizar o
subordinado que cometeu a infração no exercício do cargo.
V – A solicitação de determinada importância em dinheiro a pretexto
de influir em testemunha, constitui tráfico de influência.
VI - A conduta do agente que, após ter sido abordado por policiais,
abaixa cinicamente as calças em público, chamando-os para revistá-
lo em tom jacoso, demonstrando efetivo intuito de menosprezo,
pretendendo constrangê-los e ridicularizá-los diante de populares
que presenciam o ato, caracteriza o crime de injúria.
REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS
3) Julgue os itens abaixo verdadeiro ou falso:
VII - No peculato impróprio, o funcionário público concorre
culposamente para o crime de outrem.
VIII - O funcionário público somente pode ser sujeito ativo de
desacato se hierarquicamente inferior ao ofendido.
4) Paulino, que é servidor público, e seu vizinho Silvestre, que não
tem vínculo funcional com a administração pública, subtraíram o
computador e a impressora utilizados por Paulino na sua unidade de
lotação, apropriando-se dos equipamentos. Silvestre tem
conhecimento da profissão de Paulino.
Nessa hipótese, Paulino e Silvestre devem responder pelo(s)
crime(s) de
a) peculato e furto, respectivamente.
b) peculato.
c) furto e peculato, respectivamente.
d) furto.
e) peculato e apropriação indébita, respectivamente
REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS
5) Durante um julgamento perante o Tribunal do Júri, um jurado, que
em sua vida normal exerce a função de vendedor, solicitou R$
10.000,00 (dez mil reais) ao advogado do réu para votar pela
absolvição deste. O jurado
a) cometeu crime de corrupção ativa.
b) cometeu crime de corrupção passiva.
c) cometeu crime de concussão.
d) cometeu crime de prevaricação.
e) não cometeu nenhum crime, pois não era funcionário público
6) Não pode ser considerado próprio de funcionário público o crime
de:
a) Concussão.
b) Prevaricação.
c) Corrupção ativa.
d) Corrupção passiva
e) N.D.A.
REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS
7) José é funcionário público e, em cumprimento de
mandado judicial, se dirigiu ao escritório de Pedro
para efetuar busca e apreensão de autos. Pedro lhe
ofereceu a quantia de R$ 100,00 para que
retardasse a diligência por alguns dias. José aceitou
o dinheiro, mas não retardou a diligência, efetuando
desde logo a apreensão. José e Pedro responderão,
respectivamente, por crime de
a) prevaricação e corrupção passiva.
b) concussão e corrupção passiva.
c) corrupção ativa e corrupção passiva.
d) prevaricação e corrupção ativa.
e) corrupção passiva e corrupção ativa
REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS
8) Considere as seguintes assertivas:
I. Desviar o funcionário público dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a
posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio.
II. Exigir, para si ou para outrem direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida.
III. Exigir tributo ou contribuição social que sabe ou
deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não
autoriza.
IV. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem.
A descrição das condutas típicas acima, correspondem,
respectivamente, aos crimes de
REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS
9) Determinado diretor de um presídio, deixando de
cumprir com os deveres de seu ofício, acabou por
permitir que um preso, recolhido no estabelecimento
prisional que dirige, tivesse em seu poder um aparelho
celular que permitia a comunicação com outros presos e
com o ambiente externo. Entretanto, no inquérito policial
instaurado, restou evidenciado que o mencionado diretor
não agiu para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal. Pergunta-se: como deve ser considerada a
conduta do diretor deste presídio?
a) Apenas como transgressão administrativa por
ausência de dolo específico
b) Como crime de facilitação à fuga
c) Como crime de condescendência criminosa
d) Como uma espécie de crime de prevaricação
e) Como excesso ou desvio de execução
REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS
10) Considerando os crimes contra a administração
pública, assinale a opção correta.
a) Pratica concussão o funcionário que exige, mediante
violência, direta ou indiretamente, para si ou para outrem,
em razão da função pública, vantagem indevida.
b) A corrupção é crime de concurso necessário, sendo
necessária, para a consumação, a presença do corruptor
ativo e do corruptor passivo.
c) Como a qualidade de funcionário público é circunstância
pessoal, não se comunica ao particular que eventualmente
participe da prática de crime contra a administração pública.
Em tais situações, responde o particular por crime diverso.
d) Em denúncia de crime de prevaricação, é suficiente que
o Ministério Público (MP) afirme que o acusado agiu para a
satisfação de interesse pessoal, pois, durante a instrução,
pode-se perquirir no que consistiu o mencionado interesse.
e) N.D.A.

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