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Título XI – Dos crimes contra a administração pública ▪ Como o próprio nome já diz, tais crimes são aqueles que implicam em lesão ao patrimônio da administração pública. ▪ Podem ser praticados tanto por funcionários públicos (agentes da administração pública, do Estado), quanto por particulares, a depender do crime. ▪ Podem ser divididos basicamente em cinco espécies: 1. Crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral (arts. 312 a 327); 2. Crimes praticados por particular contra a administração em geral (arts. 328 a 337-A); 3. Crimes praticados por particular contra a administração estrangeira (arts, 337-B a 337-D); 4. Crimes contra a administração da Justiça (arts. 338 a 359); 5. Crimes contra as finanças públicas (arts. 359-A a 359-H). Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração pública em geral ▪ Trata-se dos chamados crimes funcionais, pois devem ser praticados por funcionário público, dividindo-se em: ▪ Crimes funcionais próprios ou puros, os quais se caracterizam pelo fato de que, ausente a condição de “funcionário público” ao agente, a conduta passa a ser considerada um indiferente penal (atipicidade absoluta). Ex: art. 319 – Prevaricação (se o agente não for funcionário público, não há a prática de qualquer infração penal). ▪ Já os crimes funcionais impróprios ou impuros são aqueles que, faltando a condição de “funcionário público” ao agente, a conduta não será um indiferente penal, deixando apenas de ser considerada crime funcional, a qual será desclassificada para outro delito (atipicidade relativa) Ex: art. 312, § 1º, - Peculato-furto, no qual o agente deve ser funcionário público, caso contrário, haverá furto. Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração pública em geral ▪ Em regra, os crimes funcionais são crimes dolosos, ficando a exceção por conta do peculato culposo (art. 312, § 2º, do CP). ▪ A Lei 9.099/95 é perfeitamente aplicável aos crimes funcionais, (art. 98, I, CF/88), o que tem gerado críticas da doutrina, pois tais crimes não deveriam ser tratados como de menor potencial ofensivo, ante a relevância do bem jurídico da administração pública. ▪ Tais crimes funcionais sujeitam-se à extraterritorialidade incondicionada da lei penal brasileira, (art. 7º, I, “c”, CP: “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;”). OBS: A progressão de regime nos crimes contra a administração pública (não somente nos crimes funcionais) exige reparação do dano ou restituição da coisa. § 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração pública em geral ▪ Na condenação por crime funcional, o Juiz poderá impor, como efeito da condenação, fundamentadamente (já que não é automático), a perda do cargo, função pública ou mandado eletivo quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a administração pública (art. 92, I, a do CP). ▪ Predomina na jurisprudência dos tribunais superiores ser inviável o reconhecimento da atipicidade da conduta em face do princípio da insignificância nos crimes funcionais, ainda que o valor do bem seja ínfimo ou que tenha se corrompido por pequeno valor ou por fato de pouca relevância, já que o principal bem jurídico tutelado é a moralidade administrativa. OBS: Todavia, o STF reconhece já reconheceu o princípio da insignificância em seus julgados, recebendo críticas. Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração pública em geral ▪ Funcionário público: Art. 327: Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal (AUTARQUIA, SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA, EMPRESAS PÚBLICAS E FUNDAÇÕES INSTITUÍDAS PELO PODER PÚBLICO), e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada (CONCESSIONÁRIAS OU PERMISSIONÁRIAS DE SERVIÇO PÚBLICO) ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública (Ex: Hospital ou profissional particular que, mediante convênio, realiza atendimento pelo SUS). § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. CUIDADO: AS AUTARQUIAS NÃO SE ENCONTRAM NESSE ROL. Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração pública em geral▪ Conceito de funcionário público: (cont.) OBS: tal conceito é mais amplo do que aquele estabelecido pelo Direito administrativo, onde funcionários públicos são apenas aqueles detentores de cargo público efetivo. Para fins penais, funcionário público engloba empregados públicos, estagiários, mesários da Justiça Eleitoral, jurados do tribunal do Júri. CUIDADO: Não confundam função pública com encargo/múnus público, os quais não são considerados funcionários públicos, de modo que tutores, curadores, inventariantes e depositários judiciais não são considerados funcionários públicos pela maioria. OBS: Por força do art. 327, § 1º, funcionários de empresa terceirizada que presta serviços a um órgão público, obviamente, exercendo atividade típica (ou atividade-meio – aquelas que dizem respeito ao bem estar do administrado/interesse público. ex: segurança, limpeza, transporte) da administração, são considerados funcionários públicos para fins penais. Vide HC 264459 STJ Info 579 Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração pública em geral (...). PECULATO E CORRUPÇÃO PASSIVA. PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO POR AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR MEIO DE CONVÊNIO, (...). FUNCIONÁRIO PÚBLICO. CONCEITO PARA FINS PENAIS. ADVOGADO CONTRATADO POR MEIO DE CONVÊNIO FIRMADO ENTRE A PROCURADORIA GERAL DO ESTADO E A OAB PARA ATUAR EM DEFESA DOS BENEFICIÁRIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. EQUIPARAÇÃO. TIPICIDADE RECONHECIDA. (...). 1. (...). 2. (...). 3. (...). 4. "O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma remunerada em defesa dos agraciados com o benefício da Justiça Pública, enquadra-se no conceito de funcionário público para fins penais (Precedentes)" (REsp. n. 902.037/SP, Rel. Min. FELIX FISCHER, Quinta Turma, julgado em 17/4/2007, DJ de 4/6/2007). Precedentes. Sendo equiparado a funcionário público, possível a adequação típica aos crimes previstos nos artigos 312 e 317 do Código Penal. 5. (...). 6. (...). 7. Habeas Corpus não conhecido. Cassada liminar anteriormente deferida. (HC 264.459/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 10/03/2016, DJe 16/03/2016) Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração pública em geral ▪ Conceito de funcionário público: (cont.) CUIDADO: Ainda em relação ao art. 327, § 1º, prevalece que caso as atividades da empresa terceirizada sejam completamente alheias (atípicas) à função do órgão (empresa que realizada eventos, por exemplo), seus empregados não serão funcionários públicos por equiparação. OBS: No § 2º existe uma majorante (causa de aumento de pena) caso o funcionário público seja ocupante de cargo em comissão ou exerça função de direção ou assessoramento na administraçãopública. CUIDADO: A doutrina majoritária entende que tal dispositivo se estende também aos agentes políticos, detentores de cargos eletivos (Prefeitos, governadores, Presidente da República), sendo esta também a posição do STF. (...). CRIMES DE PECULATO E DISPENSA ILEGAL DE LICITAÇÃO. (...). ART. 312 DO CÓDIGO PENAL. CRIME PRATICADO POR GOVERNADOR DE ESTADO. CAUSA DE AUMENTO DO ART. 327, § 2º, DO CÓDIGO PENAL. INCIDÊNCIA. CHEFE DO PODER EXECUTIVO EXERCE FUNÇÃO DE DIREÇÃO. (...). 1. O Governador do Estado, nas hipóteses em que comete o delito de peculato, incide na causa de aumento de pena prevista no art. 327, §2º, do Código Penal, porquanto o Chefe do Poder Executivo, consoante a Constituição Federal, exerce o cargo de direção da Administração Pública, exegese que não configura analogia in malam partem, tampouco interpretação extensiva da norma penal, mas, antes, compreensiva do texto. 2. “A exclusão, do âmbito normativo da alusão da regra penal a 'função de direção', da chefia do Poder Executivo, briga com o próprio texto constitucional, quando nele, no art. 84, II, se atribui ao Presidente da República o exercício, com o auxílio dos Ministros de Estado, da direção superior da Administração Pública, que, obviamente, faz do exercício da Presidência da República e, portanto, do exercício do Poder Executivo dos Estados e dos Municípios, o desempenho de uma 'função de direção'" (INQ. 1.769/DF, Rel. Min. Carlos Velloso, Pleno, DJ 03.06.2005, excerto do voto proferido pelo Ministro Sepúlveda Pertence no leading case sobre a matéria). Consectariamente, não é possível excluir da expressão "função de direção de órgão da administração direta" o detentor do cargo de Governador do Estado, cuja função não é somente política, mas também executiva, de dirigir a administração pública estadual. 3. As expressões "cargo em comissão" e "função de direção ou assessoramento" são distintas, incluindo-se, nesta última expressão, todos os servidores públicos a cujo cargo seja atribuída a função de chefia como dever de ofício. 4. (...). (Inq 2606, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 04/09/2014) Art. 312 - Peculato ▪ Texto legal: Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. ▪ Bem jurídico tutelado: a moralidade e o patrimônio da administração pública. ▪ Sujeito ativo: crime próprio, que só pode ser cometido por funcionário público (no sentido amplo do art. 327 do CP). OBS: O particular que, sabendo da qualidade de servidor público do agente, concorre, de qualquer modo, para o evento, responde como partícipe do peculato, conforme art. 30 do CP (a condição de funcionário é elementar, daí porque se comunica). Se for comprovado que o particular desconhecia a qualidade funcional do agente, responderá por apropriação indébita (art. 168 do CP) ou furto (no caso do § 1º do art. 312). Art. 312 - Peculato ▪ Sujeito passivo: será o Estado, lesado no seu patrimônio material e moralmente. OBS: Não é necessário que o dinheiro ou outro bem móvel apropriado ou desviado seja público, podendo ser particular, desde que tenha sido entregue ao funcionário público em razão da função. Assim, se o bem apropriado for de propriedade particular também este será vítima do crime (secundária). ▪ Conduta: No caput do art. 312 há o chamado peculato próprio, sendo punível a conduta do agente que consiste na apropriação (peculato apropriação) ou no desvio (peculato desvio) de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo. ▪ Peculato apropriação: hipótese em que o agente se apodera de coisa que tem sob sua posse legítima em razão do cargo, passando, arbitrariamente, a comportar-se como se dono fosse. Art. 312 - Peculato ▪ Conduta (cont.): ▪ Peculato apropriação (cont.):. CUIDADO: A posse deve ter sido obtida de forma lícita/legítima. Se o agente alcança a posse da coisa mediante engodo, ardil ou outro meio fraudulento, haverá estelionato; se decorre de violência ou grave ameaça, haverá roubo ou extorsão; se não usa as facilidades proporcionadas pelo cargo (age como qualquer meliante poderia agir), haverá furto. Ex: escalada da repartição. OBS: No art. 313 do CP há o peculato mediante erro de outrem ou “peculato estelionato” (nome doutrinário), no qual o agente tem posse, mas esta é ilegítima/ilícita, pois foi recebida por erro de outrem (no art. 312, caput, a posse é legítima). Assim, se o funcionário, percebendo o erro de terceiro (QUE DEVERÁ SER ESPONTÂNEO, POIS, SE PROVOCADO PELO FUNCIONÁRIO, PODERÁ CONFIGURAR ESTELIONATO), não o desfaz, apropriando-se da coisa, cometerá tal crime. Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa Art. 312 - Peculato▪ Conduta (cont.): ▪ Peculato apropriação (cont.): OBS: Prevalece que na palavra “posse” está incluída a detenção, ao que Sanches discorda pelo fato do art. 168 do CP distinguir posse de detenção expressamente, o que não ocorre no art. 312, caput. Assim, a conduta da indevida inversão da detenção exercida por funcionário público configuraria o peculato-furto. OBS: O objeto material do crime deve ser dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel (ex: energia elétrica), podendo recair tanto sobre bens públicos quanto particulares que estejam sob a guarda ou custódia da Administração, não existindo peculato de bem imóvel. CUIDADO: Se o bem móvel particular não estiver sob a guarda ou custódia do Estado e o funcionário público dele se apropriar, haverá apropriação (art. 168) ou furto (art.155). ▪ Peculato desvio: ocorre quando o funcionário público confere destinação diversa à coisa que está em seu poder lícita ou legitimamente, com intuito de beneficiar-se ou beneficiar terceiro, sendo que tal proveito pode ser moral ou material/patrimonial (não necessariamente econômico). Art. 312 - Peculato▪ Conduta (cont.): ▪ Peculato desvio (cont.): OBS: Há doutrinadores que entendem ser necessário que o bem, valor ou coisa seja desviado para o patrimônio de alguém (do agente ou de terceiro) com ânimo definitivo, sendo esta a corrente adotada pelo STF/STJ, enquanto outra corrente doutrinária entende que o termo “desviar” está sendo utilizado no sentido de “dar destinação diversa da que deveria”, de modo que o simples uso indevido do bem, valor ou coisa já caracterizaria o crime (corrente minoritária). (...). PECULATO-DESVIO. NÃO CONFIGURAÇÃO. PECULATO- USO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. RELEVÂNCIA DA ARGUMENTAÇÃO. CONCESSÃO EX OFFICIO DA ORDEM. (....). 1. É indispensável a existência do elemento subjetivo do tipo para a caracterização do delito de peculato-uso, consistente na vontade de se apropriar definitivamente do bem sob sua guarda. 2. (...). 4. A concessão, ex officio, da ordem para trancar a ação penal se justifica ante a atipicidade da conduta. 5.(...). (HC 108433 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 25/06/2013). Art. 312 - Peculato▪ Conduta (cont.): ▪ Peculato desvio (cont.): OBS: Portanto, há discussão na jurisprudência se haverá o crime em caso de ânimo de uso, prevalecendo que dependerá da natureza da coisa apoderada (ou desviada) momentaneamente: se consumível com o uso, existirá o crime; se não consumível, o fato será atípico, configurando ilícito administrativo. CUIDADO: Desvio de dinheiro configura peculato, ainda que o agente reponha o valor correspondente com outras cédulas. OBS: Em qualquer caso, uso de bem público por funcionário público para fins particulares configura ato de improbidade administrativa (Lei 8429/92). CUIDADO: Se há desvio de verba em proveito da própria administração, com utilização diversada prevista em sua destinação, haverá o crime do art. 315 do CP (Emprego irregular de verbas ou rendas públicas - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa). Art. 312 - Peculato ▪ Tipo subjetivo: pune-se a conduta dolosa, expressada pela vontade consciente do agente em transformar a posse da coisa em domínio (peculato apropriação) ou desviá-lo em proveito próprio ou de terceiro (peculato desvio). ▪ A forma culposa está prevista no art. 312, § 2º, do CP. OBS: Em se tratando de Prefeito Municipal (ou quem esteja atuando em substituição a ele), o peculato de uso é crime previsto no Decreto-lei 201/67 punido com pena de 2 a 12 anos de reclusão. Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores: I – apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em proveito próprio ou alheio; Il – utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços públicos; Art. 312 - Peculato ▪ Consumação e tentativa: ▪No peculato apropriação, a consumação ocorrerá no momento em que o funcionário se apropria do dinheiro, valor ou bem móvel de que tem posse em razão do cargo, invertendo o ânimo que tem sobre coisa, o que ocorre a partir do momento em que o agente exterioriza a disposição do objeto material como se dono fosse. Trata-se, portanto, de crime material. ▪Já no peculato desvio, a consumação ocorrerá quando o funcionário altera o destino normal da coisa, pública ou particular, empregando-a em fins outros que não o próprio, sendo também crime material. OBS: Não é necessário que o agente vise o lucro e pouco importa se a vantagem visada é conseguida ou não, pois a conduta malfere também a moralidade administrativa. ▪A tentativa é admissível em ambos os casos. Art. 312 - Peculato ▪ Consumação e tentativa: OBS: O STF entende pela aplicabilidade do princípio da insignificância nos crimes funcionais, enquanto o STJ entende “que não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a administração pública, ainda que o valor da lesão possa ser considerado ínfimo, uma vez que a norma visa resguardar não apenas o aspecto patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa” (AgRg no REsp 1275835/SC, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTA TURMA, julgado em 11/10/2011). “HABEAS CORPUS. Subtração de objetos da Administração Pública, avaliados no montante de R$ 130,00 (cento e trinta reais). 3. Aplicação do princípio da insignificância, considerados crime contra o patrimônio público. Possibilidade. Precedentes. 4. Ordem concedida”. (HC 107370, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 26/04/2011) Art. 312 - PeculatoPrincípio da insignificância e Administração Pública A 2ª Turma, por maioria, concedeu habeas corpus para reconhecer a aplicação do princípio da insignificância e absolver o paciente ante a atipicidade da conduta. Na situação dos autos, ele fora denunciado pela suposta prática do crime de peculato, em virtude da subtração de 2 luminárias de alumínio e fios de cobre. Aduzia a impetração, ao alegar a atipicidade da conduta, que as luminárias: a) estariam em desuso, em situação precária, tendo como destino o lixão; b) seriam de valor irrisório; e c) teriam sido devolvidas. Considerou- se plausível a tese sustentada pela defesa. Ressaltou-se que, em casos análogos, o STF teria verificado, por inúmeras vezes, a possibilidade de aplicação do referido postulado. Enfatizou-se que, esta Corte, já tivera oportunidade de reconhecer a admissibilidade de sua incidência no âmbito de crimes contra a Administração Pública. Observou-se que os bens seriam inservíveis e não haveria risco de interrupção de serviço. Vencida a Min. Ellen Gracie, que indeferia ordem. Salientava que o furto de fios de cobre seria um delito endêmico no Brasil, a causar enormes prejuízos, bem assim que o metal seria reaproveitável. HC 107370/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 26.4.2011. (HC-107370) AÇÃO PENAL. DELITO DE PECULATO-FURTO. Apropriação, por carcereiro, de farol de milha que guarnecia motocicleta apreendida. Coisa estimada em treze reais. Res furtiva de valor insignificante. Periculosidade não considerável do agente. Circunstâncias relevantes. Crime de bagatela. Caracterização. Dano à probidade da administração. Irrelevância no caso. Aplicação do princípio da insignificância. Atipicidade reconhecida. Absolvição decretada. HC concedido para esse fim. Voto vencido. Verificada a objetiva insignificância jurídica do ato tido por delituoso, à luz das suas circunstâncias, deve o réu, em recurso ou habeas corpus, ser absolvido por atipicidade do comportamento. (HC 112388, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 21/08/2012) HABEAS CORPUS. PECULATO PRATICADO POR MILITAR. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. CONSEQÜÊNCIAS DA AÇÃO PENAL. DESPROPORCIONALIDADE. 1. A circunstância de tratar-se de lesão patrimonial de pequena monta, que se convencionou chamar crime de bagatela, autoriza a aplicação do princípio da insignificância, ainda que se trate de crime militar. 2. Hipótese em que o paciente não devolveu à Unidade Militar um fogão avaliado em R$ 455,00 (quatrocentos e cinqüenta e cinco) reais. Relevante, ademais, a particularidade de ter sido aconselhado, pelo seu Comandante, a ficar com o fogão como forma de ressarcimento de benfeitorias que fizera no imóvel funcional. Da mesma forma, é significativo o fato de o valor correspondente ao bem ter sido recolhido ao erário. 3. A manutenção da ação penal gerará graves conseqüências ao paciente, entre elas a impossibilidade de ser promovido, traduzindo, no particular, desproporcionalidade entre a pretensão acusatória e os gravames dela decorrentes. Ordem concedida. (HC 87478, Relator(a): Min. EROS GRAU, Primeira Turma, julgado em 29/08/2006) Art. 312 - Peculato▪ Peculato furto: § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. ▪ Também chamado de peculato impróprio, caracteriza-se não pela apropriação ou desvio de um bem que fora confiado previamente ao agente em razão do cargo, mas pela subtração de coisa sob guarda ou custódia da administração. ▪ Nessa hipótese, o agente não tem a posse/guarda da coisa, de modo que pratica verdadeiro furto, mas, por se valer da facilidade que a condição de funcionário lhe concede para subtrair (ou concorrer para que seja subtraída) a coisa do ente público ou de particular sob custódia da administração, comete peculato furto. CUIDADO: Caso o agente não seja funcionário público, ou, sendo, não se utilize das facilidades que o cargo lhe proporciona para a subtração, incorrerá no crime de furto (art. 155 do CP). Art. 312 - Peculato▪ Peculato furto: § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. OBS: São punidas basicamente duas condutas: subtrair o bem ou valor ou concorrer, dolosamente, para sua subtração por terceiro (não necessariamente funcionário público), valendo-se o funcionário, em ambos os casos, de facilidade proporcionada pela condição de funcionário público. OBS: Consuma-se no momento em que o agente adquire a posse do bem mediante a subtração (crime material), independente da obtenção do proveito, admitindo-se a tentativa. Peculato próprio Peculato impróprio O agente se apropria da coisapor ter posse em razão do cargo. O agente subtrai a coisa ou concorre para que seja subtraída, não havendo posse da coisa, devendo a subtração ser facilitada pela condição de servidor. Art. 312 - Peculato▪ Peculato culposo: § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. ▪ Único crime funcional culposo, punindo-se o funcionário público que concorrer culposamente para que, através de manifesta negligência, imprudência ou imperícia, infringindo dever de cuidado objetivo, criar condições favoráveis à prática do peculato doloso, em qualquer de suas modalidades (apropriação, desvio, subtração), ou furto. CUIDADO: Há divergência quanto ao alcance da expressão “crime de outrem”, prevalecendo que se trata de qualquer crime que viole a administração pública (não necessariamente funcional). ▪ A consumação ocorre com o aperfeiçoamento da conduta dolosa do terceiro, havendo necessidade da existência de nexo causal entre os delitos (o primeiro possibilitando o segundo). OBS: O funcionário negligente não é partícipe do crime praticado pelo terceiro (não haverá concurso de agentes), pois este age com dolo, enquanto o funcionário age com culpa (se houvesse dolo do funcionário, haveria peculato furto). Art. 312 - Peculato▪ Peculato culposo: ▪Não é admissível tentativa em crimes culposos, bem como é desnecessária a identificação do terceiro que cometeu o crime doloso (basta provar a ocorrência deste). ▪ Reparação do dano: § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível (OU SEJA, ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO), extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta (QUANDO CABERÁ AO JUIZ DA EXECUÇÃO PENAL REDUZIR A PENA). CUIDADO: A reparação do dano (devolução do bem ou ressarcimento do prejuízo) somente surte efeito no caso do peculato culposo (e não nas demais modalidades). No caso do peculato doloso, a reparação do dano poderá gerar arrependimento posterior (art. 16) ou atenuante genérica. ▪Ação penal: pública incondicionada. Art. 316 - Concussão ▪ Texto legal: Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. ▪ Bem jurídico: a moralidade administrativa e, em segundo lugar, o patrimônio do particular constrangido. ▪ Sujeito ativo: é o funcionário público no sentido amplo do direito penal, incluindo aquele que esteja fora da função (ex: férias; licença; descanso) ou apenas nomeado, embora ainda não esteja no exercício da sua função (empossado), mas que atue criminosamente em razão dela. OBS: O particular poderá concorrer para a prática delituosa, desde que conhecedor de que o autor é funcionário público (art. 30), havendo previsão expressa no tipo de concussão por interposta pessoa. Art. 316 - Concussão ▪ Sujeito passivo: é a administração pública, bem como eventual pessoa constrangida, que pode ser particular ou até mesmo outro funcionário público. ▪ Conduta: pune-se a conduta daquele que exigir, por si ou por interposta pessoa, explícita (direta) ou implicitamente (indiretamente), vantagem indevida, abusando da sua autoridade pública como meio de coação/constrangimento. OBS: Trata-se de uma forma especial de extorsão (art. 158), executada por funcionário público. ▪Na concussão, há sempre algo de intimidação/coerção, na medida em que o agente impõe/ordena, de forma intimidativa ou coativa, a vantagem que almeja e a que não faz jus. Se assim não fosse, haveria mero pedido (corrupção passiva). Art. 316 - Concussão ▪ Conduta (cont.): CUIDADO: Não confunda exigência com solicitação, pois, no caso de mero pedido, o crime será de corrupção passiva. ▪ Deve o agente contar com atribuição/competência/poder de cumprir ou praticar o mal prometido (ex: interdição, prisão; lavrar multa) em caso de não recebimento da vantagem indevida. Faltando-lhe poderes para tanto, mesmo que servidor, o crime será de extorsão (ex: ameaça de morte). ▪ Haverá extorsão (e não concussão), quando o agente apenas simula a qualidade de agente público (ex: policial), não ostentando, na realidade, tal atributo, bem como também se houver utilização de violência ou grave ameaça. VER STJ HC 54776 Roubo Extorsão Concussão Corrupção passiva Subtrair (violência ou grave ameaça) Constranger (Violência ou grave ameaça) Exigir (intimidação com os poderes do funcionário) Solicitar; Receber; aceitar promessa Art. 316 - Concussão PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. PLEITO DE DESCLASSIFICAÇÃO DO DELITO DE EXTORSÃO PARA O DE CONCUSSÃO. IMPOSSIBILIDADE. EMPREGO DE GRAVE AMEAÇA NA PRÁTICA DO DELITO. CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE EXTORSÃO E NÃO CONCUSSÃO, NÃO OBSTANTE PRATICADO POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO, VALENDO-SE DESSA CONDIÇÃO. REVISÃO DO JULGADO. VIA IMPRÓPRIA. NECESSIDADE DE REEXAME DA MATÉRIA FÁTICO- PROBATÓRIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 1. (...). 2. Ainda que a conduta delituosa tenha sido praticada por funcionário público, o qual teria se valido dessa condição para a obtenção da vantagem indevida, o crime por ele cometido corresponde ao delito de extorsão e não ao de concussão, uma vez configurado o emprego de grave ameaça, circunstância elementar do delito de extorsão. Precedentes. 3. Ademais, a pretendida inversão do julgado, com vistas a demonstrar a não ocorrência, na espécie, da grave ameaça, não se coaduna com a via eleita, dada a necessidade de se reexaminar o material cognitivo produzido nos autos, insuscetível em habeas corpus. Precedentes. 4. Habeas corpus não conhecido. (HC 54.776/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 03/10/2014) Art. 316 - Concussão ▪ Conduta (cont.): ▪ Pela expressão “vantagem indevida” deve-se entender qualquer tipo de proveito proibido, ainda que não seja econômico ou patrimonial, embora existam posições em sentido contrário (Damásio, Hungria e Noronha). OBS: Se a vantagem devida for tributo ou contribuição social, caracteriza-se o excesso de exação § 1º do art. 316. E se for devida, haverá abuso de autoridade (Lei 4898/65). ▪ O Agente deve visar proveito para ele próprio ou para terceira pessoa. OBS: Em se tratando de policial militar há concussão específica no CPM: Art. 305. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Art. 316 - Concussão ▪ Tipo subjetivo: é o dolo de exigir vantagem indevida, acrescido de finalidade específica (para si ou para outrem), não havendo previsão de forma culposa. OBS: Prevalece que haverá o crime quando a vantagem indevida é exigida para a própria administração pública por persistir a violação à moralidade administrativa (bem jurídico tutelado). ▪ Consumação e tentativa: o crime consuma-se no momento em que o agente efetivamente pratica a conduta de exigir a vantagem indevida, ou seja, quando esta chega ao conhecimento da vítima, não importando se o agente recebe a vantagem. ▪ Trata-se, portanto, de crime formal, não se exigindo a percepção do proveito do crime, que é mero exaurimento. ▪ A tentativa é admissível na modalidade escrita (carta/email), isto é, quando a exigência não chega ao conhecimento do destinatário, ou quando o agente age por interposta pessoa. Art. 316 - Concussão ▪ Excesso de exação: § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. ▪ Sujeito ativo: Embora haja divergência, é qualquerfuncionário público, ainda que não encarregado pela arrecadação do tributo ou contribuição social. OBS: O particular colaborador, ciente das qualidades do agente público, também responde pela prática do crime (art. 30 do CP). ▪ Sujeito passivo: É o Estado e, secundariamente, o contribuinte lesado pela conduta criminosa. ▪ Tipo subjetivo: É o dolo, não exigindo nenhum elemento subjetivo específico, sendo inadmissível a modalidade culposa. Art. 316 - Concussão ▪ Excesso de exação (cont.): art. 316, § 1º. Conduta: são puníveis basicamente duas condutas: ▪ Cobrança/exigência de tributo que o agente sabe (dolo) ou deveria saber (dolo eventual) indevido. OBS: O CP exige que o agente saiba que está cobrando tributo ou contribuição social indevida (ou seja, nada é devido pelo contribuinte), ou, ainda, que este ao menos deveria saber que é indevido (tem dúvidas quanto a existência da dívida, mas assume o risco de cometer o crime ao insistir na sua exigência), hipótese de dolo eventual, segundo a maioria da doutrina. ▪ Cobrança de tributo devido com emprego de meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. OBS: Pune-se o funcionário que se exceder na cobrança de tributo ou contribuição social devido, quando utiliza-se de meio vergonhoso (vexatório) ou que traz ao contribuinte maiores ônus. Art. 316 - Concussão▪ Excesso de exação: art. 316, § 1º - Consumação e tentativa: ▪ Se o crime consiste na indevida exigência de tributo ou contribuição social, a consumação ocorrerá no momento em que a ilícita cobrança é dirigida ao particular, sendo dispensável o recebimento de qualquer valor. OBS: A tentativa é possível na exigência por escrito. ▪ Se o crime consiste na cobrança vexatória ou gravosa, consuma-se o delito no momento do emprego do meio constrangedor, independentemente do recebimento do valor cobrado. OBS: Ambas as hipóteses são crimes formais, portanto, que se consumam com a mera exigência, sendo desnecessário o efetivo pagamento pelo contribuinte. OBS: Na segunda hipótese, a tentativa é perfeitamente possível, basta o agente não conseguir empregar os meios vexatórios. Art. 316 - Concussão ▪ Excesso de exação qualificado: § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. ▪ Trata-se de qualificadora do excesso de exação, pois, além de exigir indevidamente o tributo ou contribuição social, em seguida, o agente o desvia dos cofres da administração pública, em proveito próprio ou de terceiro. ▪ Aplicável apenas ao excesso de exação em que o tributo ou contribuição são indevidos, e o funcionário os desvia para si ou para outrem. OBS: Caso o funcionário receba o tributo ou contribuição devidos e deles se apodere, o crime será o de peculato desvio (art. 312). OBS: Na qualificadora, há um elemento subjetivo específico (em proveito próprio ou de outrem) e a consumação ocorre com o efetivo desvio. ▪ Ação penal: pública incondicionada. Art. 317 – Corrupção Passiva ▪ Texto legal: Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. OBS: A pena é maior do que o crime de concussão (2 a 8 anos), embora este seja mais grave (por ser exigência, e não mera solicitação). ▪ Bem jurídico tutelado: a moralidade administrativa. ▪ Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, pois o agente deve ser funcionário público (art. 327 do CP), incluindo também aquele que esteja fora da função ou, apenas nomeado, embora ainda não esteja no exercício da função, atue criminosamente em razão dela. OBS: É plenamente possível o concurso de pessoas, respondendo o particular também pelo crime, desde que este tenha conhecimento da condição de funcionário público do agente Art. 317 – Corrupção Passiva ▪ Sujeito passivo: será o Estado ou, especificamente, a administração pública, bem como a pessoa constrangida pelo agente público, desde que, obviamente, não tenha praticado o crime de corrupção ativa (art. 333/343 do CP). Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 02 a 12 anos, e multa. Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: Pena - reclusão, de 03 a 04 anos, e multa. CUIDADO: O particular só será vítima se a corrupção partir do funcionário corrupto, solicitando indevida vantagem. Se o particular oferecer ou prometer vantagem, responderá por corrupção ativa, tratando-se de exceção à teoria monista do art. 29 (os agentes buscam o mesmo resultado, mas respondem por crimes diversos). Art. 317 – Corrupção Passiva Art. 317 Art. 333 SOLICITAR O art. 333 não pune a conduta “dar”, que é o verbo correspondente ao verbo “solicitar”. Nesse caso, quem dá início à corrupção é o funcionário público corrupto, de modo que o particular será vítima. CUIDADO: Se o particular toma a iniciativa, isso não é “dar”, mas oferecer. OBS: Se o funcionário público solicita e o particular aceita e lhe entrega a vantagem solicitada, o particular não será punido, pois não há a incriminação da conduta de “dar” (fato atípico). RECEBER OFERECER (o corruptor/particular inicia o fato) ACEITAR PROMESSA PROMETER (quem dá início ao fato é quem promete a recompensa, ou seja, o corruptor) CONCLUSÃO: A corrupção passiva não pressupõe a ativa e vice-versa. Excepcionalmente, os núcleos “receber” e “aceitar promessa” demandam corrupção ativa. Já na forma “solicitar” não é necessário o art. 333 do CP. OBS: Os núcleos “oferecer” e “prometer” do art. 333 não demandam o art. 317. Art. 317 – Corrupção Passiva ▪ Conduta: nada mais é do que a mercancia do agente com a função pública (ou seja, em razão do cargo), punindo-se, especificamente, as seguintes condutas típicas: 1. Solicitar (pedir), explicita ou implicitamente, vantagem indevida. OBS: Aqui é o próprio agente que toma a iniciativa, requerendo que a vantagem lhe seja concedida ou a promessa lhe seja feita. CUIDADO: Esta é a diferença entre concussão (onde a ação do funcionário representa uma exigência, seguida ou não do recebimento) e corrupção passiva, onde há tão somente um pedido, de igual modo seguido ou não do recebimento. OBS: Nessa conduta, não haverá responsabilização do particular que atendeu a solicitação por ausência de previsão da conduta “dar” no art. 333 do CP (fato atípico). Art. 317 – Corrupção Passiva ▪ Conduta: são três as condutas típicas (cont.): 2. Receber referida vantagem; OBS: Neste caso, supõe-se uma doação voluntária. CUIDADO: Repare que a iniciativa é do corruptor/particular, afinal, “receber” e “oferecer” são ideias correlatas na medida em que a primeira depende da segunda. 3. Aceitar promessa de tal vantagem, anuindo/concordando com futuro recebimento. OBS: Tal conduta diz respeito à aceitação (consentimento/anuência) de promessa de uma vantagem indevida. Do mesmo modo, aqui também há corrupção por parte do corruptor (particular que faz a promessa). Art. 317 – Corrupção Passiva ▪ Conduta: Classificações importantes: ▪ C. P. imprópria é aquela que visa a prática de ato legítimo, ou seja, o ato a ser praticado pelo funcionário público em troca da vantagem é lícito (o que é ilegal é a sua comercialização pelo funcionário público. Ex: o funcionário recebe a vantagem para agilizar o andamento de uma certidão; oficial de justiça que solicita vantagem para executar citação). ▪ C. P. própria ou propriamentedita ocorre quando o agente recebe a vantagem ou aceita a promessa de vantagem para a realização de ato ilegal/ilegítimo (ex: agente de trânsito que recebe vantagem para deixar de aplicar uma multa; negociar fuga de preso;). ▪ C. P. antecedente: ocorre quando a vantagem ou recompensa é dada ou prometida em razão de uma ação, positiva ou negativa, futura (antes da ação); ▪ C.P. subsequente se é dada ou prometida por uma ação, positiva ou negativa, já realizada (passada), ou seja, a vantagem é entregue depois da ação. Art. 317 – Corrupção Passiva ▪ Conduta: Observações importantes: OBS: Em se tratando de militares, há previsão especial de corrupção passiva no CPM (art. 308) SOMENTE nas modalidades recebimento da vantagem indevida em razão do cargo e aceitação da promessa de tal vantagem, de modo que se o militar solicitar tal vantagem caberá à Justiça comum julgá-lo pelo crime do art. 317 do CP (e não a JM). CUIDADO: Existe corrupção ainda que a vantagem seja entregue ou prometida não diretamente ao funcionário, mas a um familiar seu (mulher, filhos, etc.). OBS: Para a existência do crime deve haver um nexo entre a vantagem solicitada ou aceita e a atividade exercida pelo corrupto, de modo que se o funcionário público não for o competente para a realização do ato comercializado não haverá que se falar em crime de corrupção (podendo configurar outros crimes, por exemplo: exploração de prestígio – art. 357; estelionato – art. 171). Art. 317 – Corrupção Passiva ▪ Conduta: Observações importantes: OBS: Quanto ao caráter da vantagem indevida solicitada, recebida ou prometida, há a mesma discussão da concussão, prevalecendo que se trata de qualquer tipo de proveito proibido, ainda que não seja econômico ou patrimonial. OBS: Parte da doutrina entende que o mero recebimento de presentes, gratificações usuais, de pequena monta, por questões de gratidão ou demonstração de amizade não configura corrupção passiva por não lesarem a moralidade administrativa (Ex: cesta de natal), enquanto outra parte entende que haverá corrupção passiva na modalidade receber vantagem simbólica. ▪ Tipo subjetivo: é o dolo consistente em praticar uma das condutas previstas no tipo, se exigindo a finalidade específica de que vantagem seja para o próprio funcionário ou para outrem. Art. 317 – Corrupção Passiva ▪ Tipo subjetivo (cont.): Não há previsão de modalidade culposa. OBS: se a vantagem for para a própria administração não haverá o crime, mas haverá a improbidade administrativa (art. 11, I, da Lei 8429/92). ▪ Consumação e tentativa: ▪Nas modalidades “solicitar” e “aceitar promessa de vantagem”, trata-se de crime formal, consumando-se ainda que a gratificação não se concretize, sendo dispensável o efetivo recebimento da vantagem. ▪Já na modalidade “receber vantagem ilícita”, o crime é material, exigindo efetivo enriquecimento ilícito do autor (recebimento da vantagem) para o crime se consumar. OBS: Todavia, existem doutrinadores que entendem ser crime formal também (Masson, André Estefam). Art. 317 – Corrupção Passiva ▪ Consumação e tentativa (cont.): Admite-se a tentativa apenas na modalidade “solicitar” quando formulada por meio escrito (carta interceptada). OBS: Em todas as condutas não se exige que o funcionário público efetivamente pratique ou deixe de praticar o ato em razão da vantagem ou promessa de vantagem recebida. Caso isso ocorra, incidirá a causa de aumento de pena prevista no § 1º do art. 317. ▪ Majorante de pena: § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. ▪ O que seria exaurimento foi tratado pelo CP como causa de aumento de pena (exaurimento penalizado) na medida em que a pena será aumentada quando o agente cumpre o prometido, realizando a pretensão do corruptor. Art. 317 – Corrupção Passiva ▪ Majorante de pena: § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. OBS: Repare que tal majorante incidirá tanto na C. P. imprópria (quando o funcionário pratica um ato observando o seu dever funcional, porém comercializando esse ato - retardamento ou abstenção de ato de ofício) quanto na C. P. própria (que ocorre quando o ato comercializado é ilegítimo), ante a violação de dever funcional. OBS: A corrupção passiva tem dois momentos: 1º - comércio do ato, quando ocorre a consumação do crime; 2º - execução do ato, quando haverá incidência da majorante. Art. 317 – Corrupção Passiva ▪ Majorante de pena: § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. CUIDADO: Quando a execução do ato comercializado constitui, por si só, crime autônomo, não incidirá a majorante, evitando-se o bis in idem, na medida em que haverá concurso de crimes entre o art. 317 e o delito praticado. Ex: funcionário público solicita dinheiro para facilitar fuga de preso, consumando, assim, o art. 317 do CP. Em seguida, o funcionário efetivamente facilita a fuga. Nesse caso, não haverá incidência da majorante, pois, facilitar fuga de preso, configura o art. 351 do CP, de modo que o agente responderá pelo art. 317 (sem a majorante) em concurso material com o art. 351, pois o mesmo fato não pode ser considerado duas vezes em prejuízo do réu. Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Art. 317 – Corrupção Passiva ▪ Corrupção passiva privilegiada: § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. ▪A privilegiadora ocorrerá na hipótese do “favorzinho”, ou seja, quando o funcionário cede a pedido de amigos, conhecidos ou mesmo de estranhos, para que faça ou deixe de fazer algo ao qual estava obrigado, sem visar e/ou perceber vantagem de qualquer natureza ou satisfação de interesse próprio (quando ocorrerá prevaricação). Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 317 – Corrupção Passiva OBS: A corrupção passiva privilegiada é crime material, só se consumando quando o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda o ato de ofício. OBS: Repare que as condutas de “praticar, deixar de praticar ou retardar ato de ofício, com infração de dever funcional” estão previstas tanto na corrupção passiva privilegiada (§ 2º) quanto na causa de aumento de pena (§ 1º), sendo que o diferencial entre ambas é a existência ou não de vantagem ou promessa indevida. ▪Ação penal: pública incondicionada. Art. 317, § 2º, do CP (CP Privilegiada) Art. 319 - Prevaricação O agente cede diante de pedido ou influência de outrem. Não existe pedido ou influência de outrem. Trata-se de uma “autocorrupção” Não busca satisfazer interesse ou sentimento pessoal. O agente busca satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Ex: Delegado que deixa de instaurar IP por ser o agente seu amigo. Art. 319 – Prevaricação ▪ Texto legal: Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. ▪ Bem jurídico tutelado: a moralidade administrativa, especificamente, no que diz respeito a funcionários desidiosos por razões pessoais(e não por conta de vantagem indevida). ▪ Sujeito ativo: funcionário público (crime próprio), admitindo-se a participação de particular, desde que conhecedor da condição funcional do agente público (art. 30 do CP). ▪ Sujeito passivo: será a administração pública, atingida com a conduta irregular do funcionário, que pode ofender, ainda, interesses particulares (suj. passivo secundário). Art. 319 – Prevaricação ▪ Conduta: três são as formas de praticar o crime: 1. Retardando (atrasando, procrastinando) ato de ofício – deve ser por tempo juridicamente relevante; 2. Deixando de praticá-lo (omissão); 3. Praticando-o de forma ilegal (realizar); CUIDADO: Prevalece que somente na última conduta é exigida que o ato se dê contra expresso texto de lei, enquanto Rogério Sanches defende que a necessidade que o ato retardado, omitido ou praticado (todas as condutas) se revele contra disposição expressa de lei. CUIDADO: Caso haja discricionariedade na conduta escolhida, não há se falar em crime. Ex: Delegado plantonista que baixa portaria para apurar fato delituoso ao invés de autuar em flagrante delito os suspeitos do crime, justificadamente, não prevarica. Art. 319 – Prevaricação ▪ Conduta (cont.): OBS: Como o ato é de ofício, é necessário que o funcionário tenha atribuição para a prática do ato, pois, se o ato praticado, omitido ou retardado não era da sua competência, não haverá violação do dever funcional, daí porque Masson defende que se trata de crime de mão própria (e não próprio), já que a execução do conduta criminosa não pode ser delegada a outrem. OBS: Para caracterização do delito exige-se o propósito deliberado, a intenção direta de satisfazer interesse ou sentimento pessoal (finalidade específica do dolo), pois, ausente esta, haverá improbidade administrativa, salvo se constituir outros crimes: Art. 11, II, da Lei 8429/92: Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência; II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; Art. 319 – Prevaricação ▪ Tipo subjetivo: é o dolo do agente, ou seja, pela vontade consciente de retardar, omitir ou praticar ilegalmente ato de ofício, acrescido do intuito de satisfazer interesse ou sentimento pessoal (elemento subjetivo específico), colocando o seu interesse particular acima do interesse público. ▪Não há previsão da modalidade culposa. OBS: Repare que embora o interesse/sentimento pessoal (que pode ser de qualquer espécie) seja do funcionário público, o beneficiado pode ser terceiro. OBS: A denúncia pela prática do crime de prevaricação deve, necessariamente, descrever qual a omissão do servidor acusado, qual a sua natureza, especificando, ainda, o interesse ou sentimento pessoal que animou a conduta do réu, que o levou a agir ilicitamente. Art. 319 – Prevaricação ▪ Consumação e tentativa: consuma-se o crime com o efetivo retardamento, a omissão ou prática do ato, sendo dispensável a satisfação do interesse/sentimento visado pelo servidor. Logo, se trata de crime formal. ▪A tentativa é admissível apenas na modalidade “praticar” contra disposição expressa da lei, a única comissiva. OBS: Na modalidade “deixar de praticar” não cabe tentativa por ser tratar de crime omissivo próprio ou puro. ▪ Ação penal: pública incondicionada, de competência do JECRIm. Art. 319 – Prevaricação ▪ Prevaricação e Corrupção passiva: ▪A prevaricação não se confunde com a corrupção passiva privilegiada (art. 317, § 2º), onde o funcionário público atende a pedido ou influência de outrem (“favorzinho”), pois o agente age por conta/iniciativa própria, buscando satisfazer interesse ou sentimento pessoal/próprio (não há tal pedido ou influência). Deixa de praticar, retardar ou praticar ato de ofício Infringindo dever funcional Contra disposição expressa em lei Infringindo dever funcional Art. 317, § 1º Art. 317, § 2º Art. 319 Art. 333, § único Causa de aumento de pena da corrupção passiva Núcleos do tipo da corrupção passiva privilegiada Núcleos do tipo da prevaricação Causa de aumento de pena da corrupção ativa Cedendo a pedido ou influência de outrem Para satisfazer a interesse ou sentimento pessoal Art. 319 – Prevaricação ▪ Modalidades específicas de prevaricação: ▪Prevaricação imprópria: Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano. OBS: O sujeito ativo é o funcionário público (crime próprio) que, no exercício de suas funções, tem o dever de evitar o acesso do preso aos aparelhos de comunicação, seja diretor ou agente penitenciário. OBS: Repare que não se exige dolo específico (finalidade especial de agir), tratando-se de crime formal. Além disso, não admite tentativa por se tratar conduta omissiva própria. Art. 319 – Prevaricação ▪ Modalidades específicas de prevaricação: ▪ Prevaricação imprópria: Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano. OBS: Sanches entende que tal crime também é aplicável ao funcionário que fornecer o aparelho (atitude comissiva), já que, fornecendo, estará deixando de vedar o acesso, todavia, prevalece que caso o funcionário introduza o aparelho no presídio haverá o crime do art. 349-A (aplicável a quaisquer pessoas) ou corrupção passiva (se for em troca de vantagem indevida). Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Art. 319 – Prevaricação▪ Modalidades específicas de prevaricação (cont.): ▪ Condescendência criminosa: Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração (ADMINISTRATIVA OU PENAL) no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. OBS: Tutela na esfera penal o poder disciplinar da administração pública, sendo que nesse crime o agente também deixa de fazer algo a que estava obrigado em razão da função, mas o faz por indulgência (sentimento de pena, clemência, perdão, misericórdia, tolerância), elemento subjetivo específico (dolo específico), tratando-se de crime formal (se consuma com a mera omissão, independentemente da efetiva impunidade do infrator). CUIDADO: Se o chefe deixar de responsabilizar o subordinado por outro motivo que não seja a indulgência, poderá haver configuração de prevaricação ou corrupção passiva, conforme o caso. OBS: Não admite tentativa por se tratar de crime omissivo puro ou próprio. Capítulo II – Dos crimes praticados por particular contra a administração em geral ▪ Tal qual ocorre nos crimes funcionais, são crimes que possuem a administração pública como sujeito passivo, todavia, pode ocorrer que, eventualmente, algum particular também seja sujeito passivo do crime. ▪ Diferentemente dos crimes funcionais, nos quais exige- se que o sujeito ativo seja funcionário público, valendo-se do cargo para praticar o delito, sendo, portanto, crimes próprios, aqui os crimes são comuns, ou seja,podem ser praticados por qualquer pessoa (o agente não possui qualquer vínculo com a administração pública). CUIDADO: Tais crimes também podem ser cometidos por funcionários públicos, desde que se apresentem na qualidade de particulares, ou seja, não estejam investidos na função pública desempenhada. Art. 328 – Usurpação de função pública ▪ Texto legal: Usurpar o exercício de função pública: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. ▪ Bem jurídico tutelado: o normal e regular funcionamento/desempenho das atividades administrativas. ▪ Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), inclusive o servidor público, desde que a função usurpada não esteja entre as atribuições do cargo que ocupa, pois nesse caso estará agindo como particular, já que a conduta não guarda qualquer relação com a função pública para a qual foi investido. ▪ Sujeito passivo: será a administração pública (Estado). Também poderá ser vítima eventual particular prejudicado pela ação criminosa do agente. Art. 328 – Usurpação de função pública ▪ Conduta: pune-se a conduta de usurpar (assumir, exercer ou desempenhar indevidamente) uma atividade pública, de natureza civil ou militar, gratuita ou remunerada, permanente ou temporária, executando atos inerentes ao ofício arbitrariamente ocupado (isto é, sem que tenha sido aprovado em concurso ou nomeado para tal função). OBS: A conduta daquele que simples e falsamente se intitula funcionário público perante terceiros, sem, no entanto, praticar atos inerentes ao ofício (sem intromissão no aparelho estatal), não se sujeita ao presente artigo, mas pode configurar contravenção penal (Art. 45. Fingir-se funcionário público: Pena – prisão simples, de 01 a 03 meses, ou multa, de 500 mil réis a três contos de réis). OBS: Não confundir com o Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado, crime funcional: Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Art. 328 – Usurpação de função pública ▪ Tipo subjetivo: é o dolo, consistente na vontade consciente do agente em desempenhar, ilegitimamente, uma função pública, pouco importando, em tese, o motivo da usurpação (não há finalidade específica), não havendo previsão de modalidade culposa. ▪ Consumação: consuma-se o delito com a prática de ato exclusivo (inerente à função) que só pode ser praticado por pessoa legalmente investida no ofício usurpado. OBS: Admite-se a tentativa (Ex: quando o agente é impedido de executar ato de ofício por circunstâncias alheias à sua vontade). OBS: É desnecessária a ocorrência de qualquer outro resultado, tratando-se de crime formal (independe de dano patrimonial à administração pública ou obtenção de qualquer tipo de vantagem pelo sujeito ativo), inclusive a reiteração de conduta. Ação penal: pública incondicionada. Art. 328 – Usurpação de função pública ▪ Qualificadora: Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. ▪Se do fato o agente aufere efetivamente, para si ou para terceiro, vantagem (não só as patrimoniais), a pena será maior, tratando-se tal qualificadora de crime material. OBS: O terceiro beneficiado que recebe a vantagem, concorrendo para a usurpação, responderá como partícipe do crime. OBS: Repare que aqui o agente obtém vantagem ilícita em decorrência do exercício irregular de uma função, ou seja, realizando indevidamente ato de ofício, de modo que tal delito absorve o de estelionato (art. 171), pois sua pena é maior. Art. 328 – Usurpação de função pública CUIDADO: Ocorrerá somente o estelionato quando o agente limita-se a mentir/fingir que exerce certa função pública (fraude) a fim de induzir alguém em erro e obter vantagem ilícita em detrimento alheio. Ex: agente que se passa por fiscal da Receita Federal e pede dinheiro à vítima para regularizar sua situação perante aquele órgão. OBS: Caso o agente não se passe por funcionário público, mas engane a vítima, pedindo-lhe dinheiro a pretexto de influir em ato praticado por funcionário no exercício da função, estará configura o crime de tráfico de influência (art. 332 do CP). Estelionato Usurpação de função pública Crime contra o patrimônio Crime praticado por particular contra a adm. Pública em geral Não há exercício de função pública para obtenção da vantagem ilícita Vantagem ilícita relaciona-se com o exercício ilegal de função pública Não se realiza ato de ofício Há a realização indevida de ato de ofício Art. 331 - Desacato▪ Texto legal: Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de 06 meses a 02 anos, ou multa. ▪ Bem jurídico tutelado: o respeito e o prestígio da função pública, assegurando o andamento das atividades administrativas, bem como, secundariamente, a honra do funcionário público. ▪ Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), inclusive o funcionário público quando estiver fora da sua função. OBS: Há divergência doutrinária se o funcionário público também pode ser sujeito ativo no exercício da função, havendo quem discorde por se tratar de crimes cometidos por particular contra a administração, enquanto outros admitem desde que o funcionário desacate o seu superior hierárquico (se não houver hierarquia, não haverá o crime). Todavia, prevalece que é possível o funcionário público praticar desacato no exercício da função, independentemente da função que exerçam os sujeitos ativo e passivo, ou de subordinação hierárquica. Art. 331 - Desacato Informativo 395 STJ DESACATO. SUJEITO ATIVO. FUNCIONÁRIO PÚBLICO. O paciente, na qualidade de Secretário de Estado, foi chamado a prestar esclarecimentos à Assembléia Legislativa. Consta que, na sessão, ele teria detratado os deputados estaduais ali presentes, o que resultou em sua denúncia pela suposta prática do delito de desacato (art. 331 do CP). A Sexta Turma, prosseguindo no julgamento, após o voto vista do Min. Og Fernandes (que desempatou a votação), denegou, por maioria, a ordem entendendo que o crime em questão, de natureza comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive, funcionário público, seja ele superior ou inferior hierárquico à vítima. Isto porque o bem jurídico a ser tutelado é o prestígio da função pública, portanto, o sujeito passivo principal é o Estado e, secundariamente, o funcionário ofendido. Decidiu-se, ainda, que a exordial acusatória apresenta indícios suficientes para a persecução criminal, sendo impossível aferir, no momento, a alegada atipicidade da conduta do paciente por ausência de dolo. Os votos vencidos concediam a ordem para extinguir a ação penal por falta de justa causa. Precedentes citados: Inq 292-AC, DJ 4/2/2002, e HC 9.322-GO, DJ 23/8/1999. HC 104.921-SP, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 21/5/2009. Art. 331 - Desacato ▪ Sujeito passivo: será o estado e, secundariamente, o servidor ofendido, pois a ofensa macula sua honra profissional. OBS: será vítima somente o funcionário público definido no art. 327 do CP, não abrangendo o equiparado. ▪ Conduta: é desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela, podendo ser praticado por ação (ex: xingamento; gestos obscenos) ou omissão (ex: não responder a cumprimento). OBS: Desacatar é faltar com respeito, ofender, humilhar, com gestos ou palavras, ou até mesmo vias de fato. OBS: A mera crítica ao exercício da função pelo servidor não configura desacato, desde que seja realizada de maneira condizente com os padrões de respeito e urbanidade. Art. 331 - Desacato ▪ Conduta (cont.): OBS: O desacato ocorre não somente quando o funcionário estiver no exercício da função(por exemplo, quando estiver na repartição ou no horário de trabalho), mas também quando estiver fora dela, obviamente, desde que a ofensa seja em razão do ofício/função exercido pelo servidor. OBS: Independentemente de ser em público, a ofensa deve ser praticada na presença do funcionário público, isto é, o ofendido deve estar no lugar do ultraje, sob pena de restar configurado crime contra a honra (e não desacato). OBS: Advogados podem cometer desacato, pois eles só têm imunidade em relação aos crimes de injúria e difamação, e não em crimes que atingem a administração pública. Vide Informativo 436 STF. Art. 331 - Desacato Imunidade Profissional do Advogado e Desacato A Turma indeferiu habeas corpus impetrado contra decisão de Turma Recursal de Juizado Especial Criminal, que negara provimento a recurso interposto pelo ora paciente, no qual se pretendia a extinção do processo penal de conhecimento contra ele instaurado pela suposta prática do crime de desacato contra policial militar. Invocava-se, na espécie, a aplicação do § 2º do art. 7º da Lei 8.906/94 ("O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer."). Considerou-se o entendimento firmado pelo STF no julgamento da ADI 1127/DF (acórdão pendente de publicação), no sentido da inconstitucionalidade da expressão "e desacato" contida no aludido dispositivo. HC 88164/MG, rel. Min. Celso de Mello, 15.8.2006. (HC-88164) (...). VIII - A imunidade profissional do advogado não compreende o desacato, pois conflita com a autoridade do magistrado na condução da atividade jurisdicional. (...) (ADI 1127, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/05/2006) Art. 331 - Desacato ▪ Tipo subjetivo: é dolo consistente na vontade deliberada de desprestigiar a função exercida pelo sujeito passivo, não se admitindo a modalidade culposa. OBS: O agente deve ter a intenção de ofender a administração e a honra subjetiva do funcionário (elemento subjetivo específico, embora CLEBER MASSON discorde sob o argumento de que “desacatar” já implica em desprezo à função pública). CUIDADO: Embora bastante controverso, o fato do agente se encontrar nervoso/exaltado ou ter perdido o autocontrole não é suficiente para afastar o dolo do delito, principalmente considerando que ninguém desacata outrem estando em seu perfeito controle e com ânimo refletido. LEMBRAR: A emoção não exclui a imputabilidade penal (art. 28, I, do CP). Art. 331 - Desacato▪ Tipo subjetivo (cont.): OBS: Há quem defenda que a embriaguez afasta o dolo específico de humilhar, ofender, pois o ébrio perde os freios inibitórios, não agindo com intenção específica de ofender a administração. Todavia, prevalece que apenas a embriaguez fortuita ou de força exclui a imputabilidade (art. 28). ▪ Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que o funcionário público toma conhecimento (direto) do ato humilhante e ofensivo. OBS: pouco importa que o funcionário público tenha se sentido menosprezado/ofendido, ou se agiu com indiferença, tratando-se, portanto, de crime formal, pois o que está sendo tutelado é a dignidade do cargo. OBS: Não cabe tentativa pelo fato de ser indispensável a presença da vítima no momento da ofensa (crime unissubsistente). Ação penal: pública incondicionada. Art. 332 – Tráfico de influência ▪ Texto legal: Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: Pena - reclusão, de 02 a 05 anos, e multa. ▪ Bem jurídico tutelado: a administração pública, especialmente, o seu prestígio/confiança, bem como, indiretamente, o patrimônio do particular engando pelo agente. ▪ Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), inclusive, funcionário público. ▪ Sujeito passivo: o Estado, em primeiro lugar, e, em segundo plano, aquele que paga pela suposta mediação (corruptor putativo), que pratica imoral (mas não criminoso), tendo sido ele também lesado pela conduta do agente, que o enganou. Art. 332 – Tráfico de influência CUIDADO: Não confundir com o crime de advocacia administrativa, crime funcional (praticado por funcionário público contra a administração pública) onde o agente, direta ou indiretamente, aproveitando-se das facilidades que sua qualidade de funcionário lhe proporciona, defende/advoga/pleiteia interesse privado alheio (não existindo a infração quando o funcionário pleiteia interesse próprio), seja ele legítimo ou ilegítimo, perante a administração pública, independentemente da obtenção de qualquer vantagem pessoal ou econômica (se houver vantagem ou promessa de vantagem, haverá tráfico de influência, crime mais grave). Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. Art. 332 – Tráfico de influência▪ Conduta: Trata-se de modalidade especial de estelionato, onde o agente solicita, exige, cobra ou obtém vantagem ou promessa de vantagem (para si ou para outrem), simulando ter poder de influência sobre ato de funcionário público. CUIDADO: A conduta punível diz respeito ao agente que promete usar um influência que não possui. Caso essa influência seja real e o funcionário público seja corrompido, haverá o crime de corrupção ativa (art. 333), pelo qual o corruptor putativo também será responsabilizado criminalmente. CUIDADO: Se a vantagem efetivamente se destina ao funcionário público, que está em conluio/unidade de designíos com o agente, há crime de corrupção passiva (art. 317). ▪ Tipo subjetivo: é o dolo de praticar um dos verbos do tipo, acrescido do fim especial de agir “para obter para si ou para outrem vantagem indevida”. Art. 332 – Tráfico de influência▪ Consumação e tentativa: Nas modalidades “solicitar, exigir e cobrar”, a consumação ocorre com a prática de qualquer uma delas, independentemente da obtenção da vantagem (crime formal). ▪ Já na modalidade obter, é necessário que o agente aufira efetivamente a vantagem (crime material), o que é de difícil ocorrência na prática, pois, para obter a indevida vantagem, o agente deverá tê-la solicitado, exigido ou cobrado, ainda que implicitamente, já consumando o crime, portanto. ▪ A tentativa é admissível na forma escrita. CUIDADO: A obtenção da vantagem é mero exaurimento, sendo dispensável para a consumação do crime (crime formal). OBS: Para consumação do crime, é desnecessária a qualificação do funcionário público a que o agente afirma ter influência. Caso o mesmo seja identificado e não se trate de servidor, haverá estelionato. Art. 332 – Tráfico de influência▪ Majorante: Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. ▪ Caso o agente, além de toda a fraude empregada, afirma que a vantagem também se destina ao funcionário público que deverá praticar o ato, incidirá a presente majorante, pois a lesão à moralidade administrativa será ainda maior. CUIDADO: Se o tráfico indevido de influência recair sobre juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha, ocorrerá exploração de prestígio (crime contra a administração da justiça). Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. Estelionato Tráfico de influência Exploração de prestígio Crime contra o patrimônio Crime contra a administração pública Crime contra a administração da Justiça Crime comum Crime comum Crime comum Consiste em “obter” vantagem ilícita em prejuízo alheio mediante fraude (artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento) Consiste em solicitar, exigir, cobrar ou obter vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público Solicitar ou receber (dinheiro ou utilidade) a pretexto de influir em Juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário da justiça, perito, tradutor intérprete ou testemunha O agente visa obter vantagem ilícita em prejuízo alheio O agente visa obter vantagem ilícita O agente visa obter vantagem ilícita. Consuma-se com o duplo resultado (vantagem ilícita e prejuízo alheio) – crime material Consuma-se c/ a solicitação, exigência, cobrança (crime formal) ou c/ a obtenção da vantagem (crime material Consumação com a solicitação (delito formal) ou com o recebimento (delito material). REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS 1) Admite modalidade culposa o crime de: a) Peculato b) Prevaricação c) Concussão d) Corrupção passiva e) Corrupção ativa. 2) Antônio, funcionário público, exige de Pedro, para si, em razão da função, vantagem indevida, consistente em certa quantia em dinheiro. Pedro concorda com a exigência e combina com Antônio um local para a entrega do dinheiro, mas Antônio é preso por policiais, previamente avisados do ocorrido, no momento em que ia recebê-lo. Assinale a alternativa correta. (A) Antônio cometeu crime de extorsão consumado. (B) Antônio cometeu crime de concussão consumado. (C) Antônio cometeu crime de extorsão tentado. (D) Antônio cometeu crime de concussão tentado. (E) Trata-se de crime impossível, em razão de flagrante preparado. REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS 3) Julgue os itens abaixo verdadeiro ou falso: I - Pratica crime de prevaricação o funcionário público autorizado que insere dados falsos nos sistemas informatizados ou banco de dados da administração pública, com o fim de causar dano a outrem. II - No crime de peculato culposo, se o sujeito ativo reparar o dano até a data da sentença irrecorrível, sua punibilidade será extinta. III - No crime de prevaricação, a satisfação de interesse ou sentimento pessoal é mero exaurimento do crime, não sendo obrigatória a sua presença para a configuração do delito. IV - Não haverá o crime de condescendência criminosa quando faltar ao funcionário público competência para responsabilizar o subordinado que cometeu a infração no exercício do cargo. V – A solicitação de determinada importância em dinheiro a pretexto de influir em testemunha, constitui tráfico de influência. VI - A conduta do agente que, após ter sido abordado por policiais, abaixa cinicamente as calças em público, chamando-os para revistá- lo em tom jacoso, demonstrando efetivo intuito de menosprezo, pretendendo constrangê-los e ridicularizá-los diante de populares que presenciam o ato, caracteriza o crime de injúria. REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS 3) Julgue os itens abaixo verdadeiro ou falso: VII - No peculato impróprio, o funcionário público concorre culposamente para o crime de outrem. VIII - O funcionário público somente pode ser sujeito ativo de desacato se hierarquicamente inferior ao ofendido. 4) Paulino, que é servidor público, e seu vizinho Silvestre, que não tem vínculo funcional com a administração pública, subtraíram o computador e a impressora utilizados por Paulino na sua unidade de lotação, apropriando-se dos equipamentos. Silvestre tem conhecimento da profissão de Paulino. Nessa hipótese, Paulino e Silvestre devem responder pelo(s) crime(s) de a) peculato e furto, respectivamente. b) peculato. c) furto e peculato, respectivamente. d) furto. e) peculato e apropriação indébita, respectivamente REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS 5) Durante um julgamento perante o Tribunal do Júri, um jurado, que em sua vida normal exerce a função de vendedor, solicitou R$ 10.000,00 (dez mil reais) ao advogado do réu para votar pela absolvição deste. O jurado a) cometeu crime de corrupção ativa. b) cometeu crime de corrupção passiva. c) cometeu crime de concussão. d) cometeu crime de prevaricação. e) não cometeu nenhum crime, pois não era funcionário público 6) Não pode ser considerado próprio de funcionário público o crime de: a) Concussão. b) Prevaricação. c) Corrupção ativa. d) Corrupção passiva e) N.D.A. REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS 7) José é funcionário público e, em cumprimento de mandado judicial, se dirigiu ao escritório de Pedro para efetuar busca e apreensão de autos. Pedro lhe ofereceu a quantia de R$ 100,00 para que retardasse a diligência por alguns dias. José aceitou o dinheiro, mas não retardou a diligência, efetuando desde logo a apreensão. José e Pedro responderão, respectivamente, por crime de a) prevaricação e corrupção passiva. b) concussão e corrupção passiva. c) corrupção ativa e corrupção passiva. d) prevaricação e corrupção ativa. e) corrupção passiva e corrupção ativa REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS 8) Considere as seguintes assertivas: I. Desviar o funcionário público dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio. II. Exigir, para si ou para outrem direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. III. Exigir tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. IV. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. A descrição das condutas típicas acima, correspondem, respectivamente, aos crimes de REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS 9) Determinado diretor de um presídio, deixando de cumprir com os deveres de seu ofício, acabou por permitir que um preso, recolhido no estabelecimento prisional que dirige, tivesse em seu poder um aparelho celular que permitia a comunicação com outros presos e com o ambiente externo. Entretanto, no inquérito policial instaurado, restou evidenciado que o mencionado diretor não agiu para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Pergunta-se: como deve ser considerada a conduta do diretor deste presídio? a) Apenas como transgressão administrativa por ausência de dolo específico b) Como crime de facilitação à fuga c) Como crime de condescendência criminosa d) Como uma espécie de crime de prevaricação e) Como excesso ou desvio de execução REVISÃO DOS TEMAS ABORDADOS 10) Considerando os crimes contra a administração pública, assinale a opção correta. a) Pratica concussão o funcionário que exige, mediante violência, direta ou indiretamente, para si ou para outrem, em razão da função pública, vantagem indevida. b) A corrupção é crime de concurso necessário, sendo necessária, para a consumação, a presença do corruptor ativo e do corruptor passivo. c) Como a qualidade de funcionário público é circunstância pessoal, não se comunica ao particular que eventualmente participe da prática de crime contra a administração pública. Em tais situações, responde o particular por crime diverso. d) Em denúncia de crime de prevaricação, é suficiente que o Ministério Público (MP) afirme que o acusado agiu para a satisfação de interesse pessoal, pois, durante a instrução, pode-se perquirir no que consistiu o mencionado interesse. e) N.D.A.
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