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ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

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1 
 
 
 
CURSO: Delegado de Polícia Civil nº 12 
DATA: 23/02/17 
DISCIPLINA: Direito Administrativo 
PROFESSOR(A): Flávia Campos 
MONITOR(A): Bruna Ribeiro Guimarães 
AULA 01 
 
Contato: 
 Email: flavinhacp@hotmail.com 
 Facebook: professora Flávia Campos 
 Instagran/twitter/periscope: @flavinhacp 
 Snapchat: @flavinha.cp 
 
Doutrina indicada: 
 Rafael Oliveira – Curso de Direito Administrativo; 
 Fernanda Marinela – Direito Administrativo; 
 
Ementa: 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
1. Funções típicas e atípicas dos Poderes 
2. Sentidos da administração pública 
3. Teorias do Direito Administrativo 
3.1.Teoria do mandato 
3.2. Teoria da Representação 
3.3. Teoria do órgão / teoria da imputação / teoria da imputação volitiva / teoria de 
Otto Gierke 
ORGANIZAÇÃO ADMINISRATIVA 
1. Desconcentração X Descentralização 
2. Desconcentração 
2.1. Conceito de Órgão Público 
2.2. Personalidade judiciária do órgão 
2.3. Capacidade contratual dos órgãos públicos 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
1. Funções típicas e atípicas dos Poderes 
Artigo 2º, CR: São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o 
Executivo e o Judiciário. 
Os Poderes da União possuem funções típicas e atípicas. Funções típicas são as funções 
principais de cada poder. Entretanto, todos os poderes exercem também funções atípicas, que são 
aquelas originariamente inerentes a outro poder. 
Tipicamente, a função de administrar é inerente ao poder executivo. Entretanto, a 
administração pública pode ser exercida atipicamente por qualquer entidade, órgão ou agente 
público dos demais poderes. 
A função administrativa será exercida como função típica pelo poder executivo e como 
função atípica pelo judiciário e legislativo. 
Vejamos: 
Poder Legislativo: função típica de editar normas gerais e abstratas que criem direitos e obrigações; 
Poder Judiciário: função jurisdicional. Função típica de dirimir conflitos com caráter de definitividade; 
Poder Executivo: função administrativa. É a função típica de administrar a coisa pública para garantir 
o interesse público. 
Desta forma, concluímos que todos os poderes da república podem exercer a função 
administrativa, seja típica ou atipicamente. 
2. Sentidos da administração pública 
 Inicialmente, a administração pública pode adotar dois sentidos: subjetivo e objetivo. 
2.4. Classificações dos órgãos públicos 
3. Descentralização 
3.1. Classificações doutrinárias acerca da descentralização 
3.1.1. Classificação trazida por Hely Lopes Meireles 
3.1.2. Classificação trazida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro 
3.1.3. Classificação trazida por José dos Santos Carvalho Filho 
3.1.4. Classificação trazida pela doutrina moderna (Descentralização Social) 
3.2. Administração pública indireta 
3.3. Consórcios Públicos 
3.4. Características comuns a todas as pessoas jurídicas/entidades – autarquias, 
fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista 
3.4.1.Especialidade 
3.4.2. Reserva legal (art. 37, XIX, CR) 
3.4.3. Controle/vinculação 
3.5. Espécies de entidades da administração pública indireta 
3.5.1. Autarquias 
3 
 
 Administração pública no sentido subjetivo/formal/orgânico: diz respeito aos sujeitos da 
administração, quem a integra. Neste contexto, a administração pública é a própria pessoa 
jurídica/entidade, órgão público e agentes públicos de todas as esferas da administração. Ex: 
Estados, DF, agentes públicos, etc. 
 Administração pública no sentido objetivo/material/funcional: diz respeito ao objeto da 
administração pública. Neste contexto, a administração pública é a função administrativa. É o 
exercício da função administrativa. 
A administração pública adota, ainda, além dos sentidos apresentados acima, o sentido 
restrito/estrito ou amplo, conforme segue: 
 Administração pública no sentido restrito/estrito: é o exercício único e exclusivo da função 
administrativa. 
 Administração pública no sentido amplo: é o exercício da função administrativa + exercício da 
função política/função de governo. 
A administração pública, além de exercer a função típica de administrar e as funções atípicas, 
exerce também a função política/função de governo (função típica). Ex: permitir que tropas 
estrangeiras circulem pelo país. 
A administração pública no sentido subjetivo e objetivo pode ser desempenhada de modo 
restrito ou amplo. 
3. Teorias do Direito Administrativo 
Ao longo do tempo surgiram no direito administrativo algumas teorias que visam explicar a 
natureza da atuação do agente público em nome da pessoa jurídica. 03 (três) teorias podem ser 
destacadas: teoria do mandato, teoria da representação e teoria do órgão. 
3.1.Teoria do mandato 
Não é adotada atualmente. 
Tal teoria entende que o agente público atua em nome da pessoa jurídica de direito público 
em razão da existência de um contrato de mandato entre eles. O mandato justifica e legitima a 
atuação do agente público em nome da pessoa jurídica. 
A crítica feita a esta teoria é a de que a administração pública não é capaz de manifestar 
sua vontade e, portanto, não firma contrato. 
3.2. Teoria da Representação 
Não é adotada atualmente. 
Segundo esta teoria o agente público atua em nome da administração pública por se tratar 
de seu representante. O agente público seria um representante da pessoa jurídica. 
A crítica apresentada a esta teoria é a de que a administração pública não pode ser 
comparada ao incapaz, uma vez que quem carece de representação é o incapaz. 
 
4 
 
3.3. Teoria do órgão / teoria da imputação / teoria da imputação volitiva / teoria de Otto Gierke 
Teoria adotada atualmente. 
Esta teoria associa a administração pública ao corpo humano. Segundo ela, do mesmo modo 
que o corpo humano é composto por órgãos humanos, a administração pública é composta por 
órgão públicos. 
Não é necessário contrato ou lei para que o agente público atue em nome da administração 
pública, uma vez que os agentes são órgãos são inerentes à administração. Quando o agente 
público atua quem está atuando é a própria pessoa jurídica de direito público. A vontade do agente 
público é imputada à pessoa jurídica. 
ORGANIZAÇÃO ADMINISRATIVA 
A administração pública possui duas formas de organização administrativa: a 
desconcentração e a descentralização. 
1. Desconcentração X Descentralização 
Ambas são formas de organização administrativa. 
A desconcentração ocorre quando a administração direta cria um órgão público para 
desempenhar certa atividade. A administração passa determinada atividade para este órgão 
público. 
A descentralização ocorre quando a administração direta transfere a atividade para uma 
pessoa jurídica/entidade. A administração pode criar a pessoa jurídica/entidade ou transferir a 
atividade para uma pessoa jurídica já existente (ex: concessionária ou permissionária de serviço 
público). 
2. Desconcentração 
A desconcentração é forma de organização administrativa em que são criados órgãos 
públicos para desempenhar certa atividade. 
Neste tópico serão estudados os órgãos públicos e suas peculiaridades. 
2.1. Conceito de Órgão Público 
Órgão público é um centro interno de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica 
da administração pública. 
Tanto a administração pública direta quanto indireta pode se subdividir em órgãos, nos 
termos do artigo 1º, §2º, I da Lei 9784. 
Art. 1o § 2o - Para os fins desta Lei, consideram-se: 
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da 
estrutura da Administração indireta; 
O órgão público não é pessoajurídica, logo, não tem personalidade jurídica. Ele sempre 
integra a pessoa jurídica. 
5 
 
2.2. Personalidade judiciária do órgão 
Em regra, o órgão público não possui capacidade processual, possui apenas personalidade 
judiciária. 
Personalidade judiciária é a capacidade que o órgão público possui de excepcionalmente 
ser parte em processo judicial. 
Nos termos do artigo 70 do Código de Processo Civil, possui capacidade de estar em juízo 
toda pessoa no exercício de seus direitos. Vejamos: 
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para 
estar em juízo. 
Desta forma, como o órgão público não é pessoa, podemos concluir que ele não possui 
capacidade jurídica. Logo, em regra, o órgão público também não pode demandar ou ser 
demandado em juízo. 
Aquele que sofre um dano causado por um órgão público deverá demandar contra a pessoa 
jurídica da administração a qual o órgão estiver vinculado. 
Entretanto, excepcionalmente, o órgão poderá ser parte em processo judicial. Nesta situação 
o órgão público, que continua desprovido de personalidade jurídica, passa a ter personalidade 
judiciária, que é a capacidade para ajuizar a ação. 
Tal situação ocorrerá em duas hipóteses: 
a) quando a lei expressamente determinar: ex: artigo 82, III, CDC. 
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: 
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem 
personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos 
protegidos por este código. Ex: PROCON. 
b) quando forem preenchidos dois requisitos cumulativos: ser órgão de cúpula administrativa + estar 
na defesa de seus direitos institucionais. 
São exemplos de órgãos de cúpula: Presidência da República, Tribunais, Tribunal de 
Contas, MP, etc. 
Um exemplo de aplicação da capacidade judiciária aos órgãos de cúpula no exercício de 
seus direitos institucionais está disposto na súmula 525 do STJ. Vejamos: 
Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas 
personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus 
direitos institucionais. 
 Desta forma, a Câmara dos vereadores poderá ajuizar ação para discutir, por exemplo, 
duodécimos (valores que a Câmara recebe todo mês do poder executivo). Em contrapartida não 
poderá ajuizar uma ação para discutir contribuição previdenciária dos vereadores, pois não se trata 
de assunto de interesse institucional e sim de interesse pessoal dos vereadores. 
6 
 
2.3. Capacidade contratual dos órgãos públicos 
Órgão público não é pessoa e não possui capacidade jurídica. Logo, em regra, não pode 
firmar contrato, nos termos do artigo 1º do Código Civil. 
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
Entretanto, apesar de os órgãos, em regra, não firmarem contrato, poderão firmar contrato 
de gestão, previsto no artigo 37, §8º da Constituição. 
Art. 37, § 8º, CR A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades 
da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado 
entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de 
desempenho para o órgão ou entidade (..). 
Neste contrato são estabelecidas metas de desempenho em troca de maior autonomia 
para o órgão. Assim, o órgão deverá apresentar maior desempenho e se conseguir cumprir a meta 
proposta pela administração pública lhe será concedida maior autonomia. 
Conforme entendimento doutrinário, o contrato de gestão não se trata de contrato e sim 
convênio, uma vez que ambas as partes possuem interesses convergentes. O interesse das partes 
é uno: melhorar o desempenho da administração pública. 
Em que pese o entendimento doutrinário, a constituição utilizou o termo “contrato” para os 
contratos de gestão e, sendo assim, podemos entende-lo como uma exceção à regra de que órgãos 
públicos não firmam contratos. 
O termo “contrato de gestão” está previsto no artigo 51, II da Lei 9.649/98. Vejamos: 
Art. 51. II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor. 
2.4. Classificações dos órgãos públicos 
A principal classificação dos órgãos públicos foi proposta por Ely Lopes Meireles, que os 
classifica quanto à sua hierarquia. 
Ely Lopes divide os órgãos públicos em 4: órgão independentes, autônomos, superiores e 
subalternos. 
Para facilitar a memorização a professora Flávia Campos propõe a seguinte dica 
mnemônica: IASS (Independentes; Autônomos; Superiores; Subalternos). 
 Órgãos Independentes: são os órgãos de cúpula da administração pública e estão todos 
previstos na constituição. Eles se encontram no topo da hierarquia organizacional. Ex: 
Governadoria dos Estados. 
 Órgãos Autônomos: são órgãos diretamente subordinados aos órgãos independentes. Não 
possuem independência, possuem apenas autonomia. Ex: Polícia Civil. Obs.: alguns 
(poucos) estados da federação preveem a Polícia Civil como órgão superior. 
 Órgãos Superiores: não possuem autonomia, mas possuem poder decisório. Ex: Polícia 
Federal. 
7 
 
Obs: PEC 412/2009 – atualmente a Polícia Federal é órgão superior e está subordinada ao 
Ministério da Justiça. A proposta de Emenda Constitucional 412 visa assegurar autonomia à 
Polícia Federal. 
 Órgãos subalternos: simplesmente executam ordens. Não possuem autonomia ou poder 
decisório. Ex: almoxarifado da Polícia Civil. 
Muitos autores modernos criticam esta classificação, entretanto, é a classificação mais 
cobrada em provas. 
3. Descentralização 
Descentralização é a forma de organização administrativa em que a administração pública 
transfere a atividade para uma pessoa jurídica/entidade. A administração pode criar a pessoa 
jurídica/entidade (ex: INSS) ou passar a atividade para uma pessoa jurídica já existente (ex: 
permissão e concessão). 
3.1. Classificações doutrinárias acerca da descentralização 
A doutrina propõe 4 formas de classificação da descentralização. A primeira é trazida por 
Ely Lopes Meireles, a segunda por Maria Syvia Zanella Di Pietro, a terceira por José dos Santos 
Carvalho Filho e a quarta é trazida pela doutrina moderna. 
3.1.1. Classificação trazida por Hely Lopes Meireles 
 Descentralização por outorga: por meio de lei, a administração pública direta cria uma nova 
pessoa jurídica e transfere para ela determinada atividade. Essa nova pessoa jurídica passa a 
chamar administração pública indireta. São transferidas para administração indireta a 
titularidade + execução do serviço. Ex: INSS. 
 Descentralização por delegação: a administração pública através de um ato ou contrato 
administrativo passa para uma pessoa jurídica já existente a execução da atividade. A 
administração direta continua a possuir a titularidade do serviço, ela transfere apenas a 
execução. Ex: concessão e permissão de serviço público. 
3.1.2. Classificação trazida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro 
 Descentralização por serviço/técnica/funcional: a administração pública, por meio de lei, cria 
uma nova pessoa jurídica (administração pública indireta) e transfere para ela a titularidade + 
execução da atividade. Ex: INSS. 
Corresponde à descentralização por outorga trazida por Hely Lopes. 
 Descentralização por colaboração: ocorre por ato ou contrato administrativo. A administração 
pública passa determinada atividade à uma pessoa jurídica já existente. É passada apenas a 
execução da atividade. Ex: concessionária e permissionária de serviço público. 
Corresponde à descentralização por delegação trazida por Hely Lopes. 
 Descentralização geográfica/territorial: a administração públicadá autonomia a uma 
determinada região geográfica. Para Maria Sylvia é exemplo de descentralização geográfica no 
8 
 
Brasil os territórios federais (artigo 18, §2º CR/88). Por mais que atualmente eles não existam 
de fato, estão previstos na Constituição e podem ser criados a qualquer tempo. 
3.1.3. Classificação trazida por José dos Santos Carvalho Filho 
 
A crítica feita por José dos Santos Carvalho Filho à classificações proposta por Ely Lopes e 
Maria Sylvia é a de que não é possível que a administração pública transfira a titularidade de um 
serviço. Para ele, se a titularidade for transferida à um terceiro a administração direta perde o 
controle do serviço. A administração direta sempre será titular do serviço público. 
 Descentralização legal: a administração pública, através de lei, cria uma pessoa jurídica 
(administração pública indireta) e passa para ela a execução (e somente a execução) do 
serviço. Ex: INSS. 
 Descentralização negocial: por meio de um ato ou contrato administrativo a administração 
pública direta transfere a execução (e somente a execução) do serviço a uma pessoa jurídica 
já existente. Ex: concessão e permissão de serviço público. 
3.1.4. Classificação trazida pela doutrina (Descentralização Social) 
A doutrina moderna do direito administrativo propõe a descentralização social. 
Descentralização social é aquela advinda das parcerias com o terceiro setor. 
3.2. Administração pública indireta 
A administração pública indireta é prevista no artigo 37, XIX e XX da CR/88, artigos 4º e 5º 
do Dec. Lei 200/67 e na Lei 13.303/16. 
De acordos com estes artigos integram a administração pública indireta as autarquias, 
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. 
Art. 37. XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a 
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à 
lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação; 
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das 
entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em 
empresa privada; 
São exemplos pessoa jurídicas da administração indireta: 
 Autarquias: INSS, IBAMA; 
 Fundações públicas: FUNAI; 
 Empresas públicas: Caixa econômica, correios; 
 Sociedades de economia mista: BB, Petrobras. 
3.3. Consórcios Públicos 
Consórcios públicos são pessoas jurídicas integrantes da administração pública indireta 
regulamentados na Lei dos Consórcios Públicos – Lei 11.107/05. 
9 
 
Não são considerados uma quinta espécie de entidade da administração indireta. Os 
consórcios são uma espécie de autarquia ou de empresa pública, a depender da sua natureza 
jurídica (direito público ou privado). 
Consórcio público é a reunião de entes federativos que buscam um interesse em comum. 
Ex: Autoridade Pública Olímpica – junção entre a União, o Estado do RJ e o Município do RJ para 
realização das olimpíadas. 
O artigo 6º da Lei de Consórcios Públicos diz que quando ocorre esta reunião estará sendo 
criada uma nova pessoa jurídica. Poderá haver a criação de uma pessoa jurídica de direito público 
ou privado. 
Art. 6o O consórcio público adquirirá personalidade jurídica: 
I – de direito público, no caso de constituir associação pública, mediante a vigência das leis 
de ratificação do protocolo de intenções; 
II – de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil. 
O consórcio público de direito público é chamado associação pública. A lei prevê que as 
associações públicas integram a administração pública indireta de todos os entes consorciados. Ex: 
a Autoridade Pública Olímpica integra a União, o estado do RJ e o Município do RJ. 
Nos termos do artigo 41, IV do Código Civil, as associações públicas são uma espécie de 
autarquia. Vejamos: 
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: 
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; 
O consórcio público de direito privado não possui nomenclatura específica. A maioria da 
doutrina entende que o consórcio público de direito privado integra a administração pública indireta 
de todos os seus entes consorciados (entendimento doutrinário). 
O consórcio público de direito privado é assemelho às empresas públicas que prestam serviço 
público ou às fundações públicas de direito privado. 
3.4. Características comuns a todas as pessoas jurídicas/entidades – autarquias, fundações, 
empresas públicas e sociedades de economia mista 
3.4.1.Especialidade 
Cada uma das pessoas jurídicas da administração indireta é criada para um fim específico. 
O objetivo da especialização é a busca pela eficiência do serviço. 
A especialidade da pessoa jurídica/entidade é dada por lei específica e somente a lei pode 
alterá-la. Ex: o INSS é especialista em questões de benefícios previdenciários. 
3.4.2. Reserva legal (art. 37, XIX, CR) 
Conforme o artigo 37, XIX da CR/88, todos os integrantes da administração indireta 
dependem de lei específica para sua existência. Vejamos: 
10 
 
Art. 37, XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a 
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à 
lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação; 
Nos termos do artigo 37 da CR, existe diferença entre a criação de autarquias, fundações, 
empresas públicas e sociedades de economia mista. 
As autarquias são criadas por lei, enquanto que as demais entidades são autorizadas por 
lei. 
As autarquias serão criadas por lei específica. Isso quer dizer que com a entrada em vigor 
da lei específica, automaticamente a autarquia passará existir. Não é necessário o preenchimento 
de qualquer outro requisito para sua existência. 
Entretanto, a criação das fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia 
mista serão autorizadas por lei. Desta forma, para a criação dessas pessoas jurídicas deverá haver 
uma lei específica autorizando sua criação + registro no cartório de pessoas jurídicas. Elas só 
passam a existir após a autorização legal com o respectivo registro no cartório das pessoas 
jurídicas. Esta é a previsão do artigo 45 do Código Civil. Vejamos: 
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição 
do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização 
ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que 
passar o ato constitutivo. 
Vale destacar, ainda, que o artigo 37, XX, CR/88 permite a que a administração indireta 
possua participação em outras empresas privadas e que ela crie subsidiárias, conforme segue: 
Art. 37, XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias 
das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas 
em empresa privada; 
Quando a constituição utiliza a expressão “em cada caso” deixa a entender que deverá haver 
uma lei específica para criação de cada subsidiária. 
Entretanto, o STF entende que basta que a lei autorize genericamente a participação da 
administração pública indireta em outras empresas ou que ela autorize genericamente a criação de 
subsidiárias (autorização legal genérica). Havendo uma lei que autorize a criação de subsidiárias 
para determinada pessoa jurídica, ela poderá criar quantas subsidiárias ela quiser. 
Este é o teor da ADI 1649. Vejamos: 
ADI 1649 – É dispensável a autorização legislativa para a criação de empresas subsidiárias, 
desde que haja previsão para esse fim na própria lei que instituiu a empresa de economia 
mista matriz,tendo em vista que a lei criadora é a própria medida autorizadora. 
3.4.3. Controle/vinculação 
Entre pessoas jurídicas diferentes não existe hierarquia ou subordinação. O que existe entre 
pessoas jurídicas da administração direta e as da administração indireta é vinculação, também 
chamada de controle, controle finalístico ou supervisão ministerial. Ex: não há hierarquia entre 
a união e a Petrobras. 
11 
 
 3.5. Espécies de entidades da administração pública indireta 
3.5.1. Autarquias 
Autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas por lei para exercer atividades 
típicas de Estado. Ex: INSS, Banco Central, IBAMA. 
Atividade típica de Estado é conceito jurídico indeterminado, não sendo possível estabelecer 
uma lista destas atividades. Entretanto, é possível afirmar que, por exemplo, o exercício do poder 
de polícia é atividade típica estatal, ao passo que a exploração de atividade econômica não é. A 
exploração de atividade econômica é típica da iniciativa privada. Desta forma, as autarquias não 
exercerão atividade econômica. Ex: o Banco Central não desempenha atividade econômica, ele 
simplesmente regula sua prática. 
ATENÇÂO: o artigo 5º, I do Decreto-Lei 200/67 dispõe que “considera-se autarquia o serviço 
autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar 
atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, 
gestão administrativa e financeira descentralizada”. 
Embora o decreto-lei utilize o termo “serviço autônomo”, tal nomenclatura não é técnica. 
Deve-se ter atenção para não confundir “serviço autônomo” com “serviço social autônomo”, que 
é serviço prestado pelo terceiro setor. 
a) características das autarquias: 
 Regime de pessoal 
O regime de pessoal que vigora nas autarquias é o mesmo regime da administração pública 
direta à qual ela está vinculada. Se a administração direta adota o regime estatutário, a autarquia 
por ela criada também adotará o regime estatutário. Isso ocorre pois, hoje em dia, é aplicável o 
regime jurídico único, nos termos do artigo 39 da Constituição. Vejamos: 
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua 
competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração 
pública direta, das autarquias e das fundações públicas. 
Atualmente é pacífico tal entendimento, entretanto, durante algum tempo o assunto foi objeto 
de discussão. 
A discussão ocorreu pela seguinte razão: 
A Emenda Constitucional 19/98 alterou a redação original do artigo 39, caput da 
Constituição, passando a facultar à administração pública a adoção de regimes jurídicos 
diferenciados, derrubando, assim, o regime jurídico único. 
A redação dada ao artigo 39 pela Emenda 19 é a seguinte: 
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política 
de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos 
respectivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide 
ADIN nº 2.135-4). 
12 
 
Entretanto, recentemente, o Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria de seus 
Ministros, suspendeu liminarmente a vigência do caput do artigo 39 da Constituição Federal, 
conforme redação dada pela EC 19/98, em sede de controle concentrado de constitucionalidade, 
ao apreciar o pedido cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 2.135-4/DF. 
Com efeito, voltou a vigorar a redação originária do artigo 39 da Carta Magna, perfazendo 
renascer o Regime Jurídico Único - RJU para os planos de carreira dos servidores da Administração 
Pública, das autarquias e fundações públicas. 
Verificou-se que as normas do processo legislativo que inauguraram a nova redação (dada 
pela Emenda 19) ao dispositivo constitucional em comento, não foram rigidamente observadas, 
possibilitando pleno controle de constitucionalidade por parte do Supremo Tribunal Federal. 
Na ocasião da votação da proposta de nova redação do caput do art. 39, o novo texto só 
poderia considerar-se aprovado, se os votos favoráveis atingissem o quórum mínimo de três quintos 
dos respectivos membros, nos termos do art. 60, § 2º, o que não ocorreu. 
Portanto, hoje está suspensa a vigência do caput do artigo 39 da Constituição da República, 
na redação dada pela EC 19/98, como também a opção da Administração Pública de adotar regimes 
jurídicos diferenciados – seja o estatutário, seja o da CLT - uma vez que se restabeleceu o texto 
previsto pelo Legislador Constituinte Originário, que previa Regime Jurídico Único para os 
servidores públicos da Administração Pública direta, das Autarquias e das Fundações Públicas. 
Conclui-se, portanto, que atualmente o regime jurídico de pessoal das autarquias será o 
mesmo regime adotado pela administração direta, tendo em vista que voltou a valer o regime 
jurídico único. 
Embora essa seja a regra atualmente, os servidores que ingressaram entre 98 e 2007 
(período em que aplicou-se o artigo 39 com redação da pela emenda 19) não se sujeitam ao regime 
jurídico único, podendo ser celetistas ou estatutários.

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