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DA CONFISSÃO, OFENDIDO, TESTEMUNHA, ACAREAÇÃO E RECONHECIMENTO ALUNO

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PROCESSO PENAL 
PROFESSOR:
Lanker Vinícius
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DECLARAÇÕES DO OFENDIDO – ART. 201 DO CPP
O ofendido não é parte na ação penal, salvo na ação privada, na verdade, exerce posição própria e específica, já que a legitimidade e titularidade pertencem ao órgão acusador.
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Ofendido não é testemunha.
Não deve, portanto, constar do rol de testemunhas da denúncia (deve constar em item separado).
O ofendido não presta o compromisso de dizer a verdade.
O ofendido não responde pelo crime de falso testemunho, podendo eventualmente responder pelo crime de denunciação caluniosa (art. 339 CP).
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Nas hipóteses de ação penal privada, o querelante será ouvido na condição de ofendido.
Condução coercitiva: é possível. Art. 201, §1º CPP (autoridade: policial ou judiciária). 
Para o exame de corpo de delito, é possível condução coercitiva do ofendido? Não é possível a condução coercitiva para sujeitar a vítima a exame de corpo de delito.
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Podem ser sujeitos passivos dos ilícitos penais: (ofendido).
pessoa natural.
pessoa jurídica de direito público. Ex. União, Estados-membros, Municípios.
pessoa jurídica de direito privado. Ex. empresa pública, sociedades privadas.
certas comunidades sem personalidade jurídica. Ex. família
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DA CONFISSÃO – ART. 197 AO 200 CPP
Conceito:
 é a aceitação formal da imputação da infração penal feita pelo próprio acusado. O próprio acusado admite como verdadeiros os fatos que lhe são imputados na peça acusatória.
Alguns doutrinadores chamam a confissão de testemunho duplamente qualificado. Isso porque, do ponto de vista objetivo, recai sobre fatos contrários ao interesse de quem confessa. Já do ponto de vista subjetivo, provém do próprio acusado e não de terceiros.
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Se o acusado confessa, o juiz deve indagá-lo acerca dos motivos. Art. 190 CPP. Na parte final, o próprio CPP estimula uma delação.
A confissão só será válida se feita por imputável, se desconhecendo no âmbito penal a confissão ficta, como a tácita, resultante do silêncio, ou presumida, decorrente de revelia ou fuga.
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Requisitos:
(a) A confissão deve ser feita perante a autoridade competente.
(b) A confissão deve ser livre, espontânea e expressa.
O pagamento de indenização significa confissão? A reparação do dano não importa em confissão, salvo na hipótese dos juizados especiais criminais (na verdade, neste caso, não é confissão propriamente dita; a composição dos danos civis importa em renúncia ao direito de queixa ou de representação).
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(c) A confissão deve versar sobre o fato principal.
(d) A confissão deve ser verossímil. Deve guardar semelhança com os fatos narrados.
(e) A confissão deve ter compatibilidade e concordância com as demais provas do processo.
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Valor probatório: como os demais meios de prova, a confissão tem valor relativo. Os requisitos acima devem estar presentes, especialmente em relação à compatibilidade e concordância com as demais provas do processo. Lembrar que a confissão não pode suprir o exame de corpo de delito.
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Características:
divisível ou cindibilidade - o acusado pode confessar a totalidade do fato que lhe foi imputado ou apenas uma parte. Art. 200 CPP.
retratável - a qualquer momento, pode o acusado se retratar. Art. 200 CPP.
Pelo procedimento antigo, como o interrogatório era o primeiro ato, seria mais lógico o acusado se retratar. Hoje, contudo, a retratação fica mais complicada, pois o interrogatório é o último ato da instrução.
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Tipos:
simples - reconhece a prática de infração.
complexa - vários fatos confessados.
qualificada - quando alega embora haja praticado infração, existe excludente de culpabilidade (art. 386, V).
judicial – realizada em juízo.
extrajudicial – prestada por qualquer veículo, em outra comarca ou na polícia.
expressa – voluntária por palavras ou gestos.
tácita ou ficta – deduzida de um ato legal (art. 5, LXIII da CF e art. 198 do CPP). 
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 Da testemunha 
Conceito:
 testemunha é a pessoa natural convocada para atestar em juízo ou extrajudicialmente, mesmo não sendo parte interessada na lide, a existência de um ato ou para esclarecer fato que é de seu conhecimento ou que presenciou. Segundo Magalhães Noronha é a pessoa que, perante o juiz, declara o que sabe dos fatos sobre os quais se litiga no processo penal, sob pena de condução coercitiva.
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Art. 202 CPP: não há restrições. Qualquer pessoa pode ser testemunha. Assim, por exemplo, uma criança de 6 anos pode ser testemunha (mas é necessário sopesar se é interessante ou não ouvi-la).
Testemunha é toda pessoa humana capaz de depor e estranha ao processo, chamada para declarar a respeito de fato percebido por seus sentidos e relativo à causa.
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Características:
Judicialidade ou imediação judicial: prova testemunhal é aquela colhida em juízo, sob o crivo do contraditório.
Oralidade: testemunha não pode trazer seu depoimento por escrito, podendo fazer breve consulta a apontamentos. Art. 204 CPP.
Exceções:
Depoimento de deficientes auditivos ou mudos; 
Interrogatório de deficientes:
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Art. 221, §1º CPP. São pessoas que têm a faculdade de depor por escrito: Presidente, Vice, Presidente do Senado, Presidente da Câmara e Presidente do STF.
Individualidade: cada testemunha é ouvida separadamente da outra (a idéia é evitar contato entre as testemunhas). O problema é que, antes da oitiva, as testemunhas ficam juntas, aguardando. Art. 210 CPP (pelo parágrafo único, as testemunhas devem ficar separadas; mas na prática isso não acontece).
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Objetividade: testemunha depõe sobre fatos, não podendo emitir opiniões, salvo quando inseparáveis do fato narrado (por exemplo, no caso do perito, que deve emitir sua opinião). Art. 213 CPP.
Retrospectividade: testemunha depõe sobre fatos passados, jamais sobre fatos futuros.
Contraditoriedade: o depoimento da testemunha está sujeito a reperguntas.
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No procedimento comum, a novidade é a adoção do sistema do cross-examination, também chamado de método de exame direito e cruzado. Por esse sistema, a testemunha é inquirida inicialmente por quem a arrolou (exame direito). Depois, a testemunha é submetida ao exame cruzado pela parte contrária. Esse exame cruzado pode ser dividido:
Cross-examination as to facts (em relação aos fatos): a testemunha é reinquirida a respeito dos fatos já abordados no primeiro exame.
Cross-examination as to credit: perguntas são formuladas a fim de verificar a credibilidade do depoente. 
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Art. 212 CPP: aplicável no procedimento comum, como regra geral. Valerá para toda oitiva do ofendido e das testemunhas. É o cross-examination:
1º momento: as perguntas são formuladas pelas partes diretamente às testemunhas ou ao ofendido;
2º momento: o juiz pode complementar a inquirição.
Art. 473 CPP: aplicável à instrução no Plenário do Júri. Também há o cross-examination, porém:
1º momento: o juiz presidente inquire as testemunhas;
2º momento: cross-examination, ou seja, perguntas formuladas pelas partes diretamente às testemunhas.
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Classificação:
Quanto ao objeto:
próprio – ser ouvida sobre o objeto do litígio.
impróprio – sobre fatos que auxiliam o esclarecimento dos fatos
Quanto ao modo:
instrumentárias - presenciaram elaboração de instrumentos ou participaram do próprio ato. Ex. perito ou especialista sobre a perícia, delegado sobre o interrogatório no momento do flagrante delito.
judiciais - revelam em juízo seu conhecimento.
Quanto ao conteúdo:
oculares ou visuais - de vista.
auriculares - por ter ouvido.
referidas - indicadas no curso do processo.
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 Quanto ao compromisso:
extranumerárias – ouvida pelo juiz e por seu próprio entendimento em busca de uma justa aplicação da decisão, após compromisso formal (art. 209).
numerária – arroladas pela parte para instrução e sob compromisso formal (art. 209).
referidas – testemunha citada por outra (art. 209, § 1º).
informantes – não prestam compromisso.
São também extranumerárias (art. 208).
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Quanto ao número:
rito comum ordinário – número de 8 testemunhas.
rito comum sumário – numero de 5 testemunhas.
rito especial do júri – número de 5 arroladas.
Testemunhas especiais: 
mudo, surdo, surdo-mudo (art. 192).
deficientes mentais e crianças – ouve sem compromisso (art. 208).
estrangeiros – necessidade de interprete (art. 193 e 223).
policiais.
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DESISTÊNCIA DE TESTEMUNHAS
 É possível desistir da oitiva de testemunhas? Ou se a parte arrolou, tem que ouvir?
Em regra, a desistência da oitiva de testemunhas é possível a qualquer momento, antes ou durante a própria audiência (anuência da parte contrária)
Por óbvio que se a testemunha já começou a depor, não é possível desistir.
A defesa pode arrolar as mesmas testemunhas do MP.
Cuidado: no Tribunal do Júri, após a instalação da sessão de julgamento, a desistência depende da concordância da parte contrária, do juiz presidente e dos jurados. Se não houver concordância, a testemunha será ouvida.
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SUBSTITUIÇÃO DE TESTEMUNHA NÃO ENCONTRADA
	Embora o art. 397 CPP tenha sido revogado, entende o STF ser possível a substituição de testemunha.
DEVERES DA TESTEMUNHA
	(1) Tem a obrigação de depor (art. 206 CPP, primeira parte). De acordo com o art. 202 CPP, toda pessoa é testemunha. 
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Exceções:(a) Art. 206 CPP, segunda parte. 		São hipóteses de vínculo familiar.
 Mas há exceção da exceção: salvo se for não possível a produção da prova de outro modo e o depoente quiser depor.
(b) art. 207 CPP. Pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar sigilo. 
Também há exceção da exceção: se foram desobrigadas pela parte interessada e quiserem dar seu testemunho. Assim, por exemplo, um psiquiatra pode ser ouvido, desde que seu paciente renuncie ao sigilo e o médico queira depor.
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Na hipótese de padres e advogados, mesmo que desobrigados pela parte interessada, não poderão depor sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado ou padre.
(c) Parlamentares não são obrigados a depor sobre o que sabem em razão de sua função. Art. 53, § 6º CF.
(d) Juiz e promotor que oficiaram no inquérito ou atuaram no processo não podem depor.
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(2) Tem o dever de comparecer. Se não comparecer, quais são as conseqüências? Ela pode ser conduzida coercitivamente, podendo também responder pelo crime de desobediência. Art. 219 CPP. 
Exceções:
(a) Art. 220 CPP. Enfermidade ou velhice.
(b) Certas autoridades podem ajustar o local para serem ouvidas. Art. 221 CPP. MP não está na lista, mas também podem ajustar (art. 40, I e 41, I da Lei 8.625/1993 + art. 18, II, “g”, da LC 75).
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Algumas leis estaduais conferem ao delegado de polícia a prerrogativa de ser ouvido em dia, hora e local com ele ajustados. Para o STF, tais leis são inconstitucionais, por usurpar competência da União para legislar sobre direito processual.
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(c) Testemunhas que moram em outra comarca ou no estrangeiro. Em que pese o dever de comparecer, a testemunha não é obrigada a se deslocar.
Carta precatória para ouvir testemunhas: é indispensável a intimação das partes quanto à expedição da Carta, sob pena de nulidade relativa (dependerá do conteúdo do depoimento). Uma vez intimada da expedição, cabe à parte diligenciar no sentido de saber a data da audiência no juízo deprecado
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	(3) Tem o dever de prestar compromisso. 			Exceções (art. 208 CPP):
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206.
(a) Art. 206 CPP: vínculos familiares;
(b) Menores de 14 anos;
(c) Deficientes mentais.
Se porventura forem ouvidas as testemunhas do art. 207 CPP (psiquiatra, por exemplo), deverão prestar compromisso.
(4) Tem o dever de comunicar alteração de endereço. Esse dever vale durante um ano após sua oitiva. Art. 224 CPP.
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INCIDENTES RELACIONADOS À PROVA TESTEMUNHAL
(1) CONTRADITA: significa impugnar, com o objetivo de que a testemunha impedida de depor seja excluída. O objetivo da contradita é excluir a testemunha. Exemplo: padre que vai depor; MP contradita a testemunha.
(2) ARGUIÇÃO DE PARCIALIDADE: alegação de circunstância que torna a testemunha suspeita de ser parcial. Exemplo: alegação de que o depoente é amigo ou parente do acusado. Neste caso, a testemunha será ouvida, porém sua imparcialidade estará prejudicada. A testemunha não será excluída (como na contradita); constará na ata a arguição de parcialidade.
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Motivos de suspeição:
antecedentes justificadores de má personalidade. Ex. meretriz, vadio, ébrio.
suspeito de parcialidade. Ex. amigo íntimo, inimizade profunda.
suspeito de suborno – falta de probidade da testemunha .Ex. perceber valor, benefício ou promessa de recompensa para indicar fatos.
defeitos encontrados no depoimento – vícios que impõe suspeição. Ex. contradições, incoerência, afetação, animosidade. 
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(3) RETIRADA DO RÉU DA SALA DE AUDIÊNCIA: art. 217 CPP. Se houver risco de constrangimento ao ofendido ou à testemunha, estes serão ouvidos por videoconferência. Se não for possível a videoconferência, o acusado será retirado da sala de audiência. Na prática, a previsão é péssima (de que adianta retirar a testemunha da sala e ouvi-lo por videoconferência? Sua identidade não será resguardada). O ideal é que o acusado se retire da sala.
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Momentos do depoimento:
verificação da identidade e vinculação com as partes.
advertência (art. 210).
objeto concretizado - depoimento propriamente dito. (art. 203, fine).
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		Falso testemunho.
Conceito:
 é a afirmativa consciente de uma pessoa a respeito de fato não verdadeiro ou inverídico diante a autoridade judiciária que a convocou para depor. A existência do delito será firmada pelo desejo do depoente alterar intencionalmente a verdade a fim de ocultá-la. Confrontar o art. 342, caput e §2º do CP. 
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 Acareação
Conceito: confronto entre pessoas, colocadas frente a frente, para se dirimir divergências ou contradições nos depoimentos das testemunhas, se os confirmam ou desmentem, ou se esclarecem declarações feitas em desacordo umas com as outras. Ato processual para se apurar a verdade entre afirmações contraditórias. 
É meio probatório que pode ocorrer no cível entre testemunhas, e no criminal, entre testemunhas e partes, entre o acusado e o ofendido (art. 229-230). 
Pressupostos:
declarações prestadas anteriormente.
divergências entre acusados, testemunhas e ofendidos.
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 Reconhecimento de pessoas e coisas
Conceito: trata-se de meio processual de prova em que alguém é chamado a identificar algo ou alguém.
Fim: constatação da identidade de pessoa ou coisa.
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Fases:
descrição antecipada da pessoa (art. 226, I) ou da coisa (art. 227) a ser reconhecida.
a pessoa ou coisa a ser reconhecida é colocada entre outras semelhantes.
o reconhecedor indicará a coisa ou pessoa reconhecida.
lavratura de auto circunstanciado, assinado pela autoridade policial, reconhecedor e duas testemunhas presenciais (art. 22, IV).
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É um outro tipo de prova, na maioria dos casos é feito pela polícia, mas nada impede que seja feito em juízo. O Código de Processo Penal trata disso a partir do art. 226. E o próprio art. 226 estabelece algumas regras para reconhecimento, por exemplo: a pessoa que vai reconhecer não pode ser vista pela pessoa a ser reconhecida e esta deve ser colocada junto com outras pessoas que tenha características mais ou menos parecidas.
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