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2012 2 Historia da Politica de Saude no Brasil

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HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 1 
 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL 
 
A evolução da saúde está relacionada com a evolução da própria sociedade, tanto do ponto de vista Sócio-
econômico, como científico. 
 
PERÍODO COLONIAL 
 
Por época do descobrimento do Brasil, as terras eram belas, havia riqueza de alimentação, pureza de águas e 
clima ameno combinando com a saúde dos índios que ocupavam a região litorânea do Brasil, que 
desconheciam até então as mortais enfermidades que ceifavam a vida de milhares de vidas em todo o 
continente europeu. 
 
A coroa portuguesa tinha por prioridade a urbanização das cidades, comercialização e circulação de 
mercadorias, através de abertura de portos por onde toda produção escoava. O “paraíso tropical” foi logo 
substituído, por volta do séc. XVII quando colonizadores brancos e os escravos africanos tinham pouca 
chance de sobrevivência, devido aos conflitos com os indígenas, dificuldades materiais da vida na região e 
sobretudo, múltiplas doenças. A maioria da população utilizava a medicina popular (uma mistura de cultura 
indígena, jesuítica e africana ) e apenas os senhores rurais tinham acesso aos profissionais da medicina. 
 
Diante deste dilema sanitário, foram criados os cargos de Físico-mor e Cirurgião-mor pela Administração 
das Colônias. Poucos médicos se arriscavam a vir para o Brasil, pelo baixo salário e doenças tropicais. A 
pobreza era imensa, não tinham como pagar as consultas, o povo também tinha medo de se submeter aos 
tratamentos médicos da época (sangrias e purgantes). Então a maioria da população buscava nos curandeiros 
os remédios para seus males. Em 1746 havia apenas 6 médicos europeus no Território Brasileiro. 
 
A varíola era a principal doença no período colonial, disseminando-se entre os índios e escravos que 
trabalhavam nos engenhos de açúcar e na extração de ouro. Apenas se isolavam os doentes, pois pouco se 
sabia sobre as doenças infecto-contagiosas. 
 
Com a vinda da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808, criou-se então 2 Escolas de Medicina, 
localizadas no Rio de Janeiro e na Bahia. Os médicos do império não sabiam o que fazer para evitar as 
epidemias, e levantaram a hipótese que os navios estrangeiros eram os principais causadores das epidemias 
(varíola, febre amarela e cólera). Criou-se então a Inspetoria de Saúde dos Portos. Os navios com 
passageiros enfermos deveriam se submeter à quarentena obrigatória. 
Ainda no período colonial, muitos médicos concluíram que as doenças cariocas eram causadas pelos 
“miasmas”, isto é, pelo ar corrompido, que vindo do mar pairava na cidade. Como precaução os mais ricos 
se afastavam da Corte nos períodos de crise sanitária e procuravam refúgio nas cidades serranas. Para os 
que ficavam era proibido o consumo de alimentos gelados, que segundo eles facilitavam as infecções e de 
vez em quando disparavam tiros de Canhão para movimentar o ar e afastar os perigosos “Miasmas” sobre a 
cidade. 
 
Os doentes ricos ainda buscavam assistência médica na Europa e em clínicas particulares na Serra 
Fluminense. Os pobres iam aos curandeiros e as Santas Casas de Misericórdia, onde internavam pacientes 
de todos os tipos e até dividindo o mesmo leito, sendo a morte o destino certo dos pacientes pobres. A 
primeira Santa Casa foi criada em 1543, cumprindo a promessa cristã de socorrer os mais pobres, na Vila de 
Santos. 
 
PERÍODO REPUBLICANO 
 
A monarquia não mais atendia aos interesses da Burguesia; deu-se então a Proclamação da República em 
1889 trazendo a ideia de modernizar o Brasil a todo o custo. O lema era Ordem e Progresso, e para isso era 
necessário um povo saudável para o trabalho cotidiano que era a força propulsora do progresso nacional. O 
Brasil não queria ser conhecido como “região bárbara”, mas uma sociedade civilizada. Assim a medicina 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 2 
 
assumiu o papel de guia do Estado para assuntos sanitários, comprometendo-se a garantir a saúde individual 
e pública (Surge a medicina pública e a epidemiologia, com a fundamentação científica dos Conceitos de 
Louis Pasteur da Unicausalidade). 
 
Quadro 1- Óbitos por Varíola e febre amarela ma Cidade do Rio de Janeiro, 1850-1899. 
 
Anos Mortes por Febre Amarela Mortes por 
Varíola 
1850-1859 10.970 642 
1860-1869 2.295 730 
1870-1879 12.916 6625 
1880-1889 9.376 6852 
1890-1989 20.879 8599 
 
Os principais objetivos por parte dos médicos higienistas eram: 
- Fiscalização sanitária dos habitantes das cidades 
- Retificação dos rios que causavam enchentes 
- Drenagem dos pântanos 
- Destruição de viveiros de ratos insetos 
- Regras básicas de higiene 
- Isolamento de pessoas com doenças infecto-contagiosas 
 
O prefeito do Rio de Janeiro na época, Engenheiro Pereira Passos, determinou a expulsão de milhares de 
trabalhadores pobres dos cortiços, alegando que eram estes os principais locais para a proliferação de ratos e 
insetos, promovendo a derrubada desses prédios. Os fiscais também invadiam as residências para localizar 
ninhos de ratos e viveiros para mosquitos, destruição das favelas dos morros do Rio e a terraplenagem destes 
morros. 
 
Para assegurar a eficiência das tarefas higienistas e dos fiscais sanitários, o Governo organizou vários 
Institutos de Pesquisas – Instituto Manguinhos em 1899, Butantã e o Adolfo Lutz em 1892 propiciando a 
vinda de vários pesquisadores estrangeiros para orientar as atividades iniciais dos Institutos. 
 
 1902- 1906 – A Capital da República (Rio de Janeiro), passou por uma profunda reforma urbanística e 
sanitária 
 
 Cria-se a DIRETORIA NACIONAL DE SAÚDE, ligado ao gabinete da Presidência, dirigido por 
Oswaldo Cruz para o combate das epidemias. Essa Diretoria, que foi o embrião do Ministério da Saúde, 
adotou o modelo das Campanhas Sanitárias, de inspiração militar. A cidade era dividida em distritos, 
encarcerando os doentes de doença contagiosa e obrigando pela força o emprego de práticas sanitaristas. Na 
área da assistência individual, as ações de saúde eram eminentemente privadas. A Assistência hospitalar 
pública assumia o caráter de assistência social: abrigava e isolava os portadores de hanseníase e tuberculose. 
Nas demais áreas de atenção, a assistência, aos que não podiam custeá-la considerados indigentes, eram 
praticadas por entidades de caridade (Geralmente as Santas Casas). 
 
 Em 1902 houve uma grande epidemia de Febre Amarela em Santos - atingindo o coração do Brasil - o 
Porto de Santos. Havia grande necessidade de mão de obra no País, porém as epidemias assolavam nossos 
trabalhadores (O Rio de Janeiro era conhecido como matadouro de estrangeiros). A mão de obra européia 
(capital humano) recusava-se a vir para o Brasil devido à febre amarela, varíola, cólera, malária, tifo e peste 
e as péssimas condições de saneamento. Esses fatos geraram grave instabilidade política e econômica. 
 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 3 
 
As medidas de proteção específica (Uso de inseticidas para o combate da Febre Amarela) não foram bem 
aceitas pela população, sendo necessário o Exército usar seu poder nas ações de Saúde Pública. A 
situação mais tensa foi a REVOLTA DA VACINA 
 
 Em 1904 a Lei que estabelecia obrigatoriedade da Vacina contra a Varíola foi aprovada pelo 
Congresso Nacional. Oswaldo Cruz vinha forçando o Congresso a aprovar esta Lei. O povoreagiu em 
massa, pois desconheciam a composição e qualidade do material empregado na imunização, e achavam 
indecoroso as moças terem que levantar a manga da blusa para um desconhecido aplicar a vacina. 
 
Grupos políticos aproveitaram para engrossar as críticas contra o Governo e sua ação sanitária. A 
radicalização da Ação sanitária pela Força Militar ganhou o nome de REVOLTA DA VACINA. 
 
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Nas décadas de 20 a 30 o Brasil tinha uma população rural em volta de 20 milhões, sendo 17 milhões 
de enfraquecidos pelos parasitas intestinais, 3 milhões com doença de Chagas, 10 milhões com 
malária e ainda 5 milhões com Tuberculose. Padeciam com mais de uma enfermidade, além da 
subnutrição e alcoolismo (Monteiro Lobato criou o Jeca Tatu – retratando o homem brasileiro rural, 
cujas enfermidades impediam de participar no esforço do Brasil progredir). 
 
 
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 Realizado o 1º Congresso Brasileiro de Higiene, no qual se discutiram as soluções para os problemas 
de Saúde Pública do Brasil. Ao invés de ações imediatistas no período de epidemias, a idéia era 
aplicar medidas preventivas antes do agravamento dos problemas, utilizando educação sanitária. 
 
 1924- Criado o Instituto de Higiene ( Atual Escola de Saúde Pública da USP ). 
 
 
A SAÚDE PÚBLICA NA ERA VARGAS 
 
O Estado se compromete oficialmente com a saúde da população. A Saúde e a Educação estariam 
de mãos dadas. Geraldo de Paula Souza cria um sistema de saúde através dos Centros de Saúde 
(década de 1920), onde estes centros atenderiam e orientariam enfermos, além de funcionar como 
porta de entrada para a internação hospitalar. 
 
O desenvolvimento das Políticas de Saúde no Brasil se deu a partir da 
necessidade de participação do ESTADO no controle das doenças 
epidêmicas e de outros agravos à saúde, os quais interferiam no processo 
de crescimento econômico do País. 
 
 
A Mortalidade infantil e materna era altíssima. Os partos eram domiciliares, 
Os ricos eram atendidos pelos médicos particulares da família, e os pobres, a 
coletividade eram atendidos por Curandeiros e pelas Santas Casas, que 
hospedavam os moribundos, dando um pouco de higiene e comida, 
cristianizando os pobres, e batizando-os para não morrerem pagãos. Elite 
intelectual achava que as endemias e a baixa produtividade da população se 
devia à qualidade da “raça brasileira” (mistura de brancos, negros e índios). 
O Brasil era um vasto hospital necessitando intervenção econômica e sanitária. 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 4 
 
 1930 a 1964 ► 1º Grande Surto de Industrialização e Urbanização. Grande êxodo rural e o 
Brasil recebe um grande número de imigrantes portugueses, alemães e espanhóis. Surge o operário 
urbano, até então só havia trabalhadores rurais e os ferroviários. A aceleração do ritmo industrial 
provoca uma nova ordem social. Os operários acidentados ou doentes deveriam procurar os hospitais 
filantrópicos que nada cobravam pelo tratamento. Então os sindicatos começaram a pressionar o Estado 
a prestar uma assistência médica de qualidade e com aposentadoria, reivindicando algo parecido com a 
Previdência Social. 
 
 A Lei ELÓI CHAVES, em 1923, cria as “Caixas de Aposentadoria e Pensões” (CAPS), para os 
trabalhadores de estradas de ferro, portuários e marítimos, onde os funcionários teriam direito a 
aposentadoria, pensões e assistência médica e seus dependentes. Essas Caixas eram organizadas por 
empresas. No entanto as CAPS apresentavam um serviço muito irregular para os doentes graves. 
 
Para o operário que não tinha carteira de trabalho e que não contribuía para nenhuma CAPS 
restava a caridade pública. Era considerado pela administração dos Hospitais como indigente 
(rótulo dado para quem perdera a saúde e não tinha dinheiro para pagar o tratamento). 
 
Iniciou-se também um movimento de educação em saúde através de cartazes e panfletos, 
mensagens higienistas no rádio, pois muitos eram analfabetos, expansão do saneamento, medidas 
profiláticas contra Febre Amarela. Estas ações eram feitas através de um convênio com a 
Fundação Rockfeller, que instituiu um programa de visitadoras sanitárias. 
 
A revolução de 1930 que colocou Getúlio Vargas no poder, a queda da Bolsa de Nova Iorque e 
a longa crise do café com a desvalorização deste produto no mercado internacional fez com que 
a economia se dirigisse para os centros urbanos e para empreendimentos industriais. Esse 
desenvolvimento das forças produtivas acelerou-se e exigiu mudanças estratégicas na saúde. 
 
 Então a partir de 1930 as Caixas se tornaram Institutos de Aposentadorias e pensões (IAPS) 
que se organizaram por categorias profissionais (ferroviários, marítimos, bancários, industriários, 
transportadores de carga). Esses Institutos dividem as classes assalariadas urbanas por setores de 
atividade econômica, abrangendo o conjunto de assalariados do país mesmo o de pequenas empresas. No 
salário era descontado um certo valor para pagar a aposentadoria e pensões dos trabalhadores. As 
pressões dos trabalhadores por melhorias na saúde são canalizadas para a simples assistência médica 
curativa por meio dos IAPS. Logo estes Institutos começaram a se diferenciar pela Assistência Médica. 
Alguns Institutos eram muito fortes, tinham bastante dinheiro arrecado, credenciavam hospitais privados 
e, após certo tempo começaram a construir seus próprios hospitais, mas mesmo assim algumas empresas 
não estavam satisfeitas com o atendimento dispensado. 
 Com a criação dos Institutos permitiu-se também ao Estado participar deste controle. Os recursos dos 
IAPS eram arrecadados através do desconto salarial obrigatório, para criar um fundo que, investido, 
gerava a massa de recursos necessários para pagar a aposentadorias e pensões. Portanto os IAPS 
eram financiados pela contribuição do trabalhador, das empresas e teoricamente também pelo 
Estado. 
 
 O Presidente dos Institutos agora era nomeado pelo Presidente da República. Houve então um 
aumento na rigidez para a concessão dos benefícios, a diminuição dos valores a serem concedidos e 
o aumento progressivo da contribuição dos segurados. Essas medidas aumentaram em muito a receita 
destinada às reservas previdenciárias. Os vultosos recursos acumulados sob o controle do estado 
viabilizaram o projeto da Industrialização – que era o projeto político econômico do Governo. 
 
 Em 1953 foi criado o Ministério da Saúde e o Brasil destinava apenas 1,2% do PIB na década de 50 
para a saúde, enquanto a Suécia 4,5%. A falta de Dinheiro impedia a eficácia na péssima situação 
da saúde coletiva. Havia também o clientelismo, onde líderes políticos trocavam ambulâncias, leitos 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 5 
 
hospitalares, profissionais de saúde e vacinas por votos e apoio eleitoral. Nas duas primeiras 
décadas do Ministério da Saúde a pasta teve 19 Ministros. 
 
 A ação do Estado no Setor Saúde se divide claramente em dois ramos: de um lado a saúde pública, 
de caráter preventivo e conduzida através de campanhas; de outro, a assistência médica, de 
caráter curativo, conduzida através da ação da previdência social. 
 
 As áreas rurais ficavam sob a quase exclusiva responsabilidade do Ministério da Saúde. As regiões 
industriais e densamente povoadas (urbanas) eram atendidas pelos hospitais e clínicas conveniadas 
com os IAPS, mantidos pelos trabalhadores e seus patrões. 
 
 A medicina privada pressionava o Governo Federal e Estadualque restringisse ou até interrompesse 
os planos de Construção de hospitais públicos. Eles defendiam a posição de que o Estado não deveria 
competir com a Medicina Privada: deveria fazer doações e empréstimos a juros baixos para que os 
empresários criassem uma rede de clínicas e hospitais. Essa rede venderia seus serviços à população e 
aos IAPS. Mais uma vez o setor político aprovou leis que garantiam privilégios para os grupos 
privados prestadores de serviços médico-hospitalares. Deputados eram sócios de hospitais, e eram eles 
os mais beneficiados com esses empréstimos. No Maranhão, em 1960, uma família de políticos 
latifundiários era proprietária de 8 hospitais, que era financiada por empréstimos do Governo federal, 
que nunca chegou a ser devolvido ao Governo. 
 
 As estatísticas de morbimortalidade aumentam significativamente, acidentes de trabalho, êxodo rural 
trazendo famílias pobres que adoeciam nas cidades. A mortalidade infantil era maior do que no Peru, 
Índia e El Salvador, não havia um saneamento básico satisfatório, portando o consumo de águas 
poluídas agravava as infecções gastrintestinais e a morte., 
 
Quadro 1- Mortalidade infantil em algumas capitais brasileiras em 1955, por mil nascidos vivos. 
Natal - RN 421,6 
Salvador - BA 353,5 
Curitiba - PR 143,0 
Rio de Janeiro- -RJ 112.2 
São Paulo – SP 86,5 
 
Participação da Fundação SESP ( Fundação Serviço Especial de Saúde Pública) para combater a 
malária no Norte do País, combate a Doença de Chagas e a Esquistossomose. Criação do Instituto 
da Criança e a Legião Brasileira de Assistência (LBA), contribui com elevados donativos para a 
instalação de mais de 50 postos de Saúde em vários municípios para o incentivo a vacinação, 
campanhas contra a desidratação, distribuição de leite e redução da mortalidade infantil. 
 
 
DE 1964 em DIANTE 
 
O golpe Militar de 1964 colocou fim a democracia populista, marcado por instabilidade 
econômica, arroxo salarial e baixa do poder aquisitivo, deteriorização das condições de vida das 
pessoas, incidência de hanseníase, varíola, poliomielite, aumento da mortalidade infantil, gerando 
muitos movimentos grevistas. 
 
 Em 1966 os IAPS foram extintos e reagrupados, chamando-se INPS – Instituto Nacional de 
Previdência Social, agora ligado ao Ministério do Trabalho. A Unificação de todos os IAPS no INPS 
centraliza todas as contribuições previdenciárias do País e assume, de forma centralizada todo o sistema 
previdenciário. Dá-se a expansão da Assistência Médica privada, tratando o sintoma para que aquela força 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 6 
 
trabalhadora voltasse logo ao trabalho. Proteger o trabalhador era proteger a força de trabalho. Só era 
valorizado aquele que gerava riquezas. 
 
 Houve então intenso privilegiamento de interesses econômicos do setor privado da saúde por parte 
da Previdência (indústria farmacêutica, equipamentos médico-hospitalares e proprietários de hospitais), 
acelerando o crescimento do modelo curativo. 
 
 A influência americana na área de saúde, refletiu-se na construção de um modelo semelhante aos 
padrões americanos, no qual a construção de grandes hospitais, equipamentos, concentrando o atendimento 
médico de toda uma região, colocando em segundo plano a rede de postos de saúde, consultórios e 
ambulatórios, cujos custos seriam bem menores. Havia uma tendência de construção de hospitais cada vez 
maiores e quantidade e extensão. 
 
 Em 1968 o governo anuncia linhas de financiamento a fundo perdido para a construção de 
hospitais particulares para aumentar o número de leitos e atender os trabalhadores na Previdência Social 
 
 Neste período houve acentuado declínio das atividades de caráter coletivo e de saúde pública do 
Ministério da Saúde e o aprofundamento das ações de caráter individual e curativo através da Previdência 
Social. O INPS iria ter sob seus cuidados todas as contribuições de todos os Institutos, o que geraria uma 
massa imensa de dinheiro. Em 1970 a arrecadação do INPS era a 3º maior de todo país. 
 
 O INPS firmou convênios com 2300 hospitais dos 2800 instalados no país, utilizando o setor 
privado para atender a massa trabalhadora. Muitas eram as fraudes para receber aquilo que tinha direitos 
e muito mais. Guias de internação falsificadas, cirurgias desnecessárias, prática de cesáreas em vez de parto 
normal foram mecanismos comuns de fraude. Mais do que prejuízos materiais a grave consequência foi a 
contínua degradação do serviço prestado a população trabalhadora que não tinha outro recurso a não ser 
recorrer ao INPS. 
 
 Boa parte das contribuições recolhidas do INPS serviriam de investimentos em obras tais como: 
Ponte Rio Niterói, Usina de Itaipu, Rodovia Transamazônica e etc., que nunca voltaram para a Saúde. 
 
 Em meados de 1970 o Brasil foi palco de uma profunda crise política e financeira que teve entre 
outras consequências o esgotamento do modelo assistencial, estabelecido pelos privilégios concedidos 
pela Previdência Social ao setor privado de saúde, com proliferação de contratos de serviços por empresas e 
privadas, sem controle por parte da previdência desses serviços, criando condições para a corrupção. Não 
havia fiscalização dos serviços médicos executados pela rede privada. Em contra partida, os diversos 
serviços de Saúde Pública são obrigados a fechar ou a trabalhar com um mínimo de recursos. 
 
 As condições de saúde se agravavam em função das ações individuais de alto custo e de baixa 
eficácia. 
 
 Em 1971 iniciou-se uma grande epidemia de meningite nas capitais brasileiras, mas só em 1974 
quando houve um súbito aumento de caso, com milhares de mortes, o governo federal destinou recursos para 
conter a enfermidade e também o pânico da população. Nunca se soube o número de atingidos, informação 
mantida em sigilo pela ditadura. Concomitantemente a meningite, encontravam-se outras doenças como por 
exemplo: cólera, a dengue e etc. A epidemia da meningite recoloca a saúde na pauta política. A população 
excluída, desempregada da periferia faz pressão para obter assistência médica. 
 
 Em 1974 criou-se o Ministério da Previdência Social (MPAS) que tentou unificar o INPS 
(Previdência Social) e o INAMPS (Instituto Nacional da Assistência Médica da Previdência Social) e o 
IAPAS (Instituto de Administração financeira da Previdência Social). A criação de todos esses órgãos 
dificultou ainda mais o controle do orçamento da Previdência, favorecendo desvios e corrupções, sendo que 
não havia fiscalização. 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 7 
 
 
 Declarações de autoridades ligadas a Previdência na época, davam a entender que o Sistema de 
Previdência estava tecnicamente falido. O IAPAS não dispunha mais de recursos necessários para manter 
a assistência médica através do INAMPS, nem aposentadorias e pensões através do INPS. 
 
 Falência da Previdência Social ocorreu porque o dinheiro que foi investido em obras das mais diversas 
modalidades, não voltou em recursos para a população. Muitos hospitais que cresceram à custa da 
Previdência, agora se descredenciam dos atendimentos gratuitos. 
 
 A construção ou reforma de inúmeras clínicas e hospitais privados, com financiamento da Previdência 
Social e o enfoque da medicina curativa fez com que se multiplicassem as faculdades particulares de 
Medicina. O ensino médico passou a ser desvinculado da realidade sanitária da população, voltado para a 
especialização e a sofisticação tecnológica e dependente das indústriasfarmacêuticas. Desde 1966 o 
governo liberou verbas para as empresas privadas construírem estes hospitais, sustentando por quase 20 anos 
estes hospitais. Posteriormente estes proprietários consideraram-se capitalizados e se descredenciaram do 
INPS. 
 
O dinheiro da previdência não era mais suficiente para cobrir os gastos com assistência médica e o 
número de leitos diminuiu, portanto, um dos motivos da falência da Previdência foram os custos, 
determinados pela privatização da Rede. 
 
 Na tentativa de se reorganizar a Assistência Médica da Previdência foi criado o Prev-Saúde e o 
Conasp (Projeto para se estender os serviços de saúde para a toda a população). Instaura-se a Rede Básica 
de Atenção Primária a Saúde, muito combatidos pela Medicina Privada que ganhava dinheiro com a 
“Miséria da saúde Pública”. Foram planos que não conseguiram ser implementados. 
 
 1983- Criou então as AIS (Ações Integradas de Saúde), para atender de forma organizada as 
necessidades prioritárias da população de acordo com a Política Nacional de Saúde, baseada em critérios 
epidemiológicos. Pela primeira vez as prefeituras iriam receber recursos federais oriundo da Previdência 
mediante o pagamento de serviços prestados. Os AIS fundamentavam-se no repasse dos recursos do 
INAMPS através da assinatura de convênios com Estados, Municípios para o custeio e investimento em 
programas locais. Avanços expressivos foram conseguidos em vários estados, possibilitando o 
fortalecimento da rede básica ambulatorial, aumento da capacidade de atendimento à demanda, contratação 
de recursos humanos e a revisão do papel dos serviços privados. 
 
 O passo seguinte foi o SUDS – Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde – que vem redefinir as 
atribuições dos três níveis de governo com sua precisa delimitação de funções. O SUDS era uma 
consolidação e aprofundamento das AIS. Defendia a universalização e equidade no acesso aos serviços, a 
integralidade dos cuidados, a regionalização dos serviços de saúde, a implementação dos distritos sanitários, 
a descentralização das ações e o desenvolvimento de uma política de recursos humanos; porém não deu 
certo devido a grande concentração de poder nas Secretarias Estaduais de Saúde e também total falta de 
controle dos recursos contratados. 
 
 
Foi nesse contexto que teve início a participação de populares nas ações de Saúde Pública em um 
processo de intenso debate e discussão acerca da Saúde no Brasil, originando inúmeras proposições 
que viriam a ser bandeiras de luta daquele que, posteriormente, se designaria Movimento da Reforma 
Sanitária. 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 8 
 
 
1986 = VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE 
 
Foi um movimento importantíssimo, do qual participaram cerca de 5000 pessoas oriundas de 
Instituições de Saúde, sociedade civil, profissionais de Saúde e partidos políticos. Essa Conferência 
durou 3 dias, com 135 grupos de trabalho, chegando as seguintes conclusões: 
 
 Se tornou evidente que as modificações necessárias transcendiam aos limites de uma reforma 
administrativa e financeira. Era necessário uma reformulação mais profunda, sendo necessário rever 
a Constituição Brasileira no que diz respeito à promoção, proteção e recuperação à saúde, no que se 
convencionou chamar “Reforma Sanitária” 
 
 Separação da “Saúde” da “Previdência”. O entendimento majoritário foi que a “Previdência 
Social” deveria se encarregar das ações próprias do seguro social (pensões, aposentadorias e demais 
benefícios) e a “Saúde” estaria entregue em Nível Federal à um único órgão com características novas. Até 
que se formasse esse novo orçamento próprio da Saúde, a Previdência Social deveria destinar recursos, que 
se gastava com o INAMPS para o novo órgão, e ir retraindo-se na medida do crescimento. 
 
Foram discutidos 3 temas: 
 
1) Saúde como Direito: A partir desta Conferência deveria ser disparada uma Campanha Nacional em 
defesa do Direito Universal a Saúde, contra a mercantilização da Medicina Privada e pela Melhoria dos 
serviços Públicos. Que a saúde individual refletisse um interesse coletivo. Que a caracterização dos 
serviços fosse público e essencial. 
 
2) Reformulação do Sistema Nacional de Saúde: deveria se criar um Sistema Único de Saúde, que 
separasse totalmente a Saúde da Previdência Social, através de uma ampla Reforma Sanitária. Que no Nível 
Federal esse novo sistema deveria ser coordenado por um único Ministério, reproduzindo-se nos níveis 
Estadual e Municipal. Que os portadores dos serviços privados passassem a ter controlados seus 
procedimentos operacionais e direcionadas suas ações no campo Saúde, sendo ainda coibidos os lucros 
abusivos. 
 
3) Financiamento do Setor: O financiamento do Sistema Único de Saúde será de responsabilidade do 
Estado, a quem cabe levar uma política de descentralização, articulando a participação efetiva dos Estados e 
Municípios com uma ampla e profunda reforma Tributária. 
 
Essas linhas de debate foram encaminhadas através do Relatório Final da 8ª Conferência Nacional de Saúde 
para a próxima Constituição Brasileira, que aconteceria em 1988, através de uma “Comissão de Reforma 
Sanitária no País”. 
 
 
CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 
 
 
A Constituição anterior (1969) dizia que os trabalhadores tinham direito a Assistência Médica e Preventiva, 
deixando claro que este trabalhador era o contribuinte, que tinha carteira assinada, tinha a carteira do 
INAMPS. Já a nova Constituição Brasileira 
defende que a “Saúde é um direito social, um direito do cidadão e um dever do Estado”, e que a 
Medicina privada tem o direito de participar com ações complementares 
(Inclusão dos artigos 196 ao 200 referentes as Saúde na Constituição Federal de 1988, e conseqüentemente 
nas Constituições Estaduais e Municipais). 
 
 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 9 
 
 
LEGISLAÇÃO BÁSICA DO SUS 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 
O SUS foi instituído pela Constituição de 1988. Faz parte de um sistema mais amplo: o Sistema de 
Seguridade Social. 
De acordo com o artigo 194 da constituição, a Seguridade Social “compreende um conjunto integrado de 
ações e iniciativa dos poderes públicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à 
previdência e à assistência social”. 
Esse conjunto de ações deve ser oferecido a toda população, pois o paragrafo único desse artigo determina a 
“universalidade da cobertura e do atendimento’”. 
 
SEÇÃO II 
DA SAÚDE 
 
ART. 196 = “A saúde é um direito de todos e Dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e 
econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário 
às ações e aos serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde. 
 
ART. 197 = São de relevância pública as ações e os serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, 
nos termos da lei, sobre a sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita 
diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. 
 
ART. 198 = As ações e os serviços de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem 
um Sistema Único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: 
I – Descentralização, com direção única em cada esfera de governo. 
II – Atendimento integral, com prioridades para as ações preventivas, sem prejuízo dos serviços 
assistenciais. 
III – Participação da comunidade 
Parágrafo Único: OSistema Único de Saúde será financiado com recurso de seguridade Social, da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. 
 
ART.199 = A assistência à saúde é livre à iniciativa privada 
 
§ 1º - As Instituições privadas poderão participar de forma complementar do SUS, segundo diretrizes deste, 
mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência às entidades filantrópicas e sem fins 
lucrativos. 
§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com 
fins lucrativos 
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde 
no país, salvo nos casos previstos pela Lei. 
§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e 
substâncias humanas para fins de transplantes, pesquisa e tratamento bem como a coleta, o processamento e 
a transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo o tipo de comercialização. 
 
ART. 200 = Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da Lei: 
I – Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e particular a 
produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos. 
II – Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador 
III – Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde 
IV _ Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico 
V – Incrementar em sua área de ação o desenvolvimento científico e tecnológico 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 10 
 
VI _ Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas 
e água para consumo humano 
VII – Participar do controle e da fiscalização da produção, guarda e utilização de substâncias e produtos 
psicoativos, tóxicos e radioativos. 
VIII – Colaborar na proteção do meio-ambiente, nele compreendido o do trabalho 
 
 
NASCIMENTO DO SUS 
 
 
 
 
 
Para a efetiva implantação do SUS, seguiu-se um processo de elaboração e aprovação da legislação 
infraconstitucional denominada de “Leis Orgânicas da Saúde” (Lei nº 8.080 e nº 8142), que detalhou 
princípios, diretrizes gerais e condições para o organização e funcionamento do Sistema. Essas leis foram 
objeto de muita disputa política e só foram concluídas em dezembro de 1990. 
 
 LEI ORGÂNICA 8.080 de 19 /09 /1990 
 
► que regulamenta o SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: Acesso, Qualidade e Humanização na Atenção a 
Saúde, com Controle Social 
 
 LEI ORGÂNICA 8142 de 28 /12 / 1990 
 
► que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde através de 
Conselhos e Conferências de Saúde. Essa lei institui a participação social em cada esfera de Governo 
(Federal, Estadual e Municipal). Em cada esfera de Governo deve haver: Conferências de Saúde e 
Conselhos de Saúde. 
 
 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
 
DEFINIÇÃO: 
 
►É um sistema porque: tem a mesma doutrina e princípios em todo Brasil, não é serviço ou instituição, 
compõe-se de um conjunto de unidades que interagem para fim comum, as responsabilidade de sua 
execução abrange as 3 esferas do governo de forma autônoma: Federal, Estadual e Municipal. 
LEI ORGÂNICA DA 
SAÚDE 
 
LEI 8080 
19/09/1990 
LEI 8142 
28/12/90 
 
Regulamenta o SUS: 
acesso, qualidade, 
 humanização 
 na atenção à saúde 
com Controle Social 
 
Dispõe sobre a participação da 
comunidade na gestão do SUS Através 
de Conselhos 
e Conferências de Saúde 
 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 11 
 
 
A iniciativa privada poderá participar de forma complementar. 
 
O SUS é uma nova formulação política e organizacional dos serviços e ações de saúde, estabelecida pela 
Constituição de 1988 e, posteriormente às leis que o regulamentam. O SUS não é o sucessor do SUDS ou 
do INAMPS, é um novo sistema para assistência a saúde dos brasileiros. 
 
O SUS segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional, 
sob a responsabilidade de 3 esferas autônomas de Governo: Federal, Estadual e Municipal. 
Assim o SUS não é um serviço ou uma Instituição, mas um Sistema que significa conjunto de unidades 
de serviços e ações que interagem para as atividades de promoção, proteção e recuperação à saúde. 
 
 
DIRETRIZES E PRINCÍPIOS DO SUS 
 
 
1 - UNIVERSALIDADE 
► Todas as pessoas tem direito ao mesmo atendimento, independente da cor, raça, religião, local de 
moradia, situação de emprego ou renda, etc. A saúde é um direito da cidadania e dever dos Governos 
Municipal, Estadual e Federal Deixam de existir os “indigentes” que eram os brasileiros não incluídos no 
mercado formal de trabalho. Acesso garantido aos serviços de saúde para toda a população, com todos os 
níveis de assistência, sem estabelecer condições ou exigir pagamento. É a garantia de atenção à saúde a todo 
e qualquer cidadão. Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços 
públicos de saúde, assim como àqueles contratados pelo poder público. 
 
2- EQUIDADE 
► Equidade é diferente de igualdade. Todas as pessoas tem direito ao atendimento as suas necessidades de 
saúde, mas as pessoas são diferentes, vivem em condições desiguais e com necessidades diferentes, ou seja, 
cada grupo ou classe social ou região tem seus problemas específicos, tem diferenças em seu modo de viver, 
de adoecer e de ter oportunidades de satisfazer suas necessidades de vida. Se o SUS oferecesse exatamente o 
mesmo atendimento para todas as pessoas, do mesmo modo, em todos os lugares, estaria provavelmente 
oferecendo coisas desnecessárias para alguns, deixando de atender as necessidades de outros, mantendo as 
desigualdades. 
Assim os serviços de saúde devem saber quais são as diferenças dos grupos da população e trabalhar para 
cada necessidade. O SUS não pode oferecer o mesmo atendimento a todas as pessoas da mesma maneira, em 
todos os lugares. Se isto ocorrer, algumas pessoas vão ter o que não necessitam e outras não serão atendidas 
naquilo que necessitam. O SUS deve trata desigualmente os desiguais, oferecendo mais a quem precisa de 
mais, procurando reduzir as desigualdades. 
 
3 -INTEGRALIDADE 
►Uma das mais graves distorções do sistema de saúde que se constituiu no país antes do SUS foi a 
fragmentação institucional da responsabilidade pelas ações de saúde, baseada numa concepção equivocada 
que entendia poder haver uma dicotomia (divisão em duas partes) entre “ações preventivas” e “ações 
curativas”. Na época anterior ao SUS o INAMPS cuidava da hospitalização e o Ministério da Saúde da 
“saúde pública” que realizava ações de educação. Ainda havia uma subdivisão dentro do Ministério da 
Saúde, a SUCAM cuidava do controle das endemias e a Fundação SESP tinha uma presença mais fonte na 
área do saneamento e da atenção primária (principalmente na região norte e nordeste do país). Cada um 
desses órgãos cuidava apenas de um ou alguns aspectos da saúde das pessoas e estas precisavam recorrer a 
varias instituições para resolver o conjunto de seus problemas de saúde, e não raro, conseguiam apenas uma 
parte do atendimento que buscavam. 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 12 
 
A integralidade propõe que as ações de saúdedevem ser combinadas ao mesmo tempo para os níveis de 
Prevenção: Promoção, Proteção, Tratamento e Recuperação da Saúde formando um todo indivisível que não 
podem ser compartimentalizados. 
Isto não quer dizer que todas as unidades devem oferecer todos os tipos de ações, mas sim que cada uma 
delas deve estar comprometida com esse objetivo e integrada a uma rede de serviços que assegure o acesso, 
através de um sistema de referencia eficiente, que permita a cada unidade encaminhar sua clientela a outros 
estabelecimento para os atendimentos que precisar. 
A integralidade também expressa a idéia de que os serviços devem funcionar atendendo o indivíduo como 
um ser integral, submetido as mais diferentes situações de vida e trabalho, que o leva a adoecer e morrer. O 
indivíduo não deve ser visto como um amontoado de órgão “solto” no mundo. O tratamento deve ser feito 
para erradicar as causas e diminuir os riscos, além de tratar os danos. 
O principio da integralidade aponta ainda que as unidades prestadoras de serviço com os seus diversos graus 
de complexidade formam também um todo indivisível, configurando um sistema capaz de prestar assistência 
integral. 
 
4 – RESOLUTIVIDADE / RESOLUBILIDADE 
► É a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento ou quando surge um problema de 
impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o 
nível da sua competência. Identificação e intervenção sobre as causas e os fatores de risco aos qual a 
população está exposta. 
 
5 - DESCENTRALIZAÇÃO - COM DIREÇÃO ÚNICA EM CADA ESFERA DE GOVERNO 
► A responsabilidade sobre a saúde dos brasileiros deve ser distribuída entre os vários níveis Federal, 
Estadual e Municipal, entendendo que quanto mais perto do fato a decisão for tomada mais chance haverá de 
mais acertos. A Constituição federal atribui aos prefeitos Municipais responsabilidades sobre as ações e 
serviços de atenção à saúde, reconhecendo que a proximidade lhes permitirá identificar as reais necessidades 
de saúde da população a este processo chamado municipalização. 
 
6 - REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO 
► A rede de serviços de saúde deve ser regionalizada e hierarquizada, permitindo assim um conhecimento 
maior dos problemas de saúde da população de uma área delimitada, favorecendo ações de vigilância 
epidemiológica, sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além das ações de atenção ambulatorial e 
hospitalar. 
Os serviços de saúde serão organizados em nível de complexidade tecnológica crescente, sendo assim o 
acesso da população deve ser através dos serviços de nível primário (Atenção Primaria em Saúde – APS), 
representada pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e unidades do Programa de Saúde da Família (PSF) 
que devem estar qualificadas para atender e resolver os principais problemas de saúde; este nível é capaz de 
atender 80% dos problemas que demandam serviços de saúde. Os que não forem resolvidos neste nível 
deverão ser referenciados para o nível secundário representado pelos Centros de Especialidades, que 
resolvem 15% dos problemas de Saúde. Caso ainda não sejam resolvidos deverão ser encaminhados ao 
nível terciário, representado pelos Hospitais de Referência que resolveriam os 5% restantes dos problemas 
de saúde (vide desenho a seguir). 
 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 13 
 
 
 
 
Estes serviços deverão ser organizados em uma área geográfica delimitada, com definição da população à 
ser atendida e oferecerão todas as modalidades de assistência, sendo necessário para o seu completo 
funcionamento um ótimo grau de resolubilidade 
 
 
 
7 - PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS – CONTROLE SOCIAL 
► É a garantia constitucional de que a população através de suas entidades representativas (Conselhos de 
Saúde e Conferências de Saúde) poderá participar dos processos de formulação das políticas de saúde e o 
controle de sua execução desde o nível Federal até o Municipal. É dever das Instituições oferecer 
informações e conhecimentos necessários para que a população se posicione sobre as questões que dizem 
respeito a sua saúde. 
Essa participação deve se dar nos Conselhos de Saúde, com representação paritária de usuários, governo, 
profissionais de saúde e prestadores de serviço. Outra forma de participação são as Conferências de Saúde, 
periódicas, para definir prioridades e linhas de ação sobre a saúde. Deve ser também considerado como 
elemento do processo participativo o dever das instituições oferecerem as informações e conhecimentos 
necessários para que a população se posicione sobre as questões que dizem respeito à sua saúde. 
 
A Lei 8142/90 define como ocorrera esta participação: 
 
A população participara dos processos de formulação das políticas e o controle de sua execução desde o nível 
Municipal até o Federal, através de duas instancias: os Conselhos de Saúde e as Conferencias de Saúde. Tanto as 
Conferências como os Conselhos são constituídos por usuários de um lado e prestadores de serviço de outro. Os 
usuários são membros de associações comunitárias, organizações religiosas e sociais e etc. Já os prestadores de 
serviço são profissionais de saúde, gestores de saúde, proprietários de instituições de serviços de Saúde. É dever das 
Instituições oferecer informações e conhecimentos necessários para que a população se posicione sobre as questões 
que dizem respeito à sua saúde. 
 
Conselhos de Saúde 
Conselhos de Saúde devem ser órgãos de: caráter deliberativo e permanente isto é, funcionam por tempo 
indeterminado, reunindo-se regularmente e têm o direito de tomar decisões relativas a política de saúde. 
 
Os Conselhos de Saúde são órgãos colegiados, integrantes do SUS, com funções deliberativas e fiscalizadoras. Tem 
caráter permanente, e deve ser composto paritariamente por usuários, trabalhadores de saúde e gestores públicos e 
privados (50% de usuários + 25% de trabalhadores da saúde e 25% de gestores de saúde). (vide exemplo do Conselho 
Municipal de Saúde - gráfico abaixo) 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Profa. Rosângela E. Minéo Biagolini 14 
 
Conselho Municipal de Saude
50%
25%
25%
(16) Usuários
(08) Trabalhadores de Saude
(08) Gestores de Serviços de Saude
 
 
Observação: Haverá Conselho de Saúde em todos os níveis (Federal, Estadual, Municipal e até no nível das Unidades 
de Saúde), o que muda é o número de representantes, mas a questão da paritariedade deve ser mantida. Exemplo nos 
Conselhos de Saúde da UBS (Conselho Gestor) pode ser composto por 04 a 12 representantes 
 
Conferências de Saúde 
As Conferências de Saúde são órgãos de caráter consultivo, se reúnem em tempo determinado, não superior a 4 
anos onde a sociedade é consultada amplamente e propõe soluções, mas sem poder de decisão. 
 
Não há um limite de participação, devem representar os anseios da população em relação a saúde, porém é necessário 
que a participação seja ascendente, oferecendo representatividade da sociedade. 
 
 
8 - COMPLEMENTARIEDADE DO SETOR PRIVADO 
► Quando houver insuficiência do setor público a contratação do setor privado deve ser: 
 Através de contrato conforme normas de direito público 
 A Instituição deverá estar de acordo com os princípios básico do SUS 
 Dar preferência a serviços não lucrativos 
 Cada gestor deverá planejar primeiro o setor público, e na sequência, complementar a rede assistencial com o 
setor privado não lucrativo.

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