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Aula 10 Código de ética dos mediadores

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Aula 10 Código de ética dos mediadores
Nesta aula, trataremos do Código de Ética do Mediador, instrumento que rege a conduta e a prática desse profissional. Você irá perceber que o documento foi construído em total sintonia com a prática.
Abordaremos os princípios e as garantias da mediação judicial, as regras que regem o procedimento de conciliação/mediação e as responsabilidades e sanções do conciliador/mediador.
Fundamentaremos nossa aula no Código de Ética para mediadores e conciliadores da Resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça, documento que foi um marco para a efetivação e a regulamentação da mediação no Brasil.
Vamos lá!
A prática da mediação
A credibilidade da medição no Brasil, como processo destinado a realizar a solução de controvérsias, está diretamente ligada ao respeito que os mediadores possam vir a conquistar, através de um trabalho com qualidade técnica e fundamentado nos mais rígidos princípios éticos. Como você percebeu, no decorrer de nossas aulas, a mediação vai além da solução do conflito, propondo-se a transformar um contexto adversarial em colaborativo. É um processo confidencial e voluntário, em que a responsabilidade das decisões cabe às partes envolvidas. Você notou que a negociação, a conciliação e a arbitragem também são alternativas ao litígio, mas com práticas diferentes.
A prática da mediação requer conhecimento e treinamento específico de técnicas próprias, vistas em nossas aulas. Além disso, o mediador deve qualificar-se e aperfeiçoar-se, melhorando suas atitudes e suas habilidades profissionais continuamente. O mediador, no desempenho de suas funções, deve proceder de forma a preservar os princípios éticos, ou seja, deve preservar a ética e a credibilidade do instituto da mediação por meio de sua conduta.
Com frequência, os mediadores também têm obrigações frente a outros códigos éticos (dos advogados, dos psicólogos, dos contadores etc.). O código de cada profissão adiciona critérios específicos a serem observados pelos profissionais no desempenho da mediação. Quando ele está vinculado a instituições ou entidades especializadas, as determinações delas devem ser somadas aos preceitos éticos dos mediadores. Uma outra questão que não deve ser esquecida é a das declarações públicas e atividades promocionais, nas quais o mediador deve se restringir a assuntos que esclareçam e informem o público por meio de mensagens de fácil entendimento.
Código de Ética do mediador
Apresentaremos, nesta aula, o Código de Ética para mediadores e conciliadores da Resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), estabelecido em 2010. O documento consta como um anexo (III), nessa Resolução. Antes, já existiam Códigos de Ética para mediadores, de acordo com a instituição em que as mediações eram realizadas.
O CNJ, visando a uma política pública adequada para a resolução de conflitos e a preservação da qualidade dos serviços prestados na área de mediação e conciliação, como instrumentos de pacificação e prevenção de conflitos, estabeleceu o Código de Ética para que mediadores e conciliadores seguissem esses preceitos em suas práticas.
Como tal, um Código de Ética fixa normas que regulam os comportamentos das pessoas dentro de uma determinada profissão e, também, de uma empresa. Temos Códigos de Ética profissionais e empresariais. Trata-se de uma normativa interna de cumprimento obrigatório.
Vamos, então, iniciar nosso estudo sobre os compromissos éticos do mediador, esclarecendo que, apesar de esse documento ter sido elaborado para mediadores e conciliadores, destacaremos apenas a função do mediador, que é o nosso objeto de estudo.
Dos princípios e garantias da conciliação e mediação judiciais
Art. 1º São princípios fundamentais que regem a atuação de conciliadores e mediadores judiciais: confidencialidade, decisão informada, competência, imparcialidade, independência e autonomia, respeito à ordem pública e às leis vigentes, empoderamento e validação.
Vamos destacar cada um desses princípios, que você já conhece da aula 3. Vamos lá!
I – Confidencialidade - dever de manter sigilo sobre todas as informações obtidas na sessão, salvo autorização expressa das partes, violação à ordem pública ou às leis vigentes, não podendo ser testemunha do caso, nem atuar como advogado dos envolvidos, em qualquer hipótese.
Pode-se afirmar que quase todos os códigos de ética para a conduta profissional de mediadores incluem, entre as suas regras, a de que o mediador deve manter em sigilo os dados que venha a conhecer em razão do seu serviço.
Apesar de a prescrição do respeito à confidencialidade ser universal, o conteúdo atribuído a ela e seus limites não é uniforme quando se fala de outros códigos. Há uma gama de aspectos sobre o que seja a confidencialidade, sua extensão, se é de livre disposição das partes e se admite ou não exceções.
No entanto, com ela, protege-se melhor as partes de boa-fé e, com a projeção dessa garantia, poucas pessoas evitariam uma mediação por medo de consequências adversas em um eventual futuro processo judicial. Retornaremos à confidencialidade mais adiante.
II – Decisão informada - dever de manter o jurisdicionado plenamente informado quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual está inserido.
As partes devem ter a plena consciência de seus direitos e da realidade dos fatos na qual se encontram como condição de legitimidade, para que resolvam a disputa por meio de um acordo. Os mediandos têm o direito de receber informações quantitativas e qualitativas acerca da mediação que estão realizando, de modo que não sejam surpreendidos por qualquer consequência inesperada da solução que adotaram. Isso impossibilita de uma das partes ser iludida pelo outro interessado ou até mesmo pelo terceiro imparcial.
III – Competência - dever de possuir qualificação que o habilite à atuação judicial, com capacitação na forma desta Resolução, observada a reciclagem periódica obrigatória para formação continuada.
O mediador deve estar capacitado e habilitado para o exercício de sua função, apresentando qualidades como diligência, conhecimento técnico, prudência e imparcialidade. O termo competência veio designar, de maneira geral, a capacidade reconhecida de se pronunciar nesta ou naquela matéria. Há, portanto, no termo competência, uma relação entre a capacidade e o reconhecimento que irá legitimá-la.
Dado que a profissão do mediador é nova e exercida por profissionais advindos de diferentes áreas, não é possível dizer que exista um melhor mediador, apenas que o facilitador deve estar capacitado para lidar com conflitos que envolvam aspectos emocionais. O perfil profissional do mediador em mediação deve incluir nível superior; capacidade básica em mediação; experiência no emprego de técnicas de resolução de conflitos e credibilidade das partes. Além disso, o mediador deve ser um favorecedor da cooperação; um facilitador da comunicação, da troca de informações e do entendimento e, ainda, um equilibrador (CEZAR-FERREIRA, 2004
IV – Imparcialidade - dever de agir com ausência de favoritismo, preferência ou preconceito, assegurando que valores e conceitos pessoais não interfiram no resultado do trabalho, compreendendo a realidade dos envolvidos no conflito e jamais aceitando qualquer espécie de favor ou presente.
O mediador deve evitar tomar uma atitude que possa ser encarada por uma das partes, ainda que aparentemente, como uma tomada de posição em prol da outra. Isso poderia ficar evidenciado como, por exemplo, a aceitação por parte do mediador de presentes ou dádivas de uma das partes ou ainda com a exposição de seus preconceitos a determinadas características pessoais de uma das partes.
A partir desse princípio, observamos que o mediador encontra-se de forma equidistante das partes, isso significa dizer que ele irá ouvir as duas partes de forma igual e não irá representar ou aconselhar nenhuma delas. Ele é imparcial porque não está do lado de nenhuma das duas partes, ele não tem interesse próprio em nenhuma das questõesenvolvidas nos conflitos. É uma condição fundamental para o mediador, assim não poderá existir nenhum conflito de interesses ou relacionamento que seja capaz de alterar ou afetar a sua imparcialidade.
V – Independência e autonomia - dever de atuar com liberdade, sem sofrer qualquer pressão interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se ausentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento, tampouco havendo dever de redigir acordo ilegal ou inexequível.
Diz esse princípio que o terceiro imparcial deve atuar com liberdade, sem pressões internas ou externas. A autonomia do mediador diz respeito ao fato de que ele pode recusar, suspender ou interromper a sessão de solução de conflitos, se entender que não há condições mínimas necessárias para prossegui-la ou iniciá-la
VI – Respeito à ordem pública e às leis vigentes - dever de velar para que eventual acordo entre os envolvidos não viole a ordem pública nem contrarie as leis vigentes.
É importante entender que os acordos realizados na mediação não podem ir contra a ordem pública ou contra as leis, pois seria incoerente uma decisão do Poder Judiciário infringir algum desses pontos.
VII – Empoderamento - dever de estimular os interessados a aprenderem a melhor resolverem seus conflitos futuros em função da experiência de justiça vivenciada na autocomposição.
Essa expressão de uso comum no meio empresarial, mais do que uma técnica administrativa, é uma filosofia gerencial, em que se distribui uma parcela maior de poder aos funcionários, dando-lhes maiores responsabilidades e, paralelamente, melhor capacitação para exercer novas tarefas e funções. A visão empresarial do empoderamento não é muito diferente da forma como é abordada na mediação.
Empoderar é mostrar às partes que elas têm capacidade de lidar com seus conflitos de forma produtiva e positiva. Através do empoderamento, a mediação atinge objetivos que a decisão judicial é incapaz de atingir por si só. Enquanto a sentença é imposta às partes, sem sua participação na construção da solução, a mediação tem o potencial de capacitá-las para encontrarem suas próprias respostas
VIII – Validação - dever de estimular os interessados a perceberem-se reciprocamente como seres humanos merecedores de atenção e respeito.
O mediador deve incentivar as partes para que uma se coloque no lugar da outra durante o procedimento, ou seja, zelar para que se crie uma conscientização dos sentimentos e interesses de ambas as partes, aumentando a compreensão e facilitando o diálogo entre elas.
O mediador, ao validar sentimentos, demonstra às partes que é natural haver conflitos em qualquer relação e que se faz mais eficiente buscar soluções do que atribuir culpa.
Das regras que regem o procedimento de conciliação/mediação
Art. 2º As regras que regem o procedimento da conciliação/mediação são normas de conduta a serem observadas pelos conciliadores/mediadores para o bom desenvolvimento daquele, permitindo que haja o engajamento dos envolvidos, com vistas à sua pacificação e ao comprometimento com eventual acordo obtido, sendo elas:
I – Informação - dever de esclarecer os envolvidos sobre o método de trabalho a ser empregado, apresentando-o de forma completa, clara e precisa, informando sobre os princípios deontológicos referidos no Capítulo I, as regras de conduta e as etapas do processo.
A informação para os mediandos é fundamental, porque garante, para eles, o conhecimento sobre o procedimento que irão realizar. Dessa forma, sentem-se mais seguros quanto ao processo da mediação e o que esperar dela.
II – Autonomia da vontade - dever de respeitar os diferentes pontos de vista dos envolvidos, assegurando-lhes que cheguem a uma decisão voluntária e não coercitiva, com liberdade para tomar as próprias decisões durante ou ao final do processo e de interrompê-lo a qualquer momento.
O princípio da autonomia da vontade é respeitado durante todo o procedimento da mediação. Os mediandos têm ampla autonomia para decidir sobre a participação na mediação e sobre o conteúdo das conversas. Já os mediadores têm ampla autonomia para decidir sobre qual vai ser a estrutura do procedimento e o que da conversa dos mediandos é importante para ser usado a fim de que o conflito possa ser transformado.
III – Ausência de obrigação de resultado - dever de não forçar um acordo e de não tomar decisões pelos envolvidos, podendo, quando muito, no caso da conciliação, criar opções, que podem ou não ser acolhidas por eles.
A mediação não implica acordo necessariamente. As decisões devem ser tomadas pelos envolvidos. O mediador não pode decidir pelas pessoas. Cabe a elas a responsabilidade por suas escolhas, elas detêm o poder de decisão. A mediação tem por objetivo atingir a satisfação dos interesses e das necessidades dos envolvidos no conflito. O acordo passa a ser a consequência lógica do trabalho de cooperação entre as partes realizado ao longo de todo o procedimento.
IV – Desvinculação da profissão de origem - dever de esclarecer aos envolvidos que atuam desvinculados de sua profissão de origem, informando que, caso seja necessária a orientação ou o aconselhamento afetos a qualquer área do conhecimento, poderá ser convocado para a sessão o profissional respectivo, desde que com o consentimento de todos.
O objetivo do mediador é a pacificação das partes, através de seu trabalho com a comunicação entre elas. Ele não pode acumular tarefas. Se for necessária a orientação de outros profissionais, estes devem ser chamados, ou as partes devem ser encaminhadas até eles. O mediador não deve fazer essa orientação, porque a situação pode levar a uma confusão de papéis na mediação.
V – Compreensão quanto à conciliação e à mediação - Dever de assegurar que os envolvidos, ao chegarem a um acordo, compreendam perfeitamente suas disposições, que devem ser exequíveis, gerando o comprometimento com seu cumprimento.
É importante entender que a mediação não é finalizada apenas quando se chega a um acordo, mas quando se consegue que os participantes do conflito tenham compreendido de modo claro o que lhes importa, as alternativas que possuem e, também, que eles têm poder de decisão sobre seus próprios interesses e necessidades.
O mediador, como já vimos, vai tentar, através de reuniões com as partes, fazer com que estas se conscientizem e obtenham a solução satisfatória por meio do diálogo e do consenso mútuo. Quando não há imposição de uma solução por um terceiro, as possibilidades de cumprimento do acordo são maiores, levando sempre em conta a questão da celeridade processual.
Essa regra trata, também, do dever de uma análise prévia sobre a possibilidade de cumprimento do acordo pelas partes antes de sua formalização. Não adianta chegar a um acordo que não poderá ser cumprido.
Art. 3º
Art. 3º Apenas poderão exercer suas funções perante o Poder Judiciário conciliadores e mediadores devidamente capacitados e cadastrados pelos Tribunais, aos quais competirá regulamentar o processo de inclusão e exclusão no cadastro.
Dever de possuir qualificação que o habilite à atuação na área da mediação judicial, com capacitação na forma da Resolução 125 (2010), sendo observada a reciclagem periódica obrigatória para formação continuada. Com isto, deseja-se garantir um trabalho de qualidade, gerando resultados adequados e duradouros.
Atividade
Agora que você entendeu a regra da imparcialidade, analise as opções seguintes e marque a que não corresponde à regra.
Ao mediador, é vedado estabelecer compromissos com os mediandos.
Na mediação, ocorre a impossibilidade de o mediador conseguir algum benefício com uma das partes em razão do papel que ocupa.
O mediador não deve mediar um conflito quando não se sentir competente, mesmo que seja escolhido pelas partes.
O mediador não deve mediar um conflito quando suas crenças puderem prejudicar uma das partes.
Aqueles que participarem do procedimento da mediação devem manter o sigilo sobre todo o conteúdo trabalhado nessa situação.Com isso, acabamos nossa disciplina. Esperamos que você tenha compreendido, no decorrer de nossas aulas, a importância da mediação para a criação de um mundo mais justo e de uma paz social, que começa nas relações entre as pessoas.

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