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ESTRUTURA MISTA

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TÓPICO 1 – Patologias 
 
Elaboração de Diagnóstico sobre Problemas Patológicos em um 
Edifício em Estrutura Mista 
Tiago Ferreira Albrecht1,a, Deise Aparecida Silva Souza2,b e José Luiz Rangel Paes3,c 
1,3 Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Engenharia Civil, Programa de Pós-Graduação em 
Engenharia Civil, Viçosa - MG - 36.570-000 - Brasil. 
2 Universidade de Brasília, Departamento de Engenharia Civil, Programa de Pós-Graduação em Estruturas e 
Construção Civil, Edifico SG – 12 , 1º andar, Campus Darcy Ribeiro, 
Brasília - DF - 70.910-900 - Brasil. 
a tigofa@hotmail.com, b deiseapss@yahoo.com.br, c jlrangel@ufv.br 
Palavras-chave: Estrutura mista, estrutura metálica, manifestações patológicas, interfaces, 
 contraventamentos. 
 
Resumo. A ocorrência de manifestações patológicas na construção metálica e mista pode afetar de 
maneira significativa o desempenho de uma edificação, contribuindo decisivamente para a redução 
da expectativa da vida útil. Neste trabalho trata-se da elaboração de um diagnóstico sobre 
problemas patológicos existentes em um edifício em estrutura mista de aço e concreto. Num 
primeiro momento foi realizado um amplo levantamento das manifestações patológicas do edifício, 
análise de projetos, avaliação das informações disponíveis sobre a execução e entrevistas com 
profissionais relacionados à obra. Com base nas informações disponíveis foi realizada uma análise 
estrutural em situação de serviço. Durante a inspeção constatou-se que o edifício não possuía 
elementos de contraventamento, embora estivessem previstos nos desenhos de projeto estrutural, 
situações estas que foram consideradas na análise da estrutura. As principais manifestações 
patológicas identificadas são fissuras na alvenaria e no piso, corrosão da estrutura metálica, 
deformações excessivas nas lajes e entrada de água pluvial no edifício. Nas interfaces entre 
estrutura metálica e fechamento indentifica-se uma fissuração sistemática, que permite a entrada de 
água em diversos ambientes. A partir do estudo realizado, apresenta-se um diagnóstico sobre os 
problemas patológicos identificados no edifício, apontando as causas, origens e mecanismos de 
deterioração. A fissuração ocorre principalmente devido a falhas do detalhamento de projeto e 
também está associada à movimentação da estrutura devido à ausência de um sistema de 
contraventamento. O estudo revela que a maioria das manifestações patológicas está relacionada 
com deficiências de detalhamento de projeto e com falhas de execução. O trabalho realizado 
proporciona a base necessária para definição de um projeto de intervenção que visa a recuperação 
de um bom nível de desempenho da edificação. 
1 Introdução 
A ocorrência de manifestações patológicas na construção metálica e mista pode afetar de 
maneira significativa o desempenho de uma edificação, contribuindo decisivamente para redução da 
expectativa da vida útil. 
Neste trabalho trata-se da elaboração de um diagnostico sobre problemas patológicos existentes 
em um edifício em estrutura mista de aço e concreto, pertencente a Comissão Permanente de 
Vestibulares e Exames (COPEVE), situado no campus universitário da Universidade Federal de 
Viçosa, em Viçosa - Minas Gerais - Brasil. 
Desde a sua inauguração no ano de 2004, o edifício apresenta diversos tipos de fissuras e 
entrada de água pluvial através da cobertura e das interfaces entre estrutura e fechamento. Os 
problemas patológicos observados provocam um desconforto aos usuários, danos a equipamentos e 
materiais e uma importante diminuição do nível de desempenho da edificação. 
2 Caracterização e histórico do edifício 
O edifício da COPEVE, inaugurado em 20 de maio de 2004, é um espaço destinado 
especificamente à elaboração e processamento de provas de vestibulares e concursos, o que requer 
um alto grau de sigilo e segurança. O edifício é composto essencialmente por salas de escritórios, 
salas de correção de provas e alguns depósitos (Fig. 1). 
 
 
Figura 1: Vista geral do edifício da COPEVE. 
 
Como ponto de partida para uma adequada caracterização do edifício foi realizado um 
levantamento de informações disponíveis sobre projetos e execução da obra, através de 
documentos, entrevistas com profissionais relacionados à mesma e vistorias técnicas ao local. 
A obra foi executada em etapas, com a participação de diversas empresas. Como se trata de uma 
obra pública, a contratação das empresas para execução das diversas etapas foi realizada por meio 
de processos licitatórios específicos, obedecendo as disposições da Lei Nº8666/1993 (Lei de 
Licitações e Contratos da Administração Pública) [1]. 
O projeto arquitetônico localizado durante o levantamento de informações sobre o edifício 
consiste em um projeto básico, sem detalhamento executivo, que previa a existência de três 
pavimentos, a colocação de “brises soleil” nas fachadas e estrutura metálica aparente. Conforme 
observado durante as vistorias realizadas no ano de 2006, a obra não possui “brises soleil” e a 
estrutura metálica foi revestida externamente (Fig. 1). O terceiro pavimento foi executado somente 
na zona central do edifício, sobre a escada e sanitários. 
Apesar da sistemática para levantamento das informações e de se tratar de uma obra recente, 
não foram localizados os projetos de fundação, fechamentos, cobertura, instalações elétricas e 
hidro-sanitárias. No caso do projeto da estrutura metálica, somente após o contato com a empresa 
responsável pela fabricação e montagem foram recebidos alguns desenhos contendo a posição e 
definição dos elementos estruturais e parte do memorial de cálculo. Em síntese, não foram 
localizados todos os documentos de projetos que deram origem à obra e, muito menos, o registro 
das eventuais modificações feitas sobre os projetos originais. 
Nos documentos da licitação da fundação se especificava a execução de uma fundação profunda 
em estacas, apesar de não conterem um projeto executivo específico. No entanto, de acordo com 
informações obtidas com profissionais relacionados à obra, foi executada uma fundação rasa com 
sapatas isoladas após um reestudo da solução inicial, cujo projeto também não foi localizado. 
O sistema estrutural principal do edifício é formado por lajes mistas, vigas mistas e pilares 
metálicos, constituindo um reticulado espacial com diafragmas rígidos e ligações flexíveis entre os 
elementos construtivos. O projeto original previa a colocação de elementos de contraventamento 
para a garantia da estabilização horizontal da estrutura. Durante a fase de montagem, somente 
alguns desses elementos de contraventamento foram colocados (Fig. 2). 
 
 
Figura 2: Vista geral da estrutura metálica do edifício na fase de montagem. 
 
Conforme observado durante as vistorias, a estrutura concluída não dispõe de elementos de 
contraventamento vertical e os pilares foram parcialmente revestidos com concreto. Além disso, as 
vigas metálicas foram revestidas externamente com placas de fibrocimento (Fig. 1). Os elementos 
do contraventamento vertical foram retirados em comum acordo entre a empresa fornecedora da 
estrutura metálica e a fiscalização da obra, ao longo da fase de execução, com objetivo de evitar 
interferências com o fechamento. Em função disso, decidiu-se por revestir parcialmente os pilares 
com concreto, com a intenção de provocar um efeito de estabilização equivalente ao sistema de 
contraventamento. 
O fechamento externo do edifício foi executado com painéis horizontais de concreto leve 
autoclavado, cujos projetos executivos também não foram localizados. De acordo com informações 
obtidas com profissionais relacionados à obra, a empresa fabricante dos painéis forneceu um detalhe 
típico da interface entre estrutura e fechamento, o que não foi localizado nos documentos de projeto 
disponíveis. 
Para o fechamento interno foram utilizadospainéis metálicos revestidos com gesso acartonado, 
tipo "dry-wall" e painéis horizontais de concreto leve autoclavado. 
Também em função de informações obtidas na análise de documentos, constatou-se que a 
licitação para execução da cobertura foi realizada sem o projeto básico. A empresa contratada foi 
responsável pelo projeto, fabricação, montagem da cobertura. 
3 Manifestações patológicas no edifício 
Durante o ano de 2006 foram realizadas algumas vistorias técnicas com o objetivo de 
identificar, localizar e registrar de maneira sistemática as diversas manifestações patológicas no 
edifício. 
A seguir apresenta-se, de maneira sintética, os grupos de manifestações patológicas em função 
dos efeitos identificados. 
3.1 Problemas relacionados à entrada de águas pluviais através da cobertura 
A entrada de águas de chuva no edifício através da cobertura gera grandes transtornos para a 
utilização da COPEVE e causa uma série de problemas patológicos (Fig. 3). Tendo isso em vista, 
realizou-se uma inspeção no sistema de cobertura com a intenção de identificar as possíveis origens 
da entrada de água no edifício. Como parte desta inspeção, também levantou-se dados para 
verificação do dimensionamento das calhas, coletores horizontais e dos tubos de queda. 
Em função desta inspeção constatou-se que: 
- as águas pluviais que entram através da cobertura passam pelas frestas da estrutura e pelas 
interfaces entre aço e concreto e caem de maneira desordenada dentro dos ambientes internos 
do edifício; 
- os coletores horizontais de águas pluviais estão em desacordo com as práticas recomendadas 
de projeto e de execução (Fig. 4); 
- os coletores horizontais de águas pluviais não possuem apoios intermediários que assegurem 
uma declividade uniforme (Fig. 5), sendo que os apoios utilizados foram improvisados na 
fase de execução (tijolos, arames e pedaços de madeira); 
- foram utilizados calços sob a treliça metálica na linha de centro da laje de cobertura com o 
objetivo de manter a horizontalidade do banzo inferior da mesma. Tais calços foram 
necessários devido à grande deformação verificada na linha de centro da laje de cobertura; 
- existe um processo de corrosão dos calços das treliças metálicas (Fig. 6), o que indica a 
entrada e permanência de águas pluviais através da cobertura; 
- existiam restos de construção sobre as telhas metálicas; 
 
 
Figura 3: Presença de águas pluviais em 
ambientes internos do edifício. 
 
Figura 4: Vazamento em uma ligação de um 
coletor horizontal de águas pluviais. 
 
 
Figura 5: Caimentos inadequado dos 
coletores horizontais de águas pluviais. 
Figura 6: Calços sob a treliça metálica. 
3.2 Fissuras 
As fissuras são consideradas como manifestação patológica característica das estruturas de 
concreto e de alvenaria, representando a ocorrência mais comum e a que mais desperta a atenção 
dos usuários para o fato de que algo anormal está acontecendo [2]. 
No caso em questão, foram realizadas algumas inspeções com o objetivo específico de 
identificar e registrar as diversas fissuras encontradas no edifício. A seguir apresentam-se alguns 
tipos de fissuras identificadas em função da sua localização na obra. 
3.2.1 Fissuras na laje de piso 
A laje de piso do salão e do almoxarifado situados no pavimento térreo, cujas dimensões são de 
aproximadamente 12x28m, apresenta uma fissura transversal ao maior comprimento, situada 
próximo ao seu centro (Fig. 7). 
12
,0
 m Salão
A=280m²
Almoxarifado
A=84,60m²
Fotos
213-215
Fotos
203-208
Recepção
A=34,70m²
 
Figura 7: Fissuração identificada na laje do pavimento térreo 
3.2.2 Fissuras nos fechamentos externos e internos 
No fechamento externo do edifício foram utilizados painéis horizontais de concreto leve 
autoclavado, que foram fixados à estrutura por meio de um sistema que tem por objetivo permitir 
pequenas movimentações diferenciais em seu plano (Fig. 8 e 9). O sistema utilizado se caracteriza 
como uma alvenaria desvinculada. 
De acordo com as inspeções realizadas, não houve constância na execução de todas as interfaces 
entre estrutura metálica e fechamento externo. Tanto nos locais onde foi executada a desvinculação 
entre estrutura e fechamento, quanto naqueles onde esta solução não foi utilizada, o fechamento 
externo apresenta fissuras de diferentes configurações. Foram identificadas fissuras horizontais e 
verticais nas interfaces, sendo parte delas com traçado aproximadamente linear e bem definido, 
enquanto que outras em escamas (Fig. 10). 
As fissuras nas interfaces entre estrutura metálica e fechamento são sistemáticas e se distribuem 
por toda a edificação. Na parte interna do edifício, nos locais correspondentes às fissuras nestas 
interfaces, verifica-se uma constante entrada de águas pluviais, deposição de mofo, eflorescências 
nos revestimentos e corrosão da estrutura metálica (Fig. 11, 12 e 13). 
 
 
Figura 8: Fechamento externo com painéis de concreto 
leve autoclavado na fase de execução. 
 
Figura 9: Detalhe da interface entre 
estrutura metálica e fechamento 
externo. 
 
 
Figura 10: Fissuração vertical sistemática nas 
interfaces entre estrutura metálica e 
fechamento externo. 
 
Figura 11: Vista interna do canto superior de uma 
parede do fechamento externo, com destaque 
para as interfaces. 
 
 
Figura 12: Fissuração horizontal sistemática 
nas interfaces entre estrutura metálica e 
fechamento externo. 
 
Figura 13: Vista interna de uma interface 
horizontal entre estrutura metálica e fechamento 
externo. 
No fechamento interno foram utilizados painéis horizontais de concreto leve autoclavado 
(Fig. 14), painéis tipo "dry-wall" e blocos de concreto. 
A alvenaria de blocos de concreto que circunda a caixa d'água do edifício, situada no último 
pavimento, apresenta fissuras inclinadas dos dois lados da parede (Fig. 15). No momento da 
inspeção constatou-se que as mesmas haviam sido recentemente "grampeadas" de um dos lados. Em 
inspeções posteriores, verificou-se que as fissuras haviam se propagado, apesar da tentativa de 
contê-las. 
 
 
 
Figura 14: Fechamento interno em painéis de 
concreto leve autoclavado. 
 
Figura 15: Fissura na alvenaria de blocos de 
concreto no último pavimento do edifício. 
 
O fechamento interno em "dry-wall", utilizado nas divisórias do segundo pavimento 
(Fig. 16), apresenta uma fissuração sistemática na horizontal a aproximadamente 2,40m de altura, o 
que coincide com a emenda das placas de gesso acartonado (Fig. 17). 
 
 
Figura 16: Fechamento interno em "dry-wall" 
em fase de montagem. 
Figura 17: Fissura sistemática na horizontal no 
fechamento em "dry-wall". 
3.2.3 Fissuras nos revestimentos da fachada 
Conforme observado durante as inspeções realizadas, as vigas metálicas foram revestidas 
externamente com placas de fibrocimento com o objetivo de ocultar a estrutura metálica, apesar 
desta solução não constar do projeto arquitetônico básico. 
Estas placas de fibrocimento foram fixadas na estrutura por meio de elementos metálicos e 
sobre as mesmas foi aplicada uma argamassa de revestimento. No encontro entre a placa e o 
revestimento de argamassa do fechamento externo foi executada uma junta de movimentação 
horizontal, conforme se mostra na Fig. 18. As juntas de movimentação foram tratadas com silicone. 
 
 
 
 
Figura 18: Detalhe do revestimento das vigas metálicas com placas de fibrocimento. 
 
Durante as inspeções observou-se a existência de uma fissuração horizontal sistemática nas 
proximidades das juntas de movimentação horizontais (Fig. 19 e 20). Como as placas de 
fibrocimento possuem comprimento limitado, no encontro vertical entre estas placas também foram 
identificadas fissuras sistemáticas. 
 
Figura 19: Fissuração sistemática nasproximidades da junta de movimentação 
horizontal na região de colocação das placas de 
fibrocimento. 
 
Figura 20: Fissuração sistemática nas 
extremidades da região de colocação das 
placas de fibrocimento. 
 
O silicone utilizado nas juntas de movimentação perdeu a aderência com o substrato e pode ser 
facilmente retirado, conforme se observa na Fig. 21. 
 
 
Figura 21: Descolamento do silicone das juntas de movimentação horizontais. 
3.3 Deslocamentos verticais excessivos 
Os deslocamentos verticais excessivos em uma estrutura devem ser verificados para a condição 
de serviço, visto que podem ser prejudiciais ao desempenho de outros elementos a ela ligados, 
como fechamentos, pisos e esquadrias [3]. 
Nas inspeções realizadas constatou-se que: 
- o deslocamento vertical máximo no centro da laje do terceiro pavimento, que atualmente 
suporta a cobertura, é de aproximadamente 90 mm, o que criou a necessidade de utilizar 
calços metálicos sob a treliça de aço mostrados na Fig. 6; 
- segundo informações dos usuários do edifício, em dias de chuva a água que penetra no 
edifício através da cobertura fica empoçada na região central da laje de piso do depósito, 
localizada no terceiro pavimento; 
Em função do registro fotográfico disponível sobre a execução da obra, na Fig. 22 
pode-se observar que durante a fase de execução dos fechamentos já se podia verificar um 
empoçamento de água na região central das lajes do segundo pavimento. 
 
 
Figura 22: Empoçamento de água na região central da laje do segundo pavimento. 
 
3.4 Irregularidades nas ligações da estrutura metálica 
O projeto e execução das ligações entre elementos estruturais é um aspecto fundamental para 
assegurar as hipóteses do comportamento estrutural previstas no cálculo da estrutura. 
Durante as inspeções realizadas no edifício constatou-se uma série de irregularidades nas 
ligações da estrutura metálica, dentre elas: 
- a existência de furos em vigas e chapas de ligação indica que inicialmente foi prevista a 
execução de ligações parafusadas em toda a estrutura. No entanto, em diversos locais da 
estrutura verifica-se a utilização de solda substituindo a ligação parafusada, com o 
abandono das furações feitas na fábrica (Fig. 23); 
- em algumas ligações, observa-se que o elemento estrutural foi complementado no local 
da obra, os furos entre chapa de ligação e viga metálica estão desalinhados e a furação foi 
abandonada devido à adoção de uma ligação soldada no local (Fig. 24); 
- Em alguns locais, ligações projetadas e executadas com parafusos receberam cordões de 
solda em seus contornos. 
 
 
Figura 23: Ligação entre viga e coluna com 
abandono das furações da chapa de ligação 
feitas na fábrica. 
 
Figura 24: Ligação com furos 
desalinhados e furação abandonada 
devido à substituição da ligação 
parafusada por ligação soldada. 
4 Analise estrutural em situação de serviço 
Após as vistorias foi realizada uma análise estrutural do edifício com a finalidade de avaliar a 
influência da retirada dos elementos de contraventamento vertical, previstos no projeto original, 
sobre o comportamento da estrutura em condições de serviço. 
Para a análise estrutural foram utilizados modelos tridimensionais formados por elementos de 
barra para representar vigas e colunas e elementos de placa para representar as lajes. O modelo 
tridimensional permite simular o comportamento da estrutura como um todo, no qual as lajes 
funcionam como um diafragma rígido horizontal. 
Realizou-se uma análise de primeira ordem com o objetivo de obter os deslocamentos 
horizontais críticos para os casos de vento incidindo na fachada principal e na fachada lateral do 
edifício, considerando-se os valores nominais das ações para uma velocidade básica de 32,5m/s. 
Para esta análise foram desenvolvidos dois modelos estruturais tridimensionais, sendo que 
primeiro corresponde à estrutura executada (sem elementos de contraventamento vertical) e o 
segundo representa as condições definidas no projeto da estrutura metálica original (com elementos 
de contraventamento vertical). Em ambos modelos estruturais foram consideradas as propriedades 
geométricas e mecânicas de pilares parcialmente revestidos com concreto, conforme executado. 
Na Fig. 25 apresentam-se os resultados de deslocamentos horizontais dos dois modelos 
estruturais para o caso de vento incidindo na fachada principal do edifício. Para o modelo que 
representa a estrutura executada (Fig. 25.1), o deslocamento horizontal crítico é de 
aproximadamente 133mm. Para o modelo da estrutura original com contraventamentos (Fig. 25.2), 
o deslocamento horizontal crítico é de aproximadamente 30mm. 
Na Fig. 26 apresentam-se os resultados de deslocamentos horizontais dos dois modelos 
estruturais para o caso de vento incidindo na fachada lateral do edifício. Para o modelo que 
representa a estrutura executada (Fig. 26.1), o deslocamento horizontal crítico é de 
aproximadamente 253mm. Para o modelo da estrutura original com contraventamentos 
(Fig. 26.2), o deslocamento horizontal crítico é de aproximadamente 4mm. 
 
1- Estrutura Executada
An á l i se d a e s t r u t u r a sem 
contraventamento. Incidindo na 
fachada principal.
2- Projeto Original
An á l i se d a e s t r u t u r a com 
contraventamento, com exceção da 
torre. Vento Incidindo na fachada 
principal.
Ponto 49
x: 17.3250
y: -132.6384
z: 0.0000165
Ponto 17
x: 8.1476
y: -40.6723
z: 0.000002608
Ponto 49
x: 0.553
y: -29.8355
z: 0.0256
Ponto 17
x: 0.7783
y: -2.3933
z: 0.1187
Vento na 
fachda principal
Observação:
- Unidade em milímetros
 
Figura 25: Estrutura deformada para o caso de vento incidindo na fachada principal do edifício. 
 
 
 
Vento na 
fachada lateral
Vento na 
fachada lateral
Ponto 51
x: 253.3337
y: 6.4759
z: 0.00008407
Ponto 51
x: 4.2947
y: -0.6895
z: 0.000001857
Ponto 16
x: 98.5753
y: 9.2528
z: 0.00004141
Ponto 16
x: 1.2388
y: 0.0832
z: -0.005
1- Estrutura Executada
An á l i se d a e s t ru t ur a s e m 
contraventamento. Vento incidindo 
na fachada lateral.
2- Projeto Original
An á l i se d a e s t ru t ur a c o m 
contraventamento, com exceção da 
torre. Vento Incidindo na fachada 
lateral.
Observações:
- Unidade em milímetros
 
Figura 26: Estrutura deformada para o caso de vento incidindo na fachada lateral do edifício. 
 
 
Segundo o Anexo C da NBR 8800/86 [4], o deslocamento horizontal máximo de um edifício de 
múltiplos andares relativo à base deve ser de h/400, onde h representa a altura do mesmo. No 
edifício em estudo, que apresenta altura de 15.400mm, o deslocamento horizontal máximo é de 
38,5mm. 
De acordo com os deslocamentos horizontais obtidos por meio desta análise, observa-se que 
para a estrutura executada os deslocamentos horizontais críticos superam os valores limite 
prescritos pela NBR 8800/86 [4] para os dois casos de vento considerados. Por outro lado, para as 
condições definidas no projeto da estrutura metálica original, que apresentava elementos de 
contraventamento vertical, para os dois casos de vento considerados os deslocamentos horizontais 
críticos são menores do que os valores limite prescritos pela NBR 8800/86 [4]. 
 
 
 
5 Diagnóstico 
O diagnóstico tem por objetivo compreender as causas e fenômenos que deram origem às 
manifestações patológicas identificadas em uma determinada edificação. O processo de diagnóstico 
vai se efetivando à medida que se reduzem as incertezas iniciais com o progressivo levantamento de 
dados, até que se chegue a uma correlação satisfatória entre o problema e a explicação do mesmo [5]. 
A partir do estudo realizado, na Tabela 1 apresenta-se de maneira sintética o diagnóstico sobre 
os diversos problemas patológicos identificadosno edifício da COPEVE, apontando as causas 
prováveis e mecanismos de deterioração dos mesmos. 
 
Tabela 1: Diagnósticos relativos às manifestações patológicas identificadas no edifício 
 Manifestação patológica Diagnóstico 
Problemas relacionados à entrada de águas 
pluviais através da cobertura 
. boa parte da entrada de água no edifício se deu devido à deposição de resto 
de argamassa sobre as telhas metálicas; 
. um dos coletores horizontais de águas pluviais não comporta a vazão de 
projeto admitida para o caso, considerando-se uma chuva com período de 
retorno de cinco anos e tempo de duração de cinco minutos; 
. as ligações entre tubos foram realizadas sem conexões adequadas; 
. a falta de apoios intermediários adequados nos coletores horizontais não 
permite o adequado escoamento das águas pluviais, provocando 
vazamentos sobre a laje de cobertura; 
. a água empoçada sobre a laje do terceiro pavimento provoca corrosão da 
treliça metálica de cobertura; 
Fissuras no piso . a causa provável da fissura na laje de piso é a falta de uma junta de 
dilatação transversal na placa de grandes dimensões. 
Fissuras nos fechamentos externos . os dispositivos utilizados na interface entre estrutura metálica e fechamento 
externo não permitiram a movimentação diferencial esperada; 
. nos locais onde não houve desvinculação entre estrutura e fechamento a 
fissuração foi causada pelos movimentos diferenciais entre as duas partes; 
. as fissuras nas interfaces entre estrutura e fechamento externo são 
causadas pelos deslocamentos horizontais excessivos da estrutura, que 
decorrem da ausência de elementos de contraventamento vertical; 
Fissuras nos fechamentos internos . as fissuras verificadas na alvenaria de blocos de concreto na região da caixa 
d'água ocorreram devido a um deslocamento excessivo da viga de piso 
sobre a qual esta alvenaria está apoiada. Os desenhos do projeto estrutural 
aos quais se teve acesso não mostram a previsão de uma carga devido às 
duas caixas d'água na posição onde se encontram no edifício; 
. as fissuras nos fechamentos internos em "dry-wall" ocorreram 
principalmente devido ao deslocamento vertical diferencial excessivo entre a 
parte inferior e superior de um mesmo pavimento. Os deslocamentos foram 
de tal magnitude que não foram suportados pelos fechamentos. 
Fissuras nos revestimentos da fachada . as juntas de movimentação horizontais executadas no encontro entre a placa 
de fibrocimento e o revestimento de argamassa do fechamento externo não 
desempenharam a função esperada. O silicone utilizado nestas juntas 
perdeu a aderência com o substrato e não impediu a entrada de água 
através da junta horizontal; 
. com a entrada de água através das juntas, as placas de fibrocimento 
absorvem parte desta água e se criam ciclos de molhagem e secagem, com 
expansão e contração dessas placas, o que provoca a fissuração destes 
revestimentos (Fig. 27); 
. outra causa provável da ocorrência destas fissuras é a execução irregular da 
junta horizontal, já que em algumas partes a argamassa de revestimento das 
placas de fibrocimento teve continuidade com a argamassa de revestimento 
das paredes externas; 
. O micro clima criado entre as vigas metálicas e as placas de fibrocimento é 
responsável pelo desenvolvimento da corrosão em toda a região ocultada 
pelas mesmas. 
Tabela 1: Diagnósticos relativos às manifestações patológicas identificadas no edifício (continuação) 
 Manifestação patológica Diagnóstico 
Deslocamentos verticais excessivos . o deslocamento vertical máximo de aproximadamente 90mm, observado na 
linha de centro da laje do terceiro pavimento, que atualmente suporta a 
cobertura, corresponde ao deslocamento vertical de uma viga metálica 
principal com vão de 12.000mm; 
. o valor do deslocamento vertical máximo recomendado pela NBR 
8800/86 [4] para vigas de edifícios de múltiplos andares, considerando-se 
barras biapoiadas de pisos e coberturas, suportando acabamentos sujeitos à 
fissuração, é de L/360, o que neste caso corresponde a aproximadamente 
33mm. Portanto, o valor do deslocamento vertical máximo verificado supera 
em 172% o valor recomendado. 
. as causas prováveis dos deslocamentos verticais excessivos são a 
possibilidade do aumento do peso próprio devido a uma variação da 
espessura do concreto da laje mista e/ou a não observância do critério de 
deslocamento vertical máximo durante o dimensionamento dos elementos 
estruturais. 
Irregularidades nas ligações . as irregularidades nas ligações ocorreram por falhas de planejamento na 
fabricação da estrutura metálica; 
. com a alteração das ligações parafusadas pela aplicação de cordões de 
solda em seus contornos, as mesmas adquirem um grau de rigidez 
desconhecido e alteram o modelo estrutural inicialmente admitido. Os 
esforços causados por esta continuidade promovida pelas novas ligações 
não foram considerados no dimensionamento da estrutura e das fundações. 
Deslocamentos horizontais excessivos . Os elementos do contraventamento vertical previstos inicialmente foram 
retirados ao longo da execução da obra, com objetivo de evitar interferências 
com o fechamento externo em painéis horizontais de concreto leve 
autoclavado; 
. a ausência de elementos de contraventamento provoca o aparecimento de 
deslocamentos horizontais excessivos na estrutura; 
. a utilização de pilares parcialmente revestidos com concreto não promove o 
efeito de estabilização horizontal da estrutura, não provocando um efeito de 
estabilização equivalente a um sistema de contraventamento. 
 
 
 
Figura 27: Processo de deterioração dos revestimentos da fachada. 
 
 
 
 
 
 
6 Conclusões 
O trabalho desenvolvido no edifício da COPEVE revela que a maioria das manifestações 
patológicas está relacionada com deficiências de detalhamento de projeto e com falhas de execução. 
Dentre os diversos problemas identificados, os deslocamentos horizontais excessivos devido à 
ausência de um sistema de contraventamento no edifício é o aspecto que mais influi no surgimento 
de outras manifestações patológicas em condições de serviço. 
De uma maneira mais ampla, observa-se que a fundação, a estrutura metálica, o fechamento, a 
cobertura e os acabamentos do edifício foram executados por empresas distintas, por meio de 
processos licitatórios específicos, típicos de obras públicas. Estas empresas foram contratadas para 
executar serviços distintos e não foram cobradas em seu devido momento sobre a necessidade de 
compatibilizar as interferências entre as diversas etapas da obra. Parte das manifestações 
patológicas do edifício estudado tiveram como origem esta falta de compatibilização entre as etapas 
da obra. 
Ao se tratar de obras em estrutura metálica e mista, tecnologia considerada ainda em 
consolidação no Brasil, torna-se necessário definir parâmetros mais claros de recebimento de obras 
para as equipes de fiscalização, o que pode contribuir para evitar boa parte dos problemas 
patológicos encontrados em obras desta natureza. 
O estudo realizado proporciona a base necessária para definição de um projeto de intervenção 
que visa a recuperação de um bom nível de desempenho da edificação. 
Referências 
[1] Brasil. Lei 8.666, de 21 de Julho de 1993. Regulamenta o artigo 37, inciso XXI, da 
Constituição Federal, institui normas para licitação e contratos da Administração Pública e dá 
outras providências. 
[2] Souza, Vicente Custódio de (1998). Patologia, recuperação e reforço de estruturas de 
concreto. São Paulo, Pini. 
[3] Thomaz, Ercio (1989). Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo, Pini. 
[4] ABNT (1986). Projeto e Execução de Estruturas de Aço de Edifícios - Procedimento: NBR-
8800. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. 
[5] Lichtenstein, NorbertoB. (1986). Patologia das Construções – Boletim técnico, Escola 
Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo.

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