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INSULINA UMA ABORDAGEM TERAPÊUTICA, BIOTECNOLÓGICA E SANITÁRIA Willian Tosta Pereira de Oliveira Farmacêutico Clínico e Industrial – UnB williantosta@yahoo.com.br Roberto Carlos Rocha de Moura Farmacêutico – UFMS Mestre em Ciências da Saúde – UnB roberto.crm@gmail.com Orientador INTRODUÇÃO A insulina humana é secretada pelas células β das ilhotas pancreáticas e liberada nos períodos pós–prandiais sendo fundamental para o controle do nível glicêmico juntamente com o glucagon (RANG, 2003). A molécula de insulina é constituída por 2 cadeias polipeptídicas A e B; formadas, respectivamente, por cadeias de 21 e 30 aminoácidos ligadas por pontes dissulfeto (RASKIN, 2006). Compreender o mecanismo de ação e o comportamento desse hormônio é essencial para o tratamento da Diabetes Mellitus – DM –, doença decorrente de problemas no controle efetuado por esse hormônio. Existem dois tipos de DM a tipo I e a tipo II. A primeira é resultante da não secreção de insulina pelo pâncreas e a segunda, não insulinodependente, ocorre por fatores não diretamente ligados à secreção de insulina, onde o tratamento é realizado, principalmente, sem a utilização desse hormônio (KATZUNG, 2003). A insulina sintética com estrutura idêntica ao hormônio tem em parte substituído as insulinas de origem animal (bovina, suína ou mista) no tratamento da DM–I. Essa insulina é produzida por síntese química ou por técnicas de DNA recombinante (HIRSH, 2005), parte que será explorada nesse trabalho. A busca de uma insulina mais próxima à fisiológica fez com que surgissem as insulinas de curta e longa duração, por modificações na estrutura protéica (RANG, 2003). Este trabalho traça um histórico da função e utilização terapêutica da insulina, demonstra sua importância no tratamento da DM, as técnicas empregadas na sua produção e no desenvolvimento de novos análogos; além de abordar sobre enquadramento da insulina como medicamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O artigo foi desenvolvido como uma revisão bibliográfica, a partir de livros e artigos que abordam o tema. INSULINA DA PATOLOGIA À FARMACOTERAPIA. A insulina humana é sintetizada pelo pâncreas endócrino que é constituído por cerca de 1 milhão de ilhotas de Langerhans, distribuídas por todo órgão (KATZUNG, 2003). Essas ilhotas possuem quatro tipos de células, sendo cada uma responsável pela secreção dos hormônios mencionados. A insulina é secretada pelas células β, o glucagon nas células α, a somatostatina nas células D e o peptídeo pancreático nas células F. As células β representam 60–80% da ilhota e formam um núcleo central. (DAVIS, 2005). A insulina possui peso molecular de 5734 Daltons, contém 51 aminoácidos dispostos em duas cadeias – A e B – unidas por pontes dissulfeto; entre as espécies – humanos, bovinos, suínos – existem diferenças nos aminoácidos de ambas as cadeias. A insulina bovina difere do hormônio humano em três aminoácidos, enquanto somente um aminoácido diferencia a insulina suína da humana (KATZUNG, 2003). A figura I mostra a estrutura da insulina humana. Diabetes Mellitus A Diabetes Mellitus (DM) forma mais comum de diabetes é uma patologia causada pela perda parcial ou completa das respostas biológicas mediadas pela insulina. Existem: a Insulinodependente, ou tipo I, e a não Insulinodependente, tipo II. A Diabetes Mellitus tipo I – DM–I – normalmente ocorre durante a infância ou adolescência, é causada por uma destruição auto–imune das células β das ilhotas de Langerhans; caracteriza–se pela ausência ou níveis baixos de insulina no sangue, além de altos níveis de glicose sanguínea (WALSH, 2003). Figura I. Molécula de insulina humana. Fonte: RASKIN, 2006. A DM é uma das principais causas de morte em diversos países. A incidência mundial desse patologia está aumentando. Em 1995, existiam 135 milhões de pessoas afetadas. A estimativa para o ano de 2025 é de cerca de 300 milhões. O aumento da incidência é devido a inúmeros fatores como: o aumento da população e da estimativa de vida maior em todo o mundo, má–alimentação, sedentarismo e obesidade (WALSH, 2003). Em certos países tropicais, uma das causas bem comuns de diabetes é a pancreatite crônica associada a fatores nutricionais ou tóxicos. Em casos muito raros, essa patologia pode ser devida a mutações puntiformes no gene da insulina (DAVIS, 2005). Os sintomas característicos da fase aguda são: poliúria, polifagia, emagrecimento, perda da força. As manifestações crônicas degenerativas observadas são: infarto do miocárdio, arteriopatia periférica, acidente vascular cerebral (AVC), microangiopatia, nefropatia e neuropatia (SANTOS, 2008). Faz–se necessário ressaltar que uma das principais causa de mortalidade relacionada ao DM é a doença cardiovascular, especialmente a doença arterial coronariana, responsável por grande parte dos óbitos entre os adultos (CENTEMERO, 2009). O DM–I é uma doença metabólica multissistêmica decorrente do comprometimento da produção ou função da insulina. Caracteriza–se pela hiperglicemia e a cetoacidose. As complicações crônicas incluem aterosclerose progressiva das artérias, que pode levar à necrose isquêmica das extremidades dos órgãos internos, e à obstrução microvascular, causando lesão na retina, nos glomérulos renais e nos nervos periféricos. A relação de metabolismo anormal da glicose e lesões vasculares é desconhecida (ABBAS, 2005). Tratamentos utilizados para a Diabetes Mellitus A terapêutica hoje empregada é eficaz, mas estudos são necessários para proporcionar um maior elucidação dessa patologia, e como se sabe fatores genéticos influem na Diabetes, assim como em outras doenças; com isso, a medicina tender a evoluir no sentido de buscar terapias individualizadas e prevenção da ocorrência das mesmas (CARVALHEIRA, 2002). Os parâmetros utilizados para a classificação dos distúrbios metabólicos são determinados pela OMS – Organização Mundial da Saúde – e pela ADA – American Diabetes Association –. O diagnóstico de Diabetes Mellitus é definido quando existe duas mensurações de glicemia de jejum (pelo menos oito horas após a última refeição) maiores que 126 mg/dl ou quando os valores da glicemia duas horas após sobrecarga com 75 g de glicose são maiores que 200 mg/dl (CENTEMERO, 2009). O teste de sobrecarga de glicose, ou teste de tolerância a glicose, é realizado quando parâmetros anteriores não permitiram chegar ao diagnóstico de DM, mas existem os sinais e sintomas clínicos. O modelo delineado pela ADA e OMS é aquele onde se faz a dosagem da glicose em dois momentos: o primeiro, com o paciente em jejum de 8 a 14 horas; e o segundo, 120 minutos após a ingestão de glicose anidra (BIOTÉCNICA, 2010). A presença de sintomas típicos (poliúria, polidipsia e perda de peso) associados a níveis de glicemia > 200 mg/dl em medidas aleatórias, ou seja, independentemente do tempo em que a última refeição foi realizada, também caracterizam o diagnóstico (CENTEMERO, 2009). Os objetivos do tratamento são promover o controle metabólico (principalmente, dos níveis glicêmico), permitir o crescimento e desenvolvimento adequado, promover o bem estar físico e psíquico e evitar a manifestação das complicações crônicas da patologia (RANG, 2003). A insulina pode ser administrada por via intra–venosa, intra–muscular; mas o tratamento crônico utiliza como via de administração, predominante, a injeção subcutânea do hormônio. O objetivo da insulinoterapia por via subcutânea consiste em repor a insulina basal normal (normal, jejum, e entre as refeições) e a prandial – durante as refeições – (KATZUNG, 2003). As preparações comerciais de insulina são classificadas de acordo com a duração em: ação em curta, intermediária e longa; outro aspectoé a espécie de origem: humana, suína, bovina ou mistura bovina e suína. A insulina humana tornou–se amplamente disponível pelo advento e desenvolvimento das técnicas de DNA recombinante (DAVIS, 2005). Essas técnicas levaram a diferentes formulações de insulina que diferem em aspectos como as técnicas de produção de DNA recombinante, sequência de aminoácidos, concentração, solubilidade e tempo de início e duração de sua ação biológica (KATZUNG, 2003). A tecnologia empregada na produção das primeiras insulinas não permitiu diminuir as reações de sensibilidade a esse hormônio, pois as técnicas empregadas deixavam contaminantes. Com as modernas tecnologias empregadas nos processos de produção dessas insulinas de origem animal, como a cromatografia, conseguiu–se diminuir nas formulações a quantidade de contaminantes obtendo–se um hormônio de melhor qualidade (WALSH, 2003). A insulina bovina e suína, devido às diferenças nas sequências de aminoácidos possuem propriedade físico–químicas diferentes da humana. Por outro lado, a produzida com o uso da tecnologia do DNA recombinante, é mais solúvel em soluções aquosas. Atualmente, as formas disponíveis no mercado são supridas em pH neutro, resultando em uma melhor estabilidade e isso é essencial por permitir o armazenamento por vários dias em temperatura ambiente (DAVIS, 2005). A tabela 1, abaixo cita as principais preparações de insulina disponíveis no mercado. As insulinas de ação rápida e de ação curta são apresentadas na forma de soluções transparente em pH neutro e contem pequenas quantidades de zinco para melhorar a sua estabilidade e o prazo de validade. Todas as outras formas, que sofreram alterações com um intuito de se atingir um efeito prolongado, são apresentadas na forma de suspensões turvas em pH neutro, com protamina em tampão de fosfato (insulina com protamina neutra Hagedorn – NPH–) ou com concentrações variáveis de zinco em tampão de acetato (insulinas ultralentas e lentas). A única de ação longa solúvel é a glargina (KATZUNG, 2003). A figura II demonstra o tempo de ação no organismo humano das diferentes formulações de insulina. Existem a disposição dos pacientes portadores da DM–I, dois análogos de insulina de ação rápida: a Insulina Lispro e a Insulina Aspart que têm por função a reposição prandial do hormônio, em virtude de seu rápido inicio de ação e ação máxima precoce. É a que mais reproduz a secreção prandial normal de insulina endógena de indivíduos sadios (KATZUNG, 2003). Figura II: Tempo de ação das diferentes formulações de insulina. Fonte: HIRSH, 2005. Adaptado de KATZUNG, 2003. A insulina regular não é tão boa como essas para esse efeito, conforme pode ser observado na figura II. Um ponto a ser destacado com relação a insulina Lispro é a sua menor variabilidade de absorção (5%) em comparação com a insulina Regular (25%) e as de ação intermediária e longa (25–50%) (DAVIS, 2005). A insulina Regular é uma insulina zinco cristalina solúvel, de ação curta, seu efeito aparece dentro de 30 minutos, tende a forma dímeros que se associam em torno dos íons de zinco, formando hexâmeros de insulina; essa conformação leva a um início tardio de ação e aumenta o tempo necessário para atingir a ação máxima. É útil nos casos onde a necessidade de insulina muda rapidamente, como por exemplo, infecções agudas ou após cirurgias; como também, na cetoacidose diabética (KATZUNG, 2003). As insulinas de ação intermediária foram desenvolvidas para se obter uma dissolução mais gradual ao serem utilizadas, possuem duração de ação prolongada. As preparações mais utilizadas são a Insulina Lenta (suspensão de insulina zíncica) e a Insulina NPH (com protamina neutra de Hagedorn). A primeira, é mix de insulina cristalizada – Ultralenta – e amorfa – Semilenta – em um meio tampão acetato, que objetiva imitar a solubilidade da insulina (DAVIS, 2005). Tanto a insulina Ultralenta (suspensão de insulina zíncica expandida) quanto a NPH são insulinas de ação longa (DAVIS, 2005). A Ultralenta ressurgiu a pouco tempo, associada com de ações rápida, com o intuito de promover um controle ótimo da glicemia em pacientes com DM–I; em contraste com as suas formulações anteriores possui uma duração de ação mais curta e efeito máximo pronunciado, evitando assim os riscos de hipoglicemia. (KATZUNG, 2003). Uma outra insulina disponível, e que o desenvolvimento se deu por causa da necessidade de se ter uma reposição de insulina reproduzível, conveniente e basal, é a insulina Glargina que consiste em um análogo solúvel de insulina de ação Ultralonga sem a presença de pico, ou seja, com amplo platô de concentração plasmática (KATZUNG, 2003). A abordagem farmacoterapêutica da DM–II utiliza outros fármacos para o tratamento. A insulina é utilizada em casos mais complexos. Normalmente a terapia emprega: os antidiabéticos orais classificados em secretagogos da insulina (sulfoniluréias, meglitinidas, derivados da D–fenilanina), biguanidas, tiazolidinodionas e inibidores da α– glicosidase (KATZUNG, 2003), que por não serem o foco da presente revisão, não serão abordados minuciosamente. Técnicas de produção de insulina para utilização humana As técnicas de produção de insulina sofreram grandes transformações no decorrer das últimas décadas. Antes da metade da década de 1970, as apresentações comerciais de insulina tinham pró–insulina, substâncias semelhantes ao glucagon, polipeptídeos pancreáticos, somatostaina e peptídeos intestinais vasoativos. Esses contaminantes foram retirados com a introdução de insulinas suínas monocomponentes (DAVIS, 2005). No fim dos anos 70, realizou–se uma mobilização com o objetivo de se desenvolver uma insulina humana biossintética, que fosse semelhante ao hormônio endógeno (DAVIS, 2005), e com isso, não causasse resposta alérgicas. No presente tópico vamos explorar um pouco dos aspectos que envolvem a produção de insulina suína e a obtida por técnicas de DNA recombinante A insulina obtida por engenharia genética tornou–se possível pela descoberta do modelo estrutural da molécula de DNA por Watson e Crick. A elucidação da estrutura do DNA impulsionou o desenvolvimento da genética, e ao mesmo tempo, iniciou uma revolução no modo de como os seres vivos são entendidos (FERREIRA, 2004). A humanidade emprega os processos biotecnológicos a milhares de anos, mas eram desconhecido os agentes responsáveis por esses processos. Existem relatos de emprego dos processos fermentativos por civilizações antigas para produção de bebidas alcoólicas há cerca 6000 a. C. O Egito antigo utilizava fermento para fabricação de pães; a produção de iogurtes e queijos é utilizada pelo homem há anos – 800 a.C – (OLIVEIRA, 2009). A elucidação da estrutura tridimensional do DNA por Watson e Crick, em 1953, permitiu o surgimento de ferramentas para manipulação genética. Na década de 70, as técnicas de engenharia genética permitiram a obtenção de organismos e proteínas recombinantes, levando à produção de substância ou a catalisação de reações para as quais não eram geneticamente programados. A aplicação dessas metodologias em processos industriais passou a se tornar freqüente, e a fabricação de insulina recombinante foi uma das pioneiras nesse processo (OLIVEIRA, 2009). Para a indústria farmacêutica, a utilização de processos biotecnológicos é essencial para a obtenção de inúmeros produtos para a saúde humana e animal. Na metade do século XX, o desenvolvimento de um medicamento – penicilina – foi o ponto de onde começou a se traçar a história da biotecnologia moderna (VAZ, 2007). Existe uma grande diversidade de microorganismos envolvidos em vários processos naturais. Esses produzem uma variedade de substâncias químicas que podem ser usados como: combustíveis,aditivos alimentares, tratamentos farmacoterapêuticos, suplementos alimentares e polímeros. A produção de produtos utilizando esses microorganismos é um dos maiores focos da indústria biotecnológica (JIANZHONG, 2009). Os recentes avanços no conhecimento do genoma e nas técnicas de engenharia genética, combinadas com análises computacionais, estão abrindo novos horizontes no conhecimento. Essa associação permitiu a elucidação de vários mecanismos da fisiologia celular, e, é um dos pontos chave para a produção industrial de medicamentos que utilizam a técnicas da biologia molecular (JIANZHONG, 2009). A insulina sintética – com estrutura idêntica ao hormônio humano – obtida por essas técnicas tem substituído as insulinas empregadas anteriormente (bovina, suína ou mista). Entre as técnicas de obtenção estão a síntese química e a biotecnológica. A busca de uma insulina mais próxima da fisiológica fez com que surgissem as insulinas de curta e longa duração (RANG, 2003). Isso foi possível devido a modificações na molécula de insulina, assunto que será abordado posteriormente. No conceito de industrialização, está intrínseca a capacidade de transformar matérias primas em bens e produtos requeridos pela população. O incremento da capacidade produtiva em substituição às formas artesanais e rudimentares permitiu a disseminação para a população do conhecimento farmacoterapêutico, permitindo assim o aumento da qualidade e expectativa de vida (CATAPRETA, 1999). Na biotecnologia industrial o elemento central é o reator, pois é nele que ocorrem as transformações de interesse; apesar de essencial não é o mais importante do processo. Existem dois conjuntos de operações que devem ser considerados. O primeiro refere–se aos tratamentos iniciais – que antecedem a operação –, e o segundo os tratamentos finais – englobam a separação e a purificação dos produtos e tratamento dos resíduos – (VAZ, 2006). Nesse contexto, se abordarão os aspectos industriais para a obtenção da insulina suína e bovina – muito utilizadas no passado – e da insulina sintética, atualmente disponível em grande escala no mercado. Insulinas de Origem Animal A produção de insulina suína gera muitos resíduos, que devem ser fonte de atenção e manejo adequado, por acarretarem risco à população. A título de curiosidade, uma planta de uma indústria farmacêutica produtora de insulina situada em Montes Claros – MG possui três unidades componentes do processo industrial de obtenção do hormônio. A primeira unidade produz os cristais de insulina bovina e suína. A segunda é responsável pela fabricação do Proteomix – composto de enzimas presentes no pâncreas bovino e suíno –, Papaína – Látex obtido do Carica papaia (mamoeiro) –, Meios de cultura – 60 tipos diferentes de meios de cultura que são misturas padronizads de diversas substancias nutritivas em pó. E a terceira unidade, é responsável pelo envasamento dos frascos (CATAPRETA, 1999). Desse processo, resulta uma série de resíduos como de pâncreas – 60 toneladas/mês –, ajuda filtrante – 40 toneladas/mês –, gordura – 14 toneladas/mês –, lodo residual da estação de tratamento de efluentes – 4 toneladas/mês –. Além de ser um processo muito caro, com matéria primas de difícil aquisição ainda possui o problema dos resíduos que, embora não resultem em grandes riscos à população, devem ter uma atenção com a sua destinação (CATAPRETA, 1999). Na figura III abaixo, pode se observar o fluxograma do processo de extração de insulina com a indicação dos pontos onde a geração dos resíduos. Figura III. Fluxograma do processo de extração de insulina com a indicação dos pontos onde a geração de resíduos. Fonte: CATAPRETA, 1999. Outra técnica de produção de insulina humana, a partir da suína, consiste na troca do aminoácido Alanina na cadeia B, na posição 30, da insulina suína; por uma Treonina nessa mesma posição fornecendo assim a mesma sequência da insulina humana. Esse método utiliza uma combinação de tratamentos enzimáticos e químicos no hormônio suíno. A insulina suína é primeiramente submetida a uma digestão, em pH 7,5 por 45 minutos, com tripsina (WALSH, 2003) - uma enzima de restrição – que reconhece sequências curtas específicas de DNA e cliva o dúplex – (LEWIN, 2001). O resultado obtido é uma clivagem seletiva de um peptídeo, depois ocorre a ligação da Arginina 22 e Glicina 23 na cadeia B. Os produtos dessa reação são a molécula de insulina e um octapeptídeo terminal, que são separados por uma coluna gel de filtração Sephadex G–75 (WALSH, 2003). Um octapeptídeo correspondendo à sequência da cadeia B humana é sintetizado quimicamente. Esse peptídeo é acoplado à insulina da etapa anterior, por método químico estável, resultando assim em uma insulina humana semi–sintética. Essa uma técnica que utiliza muita matéria–prima, de baixo rendimento, e de custo muito elevado, o que a torna economicamente não atrativa. A figura IV ilustra essa técnica sucintamente (WALSH, 2003). Insulina Recombinante A primeira insulina humana obtida pela tecnologia do DNA recombinante foi aprovada para uso médico em 1982, nos Estados Unidos, na Alemanha e na Inglaterra. A Figura IV. Esquema de obtenção de insulina humana semi–sintética. Fonte: WALSH, 2003 (com adaptações). produção utilizando essa tecnologia apresenta uma série de vantagens como: a eliminação dos riscos da transmissão acidental de doenças e de patógenos presentes no tecido pancreático animal, além de uma atrativa economia de produção (embora, o investimento inicial seja elevado) (WALSH, 2003). As técnicas de engenharia genética envolvem o uso de vetores de expressão que é conceituado como um vetor de clonagem projetado para que a sequência codificadora inserida em um sítio determinado seja transcrita e traduzida em uma proteína (LEWIN, 2001). Os microorganismos utilizados para a escala industrial são variados como: vírus, procariontes (bactérias e cianofíceas) e eucariontes (fungos, protozoários, algas, culturas de tecidos animais e vegetais) (VAZ, 2007). Para essa finalidade espera–se que esses tenham algumas características gerais como: elevada eficiência na conversão do substrato em produto, permitir o acúmulo do produto no meio,de forma a ter elevada a concentração do produto no caldo fermentado, não produzir substancia incompatíveis como o produto, ter constância quanto ao comportamento fisiológico, não ser patogênico, não requerer meios de cultura dispendiosos e permitir a rápida liberação do produto para o meio (VAZ, 2007). Nos últimos anos, vários vetores de expressão para Escherichia coli têm sido construídos para diferentes finalidades, como para a clonagem de cDNAs, de fragmentos de DNA amplificados por PCR (Reação em cadeia da polimerase), transcrição em in vitro e para a expressão e produção de proteínas heterológas (LIMA, 2001). Sendo assim, os vetores de expressão devem ser desenvolvidos para cada finalidade, pois é a partir dela que se determinam quais as suas características. De um ponto de vista geral, são necessários seis elementos para a construção de um sistema de expressão protéico: – uma região para replicação estável e controle do número de cópias; – marcador seletivo, como um gene conferindo resistência a antibiótico para a hospedeira; – promotor para iniciar a transcrição e seu controle; – sítio de ligação de ribossomos para a iniciação da tradução em uma trinca ATG conveniente; – região de sítios apropriados para enzimas de restrição, para utilização nas clonagens dos genes a serem expressos (LIMA, 2001). A figura V, ilustra o vetor de expressão pLMT8.5 projetado pela Dr. Beatriz Dolabela de Lima, professora da Universidadede Brasília. Existem diversos modos de se obter um gene eucariótico para a expressão em procarioto. Mas a síntese química oferece algumas vantagens como o fornecimento da sequência exata desejada, possibilidade de desenho das sequências codificadoras e não codificadoras; além da retirada ou adição de sítios de restrição, retirada de íntrons e a etapa de isolamento do mRNA ou DNA genômico não se faz necessária (LIMA, 2001). A produção por essa metodologia se inicia com a inserção da sequência nucleotídica das cadeias A e B da insulina em 2 vetores e a colocação desses em duas diferentes células eucariótica de Escherichia coli. Essas células são colocadas em fermentadores industriais diferentes, depois purifica–se por cromatografia as duas cadeias. Após a etapa anterior, as cadeias A e B são incubadas em condições apropriadas de oxidação e promoção da formação das pontes dissulfeto inter–cadeia formando assim a insulina humana crb (WALSH, 2003). Uma alternativa para esse método desenvolvido pela companhia farmacêutica Eli Lilly é a inserção da sequências de nucleotídeos para a pró–insulina em E. coli. Depois da fermentação e purificação, a pró–insulina expressa é submetida a uma excisão proteolítica d peptídeo C in vitro obtendo–se a insulina humana prb (WALSH, 2003). Vários estudos demonstram que as insulinas recombinantes são quimicamente e funcionalmente semelhantes à insulina humana endógena. Experimentos com radioimunoensaios e radioreceptores chegaram a resultados idênticos aos obtidos por estudos tradicionais de insulina utilizando coelhos. Após, a aprovação para uso humanos os estudos clínicos demonstraram que as insulina recombinantes são efetivas no controle da hiperglicemia. (WALSH, 2003). O produto recombinante apresenta algumas impurezas derivadas da utilização da E. coli que podem levar à resposta imunogênica. A purificação da insulina obtida é essencial Figura V. Mapa do vetor de expressao pLMT8.5. Tet®: gene de resistência a tetraciclina; Ori: origem de replicação; MCS: região de sítios únicos para enzimas de restrição; pL: promotor pL; SD: sequencia Shine-Dalgarno; e TT: região de terminação da transcrição. Fonte: LIMA, 2001. e ocorre em colunas cromatográficas que exploram a interação molecular dos compostos com as fases da coluna (WALSH, 2003). Uma etapa final no processo de produção da insulina prb é a utilização do HPLC fase reversa (reverse–phase HPLC – RP–HPLC –). As colunas C8 ou C18 RP–HPLC usam displays internos com volume de 80 litros ou mais; e 1200 gramas de insulina durante a purificação simples. A separação é realizada utilizando um meio ácido (ácido acético) na fase móvel (o pH da insulina em solução está em torno de 5.3). A insulina então é carreada na fase móvel, usando um grande de eluição com acetronitrila (WALSH, 2003). Esse processo termina com 99% de pureza da insulina. O RP–HPLC não remove as impurezas derivadas da E. coli, mas é efetivo na separação das modificações dos derivados insulínicos em relação ao produto endógeno. O resultado é um nível extremamente baixo de impurezas nas formulações insulínicas o que diminui significativamente as respostas imunológicas em pacientes diabéticos (WALSH, 2003). A figura VI ilustra o processo de obtenção de insulina demonstrado no texto, bem como, a fase final de RP–HPLC que é responsável pela obtenção de um produto com alta pureza. Surgimento de novas insulinas A tecnologia do DNA recombinante permitiu a fabricação da insulina humana em microorganismos, como também facilitou a geração de modificações na sequência de aminoácidos permitindo o desenvolvimento de diversas formulações de insulina que buscam se aproximar o máximo possível do hormônio endógeno (WALSH, 2003). Figura VI. Esquema do processo de obtenção industrial de insulina. Fonte: WALSH, 2003 (com adaptações). Assim, algumas insulinas tiveram suas propriedades farmacocinéticas alteradas para serem de longa–duração ou de curta–duração; além de surgirem formas super– potentes de insulina que tem grande relevância comercial como benefícios econômicos e a utilização de pequenas quantidades de insulina para as doses terapêuticas (WALSH, 2003). Insulina Lispro A insulina Lispro foi desenvolvida por cientistas da Eli Lilly (WALSH, 2003). A inversão da Prolina na cadeia B na posição 28 para a posição 29; e a da Lisina na mesma cadeia na posição 29 para a 28; resultou na produção da insulina Lispro. Essa inversão não influenciou na ligação do hormônio ao seu receptor, não interferiu no tempo de meia–vida e muito menos, na resposta imunológica (HIRSH, 2005). As alterações mencionadas permitiram a formação de insulina com uma capacidade muito baixa de se autoassociar – ao contrário da humana, que conforme visto tende a formar dímeros que aumenta o seu tempo de meia–vida no organismo –, e capaz de ser absorvida e eliminada duas vezes mais rápida quando comparada à humana (HIRSH, 2005). A figura VII demonstra a estrutura da insulina Lispro e o local da inversão dos aminoácidos. Insulina Aspart A insulina Aspart foi o segundo análogo de insulina humana desenvolvido por engenharia genética aprovado para uso médico. Ela difere da insulina humana no aminoácido Prolina localizado na cadeia B, na posição 28. Esse aminoácido foi substituído por um Ácido Aspártico. A simples substituição desse aminoácido diminuiu a propensão de agregação entre as moléculas individuais, permitindo a passagem rápida da insulina do local de administração para a corrente sanguínea (WALSH, 2003). A figura VIII ilustra essas modificações. Figura VII. Insulina Lispro. Fonte: HIRSH, 2005. Figura VIII. Insulina Aspart. Fonte: HIRSH, 2005. Essa substituição conseguiu diminuir a interação normal entre a Prolina B28 e a Glicina B23, o que inibiu a autoagregação. A insulina Aspart possui início de ação entre 10 a 20 minutos, ocorrendo a concentração máxima em 1 hora, duração média de 3 a 5 horas (HIRSH, 2005). Desenvolveu–se também, outra variedade de insulina Aspart, a Aspart B10. Esta insulina consiste na troca de uma Histidina na posição B10 por um Ácido Aspártico – esse resíduo é importante para a afinidade com o receptor IGF–1. Essa alteração aumenta a atividade mitogênica, estimula a autofosforilação de IGF–1, aumenta a síntese de DNA e leva a proliferação das células do endotélio da aorta, além de contribuir para a mitose das células β pancreáticas (HIRSH, 2005). Insulina glargina Um grande número de estudos se propôs a desenvolver análogos de longa–duração. Foram obtidas insulinas em suspensão com zinco, ou suspensões com protamina e zinco, que geralmente apresentavam meia–vida plasmática de 20 a 25 horas. A substituição de aminoácidos gerou algumas formas solúveis que tinham meia–vida de 35 horas (WALSH, 2003). Nessa busca, surgiu a insulina Glargina que é uma análoga solúvel em solução, mas, que se precipita após injeção subcutânea; não apresenta pico de efeito, mas sim um amplo platô (HIRSH, 2005). Essa insulina foi concebida para proporcionar uma reposição reproduzível, conveniente e basal. O seu padrão de absorção parece não depender do local anatômico de injeção e essa droga está associada a uma menor imunogenicidade entre as insulinas de utilização humana (KATZUNG, 2003). A Glargina é o resultado da adição de duas moléculas de arginina à extremidade carboxi–terminal da cadeia B, alongando essa cadeia; e a substituição da Asparaginase por Glicina na posição A21. O efeito é o incremento do ponto isoelétrico da molécula de 5.4 para 7.0. Essa insulina é expressa em Eschechiria coli. A alteração de pH ao ser aplicada pela via subcutânea faz essa molécula precipitar, assim existe uma reservado medicamento que é detectado no organismo até 24 horas depois da administração (HIRSH, 2005). A figura IX traz as modificações moleculares na cadeia de aminoácidos da insulina humana. Figura IX. Insulina Glargina. Fonte: HIRSH, 2005. O registro da insulina como medicamento A insulina para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – integra a categoria de medicamentos biológicos. O conceito de medicamentos biológicos é dado pela Resolução de Diretoria Colegiada– RDC no 315, de 26 de outubro de 2005, que é o regulamento técnico de registro, alterações pós–registro e revalidação de registro dos produtos biológicos terminados. Para essa Resolução, os medicamentos incluídos nessa categoria são: as vacinas, os soros hiperimunes, hemoderivados, biomedicamentos (obtidos por procedimentos ou a partir de fluídos biológicos ou de tecidos de origem animal), anticorpos monoclonais, probióticos, alérgenos e os com microorganismos vivos atenuados ou mortos. Tanto a insulina de origem animal, quanto a obtida por processos de DNA recombinante integram o conceito de biomedicamento dado pela RDC no 315, de 26 de outubro de 2005; portanto, após o desenvolvimento de um medicamento, segundo as técnicas mencionadas nesse trabalho, este irá passar por uma série de estudos pré–clínicos e clínicos que avaliarão sua eficácia, segurança e efetividade. Contempladas as etapas supracitadas e o medicamento mostrando–se capaz de produzir de modo seguro o que se propôs, ele irá passar para a fase de registro. Após a análise do corpo técnico da ANVISA, o processo poderá ser indeferido ou deferido, sendo que essa última situação libera o produto para comercialização. A Resolução – RDC no 315, de 26 de outubro de 2005, apresenta algumas peculiaridades que merecem ser destacadas, das quais cita–se: - Para esse regulamento existe uma diferença entre medicamento biológico e biológico novo, tendo como base o glossário da Resolução. O primeiro é o que contém uma molécula com atividade biológica conhecida e já registrada no Brasil e que tenha passado por todas as etapas de fabricação. Já para o segundo a atividade biológica descrita para a molécula ainda não é registrada no Brasil (BRASIL, 2005). - O sub–item 8.2 do capítulo II dessa Resolução diz que medicamentos biológicos registrados em seus país de fabricação e não liberados para uso pelo país que concedeu o registro não serão registrados no Brasil (BRASIL, 2005). - O certificado de boas práticas de fabricação (CBPF) é definido pela RDC n o 210, de 04 de agosto de 2003, como “o documento legal emitido pela Autoridade Sanitária competente, atestando que determinada linha de produção da empresa cumpre com os requisitos de boas práticas de fabricação”, é assunto do sub–item 9.1, que nos traz a necessidade desse documento do país onde foi concedido o registro inicial do produto. - O CBPF emitido pelo país de origem, apresentado no ato da solicitação de registro ou renovação, pode ser aceito ou não pela ANVISA. No caso de não aceitação, a Gerência Geral de Inspeção de Medicamentos da ANVISA deverá realizar uma inspeção na fábrica no país de origem para que a Gerência Geral de Medicamentos possa deferir ou não a solicitação de registro (BRASIL, 2005). A necessidade da aprovação do medicamento no país de origem tem o intuito de proteger a população brasileira da má–fé de algumas companhias farmacêuticas. Estas fazendo uso da circunstância dos países em desenvolvimento ou de terceiro mundo serem mais maleáveis quanto à questão dos medicamentos, utilizam esses mercados como válvulas de escape quando seus produtos não são aprovados nos grandes mercados. Existe uma grande peculiaridade do registro de produtos biológicos quando comparado às outras resoluções de registro de medicamentos. Há a necessidade da apresentação de documentação de fabricação e controle de qualidade de pelo menos um lote do princípio ativo do produto a registrar (BRASIL, 2005), enquanto, que para outras categorias de medicamentos existe a necessidade de três lotes. A RDC no 210, de 04 de agosto de 2003, traz considerações específicas para a produção de medicamentos biológicos no seu capítulo 18, com o intuito de reforçar os pontos intrínsecos a fabricação desses produtos, dentre as quais ressalta–se: Os procedimentos regulamentares para o controle de produtos biológicos são determinados pela origem dos produtos e pelas tecnologias de fabricação empregadas. A forma como se produzem, inspecionam e administram os produtos biológicos tornam necessárias precauções especiais (BRASIL, 2003). Ao contrário dos medicamentos quimicamente definidos, que normalmente são fabricados e controlados por técnicas químicas e físicas reprodutíveis, os biológicos são produzidos com tecnologias que envolvem processos e materiais biológicos nem sempre reprodutíveis (BRASIL, 2003). Os processos de produção de biológicos têm uma variabilidade intrínseca e, portanto, a degradação e a natureza dos subprodutos não são constantes. Por isso, na fabricação desses produtos é ainda mais crítico o cumprimento das recomendações estabelecidas pelas Boas Práticas de Fabricação, durante todas as fases de produção (BRASIL, 2003). CONSIDERAÇÕES FINAIS A descoberta da correlação entre a secreção da insulina e a Diabetes Mellitus, por si só, representou um grande feito para a ciência, como também para os portadores dessa patologia que viram sua doença ser compreendida e desvendada. Com o passar dos anos, os avanços permitiram obter formulações que fossem capazes de proporcionar um tratamento adequado para esses pacientes, que na grande maioria utilizam a insulina cronicamente. As ferramentas biotecnológicas foram cruciais nesse contexto, uma vez que, proporcionaram a mudança na forma de produção e extração desse hormônio industrialmente. A utilização de hormônio extraído de pâncreas bovino e suíno, além de ser oneroso e pouco produtível, está associado a diversos problemas de reações adversas com a utilização crônica. Os avanços tecnológicos possibilitaram a elucidação da cadeia de aminoácidos da proteína e o desenvolvimento de uma série de técnicas, mencionadas nesse trabalho, que foram fundamentais para obter-se as preparações farmacêuticas disponíveis no mercado. Doenças como a Diabetes devem contar com tratamentos eficazes, mas, além disso, que proporcionem ao paciente conforto, segurança na utilização, e preço acessível. Isso ocorreu pelo desenvolvimento no campo biotecnológico de técnicas que permitiram o emprego industrial e a produção em larga escala de proteínas utilizando microorganismos que, biotransformados, são capazes de incorporar vetores de expressão, que carregam a sequência da proteína desejada que irá ser produzida por esse hospedeiro. Essas técnicas, apesar da aparente complexidade envolvida, produzem grandes quantidades desse hormônio, e por um custo menor, quando comparado a outras técnicas como a de extração de pâncreas de suínos e bovinos. Uma preocupação com esse processo produtivo seriam os contaminantes que são produzidos, mas o emprego de colunas de purificação e aparelhos como o HPLC permitem reduzi-los a níveis mínimos e perfeitamente seguros para o emprego em seres humanos, conforme demonstrado nos estudos clínicos e confirmados pelo estudos de farmacovigilância desses medicamentos. Além de revolucionarem o mecanismo de produção desse hormônio, as ferramentas biotecnológicas levaram à produção de diferentes análogos da insulina. Esses têm por função repor esse hormônio em diferentes momentos – jejum, prandial e pós–prandial. Para essas diversas situações foram realizadas modificações na seqüência de aminoácidos da proteína levando à produção de moléculas com perfis de absorção compatíveis eadequados para cada momento. Por isso, o tratamento geralmente emprega uma insulina de ação rápida – para momentos onde o pico de insulina deve ser momentâneo –, e de ação lenta – onde se exige uma cobertura basal –. Os tratamentos que utilizam essa associação visam se assemelhar à secreção endógena de insulina. Diante do exposto, percebe-se que houve uma evolução do tratamento dessa doença em 60 anos. Passaram – se por várias fases desde a extração em pâncreas de suínos à produção com vetores de expressão em Eschechiria coli. As insulinas apresentadas no mercado são seguras e eficazes para o tratamento da Diabetes, mas ainda existem grandes descobertas a serem feitas para essa patologia, como a produção de um análogo igual ao secretado endogenamente em indivíduos saudáveis e a própria busca da cura dessa patologia. As pesquisas devem continuar com o intuito de se obter mais qualidade de vida para os portadores e outros tratamentos mais cômodos – utilizando vias de administração não invasivas –, bem como a busca de meios para a prevenção da ocorrência dessa patologia nas próximas gerações. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H. Imunologia celular e molecular. Doenças causadas por respostas imunes: hipersensibilidade e auto-imunidade. Vol. único, 5ª edição, p. 423- 444, 2005. - BIOTÉCNICA – Biotecnologia avançada. Teste oral de tolerância à glicose. Disponível em: http://www.biotecnicaltda.com.br/informes/TesteOraldeToleranciaGlicose.pdf. Acesso em 11 de abril de 2010, 15h30. - BRASIL. 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