Buscar

Principais doencas na psicultura

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DE RIO VERDE 
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PATOLOGIA NA PISCICULTURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. Edson de Souza Freire 
 
 
 
 
 
Rio Verde - Goiás
 
 
2 
2 
INTRODUÇÃO 
 
Com a expansão da piscicultura no Brasil a partir da década de 80 observa-se um crescente 
interesse por parte dos criadores no que diz respeito às perdas econômicas que podem ser causadas 
com mortalidade de peixes. Devem ser tomados certos cuidados com o transporte de alevinos ou 
aquisição de novos peixes para a criação. A partir do momento em que retiramos o animal do 
ambiente natural para confiná-lo, nota-se que começam a surgir problemas de ordem nutricional e 
de doenças infecciosas ou parasitárias. A produção intensiva de organismos aquáticos aumenta a 
possibilidade de surtos de doenças e, como esta produção tem aumentado no Brasil, devem ser 
tomados certos cuidados no que diz respeito ao manejo dos animais e transporte, com o intuito de 
minimizar as perdas na criação. Estas perdas são devido à mortalidade dos peixes e às despesas com 
o tratamento dos mesmos. 
 Mesmo no tanque de piscicultura existe um equilíbrio entre patógeno-hospedeiro-ambiente 
que por algum motivo, queda na qualidade da água, alterações bruscas de temperatura, diminuição 
no teor de oxigênio dissolvido, alta densidade de peixes, manejo inadequado, alimentação carente 
em algum nutriente, favorecerão uma queda na resistência dos peixes que fatalmente dará origem à 
mortalidade e proliferação de patógenos. Todos estes fatores são responsáveis por causar estresse no 
organismo e com isto, o animal deixa de se alimentar como de costume tornando-se susceptível á 
infecções bacterianas, fúngicas e parasitárias. Muitos microrganismos podem estar normalmente 
presentes na superfície do corpo ou outros órgãos dos peixes (Roberts & Bullock, 1980), e sob 
àquelas condições inadequadas dar início à doença. Antes de comentarmos sobre as doenças 
causadas por agentes biológicos, vale salientar que podem existir também causas físico-químicas 
responsáveis por mortalidade, bem como um erro na manipulação dos peixes ou mesmo transporte. 
São propriedades da água que mediante alguma alteração, podem ter influência direta ou indireta no 
animal cultivado. Pelo fato da temperatura corporal dos peixes variar de acordo com o ambiente, 
tem efeito fundamental no crescimento, alimentação e respiração dos animais. Além disto, a 
temperatura varia a toxicidade de contaminantes, e pode influenciar no crescimento de uma 
comunidade de microrganismos parasitos. Também pode aumentar ou diminuir a capacidade de 
resposta imunológica dos peixes. 
 Outro fator importante na criação é o material em suspensão na água que está diretamente 
relacionado à turbidez do ambiente aquático. Ao adubar-se um tanque, deve ser tomado o cuidado 
para que não o faça com excesso, pois a grande quantidade de material em suspensão pode provocar 
lesões nos filamentos branquiais dos peixes. Vale fazer um alerta também de que se houver grande 
quantidade de material em decomposição, resultante de muito alimento ou mesmo de adubos 
orgânicos, trará conseqüências no nível de oxigênio dissolvido, bem como proliferação de 
organismos patogênicos. 
 O potencial hidrogeniônico (pH) pode ser caracterizado como alcalino (acima de 8,0), neutro 
(7,0) e ácido (abaixo de 6,0). A exigência quanto ao valor do pH depende do peixe que está sendo 
cultivado e das condições do meio para o cultivo. Quando estes valores não estão adequados à 
espécie cultivada, podem surgir irritações dérmicas, hemorragias, hipersecreção de muco, problemas 
branquiais e morte do peixe. A conseqüência destas alterações é o estresse causado no animal. 
 A intensidade luminosa no meio aquático apresenta especial contribuição para o aumento na 
produtividade primária, na alimentação e comportamento dos peixes. Compostos nitrogenados e 
fósforo são necessários à produção primária nos tanques de cultivo e juntamente com outros fatores, 
indicam a eutrofização do meio. 
 Além dos fatores mencionados anteriormente, existem contaminantes químicos que podem 
ser encontrados no curso de água por displicência das pessoas que habitam a região, prejudicando 
assim a criação. 
 
 
 
 
3 
3 
MANIPULAÇÃO DOS PEIXES 
Os organismos aquáticos dependem completamente do ambiente em que vivem, ou seja, 
dependem de todos os fatores citados anteriormente para sua sobrevivência, alimentação, migração 
e reprodução. 
 Quando o homem transporta os animais do ambiente natural para o cativeiro, seja um 
reservatório ou tanques de cultivo deve-se tentar ao máximo suprir as necessidades do animal que 
será criado, adequando às condições semelhantes em que viviam na natureza. Um dos fatores que 
até hoje não se conseguiu reproduzir em cativeiro foi a biocenose do ambiente, compreendendo toda 
a vida local, animal e vegetal. 
 Durante o transporte dos animais ao local de cultivo, o estresse da manipulação pode 
provocar queda de resistência natural do organismo e por mais que o criador tome cuidado no 
manuseio, remove da superfície do corpo dos animais uma parte do muco destinada à proteção 
contra patógenos do ambiente, bem como queda de escamas ou escarificações. Este muco contêm 
substâncias que protegem os peixes contra patógenos ou mantém certa quantidade de 
microrganismos simbiontes. Qualquer desequilíbrio no ambiente aquático, alteração na qualidade da 
água, queda ou excesso de oxigênio, contaminantes químicos, alterações bruscas de temperatura, 
deficiência alimentar, excesso de matéria orgânica ou excesso de peixes diminuiriam a resistência 
dos animais deixando-os susceptíveis às doenças e mais rápida transmissão de patógenos. 
 
DOENÇAS NÃO INFECCIOSAS 
 
Os peixes estão sujeitos à doenças que podem não ser causadas por patógenos, mas sim por 
uma situação ambiental que favorece o aparecimento deste tipo de enfermidade. 
 doenças provocadas por uma deficiência genética, deformações, 
envelhecimento e etc. 
 doenças causadas por uma deficiência alimentar como vitaminas, minerais 
ou algum outro nutriente que podem provocar deformações durante o crescimento 
do animal, má formação de órgãos e condições patológicas diversas. 
 doenças causadas por alterações na qualidade da água. 
 lesões físicas resultantes de manipulação ou superpopulação que 
freqüentemente evoluem para infecções secundárias. 
 exposição dos animais à produtos tóxicos na coluna d’água, assim como 
inseticidas ou herbicidas. 
 
DOENÇAS INFECCIOSAS 
 
A água é um ambiente extremamente favorável para a proliferação de patógenos com 
rapidez e eficiência. Neste item podem ser citadas doenças causadas por vírus, bactérias, fungos e 
parasitos (protozoários e metazoários). Muitas vezes os peixes podem ser hospedeiros de alguma 
moléstia sem apresentarem a doença. Este constitui um grande problema para o cultivo, pois podem 
proliferar a qualquer momento quando haja má qualidade da água. Os patógenos podem ser 
divididos em duas categorias: 
 
 Patógenos obrigatórios: são aqueles que se encontram associados ao 
organismo doente ou não, porém os peixes podem ser portadores do patógeno. 
Este tipo de patógeno precisa do hospedeiro para sobreviver, e podem ser 
vírus, bactérias ou parasitos. 
 
 
4 
4 
 Patógenos oportunistas: é a fauna e flora normalmente presente no 
ambiente aquático e que mediante condições favoráveis podem produzir 
determinada doença. Podem ser bactérias, fungos ou parasitos. 
 
MANIFESTAÇÕES COMPORTAMENTAIS 
 
Este item deve ser considerado de grande importância, pois se caracterizacomo sendo o 
início de alguma doença. São as alterações comportamentais ou sinais externos que podem ser 
vistos pelo criador. Esta manifestação será de acordo com o número de patógenos, espécie de 
animal afetado, espécie de patógeno, idade ou sexo dos animais cultivados. 
 Quando o animal é atacado por parasitos na superfície do corpo e brânquias, geralmente 
apresenta um comportamento de dirigir-se para a superfície ou à fonte de água que apresentam 
maior oxigenação. 
 Além disto, os peixes tendem a raspar-se ou chocar-se contra as paredes dos tanques ou 
objetos do fundo, como que tentando retirar algo que está incomodando. 
 A ação de parasitos sobre o animal pode levar também ao aspecto de palidez das brânquias 
ou ulcerações e inchaços na superfície do corpo. As alterações internas no organismo doente seriam 
mais difíceis de observar, sendo necessária dissecação do animal. São também comuns, 
aparecimento de nadadeiras lesadas ou com erosão, avermelhadas, caracterizando hemorragias 
devido à presença de parasitos ou de toxinas liberadas pelos mesmos. Intoxicações por 
contaminantes químicos também podem levar a estas lesões macroscópicas. A ferida causada ou 
pela presença de parasitos ou por um manejo descuidado pode ser a porta de entrada para a 
proliferação de organismos patogênicos oportunistas como bactérias e fungos. 
 Observa-se que quando o animal é manipulado em épocas frias do ano, principalmente 
tambacus e tambaquis (Colossoma macropomum), apresentam depois de certo tempo aspecto 
cotonoso ou de algodão no corpo, nadadeiras e olhos, que podem evoluir para as brânquias e 
conseqüências gerais no organismo. Manchas ou pontos brancos na superfície do corpo dos peixes 
também podem aparecer nesta época do ano. Outros sintomas podem ser observados nos animais 
como aumento na cavidade abdominal, perda de apetite, exoftalmia, hemorragias puntiformes ou 
difusas, natação desequilibrada ou mudança na coloração do corpo. 
 
 
MEDIDAS PREVENTIVAS NA PISCICULTURA 
 
 Quando um organismo aquático encontra-se intensamente parasitado ou tomado por lesões 
profundas, dificilmente consegue-se recuperar a saúde normal com tratamento. Portanto, o principal 
objetivo do criador deve ser no sentido preventivo das doenças, tendo em vista que a administração 
de produtos químicos pode apresentar conseqüências para o peixe, para o meio ambiente onde se 
aplica e para a saúde do consumidor. Devemos aprender a conviver um pouco com certos parasitos, 
tentando manter boas as condições aquáticas do cultivo. Prevenindo estamos diminuindo a 
possibilidade de que ocorra a doença, evitando com isto a aplicação de quimioterápicos. Serão 
enumeradas uma série de recomendações básicas e de manejo: 
 
 Manutenção da boa qualidade da água e monitoramento dos parâmetros 
aquáticos. 
 Ministrar alimento balanceado para a espécie cultivada. 
 Observação da fonte de água e caminho que percorre para chegar aos 
tanques, a fim de se evitar contaminação por dejetos químicos e orgânicos, como 
excreções de animais e do homem. 
 Utilização de filtros de cascalho e areia para a água que entra na criação. 
 
 
5 
5 
 Procedência de ovos, larvas ou alevinos. Já observamos pelo menos uns 
cinco casos de problemas com peixes comprados parasitados ou com indicações 
errôneas de prevenção ou de aplicação de algum produto. 
 Quarentena: animais novos na criação devem ser submetidos à quarentena 
em um tanque isolado dos demais, e no caso de alguma anormalidade, fazer análise e 
tratar. 
 Assepsia dos tanques antes de repovoar e uma vez ao ano. Deve ser feita 
com 200 g de cal viva por metro quadrado, aplicado no fundo e parede úmidos, 
deixando secar por 10 dias ao Sol, no caso de tanques de terra. Em tanques de cimento 
pode ser utilizado Biocid (na recomendação do frasco) ou 100 ml de formalina para 5 
litros de água. Esta prática pode também ser feita com outros produtos, mas com o 
cuidado de que a dose realmente seja eficaz. Para isto pode ser contactado um 
profissional da área. 
 Tomar cuidado com adubação com dejetos de outros animais para não estar 
em excesso e estarem curtidas. Para isto também pode ser contactado um profissional 
da área. 
 Evitar a entrada de aves ou animais silvestres na criação, que podem ser 
vetores de inúmeras doenças. 
 Evitar transporte e manejo de animais em épocas frias. 
 Controle da densidade populacional nos viveiros e nos tanques de 
transporte de peixes. Vale lembrar que a prática de algumas pessoas em adicionar 
sempre antibióticos durante o transporte pode causar resistência bacteriana com 
conseqüências futuras. 
 Boa oxigenação da água dos tanques. 
 Isolar animais doentes ou fracos e enviar ao laboratório especializado. 
 Eliminar animais mortos observando diariamente a criação, pois estes 
darão substrato para crescimento de microrganismos. 
 Conscientização e qualificação do pessoal que trabalha na criação. 
 
 
DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS 
 
 As populações bacterianas podem estar normalmente presentes na água ou no próprio muco 
do peixe (reservatório natural) e, uma alteração na qualidade da água ou alta densidade de peixes 
onde existe aumento no teor de amônia, pode aumentar a população bacteriana disseminando por 
todo o cultivo. A água, ao contrário do ar , é muito mais favorável à disseminação de patógenos. Por 
estes motivos, deve-se ter o cuidado na aplicação de antibióticos, pois certas bactérias podem ser ou 
se tornar resistentes à alguns tipos de tratamento. As bactérias são, por excelência, responsáveis por 
infecções secundárias, ou seja, quando um peixe encontra-se parasitado, as lesões causadas pelo 
parasito são uma porta de entrada para agentes patogênicos. 
 
Flexibacter columnaris 
 Bastonete Gram-negativo, móvel, longo, mede até 12 m de comprimento. Num esfregaço 
entre lâmina-lamínula tendem a formar colunas nas bordas do tecido afetado. Pode ser encontrada 
no muco de peixes sãos e doentes. É responsável pela doença colunariose. As mortalidade podem 
aparecer em temperaturas superiores a 18
o
C. pH baixo não é favorável à doença, bem como 
diminuição na concentração de material em decomposição. A proliferação da doença pode ocorrer 
através de lesões ou escarificações provocadas por manipulação dos peixes. 
 
 
6 
6 
As lesões estão limitadas às regiões da cabeça, dorso, brânquias e nadadeiras. É caracterizada por 
manchas acinzentadas e brilhantes naquelas regiões, que podem ser rodeadas por zona avermelhada. 
As lesões branquiais que chegam até a necrose do tecido causam morte rápida no peixe. Pode 
também ser observado crescimento de fungos concomitantemente às bactérias. Além disto, os 
peixes podem ficar apáticos com natação desequilibrada e perdem o apetite. 
Controle: a terapia mais eficaz consiste em evitar manejo excessivo dos animais, e fazer banho 
preventivo de aproximadamente 5 a 30 minutos de uma solução de sal a 2% juntamente com 10 mg 
de permanganato de potássio por litro de água. O estresse é o principal fator desencadeador da 
doença. Manter boa oxigenação dos tanques, sem excesso de material em decomposição, baixa 
densidade populacional e retirar sempre animais mortos, controlam e evitam a doença. Antibióticos 
também podem ser utilizados na prevenção e tratamento da doença. Esta bactéria é sensível ao 
cloranfenicol. 
 
 
 
Aeromonas hydrophila 
 Bastonete Gram-negativo, móvel, medindo 1,5 por 0,5 m. Seu habitat natural pode estar 
entre o material em decomposição na água. Também podem ser encontradas normalmente no trato 
intestinal de peixes. Geralmente está associada a uma septicemia hemorrágica em animais que 
foram submetidos a algum tipo de estresse,ambiente favorável para sua proliferação ou também 
estresse térmico. Enfermidade de distribuição mundial, podendo atingir qualquer espécie de peixe. 
É um típico patógeno oportunista. 
Os animais apresentam erosão e hemorragias nas nadadeiras, ulcerações epidérmicas e 
escurecimento da pele. à necrópsia são observados órgãos internos hemorrágicos, alteração na 
textura tecidual dos rins e baço, entumecimento do mesmo, bem como fígado inflamado. O intestino 
e a cavidade podem apresentar líquido sanguinolento. 
Controle: melhoria das condições ambientais, diminuindo o estresse, baixar a temperatura se 
possível, eliminar os animais mortos e tratamento dos peixes com antibióticos preferivelmente à 
base de cloranfenicol ou oxitetraciclina na alimentação. 
 
Streptococcus faecalis 
Cocos Gram-positivos de 0,5 a 0,75 m de diâmetro. Encontram-se normalmente em fezes de 
animais homeotérmicos. A temperatura ótima para seu crescimento é de 20
o
C. A contaminação de 
peixes por este tipo de bactéria, indica que a fonte de água para a criação pode estar contaminada. 
Os animais podem apresentar septicemia. É um tipo de infecção não muito comum em pisciculturas, 
ocorrendo com mais freqüência contaminação da carne por pessoas que evisceram os peixes sem 
cuidados de higiene. 
 
Mycobacterium spp 
 Constitui grande grupo de bactérias causadoras de tuberculose no homem, bovinos, aves e 
em animais ectotérmicos como peixes e anfíbios. São bacilos álcool-ácido resistentes, imóveis, 
Gram-positivos, de 1,0 a 10 m por 0,2 a 0,6 m. 
Os sinais são variados, indo desde perda de peso até necrose e granulomas em órgãos 
internos, passando por inflamações cutâneas. Geralmente aparecem úlceras na superfície do corpo. 
As bactérias são encapsuladas formando áreas brancas no fígado, atingindo também os rins e como 
conseqüências tardias estão também alterações ósseas. 
Controle: é enfermidade típica de infecção decorrente de manejo e condições inadequadas de 
higiene, alimentação e introdução de animais contaminados. Sugere-se a eliminação dos peixes 
afetados, melhoria das condições ambientais e cuidados com o alimento oferecido aos animais. Ate 
hoje o tratamento é difícil, podendo-se obter algum resultado com aplicação de kanamycina na água 
 
 
7 
7 
ou alimentação. Pessoas que trabalham na criação devem ter cuidado na manipulação dos animais 
infectados. 
 
DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS 
 
 São doenças causadas por microrganismos compostos por hifas ceptadas ou não, ao conjunto 
de hifas denomina-se micélio. Podem estar presentes normalmente no ambiente aquático, 
geralmente oportunistas, ou seja, se aproveitam da situação de queda de resistência do organismo ou 
alguma pequena lesão ou escarificação por passagem de rede, para proliferar. Podem ocorrer 
também após uma infestação parasitária por ectoparasitos ou por transporte de peixes sem cuidados 
necessários ou em épocas frias. As infecções micóticas em peixes, dependem de vários fatores como 
tipo de fungo, ambiente e estado de saúde dos animais. 
 
Saprolegnia sp, Achlya sp 
 Fungos aquáticos com hifas aceptadas, bastante ramificados comparados a uma massa 
algodonosa sobre os peixes. Bastante comum nas criações quando ocorre manipulação dos animais 
sem cuidados básicos ou banhos preventivos. Nas épocas frias do ano, observa-se que com a queda 
brusca de temperatura, peixes como tambacu e tambaqui ficam mais susceptíveis à doença. 
 
 
Saprolegniose 
Os animais afetados tornam-se apáticos, de natação lenta, anoréxicos, com aspecto cotonoso 
sobre o corpo e nadadeiras que rapidamente chegam à morte. Ao microscópio, podem-se visualizar 
as hifas ramificadas aceptadas e os esporângios de forma alongada contendo esporos. 
Controle: é doença tipicamente secundária que pode ser evitada se as condições do meio forem 
adequadas. Evitar manuseio de animais em épocas frias do ano, evitar alta densidade de peixes no 
tanque e recipiente de transporte, bem como excesso de material em decomposição no tanque. 
Deve-se isolar os peixes doentes e se estiverem em estádio avançado de desenvolvimento, 
eliminados. Logo após um transporte de peixes, antes de colocá-los no tanque definitivo, deve-se 
dar um banho preventivo de sal 2% juntamente com 10 mg de permanganato de potássio por litro de 
água, durante 5 a 30 minutos, dependendo da espécie de peixe que se trabalha. 
 No Brasil, existem poucos profissionais trabalhando no campo da Parasitologia e Patologia 
de Peixes em comparação com a demanda que ocorre entre os criadores e a necessidade de 
divulgação de medidas preventivas e principalmente de orientação quando da aplicação de 
quimioterápicos, pois um erro de dosagem pode ser fatal e comprometer todo o plantel. Prieto et al. 
(1994) descreveram suscintamente uma chave de diagnóstico diferencial de 49 espécies de parasitos 
de peixes de água doce com importância em cultivo, através de um programa de desenvolvimento 
de aquicultura em Cuba. Cecarelli et al. (1990) e Figueira e Ceccarelli (1991) relataram algumas 
doenças ocorridas no CEPTA em Pirassununga, São Paulo. Békési (1992) relatou algumas 
parasitoses de peixes brasileiros, principalmente da região norte do Brasil. Martins & Romero 
(1995) e Martins et al. (1995) observaram importantes alterações em peixes cultivados parasitados 
por protozoários mixosporídeos e monogenéticos. 
 
 
 
 
8 
8 
 
 
DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS 
 
 Talvez esteja entre um dos principais grupos de microrganismos que causam danos 
consideráveis na criação, pois sua reprodução é muito eficaz quando em ambiente favorável. Podem 
ser parasitos obrigatórios ou mesmo comensais e sob certas circuntâncias tornarem-se patogênicos. 
A relação entre parasito-hospedeiro é afetada por condições ambientais e de manejo nas 
pisciculturas e pesque-pagues. Fatores como oxigênio dissolvido e temperatura afetam tanto o 
hospedeiro quanto o parasito. A reação dos peixes frente a tais infestações depende também de 
tamanho, idade, sexo e eficiência imunológica (Rogers & Gaines, 1975). 
 
Ichthyophthirius multifiliis 
 Protozoário ciliado de forma arredondada, ocasionalmente oval medindo aproximadamente 
1,0 mm quando adulto apresentando um típico núcleo central em forma de ferradura. Sua 
importância é devido ao fato de possuir um ciclo direto e que pode ser completo em poucos dias, de 
pouca especificidade parasitária. O parasito adulto chamado trofonte está presente no tecido 
branquial ou na pele de peixes infestados, daí atingindo a maturidade sai do hospedeiro e aloja-se no 
substrato dos tanques de cultivo denominando-se tomonte. O tomonte secreta uma parede cística e 
sofre divisões binárias, originando vários tomitos que se transformarão em terontes. Os terontes são 
as formas infectantes, claviformes e repletos de cílios. Estes precisam encontrar um hospedeiro, 
caso contrário morrerão. Este tempo depende de suas reservas energéticas e da temperatura da água. 
Tem sido demonstrado em experimentos (Ewing & Kocan, 1988) que existe a possibilidade de 
reprodução do parasito no epitélio do peixe devendo ser considerado de grande importância, pois 
aumentaria a patogenicidade do parasito e a rapidez com que infestaria novos hospedeiros podendo 
também haver reinfestação. Este tipo de reprodução seria vantajoso para o parasito, pois se não 
encontram as condições adequadas para reprodução no ambiente aquático como baixo oxigênio, o 
ciclo seria completo no hospedeiro. 
São encontrados freqüentemente na superfície do corpo, nadadeiras, olho, brânquias. 
 
 
Bagre acometido por I. multifiliis 
Pontos brancos na superfície do corpo, nadadeiras e brânquias, hemorragias e posterior 
invasão bacterianae fúngica com aspecto de algodão. Anorexia, peixes vagando na superfície da 
água ou aglomerados na entrada da água, emagrecimento, excessiva produção de muco seguido de 
morte. 
Sua ação patogênica começa quando da penetração dos terontes no epitélio com a produção 
de mucocistos com a finalidade de aderência no epitélio que é de grande importância para 
posteriormente haver a penetração através de uma estrutura chamada “perforatorium” na 
extremidade do teronte. Durante esta penetração pode haver necrose do tecido pelas substâncias 
secretadas (Ewing et al. , 1985) responsáveis pela formação de uma cápsula gelatinosa sobre o 
 
 
9 
9 
parasito, como que protegendo-o do ambiente. Esta camada sobre o parasito é responsável pela 
dificuldade de tratamento nesta fase da infestação. A nutrição deste parasito de importância em 
aqüicultura consiste principalmente de células do hospedeiro. Quando estão presentes no tecido 
branquial são responsáveis por considerável perda funcional deste órgão, prejudicando a respiração 
e troca de sais com a água. 
 Esses parasitos podem estar presentes normalmente em peixes, em pequena quantidade, sem 
causar danos. Mas, se existe uma queda na resistência do hospedeiro por transporte, alta densidade, 
falta de oxigênio ou alimentação deficitária, o parasito com certeza irá se desenvolver. O tratamento 
nesta fase de tomonte e na fase de trofonte já bem avançada é muito difícil, pois os peixes já se 
encontram muito enfraquecidos para suportar algum medicamento. Além disto, quando os trofontes 
estão presentes, secretam uma túnica mucilaginosa sobre si que impede a penetração do 
medicamento. 
 
Chilodonella spp 
 Protozoário ciliado de corpo ovóide medindo até 70 m de comprimento por 30 a 40 m de 
largura. Na superfície ventral tem 8 a 15 fileiras de cílios e na dorsal uma fileira transversal de 
cerdas. Geralmente são patógenos à temperatura de 5 a 15
o
C, podendo ocorrer em temperaturas 
mais elevadas. Alimentam-se de células epiteliais. 
São encontrados freqüentemente na pele, brânquias e nadadeiras. 
Produzem irritação na pele e brânquias, excesso na produção de muco, escamas eriçadas, 
dificuldades respiratórias, anorexia, apatia levando o peixe à morte. Comportamento anormal dos 
peixes em direção à superfície com movimentos rotatórios, chocando-se contra as paredes ou fundo 
do tanque. 
Alterações no epitélio branquial de salmonídeos infestados por C. piscícola mostraram 
hiperplasia extensa e fusão de lamelas secundárias (Urawa & Yama, 1992). Histopatologia de 
peixes parasitados mostrou extensa degeneração e necrose do epitélio branquial (Paperna & Van As, 
1983). Os autores também observaram proliferação de células mucosas em alguns setores dos 
filamentos branquiais, onde havia intensa hiperplasia e infiltração de macrófagos e linfócitos. Certa 
vez, uma criação de lebistes ornamentais foi inteiramente comprometida com a infestação por tais 
parasitos onde, cujos peixes já não suportavam o tratamento, mas os parasitos continuavam a 
reproduzir. 
 
Trichodina spp 
 Protozoário ciliado de forma circular e no centro do corpo pode-se observar um disco 
adesivo, rodeado por uma coroa de dentículos. Podem medir até 86 m de diâmetro. Ao 
microscópio podem-se visualizar facilmente os dentículos e seu movimento rotatório. São 
organismos que podem estar normalmente presentes no tanque de cultivo, mas proliferam em águas 
com excesso de material em decomposição, sendo encontrados no peixe. Localizam-se na superfície 
do corpo, nadadeiras e brânquias. 
 
 
 
10 
10 
 
Trichodina sp 
 
Os peixes parasitados nadam para a superfície da água, debilitados e podem apresentar zonas 
de hemorragias. Hipersecreção de muco, por vezes presença de um delgado filme esbranquiçado no 
corpo. 
Observa-se que as lesões provocadas por estes parasitos podem ser desde moderadas até início de 
algumas petéquias e desintegração do epitélio, freqüentemente dando margem à infecções 
secundárias por fungos e bactérias.. Lom (1973) comentou que as lesões não poderiam ser 
provocadas pelos dentículos, pois estes não sobressaem do nível do disco adesivo. Mas uma grande 
quantidade destes parasitos causa irritação do epitélio, resultando em injúrias celulares. Movimentos 
rotatórios e de sucção no tecido do hospedeiro em direção ao interior do corpo do parasito 
colaboram as lesões superficiais. Rogers & Gaines (1975) observaram hiperplasia e necrose da 
epiderme, bem como nadadeiras esfiapadas ou desgastadas e perda de apetite. Comumente 
tricodinídeos são acompanhados por outros parasitos. 
 
Ichthyobodo necator 
 Protozoário piriforme de aproximadamente 5 a 18 m, provido de dois pares de flagelos 
com movimentos rápidos quando vistos ao microscópio (x40). Distinguem-se a forma livre, 
nadadora e a forma fixa no tecido do hospedeiro (Joyon & Lom, 1969). Sua reprodução é por fissão 
longitudinal ou conjugação. Podem ser transmitidos de um peixe a outro no tanque. Em condições 
desfavoráveis podem encistar sobre o peixe. Podem formar cistos resistentes de 7 a 10 m de 
diâmetro que passam à trofozoítos infectantes quando as condições voltam a favorecer. 
Localizam-se na pele e brânquias de peixes. 
A doença é caracterizada por formar uma película branca na superfície do corpo dos animais 
infestados, excesso de muco, presença de zonas hemorrágicas e perda de escamas. Os peixes 
perdem o apetite e nadam irregularmente se batendo contra o fundo ou paredes do tanque. 
Como parasitos obrigatórios, podem estar normalmente presentes sobre o peixe (comensalismo), 
mas se houver principalmente alta densidade de peixes, baixo pH e oxigênio, causando queda na 
resistência do peixe, proliferam rapidamente. Nas brânquias de alevinos, observa-se congestão 
levando até a morte. Lesões na pele vão desde hiperplasia até necrose. Miyazaki et al. (1986) 
observaram que as lesões provocadas em bagres foram hiperplasia e fusão de lamelas secundárias. 
Os capilares das lamelas estavam achatados sugerindo alterações na circulação. Além de 
proliferação de células mucosas e atrofia de células hepáticas. 
 
Piscinoodinium sp 
 Esse representante da fauna parasitária, pertencente ao Reino Protozoa, é um dinoflagelado 
que temos observado desde o ano de 1996 causar grandes perdas na criação. São ectoparasitos de 
brânquias e de superfície do corpo de peixes de água doce. Seu ciclo de vida é bastante semelhante 
ao do I. multifiliis e, apresenta como órgão de fixação no tecido do peixe, estruturas chamadas de 
 
 
11 
11 
rizóides que penetram nas células do hospedeiro e provocam alterações estruturais e morte dessas 
células. A ocorrência dessa parasitose tem coincidido com superpopulação, excesso de matéria 
orgânica e alterações na temperatura. Podendo ou não vir associado à outros parasitos. O aspecto 
das brânquias é de coloração branca, lembrando pequenas partículas de “areia”. O controle da 
doença é feito com a manutenção da boa qualidade de água e de um monitoramento regular (mensal 
ou bimestral) da saúde dos peixes e número de parasitos. 
 
Mixosporídeos 
 Protozoários do Filo Myxozoa (mixosporídeos da família Myxobolidae) imóveis, 
formadores de cistos em diferentes órgãos do corpo do hospedeiro, medindo aproximadamente de 
20 a 70 m de comprimento, corpo oval ou alongado com ou sem cauda, providos de cápsulas 
polares alongadas ou ovais que albergam um filamento polar. No caso do Myxobolus cerebralis 
atualmente sabe-se que para seu desenvolvimento é necessário um hospedeiro intermediário 
(Markiw & Wolf, 1983), um anelídeo oligoqueto presente no ambiente aquático, Tubifex tubifex. 
Tempos atrás conjecturava-se que sua reprodução seria da seguinte maneira:peixes infectados pelo 
parasito morriam e dalí seriam liberados os esporos para infectar novo hospedeiro. Sabe-se pouco 
sobre o ciclo de Henneguya, principalmente deste gênero parasitando peixes brasileiros como o 
pacu formando cistos de aproximadamente 1mm de tamanho de coloração escura nos filamentos 
branquiais. M. cerebralis são encontrados na cartilagem cerebral, Henneguya na musculatura, 
brânquias, olho, rins, coração, baço, vesícula biliar, gônadas. 
 
 
 Henneguya sp Myxobolus sp 
 
 
Peixes parasitados pela primeira espécie em questão apresentam natação errática em 
círculos, lordose e escoliose da coluna vertebral ou despigmentação da pele, escurecimento de um 
lado do corpo. O segundo parasito descrito provoca em primeira instância anorexia, aglomeração de 
peixes na entrada da água ou nadando lentamente na superfície da água, brânquias hemorrágicas, 
inchadas, presença de cistos escuros nas lamelas branquiais, podem apresentar coloração marrom na 
extremidade dos filamentos branquiais e às vezes hemorragias nos rins (Martins et al.,1995). 
Salmonídeos parasitados por M. cerebralis apresentando estes sinais da doença são levados 
à morte por anorexia e alterações na coluna vertebral. Quando ocorre este tipo de doença fatal na 
criação de salmões e trutas (Post, 1987) a melhor maneira de erradicar o problema é a desinfecção 
geral da propriedade, pois ainda não existe um tratamento eficaz. Parasitos do gênero Henneguya 
podem ser responsáveis por grande mortalidade em pacus cultivados, associados também à parasitos 
monogenea, onde pela localização branquial, compromete totalmente a função respiratória deste 
órgão. Quando da presença de cistos nos filamentos branquiais, estes provocam um maior contato 
célula a célula das lamelas secundárias, diminuindo a superfície de absorção de água, bem como 
aumento no número de células caliciformes na extremidade dos filamentos branquiais podendo 
chegar à hiperplasia e hipertrofia dos órgãos afetados (Martins et al., 1995). Quando presentes nos 
 
 
12 
12 
rins podem alterar o balanço de sais corporal. Este parasitismo pode provocar queda na resistência 
dos peixes, deixando-os susceptíveis às infecções bacterianas e fúngicas. Nos Estados Unidos e 
Europa dá-se muita importância a esta parasitose sendo considerada de notificação obrigatória. 
Atualmente que observamos sua importância na aquicultura brasileira, embora muitos acreditem 
que viva numa certa simbiose com o hospedeiro. Mas sob àquelas condições de baixa qualidade de 
água e baixa resistência do peixe, reproduzem. 
 
 
DOENÇAS CAUSADAS POR HELMINTOS 
Dactylogyrus vastator, Gyrodactylus elegans, Anacanthorus penilabiatus. 
 
 Helmintos da classe Monogenea (Platelmintos), de forma alongada, achatada, hermafroditas 
com exceção de Diplozoon sp que necessita viver em conjunto com outro da mesma espécie 
“grudados” não podendo ser separados. Medindo aproximadamente 400 a 800 m de comprimento, 
providos de ganchos marginais ou ancoras na extremidade posterior do corpo denominada 
opistaptor e por vezes ventosas na extremidade anterior denominada prohaptor. Na região mediana 
do corpo encontra-se estrutura reprodutiva chamada de cirrus. Esta estrutura aliada aos ganchos é de 
grande importância taxonômica na sua identificação. Até oito espécies de monogenea podem ser 
encontrados em um único peixe. Possuem ainda uma alta especificidade parasitária. 
 Sua patogenicidade é ainda mais incrementada pelo fato de ter um ciclo direto onde 
indivíduos adultos liberam ovos, dos quais saem larvas ciliadas chamadas oncomiracídios que 
precisam encontrar um hospedeiro em algumas horas, do contrário morrerão. 
São encontrados com freqüência na superfície do corpo, brânquias, nadadeiras, narinas. Existe uma 
exceção de um monogenea que é endoparasito, na bexiga urinária de anfíbios, Polystoma sp. 
Por sua localização incomodam muito os peixes, que se chocam contra as paredes do tanque ou 
contra objetos no fundo do aquário, sobem subitamente à superfície da água, anoréxicos, 
hemorragias na pele e branquias, emagrecimento, inchaço nos filamentos branquiais e morte. 
Pelo seu modo de fixação no corpo ou nas branquias do hospedeiro, com ganchos causam 
hiperplasia e hipertrofia branquial, hemorragias extensas e necrose do tecido. Poucos indivíduos 
podem também ser responsáveis por mortalidade, desde que haja queda na qualidade da água e 
oxigênio dissolvido. Esta infestação que nitidamente incomoda o peixe pode resultar em infecções 
secundárias por bactérias e fungos, que no Brasil é favorecida pelo clima tropical. Atualmente 
consideramos que seja a doença mais importante na piscicultura no Brasil. Na região de Jaboticabal 
não tem mostrado sazonalidade de ocorrência comprometendo criações de alevinos e peixes jovens, 
já que os adultos parecem ser mais resistentes. Não sendo descartada a hipótese de mortalidade em 
peixes adultos quando as condições aquáticas são inadequadas. Buchman et al. (1987) observaram a 
nutrição do parasito que apresentou em seu interior muco, células epiteliais e sangue proveniente 
das brânquias de enguias parasitadas por Pseudodactylogyrus anguillae. Constitui grande problema 
na criação deste peixe na Dinamarca (Mellergaard & Dalsgaard, 1987). Um trabalho importante 
com este grupo de parasitos está sendo feito na Universidade Federal do Paraná com o levantamento 
de um banco de dados. 
 Tivemos oportunidade de encontrar 1700 helmintos em apenas um alevino de pacu de 12 cm 
de comprimento. Por outro lado, Cusack (1986) observou que após um pico de infestação, depois de 
22 dias o número de monogenea do gênero Gyrodactylus sp. em salmonídeos começou a declinar, 
provavelmente devido à resposta do hospedeiro. Kritsky et. al (1979) relataram quatro novas 
espécies de Anacanthorus em brânquias de peixes da Amazônia, entre eles matrinchã e tambaqui. 
Ainda em tambaquis, Thatcher & Kritsky (1983) descreveram gênero e espécie novos do 
monogenea Linguadactyloides brinkmanni nas brânquias deste peixe de importância em 
piscicultura. Boeger et al. (1994) descreveram Anacanthorus penilabiatus em alevinos de pacu no 
CAUNESP que apresentaram mortalidade devido à alta carga parasitária. A diferença de outros 
 
 
13 
13 
dactilogirídeos é que após a fixação na brânquia, ele pode mudar de local, inclusive o opistaptor 
chega a alcançar a cartilagem branquial como já foi observado em tambaqui. Foi notada intensa 
reação inflamatória, hiperplasia e hemorragias que podem ser extensas devido ao movimento do 
parasito. O grau de severidade desta doença vai desde leve sem resposta tecidual incrementada até 
um parasitismo grave com hiperplasia, focos necróticos, edema, desprendimento do epitélio e 
ruptura de células pilares (Martins & Romero, 1995). 
 
 
Diplostomum spathaceum, Dadaytrema oxycephala. 
 Helmintos da classe Digenea (Trematoda), em forma de folha, alongados ou ovais, variando 
de 700 a 3000 m de comprimento, hermafroditas, aparelho reprodutor complexo e providos de 
ventosa oral e acetábulo na região mediana do corpo. Ao contrário dos Monogenea, necessitam de 
um hospedeiro intermediário, molusco para completar seu ciclo de vida. Aves piscívoras ou peixes 
carnívoros albergando o parasito adulto no intestino liberam ovos juntamente com as fezes, que na 
água liberam uma larva ciliada, o miracídio que ingerido por um molusco desenvolve rédia e 
cercárias. As cercárias abandonam o molusco a procura de um peixe apropriado para evoluírem em 
metacercárias, onde permanecem encistadas na musculatura, vísceras ou olho á espera que o 
hospedeiro definitivo se alimente do peixe parasitado. Em 1979, Thatcher redescreveuDadytrema 
oxycephala em Colossoma bidens (pirapitinga) da Amazônia. Amato em 1982 e 1983 relatou e 
descreveu várias espécies de helmintos digenea de peixes do Sul do Brasil. 
As metacercárias são vistas na: musculatura, órgãos internos, mesentério, olho. Os vermes 
adultos no intestino de aves ou peixes. D. oxycephala adulto ocorre no intestino de peixes. 
D. spathaceum: as metacercárias se encontram nos olhos de peixes silvestres ou de cativeiro, 
causando movimentos lentos e anorexia por causa da cegueira. Trematódeos adultos da família 
Paramphistomidae como D. oxycephala ou outros podem se em grande número, causar dilatação 
intestinal. A importância dos trematódeos em peixes está principalmente no estádio de metacercária, 
no olho e no caso de Clinostomum marginatum provocando manchas amarelas ao longo da 
epiderme dos peixes parasitados. Manchas estas decorrentes de acúmulo de melanina ou pigmento 
da epiderme ao redor do parasito. As metacercárias podem também ser observadas nas brânquias 
dos peixes. Formam nódulos de 2 a 4 mm de tamanho. A doença das manchas negras em peixes é 
decorrente de trematódeos dos gêneros Neascus, Diplostomulum ou Metagonimus que encistam na 
musculatura. Os peixes afetados mostram sinais de nervosismo, movimentos desordenados, 
hemorragias petequiais na pele e zonas de escurecimento devido ao acúmulo de pigmento de 
melanina que rodeia a metacercária. 
A patogenicidade de D. spathaceum está relacionada à catarata dos olhos de peixes que não mais se 
alimentam, tornam-se apáticos e morrem (Rogers et al. 1983). Outros trematódeos adultos podem 
causar obstrução intestinal, se em grande número e, emagrecimento do hospedeiro ao longo do 
tempo por competição por nutrientes. A migração das metacercárias no corpo do hospedeiro pode 
em alguns casos causar castração parasitária. A penetração ativa destas formas imaturas pode 
resultar em exoftalmia nos peixes. Castelo (1984) observou em jaraquis que devido a seca nos rios 
do Amazonas, os peixes encontram-se mais próximos do fundo onde se localizam as macrófitas, 
diminuindo a distância entre o peixe e as metacercárias. Observamos casos esporádicos da 
diplostomíase em peixes de cultivo no Brasil sem causar danos significativos e preferivelmente em 
peixes de represa. Dadaytrema sp. está presente em pacus e segundo Conroy (1987) podem causar 
perda de apetite, apatia, coloração opaca no corpo, descamação das nadadeiras e perda de equilíbrio, 
o que pode ser confundido com colunariose. 
 
Ligula intestinalis 
 Helmintos em forma de fita (Cestoda) cujas formas larvais (plerocercóides) podem alcançar 
até 60 cm, sendo mais frequente de 20-30 cm. Larvas plerocercóides parasitam a cavidade corporal 
 
 
14 
14 
de peixes, principalmente ciprinídeos na Europa, Ásia e Estados Unidos, que ingeridos por uma ave, 
alcança o estádio adulto no intestino. Os parasitos adultos liberam ovos que passam à água 
eclodindo uma larva chamada coracídio que nada livremente até ser ingerido por um microcrustáceo 
copépodo, onde se transforma em procercóide. Quando o crustáceo é ingerido por um peixe, 
atravessam o intestino e chegam à cavidade corporal do peixe, denominados como plerocercóides, 
alí permanecendo até a ingestão pelo hospedeiro definitivo. 
Os plerocercóides são vistos na cavidade abdominal de peixes de água doce e os 
procercóides: no corpo de um crustáceo copépodo planctônico (Cyclops). O adulto no intestino de 
aves piscívoras. 
Inchaço na região ventral do peixe parasitado e visualização de “fitas” nos órgãos internos e 
mesentério são sinais da doença. 
Podem causar compressão visceral que pode levar à anorexia e também castração parasitária. 
A localização nos órgãos vitais do peixe como coração, baço e cérebro pode causar grandes perdas 
econômicas na criação (Pellitero, 1988). A larva mede 10-70 m e o plerocercóide 320 m, os 
autores observaram aumento destes ductos parasitados. Notaram também que a calcificação é muito 
comum quando as cápsulas que envolvem os parasitos são de maior tamanho. Pavanelli & Santos 
(1991) relataram proteocefalídeos em silurídeos do rio Paraná no intestino delgado dos peixes. Já 
foi observada mortalidade em massa de larvas de pacus parasitadas por larvas de proteocefalídeos 
na cavidade corporal e intestino. A grande quantidade de parasitos provavelmente provocou a morte 
das larvas por compressão dos órgãos e inanição. 
 
Eustrongylides spp 
 Nematóides que podem alcançar 10 cm de comprimento, de coloração avermelhada. As aves 
abrigam o verme adulto no próventrículo ou fígado, daí são liberados ovos com larvas em estádio 
L1 que são ingeridas por anelídeos aquáticos, Lumbricus variegatus, Limnodrilus, Tubifex tubifex, 
onde desenvolvem-se em larvas L3 infectantes. O peixe ingerindo o anelídeo infecta-se originando 
larvas que permanecerão encistadas à espera de uma ave. 
Podem ser encontrados no mesentério, vísceras, musculatura ou gônadas dos peixes. 
Visualização das larvas na parede interna da musculatura e vísceras de peixes. 
Sua patogenia é ainda um pouco discutida, mas em algumas ocasiões pode causar fibrose ao 
redor do cisto (Eiras & Rego, 1989) e nas zonas internas da cápsula linfócitos e macrófagos. Além 
de ser motivo de repúdio por parte do consumidor pode haver baixo crescimento do peixe devido à 
alta infecção com conseqüentes perdas econômicas. As larvas podem ser destruídas a temperatura 
de 60
o
C ou congelamento por 24 hs a -20
o
C. Eustrongylides spp encistados nas gônadas, 
freqüentemente suas conseqüências são graves. 
 
Nematóides das famílias Camallanidae, Cucullanidae e Philometridae. 
 Vivem geralmente no intestino de peixes, alguns no fígado. As larvas atravessam a parede 
intestinal, penetram nos vasos sangüíneos e alojam-se na cavidade. Geralmente estão presentes 
hospedeiros intermediários como crustáceos Cyclops sp. 
 No caso de Cucullanus minutus, as larvas são importantes porque invadem a parede do 
intestino especialmente a submucosa e produzem inflamação, necrose e destruição de capilares. 
 Philometra obturans é nematóide encontrado encistado na pele, nadadeiras, ovário e 
cavidade de peixes causando peritonite, principalmente ciprinídeos, com conseqüente perda 
econômica na venda do peixe nos mercados. Outros nematóides como Camallanus spp possuem um 
comportamento típico de ovipor pelo ânus do peixe quando as fêmeas estão maduras, retornando 
novamente para o tubo digestivo do peixe. Fêmeas de Camallanus caudatus encontradas no 
intestino de peixes perfuram a porção distal do reto, atingindo a camada muscular e ficam com um 
terço do corpo no tecido do hospedeiro. Estas regiões, segundo Ferraz & Thatcher (1990) mostram-
se hiperhêmicas e com tumefação tecidual. Tivemos oportunidade de colher nematóides do gênero 
 
 
15 
15 
Spirocamallanus sp em intestino de mandis provenientes de Volta Grande, MG. Encontrou-se até 
30 espécimes medindo até 2 a 3 cm de comprimento, em cada peixe. A grande quantidade poderia 
provocar obstrução intestinal e diminuição na absorção de nutrientes pelo peixe. Na natureza os 
peixes doentes não são capturados porque são rapidamente consumidos pelo ambiente ou um 
predador. 
 Nematóides da família Atractidae (Rondonia rondoni) são encontrados aos milhares no 
intestino de pacus (Martins & Urbinati,1993), mas não se sabe ao certo sua patogenicidade. 
Acredita-se que possa causar inapetência ou até obstrução intestinal. 
 Os helmintos de peixes têm sua importância ao longo do tempo, onde por sua ação 
espoliadora, irritativa ou mecânica, pode causar perda de apetite, perda de peso e susceptibilidade a 
outros patógenos. 
 
DOENÇAS CAUSADAS POR CRUSTÁCEOS 
 
Lernaea cyprinacea 
 É um crustáceocopepoda ectoparasito de peixes e girinos de anfíbios chegando a medir 10 
mm de comprimento. Esta espécie foi importada juntamente com carpas húngaras e disseminou-se 
no ambiente aquático brasileiro, inclusive criações. As formas imaturas que passam por vários 
estádios de desenvolvimento no plâncton transformam-se em copepoditos com a forma típica de um 
copépodo e por volta do primeiro copepodito já procura um novo hospedeiro, pele ou brânquias 
para fixar-se. A partir do sexto copepodito estão prontos para cópula, o macho fecunda a fêmea e 
morre. Esta se fixa no peixe e dá início ao crescimento dos processos cefálicos no epitélio da 
superfície do corpo ou brânquias do peixe (Kabata & Cousens, 1972). Aqui o parasito toma uma 
forma atípica, alongada e com cabeça em forma de âncora. Crescem os sacos ovígeros e o ciclo 
reinicia. São próprios de peixes de água doce e de pouca especificidade parasitária. São mais 
freqüentes infestações na primavera e verão. No outono e inverno, observamos que são mais 
freqüentes as formas imaturas, de copepodito, sobre o peixe ou nas brânquias. 
Podem ser encontrados na superfície do corpo, brânquias, nadadeiras, boca. Às vezes órgãos 
internos. 
 
 
 Peixe parasitado Lernaea cyprinacea 
 
Os peixes parasitados mostram-se apáticos, com anorexia, hemorragias puntiformes no 
corpo, choques nas paredes do tanque e subidas à superfície, podendo aglomerar-se na entrada da 
água. 
Os alevinos são tremendamente afetados, emagrecem, brânquias tornam-se hemorrágicas e 
morrem se não tratados. Em animais adultos pode comprometer a reprodução originando infecções 
bacterianas e fúngicas. Em infestação experimental, Ceccarelli (1988) observou que carpa capim, 
matrinchã, carpa comum e lambari apresentaram-se mais susceptíveis à Lernaea spp. Após 25 dias 
na água a 23,7
o
C, alevinos de pacu apresentaram o parasito adulto. O ciclo de vida depende também 
 
 
16 
16 
da temperatura, em temperaturas inferiores a 15
o
C não se completa o ciclo. Martins & Souza Jr. 
(1995) em infestação experimental de copepoditos de L. cyprinacea em girinos, revelaram os 
parasitos adultos após 72 horas. Quando a infestação é alta é difícil de ser tratada, pois são muito 
resistentes. Tais infestações com 3 a 4 parasitos adultos por cm
2
 no corpo do peixe, não são tão 
freqüentes, mas a melhor forma de se controlar a doença é a prevenção e acompanhamento da 
criação para que a doença não evolua. 
 
Argulus sp, Dolops sp. 
 Crustáceos (Branchiura) ectoparasitos de forma foliácea, achatados de até 10 mm de 
comprimento, providos de ventosas (Argulus) ou ganchos (Dolops). De baixa especificidade 
parasitária. As fêmeas copulam, saem do peixe parasitado para colocar os ovos num substrato 
submerso como plantas, folhas no fundo ou borda do tanque onde desenvolverão as formas imaturas 
semelhantes à mãe, que imediatamente procuram um hospedeiro e iniciam o ciclo. A reprodução 
ocorre de abril a setembro podendo variar de acordo com a temperatura. Localizam-se na superfície 
do corpo, nadadeiras, brânquias. 
 
 
 Dolops sp Dolops sp. em Tilápia do Nilo 
 
Os peixes parasitados mostram-se agitados como que tentando retirar algo do corpo. 
Raspam-se contra as paredes do tanque ou o substrato. Hemorragias puntiformes também são 
freqüentes. Escesso de muco no corpo. 
Das hemorragias provocadas podem evoluir lesões de maior tamanho e conseqüente invasão 
bacteriana e fúngica. Estes parasitos são responsáveis por transportar viroses e bacterioses de 
importância na piscicultura. Brânquias tornam-se hemorrágicas e hiperplásicas podendo levar à 
necrose. Temos observado que causam tanto dano quanto os lerneídeos porque mudam muito de 
local num mesmo peixe para picar e sugar sangue onde liberam toxinas que causam degeneração 
linfocitica. Todos estes crustáceos parasitos podem causar danos nas brânquias, principalmente na 
fase de copepodito, quando se movimentam muito no corpo do hospedeiro (Martins & Souza Jr., 
1995). Com isto as brânquias têm sua função respiratória diminuída pela ação alimentar dos 
parasitos e sua fixação. Argulus sp. pode causar lesões oculares devido à fixação no globo ocular, 
provocando lesões superficiais que são agravadas por infecções secundárias por fungos e bactérias. 
Parasitoses por crustáceos freqüentemente provocam perda de peso nos peixes. 
 
 
 
CUIDADOS NA APLICAÇÃO DE QUIMIOTERÁPICOS NA PISCICULTURA 
 
 Existem várias maneiras de se tratar os peixes cultivados. Podem ser tratados 
individualmente ou em grupo, por meio de aplicação de produtos no próprio tanque ou por via oral 
 
 
17 
17 
na ração. O tratamento individual ou a retirada de peixes do tanque é uma prática pouco 
desenvolvida e inviável em tanques, pois os peixes já estão debilitados por causa da doença e um 
estresse de manejo somente piora a situação. Tratamentos tópicos podem ser feitos em pequena 
quantidade de peixes como, por exemplo, reprodutores com alguma lesão. 
Formas de tratamento: 
 banho de imersão: os peixes são submersos numa solução química de alta 
concentração durante segundos até 5 minutos. Este tipo de tratamento é feito com os 
peixes no próprio puçá, numa caixa com a solução. 
 banho de curta duração: a forma de aplicação é semelhante à anterior e a 
concentração da solução é menor. Tem a duração de até 1 hora. Este método deve ser 
aplicado em tanques de reduzidas dimensões, pois pode ocorrer baixa no teor de 
oxigênio ou acúmulo de amônia, onde seria necessário oxigênio comprimido. 
 banho indefinido: esta forma de tratamento tem sido amplamente utilizada, 
pois é aplicada em tanques de maiores dimensões, onde seria inviável a retirada de 
animais somente para tratar. O produto é previamente diluído e espalhado sobre o 
tanque. Conveniente seria, se o produto não afetasse as condições biológicas do tanque 
ou sua eficácia fosse diminuída pela ação da matéria orgânica, como é o caso do 
permanganato de potássio. Além disto, deve-se ter o cuidado nos cálculos do produto e 
proceder aos intervalos entre cada aplicação, de acordo com o produto. 
 Além de todos aqueles cuidados, são importantes outras observações na criação. As 
condições gerais da instalação, aplicação nas horas de temperatura mais baixa, não alimentar os 
peixes durante o tratamento, monitoramento do oxigênio, se possível ligar aerador, verificar os 
animais durante o tratamento, verificar os cálculos e testar em um pequeno lote antes de aplicar nos 
demais. 
 A qualidade da água também pode influenciar sobre o tratamento: aumento da temperatura 
potencializa o efeito tóxico da formalina e diminui a toxicidade de organofosforados; verde 
malaquita e sulfato de cobre não são afetados. O aumento no teor de matéria orgânica na água 
diminui a ação do permanganato de potássio e do sulfato de cobre, podendo inativar a formalina. 
Também a baixa alcalinidade aumenta a toxicidade do sulfato de cobre e a salinidade diminui a ação 
da formalina e sulfato de cobre. 
 Já pudemos observar que peixes intoxicados por organofosforado recuperaram suas 
atividades após tratamento com permanganato de potássio. 
 Os organofosforados quando aplicados num tanque reduzem a população de crustáceos 
copépodos e cladóceros planctônicos, mas não afeta rotíferos e fitoplâncton (McCraren & Philips, 
1977). Recentemente, o Laboratório de Patologia de Organismos Aquáticos do CAUNESP fez 
análise residual de Folidol na carne de peixes cultivados após tratamento. Observou-se que após 
oito dias os peixes já não apresentavam resíduos do produto na carne, mas sim nas vísceras. Outros 
experimentos mostraram que após 10 dias de aplicadosulfato de cobre na água, a fauna e flora 
voltaram ao normal. A análise residual deste produto na carne do peixe mostrou que somente após 
30 dias, o nível de cobre já estava próximo do normal. O sulfato de cobre é um dos produtos mais 
utilizados atualmente para tratamento de parasitoses (Griffin, 1994), porém estudos devem ser feitos 
para analisar sua ação sobre o ambiente e o tempo residual no peixe. 
 O sal (NaCl) é um dos produtos que podem ser amplamente utilizados nos cultivos, algumas 
vezes tratar tanques de grandes dimensões é inviável, mas deve ser utilizado para controle e 
prevenção. Dempster et al. (1988) observaram que mantendo a água do tanque com 20 a 40 mg por 
litro de água foi efetivo contra Lernaea sp, podendo também controlar outras parasitoses. 
 É sempre bom lembrar que nunca se deve aplicar qualquer medicamento na criação, seja 
orientado por outros criadores ou por conta própria, e sim entrar em contato com um laboratório 
especializado. 
 
 
 
18 
18 
CUIDADOS NA COMPRA E VENDA DE ALEVINOS 
 
 Tem-se observado que com a expansão de pisciculturas no Brasil, alguns criadores têm sido 
descuidados na venda de alevinos. Isto ocorre, principalmente porque no Brasil não existe uma 
regulamentação de um atestado ictiosanitário, que favorecerá tanto quem vende como quem compra 
os peixes. Além disto, ao transporte de peixes parasitados favorece a disseminação de uma doença. 
Este fato está sendo comprovado com a disseminação de crustáceos como Lernaea spp e 
protozoários mixosporídeos como Henneguya spp e Myxobolus spp. 
 O comprador de peixes pode tentar diminuir a incidência de doenças provocadas por 
parasitos de duas maneiras: evitando comprar peixes com aquelas manifestações patológicas já 
citadas ou fazendo uma análise parasitológica prévia de uma pequena amostragem do lote que será 
enviado. Este último procedimento é conduzido para detectar patógenos nos peixes, os quais 
poderiam ou não ser tratados na tentativa de sua eliminação, ou pelo menos, diminuição na sua 
quantidade (Ahne et al., 1989). Vale lembrar que a piscicultura precisa também aprender a conviver 
com certos parasitos, normalmente presentes, proporcionando as devidas condições de cultivo aos 
animais. 
 No sentido preventivo, após um transporte de animais, antes de serem colocados no tanque 
definitivo, deve ser dado um banho de sal a 2%  10 mg de permanganato de potássio/litro de água, 
durante 5 a 30 minutos, com aeração. Este tempo pode variar de acordo com a espécie que se 
trabalha e deve ser feito um teste antes, em uma amostragem de peixes. 
Durante o transporte deve-se evitar ao máximo o estresse dos animais manipulando-os com 
muito cuidado. O número de peixes a serem transportados deve ser em torno de 30 a 50% do 
volume de água em peixes. 
Além disso, o jejum de 24 a 48 horas é recomendado para se evitar o transporte com 
estômago cheio e liberação de fezes que prejudicarão a qualidade da água. Para diminuir o estresse e 
evitar alguma proliferação de patógenos também deve ser adicionado à água de transporte entre 1 e 
3 kg de sal para cada 1000 litros de água. 
 
 
 
 
19 
19 
 
ENVIO DE PEIXES AO LABORATÓRIO 
 
 Para o diagnóstico correto da doença é muito importante a boa observação do material a ser 
estudado. Sempre que possível, os animais devem ser colhidos com rede picaré ou mesmo puçá, 
quando já moribundos ou com algum sinal de doença, nunca já mortos e de brânquias de cor branca. 
Enviados em sacos plásticos com 1/3 de água e oxigênio. Deve-se manipular o mínimo possível 
para facilitar a colheita de ectoparasitos. O material pode também ser enviado congelado, ou se o 
transporte não for longo, em saco plástico, envolto com gelo num isopor. Para a visualização de 
parasitos, o material fixado também poderia ser analisado. O peixe deve ser fixado por 48 horas em 
um frasco com formalina 10%, retirado e embalado num saco plástico com algodão embebido 
naquela solução, para remessa. Sempre que possível, o envio de material fresco facilita o 
diagnóstico. 
 Além disto, o material deverá conter as seguintes informações: 
 nome, endereço e telefone do proprietário. 
 data de colheita. 
 nome vulgar ou científico do peixe. 
 número estimado de peixes mortos no tanque. 
 maneira como foi colhido (rede, puçá, etc). 
 data de quando começou a mortalidade. 
 fonte de água (mina, poço, represa), a nascente é na propriedade ? 
 descrição suscinta do comportamento dos peixes. 
 
 
 
20 
20 
 
Bac= bacteriana Fun= fúngica Vir= viral Par= parasitas Nut= nutricional 
 
 
 
 
 
 
LEMBRE-SE: “A DIFERENÇA ENTRE O REMÉDIO E O VENENO, ESTÁ NA 
DOSAGEM”. 
 
 
 
 
21 
21 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Ahne W., Winton J.R. & Kimura T. Prevention of 
fish diseases in Aquaculture. J. Vet. Med. B 
36:561-567, 1989. 
Amato J.F.R. Digenetic trematodes of percoid 
fishes of Florianópolis, Southern Brasil-
Bucephalidae. Rev. Bras. Biol. 42:667-680, 
1982. 
Amato J.F.R. Digenetic trematodes of percoid 
fishes of Florianópolis, Southern Brasil-
Monorchidae, with the description of two new 
species. Rev. Bras. Biol.42: 701-719, 1982. 
Amato J.F.R. Digenetic trematodes of percoid 
fishes of Florianópolis, Sothern Brasil-
Acanthocolpidae. Rev. Bras. Biol. 43: 65-72, 
1983. 
Békési L. Evaluation of data on ichthyopathologicl 
analyses in the brazilian northern. Ciência e 
Cultura 44: 400-403, 1992. 
Boeger W.A., Husack W.S. & Martins M.L. 
Neotropical monogenoidea.25. Anacanthorus 
penilabiatus n. sp. (Dactylogyridae: 
Anacanthorinae) from Piaractus mesopotamicus 
(Holmberg, 1887), cultivated in the State of São 
Paulo, Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 1994, 
no prelo. 
Buchmann K., Koie M. & Prento P. The nutrition of 
the gill parasitic monogenean 
Pseudodactylogyrus anguillae. Parasitol. Res., 
73: 532-537, 1987. 
Castelo F.P. Ocorrência de cistos de Clinostomum 
marginatum Rudolphi, 1819, “yellow spot 
disease” em filé de jaraqui (Semaprochilodus 
insignis Schomburgk, 1814). Acta 
Amazonica,13: 325-326, 1984. 
Ceccarelli P.S. Susceptibilidade à infestação de 
Lernaea (Copepoda: Lernaeidae) Linnaeus em 
diferentes espécies de peixes cultivados no 
CEPTA e testes de infestação no pacu 
Piaractus mesopotamicus em laboratório. Bol. 
Téc. CEPTA 1(2): 31-35, 1988. 
Ceccarelli P.S., Figueira L.B., Ferraz de Lima 
C.L.B. & Oliveira C.A. Observações sobre a 
ocorrência de parasitos no CEPTA entre 1983 e 
1990. Bol. Téc. CEPTA 3: 43-54, 1990. 
Conroy G.A. Curso de Ampliación de 
Conocimientos sobre Ictiopatologia. 
Organización de las Naciones Unidas para 
Agricultura y la Alimentación, Venezuela, 1987. 
Dempster R.P., Morales P. & Glennon F.X. Use of 
sodium chloride to combat anchorworm 
infestations of fish. Prog. Fish Cult. 50: 51-55, 
1988. 
Eiras J.C Elementos de Ictioparasitologia. 
Portugal, 1994, 339 p. 
Eiras J.C. & Rego A.A. Histopatologia em peixes 
resultante de infecções parasitárias. Publ. Inst. 
Zool. Dr. Augusto Nobre, Portugal,208: 1-11, 
1989. 
Ewing M.S., Kocan K.M. & Ewing S.A. 
Ichthyophthirius multifiliis (Ciliophora) invasion 
of gill epithelium. J. Protozool., 32: 305-310, 
1985. 
Ewing M.S. & Kocan K.M. Ichthyophthirius 
(Ciliophora): population studies suggest 
reproducrtion in host epithelium. J. Protozool. 
35: 549-552, 1988. 
Ferraz E & Thatcher V.E. Camallanus acaudatus 
sp n (Nematoda: Camallanidae) é uma 
descrição do macho de Camallanus tridentatus 
(D., 1884) parasitas dde peixes da Amazônia 
Brasileira. Amazoniana 11: 135-145, 1990. 
Figueira L.B. & Ceccarelli P.S. Observações sobre 
a presença de ectoparasitos em pisciculturas 
tropicaisdeinterior (CEPTA e Região). Bol. 
Téc. CEPTA 4: 57-65, 1991. 
Griffin B.R. 1993: a good year for cooper sulfate. 
Aquac. Magaz. march/april: 85-87, 1994. 
Joyon L. & Lom J. Etude cytologique, sistématique 
et pathologique d’Ichthyobodo necator 
(Henneguy, 1883) Pinto, 1928 (Zooflagelle). J. 
Protozool. 16: 703-719, 1969. 
Kabata Z. & Cousens B. The structure of the 
attachment organ of lernaeopodidae 
(Crustacea: Copepoda).. J. Fish Res. Bd. 
Canada 29: 1015-1023, 1972. 
Kinkelin P., Michel C. & Ghittino P. Tratado de las 
Enfermedades de los Peces. Ed. Acribia, 
Zaragoza, España, 1991, 353 p. 
Kritsky D.C., Thatcher V.E. & Kayton R.J. 
Neotropical monogenoidea. 2. The 
anacanthorinae Price, 1967, with the prposal of 
four new species of Anacanthorus Mizelle & 
Price, 1965, from amazonian fishes. Acta 
Amazonica, 9: 355-361, 1979. 
Lom J. The adhesive disc of Trichodinella 
epizootica. Ultrastructure and injury to the host 
tissue. Folia Parasitologica 20: 193-202, 1973. 
Markiw M.E. & Wolf K. Myxosoma cerebralis 
(Myxosoa: Myxosporea) etiologic agent of 
salmonid whriling disease requires tubificid 
worm (Annelida : Oligochaeta) in its life cycle. 
J. Protozool 30: 561-564, 1983. 
Martins M.L. & Urbinati E.C. Rondonia rondoni 
Travassos, 1919 (Nematoda : Atractidae) 
parasite of Piaractus mesopotamicus Holmberg, 
1887 (Osteichthyes: Characidae). Ars 
Veterinaria 9 (1): 75-81, 1993. 
Martins M.L. & Souza Jr. F.L. Infestação 
experimental em girinos de Rana catesbeiana 
Shaw, 1802 por copepoditos de Lernaea 
cyprinacea Linnaeus, 1758 (Copepoda: 
Lernaeidae). Rev. Bras. Zool. , 1995, no prelo. 
Martins M.L., Souza V.N., Moraes F.R., Moraes 
J.R.E. & Costa A.J. Surto de mixosporidiose 
em Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887. 
Características comportamentais, 
anátomopatológicas e patogenicidade. VI 
Semana sobre Histologia de Peixes, FCAVJ, 
17-21 julho, 1995. 
Martins M.L., Souza V.N., Moraes F.R., Moraes 
J.R.E., Costa A.J. & Rocha U.F. Infections of 
Henneguya sp Thélohan, 1892 (Myxozoa: 
Myxobolidae) on captive Piaractus 
mesopotamicus Holmberg, 1887, in Brazil, with 
associated pathology and behavioral effects. J. 
World Aquac. Soc., 1995, in press. 
Martins M.L. & Romero N.G. Efectos del 
parasitismo sobre el tejido branquial en peces 
cultivados: estudio parasitologico e 
histopatologico. Rev. Bras. Biol., 1995, no 
prelo. 
McCraren J.P. & Philips T.R. Effects of masoten 
(Dylox) on plankton in earth ponds. Proc. Annu. 
Conf. Southeast. Assoc. Fish. Wildl. Ag. 31: 
441-448, 1977. 
Mellergaard S. & Dalsgaard I. Disease problems in 
Danish eel farms. Aquaculture, 67: 139-146, 
1987. 
 
 
22 
22 
Miyazaki T., Roger W.A. & Plumb J.A. 
Histopathological studies on parasitic protozoan 
diseases of the channel catfish in the United 
States. Bull. Fac. Fish. Mie Univ. 13: 1-9, 1986. 
Pavanelli G.C. & dos Santos M.H.M. Cangatiella 
arandasi gen sp n (Cestoda: Proteocephalidae) 
parasito de Parauchenipterus galeatus 
(Siluriformes: Auchnipteridae) do rio Paraná. 
Rev. Bras. Zool. 7: 535-539, 1991. 
Pellitero P. A. Enfermedades producidas por 
parasitos. en peces. In: Patologia en 
Acuicultura, CAYCIT, Plan de Formacón de 
Técnicos en Acuicultura, Madrid, 1988, p.215-
326. 
Post, G. Textbook of Fish Health. TFH publ. New 
Jersey, EUA, 1987, 238 p. 
Prieto A., Fajer E., Vinjoy M. & Martínez M. 
Parasites of freshwater cultured fish. 
Differencial diagnostic Keys. FAO/Aquila II 
Project, Mexico, 1994, 60 p. 
Reichenbach-Klinke H-H. Enfermedades de los 
Peces. Ed. Acribia, Zaragoza, España, 1982, 
507 p. 
Roberts R.J. & Bullock The skin surface 
ecosystem of teleost fishes. Proc. R. Soc. 
Edinburg, 79 B: 87-91, 1980. 
Roberts R.J. Patologia de los Peces. Ed. Mundi-
Prensa, Madrid, 1981, 366 p. 
Rogers W.A. & Gaines J.L. Lesions of protozoan 
diseases in fish. In: Pathology of Fishes. Ribelin 
W.E.& Migaki G. Wisconsin Press, Madison, 
1975, p. 117-141. 
Rogers W.A., Plumb J.A. & Jezek D.A. Effect of 
the eye fluke on the growth and survival of the 
channel catfish. Highlights of Agric. Res. 30 
(3): 20, 1983. 
Thatcher V.E. Paramphistomidae (Trematoda: 
Digenea) de peixes de água doce: dois novos 
gêneros da Colômbia e uma redescrição de 
Dadaytrema oxycephala (Diesing, 1836) 
Travassos, 1934, da Amazônia. Acta 
Amazonica, 9: 203-208, 1979. 
Thatcher V.E. Patologia de peixes da Amazônia 
brasileira. Aspectos gerais. Acta Amazonica 
11: 125-140, 1981. 
Thatcher V.E. & Kritsky D.C. Neotropical 
monogenoidea.4. Linguadactyloides brinkmanni 
gen. et sp. n. (Dactylogyridae: 
Linguadactyloidinae) subfam. n.) with 
observations on its pathology in a brazilian 
freshwater fish, Colossoma macropomum. 
Proc. Helminthol. Soc. Wash. 50: 305-311, 
1983.
 
	Prof. Dr. Edson de Souza Freire
	Flexibacter columnaris

Continue navegando