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DIEGO TURSSI DESTRO ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A UTILIZAÇÃO DE VIGA MISTA DE AÇO E CONCRETO E VIGA DE AÇO ISOLADA SÃO CARLOS 2017 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A UTILIZAÇÃO DE VIGA MISTA DE AÇO E CONCRETO E VIGA DE AÇO ISOLADA Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Graduação de Engenharia Civil do Centro Universitário Central Paulista, como requisito para a obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil. Orientadora: Prof.ª Drª Luciana Maria Bonvino Figueiredo SÃO CARLOS 2017 FICHA CATALOGRÁFICA Destro, Diego Turssi Análise comparativa entre a utilização de estrutura mista de aço e concreto e viga de aço isolada, São Carlos, 2017. Nº de páginas Área de concentração: Engenharia Civil Orientador: Prof. Dra. Luciana Maria Bonvino Figueiredo Trabalho de Conclusão de Curso – Centro Universitário Central Paulista- UNICEP. 1.Estrutura Mistas; 2. Estruturas Aço-Concreto; 3. Vigas Mistas AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus, e à toda minha família que sempre estiveram presentes nos momentos de dificuldades e alegrias. Meus sinceros agradecimentos á Prof.ª Drª Luciana Maria Bonvino Figueiredo pelo apoio e dedicação a esse projeto, e também ao Profº. Dr. Simar Vieira de Amorim pela atenção dedicada. “Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível”. Charles Chaplin. SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES.......................................................................................VIII 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................11 1.1. JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 13 1.2. OBJETIVO .......................................................................................................... 13 2. REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................14 2.1. GENERALIDADES ............................................................................................. 14 2.2. ESTRUTURAS MISTAS ..................................................................................... 17 2.2.1. DIMENSIONAMENTO ..................................................................................... 21 3. MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................29 4. RESULTADOS.......................................................................................................31 4.1. GANHOS NO MOMENTO RESISTENTE........................................................... 31 4.2. INFLUÊNCIA DA LOCALIZAÇÃO DA LINHA NEUTRA PLASTICA (LNP)...... 32 4.3. COMPARATIVO DOS MOMENTOS RESISTENTES ENTRE OS PERFIS ISOLADOS E MISTOS E A REDUÇÃO DE MASSA ......................................... 34 4.4. VARIAÇÃO DOS MOMENTOS EM FUNÇÃO DO VÃO E LARGURA COLABORANTE DA LAJE ................................................................................ 35 5. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES.............................................................................38 REFERÊNCIAS..........................................................................................................40 APÊNDICE 1 - TABELA DE CÁLCULO .................................................................. 42 ANEXO 1 - TÍTULO DO ANEXO ........................................................................ 43 LISTA DE ILUSTRAÇÕES TABELA 1 - COMPARATIVO DOS MOMENTOS RESISTENTES DAS VIGAS ISOLADAS E VIGAS MISTAS...........................................................32 TABELA 2 - DISTÂNCIA DA LNP DA VIGA MISTA EM RELAÇÃO A FACE SUPERIOR DA LAJE.........................................................................33 TABELA 3 - COMPARATIVO DOS MOMENTOS RESISTENTES ENTRE AS VIGAS ISOLADAS E VIGAS MISTAS...........................................................34 TABELA 4 - COMPARATIVO DOS MOMENTOS RESISTENTES ENTRE AS VIGAS ISOLADAS E VIGAS MISTAS E LNP PARA UM VÃO DE 9 METROS............................................................................................35 TABELA 5 - COMPARATIVO DOS MOMENTOS RESISTENTES ENTRE AS VIGAS ISOLADAS E VIGAS MISTAS E LNP PARA UM VÃO DE 10 METROS............................................................................................ 36 TABELA 6 - COMPARATIVO DOS MOMENTOS RESISTENTES ENTRE AS VIGAS ISOLADAS E VIGAS MISTAS E LNP PARA UM VÃO DE 16 METROS E VIGAS ADJACENTES A 4 METROS............................36 TABELA 7 - COMPARATIVO DOS MOMENTOS RESISTENTES ENTRE AS VIGAS ISOLADAS E VIGAS MISTAS E LNP PARA UM VÃO DE 18 METROS E VIGAS ADJACENTES A 4,5 METROS.........................36 GRÁFICO 1 - GANHO DE MOMENTO RESISTENTE EM PORCENTAGEM DA VIGA MISTA EM RELAÇÃO A VIGA DE AÇO ISOLADA................31 RESUMO As estruturas mistas de aço e concreto são amplamente utilizadas no exterior, e nas últimas décadas vem ganhando espaço dentro do mercado brasileiro por possuir vantagens em comparação as estruturas de aço isoladas. Dentre elas podendo-se destacar, a redução do peso estrutural, maior rigidez, redução na vibração, redução no custo das fundações, economia de perfil de aço estrutural, canteiro de obras mais organizado e aumento dos momentos resistentes. O objetivo deste trabalho é realizar comparações entre o Momento Fletor Resistende de Cálculo (Mrd) de diferentes perfis, soldados ou laminados, considerando, primeiramente, o perfil de aço isolado e, em seguida, o perfil como parte integrante de uma viga mista de aço e concreto. Contudo, para as vigas de aço isoladas utilizará-se as que apresentarem melhor aproveitamento, ou seja, perfis que possuem flambagem local da mesa e a flambagem local da alma foram desconsiderados, agilizando e diminuindo as verificações a serem realizadas. Entretanto, para comparar-se os ganhos nos momentos resistentes entre os perfis, foram efetuadas considerações a viabilizar-se o processo de cálculo via planilha Excel. Pôde-se evidenciar o melhor aproveitamento de ambos materiais em ação conjunta quando estas estruturas apresentaram grandes vãos. Os dados demonstraram que os custos podem ser reduzidos consideravelmente, visto a economia de aço estrutural por metro obtido com a substituição de uma viga de aço isolada por uma mista. ABSTRACT The mixed structures of steel and concrete are widely used abroad, and in recent decades has been gaining space in the Brazilian market because it has advantages compared to isolated steel structures. Among them, we can highlight the reduction of structural weight, greater rigidity, reduction in vibration, reduction in the cost of foundations, saving of structuralsteel profile, more organized construction site and increase of the resistant moments. The objective of this work is to make comparisons between the Hardness Moment of Calculation (Mrd) of different profiles, welded or rolled, considering, firstly, the profile of isolated steel and then the profile as an integral part of a steel composite beam and concrete. However, for the isolated steel beams will be used those that have better use, that is, profiles that have local table buckling and local buckling of the soul have been disregarded, speeding up and decreasing the checks to be performed . However, in order to compare the gains in the resistant moments between the profiles, we made considerations to make feasible the calculation process via Excel worksheet. It was possible to show the best use of both materials in joint action when these structures presented large spans. The data showed that the costs could be reduced considerably, considering the structural steel economy per meter obtained with the replacement of an isolated steel beam by a mixed. Palavras-chave: estruturas mistas, estruturas aço-concreto, construção civil 11 1 INTRODUÇÃO Estrutura mista de aço e concreto é uma estrutura composta por elementos mistos, podendo ser lajes, vigas e pilares. Elementos mistos são aqueles em que dois materiais trabalham de maneira solidária em um mesmo elemento estrutural, no caso aço em forma de perfil estrutural, trabalha conjuntamente com o concreto simples ou armado, transformando-se em um único elemento. Visando aproveitar as particularidades de cada um dos materiais de modo a obter na construção um atendimento às necessidades de uso. Nas vantagens do uso desse tipo de estrutura pode-se incluir a possibilidade de dispensa de fôrmas e escoramentos para lajes, a economia dos pilares no consumo de aço estrutural em relação aos pilares e viga de aço, a redução da propensão à corrosão, além de um custo estrutural acessível, rapidez na execução e um reduzido peso total da estrutura e vãos livres maiores e precisão dimensional. O concreto possui boa resistência a compressão, utiliza matéria-prima com custo relativo baixo, tem certa rapidez na construção e resistência ao fogo e a corrosão, porém, possui peso próprio elevado, a necessidade de montagem de fôrmas e proporciona certa dificuldade ao se realizar reformas ou demolições. Já o aço possui peso próprio reduzido devido a sua maior resistência a compressão, não necessita de fôrmas, além de obras mais limpas e organizadas e flexibilidade nas reformas. Sendo assim, o uso de estruturas mistas de aço e concreto traz como resultado a diminuição das desvantagens de cada um dos materiais utilizados de forma isolada. Esse tipo de estrutura é utilizado em larga escala no exterior e está ganhando mercado no Brasil devido a sua eficiência e eficácia. Um dos pontos positivos é que a utilização das estruturas mistas faz com que se reduza as dimensões dos pilares, vigas e lajes, tais reduções impactam diretamente no volume útil das edificações, onde haverá maior ou igual resistência estrutural com um menor volume dos elementos construtivos. 12 Figura 12.2.1: Exemplo de um edifício em estrutura mista. (Fonte: Revista ARQUITETURA & AÇO Nº 48) 13 1.1 JUSTIFICATIVA As estruturas mistas de aço e concreto ganharam espaço nos últimos anos na construção civil, colocando à disposição do meio técnico métodos e formas construtivas que garantam o funcionameto em conjunto destes dois materiais, aumentando significativamente a gama de soluções para projetos e construções. Segundo Queiroz (2012), devido a interação aço-concreto, há um aumento na resistencia da estrutura, o aço ficando responsavel pela absorção da maior parte da solicitação. Afim de exemplificar, em um pilar misto o aço contribuirá com até 90% da resistência. Já no concreto armado, a contribuição não chega à 40%. Nas vigas mistas, os perfis são interligados a laje apoiada sobre estes, aumentando assim sua rigidez e resistência de forma consideravél. O correto dimensionamento destes elementos, utilizando as normas vigentes atuais, pode trazer grande economia. 1.2 OBJETIVO O objetivo deste trabalho é apresentar uma comparação entre a resistência de vigas mistas de aço e concreto e de as vigas de aço isoladas. Pretende-se, desta forma, quantificar as vantagens ao se conectar mecanicamente a laje de concreto à viga de aço de forma a considerá-la como um elemento misto de aço e concreto. 14 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 GENERALIDADES O CONCRETO Kaefer (1998) relata que a história do concreto nos remete aos primórdios da civilização humana, pois assim que houve necessidade de se abrigar de intempéries e ataque de animais, o homem utilizou-se de recursos ao alcance de suas mãos. As primeiras edificações foram feitas de pedras, mas com o decorrer do tempo e o trabalho de notáveis seres humanos, que observaram a natureza e se dedicaram ao melhoramento de técnicas, formas estruturais e materiais foi desenvolvido o concreto moderno atualmente utilizado. Kaefer (1998) descreve que, o conceito de Concreto Armado foi primeiramente descrito em uma publicação entre 1850 a 1855 pelo francês Joseph Louis Lambout, que realizou experiências práticas sobre os efeitos de ferragens em uma massa de concreto. Pouco tempo depois, no período de 1873 a 1876 nos Estados Unidos, foi realizada a construção da Ward House em Nova Iorque de William E. Ward. Esta casa revolucionária para a época foi construída totalmente em concreto armado, com exceção das portas e janelas. Kaefer (1998) afirma que em 1877 Thaddeus Hyatt foi o grande precursor do concreto armado e talvez o primeiro a compreender a interdependência entre o concreto e o aço, e a estudar o seu posicionamento dentro dos elementos, de tal modo que as barras de aço ficassem nas regiões onde haveriam tração. Devido à falta de patrocínio e restrições referentes a outras patentes, impediram que Hyatt se beneficiasse de suas pesquisas. Para Pedroso (2009) o concreto é basicamente uma espécie de rocha artificial, onde misturando-se cimento (aglomerante), água, pedra e areia (agregados), e ao se hidratar o cimento com a água este passa a ser uma pasta resistente e aderente aos agregados. Após sua cura essa pasta se torna uma 15 estrutura monolítica, ou seja, o conjunto trabalha como se fosse um todo quando solicitado. O concreto possui alta resistência a compressão (20 a 90 MPa), resistência à água e plasticidade, onde pode-se obter formas construtivas conforme determinação do homem. O cimento normalmente utilizado para o concreto estrutural é o Cimento Portland. O concreto possui diversas vantagens, entre elas podemos citar o seu custo relativo baixo, a disponibilidade dos materiais, versatilidade e adaptabilidade, durabilidade e possibilidade de adição de rejeitos industriais. O AÇO Afirma Chamberlain (2013) que a história do aço nos remete a aproximadamente 8000 anos atrás, onde era utilizado como adorno em construções, e por volta de 1200 a.C. começou a surgir ferramentas, instrumentos, armas, ferramentas agrícolas, entre outras coisas mais. Ainda na idade do ferro observou-se que o emprego do aço providenciou melhorias relevantes nas casas, fortalezas e pontes. Mas o primeiro emprego marcante do aço foi no século XVIII para a construção de uma ponte na Inglaterra,em Coalbrokdale, e ainda na Inglaterra por volta da metade do século XIX foi realizada a construção do Palácio de Cristal, na qual a configuração de fabricação e montagem assemelha-se a atual. A figura 2 retrata esta ponte. “Sem dúvida, pode-se afirmar que o grande precursor e mentor da estrutura metálica foi Gustave Eiffel (1832-1923), cujo arrojo tecnológico surpreendeu os entendidos da época ” (CHAMBERLAIN; FICANHA; FABEANE, 2013, p. 1). 16 Figura 2: Ponte em Coalbrookdale (Fonte: https://www.sites.google.com/site/acoufmg/home/historico) O aço é obtido através do processo de fundição em alto forno, onde adiciona-se o minério de ferro e o carvão vegetal ou mineral. De maneira geral, a produção do aço é a eliminação de impurezas contidas no minério de ferro e a adição de elementos que confiram desejadas características. Por depender de sua composição química, tamanho dos grãos e sua uniformidade e tratamentos térmicos e mecânicos, que alteram em maior ou menor intensidade alguns dos aspectos e ocasiona características especificas (mole ou duro, quebradiço ou tenaz por exemplo). Sendo classificados em três tipos de aço estrutural: aços-carbono, aços de baixa liga sem tratamento térmico e aços de baixa liga com tratamento térmico. As devidas especificações destes aços se dão por normas nacionais e internacionais ou até mesmo por normas que as próprias usinas siderúrgicas elaboraram. Possui alta resistência a compressão e a tração (acima de 250 MPa), leveza e esbeltez, porém não resiste à água e ao fogo, necessitando de tratamentos superficiais. 17 2.2 ESTRUTURAS MISTAS Construções em estruturas mistas de aço e concreto, tem seu surgimento no século XIX. Realizando-se a combinação de pefis de aço estrutural em conjunto com o concreto, sendo este armado ou simples, tornando-os um único elemento estrutural. Visando associar as vantagens de cada material tem a oferecer. Segundo Griffis (1994, apud FIGUEIREDO, 1994, p.2), as primeiras construções mistas nos Estados Unidos datam de 1894 quando uma ponte e um edifício foram construídos usando vigas de aço revestidas com concreto e foram utilizadas como alternativa de proteção ao fogo e à corrosão dos elementos estruturais de aço. Pode-se dizer, portanto, que as estruturas mistas aço-concreto surgiram casualmente. Griffis (1994) ressalta ainda que a intensificação do seu uso deu-se devido ao grande número de edifícios altos construídos nas décadas de 20 e 30, entretanto com sua finalidade ainda atrelada a proteção ao fogo e à corrosão conferidas pelo concreto. E em 1930 houve o primeiro registro em norma através do New York City Building Code. Já no Brasil, as estruturas mistas apareceram na 1986 na NBR 8800 – Projeto e execução de estruturas de aço de edifícios. “Pode-se observar portanto que as estruturas mistas tiveram um processo de desenvolvimento onde primeiro surgiu a técnica, que trazia vantagens econômicas. Somente após o desenvolvimento do processo construtivo e de sua utilização é que houve a motivação para o desenvolvimento de pesquisas que resultariam em teorias e procedimentos de cálculo, de modo que qualificasse e quantificasse o problema. Muito tempo depois elas foram normalizadas. “ (FIGUEIREDO, L.M.B.1998, p 2.). Figueiredo (1998) afirma que o uso destas estruturas proporciona vantagens em sua montagem, pois há a possibilidade de construção em qualquer condição de 18 tempo e além de haver uma economia nas fundações por conta de seu relativo baixo peso próprio em comparação ao concreto armado. Quando se trata de estrutura mista de aço e concreto o principal objetivo de seu uso é o máximo aproveitamento das características de cada material podem proporcionar à estrutura. Um dos sistemas mais utilizados em estruturas mistas são vigas mistas de aço e concreto, através da conexão mecânica entre a viga de aço e a laje. A figura 3 ilustra algumas das formas de conexão entre a viga de aço e a laje, e também os tipos de lajes empregadas. Figura 3: Exemplo de conexão entre a laje e a viga de aço (Fonte: Sobre o projeto de edifícios em estrutura mista aço-concreto (ALVA, 2000)) Alva (2000) afirma que a utilização do sistema misto traz vantagens quanto a possibilidade de conter a viga lateralmente, eliminando a flambagem lateral com torção após a secagem do concreto. A flambagem lateral com torção ou usualmente denominada de FLT é aquela em que ocorre a perca de estabilidade lateral da viga, sendo perpendicular ao carregamento realizado. A figura 1.4 ilustra a ocorrência da FLT. 19 Figura 4: Ocorrência da FLT em viga de aço. (Fonte: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0370-44672007000200016) Pode haver ainda a possibilidade de flambagem local da mesa ou FLM e também a flambagem local da alma ou FLA, no qual a deformação é localizada em um determinado local da extensão da viga. As figuras 1.5 e 1.6 ilustruam a FLM e a FLA respectivamente. Figura 5: Ocorrência da FLM em viga de aço. (Fonte:www.researchgate.net/publication/245406266_Flambagem_lateral_com_torcao_em_viga s_com_perfis_de_alma_senoidal) 20 Figura 6: Ocorrência da FLA e FLM em viga de aço. (Fonte: http://calculistadeaco.com.br/capitulo-2-acos-estruturais/) A construção de vigas mistas pode ser realizada com a utilização ou não de escoramento. ALVA (2000) ressalta que o sistema de lajes com fôrmas de aço fornece vantagens a estrutura, pois contribui com a armadura postiva e além de não necessitar de escoramentos. Existem varias maneiras de ligar-se uma viga de aço á uma laje, a figura 7 exemplifica cada possível método. Onde cada um deve possuir qualidade compatível ao desempenho, devendo respeitar: Relação entre a tensão ultima fu e a tensão de escoamento fy, não sendo superior a 1.2; Alongamento na ruptura, 5,65 ∙ √𝐴0 ≥ 12%, sendo A0 a área inicial da seção transversal; 21 Figura 7: Exemplo dos tipos de conectores. (Fonte: Sobre o projeto de edifícios em estrutura mista aço-concreto (ALVA,2000)) 2.2.1 DIMENSIONAMENTO O correto dimensionamento de uma estrutura mista exige que a esta desempenhe com eficácia as quais foi idealizada e construída. Em toda sua vida útil a estrutura dever resistir ao: Colapso da estrurua (Estado Limite Último) ; Desempenho em serviço (Estado Limite de Serviço); Durabilidade; Podendo ser simplesmente apoiadas ou contínuas. As simplesmente apoiadas proporcionam ligações mais simples interferindo diretamente no custo, e também somente uma pequena zona da alma sofre compressão, a mesa superior fica confinada pela laje. Resulta em momentos fletores menores o que ocasiona diretamente na dimensão dos pilares. Já as contínuas, são mais complexas, 22 apresenta relação entre vão e altura maior, possui maior resistência em situações de incêndio. Conforme a NBR 8800:2008 no Anexo O, item O.2.2 define-se parâmetros para a determinação da largura efetiva da viga mista, sendo biapoiadas, contínuas ou semicontínuas. Para vigas mistas biapoiadas, sendo de cada lado ao centro da viga, devendo ser menores ou iguais aos valores: a) 1/8 do vão da viga mista, considerando entre linhas de centro dos apoios; b) Metade da distância entre a linha de centro da viga analisada e a linha de centroda viga adjacente; c) Distância da linha de centro daviga à borda de uma laje em balanço. E para vigas mistas contínuas ou semicontínuas, podendo ser obtidas através dos itens anteriores, desde que no lugar do vão da viga assume-se que as distâncias entre os pontos de momento nulo. Já para as regiões de momento positivo utiliza-se os itens a e b, e para momento negativo o item c: a) 4/5 da distância entre apoios, para vãos externos; b) 7/10 da distância entre apoios, para vãos internos. c) 1/4 da soma dos vãos adjacentes. Continuando no Anexo O, no item O.1.2.1 obtem-se a homogeneização teórica da seção, formada pela viga de aço e a laje de concreto com sua largura efetiva e divindindo essa largura por αE. A figura 8 demonstra esta homogeização teórica. 𝛼𝐸 = 𝐸 𝐸𝐶 Equação 1 Onde E e EC são os módulos de elasticidade do aço e do concreto e acaba por se ignorar a participação do concreto na zona tracionada. 23 Figura 8: Exemplo de uma viga mista com a homogeneização. (Fonte: Notas de Aula Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas (FIGUEIREDO,2017)) A NBR 8800:2008 ainda prevê a possibilidade de escoramento ou não da estrutura durante sua execução, na qual serão consideradas escoradas as vigas mistas nas quais a viga de aço permaneça sem solicitação até retirar-se os escoramentos, que deverá ser feito após o concreto atingir 75% de resistência característica à compressão. Caso não for escorada será necessário realizar a verificações da Flambagem Lateral da Alma e Flambagem Lateral da Mesa e também o momento resistente do perfil de aço isolado. Verificação da Flambagem Local da Alma ou FLA é dada por: ℎ 𝑡𝑤 ≤ 3,76 . √ 𝐸 𝑓𝑦 Equação 2 Onde: h é altura da alma; tw é a espessura da alma; fy é tensão de escoamento; E é o modulo de elasticidade do aço; Verificação da Flambagem Local da Mesa ou FLM é dada por: 𝜆𝑝 = 0,38 . √ 𝐸 𝑓𝑦 Equação 3 24 No caso da verificação da Flambagem Lateral por Torção não é necessária, pois a viga é contida lateralmente na fase de construção. Verificação do momento resistente do perfil de aço: 𝑀𝑟𝑑 = 𝑀𝑝𝑙 𝛾𝑎1 Equação 4 Onde: Mpl é dado por Z.fy,; γa1 é o coeficiente de ponderação caraterístico do material; Para se assegurar que haja interação completa entre a viga e a laje e para situar a localização da linha neutra, é necessário a utilização de conectores de cisalhamento, respeitando: 𝛴𝑄𝑟𝑑 ≥ 𝐹ℎ𝑑 O Fhd é obtido através de duas fórmulas, sendo admitido o menor valor entre elas: 𝐹ℎ𝑑 = 0,85 .𝑓𝑐𝑘 .𝑏 .𝑡𝑐 1,40 Equação 5 𝐹ℎ𝑑 = 𝐴𝑎.𝑓𝑦 1,10 Equação 6 Onde: fy é a tensão de escoamento do aço; Aa é a área do perfil de aço; fck é a resistência de característica do concreto; b é a largura efetiva da laje de concreto; tc é a altura da laje de concreto; Qrd é a resitência de um conector de cisalhamento do tipo pino com cabeça, sendo obtido através de: 𝑄𝑟𝑑 = 0,85 . 𝑓𝑐𝑑 . 𝑏 . 𝑡𝑐 Equação 7 25 Onde: fcd é a resistência de cálculo a compressão do concreto; b é a largura efetiva da laje de concreto; Caso ocorra o Fhd seja menor na fo primeira equação admite-se que Tad seja igual a Ccd, caso contrário será necessário efetuar seus cálculos. 𝐶𝑐𝑑 = 0,85 . 𝑓𝑐𝑑 . 𝑏 . 𝑎 Equação 8 𝑇𝑎𝑑 = 𝐴𝑎 . 𝑓𝑦𝑑 Equação 9 𝑎 = 𝑇𝑎𝑑 0,85 .𝑓𝑐𝑑 .𝑏 ≤ 𝑡𝑐 Equação 10 Onde: a é espessura da região comprimida da laje, ou espessura considerada efetiva; Ccd é a força resistente de cálculo da espessura comprimida da laje de concreto; Tad é a força resistente de cálculo da região tracionada do perfil de aço; A determinação do número de conectores é dada por: ɳ = 𝛴𝑄𝑟𝑑 𝐹ℎ𝑑 Equação 11 O cálculo do momento fletor resistente caso a linha neutra plástica esteja na laje é dada por: 𝑀𝑅𝑑 = 𝛽𝑣𝑚 𝑇𝑎𝑑 (𝑑1 + ℎ𝑓 + 𝑡𝑐 − 𝑎 2 ) Equação 12 Onde: βvm é a capacidade de rotação necessária para a ligação, para vigas biapoiadas ou contínuas, seu valor é igual á 1,00; 26 hf é a espessura da laje pré-moldada ou altura das nervuras da laje com fôrma de aço incorporada (caso não houver seu valor é hf = 0) d1 é a distância do centro geométrico do perfil de aço até a face superior do mesmo; Caso a linha neutra plástica esteja na esteja no perfil de aço o cálculo do momento fletor resistente é dada por: 𝑀𝑅𝑑 = 𝛽𝑣𝑚 [𝐶𝑎𝑑(𝑑 − 𝑦𝑡 − 𝑦𝑐) + 𝐶𝑐𝑑 ( 𝑡𝑐 2 + ℎ𝑓 + 𝑑 − 𝑦𝑡)] Equação 13 Onde: βvm é a capacidade de rotação necessária para a ligação, para vigas biapoiadas ou contínuas, seu valor é igual á 1,00; Cad é a força resistente de cálculo da região comprimida do perfil de aço; d é a altura total do perfil; yt é a distância do centro geométrico da parte tracionada do perfil de aço até a face inferior desse perfil; yc é a distância do centro geométrico da parte comprimida do perfil de aço até a face superior desse perfil; hf é a espessura da laje pré-moldada ou altura das nervuras da laje com fôrma de aço incorporada (caso não houver seu valor é hf = 0) d1 é a distância do centro geométrico do perfil de aço até a face superior do mesmo; O cálculo do Cad e do Tad é dado por: 𝐶𝑎𝑑 = 1 2 ( 𝐴𝑎 . 𝑓𝑦𝑑 − 𝐶𝑐𝑑) Equação 14 𝑇𝑎𝑑 = 𝐶𝑐𝑑 + 𝐶𝑎𝑑 Equação 15 E para que se determine a medida da linha neutra da seção plastificada pode ser determinada por: 27 - Para 𝐶𝑎𝑑 ≤ 𝐴𝑎𝑓. 𝑓𝑦𝑑 – linha neutra na mesa superior 𝑦𝑝 = 𝐶𝑎𝑑 𝐴𝑎𝑓 .𝑓𝑦𝑑 . 𝑡𝑓 Equação 16 - Para 𝐶𝑎𝑑 ≥ 𝐴𝑎𝑓. 𝑓𝑦𝑑 – linha neutra na alma 𝑦𝑝 = 𝑡𝑓 + ℎ𝑤 ( 𝐶𝑎𝑑− 𝐴𝑎𝑓.𝑓𝑦𝑑 𝐴𝑎𝑤 .𝑓𝑦𝑑 ) Equação 17 Onde: Cad é a força resistente de cálculo da região comprimida do perfil de aço; Aaf é a área da mesa superior do perfil; Aaw é a área da alma do perfil de aço, igual à hw.tw; tf é a espessura da mesa superio do perfil; hw é altura da alma, distância entre as faces internas da mesa; O cálculo dos conectores de cisalhamento é dado pelas formulas, sendo adotado o menor valor: 𝑄𝑅𝑑 = 1 2 𝐴𝑐𝑠 √𝑓𝑐𝑘𝐸𝑐 𝛾𝑐𝑠 Equação 18 𝑄𝑅𝑑 = 𝑅𝑔 𝑅𝑝 𝐴𝑐𝑠 𝑓𝑢𝑐𝑠 𝛾𝑐𝑠 Equação 19 Onde: Acs é a área da seção transversal do conector; γcs é o coeficiente de ponderação da resistência do conector, igual a 1,25 para combinações últimas de ações normais; fucs é a resistência à ruptura do aço do conetor; Rg é um coeficiente para consideraçãodo efeito de atuação de grupos de conectores; Rp é um coeficiente para consideração da posição do conecotor; O momento solicitante para a viga de aço isoldada é dado por: 28 𝑀𝑠𝑑 = 𝑃 . 𝑙2 8 Equação 20 Onde: P é a carga distribuída sobre a viga; l é o comprimento total da viga; O Msd deve ser menor ao Mrd para que a estrutura não esteja trabalhando em sobrecarga, ocasionando sua ruína.29 3 MATERIAIS E MÉTODOS Para que o objetivo deste trabalho seja alcançado, serão realizadas comparações entre o Momento Fletor Resistende de Cálculo (Mrd) de diferentes perfis, sendo soldados ou laminados, considerando, primeiramente, o perfil de aço isolado e, em seguida, o perfil como parte integrante de uma viga mista de aço e concreto. Para tal fim, terão de ser feitas algumas considerações de forma a fixar alguns parâmetros e viabilizar que os cálculos sejam feitos de maneira automátizada via planilha em Excel. Pretende-se, ao final, produzir uma tabela com os perfis e os momentos resistentes das duas situações. Contudo, para as vigas de aço isoladas utilizaremos os quais apresentarem melhor aproveitamento, ou seja, desconsideraremos os perfis que possuírem flambagem local da mesa e a flambagem local da alma. Afim de agilizar e diminuir as verificações a serem feitas para obtenção dos resultados. Serão adotados os seguintes dados para elaboração dos cálculos: - Viga simplesmente apoiada com interação total; - Vão de 8 metros para a viga; - Vigas adjacentes à 2,5 metros; - Laje steel deck MBP SD-75, com 7 cm de forma mais 7 cm de concreto; - Concreto 25 MPa; - Perfis em aço MR250 com fy=250MPa e fu=400MPa; - Conector de 19mm com fy=350MPa e fu=450MPa; Observa-se que não será feito o dimensionamento de uma viga específica de um edifício real, nem serão levantados carregamentos para determinação dos esforços solicitantes. Trata-se, apenas, da determinação e comparação dos momentos resistentes. 30 Ao final, será simulada uma situação real, onde o projetista, com os dados em mãos (vão e carregamento), faz o pré-dimensionamento utilizando a tabela produzida. O dimensionamento real será feito e, poderá ser feita a avaliação da aplicabilidade da tabela. 31 4 RESULTADOS 4.1 GANHOS NO MOMENTO RESISTENTE Devido a conexão entre a laje de concreto e a viga de aço obtem-se um siginificativo ganho no momento resistente e na rigidez da estrutura, impedindo que haja o escorregamento da laje sobre a viga. No qual a laje deixa de ser uma carga sobre a viga e começa a atuar como parte integrante da estrutura. Analisando a figura 9 percebe-se que os maiores ganhos em resistência ocorreram em perfis com menores dimensões. Entretanto, a justificativa de se utilizar perfis com maiores dimensões em vãos menores deve-se a sobrecarga de utilização maiores. Gráfico 1: Ganho de momento resistente em porcentagem da viga mista em relação a viga de aço isolada. (Fonte: DESTRO, 2017) 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00% 140,00% 4 0 0 x3 2 4 0 0 x3 4 4 0 0 x3 5 4 0 0 x3 8 4 0 0 x4 1 4 0 0 x4 4 4 5 0 x 5 1 4 5 0 x6 0 4 5 0 x7 0 4 5 0 x7 1 4 5 0 x8 0 4 5 0 x8 3 4 5 0 x9 5 5 0 0 x7 3 5 0 0 x8 6 5 0 0 x9 7 5 5 0 x1 0 0 5 5 0 x7 5 5 5 0 x8 8 6 0 0 x1 1 1 6 0 0 x1 2 5 6 0 0 x1 4 0 6 0 0 x1 5 2 6 5 0 x1 1 4 6 5 0 x1 2 8 6 5 0 x1 4 3 6 5 0 x1 5 5 7 0 0 x1 2 2 7 0 0 x1 3 7 % Linear (%) 32 4.2 INFLUÊNCIA DA LOCALIZAÇÃO DA LINHA NEUTRA PLASTICA (LNP) Comparando-se os valores dos momentos resistentes das vigas de aço isoladas e vigas mistas de aço e concreto através da tabela 1, nota-se um acréscimo nos valores dos momentos resistentes. Toda via, analisar somente os resultados finais não justificariam os ganhos. Para tal, é necessário verificar onde ocorre a linha neutra plástica (LNP), ou seja, onde ocorre o eixo de divisão da seção da viga em duas áreas, uma tracionada e a outra comprimida. Pois a maneira como se processa a interação entre os materiais e a distribuição das tensões irá depender da localização da LNP. Tabela 1 – Comparativo dos momentos resistentes das vigas isoladas e vigas mistas. PERFIL VS VIGA ISOLADA (kN.m) VIGA MISTA (kN.m) GANHO (%) PERFIL VS VIGA ISOLADA (kN.m) VIGA MISTA (kN.m) GANHO (%) 400x32 139,5 299,7 114,77 500x97 595,7 926,1 55,47 400x34 153,9 322,1 109,36 550x100 667,0 1016,2 52,34 400x35 157,3 328,4 108,82 550x75 480,5 820,6 70,80 400x38 174,1 354,8 103,78 550x88 581,6 926,0 59,23 400x41 190,9 380,9 99,50 600x111 783,6 1182,9 50,95 400x44 207,7 406,7 95,80 600x125 896,1 1299,1 44,97 450x51 256,8 504,7 96,52 600x140 1022,3 1428,4 39,73 450x60 313,2 586,9 87,40 600x152 1117,7 1526,7 36,59 450x70 375,5 672,9 79,23 650x114 865,2 1292,0 49,33 450x71 378,2 679,7 79,73 650x128 987,7 1418,0 43,56 450x80 433,0 744,5 71,96 650x143 1125,0 1558,2 38,51 450x83 457,0 766,3 67,67 650x155 1229,1 1664,9 35,46 450x95 526,1 840,2 59,68 700x122 998,9 1455,6 45,72 500x73 427,0 746,4 74,77 700x137 1140,2 1595,7 39,95 500x86 518,4 844,7 62,94 (Fonte: DESTRO, 2017) Para efetuar a localização da ocorrência da LNP utiliza-se das equações 10, 16 e 17, sendo respectivamente para a localização da linha neutra na laje de concreto, no perfil de aço, havendo ainda a possibilidade de ocorrer na mesa ou na 33 alma. Contudo, os resultados das equações 16 e 17 se refenciam a face superior do perfil de aço, para padronização dos resultados obtidos afim de uma melhor compreensão deve-se somar a altura da laje de concreto mais a forma aos resultados destas equações. Através da tabela 2 verifica-se os resultados obtidos. Tabela 2 – Distância da LNP da viga mista em relação a face superior da laje. PERFIL MISTO VIGA MISTA (kN.m) LNP (cm) PERFIL MISTO VIGA MISTA (kN.m) LNP (cm) 400x32 299,7 3,04 500x97 926,1 14,61 400x34 322,1 3,28 550x100 1016,2 14,68 400x35 328,4 3,35 550x75 820,6 14,04 400x38 354,8 3,63 550x88 926,0 14,38 400x41 380,9 3,92 600x111 1182,9 14,80 400x44 406,7 4,20 600x125 1299,1 15,09 450x51 504,7 4,88 600x140 1428,4 15,42 450x60 586,9 5,75 600x152 1526,7 15,68 450x70 672,9 6,69 650x114 1292,0 14,87 450x71 679,7 14,21 650x128 1418,0 15,16 450x80 744,5 14,26 650x143 1558,2 15,49 450x83 766,3 14,55 650x155 1664,9 15,74 450x95 840,2 14,32 700x122 1455,6 14,97 500x73 746,4 6,92 700x137 1595,7 15,26 500x86 844,7 14,32 (Fonte: DESTRO, 2017) Identifica-se em alguns pontos os valores abaixo da espessura da laje mais sua forma e em outros acima. Isto indica a ocorrência do menor ou maior aproveitamento da laje de concreto à compressão e o aço a tração. Isto é, para valores menores a parte tracionada da viga mista contempla tração no concreto também, fazendo com que esta região tracionada do concreto seja descartada. Contudo, observa-se que para perfis maiores a linha neutra ocorre na viga de aço, apartir deste momento a laje de concreto não ficará responsável por atuar somente com a região comprimida, a viga de aço também possuirá esta. 34 4.3 COMPARATIVO DOS MOMENTOS RESISTENTES ENTRE OS PERFIS ISOLADOS E MISTOS E A REDUÇÃO DE MASSA Na tabela 3 verifica-se que há momentos resistentes bem próximos entre as vigas de aço isoladas e as vigas mistas de aço e concreto com dimensões e perfis diferentes. No qual existe a possibilidade de substituição de uma viga de aço isolada por uma viga mista com menor dimensão e massa, por possuir momento resistenteigual ou superior à viga de aço isolada em questão. Proporcionando, uma economia na quantidade do uso de aço na estrutura. Tabela 3 – Comparativo dos momentos resistentes entre as vigas isoladas e vigas mistas. PERFIL VS VIGA ISOLADA (kN.m) PERFIL VS VIGA MISTA (kN.m) REDUÇÃO MASSA (kg/m) 450x51 256,8 400x32 299,7 19 450x60 313,2 400x34 322,1 26 450x70 375,5 400x41 380,9 31 450x71 378,2 400x44 406,7 27 450x95 526,1 450x60 586,9 35 500x97 595,7 450x70 672,9 27 550x75 480,5 450x51 504,7 24 550x75 480,5 450x51 504,7 24 550x88 581,6 450x60 586,9 28 550x88 581,6 450x60 586,9 28 550x100 667,0 450x71 679,7 29 600x111 783,6 550x75 820,6 36 600x125 896,1 500x97 926,1 28 600x140 1022,3 600x111 1182,9 29 600x143 1125,0 600x111 1182,9 32 600x152 1117,7 600x111 1182,9 41 650x114 865,2 550x88 926,0 26 650x128 987,7 550x100 1016,2 28 650x155 1229,1 600x114 1292,0 41 700x122 998,9 550x100 1016,2 22 700x137 1140,2 600x111 1182,9 26 (Fonte: DESTRO, 2017) 35 Constata-se uma grande diferença entre as massas dos perfis utilizados como viga de aço isolada em relação as vigas mistas de aço e concreto para um determinado momento resistente. Evidenciando umas das vantagens da utilização de vigas mistas, é a redução do peso estrutural, proporcionando uma maior leveza com a mesma resistência e uma diminuição significativa nos custos. 4.4 VARIAÇÃO DOS MOMENTOS EM FUNÇÃO DO VÃO E LARGURA COLABORANTE DA LAJE Para os dados pré-estabelecidos inicialmente obteve-se os resultados discutidos anteriormente, contudo se houver um aumento no vão e na largura colaborante da laje haverá alteração dos ganhos nos momentos resistentes, bem como o deslocamento da LNP. Afim de demonstração serão comparados os resultados dos momentos resistentes e LNP de quatro perfis, onde dois deles possuem sua linha neutra na laje e os outros dois na viga de aço. Nas tabelas tem- se os resultados iniciais comparados com os novos valores dos vãos. Tabela 4 – Comparativo dos momentos resistentes entre as vigas isoladas e vigas mistas e LNP para um vão de 9 metros. PERFIL VS VÃO: 8 m VIGAS ADJ: 2,5 m VÃO: 9 m VIGAS ADJ: 2,5 m GANHO EM (%) VIGA ISOLADA (kN.m) VIGA MISTA (kN.m) LNP (cm) VIGA ISOLADA (kN.m) VIGA MISTA (kN.m) LNP (cm) 450x70 375,5 672,9 6,69 375,5 680,5 5,94 1,13 450x71 378,2 679,7 6,76 378,2 687,4 6,01 1,13 600x152 1117,7 1526,7 15,68 1117,7 1558,8 15,48 2,10 650x155 1229,1 1664,9 15,74 1229,1 1697,2 15,55 1,94 (Fonte: DESTRO, 2017) 36 Tabela 5 – Comparativo dos momentos resistentes entre as vigas isoladas e vigas mistas e LNP para um vão de 10 metros. PERFIL VS VÃO: 8 m VIGAS ADJ: 2,5 m VÃO: 10 m VIGAS ADJ: 2,5 m GANHO EM (%) VIGA ISOLADA (kN.m) VIGA MISTA (kN.m) LNP (cm) VIGA ISOLADA (kN.m) VIGA MISTA (kN.m) LNP (cm) 450x70 375,5 672,9 6,69 375,5 686,5 5,35 2,02 450x71 378,2 679,7 6,76 378,2 693,6 5,41 2,04 600x152 1117,7 1526,7 15,68 1117,7 1590,4 15,29 4,17 650x155 1229,1 1664,9 15,74 1229,1 1728,9 15,35 3,84 (Fonte: DESTRO, 2017) Tabela 6 – Comparativo dos momentos resistentes entre as vigas isoladas e vigas mistas e LNP para um vão de 16 metros e vigas adjacentes a 4 metros. PERFIL VS VÃO: 8 m VIGAS ADJ: 2,5 m VÃO: 16 m VIGAS ADJ: 4 m GANHO EM (%) VIGA ISOLADA (kN.m) VIGA MISTA (kN.m) LNP (cm) VIGA ISOLADA (kN.m) VIGA MISTA (kN.m) LNP (cm) 450x70 375,5 672,9 6,69 375,5 706,9 3,34 5,05 450x71 378,2 679,7 6,76 378,2 714,4 5,41 5,11 600x152 1117,7 1526,7 15,68 1117,7 1768,9 14,12 15,86 650x155 1229,1 1664,9 15,74 1229,1 1908,5 14,18 14,63 (Fonte: DESTRO, 2017) Tabela 7 – Comparativo dos momentos resistentes entre as vigas isoladas e vigas mistas e LNP para um vão de 18 metros e vigas adjacentes a 4,5 metros. PERFIL VS VÃO: 8 m VIGAS ADJ: 2,5 m VÃO: 18 m VIGAS ADJ: 4,5 m GANHO EM (%) VIGA ISOLADA (kN.m) VIGA MISTA (kN.m) LNP (cm) VIGA ISOLADA (kN.m) VIGA MISTA (kN.m) LNP (cm) 450x70 375,5 672,9 6,69 375,5 710,6 2,56 5,60 450x71 378,2 679,7 6,76 378,2 718,2 2,97 5,66 600x152 1117,7 1526,7 15,68 1117,7 1797,7 6,46 17,75 650x155 1229,1 1664,9 15,74 1229,1 1944,3 6,59 16,78 (Fonte: DESTRO, 2017) 37 Observando-se o aumento no vão, houve ganhos no momento resistente e deslocamento da LNP em todas as vigas, porém, as que obtiveram ganhos mais significativos foram as com maiores dimensões. Porém, para os perfis menores, o deslocamento da linha neutra em direção à face superior da laje de concreto, faz com que haja aumento da região tracionada de concreto. Esta região é desprezada no dimensionamento e, portanto, nesta situação há desperdício de material, ficando somente uma pequena área de concreto responsável por absorver as tensões de compressão. Concluindo-se que os ganhos em perfis maiores está diretamente associado ao aumento da largura de colaboração da laje. Logicamente a escolha do perfil está diretamente associada aos esforços solicitantes na viga, isto é, para carregamentos maiores se faz necessário a utilização de perfis maiores que atendam as necessidades estabelecidas. 38 5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES O presente trabalho teve como objetivo demonstrar através de cálculos e pesquisas teóricas a praticabilidade do uso de estruturas mistas de aço e concreto na construção civil. Com os resultados obtidos, pôde-se verificar que a utilização dessas estruturas apresentou ganhos muito mais significativos em grandes vãos, de tal modo que o aproveitamento de ambos materiais em ação conjunta ocorre da melhor maneira. Os cáculos efetuados dizem respeito ao Estado Limite Último (ELU), ou seja, foram feitas verificações de tal modo que os valores são os máximos no qual a estrutura pode suportar sem sofrer algum colapso ou ruína estrutural. Há possibilidade de continuidade deste trabalho, explorando as verificações em Estado Limite de Serviço (ELS), na qual poderão ser realizadas as verifições das fissurações, deslocamentos, danos que afetam a aparência, a utilização da estrutura, dentre outros. Salienta-se que a viga estudada neste trabalho é uma viga bi-apoiada. Uma outra possiblidade de trabalho futuro seria considerar a continuidade ou a semi- continuidade das vigas mistas. De maneira geral, consegue-se reduzir significativamente os custos, visto a economia de aço por metro obtido ao se substituir uma viga de aço isolada por uma viga mista. Essa substiuição implica em adicionar apenas os conectores de cisalhamento, uma vez que o perfil e a laje já fazem parte do pavimento. Além de se proporcionar mais segurança na construção e também maior leveza para a estrutura, impactando nos custos da fundação. Mais rígida e resistente: menos vibração, menos suscetível ás deformações horizontais. 39 O tema foi de grande importância no aprendizado do autor, por se tratar de um assunto não abordado no decorrer da graduação. Acarretando-se um maior empenho em estudos teóricos e a aplicabilidade do tema abordado, desse modo, proporcionando sua continuidade em uma especialização onde poderá ser mais aprofundado. 40 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios.Rio de Janeiro, 2008, 273p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 6118:2014: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014, 238p. ALVA, G.M.S. (2000). Sobre o projeto de edifícios em estrutra mista aço- concreto, São Carlos, 277p, Dissertação (Mestrado). CHAMBERLAIN, Z. M.; FICANHA, R.; FABEANE, R.; Projetos e cálculos de estruturas de aço – Edifício industrial detalhado, Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 230p. DIAS, L.A.M; Estruturas de aço – conceitos, técnicas e linguagem, São Paulo: Zigurate, 1997, p. 1,3,16,121,122. FERRAZ, H. Revista Eletrônica de Ciências. O Aço na Construção Civil. São Carlos, Nº 22, Edição out. /nov. /dez. , 2003. FIGUEIREDO, L.M.B. (1998). Projeto e construção de pilares mistos aço- concreto, São Carlos, 143p. Dissertação (Mestrado). GRIFFIS, L.G. (1994). The 1994 T.R. Higgins Lecture: Composite Frame Construction. In: National Steel Construction Conference, Pittsburgh, Pennsylvania, 1994. New York, AISC. KAEFER, L. F. A evolução do concreto armado. (PEF 5707 – Concepção, Projeto e Realização das estruturas: aspectos históricos – 1998.3). São Paulo: 1998. SILVA, V.P.; PANNONI, F.D.; Estruturas de aço para edifícios: aspectos tecnológicos e de concepção, São Paulo: Blucher, 2010, p. 4-5,43-46. Uso racional do aço no concreto armado, Disponível em: http://www.metalica.com.br/pg_dinamica/bin/pg_dinamica.php?id_pag=752, 24 nov 2010, acesso em 03/03/2017 41 PEDROSO, F.L. Concreto: as origens e a evolução do material construtivo mais usado pelo homem. CONCRETO & Construções. Ano 38, Nº 53, Edição jan./fev./mar. , p. 14-18, 2009. QUEIROZ, G.; PIMENTA, R. J.; MARTINS, A. G. Manual de Construção em Aço. 2 ed. Rio de Janeiro: Instituto Aço Brasil/CBCA, 2012. 68p. 42 APÊNDICE 1 - TABELA DE CÁLCULO 43 ANEXO 1 - TÍTULO DO ANEXO
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