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FENOMENOLOGIA JASPERIANA
 “A Fenomenologia – diz Jaspers “é para nós, aqui, um procedimento empírico. A captação ou apreensão das vivências do enfermo constitui a pedra fundamental da psicopatologia fenomenológica jasperiana situando-se o psiquiatra diante delas não como mero observador, senão tratando de experimentá-las, representando-as para si mesmo e fazendo o que Husserl chamou de “redução fenomenológica” mediante a qual exclui ou “põe entre parênteses” tudo o que no conteúdo da consciência tinha relação com o sujeito psicológico e com a existência individual.
Para Karl Jaspers a Fenomenologia: é o estudo daquilo que é percebido pelos sentidos ou pela consciência. As vias de acesso ao fato psicopatológico são a compreensão (método subjetivo) e a explicação (método objetivo).
A Fenomenologia jasperiana é uma psicologia descritiva no sentido do atingimento do fenômeno subjetivo, transitando entre a psicologia subjetiva e a psicologia objetiva, garantindo assim, a conexão entre os fenômenos psicológicos referentes externos que pudessem validar na presença em diferentes situações, seria o modo de possibilitar o exame científico das relações compreensivas entre aqueles fenômenos que não se deixam observar pela terceira pessoa. A Fenomenologia jasperiana  ocupa-se do que os doentes vivem, estuda seus estados de espírito, visa a desvelar significações. Para Jaspers, só quando o homem se abre ao outro pode sair do seu mundo , e através da fenomenologia toma entendimento que cada homem é um mundo e que sua existência é um projeto singular. 
Assim, Jaspers julgava ser possível e útil conhecer, como fenômenos de consciência, as experiências subjetivas dos doentes, experiências de que eles poderiam oferecer descrições claras, compreensíveis, identificáveis. Fica evidente, portanto, o caráter da Fenomenologia como método científico.
Ao situar-se na linha do pensamento fenomenológico, Jaspers não apresentava uma nova concepção do psiquismo ou da patologia, mas uma reflexão sobre a abordagem dos fenômenos psíquicos. Jaspers apresentou uma reflexão metodológica sobre o método, sem um a priori, partindo dos fenômenos.
 Sabemos que a Fenomenologia jasperiana tem seu ponto chave exatamente na compreensibilidade ou incompreensibilidade das vivências mórbidas captadas nas autodescrições dos pacientes.
A Compreensão consiste num esforço de penetração e de intuição do fenômeno mórbido com seu significado, tal como o considera o enfermo. É a visão do psíquico pelo psíquico; deixar de si e visitar  o outro; o que não quer dizer que tenha vivido o que o paciente experimenta, significa que ao visitar posso imaginar e isto basta para compreender. O fundamental é que, a partir da escuta e da observação (olhar), naquilo que é relatado, seja utilizado o método da compreensão e estabelecidas as relações de sentido das vivências.
Jaspers distingue a compreensão genética ou dinâmica da estática ou fenomenológica.
a) Compreensão genética ou dinâmica  (Origem) Historicidade.
Busca a captação de motivos, consistindo em estabelecer uma analogia entre a representação da vivência do outro e a experiência do vivenciar próprio, tendo como pressuposto a empatia. Ou seja, compreensão das relações de sentido com toda a historicidade do sujeito; qual o motivo disso? Essa metodologia teria como objetos os motivos e a continuidade de sentido-vital, e se basearia mais na perícia e na habilidade do entrevistador.
Motivo é diferente de causa;
Causa – estabeleço a relação causa/efeito.
Motivo – o que motivou não é necessariamente o que causou.
Isto partindo do princípio de que o psiquismo surge do psíquico e o que surge do psíquico tem um sentido.
 b) Compreensão Estática ou fenomenológica ou racional
Busca a apreensão dos modos de vivenciar, e de certos elementos constitutivos da vivência; teria como objeto a forma da vivência, e se basearia mais na ciência. Compreensão Estática ou Fenomenológica – intuir as qualidades de vivência num determinado momento a partir da vivência do paciente.
A compreensão consiste em descobrir os nexos de sentido existentes na vida psíquica. Na prática, a compreensão fundamental do enfermo mental se insere em torno de três atividades:
1 – A indagação acerca de se a aparição do mundo do enfermo mental, tomada em sua totalidade ou em parte, tem suposto ou não a interrupção ou o desgarramento da continuidade de sentido que existia no desenvolvimento biográfico do mesmo sujeito.  Ele ocorre nas psicoses, especialmente nas esquizofrenias.
2 –  A comprovação de se no mundo do enfermo e em suas estruturas psicopatológicas existe uma unidade de sentido ou não. Com este dado é possível fazer valiosíssimas elaborações psicopatológicas na esquizofrenia. 
3 – Motivo – A primeira indagação se refere a conexão de sentido biográfico ou global e a segunda atende ao conjunto do ser-enfermo e suas estruturas psicopatológicas mais relevantes, a compreensão quer aqui buscar conexões de sentido particulares (motivos) entre o psíquico e o atual. O problema mais comum aqui consiste em desvelar se determinado fenômeno, por exemplo, um delírio de perseguição está ligado ou não por um nexo de sentido com outros fenômenos psíquicos coexistentes. Se não se faz este nexo, se diz que este delírio é imotivado ou psicologicamente incompreensível. Ou ao contrário se este delírio obedece a um motivo psicológico que poderia consistir em um sentimento de desconfiança intenso produzido por um desengano sofrido em algum momento.
Portanto, encontramos três classes de fenômenos psicologicamente incompreensíveis:
1) Continuidade de sentido Histórico-vital – Indagação com uma perspectiva mais ampla que trata as possíveis relações de sentido entre algo vivido e o desenvolvimento histórico-vital do sujeito, a aparição do fenômeno psicopatológico, tomado em sua totalidade ou em parte, supõe ou não a interrupção ou a quebra da continuidade de sentido histórico, trata-se do aspecto mais relevante para estabelecer se uma vivência é ou não incompreensível;
2) Unidade de sentido – os que carecem de unidade de sentido. Trata-se de comprovar se no mundo do paciente e em suas estruturas psicopatológicas existe uma unidade de sentido. Esse tipo teria mais valor na esquizofrenia, onde temos quebra da unidade de sentido das vivências;
3) Motivos – Aqui a indagação se limitará a considerar a conexão de sentido entre aquele fenômeno vivido e a vida psíquica atual restante, estabelecendo se o fenômeno está ligado ou não por um nexo de sentido com outros fenômenos psíquicos coexistentes. Portanto, dispomos de três referências de compreensibilidade psicológica: a continuidade de sentido, a unidade de sentido e a motivação.
O critério mais seguro para delimitar o psicologicamente incompreensível e o compreensível  se atém a escutar se a continuidade de sentido biográfica está preservada ou não.
Mas nem tudo que ocorre é compreensível; há um limite na compreensão. Esse limite cria um anseio: a descoberta, e, é nesse momento que temos o impulso a explicar. O homem é propenso a explicar tudo aquilo que não lhe é facultado compreender.
 “ Todo pensamento é pensamento de significações... A percepção do mundo não é uma fotografia morta e mecânica do ambiente; acompanha-se de consciência de alguma significação. Uma casa está ali para ser habitada, os homens na rua tratam de seus negócios. Essas significações não estão na nossa consciência prestes a se expressarem, mas lá estão sob uma forma latente(aquilo que está encoberto, que não está aparente)” Karl Jaspers
Aluna: Adriana Nogueira 
Matrícula: 201502438895
Referências:
Site: http://pepsic.bvsalud.org/ scielo
Site: http://apsicologiaonline.com.br/
Rodrigues, A. C. T. (2005). Karl Jaspers e a abordagem fenomenológica em psicopatologia. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 8 (4), 754-768.
Tatossian, J. & Samuelian, J.-C. (2006). Pósfacio da segunda edição francesa. Em Arthur Tatossian. Fenomenologia das Psicoses [pp. 347-357]. São Paulo: Escuta.
JASPERS,Karl. Psicopatologia Geral – Psicologia compreensiva, explicativa e fenomenológica. 8ª edição. Atheneu: São Paulo, 2003.

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