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Raphael Simões Vieira – Medicina Veterinária 5º período
Aula – 15/01/15
Devemos atuar de forma mais objetivo, não dar vários antimicrobianos tentando atingir vários microrganismos. Uso profilático de antibióticos: não fazer isso. Muitas vezes, humanos com infecções do trato respiratório superior, a grande maioria é infecção viral, o médico passa antibiótico para prevenir, não é pra fazer isso. Nesse caso vai só selecionar bactérias resistentes. 
As infecções pós-cirúrgicas geralmente ocorrem por flora cutânea. Os médicos achavam que não ia ter mais infecções. Eles prescreviam antibiótico para prevenir. As taxas não diminuíram, em alguns casos aumentaram. Pesquisas mostraram que os antibióticos diminuem sim as infecções pós-operatórias, desde que suas taxas sanguíneas estejam altas durante a cirurgia. O correto é fazer a antibioticoterapia antes da cirurgia. Antibiótico não substitui regras de assepsia!!! Rifocina é antibiótico, serve para tratar infecção de pele, mas não é antisséptico! Pode selecionar bactérias, e levar a uma infecção secundária. 
Antissépticos: álcool, clorexidina, derivados do iodo. Antibiótico no pós-operatório tem baixa eficiência, baixos resultados, alto custo. Na ferida cirúrgica, há formação de microcoágulos. Se no sangue já houver antibiótico, nesse microcoágulo vai ter antibiótico. Depois que houver formação do coágulo, o antibiótico não consegue chegar e adentrar esse coágulo. Devo usar o índice terapêutico mais alto, durante a abertura da cirurgia. 
Os antibióticos, quando necessários, devem ser usados respeitando criteriosamente a posologia: doses, intervalo, tempo de tratamento. Há algumas diferenças: há antibióticos onde os parâmetros cinéticos/dinâmicos são dose-dependentes. Quando passam a concentração inibitória mínima, deixam sequelas. Alguns antibióticos induzem a produção de proteínas anômalas. Surge efeito pós-antibiótico. Para esses antibióticos podemos utilizar intervalos maiores do que aqueles orientados por estudos básicos de cinética. Esses antibióticos = aminoglicosídeos. Por exemplo a gentamicina. Nos estudos cinéticos do homem do cão, mostram que para manter concentrações estáveis, temos que dar as injeções de 8/8h. a gentamicina é um antibiótico aminoglicosídeo, os parâmetros cinéticos/dinâmicos são dose-dependentes. Se utilizarmos a dose diária, e ao invés de fracionarmos em 3 aplicações, vamos utilizar a dose total a intervalos de 24h. As quinolonas também têm esse aspecto.
Por outro lado há drogas tempo/dependente. Temos que respeitar criteriosamente os intervalos. A não ser os beta-lactâmicos, que trabalham por mecanismos de altíssima seletividade. São inibidores de síntese de parede celular bacteriana, só vai atuar em bactéria que tem parede. Têm como um dos mecanismos a parte final da construção de parede de Gram- e +. A parede é uma estrutura vital. As Gram+ chegam a ter 30 ATP de pressão interna, se não houver parede elas estouram. As células animais, não têm parede celular, então não temos como esses antibióticos interferirem nessa estrutura no hospedeiro. Normalmente a margem de segurança dos antibióticos beta-lactâmicos é muito grande, há uma amplitude da margem posológica. Devido a isso, apesar dos beta-lactamicos serem tempo-dependentes, podemos aumentar o intervalo entre doses, desde que aumentemos também a dose. Um antibiótico do grupo das penicilinas, semi-sintético: amoxicilina. Geralmente é via oral, 3 vezes ao dia. Se necessitarmos de doses maiores para aumentar o intervalo, é uma droga que permite que até dobremos a dose, diminuindo para intervalo de 12/12h. 
De forma geral, os antibióticos tempo-dependente precisamos respeitar os intervalos posológicos e a duração da terapêutica. O ideal seria usar antibiótico até ter negatividade microbiológica. Como isso é praticamente impossível, vamos utilizar sabendo da clínica da doença. Algumas doenças, uma única dose já é suficiente.
Geralmente há a terapia monodroga, isso é o ideal. Há associações consagradas, importantes, mas não é uma forma de tentar atingir todas as bactérias. 
Concentração no foco de infecção, perfil de susceptibilidade microbiana, perfil de susceptibilidade da cepa. 
Os antivirais têm uso muito restrito, tanto na medicina humana quanto na veterinária. Uma comum em humanos, que acomete animais também: SIDA = AIDS. Há diferença entre parainfluenza e influenza, que causam resfriado e gripe respectivamente. Os antivirais não curam a doença, mas diminuem os sintomas, melhoram o curso da doença. São de custo elevado. A postura fundamental é profilaxia, desde a limpeza, higiene. O melhor é a profilaxia, os medicamentos tiveram evolução, mas a maior evolução foi das vacinas, algumas doenças foram até exterminadas. 
Conseguimos atingir as bactérias sem afetar os hospedeiros, por causa da seletividade de ação. Evoluímos pouco nos antivirais pois até o capsídeo são nossas células que fabricam, é difícil atirar no vírus sem atingir o hospedeiro. 
Bactérias: no caso das bactérias típicas, há membrana celular lipoproteica. Bactérias não têm mitocôndria, boa parte do processo energético é feita pela membrana. Externamente há a parede celular, que funciona como camisa de força, a pressão interna é muito elevada, principalmente em Gram+. As bactérias constroem parede durante o processo de reprodução: divisão binária. Há formação de um septo divisão, de forma que a célula inicial se divide em duas. É nessa fase que a parede é construída. O septo de divisão tem que ser acompanhado, pois em nenhum momento a bactéria pode ficar sem parede. Quando ela vai se dividir, tem que ter divisão do septo e construção de parede, algumas drogas entram aqui, a bactéria estoura. 
No caso de bactérias Gram-, há uma membrana externa, constituída por LPS. 
PRINCIPAIS MECANISMOS ASSOCIADOS À AÇÃO DE ANTIMICROBIANOS
Temos drogas que inibem a síntese de nucleotídeos, a síntese de material genético. Drogas que inibem a síntese de folato = mecanismo de ação das sulfas. Inibindo síntese de folato, inibe síntese de timidina, que é uma das bases de construção do DNA. Isso geralmente faz com que a bactéria cresça devagar = efeito bacteriostático. 
Há drogas que interferem no pareamento de bases purinas e pirimidínicas.
Inibição do DNA ou RNA polimerase. No caso de DNA polimerase há o aciclovir, que é um antiviral. Rifamicinas: altera a conformação da RNA polimerase. É um mecanismo que pode ser superado facilmente por mutação de primeira fase = resistência. Rifocina SV, rifampicina = faz parte de protocolos básicos de tratamento de tuberculose. É um outro fator para que racionalizemos o uso de rifocina spray. Se massificarmos o uso de rifocina local, estamos impactando sobre as bactérias do ambiente. Tuberculose é uma doença extremamente importante. 
Drogas que inibem DNA-girase = grupo de enzimas responsáveis pela formação do desenrolamento do DNA, é fundamental para a síntese de material genético. Aqui temos as quinolonas: são sintéticos. Aqui não é seletivo, há especificidade. As DNA-girases animais apresentam afinidade mínima com as quinolonas, enquanto as DNA-girases bacterianas têm grande afinidade. 
Inibição da síntese proteica bacteriana: tetraciclinas, macrolídeos, aminoglicosídeos. A maioria é bacteriostático. Os aminoglicosídeos normalmente têm atividade bactericida, foge à regra, pois faz a produção de proteínas anômalas.
Inibição da síntese de parede bacteriana: mecanismo de altíssima seletividade, pois as células animais não têm parede. São os beta-lactâmicos. Embora haja ampla margem de segurança, há problemas de hipersensibilidade. 
Ação das sulfas: as bactérias utilizam PABA = ácido paraminobenzóico, é incorporada no citoplasma. Esse evento é somente em unicelulares. Agora o seguinte é igual para os animais, formando folato, até a formação de DNA. As bactérias pegam sulfa achando que é PABA, que é um falso precursor, leva a produção de um metabólito que não o folato, isso leva as bactérias a crescerem de forma mais lenta. Atualmente usa-se a associação, inaugurada pelo Bactrim.Associação com trimetoprim, que também atua na mesma via, mas em ponto diferente. Trimetropim já na via que é comum a todos os animais. Como usar sem afetar o hospedeiro? É questão de especificidade. Se tentarmos estourar a célula do mamífero usando trimetoprim, tenho que usar uma dose de 50 mil vezes maior. No caso da pirimetamina, ela é usada para o tratamento de protozoários, se fosse usar para bactérias ia matar primeiro o mamífero. Metotrexato: é usado em doenças neoplásicas, ou doenças proliferativas como psoríase. Ele não tem ação sobre bactérias. As células neoplásicas têm metabolismo muito acelerado, vai impactar mais sobre elas. Por isso ocorre diarreia, vômito, queda de cabelo, por causa de diminuição metabólica. 
Canabrava@ufu.br

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