Buscar

Artigo Campo de Golfe Final

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA INSERIDA EM ZONAS AMBIENTAIS 
 
Anna Carolina Azevedo Linhares, Catiene Lucio Vilaça, Fabio Leandro dos Santos Silva, 
Mariana dos Reis Gomes 
 
Palavras-chave 
City marketing / Jogos Olímpicos / Legislação ambiental 
 
Resumo 
O Objetivo deste artigo é apresentar os aspectos conflitantes entre a legislação ambiental e a 
especulação imobiliária presentes na escolha do local de construção do campo de golfe para o 
evento dos Jogos Olímpicos 2016, realizado na cidade do Rio de Janeiro. O campo de Golfe, 
localizado no bairro Barra da Tijuca, foi construído com real interesse na construção de 23 
edifícios de luxo. Essa projeção da imagem do lugar, promovido pelo city marketing, visa 
atrair visitantes, moradores e funcionários. Por outro lado, desconsidera o Plano Diretor da 
Cidade que tem como um dos principais méritos, a proteção ambiental da Lagoa de 
Marapendi como um dos Sítios de Relevante Interesse Paisagístico e Ambiental. O estudo 
aponta ainda que as modificações bruscas no zoneamento ambiental em prol da especulação 
imobiliária, podem acarretar o aumento do fluxo populacional, poluição sonora, 
engarrafamento, além da área suprimida, extinguindo a reserva legal e espécies nativas da 
área. 
1. Introdução 
As transações comerciais estão na vida do homem e em seu meio há muitos séculos. 
“No início não havia moeda. Praticava-se o escambo, simples troca de mercadoria por 
mercadoria, sem equivalência de valor.” (PORTAL ECONOMIA, 2016). Do peixe ao gado, 
do sal ao metal, as relações de compra e vendas estavam mais associadas à troca de bens do 
que de terras. Essa era a forma mais simples e direta de aquisição daquilo que se necessitava. 
Hoje em dia essa relação é muito mais complexa, em escala mundial, e não está focada 
apenas em bens necessários para sobrevivência, mas em serviços, terras e demais produtos. O 
ritmo acelerado com que a produção de bens se deu para sustentar essa crescente necessidade 
de consumo causou impactos significativos ao meio ambiente. Em contrapartida, na 
Conferência de Estocolmo em 1972, o termo Desenvolvimento Sustentável surgiu nessa 
complexa equação de transação comercial. 
Leis ambientais foram criadas e existe um crescente apelo social por empresas 
ambientalmente sustentáveis (IDEIA SUSTENTÁVEL, 2014). Então, como se sobressair e 
ressaltar a qualidade e importância de um produto, um serviço, um lote de terra ou até mesmo 
na escolha de um local para sediar um evento? A resposta está no marketing. 
O marketing é muito mais do que somente uma técnica de venda, podendo também ser 
um importante agente de transformação social (CARNEIRO ANDRÉ, 2008). Saber vender 
bem uma ideia, um produto ou um serviço, identificando o seu melhor público e tornando 
aquela transação algo muito positivo e rentável pode mudar uma sociedade, transformando-a 
 
 
significativamente. O marketing foi importante para reerguer tanto a sociedade mundial pós-
guerra quanto o mercado americano após os atentados de 11 de Setembro de 2001. Depois da 
queda das Torres Gêmeas, o presidente dos EUA veio a público para pedir aos americanos 
irem às compras (A ORIGEM DAS COISAS, 2011), pois essa era a receita para a felicidade 
da população e recuperação da economia. 
Na esfera de (re)organização urbana, o City Marketing tem a função de estimular os 
investidores através da valorização do espaço, tratando a área urbana como mercadoria em 
busca de incentivar “cidades-modelo”. Dessa forma, busca-se o destaque da cidade diante de 
centros urbanos cada vez mais competitivos a fim de tornar a cidade atrativa para entrada de 
capital. 
Embora tudo funcione em harmonia do ponto de vista de observadores externos, na 
verdade, existe uma grande complexidade e entraves entre os aspectos ambientais e o 
mercado de negócios, não só no Brasil, mas no mundo. Uma verdadeira queda de braço é 
travada nos bastidores diariamente e vários mecanismos legais são elaborados para que o 
interesse maior seja alcançado, a saber, a busca de lucro em detrimento aos benefícios da 
sociedade em relação a real qualidade de vida, referindo-se tanto ao meio ambiente quanto a 
causas sociais. 
O Brasil é com certeza um dos maiores portadores de água doce e de biodiversidade 
do planeta. A população brasileira vive sob uma falsa prerrogativa de que não precisa 
preocupar-se com a quantidade de água disponível para seu consumo e que a preservação dos 
recursos e ecossistemas naturais é pouco relevante comparado aos “benefícios” do 
desenvolvimento da cidade. Por esse motivo, a gravidade da construção de um campo de 
golfe numa área de proteção ambiental e a supressão da vegetação da margem da Lagoa de 
Marapendi, pode não ter sido impactante pela grande maioria da população e nem ter causado 
incômodo ou constrangimento às autoridades que consentiram no projeto. 
Levou-se muito tempo para que o homem associasse a causa de alguns problemas 
ambientais e de saúde pública ao modo como ele explorava os recursos naturais com a 
degradação do meio. E não foi diferente no Brasil. A elaboração de leis e tratados que 
protegesse o meio ambiente das ações nocivas do homem é muito recente, principalmente em 
países de terceiro mundo. 
Atualmente a legislação ambiental dita algumas regras para tentar equilibrar essa 
relação do homem com o meio ambiente, mas ainda observa-se a dominância dos fatores 
econômicos sobre os ambientais. 
Este trabalho mostrará como aconteceu essa relação conflitante entre a realização de 
transações comerciais e leis ambientais para a viabilização dos Jogos Olímpicos na cidade do 
Rio de Janeiro, em Agosto de 2016, no que diz respeito a escolha do local para a construção 
do campo de golfe na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. Além do marketing, outro 
instrumento utilizado para tornar possível o projeto foi a revisão do Plano Diretor feita em 
2011. 
 
 
 
 
 
 
 
2. Caracterização da Área 
O Campo Olímpico de Golfe, inaugurado em 08/03/16, encontra-se localizado no 
bairro da Barra da Tijuca, próximo à Avenida das Américas, 10.333, na Zona Oeste do 
município do Rio de Janeiro – RJ/ Brasil - ilustrado na Figura 1. A área do empreendimento 
está situada entre a Lagoa de Marapendi e a Lagoa de Jacarepaguá. 
 Figura 1: Localização do Campo Olímpico de Golfe. 
 
 Fonte: Google Maps. 
 
O bairro da Barra da Tijuca é considerado nobre e seus habitantes são da classe média 
alta, com um IDH de 0,959. É um dos bairros que mais cresceram nas últimas três décadas. 
O interesse atual pela região está associado aos Jogos Olímpicos de 2016 que será 
sediado na cidade do Rio de Janeiro. Grande parte dos jogos se concentrará na Barra da 
Tijuca, alvo de inúmeras obras de infraestrutura. 
3. O Marketing imobiliário 
A Barra da Tijuca, situada na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro tem se tornado, 
ao longo dos últimos vinte anos, a mina de ouro das grandes corporações imobiliárias. A 
região possui a maior taxa de crescimento dos últimos dez anos e por isso chama tanta 
atenção dos grandes investidores. 
A franca expansão dos negócios na Barra tornou-se ainda mais atrativa mediante a 
construção de grande parte de instalações para o evento dos Jogos Olímpicos que será 
realizado no Rio de Janeiro, em agosto de 2016. O advento dos jogos fez com que o bairro 
recebesse uma série de investimentos, como a construção de novas vias de acesso e o terminal 
de ônibus integrado no sistema de BRT – Trânsito Rápido de Ônibus (tradução para o 
português). 
 
 
A região possui um sistema de lagoas, praias e vegetação nativa muito atrativa para os 
negócios, o que torna a Barra muito interessante do ponto de vista imobiliário. Prédios 
comerciais,shoppings centers, condomínios empresariais contrastam com o verde 
predominante na região. Essa proximidade com uma natureza tão exuberante tem sido usada 
como uma estratégia de marketing para atrair novos negócios, embora não seja o único 
argumento usado para atrair investidores. 
Ressaltar as características mais fortes de uma região para atrair negócios não é algo 
novo. É possível se utilizar o marketing de imagem, por exemplo, para tornar aquela região 
mais atraente e positiva tanto para empresários quanto para compradores (KOTLER et AL. 
2006). Embora o marketing de imagem seja algo usado para toda a região da Barra, este 
trabalho irá focar numa área bem especifica: o Campo de Golfe Olímpico. 
O campo de golfe foi construído na Avenida das Américas, na altura do numero 
10.333. Possui uma área de 970,000m², sendo destes 58.000m² dentro da APA de Marapendi. 
Inicialmente atenderá as necessidades do COI (Comitê Olímpico Internacional) na realização 
os Jogos e, posteriormente, será construído um conjunto residencial na parte da frente do 
terreno. Os encantos naturais da região e a exclusividade de se ter uma área para prática de 
um esporte tão elitizado como o golfe estão sendo massivamente utilizados como ponto forte 
para atrair compradores. 
Segundo matéria publicada no site G1, em novembro de 2015, os custos para a 
construção do campo foram de 60 milhões de reais, com projeção de lucros da ordem de um 
bilhão, após a construção do condomínio residencial. A construção do campo ficou por conta 
da Fiori Empreendimentos e a construção do condomínio residencial, na forma de 23 prédios 
com 22 andares cada um, ficará por conta da RJZ Cyrela. 
No site da empresa é possível ver o marketing de lugar, de atração e de infraestrutura 
de forma muito clara para atrair os futuros compradores. Nas imagens abaixo é possível 
perceber a associação feita com a natureza e com o campo de golfe, fortalecendo assim a 
imagem de um bom lugar, com muito verde e uma bela vista para o campo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 02: Exemplo do uso de marketing de lugar e infraestrutura.
1
 
 
 
 Figura 03: Exemplo do uso de marketing de lugar e infraestrutura.
2
 
 
 
 Figura 04: Exemplo do uso de marketing de atrações.
3
 
 
 
1
 
2 3 
Imagens retiradas do site http://www.riservagolf.com.br/ 
 
 
 
 
Nas figuras 02 e 03, é possível identificar a estratégia de marketing de lugar e de 
infraestrutura através do texto apresentado nas imagens que diz: 
Morar em uma área de beleza excepcional, ao lado da Avenida das 
Américas e com fácil acesso às principais vias da Barra da Tijuca. 
Desfrutar da brisa do mar e do ar puro da Reserva de Marapendi a 
bordo de uma charmosa balsa que atravessa a lagoa e te leva a uma 
praia deslumbrante. Aproveitar toda a infraestrutura de comércio e 
serviços das redondezas, como o Shopping Rio Design Barra, o 
Shopping Village Mall e colégios renomados. Ter a vista do futuro 
campo de Golfe Olímpico para se inspirar, todos os dias. 
Isso é viver no Riserva Golf, o mais exclusivo endereço do Rio de 
Janeiro. O bairro que vai sediar inúmeras modalidades nos jogos 
olímpicos de 2016 oferece toda a infraestrutura para quem quer 
manter um estilo de vida saudável. São 27 km de praias e ciclovias 
para caminhadas, passeios de bicicleta, skate e para a prática de 
esportes como beach soccer, vôlei, futvôlei e frescobol. E, para 
completar, um mar cristalino e um vento perfeito para a prática de 
esportes náuticos e aquáticos. 
Na figura 04, é possível perceber o reforço nos atrativos do empreendimento, fazendo 
uma forte associação do golfe com os edifícios. Isso fica bem nítido a partir da perspectiva da 
bola de golfe de frente para a animação da fachada dos edifícios. 
Realmente, a campanha de marketing forte associando o meio ambiente ao 
empreendimento encanta qualquer um que olha o projeto. Contudo, ficam no ar os seguintes 
questionamentos: como esses empreendimentos, tanto o campo de golfe quanto o condomínio 
residencial de alto padrão, situados na área da APA Marapendi (Área de Proteção Ambiental 
de Marapendi), relacionam-se com a preservação do meio ambiente e o equilíbrio ecológico 
da região? Como ficam as questões ambientais e leis inerentes àquela região? Qual é a 
prioridade entre aspectos conflitantes como meio ambiente e desenvolvimento econômico? É 
possível colocar em prática o desenvolvimento sustentável? 
4. Aspectos Ambientais 
O Campo Olímpico de Golfe na Barra da Tijuca abrange uma área de 970.000 m², 
com 18 buracos, dois lagos artificiais, capacidade para 15 mil espectadores, e é limitado ao 
sul pelo espelho d’água da Lagoa de Marapendi. 
Anteriormente a construção, a região era ocupada pela vegetação da Mata Atlântica, 
animais e plantas nativas, e um areal. A área encontra-se no limite da APA-Marapendi (Área 
de Preservação Ambiental-Marapendi). 
A Barra da Tijuca, em contraste aos prédios de alto padrão e shoppings luxuosos, é 
conhecida por um lado negro: o sistema de esgotamento precário. As praias comprovam essa 
afirmativa ao expor, a olho nu, as manchas de esgoto provenientes do lançamento de esgoto in 
natura. A causa desse problema ocorreu pela rápida ocupação da região sem o devido 
planejamento urbano. 
O esgoto é lançado no complexo lagunar de Jacarepaguá, constituído pela lagoa de 
Jacarepaguá, Camorim, lagoa da Tijuca e seus canais, lagoa Marapendi e seus canais, e escoa 
para o mar. Por essa razão, o complexo lagunar encontra-se eutrofizado, isto é, com elevada 
carga orgânica no corpo hídrico, acarretando a elevação das algas e bactérias aeróbicas, que 
consomem o oxigênio e prejudica a fauna e flora da região. 
 
Apesar da poluição, o complexo lagunar de Jacarepaguá ainda detém considerável 
ecossistema, com espécies de aves, mamíferos, peixes e crustáceos. Entretanto, a fauna e flora 
mais próximas à civilização estão sendo prejudicadas. 
 
5. Aspectos econômicos 
Bairro localizado na Zona Oeste da cidade, a Barra da Tijuca vem sofrendo rápido 
crescimento devido à confluência de interesses políticos e econômicos do mercado 
imobiliário, a projetos de infraestrutura relacionados aos megaeventos (MASCARENHAS, 
BIENENSTEIN & SÁNCHEZ, 2011) e à expansão em direção a essa área por conta das 
pressões geográficas e econômicas das Zonas Sul e Centro. 
A região da Barra de Tijuca, pertencente à AP-4 (Área de Planejamento 4), absorveu a 
maioria dos novos projetos de construção nos últimos anos em relação às construções em 
metros quadrados residenciais novas, de acordo com a figura a seguir. 
Gráfico 01: AP relaciona-se a uma área administrativa da cidade: 
AP 1 (Centro); AP 2 (Zona Sul); AP 3 (Zona Norte); AP 4 (Barra 
da Tijuca); AP 5 (Zona Oeste). 
 
 Fonte: Revista eletrônica e-metropolis 
 
Um dos efeitos dessa expansão mostra que a Barra da Tijuca teve a maior taxa de 
crescimento dentre as áreas investigadas. O expressivo processo de ocupação do bairro pode 
ser explicado por alguns fatores, tais como o fato de a promoção imobiliária oferecer a região 
como uma “nova Zona Sul”, pela continuidade com a Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro e 
por apresentar paisagens naturais. Outro fator é que a Barra de Tijuca tem características 
distintas de outras regiões do Rio de Janeiro por ser ocupada predominantemente por 
complexos condominiais de edifícios altos, shopping centers e alguns centros comerciais que 
são conectados por um amplo sistema rodoviário e próximo a quilômetros de praias, sendoassim apelidada de “Miami Beach do Rio”. 
Conclui-se que todos esses atrativos limita o espectro de classes econômicas que 
podem ingressar no mercado imobiliário formal da Barra da Tijuca, no qual se verifica intensa 
expansão imobiliária direcionada para as classes altas e médias altas. 
Os proprietários fundiários e incorporadores imobiliários se apropriam das melhorias 
urbanas, provenientes da gestão pública, que estão ocorrendo no bairro devido à chegada dos 
 
Jogos Olímpicos para desenvolver o marketing do lugar. Já que as incorporadoras e 
imobiliárias não apenas vendem e desenvolvem as propriedades, mas também participam de 
esforços maiores para melhorar o perfil de toda uma cidade. Elas costumam ter um bom 
conhecimento de como os potenciais compradores tomam suas decisões com base na 
atratividade de determinado lugar (KOTLER, GERTNER, REIN & HAIDER, 2005). 
Com a construção do campo de golfe para Olímpiadas algumas alterações na 
legislação foram feitas, o prefeito Eduardo Paes encaminhou à Câmara Municipal um projeto 
de lei complementar com o objetivo de mudar os parâmetros ambientais e urbanísticos da 
Barra da Tijuca. A Lei Complementar 113/2012 modificou o zoneamento da APA de 
Marapendi e liberou construções em um terreno localizado dentro da mesma. 
A Lei Complementar ainda altera os parâmetros urbanísticos da área, permitindo a 
construção de 22 prédios de luxo no local que antes tinha como gabarito da área edificável 
somente seis andares, e autoriza a doação para o empreendimento privado do terreno público 
de 58.000 m² que fazia parte do Parque Natural Municipal de Marapendi para integrá-lo ao 
projeto do campo olímpico de golfe. 
O Dossiê Megaeventos e Direitos Humanos no Rio de Janeiro 2015 feito pelo Comitê 
Popular da Copa e Olímpiadas de Rio de Janeiro (2015, p.97) afirma que: 
As mudanças vieram sem qualquer estudo de viabilidade de adensamento 
populacional e de seus impactos no trânsito da região. O favorecimento explícito à 
especulação imobiliária é uma forte característica dos governos municipais do Rio 
de Janeiro, especialmente na Zona Oeste da cidade. 
 
6. Decreto nº. 36795 de 20 de fevereiro de 2013 
O decreto nº 36795 de 20 de fevereiro de 2013, que dispõe sobre a fixação dos 
parâmetros para a construção do campo de golfe nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, 
considerou pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio 
de Janeiro, aprovado pela Lei complementar 111 de 2 de fevereiro de 2011, que dispõe em 
seu Capítulo III, artigos 103 a 105, sobre a Readequação de Potencial Construtivo no Lote 
como uma das bases para implantação do projeto. 
O mesmo documento também considerou o instrumento de gestão de uso e ocupação 
do solo denominado Readequação de Potencial Construtivo no Lote aplica-se a lote atingido 
por ação de interesse público, com vistas à preservação de área de interesse ambiental e 
paisagístico, possibilitando a utilização integral da área do lote original para o cálculo da Área 
Total Edificável (ATE) a ser aplicada em sua porção remanescente. 
Por último foi considerado, que permanece o gabarito máximo estabelecido pelo 
Decreto nº 11.990 de 24 de março de 1993, assim como a Área Total Edificável (ATE) 
estabelecida para a área do lote original em sua porção remanescente de preservação de área 
de interesse ambiental ou paisagístico, em obediência aos usos permitidos pela legislação em 
vigor para a área. 
Por esse mecanismo, o prefeito do Rio de Janeiro consegue viabilizar o projeto que 
teve muitas críticas e suspeita de irregularidades. 
 
 
 
 
 
7. Impactos socioambientais 
O campo de golfe foi construído pela empresa Fiori Empreendimentos, ou seja, com 
recursos privados. Por conta disso, a prefeitura permitiu a exploração comercial de parte do 
terreno por meio da lei complementar nº 125/2013 que mudou o zoneamento ambiental da 
APA-MARAPENDI para abrigar o projeto. O projeto prevê a construção de 23 edifícios de 
luxo, cada um deles com 22 andares. 
Com essa mudança foi desconsiderado o Plano Diretor da Cidade que tinha como 
único mérito a parte dedicada à proteção do Meio Ambiente que foi bem elaborada, com 
conteúdo consistente, denominando os marcos geográficos de interesse à proteção paisagística 
e ambiental que continha a Lagoa de Marapendi como um dos Sítios de Relevante Interesse 
Paisagístico e Ambiental. 
A nova Lei Complementar interrompe a continuidade da faixa marginal da Lagoa de 
Marapendi, na Área de Proteção Ambiental-APA Marapendi, descaracteriza o Parque 
Municipal Ecológico de Marapendi – ilustrado na Figura 5, e mutila a reserva ambiental, 
desrespeitando o Plano Diretor que tinha sido aprovado pela mesma administração pública, no 
ano de 2011. 
 Figura 5: APA do Parque Municipal Ecológico de Marapendi. 
 
 Fonte: Urbecarioca. 
 
Esse acontecimento gerou polêmica que culminou em uma ação do Ministério Público 
do Rio de Janeiro que vê irregularidades na concessão da licença ambiental para o campo de 
golfe olímpico e alega que o estudo técnico para tal foi indevido. O objetivo dessa ação é 
impedir a remoção de vegetação nativa e da fauna, a criação de lagos artificiais e o 
"prosseguimento de toda e qualquer obra de construção das edificações previstas" para o 
local. 
Através da lei complementar PLC 113/2012, a prefeitura possibilitou a supressão de 
58.000 m² de Mata Atlântica dentro da área de interesse de construção do empreendimento, 
do Parque Natural Municipal de Marapendi. Além disso, há o impacto sobre a fauna que a 
construção do Campo de Golfe teve na APA de Marapendi. Em destaque para a espécie 
endêmica, o lagartinho da praia ou lagartixa da areia, popularmente conhecido, está ameaçado 
de extinção. Essa espécie vive próximo ao mar, dunas e vegetação de restinga. 
 
 
Essa supressão é possível graças ao artigo 20 da Lei Nº 11.428, de 22 de dezembro de 
2006. O artigo alega que “O corte e a supressão da vegetação primária do Bioma Mata 
Atlântica somente serão autorizados em caráter excepcional, quando necessários à 
realização de obras, projetos ou atividades de utilidade pública, pesquisas científicas e 
práticas preservacionistas”. Portanto, para que a supressão ocorresse sem problemas legais, a 
região foi decretada como projeto de utilidade pública e, dessa forma, a vegetação da Mata 
Atlântica foi suprimida. 
Porém, a aquisição, construção e manutenção do campo está em posse privada, pelo 
menos até o término dos Jogos Olímpicos. No próprio Decreto Municipal 36795 de 2013, 
descreve o Campo de Golfe como público e que após os Jogos Olímpicos terá “livre acesso ao 
público, gratuitamente ou mediante pagamento de valor”. 
Outro impacto identificado na região foi o abastecimento inadequado de água. Os 
moradores próximos ao empreendimento reclamam da falta de água, que coincidiu com o 
início da irrigação do campo. Essa questão é mais um impacto que deve ser considerado nesse 
projeto que tem como consumo médio de água para irrigar o campo de golfe 1,8 milhões de 
litros de água diários, esse cálculo foi feito pela organização do biólogo Marcelo Mello. Mas, 
segundo outro estudo sobre uso de água, este realizado em 2012 pelo Senado francês, um 
campo de golfe de 18 buracos pode gastar até 5 milhões de litros de água diários, o suficiente 
para abastecer uma população de 30 mil pessoas. 
 Figura 6: Imagem do uso de água na irrigação do Campo de Golfe 
 
 Fonte: Globo Esporte 
 
Se a falta de água já atinge a região atualmente, como será o abastecimento de água 
após a construção de 23 novos prédios residenciais que ainda serão erguidos por investidores 
privados de até 22 andares na regiãoda Barra e do Recreio, bairro vizinho, por concessão da 
prefeitura? 
Além desses entraves, há o questionamento quanto às opções locacionais do 
empreendimento para os Jogos Olímpicos, já que o Rio de Janeiro possui dois conceituados 
Campos de Golfe: o Gávea Golf Club, que tem 18 buracos (número utilizado nas competições 
do COI), e o Itanhangá Golf Club, com 27 buracos e presente em todos os rankings de 
melhores campos de golfe do mundo (Reportagem do Rede Brasil Atual). Optando pelos 
Campos de Golfe já construídos, apenas adaptando as instalações quanto as exigências da 
 
competição, se necessário fosse, a APA de Marapendi não seria alterada e as espécies 
dependentes da região não correriam risco de extinção. 
Opções locacionais são exigidas no licenciamento ambiental, assim como a relevância 
da construção. Para que haja aprovação do licenciamento, o órgão ambiental precisa dar 
parecer favorável. Logo, percebe-se que não se trata de poder executivo e órgãos públicos em 
entrave para o real beneficio e pertinência quanto ao intuito das questões legislativas, mas 
uma máquina ajustada para o único intento de lucrar. 
 
8. Conclusão 
Conclui-se que até mesmo nas próprias leis de certa forma, favorecem aos interesses 
específicos da especulação imobiliária colocando em risco a proteção do meio ambiente. À 
exemplo, citamos a Lei Nº 11.428 de 2006, que concede exceções para a supressão da Mata 
Atlântica para projetos considerados de utilidade pública, o que ocorreu para que o Campo de 
Golfe fosse construído. 
Considerando que o Campo de Golfe se tornará público após o encerramento dos 
Jogos Olímpicos, conforme decretado. Na região do entorno terá a construção de 23 novos 
prédios com 22 andares para pessoas da alta classe, sendo o bairro predominantemente 
pertencente a essa classe, além do Golfe ser considerado um esporte elitizado, pondera-se que 
a utilização do Campo de Golfe será restrita a pequena e poderosa parcela abastada da 
população. 
Conclui-se, também, que não houve estudo ou ações práticas para instalar o 
empreendimento sem o comprometimento das demandas locais, tendo em vista que após a 
irrigação do campo, houve defasagem no abastecimento de água dos moradores. Considera-
se, portanto, que o city marketing é mais importante até mesmo que a viabilidade real das 
instalações realizadas, buscando a valoração do local em detrimento a questões básicas de 
saneamento atreladas ao abastecimento. 
Além de ignorar questões de abastecimento, o marketing urbano na região da Barra da 
Tijuca tem demostrado que às questões ambientais e, até mesmo, salutares são irrelevantes, 
desde que as estruturas físicas imobiliárias aparentem visualmente agradáveis. Por essa razão, 
questões de grande importância, como o esgotamento adequado e a proibição do lançamento 
de esgoto in natura nos corpos hídricos, têm sido tratadas com descaso. 
Portanto, a supressão da vegetação da Mata Atlântica para a construção do Campo de 
Golfe para os Jogos Olímpicos de 2016 é mais uma das ações irresponsáveis do poder 
público, considerando que haviam opções para utilização de campos de golfe já construídos. 
Nota-se que tudo é meio para que haja benefício econômico do poder público, da 
classe abastada e dos grandes empresários. O que é feito e proposto por aquela minúscula 
parcela da sociedade, em grande parte, tem-se como objetivo final aumentar sua fortuna. 
Escolas, empresas, locais de entretenimento e até eventos esportivos mundiais, como os Jogos 
Olímpicos, obedecem a essa premissa. 
Depois de sediar as provas nos Jogos de 2016, o campo se tornará público com uma 
concessão de 20 anos, administrado pela Confederação Brasileira de Golfe. O campo custou 
R$ 60 milhões bancados exclusivamente pela iniciativa privada e sua manutenção é de R$ 60 
mil mensais. 
Pode-se entender que a escolha dessa área para a realização do projeto tem como real 
interesse a aprovação do aumento de índices construtivos em praticamente todo o território 
 
municipal e o tratamento de áreas urbanas como mercadorias que, desconsiderando a 
qualidade do meio ambiente, tenham o único objetivo de lucrar. 
 
9. Referências bibliográficas 
ARAÚJO, A. J. S. Paradoxos da modernização: terceiração e segurança em uma refinaria de 
petróleo, 2012. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública, 
Fundação Oswaldo Cruz. 
BARSETTI, S. Construção do Campo de Golfe Vira Polêmica, alvo do MP e de Ativistas. 
ESTADÂO, 2015. Disponível em: http://esportes.estadao.com.br/noticias/jogos-
olimpicos,construcao-do-campo-de-golfe-vira-polemica-alvo-do-mp-e-de-ativistas,1656375. 
BORGES, A.; DRUCK, M.G. Crise global, terceirização e a exclusão do mundo do trabalho. 
Cadernos CRH. Salvador, n.19, ago. 1993. 
Disponível em: http://www.cadernocrh.ufba.br/include/getdoc.php?id=1253&article=349&m
ode=pdf. 
Acesso em 12 de Outubro de 2015. 
Campo de Golfe Rasga Plano Diretor do Rio. Urbe Carioca. Fevereiro, 2014. Disponível em: 
http://urbecarioca.blogspot.com.br/2014/02/campo-de-golfe-rasga-plano-diretor-do.html 
Acesso em 10 de Maio de 2016. 
CARNEIRO, A. Mas afinal, o que é o Marketing? Artigos. Disponível em: 
http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/mas-afinal-o-que-e-marketing/25831/ 
Acesso em: 23 de Abril de 2016. 
GAFFNEY, C. Forjando os anéis: a paisagem imobiliária pré-olímpica do Rio de Janeiro. e-
metrópolis. v.15, n.4, 2013. 
GOMES, M. Golfe 2016: um campo minado de fraudes, denúncias e escândalos. Wall Street 
International, 2015. Disponível em: http://wsimag.com/pt/desporto/14308-golfe-2016-um-
campo-minado-dot-dot-dot. 
PORTAL ECONOMIA. São Paulo, 2003-2016. Disponível em: 
http://portaleconomia.com.br/moedas/dinheironomundo.shtml Acesso em: 05 de Maio de 
2016. 
KOTLER, P. et al. Como desenvolver o marketing de lugares?. In:______. Marketing de 
lugares: como conquistar crescimento de longo prazo na América Latina e no Caribe. São 
Paulo: Prentice Hall, 2006.p. 71-90. 
RIO DE JANEIRO. Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro. 
Comitê Popular da Copa e das Olímpiadas do Rio De Janeiro. 
RIO DE JANEIRO. Decreto n.º 10.368, de 16 de agosto de 1991, que Cria a "Área de 
Proteção Ambiental (APA) do Parque Zoobotânico de Marapendi ", compreendendo as Áreas 
de Preservação Permanente (APP) da Lagoa de Marapendi e seus entornos e a Área de 
Preservação Permanente do Parque Zoobotânico de Marapendi, na Barra da Tijuca - XXIV 
Região Administrativa. Diário Oficial do Rio de Janeiro, 1991, republicado em 24.09.1991. 
RIO DE JANEIRO. Decreto n.º 14.203, de 18 do setembro de 1995, que Inclui na Área de 
Proteção Ambiental do Parque Zoobotânico de Marapendi, criada pelo Decreto Nº 10.368, de 
15 de agosto de 1991, o Lote À do PAL 39.144, Barra da Tijuca, XIV R.A. Diário Oficial do 
Rio de Janeiro 27.10.1995. 
 
 
RIO DE JANEIRO. Lei Complementar n.º 78, de 8 de setembro de 2005, que altera e revoga 
dispositivos que menciona do decreto n,11.990, de 24 de Março de 1993, que regulamenta o 
Plano Diretor da área de proteção ambiental (APA) do Parque Zoobotânico de Marapendi, 
transformando em Parque Municipal Ecológico de Marapendi, pelo Decreto n,14.203, de 18 
de setembro de 1995, integrando e substituindo o zoneamento ambiental do lote 27 do PAL n 
31,418 na deliberação da área de proteção ambiental do Parque Zoobotânico de Marapendi. 
RIO DE JANEIRO. Lei Complementar n.º 111, de 1 de Fevereiro de 2011. Dispõe sobre a 
Política Urbana e Ambiental do Município, institui o Plano Diretor de Desenvolvimento 
Urbano Sustentável do Município do Rio de Janeiro e dá outras providências. 
RIO DE JANEIRO. Lei Complementar n.º 125,de 14 de Janeiro de 2013. Altera as redações 
das Leis Complementares nº 74, de 14 de janeiro de 2005, e nº 101, de 23 de novembro de 
2009, estabelece condições para instalação de Campo de Golfe Olímpico e dá outras 
providências. Diário Oficial do Rio de Janeiro 15.01.2013. 
RIO DE JANEIRO. Decreto n° 36.795, de 20 de Fevereiro de 2013. Dispõe sobre a fixação 
dos parâmetros para a construção do Campo de Golfe nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 
2016. Diário Oficial do Rio de Janeiro 25.02.2013. 
VIGNA, A. Campo de Golfe desmatou e gasta água. BRASIL, 247, 2015. Disponível em: 
http://www.brasil247.com/pt/247/favela247/171064/Campo-de-Golfe-Ol%C3%ADmpico-
desmatou-e-gasta-%C3%A1gua.htm. 
ZANETELO, E. D. Uma Questão de vida útil. Revista Trip, 2012. Disponível em 
http://revistatrip.uol.com.br/revista/212/reportagens/uma-questao-de-vida. Acesso em 06 de 
Abril de 2016.

Outros materiais