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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPI´RITO SANTO CENTRO DE CIEˆNCIAS AGRA´RIAS E ENGENHERIAS Geoma´tica I: notas de aula Autor: Prof. Alexandre Caˆndido XAVIER1 November 13, 2017 1https://sites.google.com/site/alexandrecandidoxavierufes/home ii DEDICO AOS MEUS PAIS, JOA˜O E BENEDITA. Prefa´cio Este livro (inacabado) trata da apresentac¸a˜o de elementos ba´sicos de alguns to´picos da disciplina Geoma´tica, sendo estes: introduc¸a˜o de geode´sia; Sistemas Globais de Navegac¸a˜o por Sate´lite (GNSS, “Global Navigation Satellite System”); planimetria e altimetria. Este texto vem sendo uti- lizado na graduac¸a˜o, disciplina Geoma´tica I (ENG05644), que ministro semestralmente na Uni- versidade Federal do Espı´rito Santo (UFES), campus de Alegre, para os cursos de Agronomia, Engenharia Florestal e Geologia. Para estes cursos, o conteu´do referente a outros to´picos da a´rea Geoma´tica, como o sensoriamento remoto, os sistemas de informac¸a˜o geogra´ficas e o geoproces- samento, sa˜o apresentados em uma outra disciplina, denominada Geoma´tica II, e na˜o e´ tratada neste texto. Embora exista uma imensa quantidade de livros que abordam os temas objetos desta obra, eu justifico a existeˆncia deste material como de consulta, tanto para o professor como para o aluno, durante as aulas teo´ricas e pra´ticas. O texto conta sempre com uma breve explicac¸a˜o teo´rica dos temas, tendo ainda cerca de 50 exemplos resolvidos, 67 exercı´cios propostos, em que va´rios deles, sa˜o apresentados os resultados. Ha´ ainda sugesto˜es de aulas pra´ticas, a serem realizadas em computador (e.g. uso de planilha eletroˆnica) e em campo (e.g. nivelamento). Buscou-se sempre apresentar sugesto˜es de leituras para estudos mais aprofundados. Isto se faz necessa´rio, uma vez que o aprofundamento de determinados to´picos, fogem ao objetivo deste texto, que e´ apenas introduto´rio a` disciplina Geoma´tica. Como meu resumo acadeˆmico: sou Engenheiro Agrı´cola, formado para Universidade Federal da Paraı´ba, hoje Universidade Federal de Campina Grande. Meu mestrado e´ em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, enquanto o doutorado e´ em Agronomia, na Universidade de Sa˜o Paulo-ESALQ. Desde 2004 sou professor da disciplina Geoma´tica I na UFES, trabalhando em pesquisa na a´rea Engenharia Agrı´cola. Logo, observem, que na˜o sou um especialista na a´rea, de tal forma que erros existira˜o nesta obra. Desta forma, desde ja´, agrade- ceria que, em se encontrando inconsisteˆncias, erros etc, estes me fossem comunicados (e-mail: alexandre.xavier@ufes.br). Farei a correc¸a˜o o mais brevemente possı´vel. Em relac¸a˜o a divisa˜o do conteu´do deste texto, adotei aquela que coincide com ao que ministro na disciplina Geoma´tica I da UFES. Esta disciplina tem um total de 80 horas semestrais, sendo 60 horas e 20 horas de aulas, respectivamente, teo´ricas e pra´ticas. Segue uma apresentac¸a˜o dos conteu´dos abordados em cada capı´tulo: • Capı´tulo 1: Matema´tica fundamental - conceitos ba´sicos de matema´tica que, ao longo do texto, se fara˜o necessa´rios, como aˆngulos, trigonometria, ca´lculo a´reas elementares, etc. De- pendendo do nı´vel dos estudantes, este capı´tulo podera´ ser ou na˜o abordado em sala de aula; • Capı´tulo 2: Unidades me´tricas, escala e determinac¸a˜o de a´reas - trata de medidas de com- primento e de a´rea utilizadas em levantamento topogra´ficos. Tambe´m sa˜o definidas as es- calas gra´fica e nume´rica. Finalizo este capı´tulo apresentando alguns me´todos para se deter- minar a´reas; • Capı´tulo 3: Introduc¸a˜o a geode´sia e cartografia - sa˜o apresentadas noc¸o˜es de geode´sia, como a forma da terra, o sistema geode´sico brasileiro, datum horizontal e vertical, projec¸o˜es cartogra´ficas e o sistema de coordenadas UTM; • Capı´tulo 4: GNSS - sa˜o apresentado os GNSSs e seu princı´pio de funcionamento, enfati- zando seus segmentos, o de controle, o espacial e dos usua´rios. Descreve-se va´rios sistemas de posicionamento por sate´lite existentes, como o GPS e o Galileu. Os erros e os tipos de te´cnicas de levantamento GNSS, tambe´m sa˜o abordados; • Capı´tulo 5: Georreferenciamento de imo´veis rurais - aborda o Georreferenciamento de Imo´veis Rurais, de acordo com INCRA (2010), mostrando o seu objetivo, as preciso˜es re- queridas e os tipos dos ve´rtices que sa˜o levantados; Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo iii iv • Capı´tulo 6: Medidas de distaˆncia - A partir deste capı´tulo, tem inicio com maior eˆnfase, ao que era, nos anos anteriores, a disciplina topografia. Quais sa˜o os meios para se medir distaˆncias em campo, em especial, as distaˆncias horizontais? Este e´ o objetivo deste capı´tulo, onde sera˜o apresentados o uso de trenas, dos teodolitos e das estac¸o˜es totais para esta final- idade; • Capı´tulo 7: Aˆngulos - Neste capı´tulo, sera˜o definidos os aˆngulos horizontais e verticais, e seus me´todos de medic¸a˜o e determinac¸a˜o. Tambe´m sera˜o tratados os aˆngulos de alin- hamentos em relac¸a˜o ao norte, isto e´. os azimutes e rumos. Conceito e exemplos pra´ticos sobre a declinac¸a˜o magne´tica tambe´m e´ tema deste capı´tulo; • Capı´tulo 8: Poligonal - trata propriamente do levantamento planime´trico (em termos sim- ples, determinac¸a˜o das coordenadas x e y no plano topogra´fico), por meio de poligonais. Atrave´s de exemplos, sera˜o abordados os erros que devem ser avaliados nas poligonais ditas fechadas. Na avaliac¸a˜o dos erros e a suas compensac¸o˜es e´ considerada a NBR13133 (1996); • Capı´tulo 9: Altimetria - e´ apresentada a altimetria. Sera˜o descritos diferentes me´todos para determinar as altitudes, as cotas e as diferenc¸as de nı´vel de pontos. Aqui, estaremos dando atenc¸a˜o a`s coordenadas (y). Como escrito na primeira linha deste prefa´cio, este texto e´ inacabado (existe obra dida´tico que encerra todo um assunto?), pois alguns to´pico que trato na disciplina Geoma´tica I ainda na˜o foram concluı´dos, podendo-se citar, por exemplo, as curvas de nı´vel, a planialtimetria e determinac¸a˜o de volume. Uma vez finalizados estes pontos, poderei considerar que, todos os to´picos, que atualmente sa˜o abordados nesta disciplina, estara˜o inclusos neste texto. Este livro esta´ sendo escrito em LATEX2, distribuı´do por MiKTeX3, com o auxı´lio do editor Texmaker4. Para a gerac¸a˜o do estilo bibliogra´fico alfabe´tico e´ empregado o pacote abntex2cite5. As figuras foram geradas com o auxı´lio dos pacotes TikZ (TANTAU, 2013) e PSTricks6. Destaco ainda o pacote Cartopy (Met Office, 2010 - 2015), utilizado para gerar mapas de diferentes tipos projec¸o˜es cartogra´ficas (ver Secc¸a˜o 3.5, pa´gina 42). Teria tambe´m muita mais dificuldade de produzir este material se na˜o contasse com o Python7 e o Matlab8, linguagens em que foram escritos va´rios scripts para, por exemplo, a gerac¸a˜o e a soluc¸a˜o dos problemas e exercı´cios propostos. Gostaria de encerrar agradecendo aos meus professores que me ensinaram a estudar. A` UFES, por me propiciar a paz para o desenvolvimento de minhas atividades de ensino e pesquisa. E, a` minha esposa Juliana e filhos, Beatriz e Thiago, por todos os momentos de alegria. Julho de 2017 ALEXANDRE CAˆNDIDO XAVIER Alegre, Espı´rito Santo 2〈https://www.latex-project.org/〉 3〈https://miktex.org/〉 4〈http://www.xm1math.net/texmaker/〉 5〈http://mirrors.ibiblio.org/CTAN/macros/latex/contrib/abntex2/doc/abntex2cite-alf.pdf〉 6〈http://tug.org/PSTricks/main.cgi/〉 7〈https://www.python.org/〉 8〈http://www.mathworks.com/〉 I´ndice 1 Matema´tica fundamental 1 1.1 Noc¸o˜es ba´sicas de trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.1.1 Aˆngulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.1.2 Aˆngulo em grau, grado e radiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.1.2.1 Grau sistema sexagesimale decimal . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1.3 Func¸o˜es trigonome´tricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.1.3.1 Lei dos cossenos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.2 Coordenada retangular e polar no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2.1 Coordenada retangular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2.2 Coordenada polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.2.3 Coordenada polar para retangular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.2.4 Coordenada retangular para polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.3 A´reas de figuras elementares no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2 Unidades me´tricas, escala e determinac¸a˜o de a´reas 21 2.1 Unidades de comprimento e a´rea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.2 Escala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.2.0.1 Escala nume´rica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.3 Determinac¸a˜o de a´reas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.3.1 Decomposic¸a˜o de figuras elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.3.2 A´rea ao longo de um transecto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.3.3 Ca´lculo de a´rea por Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 3 Introduc¸a˜o a geode´sia e cartografia 33 3.1 Geo´ide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 3.2 Elipso´ide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 3.3 Coordenada geode´sica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 3.4 Coordenada geode´sica cartesiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.4.1 Coordenada astronoˆmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.4.2 Sistema de geode´sico brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.5 Projec¸a˜o cartogra´fica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 3.5.1 Projec¸a˜o coˆnica de Albers (igual a´rea) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 3.5.2 Projec¸a˜o sinusoidal (igual a´rea) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 3.5.3 Projec¸a˜o coˆnica de Lambert (conforme) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 3.5.4 Projec¸a˜o Azimutal (equidistante) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 3.5.5 Projec¸a˜o Universal Transversa de Mercador (UTM) . . . . . . . . . . . . . . 47 4 GNSS 53 4.1 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 4.2 Posicionamento por sate´lite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 4.3 Segmentos GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 4.4 Exemplos de GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 4.5 Observa´veis e fontes de erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 4.5.1 Pseudodistaˆncia por co´digo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 4.5.2 Pseudodistaˆncia por fase da onda portadora . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 4.5.3 Erros nas observac¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 4.5.3.1 Erro devido ao sate´lite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 4.5.3.2 Erro devido a` propagac¸a˜o do sinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 4.6 Tipos de posicionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 4.6.1 Terminologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo v 4.6.2 Posicionamento por ponto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 4.6.3 Posicionamento diferencial (DGNSS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 4.6.4 Posicionamento relativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 4.6.4.1 Posicionamento relativo esta´tico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 5 Georreferenciamento de imo´veis rurais 73 5.1 Objetivo e prazos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 5.2 Profissional habilitado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 5.3 Tipos de ve´rtices e sua identificac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 6 Medidas de distaˆncia 79 6.1 Tipos de distaˆncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 6.2 Influeˆncia da curvatura da terra nas medidas de distaˆncia horizontal . . . . . . . . 80 6.3 Medic¸a˜o com trena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 6.3.1 Erros instrumentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 6.3.2 Erros naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 6.3.3 Procedimento em campo para medidas a` trena . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 6.4 Medic¸a˜o taqueome´trica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 6.5 Medidor eletroˆnico de distaˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 6.5.1 Radiac¸a˜o eletromagne´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 6.5.2 Princı´pio de funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 6.5.3 Fontes de erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 7 Aˆngulos 97 7.1 Medidores de aˆngulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 7.2 Aˆngulo horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 7.2.1 Alinhamento de vante e re´ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 7.2.2 Medic¸a˜o do aˆngulo horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 7.2.3 Aˆngulos horizontais a` direita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 7.2.4 Aˆngulos de deflexa˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 7.2.5 Meridiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 7.2.6 Azimute . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 7.2.7 Rumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 7.2.8 Conversa˜o de azimutes em rumos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 7.2.9 Erro angular de fechamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 7.2.10 Ca´lculo do azimute a partir dos aˆngulos internos a` direita . . . . . . . . . . 107 7.2.11 Ca´lculo do azimute a partir da deflexa˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 7.2.12 Ca´lculo do azimute a partir das coordenadas retangulares . . . . . . . . . . 110 7.2.13 Medidas de azimute em campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 7.2.14 Declinac¸a˜o magne´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 7.3 Aˆngulo vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 7.3.1 Medic¸a˜o do aˆngulo vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 8 Poligonal 123 8.1 Poligonal fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 8.2 Poligonal aberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 8.3 Ca´lculo de uma poligonal fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 8.3.1 Exemplo de ca´lculo de poligonal fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 8.3.2 Ca´lculo da poligonal quandopontos na˜o podem ser ocupados . . . . . . . . 134 8.4 Ca´lculo de uma poligonal aberta e apoiada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 9 Altimetria 141 9.1 Definic¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 9.2 Erro de esfericidade e refrac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 9.3 Declividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 9.4 Nivelamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146 9.4.1 Nivelamento barome´trico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 9.4.2 Nivelamento trigonome´trico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 9.4.3 Nivelamento taqueome´trico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150 9.4.4 Nivelamento GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 9.4.5 Nivelamento geome´trico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154 9.4.5.1 Nivelamento geome´trico simples (NGS) . . . . . . . . . . . . . . . 154 9.4.5.2 Nivelamento geome´trico composto (NGC) . . . . . . . . . . . . . . 157 9.5 Toleraˆncia para o nivelamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 9.6 Perfil topogra´fico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 9.7 Greide ou rampa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 9.8 Ca´lculo de volume . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164 I´ndice remissivo 175 1 Matema´tica fundamental Na maioria dos problemas que sera˜o vistos ao longo dos pro´ximos capı´tulos havera´ a necessidade de aplicac¸a˜o de ca´lculos simples. Por exemplo, em levantamentos topogra´ficos convencionais sa˜o medidos em campo, entre os pontos de interesse, aˆngulos e distaˆncias, que posteriormente sera˜o utilizadas para ca´lculo das suas coordenadas (x, y), tendo como base um plano topogra´fico local. Para estes ca´lculos sa˜o empregadas func¸o˜es trigonome´tricas e conhecimentos ba´sicos de geome- tria analı´tica. Neste capı´tulo sera´ realizada uma breve revisa˜o de trigonometria e de geometria analı´tica. Suma´rio 1.1 Noc¸o˜es ba´sicas de trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.1.1 Aˆngulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.1.2 Aˆngulo em grau, grado e radiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.1.3 Func¸o˜es trigonome´tricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.2 Coordenada retangular e polar no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2.1 Coordenada retangular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2.2 Coordenada polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.2.3 Coordenada polar para retangular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.2.4 Coordenada retangular para polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.3 A´reas de figuras elementares no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.1 Noc¸o˜es ba´sicas de trigonometria Trigonometria e´ a a´rea da matema´tica que estuda relac¸o˜es entre lados e aˆngulos de um triaˆngulo. Neste estudo utiliza-se aˆngulos, em diferentes unidades, e func¸o˜es trigonome´tricas, sendo que ao longo desta sec¸a˜o estes pontos sera˜o relembrados. 1.1.1 Aˆngulos θ s r Duas semirretas, quando na˜o coincidentes e com ponto de origem em comum, ponto este dito ve´rtice, tem um plano que as conteˆm e demarcam duas regio˜es deste plano1. A noc¸a˜o de aˆngulo e´ estabelecida pela medida da abertura entre estas semirretas, neste caso, dois aˆngulos. Do mesmo modo, dois segmentos de reta, na˜o sobrepostos, com origem comum, de- finem dois aˆngulos, se estendermos em duas semirretas a partir da origem dos segmentos. Seja a Figura ao lado representando: dois segmentos; o aˆngulo θ; um arco de comprimento “s” que esta´ a uma distaˆncia “r” do ve´rtice. Matematicamente θ e´: 1Os equipamentos topogra´ficos medem os aˆngulos no plano horizontal e vertical. Maiores detalhes no Capı´tulo 7, pa´gina 97. CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.1. NOC¸O˜ES BA´SICAS DE TRIGONOMETRIA θ = k s r , (1.1) sendo k uma constante, que vai depender da unidade angular que se esta´ trabalhando: radiano, grau ou grado, conforme sera´ visto adiante. A constante k faz com que a medida do aˆngulo seja independentemente do comprimento do arco s ou da posic¸a˜o r em que o arco esteja iniciando. 1.1.2 Aˆngulo em grau, grado e radiano Vimos que aˆngulo e uma medida da abertura entre dois segmentos de reta com origem comum ou de duas semirretas tambe´m com origem comum. Nota-se que deve-se definir qual e´ o segmento ou semi-reta que tera´ o inı´cio da contagem da medida e qual o sentido a ser percorrido, se hora´rio ou anti-hora´rio. As unidades angulares sera˜o apresentadas sobre um cı´rculo, tendo como inı´cio a contagem o segmento que coincide com o eixo-x e o sentido sendo anti-hora´rio. Esta contagem e´ a mesma que e´ utilizada para ca´lculos das func¸o˜es trigonome´tricas. Na Figura 1.1 sa˜o apresentados alguns aˆngulos, nas unidades de grau, radiano e grado. Figura 1.1 Aˆngulo de grau, radiano e grado sobre o cı´rculo. x y 0◦ 45◦ 90◦ 135◦ 180◦ 225◦ 270◦ 315◦ 0◦ pi 4 pi 23pi 4 pi 5pi 4 3pi 2 7pi 4 0 360◦ 2pi rad 400g 50g 100g 150g 200g 250g 300g 350g 0g Grau A unidade de grau e´ aquela onde um cı´rculo e´ dividido em 360 partes iguais e cada parte corre- sponde a um grau, sendo utilizado como sı´mbolo para o grau, “◦”, devendo o mesmo ser aplicado apo´s o nu´mero. Sobre o cı´rculo no eixo-x positivo o aˆngulo e´ 0◦ ou 360◦, aumentando no sentido anti-hora´rio ate´ que sobre o eixo-y positivo o aˆngulo e´ de 90◦, e assim sucessivamente. x y −56◦ 304◦ Podem-se considerar aˆngulos negativos. O significado e´ simples, por exemplo, o aˆngulo −56◦ corresponde ao aˆngulo 304◦ (Figura ao lado), no entanto na˜o se escreve −56◦ = 304◦. Ou seja, −56◦ e 304◦ esta˜o na mesma posic¸a˜o sobre o cı´rculo, e se forem aplicadas func¸o˜es trigonome´tricas a estes valores, os resultados sera˜o os mesmo. De forma similar, pode-se ter valores angulares superiores a 360◦. Por exemplo 380◦, significa que ja´ foi dada uma volta completa no cı´rculo, Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 2 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.1. NOC¸O˜ES BA´SICAS DE TRIGONOMETRIA mais 20◦, dessa forma 380◦ corresponde a 20◦ graus e aqui tambe´m na˜o se escreve 380◦ = 20◦. 1.1.2.1 Grau sistema sexagesimal e decimal 116◦33′54′′ 63◦26′5,8′′ 180◦0′0′′ Os aˆngulos em graus podem estar nas formas sexagesimal ou deci- mal. A forma sexagesimal e´ aquela em que o aˆngulo e´ apresentado em: i) graus, sem sua frac¸a˜o; ii) subdivisa˜o do graus, minutos (′); iii) e subdivisa˜o dos minutos, segundos (′′). Podem-se citar as seguintes relac¸o˜es entre graus, minutos e segundos: 1◦ = 60′; 1′ = 60′′; e logo, 1◦ = 3600′′. Na notac¸a˜o sexagesimal, os minutos variam de 0′ a 60′, e os segundos de 0′′ a 60′′ . A u´nica parte que admite decimal e´ a dos segundos. Os aˆngulos em graus decimal sa˜o apresentados em graus com sua decimal, se for o caso. A conversa˜o de aˆngulos em graus sexa- gesimais para decimais e´ simples, basta somar ao valor dos graus, aos minutos e aos segundos transformados em graus, como apresentado no 1.1. Exemplo 1.1 Converta o aˆngulo sexagesimal 116◦33’54,18′′ para grau decimal. Soluc¸a˜o Sabendo-se que 1◦ = 60′ e 1◦ = 3600′′, temos: 116◦33′54,18′′ = 116◦ + ( 33′ 60′ )◦ + ( 54,18′′ 3600′′ )◦ = 116,5650511◦. Por outrolado, para converter um aˆngulo na forma grau decimal para sexagesimal observa- mos, primeiramente, que a parte inteira corresponde aos graus. Em seguida multiplica-se por 60 a parte decimal do aˆngulo e a nova parte inteira do resultado sera˜o os minutos. Agora, multiplica-se por 60 a u´ltima parte decimal encontrada para obter os segundos, inclusive com a parte decimal, se for o caso. Um exemplo desta conversa˜o e´ apresentada no Exemplo 1.2. A transformac¸a˜o de aˆngulos decimais para sexagesimais e vice-versa e´ realizada automaticamente, pela maioria das calculadoras cientı´ficas, por meio da tecla ◦ ′ ′′ , e o auxı´lio da tecla shift . Exemplo 1.2 Transforme o aˆngulo decimal do 1.1 para o sistema sexagesimal. Soluc¸a˜o O aˆngulo e´ 116,5650511◦, logo 116◦. A decimal 0,5650511◦ em minutos: minutos = 0,5650511 · 60′ = 33,903 = 33′. Agora decimal dos minutos, 0,903′, em graus: segundos = 0,903 · 60′′ = 54,18′′. Desta forma, temos o aˆngulo na forma sexagesimal, 116◦33′54,18′′. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 3 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.1. NOC¸O˜ES BA´SICAS DE TRIGONOMETRIA Radianos r r 1 rad s = r Os aˆngulos em radianos sa˜o abreviados por “rad”, sendo que 1 rad corresponde ao aˆngulo que subentende o comprimento do arco, s, de comprimento igual ao raio, r, como mostrado na Figura ao lado. Uma volta total em um circunfereˆncia corresponde a 2pi rad. O valor de pi e´ definido como a raza˜o entre o perı´metro de uma cir- cunfereˆncia e o seu diaˆmetro, sendo ≈ 3,1415927. Para os nos- sos ca´lculos, deve-se utilizar o valor de pi dado pela calculadora ou planilha eletroˆnica. A unidade angular de radianos e´ a utilizada para ca´lculos de func¸o˜es trigonome´tricas na maior parte dos programas e linguagens computacionais, como por exemplo a planilha Excel2, planilha do Google3, C++4, Java5, Python6, Matlab7 etc. Grados O aˆngulo em grado tem como sı´mbolo “g”, e e´ colocado apo´s o valor da medida. Nesta unidade o cı´rculo e´ dividido em 400 partes iguais e cada uma equivale a um grado, sendo aceito a decimal de grado. E´ uma unidade utilizada por alguns paı´ses europeus, como por exemplo Portugal. A conversa˜o entre unidades angulares e´ bastante simples. Por exemplo, se considerar apenas meio cı´rculo, teˆm-se: pi rad = 180◦ = 200g. Exemplo 1.3 Quanto vale 116◦33′54,18′′ em radiano e grado? Soluc¸a˜o Primeiramente, este aˆngulo deve ser transformado para grau decimal, o que foi realizado no 1.1. Por meio da relac¸a˜o entre as unidades de graus e radianos, mostradas acima, tem- se, para transforma´-lo em radianos (xrad): xrad 116,5650511◦ = pi 180◦ xrad = 116,5650511◦ · pi 180◦ xrad = 2,0344 rad. Aplica-se agora a relac¸a˜o entre grau e grado para encontrar o valor angular em grado (xgrado), como: xgrado 116,5650511◦ = 200g 180◦ xgrado = 116,5650511◦ · 200g 180◦ xgrado = 129,5167 g. 2Ver 〈http://office.microsoft.com/pt-br/〉 3Ver 〈https://support.google.com/drive/bin/topic.py?hl=pt-BR&topic=30240〉 4Ver 〈http://www.open-std.org/〉 5Ver 〈http://www.java.com/pt BR/〉 6Ver 〈http://www.python.org/〉 7Ver 〈http://www.mathworks.com/〉 Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 4 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.1. NOC¸O˜ES BA´SICAS DE TRIGONOMETRIA Observac¸o˜es sobre aˆngulos: gonioˆmetros; calculadora e a constante k (Equac¸a˜o 1.1) Os instrumentos que medem aˆngulos sa˜o chamados gonioˆmetros. Um transferidor e´ um gonioˆmetro, assim como equipamentos topogra´ficos que os possuem, como o teodolito e a estac¸a˜o total. E´ por meio destes equipamentos que sa˜o realizadas a medidas de aˆngulos entre pontos de interesse. Geralmente, estes equipamentos apresentam os aˆngulos na unidade de graus e no sis- tema sexagesimal. Para trabalhar com estes dados em planilhas eletroˆnicas, estes devem ser trans- formados para grau decimal, e posteriormente para a unidade de radianos, pois e´ nesta unidade que a maioria dos programas computacionais trabalham com as func¸o˜es trigonome´tricas. Deve-se prestar atenc¸a˜o quanto ao uso de aˆngulos em calculadora cientı´fica. Geralmente ela pode trabalhar nas treˆs unidades angulares apresentadas, bastando ajusta´-la para a unidade que e´ requerida nos ca´lculos. A unidade de aˆngulo que a calculadora esta´ configurada pode ser visualizada na tela da mesma, onde as letras: “D8”, “R” e “G”, identificam que a calculadora esta´ trabalhando, respectivamente, em grau, radiano e grado. Para modificar a unidade de grau da calculadora, deve-se consultar manual e seguir procedimento indicado. Encerrando este assunto, vamos observar mais uma vez a Equac¸a˜o 1.1. Agora podemos facil- mente calcular o valor da constante k. Para a unidade de radianos temos para θ = 1 rad, o comprimento do arco (s) e´ igual ao raio (r), desta forma k = 1 rad. Caso a unidade seja de graus, sabe-se que para θ = 180◦, em um arco de raio r, teremos um comprimento de arco, s = pi · r, desta forma, substituindo na Equac¸a˜o 1.1, temos k = 180 ◦ pi . Utilizando o mesmo raciocı´nio acima voceˆ pode encontrar o valor de k para aˆngulo na unidade grado. 1.1.3 Func¸o˜es trigonome´tricas θ cateto adjacente ca te to op os to hip ote nus a Para definir as func¸o˜es trigonome´tricas de aˆngulos agu- dos (θ < 90◦), sera˜o utilizadas razo˜es entre os lados de um triaˆngulo retaˆngulo, conforme a Figura ao lado. Neste triaˆngulo, o maior lado, oposto ao aˆngulo reto (90◦), e´ de- nominado de hipotenusa; o cateto que contem o aˆngulo me- dido e´ denominado de cateto adjacente; e o outro cateto e´ o cateto oposto. As func¸o˜es trigonome´tricas sa˜o, o seno ( sen ), o cosseno (cos), a tangente (tan), a cotangente (cot), a secante (sec) e a cossecante (csc), sendo apresentadas nas Equac¸o˜es 1.2 a 1.7. sen θ = ( cateto oposto hipotenusa ) (1.2) cos θ = ( cateto adjacente hipotenusa ) (1.3) tan θ = ( cateto oposto cateto adjacente ) (1.4) cot θ = ( cateto adjacente cateto oposto ) (1.5) sec θ = ( hipotenusa cateto adjacente ) (1.6) csc θ = ( hipotenusa cateto oposto ) (1.7) Uma vez conhecidos os lados de um triaˆngulo retaˆngulo, e´ possı´vel por meio das func¸o˜es trigonome´tricas inversas encontrar um determinado aˆngulo desejado. Cita-se abaixo as func¸o˜es 8Abreviac¸a˜o de graus em ingleˆs, degree. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 5 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.1. NOC¸O˜ES BA´SICAS DE TRIGONOMETRIA inversas: arco seno ( arcsen ou sen−1); arco cosseno (arccos ou cos−1) e arco tangente (arctan ou tan−1). Em calculadoras eletroˆnicas e planilhas, os valores das func¸o˜es inversas esta˜o restritas a` diferentes domı´nios, para maiores detalhes ver Stewart (1999). θ = arcsen ( cateto oposto hipotenusa ) (1.8) θ = arccos ( cateto adjacente hipotenusa ) (1.9) θ = arctan ( cateto oposto cateto adjacente ) (1.10) Exemplo 1.4 θ 6,4 m α 5 m Para o triaˆngulo retaˆngulo da Figura ao lado, determinar θ, α, e o seno, o cosseno e a tangente destes aˆngulos? Soluc¸a˜o A hipotenusa vale 6,4 m. Para o aˆngulo θ, o lado de 5 m e´ o seu cateto oposto. Desta forma, pode-se utilizar a func¸a˜o arco seno para determinar θ: θ = arcsen ( cateto oposto hipotenusa ) = arcsen ( 5 6,4 ) = 51,3752◦. Para calcular α, sabe-se que a soma dos aˆngulos internos de um triaˆngulo e´ 180◦, logo α = 180◦ − (51,3752◦ + 90◦) = 38,6248◦. As func¸o˜es trigonome´tricas para θ e α: sen θ = 0,7813 cos θ = 0,6242 tan θ = 1,2515 senα = 0,6242 cosα = 0,7813 tanα = 0,7990 Exemplo 1.5 R R 5 km A linha do horizonte em A H O 2,26◦ θ Com o objetivo de se estimar o raio da terra(R), um topo´grafo subiu em uma mon- tanha de 5 km de altura, tendo vista para o oceano. Com o auxı´lio dos seus equipa- mentos, mediu-se o aˆngulo formado entre a linha horizontal que passa pelo equipamento e a reta tangente a superfı´cie do oceano no ponto H , obtendo 2,26◦. Por meio destas informac¸o˜es, determinar o raio aproximado da terra (R). Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 6 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.1. NOC¸O˜ES BA´SICAS DE TRIGONOMETRIA Soluc¸a˜o A visada AH e´ tangente a` terra em H . AH e´ perpendicular a` OH , logo em H , o aˆngulo e´ reto (90◦) para o triaˆngulo AOH . O lado deste triaˆngulo oposto a H (R+5 km) e´ a hipotenusa. Percebe-se tambe´m que, o aˆngulo entre a linha do horizonte que passa em A e a linhaAO e´ de 90◦, enta˜o o aˆngulo θ e´ de 87,74◦ (90◦−2,26◦). Considerando sen θ temos: sen θ = R R+ 5 R = (R+ 5) sen 87,74 R−R sen 87,74 = 5 · sen 87,74 R = 5 · sen 87,74 1− sen 87,74 R = 6423,1 km. Para as definic¸o˜es das func¸o˜es trigonome´tricas em func¸a˜o apenas de um aˆngulo qualquer, utiliza-se a figura de um cı´rculo unita´rio no plano cartesiano, ou seja, de raio 1 conforme Figura 1.2. Os valores de cos θ e sen θ correspondem a projec¸a˜o do raio com o aˆngulo θ nos eixos x e y, respectivamente. Logo os seus valores variam entre −1 e 1, sendo que os seus sinais mudam conforme o quadrante. Maiores detalhes podem ser encontrados em livros de ca´lculo. x y −1 1 −1 1 θ sen θ cos θ tan θ = sen θ cos θ 1◦ Quadrante sen θ = + cos θ = + tan θ = + 2◦ Quadrante sen θ = + cos θ = − tan θ = − 3◦ Quadrante sen θ = − cos θ = − tan θ = + 4◦ Quadrante sen θ = − cos θ = + tan θ = − Figura 1.2 Cı´rculo unita´rio e os sinais por quadrante das func¸o˜es sen , cos e tan. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 7 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.1. NOC¸O˜ES BA´SICAS DE TRIGONOMETRIA Lei dos senos a b cB̂ Ĉ  Agora, considere um triaˆngulo de lados a, b e c, com os aˆngulos opostos a estes lados, respectivamente, Â, B̂ e Ĉ. A lei dos senos apresenta as relac¸o˜es apresentadas na Equac¸a˜o 1.11. Um exemplo cla´ssico de aplicac¸a˜o da lei dos senos aplicada a` topografia e´ apresentado no Exemplo 1.6. a sen  = b sen B̂ = c sen Ĉ . (1.11) Exemplo 1.6 Considere o esquema apresentado na Figura a seguir. Um levantamento topogra´fico foi realizado do lado esquerdo do rio, e na˜o se tem acesso ao lado direito, onde encontra-se o ponto P. Todavia deseja-se obter a distaˆncia AP. Para tanto, mediu-se: com uma trena, a distaˆncia de A ao ponto B, resultando em 50 m; por meio de um teodolito estacionado em A, visando-se sucessivamente P e B, o aˆngulo α = 37◦51′; e por fim, tambe´m com o teodolito, agora estacionado em B, visando-se A e P, o aˆngulo β = 75◦47′. Por meio destas medidas, calcule a distaˆncia AP. 50 m rio α A β B Pγ Soluc¸a˜o A lei dos senos pode ser utilizada para determinar a distaˆncia do ponto inacessı´vel P. Como dois aˆngulos do triaˆngulo foram medidos, pode-se calcular o outro, ao qual denominaremos de γ, sendo: γ = 180− (α+ β) = 180− (37◦51′ + 75◦47′) = 66◦22′ Uma vez que conhecemos o lado AB=50 m, o seu aˆngulo oposto, γ = 66◦22’, e o aˆngulo α = 75◦47’, oposto ao lado que queremos determinar, AP, pode-se aplicar a lei dos senos, como segue abaixo: Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 8 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.1. NOC¸O˜ES BA´SICAS DE TRIGONOMETRIA AB sen γ = AP senβ 50 m sen 66◦22′ = AP sen 75◦47′ AP = 50 m · sen 75◦47′ sen 66◦22′ AP = 52,906 m. 1.1.3.1 Lei dos cossenos A outra lei trigonome´trica que vamos apresentar e´ a dos cossenos. Ela relaciona os lados do triaˆngulo com um aˆngulo interno interno segundo as Equac¸o˜es 1.12-1.14. Pode-se utilizar estas Equac¸o˜es para marcac¸a˜o de aˆngulos em campo, como sera´ apresentado no Exemplo 1.7. a2 = b2 + c2 − 2bc cos  cos  = ( a2 − (b2 + c2) −2bc ) (1.12) b2 = a2 + c2 − 2ac cos B̂ cos B̂ = ( b2 − (a2 + c2) −2ac ) (1.13) c2 = a2 + b2 − 2ab cos Ĉ cos Ĉ = ( c2 − (a2 + b2) −2ab ) (1.14) Exemplo 1.7 Considerando que os comprimentos dos lados de um triaˆngulo sa˜o: a = 32 m, b = 28 m e c = 23 m. Determine os aˆngulos internos. Soluc¸a˜o A partir da lei dos cossenos, temos para Â: cos  = ( a2 − (b2 + c2) −2bc )  = arccos ( a2 − (b2 + c2) −2bc ) = arccos ( 322 − (282 + 232) −2 · 28 · 23 ) = 77,0336◦ Para B̂ : cos B̂ = ( b2 − (a2 + c2) −2ac ) B̂ = arccos ( b2 − (a2 + c2) −2ac ) = arccos ( 282 − (322 + 232) −2 · 32 · 23 ) = 58,5054◦ Uma vez que conhecemos dois aˆngulos internos do triaˆngulo, enta˜o Ĉ = 180− (Â+ B̂) = 44,4610◦. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 9 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.2. COORDENADA RETANGULAR E POLAR NO PLANO 1.2 Coordenada retangular e polar no plano Para a apresentac¸a˜o gra´fica de dados bidimensionais, e´ utilizado o plano cartesiano, formado por dois eixos ortogonais entre si, denominados de eixo-x e eixo-y. A posic¸a˜o de pontos neste sistema dar-se-a´ por meio de coordenadas retangulares ou polares. 1.2.1 Coordenada retangular A coordenada retangular de um ponto e´ dada por sua posic¸a˜o horizontal e vertical, coordenada x e coordenada y, respectivamente. Exemplo do plano cartesiano e pontos com suas respectivas coordenadas retangulares sa˜o apresentados na Figura 1.3. Estas coordenadas podem estar em qualquer unidade de comprimento, sendo que em geoma´tica a mais comum e´ a de metro (m). Logicamente, caso a unidade fosse de metro, esta figura estaria reduzida a determinada escala (ver Secc¸a˜o 2.2, pa´gina 22). Figura 1.3 Posic¸a˜o de alguns pontos e suas coordenada re- tangulares. x y −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 E(0,0) A(4,5; 2,1) B(−1; 3,7) C(−4,9;−3,2) D(4,9;−1,3) Distaˆncia Euclidiana Caso as coordenadas retangulares de dois pontos quaisquer sejam conhecidas, por exemplo, os pontos 1(x1, y1) e 2(x2, y2) da Figura ao lado, pode-se calcular a distaˆncia da linha reta entre eles (d12), denominada de distaˆncia Euclidiana. Pelo teorema de Pita´goras, d12: (x2,y2) (x1,y1) ∆x = x2 − x1 ∆y = y2 − y1d12 x y d212 = ∆x 2 + ∆y2 d12 = √ (x2 − x1)2 + (y2 − y1)2 (1.15) Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 10 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.2. COORDENADA RETANGULAR E POLAR NO PLANO Exemplo 1.8 Qual a distaˆncia entre os pontos A e C apresentados na Figura 1.3? Considere que a unidade e´ o metro. Soluc¸a˜o As coordenadas de A e C sa˜o (4,5 m; 2,1 m) e (−4,9 m; −3,2 m), respectivamente. Apli- cando a Equac¸a˜o 1.15: d = √ (xA − xC)2 + (yA − yC)2 = √ (4,5−−4,9)2 + (2,1−−3,2)2 = √ (4,5 + 4,9) 2 + (2,1 + 3,2) 2 = 10,791 m. 1.2.2 Coordenada polar x y −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 A(25,017◦; 4,97) rA = 4 ,97 θA = 25,017 ◦ C(213,147◦; 5,85) rC = 5,8 5 θ = 213,147◦ Figura 1.4 Coordenadas polares para os pontos A e C da Figura 1.3. A coordenada polar de um ponto e´ dada pelo seu raio (r), distaˆncia entre a origem do sistema cartesiano ao ponto, e seu aˆngulo (θ), medido a par- tir do eixo-x positivo, sentido anti-hora´rio, ate´ raio. Exem- plo de coordenadas polares para os pontos A e C vistos na Figura 1.3 podem ser observa- dos na Figura 1.4. Aprenderemos posteriormente que em levanta- mentos topogra´ficos trabalhamos com um tipo de coordenada po- lar, em que o aˆngulo e´ denomi- nado de Azimute, e o raio o com-primento do alinhamento. Pore´m o aˆngulo de Azimute e´ medido a partir do eixo-y positivo, e o sentido de contagem angular e´ o hora´rio. Mais detalhes sera˜o vis- tos posteriormente, no Capı´tulo 7. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 11 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.2. COORDENADA RETANGULAR E POLAR NO PLANO 1.2.3 Coordenada polar para retangular P(xP,yP) θP rP cateto oposto ao θ cateto adjacente ao θ xP yP x y Figura 1.5 Esquema gra´fico para conversa˜o entre coordenada polar e retangular. A transformac¸a˜o de coordenada polar para retangular pode ser de- duzida a partir da Figura 1.5. Con- sidere um ponto P, de coordenada polar (θP, rP). Queremos obter sua coordenada retangular (xP, yP). Pode-se verificar que o cateto oposto e o cateto adjacente ao aˆngulo θP cor- respondem, respectivamente, a` coor- denada yP e xP. Sera˜o aplicadas as func¸o˜es seno e cossenos ao aˆngulo θ, que tem como hipotenusa rP, o que resultara´ na obtenc¸a˜o da coor- denada retangular, como apresen- tado nas Equac¸o˜es 1.16 e 1.17. Estas equac¸o˜es sa˜o aplicadas para pontos localizados em quaisquer quadrante. cos θP = xP rP xP = rP cos θP (1.16) sen θP = yP rP yP = rP sen θP (1.17) Exemplo 1.9 Considere a coordenada polar do ponto C da Figura 1.4. Qual a sua coordenada retangu- lar? A unidade de comprimento e´ seja de metro. Soluc¸a˜o A coordenada polar de C e´ (213,147◦,5,85). Enta˜o: xC = rC cos θC = 5,85 cos 213,147 ◦ = −4,9 m. yC = rC sen θC = 5,85 sen 213,147 ◦ = −3,2 m. Como era esperado, a coordenada retangular de C e´ a mesma apresentada na Figura 1.3. 1.2.4 Coordenada retangular para polar Agora sera´ apresentada a transformac¸a˜o de coordenada retangular para polar. Para tanto uti- lizaremos mais uma vez o esquema da Figura 1.5. So´ que desta vez, a coordenada retangular de P, (xP, yP), e´ que e´ conhecida. Uma vez que se teˆm os dois catetos do triaˆngulo retaˆngulo, o raio de P, rP, e´ obtido por meio da Teorema de Pita´goras (Equac¸a˜o 1.18). Ja´ o aˆngulo θP, para este quad- rante, pode ser obtido por meio da func¸a˜o arco tangente, como apresentada na Equac¸a˜o 1.19. A Equac¸a˜o 1.18 e´ valida para pontos em qualquer quadrante. Ja´ a Equac¸a˜o 1.19, para ca´lculo de θp, e´ valida apenas para o primeiro quadrante, sendo que para os demais, pode-se obteˆ-lo facilmente, como sera´ apresentado no Exemplo 1.2.4. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 12 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.3. A´REAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO rP = √ x2P + y 2 P (1.18) Se xP na˜o for nulo: tan θP = yP xP θP = arctan ( yP xP ) (1.19) Exemplo 1.10 Considere a coordenada retangular do ponto D da Figura 1.3. Qual a sua coordenada polar? Considere que a unidade seja de metro. Soluc¸a˜o x y D(4,9;−1,3) α θD rD A coordenada retangular de D e´ (4,9 m;−1,3 m). Ela e´ novamente mostrada na Figura ao lado. Observe que a projec¸a˜o da coordenada e o raio de D, rD, resultam em um triaˆngulo retaˆngulo, em que, 4,9 m e´ o cateto adjacente a α, e 1,3 m e´ o cateto oposto, podendo-se calcular α: tanα = yD xD α = arctan ( yD xD ) = arctan ( 1,3 4,9 ) = 14,8586◦. Agora pode-se calcular θD, pois, θD = 360◦ − α = 345,1414◦. Para se calcular rD, temos: rD = √ x2D + y 2 D = √ 4,92 + 1,32 = 5,07 m. Desta forma, a coordenada polar de D e´ (345,1414◦; 5,07 m). 1.3 A´reas de figuras elementares no plano A´rea de um retaˆngulo Sejam os lados de um retaˆngulo, a e b. A sua a´rea (A) e´ calculada pelo produto dos seus lados: A = ab. (1.20) Exemplo 1.11 Qual a a´rea de um sala retangular, onde os lados medem 5,3 m e 7,9 m. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 13 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.3. A´REAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO Soluc¸a˜o A = ab = 5,3 · 7.9 = 41,87 m2. A´rea de triaˆngulo h a b c αA a´rea de um triaˆngulo pode ser calculada de diversas formas, dependendo dos dados disponı´veis, se os comprimentos dos lados e/ou aˆngulos internos. Considere o triaˆngulo da Figura ao lado. Caso sejam conhecidas(os): • a sua altura (h) e a base (nesta Figura o lado b), a a´rea sera´: A = bh 2 . (1.21) Exemplo 1.12 Qual a a´rea de triaˆngulo onde a base mede 15,9 m e a altura 9 m. Soluc¸a˜o A = bh 2 = 15,9 · 9 2 5,3 · 7.9 = 71,55 m2. • dois lados, a e b, e o aˆngulo formado entre eles, α, a a´rea sera´: A = 1 2 ab senα; (1.22) Exemplo 1.13 Qual a a´rea de triaˆngulo em que dois lados medem 3,1 m e 6,8 m, e o aˆngulo entre eles e´ de 34◦. Soluc¸a˜o A = 1 2 ab senα = 1 2 3,1 · 6,8 sen 34◦ = 5,89 m2. • os comprimentos dos treˆs lados do triaˆngulo, a, b, e c, usa-se a fo´rmula de Heron, tambe´m conhecida como a fo´rmula do semiperı´metro, em que a a´rea e´: A = √ p (p− a) (p− b) (p− c), (1.23) em que p e´ semiperı´metro: p = a+ b+ c 2 . (1.24) Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 14 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.3. A´REAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO Exemplo 1.14 Qual a a´rea de um triaˆngulo de lados medem 10,3 m, 5,4 m e 6,0 m. Soluc¸a˜o O semiperı´metro: p = a+ b+ c 2 = 10,3 + 5,4 + 6,0 2 = 10,85 m. A a´rea sera´: A = √ p (p− a) (p− b) (p− c) = √ 10,85 (10,85− 10,3) (10,85− 5,4) (10,85− 6) = 12,56 m2. A´rea de trape´zio b1 b2 h A a´rea de um trape´zio e´ calculada pela soma da bases, b1 e b2, multiplicada pela altura9 (h) dividida por dois, isto e´: A = 1 2 (b1 + b2)h. (1.25) Exemplo 1.15 Uma prac¸a pu´blica tem a forma de um trape´zio, sendo medidos os lados paralelos de 50,7 m e 80,4 m e a distaˆncia entre eles de 12 m, calcular a´ a´rea da prac¸a. Soluc¸a˜o A = 1 2 (b1 + b2)h = 1 2 (50,7 + 80,4)12 = 786,6 m2. A´rea de um cı´rculo Para uma cı´rculo, pode ser conhecido o seu raio R ou o seu diaˆmetro, D (2R). Se o R e´ conhecido, a sua a´rea e´: A = piR2. (1.26) Caso seja conhecido o diaˆmetro (D): A = pi 4 D2. (1.27) Exemplo 1.16 Uma caixa de a´gua tem diaˆmetro de 1,2 m. Qual a a´rea de superfı´cie que ela ocupa. Soluc¸a˜o Conhecendo-se o diaˆmetro temos: A = pi 4 D2 = pi 4 1,22 = 1,13 m2. 9Chamam-se de bases de um trape´zio os seus lados paralelos e, sua altura, a distaˆncia que separa estes dois lados. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 15 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.3. A´REAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO A´rea de um setor de cı´rculo α R Seja α, em graus, o aˆngulo da a´rea do setor de cı´rculo a ser calculado. Temos, quando se conhece o raio (R): A = ( α 360◦ ) piR2. (1.28) Caso o diaˆmetro (D) seja conhecido: A = ( α 360◦ ) pi 4 D2. (1.29) Exemplo 1.17 Calcule a a´rea de um setor de 5◦ de uma circunfereˆncia de R igual a 3 m. Soluc¸a˜o A = ( α 360◦ ) piR2 = ( 5◦ 360◦ ) pi32 = 0,393 m2. Sugesta˜o de aula pra´tica Uso de planilha eletroˆnica para soluc¸a˜o de problemas em matema´tica. Objetivo: apresentar o uso de planilhas eletroˆnicas para a resoluc¸a˜o de problemas em topografia. E´ sugerida a utilizac¸a˜o da planilha de ca´lculo Calc, presente no pacote libreoffice, que e´ diponı´vel gratuitamente. Para obteˆ-lo e encontrar maiores informac¸o˜es, consultar a pa´gina: 〈https://www.libreoffice.org〉. Sera˜o apresentados os operadores e algumas func¸o˜es matema´ticas, onde, uma vez sabendo utiliza´-las, e´ possı´vel resolver grande parte dos problemas de topografia. Como roteiro: • apresentac¸a˜o dos operadores matema´ticos: soma (+), subtrac¸a˜o (−), multiplicac¸a˜o (∗), divisa˜o (\) e poteˆncia (∧); • apresentac¸a˜odas func¸o˜es da tabela abaixo. Em que θ e´ o aˆngulo na unidade de radianos (rad), e arg e´(sa˜o) o(s) argumento(s) a ser(em) utilizado(s). Func¸o˜es a serem apresentadas. sen =sen(θ[rad]) cos =cos(θ[rad]) tan =tan(θ[rad]) arcsen =asen(arg) arccos =acos(arg) arctan =atan(arg) soma =soma(arg) me´dia =me´dia(arg) desvio padra˜o =DESVPAD(arg) Como exemplo de aplicac¸o˜es, resolver os problemas dos exercı´cios 1.3, 1.6 e 1.7 na planilha Calc. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 16 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.3. A´REAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO Exercı´cios x(m) y(m) α β R 1.1. Com o triaˆngulo da Figura ao lado, de coordenada R(12,3 m, 6,1 m), calcular os aˆngulos α, β, e o seno, cosseno e tangente destes aˆngulos. Resp.: α = 26,3784◦; β = 63,6216◦; senα = 0,4443; cosα = 0,89588; tanα = 0,49593; senβ = 0,89588; cosβ = 0,4443; tanβ = 2,0163. 1.2. Converter 0,0006◦ para segundos. Resp.: 2,16′′. 1.3. Expressar 2,32 rad e 1,25 rad em graus decimais. Resp.: 132,926◦; 71,619◦. 1.4. Converter 10◦15′39′′ para graus decimais. Resp.: 10,26083333. 1.5. Converter 11◦50′3′′ para radianos. Resp.: 0,207 rad. 1.6. Um triaˆngulo tem lados a = 7,5 m, b = 8,9 m e c = 10,2 m. Calcule: i) a a´rea (m2 e ha); ii) os aˆngulos internos. Resp.: 32,437 m2; 0,003243 ha; aˆ = 45,614◦; bˆ = 57,999◦; cˆ = 76,387◦. 1.7. Utilizando calculadora, calcule o seno, cosseno e tangente de 22,3◦, 42,6◦, 51,3◦ 89,1◦ e 76,5◦. Resp.: Tabela 1.1. Tabela 1.1 Aˆngulo(◦) seno cosseno tan 22,3 0,37946 0,92521 0,41013 42,6 0,67688 0,73610 0,91955 51,3 0,78043 0,62524 1,24820 89,1 0,99988 0,01571 63,65674 76,5 0,97237 0,23345 4,16530 51◦ C 88◦ A B 159,49 m 1.8. Um topo´grafo necessita determinar a distaˆncia entre A e B, mostrados na Figura ao lado. Infelizmente, seu equipa- mento de medic¸a˜o eletroˆnica de distaˆncia na˜o esta´ funcio- nando. Devido a isto: em A, o topo´grafo mediu o aˆngulo de 88◦; determinou a distaˆncia AC = 159,49 m; e em C mediu de 51◦. Calcule o comprimento AB. Resp.: AB = 188,927 m. 1.9. Dadas as coordenadas retangulares dos pontos: A(5, −19), B(−23, −10), C(−29, 4), D(13, 11). Calcular as respectivas coordenadas polares. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 17 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.3. A´REAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO Tabela 1.2 Ponto Coord. Polar A (284,7436◦, 19,6468) B (203,4986◦, 25,0798) C (172,1467◦, 29,2745) D (40,23636◦, 17,0293) Resp.: Tabela 1.2. 1.10. Dadas as coordenadas polares dos pontos: A(72,9 m, 314◦27′); B(58,1 m, 260◦22′); C(100,9 m, 118◦41′); D(29,3 m, 25◦28′), calcular as respectivas coordenadas retangulares. Resp.: Tabela 1.3. Tabela 1.3 Ponto x(m) y (m) A 51,05089 −52,0405 B −9,72259 −57,2807 C −48,4288 88,51814 D 26,45308 12,59859 R R 3,0 km A linha do horizonte em A H O 1◦46′ θ 1.11. Com o objetivo de se estimar o raio da terra (R), um topo´grafo subiu em uma montanha de 3,0 km de altura, tendo vista para o oceano. Com o auxı´lio dos seus equipamentos, mediu-se o aˆngulo formado en- tre a linha horizontal que passa pelo equipamento e a reta tangente a superfı´cie do oceano no ponto H , ob- tendo 1◦46′. Determinar o raio da terra aproximado, por meio destas medidas. Resp.: 6.308,3 km. 30 m 32◦ 1,80 m h 1.12. Com o objetivo de determinar a altura da a´rvore da Figura ao lado, o engenheiro mediu, com o auxı´lio de um clinoˆmetro (equipamento que mede aˆngulo vertical), o aˆngulo vertical entre a sua posic¸a˜o e o topo da a´rvore. Com uma trena, tambe´m mediu a distaˆncia horizontal a` a´rvore. Sabendo que o engenheiro mede 1,80 m, qual e´ a altura da a´rvore? Resp.: 20,546 m. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 18 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.3. A´REAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO 21 H 10 90◦ 1.13. Determinar a alturaH do levantamento realizado conforme Figura ao lado, sendo as medidas de distaˆncia em metros. Resp.: Altura = 18,466 m. 16◦12′ 36◦ Igreja 30,75 m 1.14. Deseja-se medir a altura da torre da igreja ao lado. A distaˆncia horizontal foi me- dida a partir do pre´dio, como mostrado, e dois aˆngulos verticais foram determinados, em relac¸a˜o a base e ao topo da igreja. Qual a altura da igreja? Resp.: Altura = 31,275 m. h 300 200 x 28◦ 45◦ 1.15. Com a finalidade de determinar a altura de um morro, foram medidas a distaˆncia horizontal entre a base do morro ao primeiro ponto (200 m), onde nesta primeira posic¸a˜o determinou-se o aˆngulo vertical em relac¸a˜o topo do morro, conforme esquema ao lado. A partir deste ponto a` outro, distante 300 m (percorrendo a mesma direc¸a˜o), mediu-se novamente o aˆngulo vertical em relac¸a˜o ao topo do morro. Com estas medidas medidas calcular x e h. . Resp.: x = 140,628 m e h = 340,628 m. 1.16. Calcule a a´rea de um triaˆngulo retaˆngulo de base 20,0 m e altura de 14,2 m. Resp.: 142 m2. x = ? y =? 367,94 m 33◦48′ 59◦51′ 1.17. Dado o triaˆngulo da Figura ao lado, calcule qual o com- primento dos lados x e y. Resp.: x = 571,93 m; y = 660,069 m. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 19 CAPI´TULO 1. MATEMA´TICA FUNDAMENTAL 1.3. A´REAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO x y B(40 m; 70 m) A(20 m; 30 m) C 60◦37′ 44◦18′ 1.18. Dado o triaˆngulo ao lado, contendo: as coor- denadas dos ve´rticesA(20 m; 30 m) eB(40 m; 70 m). Calcular os comprimentos dos ladosAB eAC e a sua a´rea. Resp.: AB = 44,721 m; AC = 49,594 m. x y 3 2 1 4 α β γ 1.19. Calcular a a´rea do polı´gono formado pelos ve´rtices 1, 2, 3 e 4, sabendo-se que: α = 77◦40′; β = 23◦10′; γ = 39◦5′; 1(60,0 m; 45,0 m); 3(10,0 m; 11,0 m); DH12 = 44 m. Resp.: a´rea = 1553,941 m2. x y 69,43 m B A C 80◦52′ 44◦51′ 1.20. Do triaˆngulo ao lado, contendo a distaˆncia do alinhamento CB = 69,43 m, Calcular os compri- mentos dos lados AB e AC e a sua a´rea. Resp.: AB = 57,095 m; AC = 49,594 m; a´rea = 1397,850 m2. 1.21. Dado um triaˆngulo retaˆngulo de catetos a = 3,6 m e b = 4,7 m. Encontrar a hipotenusa. Calcule os aˆngulos internos. Resp.: Hipotenusa = 5,920 m; aˆ = 37,450◦; bˆ = 52,549◦; cˆ = 90◦. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 20 2 Unidades me´tricas, escala e determinac¸a˜o de a´reas Este capı´tulo tem como objetivo central a determinac¸a˜o de a´reas. Comec¸aremos com a apresentac¸a˜o das unidades de comprimento e de a´rea mais utilizadas em geoma´tica. Como geral- mente os desenhos topogra´ficos esta˜o reduzidos a` determinada escala, ela sera´ definida e aplicada em problemas de determinac¸a˜o de distaˆncia e a´rea. Por fim, alguns me´todos de ca´lculo de a´rea sera˜o apresentados. Suma´rio 2.1 Unidades de comprimento e a´rea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.2 Escala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.3 Determinac¸a˜o de a´reas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.3.1 Decomposic¸a˜o de figuras elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.3.2 A´rea ao longo de um transecto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.3.3 Ca´lculo de a´rea por Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.1 Unidades de comprimento e a´rea O Sistema Internacional de Unidades (SI) tem como unidade de comprimento o metro (m). Ele e´ definido como o comprimento do caminho viajado pela luz durante o intervalo de 1/299.792.458 segundo. Seguem alguns exemplos de subdiviso˜es do metro: • o milı´metro (mm, 1 mm = 10−3 m = 0,001 m); • o centı´metro (cm, 1 cm = 10−2 m = 0,01 m) e; • o decı´metro (dm, 1 dm = 10−1 m =0,1 m). Como mu´ltiplo de metro pode-se citar o quiloˆmetro (km, 1 km = 1.000 m), geralmente utilizado em medidas sobre mapas ou cartas de pequenas escala. A unidade de a´rea empregada e´ o m2. Para medidas de superfı´cie terrestre tambe´m podem- se empregar outras unidades, como o “are” (1 are = 100 m2) e seus mu´ltiplos, sendo que o mais utilizado e´ o hectare (“ha”), em que 1 ha = 10.000 m2. Unidades de a´rea mais antigas ainda hoje sa˜o utilizadas, como o alqueire (“alq”). Um alqueiro pode apresentar diferentes valores de a´rea, de acordo com a localidade. Por exemplo, um alqueiro geome´trico, tambe´m conhecido por mineiro, mede 48.400 m2, enquanto o paulista mede 24.200 m2. Na apresentac¸a˜o de grandes extenso˜es de a´rea, como as presentes em mapas ou cartas topogra´ficas, utiliza-se a unidade de km2. Outras unidades de comprimento e a´rea podem ser encontradas em Comastri e Junior (2004). CAPI´TULO 2. UNIDADES ME´TRICAS, ESCALA E DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 2.2. ESCALA Exemplo 2.1 Converta 1 km2 para: m2, ha, alqueire geome´trico e paulista? Soluc¸a˜o Para m2: como 1 km = 1000 m, enta˜o, elevando ao quadrado ambos os lados, (1 km)2 = (1000 m)2, vai resultar em 1 km2 = 106 m2 = 1.000.000 m2; Para ha: sabe-se agora que a a´rea e´ de 106 m2, como 1 ha = 10.000 m2, enta˜o a a´rea em ha (xha): xha 106 m2 = 1 ha 10.000 m2 xha = 1 ha · 106 m2 10.000 m2 xha = 100 ha; Para alqueire geome´trico: como 1 alqueire = 48.400 m2, enta˜o a a´rea em alqueire geome´trico (xalqGeo): xalqGeo 106 m2 = 1 ha 48.400 m2 xalqGeo = 1 alqueiro · 106 m2 48.400 m2 xalqGeo = 20,6612 alqueiro geome´trico; Para alqueire paulista: como 1 alqueire = 24.200 m2, enta˜o a a´rea em alqueire paulista (xalqPau): xalqPau 106 m2 = 1 ha 24.200 m2 xalqPau = 1 alqueiro · 106 m2 24.200 m2 xalqPau = 41,3223 alqueiro paulista. 2.2 Escala 2.2.0.1 Escala nume´rica Quando se realiza levantamento na superfı´cie terrestre, obteˆm-se as coordenadas dos pontos de- seja´veis, e posteriormente sa˜o apresentados em papel ou na tela do computador. Logicamente que as medidas de distaˆncia e a´reas da superfı´cie terrestre sa˜o, em geral, demasiadamente ex- tensas para caberem, nas mesmas proporc¸o˜es, em papel ou tela de computador. Para ajustar ao papel/tela, e´ realizada uma reduc¸a˜o das dimenso˜es a uma escala apropriada, de acordo com o tamanho do papel/tela. E o que vem a ser uma escala? A escala (E) e´ a relac¸a˜o entre a distaˆncia de um objeto apresentado no papel/tela (l) e a sua verdadeira distaˆncia na natureza (L), isto e´: E = l L (2.1) Para o uso desta Equac¸a˜o, as unidades de l e L devem ser as mesmas. Observe que para levantamentos sobre a superfı´cie terrestre L � l. Desta forma, a E resulta em um nu´mero muito Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 22 CAPI´TULO 2. UNIDADES ME´TRICAS, ESCALA E DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 2.2. ESCALA pequeno, o que demandaria o uso de va´rias casas decimais para representa´-la, dificultando a sua interpretac¸a˜o. Para apresentar a E de uma forma mais intuitiva, usa-se a forma: E = 1 M , (2.2) em que M e´ denominado o mo´dulo da escala, sendo M = L/l. A E na forma da Equac¸a˜o 2.2 tem uma interpretac¸a˜o bastante simples. Por exemplo, se na forma de decimal E = 0,00028571, na forma da Equac¸a˜o 2.2 seria E = 1/3500. Obviamente E = 0,00028571 = 1/3500, mas na segunda forma, ja´ conclui-se de imediato que, por exemplo, 1 m de um comprimento no papel, corresponderia ao comprimento de 3500 m em campo. Ou, de outra forma, 1 cm de comprimento no papel, corresponde a 35 m em campo1. A escala nume´rica pode estar na forma de frac¸a˜o (p. ex., E = 1/3500); proporc¸a˜o (p. ex., E = 1 : 3500); ou equac¸a˜o (p. ex., 1 cm = 35 m). Exemplo 2.2 A distaˆncia entre dois postes em uma rua equivale a 33,4 m. Quando representados em papel, estes postes estavam distantes 3 cm entre si. Qual a escala do desenho? Soluc¸a˜o Utilizando a Equac¸a˜o 2.2, e sabendo que l = 3 cm = 0,03 m, e L igual a 33,4 m, o mo´dulo da escala sera´: M = L l = 33,4 0,03 = 1113 O resultado exato deM e´ 1.113,3333333 . . ., todavia, na apresentac¸a˜o daE, utiliza-se, geral- mente, apenas o nu´mero inteiro. Desta forma, E = 1/1.113. Exemplo 2.3 Em uma planta topogra´fica mediu-se um talha˜o na forma de um retaˆngulo, obtendo-se como comprimentos dos lados os valores de 2,3 cm e de 0,9 cm. Sabendo-se que a escala do desenho era de 1 : 6000, calcule a a´rea do talha˜o em m2? Soluc¸a˜o Este problema sera´ resolvido de duas formas. A primeira e´ calculando os comprimentos dos lados em metros e depois calculando a a´rea. Da escala temos, 1 m = 6000 m, que e´ o mesmo que 1 cm = 60 m. Utilizando esta u´ltima relac¸a˜o, aplica-se uma regra de treˆs, obtendo-se para os lados de 2,3 cm e de 0,9 cm, respectivamente, os comprimentos dos lados de 138 m e 54 m. Desta forma, a a´rea seria de 7.452 m2 (138 m× 54 m). Uma outra maneira de calcular a a´rea do talha˜o e´, calcula´-la em cm2 e, posteriormente, converteˆ-la para m2. Assim, a a´rea no papel e´ de 2,07 cm2 (2,3 cm × 0,9 cm). A escala, como ja´ foi dito, e´ utilizada para medidas de comprimento. Todavia, elevando ambos os lados da escala ao quadrados, teremos uma relac¸a˜o entre a´rea de desenho e a´rea na natureza. Para a nossa escala (1 cm = 60 m), elevando ambos os lados ao quadrado tem-se: 1Como 1 m = 100 cm, enta˜o de acordo com a escala 100 cm = 3500 m, dividindo-se ambas as partes por 100, temos 1 cm = 35 m. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 23 CAPI´TULO 2. UNIDADES ME´TRICAS, ESCALA E DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 2.2. ESCALA (1 cm)2 = (60 m)2 1 cm2 = 3600 m2. Logo, a a´rea do talha˜o sera´ 2,07× 3600 = 7.452 m2. Escala gra´fica Uma outra forma de representac¸a˜o da escala e´ a gra´fica, que tem como vantagem, que, mesmo se o mapa/carta for reduzida ou ampliada, a escala gra´fica se mostrara´ apropriada para ana´lises, uma vez que ela e´ reduzida ou ampliada na mesma proporc¸a˜o. Dois exemplos de escalas gra´ficas sa˜o apresentados na Figura 2.1. 0 m 20 m10 m 30 m 40 m E = 1 : 500 E = 1 80.000 4000 m0 m 0 2 4 6 8 10 m Figura 2.1 Exemplos de escalas gra´ficas. Para desenhar uma escala gra´fica aplicam-se as seguinte etapas: a) a escala gra´fica a ser desenhada e´ colocada na parte inferior ou inferior e a direita do mapa/carta; b) quanto ao tamanho, na˜o deve ser muito pequeno, impossibilitando uma leitura adequada, nem muito grande, ocupando um espac¸o desproporcional ao desenho a ser apresentado; c) definido o tamanho e posic¸a˜o, faz-se a sua subdivisa˜o; pintando intercaladamente as subdi- viso˜es; d) conhecendo a escala nume´rica, coloca-se sobre as subdiviso˜es suas distaˆncia em relac¸a˜o ao ponto inicial da escala; No Exemplo 2.4 e´ apresentado passo a passo a construc¸a˜o de uma escala gra´fica. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 24 CAPI´TULO 2. UNIDADES ME´TRICAS, ESCALA E DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 2.3. DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS Exemplo 2.4 Um levantamento de uma propriedade sera´ apresentado em papel A4, onde foi estabele- cida a E = 1 : 1500, desenhe uma escala gra´fica com 6 cm de comprimento. Soluc¸a˜o 6 cm 2 cm 2 cm 2 cm 0 m 60 m30 m 90 m E = 1 1.500 1) Com o auxı´lio de uma re´gua, trace uma linha com 6 cm de comprimento na posic¸a˜o desejada; 2) Subdivida a escala em distaˆncias iguais, neste caso, a cada 2 cm; 2) Por u´ltimo, altere as cores entre preto e branco; e sabendo-se que a escala e´ de E = 1 : 1500, temos 2 cm = 30 m. Enta˜o no inı´cio do de- senho da escala (0 cm) coloca-se a legenda 0 m, e, nas posic¸o˜es 2 cm, 4 cm e 6 cm, colocam-se as legendas 30 m, 60 m e 90 m, respectivamente. 2.3 Determinac¸a˜o de a´reas Normalmente,em problemas topogra´ficos, ha´ a necessidade de se calcular a´reas. As a´reas podem ser: i) da superfı´cie projetada do plano topogra´fico ou cartogra´fico (plano horizontal), quando se deseja, por exemplo, conhecer a a´rea que se pode cultivar, ou em caso de construc¸o˜es, as a´reas disponı´veis para locac¸a˜o de obras de engenharia; ou ii) no plano vertical, quando se deseja realizar ca´lculos de volumes de corte e de aterro. O ca´lculo de a´reas de figuras elementares foi apresentado na secc¸a˜o 1.3 (pa´gina 13). Neste capı´tulo veremos algumas metodologias para medic¸a˜o de a´reas em topografia. 2.3.1 Decomposic¸a˜o de figuras elementares Uma maneira grosseira de realizar medidas de uma a´rea (A), seja diretamente em uma planta topogra´fica ou mesmo em levantamento de campo, e´ na decomposic¸a˜o de sua a´rea em figuras geome´tricas simples, como triaˆngulos, trape´zios e retaˆngulos (ver secc¸a˜o 1.3). Na Figura 2.2 e´ apresentada um limite de uma propriedade onde se pretende medir a a´rea. Ela e´ delimitada a sua esquerda por um rio e a sua direita pela poligonalABCDEFG. Decidiu-se enta˜o por decompoˆ-la nas figuras geome´tricas: de treˆs triaˆngulos (BCF , CDF e DEF ); e treˆs trape´zios (GFJK, HIJK e ABIH). Observe que as a´reas dos trape´zios sa˜o apenas aproximac¸o˜es ao limite do rio, pois assume-se que ele se aproxima a seguimentos retos. Se o rio fosse mais sinuoso, poderia utilizar mais retaˆngulos e trape´zios para melhorar o ajuste. Em campo, as medidas de comprimento dos lados das figuras geome´tricas podem ser real- izadas utilizando-se, por exemplo, uma trena ou uma estac¸a˜o total. Se a a´rea estivesse represen- tada em papel, bastaria medir os lados dos segmentos que formam as figuras geome´tricas com uma re´gua e aplicar a estes valores a escala. Se o levantamento ja´ se encontra na forma digital, Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 25 CAPI´TULO 2. UNIDADES ME´TRICAS, ESCALA E DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 2.3. DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS Figura 2.2 Decomposic¸a˜o de uma a´rea em figuras ele- mentares. A B C D EFG H I JK 44,0 m28,6 m 38,5 m 15,4 m 17,6 m 66,0 m 34 ,8 m 83, 8 m 46,7 m 79 ,3 m 1 6 ,7 m 2 7 ,5 m 2 2 ,1 m em ambiente de SIG2 ou de CAD3, as distaˆncias sa˜o obtidas de maneira automa´tica. Uma vez conhecida as distaˆncias entre os alinhamentos das figuras geome´tricas propostas, calcula-se de cada uma, e posteriormente, sa˜o somadas, obtendo-se a a´rea total. 2.3.2 A´rea ao longo de um transecto Quando a superfı´cie a ser determinada apresenta-se com uma forma estreita, pode-se estabelecer um alinhamento na direc¸a˜o do maior comprimento com o auxı´lio de um teodolito ou estac¸a˜o total, e a partir deste alinhamento, a espac¸amentos constantes ou na˜o, lanc¸ar perpendiculares ate´ os pontos limitantes. A definic¸a˜o se o espac¸amento sera´ constante ou na˜o dependera´ do limite da divisa ser ou na˜o uniforme. Um exemplo de um transecto em que o espac¸amento pode ser constante e´ apresentado na Figura 2.3, onde se tem o alinhamento principal dado por AB, e as medidas dos comprimentos das perpendiculares, espac¸ada, neste caso, de 20 m em 20 m. Desta forma, havera´ como resul- tado, que cada par de perpendiculares, quando ligadas, formara˜o as bases (b) de um trape´zio e o espac¸amento entre as perpendiculares, a sua altura (h). Se somarmos as a´reas de todos os trape´zios, teremos a da a´rea total. Nota-se que o ajuste ao limite original na˜o e´ perfeito, todavia, como a a´rea e´ aproximadamente uniforme e que, havera˜o trape´zios que ira˜o subestimar a´rea e outros que ira˜o superestima´-la, ha´ uma tendeˆncia de que o valor calculado se aproximar do valor real. A a´rea podera´ ser calculada como: A = (b0 + b1)h 2 + (b1 + b2)h 2 + . . .+ (bn−1 + bn)h 2 A = h ( b0 2 + b1 + b2 + . . .+ bn 2 ) . (2.3) 2Abreviac¸a˜o de Sistema de Informac¸a˜o Geogra´fica, que diz respeito a utilizac¸a˜o de computador e programas para soluc¸a˜o de problemas espaciais. 3CAD e´ a abreviac¸a˜o de “Computer-aided design”, desenho acompanhado por computador, que sa˜o programas de computador para desenvolvimento de desenhos te´cnicos. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 26 CAPI´TULO 2. UNIDADES ME´TRICAS, ESCALA E DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 2.3. DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 20 m 25,8 m 40 m 27,4 m 60 m 26,1 m 80 m 25,6 m 100 m 12,5 m 0 m 0 m A B h Limite da a´rea Aproximac¸a˜o ao limite da a´rea Perpendiculares ao alinhamento AB Figura 2.3 Exemplo de um transecto uniforme e a aproximac¸a˜o a figuras de trape´zios. Exemplo 2.5 Calcular a a´rea do transecto mostrada na Figura 2.3. Soluc¸a˜o Considerando a Equac¸a˜o 2.3, com as perpendiculares sendo as bases e h = 20 m, temos: A = 20 ( 0 2 + 25,8 + 27,4 + 26,1 + 25,6 + 12,5 2 ) . = 2.223 m2. Considera-se agora a parte limitante do transecto na˜o uniforme, conforme Figura 2.4. Para calcular a a´rea com espac¸amento constante e obter uma boa estimativa da a´rea, o espac¸amento entre as perpendiculares teriam que ser menor. Todavia, tal procedimento aumentaria demasi- adamente o trabalho em campo. Ao inve´s disto, podemos considerar perpendiculares lanc¸adas de acordo com a mudanc¸a de direc¸a˜o do limite. Esta mudanc¸a de estrate´gia vai fazer com que o espac¸amento entre as perpendiculares sejam varia´veis, mas vai adaptar melhor ao limite. Com os espac¸amentos distintos, aplica-se a Equac¸a˜o 2.4, considerando as alturas distintas dos trape´zios. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 27 CAPI´TULO 2. UNIDADES ME´TRICAS, ESCALA E DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 2.3. DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 15,8 m 12,2 m 30,1 m 49,4 m 65,0 m 14,9 m 85,4 m 59,1 m 114,1 m 21,5 m14,7 m 0 m A B Limite da a´rea Aproximac¸a˜o ao limite da a´rea Perpendiculares ao alinhamento AB Figura 2.4 Exemplo de um transecto na˜o uniforme e a aproximac¸a˜o a`s figuras de trape´zios. A = (b0 + b1)h1 2 + (b1 + b2)h2 2 + . . .+ (bn−1 + bn)hn 2 A = 1 2 ((b0 + b1)h1 + (b1 + b2)h2 + . . .+ (bn−1 + bn)hn) . (2.4) Exemplo 2.6 Calcular a a´rea do transecto mostrada na Figura 2.4. Soluc¸a˜o Considerando a Equac¸a˜o 2.4, para perpendiculares que na˜o tem espac¸amento constante e utilizando os dados da Figura 2.4, temos: A = 1 2 ((14,7 + 12,2)(15,8− 0) + (12,2 + 49,4)(30,1− 15,8) + (49,4 + 14,9)(65,0− 30,1)+ (14,9 + 59,1)(85,4− 65) + (59,1 + 21,5)(114,1− 85,4)) A = 3.686,4 m2. 2.3.3 Ca´lculo de a´rea por Gauss Em levantamentos topogra´ficos, as coordenadas retangulares dos pontos limitantes, sa˜o determi- nados por diversos me´todos. A obtenc¸a˜o das coordenadas retangulares e´ de suma importaˆncia, uma vez, que a partir delas, pode-se plotar em papel, calcular distaˆncias entre pontos e a´reas de poligonais. A maneira mais utilizada para se calcular a a´rea, quando se conhecem as coordenadas re- tangulares dos ve´rtices da poligonal, e´ pelo me´todo de Gauss, tambe´m conhecido como me´todo das coordenadas. A seu ca´lculo e´ bastante facilitado com o uso de calculadoras ou programas computacionais. O eixo-y das coordenadas topogra´ficas, coincide com a direc¸a˜o dita como Norte, Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 28 CAPI´TULO 2. UNIDADES ME´TRICAS, ESCALA E DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 2.3. DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS e o eixo-x com a direc¸a˜o Leste. As coordenadas retangulares podem tambe´m ser obtidas em pa- pel, realizando medidas com re´gua na pro´pria planta, considerando a escala do desenho, por exemplo, por digitalizac¸a˜o4. Para demonstrar como o me´todo funciona, considere a Figura 2.5, onde pretende-se calcular a a´rea limitada pelosve´rtices ABCD, onde suas coordenadas retangulares sa˜o conhecidas. Para obter a a´rea total, soma-se as a´reas limitadas pelos pontos C’CDD’ e D’DAA’ e subtrai-se das a´reasC’CBB’ eB’BAA’. Observe que todas estas a´reas formam figuras de trape´zios, desta forma, a a´rea compreendida entre os ve´rtices ABCD e´ dada pela Equac¸a˜o 2.5. Figura 2.5 Esquema para deduc¸a˜o do ca´lculo de a´rea por Gauss. x y A B C D yA yB yC yD xA xB xC xD A’ B’ C’ D’ A = C’CDD’ +D’DAA’− C’CBB’− B’BAA’ A = 1 2 (xC + xD)(yC − yD) + 1 2 (xD + xA)(yD − yA)− 1 2 (xC + xB)(yC − yB)− 1 2 (xB + xA)(yB − yA) 2A = (xC + xD)(yC − yD) + (xD + xA)(yD − yA)− (xC + xB)(yC − yB)− (xB + xA)(yB − yA) 2A = yA(xB − xD) + yB(xC − xA) + yC(xD − xB) + yD(xA − xC) 2A = yAxB + yBxC + yCxD + yDxA − xAyB − xByC − xCyD − xDyA (2.5) Considere agora um nu´mero qualquer de ve´rtices (n), convenientemente organizados, que delimitam a a´rea. Poderemos, para fins de facilidade do ca´lculo, organizar os dados como mostra- dos na Figura 2.6, com as coordenadas x acima das coordenadas y para cada ponto. As coorde- nadas devem estar em sequeˆncia para formar um polı´gono, seguindo o sentido hora´rio ou anti- hora´rio. Tambe´m na˜o se deve pular coordenada de quaisquer ve´rtices. A primeira coordenada deve aparecer, mais uma vez, na u´ltima posic¸a˜o. Faz-se enta˜o o somato´rio do produto da di- agonal subindo e a este resultado subtrai-se do somato´rio do produto da diagonal descendo (o contra´rio tambe´m pode ser realizado). Considere o valor absoluto desta operac¸a˜o, ou seja, se o resultado der negativo, considere-o positivo. E por fim, para obter a a´rea, divida este nu´mero por dois. A unidade de a´rea dependera´ da unidade das coordenadas. Assim, se forem coordenadas na unidade de metros, tem-se a´rea em m2, se for em quiloˆmetros, em km2. Na˜o confundir no esquema da Figura 2.6 com uma divisa˜o e produto das coordenadas. 4Ato de transformar a informac¸a˜o do papel (analı´tica) para um formato em que o computador consiga trabalhar. Para digitalizar os dados de plantas ou cartas, podem-se empregar os scanners e as mesas digitalizadora. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 29 CAPI´TULO 2. UNIDADES ME´TRICAS, ESCALA E DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 2.3. DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS Figura 2.6 Organizac¸a˜o dos dados para ca´lculo da a´rea por Gauss. + + + + + − − − − − 2 ·A = x1 y1 x2 y2 x3 y3 x4 y4 . . . xn−1 yn−1 xn yn x1 y1 2 ·A = |(y1x2 + y2x3 + · · ·+ ynx1)− (x1y2 + x2y3 + · · ·xny1)| A = 1 2 |(y1x2 + y2x3 + · · ·+ ynx1)− (x1y2 + x2y3 + · · ·xny1)| Exemplo 2.7 x (m) y (m) A(26,2; 7,5) B(9,8; 22,9) C(24,5; 67,1) D(58,9; 46,3) E(40,7; 14,2) A partir das coordenadas retangulares, em metros, do levantamento da poligonal apre- sentada ao lado, calcular a sua a´rea. Soluc¸a˜o Organizando os dados e realizando os ca´lculos conforme metodologia apresentada na Figura 2.6, temos: 2 ·A = 26,2 7,5 9,8 22,9 24,5 67,1 58,9 46,3 40,7 14,2 26,2 7,5 + + + + + − − − − − 2 ·A = |(7,5 · 9,8 + 22,9 · 24,5 + · · ·+ 14,2 · 26,2) −(26,2 · 22,9 + 9,8 · 67,1 + · · ·+ 40,7 · 7,5)| A = 1 2 |6.843,2− 3.533,5| A = 1.654,8 m2 Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 30 CAPI´TULO 2. UNIDADES ME´TRICAS, ESCALA E DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 2.3. DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS Sugesta˜o de aula pra´tica Uso do AutoCad para desenho de planta topogra´fica. Objetivo: utilizar a ferramenta AutoCada para fins de desenho de planta topogra´fica. Sera˜o apresentadas algumas func¸o˜es ba´sicas, necessa´rias para o desenho da planta. Como roteiro: • apresentac¸a˜o geral do AutoCad: janelas de func¸o˜es; principais ı´cones de func¸o˜es; a´rea de desenho; coordenadas retangulares; a a´rea de comando, etc; • apresentac¸a˜o de func¸o˜es, como: zoom, line, pline, area, dimaligned e text; • como alterar as propriedades dos objetos do desenho. Como exemplo de aplicac¸a˜o: considere a poligonal do exercı´cio 2.4, fazer o desenho, cotar, determinar a a´rea e o perı´metro. aInformac¸o˜es do produto em: 〈www.autodesk.com〉 Exercı´cio 2.1. A distaˆncia entre duas paredes de um apartamento e´ de 12,32 m. No desenho da planta do apartamento, estas duas paredes esta˜o separadas por 4,2 cm. Qual a escala da planta? Resp.: E = 1 : 293. 2.2. Um galpa˜o, na forma de um trape´zio, tem dimenso˜es: bases de 30 cm e 25 cm e, altura de 27 cm. Sabendo que a escala e´ de 1 : 200, qual a a´rea do galpa˜o em m2? Resp.: A´rea de 2.970 m2. 2.3. Calcular a a´rea total da poligonal ABCDEFGKH da Figura 2.2, pa´gina 26? Resp.: A´rea de 6.026,0 m2. 2.4. Seguem as coordenadas em metros dos ve´rtices de uma a´rea levantada: 1(0, 19), 2(4, 29), 3(34, 44), 4(64, 29), 5(71, 11), 6(49, 2), 7(34, 10), 8(29, 11), 9(14, 0). Calcule a a´rea pela fo´rmula de Gauss nas unidade de m2 e ha. Represente graficamente. Resp.: a´rea = 1925 m2; a´rea = 0,1925 ha. A B C D E bC bC bC bC bC bC x (m) y (m) 0 10 −10 −20 10 20 30 2.5. Seguem as coordenadas em metros dos ve´rtices de uma a´rea levantada: A(0, 0), B(5, − 19), C(23, − 10), D(29, 4), E(13, 11), com a representac¸a˜o gra´fica na Figura ao lado. a) Calcule a a´rea pela fo´rmula de Gauss nas unidade de m2 e ha. Represente grafi- camente. b) Qual a distaˆncia entre os pontos B e C? c) Qual a distaˆncia entre os pontos C e D? Resp.: a) 518 m2 e 0,0518 ha; b) 20,125 m; c) 15,232 m. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 31 CAPI´TULO 2. UNIDADES ME´TRICAS, ESCALA E DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 2.3. DETERMINAC¸A˜O DE A´REAS 2.6. Sendo as coordenadas de uma poligonal: a(0, 0), b(32, 34), c(23, 9), d(54, 35), e(19, − 27), f(16, − 8). Estando elas em metros, pede-se: a) Calcule a a´rea pela fo´rmula de gauss nas unidade de m2 e ha. b) Represente graficamente. c) Qual a distaˆncia entre os pontos a e b? d) Qual a distaˆncia entre os pontos e e f? Resp.: a) 1009 m2; 0,1009 ha; c) 46,690 m; d) 19,235 m. 180 m 34 m 200 m 36 m 220 m 40 m 240 m 30 m 260 m 32 m 280 m 20 m A B 2.7. Na Figura ao lado, e´ apresentado um transecto uniforme e os dados de distaˆncia. Calcule a a´rea em alqueire geome´trico. Resp.: 0,06818 alqueire. 0 51 94 9 113 22 144 43 208 27 227 11 2.8. Na Figura ao lado, sa˜o apresenta- dos os dados um levantamento de um transecto na˜o uniforme, sendo as me- didas na unidade de metros. Calcule a a´rea em hectare. Resp.: 0,6723 ha. 2.9. Desenhar uma escala gra´fica de 1 : 2000, com 10 cm de tamanho. 2.10. Desenhar uma escala gra´fica de 1 : 500, com 8 cm de tamanho. Prof. Alexandre Caˆndido Xavier - Universidade Federal do Espı´rito Santo 32 3 Introduc¸a˜o a geode´sia e cartografia Sera˜o abordados neste capı´tulo os conceitos ba´sicos da geode´sia como: forma e dimensa˜o da terra; modelos matema´ticos que se aproximam da forma da terra (elipso´ide); o sistema de re- fereˆncia geode´sico adotado pelo Brasil. Quanto a cartografia, sera´ definida o que e´ uma projec¸a˜o cartogra´fica mostrando alguns exemplos, como o sistema projec¸a˜o e coordenadas UTM, que e´ uma das projec¸o˜es mais utilizada no Brasil. Suma´rio 3.1 Geo´ide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 3.2 Elipso´ide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 3.3 Coordenada geode´sica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 3.4 Coordenada geode´sica cartesiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.4.1 Coordenada astronoˆmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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