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TCCFinalViniciusBorges (2)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA 
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS 
ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
VIABILIDADE ECONÔMICA DE SISTEMAS DE 
APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA EM ITABERABA 
- BA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA. 
 
 
 
 
 
VINÍCIUS MENEZES BORGES 
 
 
 
 
 
CRUZ DAS ALMAS, 2014 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA 
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS 
ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 
 
 
 
 
VIABILIDADE ECONÔMICA DE SISTEMAS DE 
APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA EM ITABERABA 
- BA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA. 
 
 Trabalho de conclusão de curso apresentado à 
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia como 
parte dos requisitos para obtenção do título de 
Engenheiro Sanitarista e Ambiental 
 
 Orientador: Professor Dr. Paulo Romero Guimarães 
Serrano de Andrade 
 
 
VINÍCIUS MENEZES BORGES 
 
 
 
 
CRUZ DAS ALMAS, 2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Borges, Vinicius Menezes. 
Viabilidade econômica de sistemas de aproveitamento de água da 
chuva em Itaberaba - BA: uma análise comparativa. / Vinicius Menezes 
Borges – Cruz das Almas – BA, 2014. 
 
Monografia (Bacharelado) – Universidade Federal do Recôncavo da 
Bahia, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, 2014. 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA 
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS 
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 
VIABILIDADE ECONÔMICA DE SISTEMAS DE 
APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA EM 
ITABERABA - BA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA. 
Aprovada em: 27 novembro de 2014 
 
EXAMINADORES: 
Prof. Dr. Paulo Romero Guimarães Serrano de Andrade 
_________________________________________________________________ 
 
Prof. Dra Rosa Alencar Santana de Almeida 
_________________________________________________________________ 
 
Prof. Dr. Jaildo Santos Pereira 
_________________________________________________________________ 
 
VINÍCIUS MENEZES BORGES 
CRUZ DAS ALMAS, 2014 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esta monografia à todos os nordestinos 
que sofrem com as secas severas e o descaso social e a 
todos que lutam a favor dessa causa. 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente a Deus por ter concedido a vida e a capacidade para realizar esse trabalho. 
Á minha família, em especial aos meus pais por todo apoio e por terem fornecido o suporte 
necessário para a conclusão dos meus estudos. 
Ao meu orientador Prof. Dr. Paulo Romero G. Serrano de Andrade, por todo conhecimento 
transmitido e pela paciência durante todo processo de orientação. 
À todos que de alguma forma contribuíram para a conclusão deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA 
Viabilidade econômica de sistemas de aproveitamento de água da chuva em Itaberaba - 
BA: uma análise comparativa. 
RESUMO 
Fenômeno frequente na região semiárida do Nordeste do Brasil, as secas trazem 
consequências graves sobre o abastecimento humano de água, levando muitos municípios a 
decretarem estado de emergência em função da falta de água. Em 2013, tal situação atingiu 
166 municípios do Estado da Bahia, inclusive o município de Itaberaba, importante polo de 
desenvolvimento do semiárido baiano. Este trabalho, a partir da descrição de tecnologias 
alternativas usadas para abastecimento de água de populações rurais, apresenta uma análise 
de viabilidade econômica de sistemas de aproveitamento de água de chuva com base na 
estocagem de água em cisternas de placas, de polietileno e cisternas calçadão, frente aos 
custos com distribuição de água por carros-pipa e tarifas praticadas pela concessionária de 
abastecimento público, esta última considerando tarifas atualmente praticadas. Os resultados 
alcançados permitem considerar que a água proveniente das cisternas rurais apresentam custo 
muito menores em relação àquelas distribuídas por carros-pipa, entretanto, custam um pouco 
mais que as tarifas da concessionária, por estas últimas serem relacionadas a um sistema 
coletivo de abastecimento. As análises de viabilidade econômica permitem afirmar que as 
cisternas são projetos viáveis de serem implantados, quando comparados com outras 
alternativas de abastecimento na zona rural. 
 
 
Palavras-chave: água de chuva, aproveitamento, viabilidade econômica. 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 15 
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................................... 17 
 2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................................ 17 
 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................. 17 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................................... 18 
 3.1 DISPONIBILIDADE HÍDRICA NO MUNDO .................................................................................... 18 
 3.2 DISPONIBILIDADE HÍDRICA NO BRASIL ...................................................................................... 20 
 3.2.1 Potencialidades hídricas regionais - águas superficiais ..................................................... 21 
 3.2.2 Potencialidades hídricas regionais - águas subterrâneas .................................................. 23 
 3.3 ASPECTOS HISTÓRICOS DO APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS NO MUNDO .................. 24 
 3.3.1 Aproveitamento de água da chuva nos dias atuais ........................................................... 26 
 3.4AS SECAS E O ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO SEMIÁRIDO ........................................................ 28 
 3.4.1 Definição de Seca ............................................................................................................... 29 
 3.4.2 Evolução da Delimitação da Região Semiárida Brasileira .................................................. 31 
 3.4.3 Algumas ações para mitigação dos efeitos das secas no Nordeste ................................... 32 
 3.5 QUALIDADE DA ÁGUA DA CHUVA ................................................................................ 40 
 3.5.1 Qualidade da água da chuva antes de atingir o telhado ................................................... 40 
 3.5.2 Qualidade da água da chuva após escorrer sobre o telhado molhado ............................. 40 
 3.5.3 Qualidade da água de chuva dentro do reservatório ........................................................ 41 
 3.5.4 Qualidade da água da chuva no ponto de uso .................................................................. 41 
 3.6 ÁGUA SUBTERRÂNEA: CONSIDERAÇÕES SOBRE POÇOS TUBULARES ........................................ 41 
4 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................................................... 47 
 4.1 O ESTADO DA BAHIA EA SECA DE 2012 /2013 ........................................................................... 47 
 4.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...................................................................................49 
 4.2.1 Localização e população do município .............................................................................. 49 
 4.2.2 Aspectos econômicos ........................................................................................................ 50 
 4.2.3 Aspectos fisiográficos ........................................................................................................ 50 
 4.2.4 Recursos hídricos superficiais ............................................................................................ 51 
 4.2.5 Hidrogeologia .................................................................................................................... 52 
 4.3 CARACTERÍSTICAS PLUVIOMÉTRICAS DO MUNICÍPIO DE ITABERABA ...................... 54 
 4.3.1 Estimativas da água de chuva aproveitável ...................................................................... 55 
 4.4 CÁLCULO DO BALANÇO HÍDRICO ............................................................................................... 57 
 4.5 CÁLCULO DO CUSTO POR METRO CÚBICO DE ÁGUA ................................................................ 58 
 4.6 VALOR PRESENTE LÍQUIDO ........................................................................................................ 58 
 4.7 RELAÇÃO BENEFÍCIO/CUSTO ..................................................................................................... 59 
 4.8 TAXA INTERNA DE RETORNO ..................................................................................................... 59 
 4.9 TEMPO DE RETORNO DE CAPITAL ............................................................................................. 59 
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................................................... 60 
 5.1PLUVIOMETRIA ........................................................................................................................... 60 
 5.2 RELAÇÃO OFERTA X DEMANDA ................................................................................................. 61 
 5.3 AVALIAÇÃO ECONÔMICA ........................................................................................................... 62 
 5.3.1 Estimativas do custo da água ............................................................................................ 63 
 5.3.2 Comparativo entre os sistemas ......................................................................................... 68 
 5.3.3 Viabilidade econômica dos sistemas ................................................................................. 68 
6 CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 74 
7 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................................... 76 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Total de água da terra Figura 2: Distribuição da água doce na Terra ........................... 18 
Figura 3: Precipitação anual no País - média de 1961 a 2007 ............................................................................... 21 
Figura 4: Vazão específica no Brasil (l/s/km²) ...................................................................................................... 22 
Figura 5: Vazões específicas médias nas bacias hidrográficas do Nordeste do Brasil .......................................... 22 
Figura 6: Distribuição das rochas sedimentares e cristalinas na área do polígono das secas no Nordeste do Brasil
 ............................................................................................................................................................................... 23 
Figura 7: Regiões Áridas e Semiáridas no mundo ................................................................................................. 24 
Figura 8: Abanars .................................................................................................................................................. 25 
Figura 9: Chultuns ................................................................................................................................................. 25 
Figura 10: O princípio de captação de água de chuva ........................................................................................... 27 
Figura 11: Cisternas de placa e sistemas de coleta de água de chuva do telhado .................................................. 28 
Figura 12: Unidades climáticas do Brasil .............................................................................................................. 29 
Figura 13: Nova delimitação do semiárido ............................................................................................................ 33 
Figura 14: Açude do Cedro no sertão central do Estado do Ceará ........................................................................ 34 
Figura 15: Cisterna de placas ................................................................................................................................. 37 
Figura 16: Cisterna de placas utilizada pelo Programa Água para Todos.............................................................. 37 
Figura 17: Cisterna de polietileno utilizada pelo Programa Água para Todos ...................................................... 38 
Figura 18: Cisterna-calçadão ................................................................................................................................. 39 
Figura 19: Cisterna-calçadão: produção de alimentos e criação de animais .......................................................... 39 
Figura 20: Ocorrência de água subterrânea em rochas cristalinas e sedimentares ................................................. 43 
Figura 21: Poço Tubular ........................................................................................................................................ 43 
Figura 22: Poços Tubulares no sedimento e no cristalino ...................................................................................... 43 
Figura 23: Poços Tubulares- níveis estático e dinâmico ........................................................................................ 44 
Figura 24: Poços Tubulares- instalação com bomba submersa ............................................................................. 45 
Figura 25: Poços Tubulares e ADS ........................................................................................................................ 45 
Figura 26: Tipologia climática do Estado da Bahia ............................................................................................... 47 
Figura 27: Municípios atingidos pela seca ............................................................................................................. 48 
Figura 28: Localização do Município de Itaberaba ............................................................................................... 50 
Figura 29: Pedra de Itaberaba ................................................................................................................................ 51 
Figura 30: Açude Juracy Magalhães ...................................................................................................................... 52 
Figura 31: Domínios hidrogeológicos no município ............................................................................................. 53 
Figura 32: Situação dos poços em percentual........................................................................................................ 54 
Figura 33: Pluviômetro tipo Ville de Paris ............................................................................................................ 55 
Figura 34: Estação pluviométrica do INMET ........................................................................................................ 60 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1: Patamares específicos de estresse hídrico............................................................................................. 20 
Quadro 2: Características climáticas do Brasil ...................................................................................................... 29 
Quadro 3: Intervalos de sólidos totais dissolvidos ................................................................................................ 54 
Quadro 4: Precipitações médias mensais em Itaberaba ......................................................................................... 60 
Quadro 5: Custo do m³ de água para cisternas calçadão para taxa de juros de 10% a.a. ....................................... 67 
Quadro 6: Estimativa dos custos do m³ de água distribuído por caminhões pipas ................................................ 68 
Quadro 7: Tempo de retorno de capital para cisterna de placas ............................................................................ 71 
Quadro 8: Tempo de retorno de capital para cisterna de polietileno ..................................................................... 73 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: Produção hídrica no planeta por região .................................................................................................. 19 
Tabela 2: População brasileira por regiões segundo o senso de 2010 ................................................................... 20 
Tabela 3: Volumes acumulados (demanda de 10 l/hab.dia) em metros cúbicos .................................................... 62 
Tabela 4: Custo do m³ para cisterna de placas (16 m³) para uma taxa de juros de 10% a.a. .................................. 64 
Tabela 5: Custo do m³ para cisterna de polietileno (16 m³) para uma taxa de juros de 10% a.a............................ 65 
Tabela 6. Viabilidade econômica das cisternas de placas para diferentes taxas de juros ....................................... 70 
Tabela 7: Viabilidade econômica -Cisterna de polietileno .................................................................................... 72 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1.Precipitações médias ao longo do ano. .................................................................................................. 61 
Gráfico 2.Comparação dos custos da água da cisterna de placas para diferentes tempos de vida útil e áreas de 
captação. ................................................................................................................................................................ 64 
Gráfico 3: Comparação dos custos da água da cisterna de placas para diferentes tempos de vida útil e áreas de 
captação ................................................................................................................................................................. 66 
Gráfico 4: Comparativo entre os custos do metro cúbico de água......................................................................... 68 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ANA - Agência Nacional de Águas 
ASA- Articulação do Semiárido 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
INEMA - Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos 
MI - Ministério da integração 
B/C - Razão Benefício/custo 
VPL - Valor Presente Líquido 
TIR - Taxa interna de retorno 
MI - Ministério da Integração 
MMA - Ministério do Meio Ambiente 
ADENE - Agência de Desenvolvimento do Nordeste 
DNOCS - Departamento de Obras Contra a Seca 
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 
INSA - Instituto Nacional do Semiárido 
INMET - Instituto Nacional de Meteorologia 
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
BNB - Banco do Nordeste do Brasil 
SEI - Superintendência de Estudos Sociais e Econômicos da Bahia 
INAD - Instituto Nacional de Administração para o Desenvolvimento 
 
15 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A Região Semiárida do Nordeste do Brasil, caracterizada por uma grande 
vulnerabilidade climática, coloca imensos desafios para a promoção do seu desenvolvimento 
socioeconômico. Regra geral, o regime de chuvas, definido pela escassez e irregularidade, 
apresenta alturas de chuvas anuais variando de um mínimo de 400 mm a um máximo de 800 
mm, concentradas em um curto período de cerca de três a quatro meses, durante o qual 
ocorrem sob a forma de fortes aguaceiros, de curta duração. 
A agricultura explorada em áreas com essa característica chega a oferecer sustento 
mínimo para as famílias nos períodos de chuvas normais, mas está sujeita a perdas totais nos 
anos de seca. Esta é a face da agricultura de risco elevado que ali se pratica, considerando as 
condições produtivas vigentes e as tecnologias disponíveis, fortemente prejudicadas quando 
da ocorrência de secas (PDSA, 2005). As secas na região semiárida do Nordeste do Brasil 
trazem ainda consequências diretas sobre o abastecimento humano e animal, levando muitos 
municípios a decretarem, por vezes, estado de calamidade ou estado de emergência em 
função, principalmente, da falta de água para atendimento das populações, o que se torna mais 
grave na zona rural. 
No Brasil, as secas são o estigma do Semiárido nordestino (Campos, 1997). Os 
primeiros registros de sua ocorrência datam do século XVI e, da mesma forma que retardaram 
o início da colonização da região pelos portugueses, ainda hoje, na segunda década do século 
XXI, prejudicam o desenvolvimento socioeconômico do Nordeste brasileiro. No ano 2013, 
com o agravamento da seca iniciada em 2012, o Nordeste teve recorde de municípios em 
situação de emergência. Dados da Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da 
Integração Nacional davam conta que 3 de cada 4 municípios estavam em situação 
excepcional, recebendo apoio dos governos estaduais e federal para abastecer de água as 
comunidades (MI, 2013). 
Em 2013, ainda segundo o MI, um total de 1.332 municípios teve a situação de 
emergência reconhecida pelo governo federal por estiagem ou seca, representando 74,2% de 
todas as cidades nordestinas. Percentualmente, o Ceará foi o Estado mais afetado, com 177 
(96% do total) em estado de calamidade. Na Bahia o total de municípios em estado de 
emergência chegou ao número de 276, representado 66,1% do total. 
Em que pesem soluções postas em prática no Nordeste, depois da grande seca de 1877-
1879, em especial a construção de reservatórios para garantir o abastecimento de água da 
16 
 
população, percebe-se forte continuidade da distribuição de água por carro pipa – gerador de 
dependência e, por vezes, de desvio de recursos públicos, trazendo importância para a 
necessidade de serem utilizadas novas fontes e tecnologias alternativas de abastecimento de 
água, principalmente na zona rural, que permitam às famílias “conviver” com o Semiárido e 
não lutar contra a seca. 
O presente trabalho foi desenvolvido com base no conceito de uma pesquisa aplicada, 
com objetivo de natureza exploratória, visando proporcionar maiorfamiliaridade com o 
problema do abastecimento de água em regiões semiáridas, analisando algumas tecnologias 
alternativas para estocagem e uso de água de chuva para o abastecimento humano. Para isso, 
foi feito levantamento bibliográfico, pautado nos temas relacionados, sendo utilizados 
conteúdos impressos como: livros, revistas, manuais e artigos, bem como a utilização de 
material digital oriundo das bibliotecas e bancos de outros trabalhos acadêmicos, consultando-
se entre outras fontes: Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior), Scielo (Scientific Electronic Library Online) e bibliotecas digitais das 
universidades e entidades de governo. 
O trabalho foca o atendimento de demandas domésticas na zona rural de Itaberaba, um 
dos municípios baianos inseridos no chamado Polígono das Secas, e apresenta uma análise de 
viabilidade econômica de tecnologias alternativas para estocagem e uso de água de chuva 
para o abastecimento humano, como as cisternas de placas e de polietileno, e as cisternas 
calçadão, frente a custos com distribuição de água por carros-pipa e de tarifas praticadas pela 
concessionária de abastecimento público (tarifas atuais), de forma a melhor subsidiar a 
tomada de decisão sobre a implantação desses sistemas, o que pode favorecer a convivência 
com o semiárido, de tal forma que, um dia, os socorros emergenciais possam ser 
definitivamente dispensados. 
 
 
 
 
17 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 
 Analisar o potencial econômico do aproveitamento da água de chuva para o 
abastecimento doméstico, avaliando diversos métodos de captação, armazenamento e seu 
aproveitamento como fonte alternativa para atender demandas sociais em áreas rurais do 
município de Itaberaba-BA. 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 Avaliar a relação oferta X demanda de água para diferentes áreas de captação. 
 Analisar a viabilidade econômica de diferentes tecnologias de aproveitamento da água 
de chuva para o abastecimento humano, a exemplo das cisternas de placa e cisternas 
de polietileno, e cisternas calçadão, comparando seus custos aos da água fornecida 
através de carros-pipa e pela concessionária estadual de águas e saneamento. 
 Despertar nos universitários, e na comunidade em geral, a consciência sobre a 
importância de tecnologias e sistemas alternativos de aproveitamento de águas 
pluviais voltadas à mitigação dos efeitos das secas. 
 
 
18 
 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
3.1 DISPONIBILIDADE HÍDRICA NO MUNDO 
 
Embora existam diferentes estimativas de disponibilidade de água no globo terrestre e 
no Brasil, a ordem de grandeza apresentada é a mesma e permite reflexões importantes sobre 
o tema. Compilando dados referidos em Setti, et Al. (2000), pode-se dizer que 97,5% do 
volume total de água da Terra são de água salgada, formando os oceanos, e somente 2,5% são 
de água doce (Figuras 1 e 2). Ressalta-se que a maior parte dessa água doce (68,7%) está 
armazenada nas calotas polares e geleiras. A forma de armazenamento em que os recursos 
hídricos estão mais acessíveis ao uso humano e de ecossistemas é a água doce contida em 
lagos e rios, o que corresponde a apenas 0,27% do volume de água doce da Terra e cerca de 
0,007% do volume total de água. 
 
 Figura 1: Total de água da terra Figura 2: Distribuição da água doce na Terra 
 
 
 (Fonte: SETTI, 2000) (Fonte: SETTI, 2000) 
 
A tabela 1 mostra a produção hídrica no mundo, por região, em metros cúbicos por 
segundo, segundo Tomaz (2003). 
 
 
 
19 
 
Tabela 1: Produção hídrica no planeta por região 
Regiões do Mundo Vazão Média (m³/s) Porcentagem (%) 
Ásia 458.000 31,6 
América do Sul 334.000 23,1 
América do Norte 260.000 18 
África 145.000 10 
Europa 102.000 7 
Antártida 73.000 5 
Oceania 65.000 4,5 
Austrália e Tasmânia 11.000 0,8 
Total 1.448.000 100 
(Fonte: TOMAZ, 2003) 
 
Tanto a má distribuição espacial dos recursos hídricos quanto a distribuição irregular da 
população sobre a Terra acabam gerando os mais diferentes cenários. Há situações em que a 
escassez hídrica decorre da baixa disponibilidade de água na região em dado momento, como 
é o caso da região Semiárida do Nordeste do Brasil e, em outros casos, mesmo havendo alta 
disponibilidade, a escassez é ocasionada devido a uma excessiva demanda de utilização 
desses recursos, ou razão da baixa qualidade da água. Estima-se que cerca de 1,5 bilhões de 
pessoas não tenham, em todo o mundo, acesso a água de boa qualidade (UN STATISTICS 
DIVISION 2008). 
Cerca de 80 países sofrem de estresse hídrico, compreendendo uma população de cerca 
de 40 % do total mundial. O conceito de estresse hídrico está baseado nas necessidades 
mínimas de água per capita para manter uma qualidade de vida adequada em regiões 
moderadamente desenvolvidas situadas em zonas áridas. Baseia-se no pressuposto de que 100 
litros diários (36,5 m³/hab. ano) representam o requisito mínimo para suprir as necessidades 
domésticas e manutenção de um nível adequado de saúde (BEEKMAN, G.B, 1999, apud 
SETTI, et al, 2000). Segundo esse autor, a experiência tem demonstrado que países em 
desenvolvimento e relativamente eficientes no uso da água requerem entre 5 a 20 vezes o 
valor de 36,5 m³/hab.ano para satisfazer também às necessidades da agricultura, indústria, 
geração de energia e outros usos. Baseado nessas determinações, foram definidos patamares 
específicos de estresse hídrico, conforme Quadro 1. 
 
20 
 
Quadro 1: Patamares específicos de estresse hídrico 
 
(Fonte: Beekman, 1999) 
 
É importante considerar o parâmetro estabelecido pela ONU de 1.500 m
3
/hab/ano como 
a quantidade potencial de água mínima para o bem-estar e desenvolvimento de qualquer 
região (CIRILO, 2008). 
 
3.2 DISPONIBILIDADE HÍDRICA NO BRASIL 
 
O Brasil detém 11,2% da água doce superficial do mundo, sendo que 70% dela está 
localizada na Região Norte (Amazônia), e os demais 30% se distribuem desigualmente pelo 
resto País (que abriga 93% da população), sendo: região Centro-Oeste com 15%, Sul com 6%, 
Sudeste com 6% e o Nordeste com apenas 3% da água doce superficial (TOMAZ, 2003). 
Comparando os recursos hídricos disponíveis com a distribuição geográfica da população, 
tem-se uma clara ideia da gravidade da situação em regiões com o Nordeste (cerca de 3% da 
água doce, com quase 28% da população) e o Sudeste (6% da água doce, com 42% da 
população). Na Tabela 2 é mostrada a população no Brasil por regiões segundo o senso do 
IBGE. 
 
Tabela 2: População brasileira por regiões segundo o senso de 2010 
 
(Fonte: IBGE, 2010) 
 
Regiões do Brasil População Porcentagem (%)
Norte 15.865.678 8,3
Nordeste 53.078.137 27,8
Sudeste 80.353.724 42,1
Sul 27.384.815 14,4
Centro-Oeste 14.050.340 7,4
Total 190.732.694 100
21 
 
O Brasil dispõe de grande quantidade de água, em razão de que vigora na maior parte de 
seu território climas como o equatorial, tropical e subtropical úmido, determinando a 
existência de um ponderável excedente hídrico, com restrições quanto ao Nordeste brasileiro. 
No País, a precipitação média anual (histórico de 1961-2007) é de 1.761 mm, variando de 
valores na faixa de 500 mm, na região semiárida do Nordeste, a mais de 3.000 mm, na região 
Amazônia. A Figura 3 apresenta o mapa de precipitação média para o histórico de 1961 a 
2007 (ANA, 2013). 
 
Figura 3: Precipitação anual no País - média de 1961 a 2007 
 
 (Fonte: ANA, 2013) 
 
3.2.1 Potencialidades hídricas regionais - águas superficiais 
 
Verifica-se no Brasil que a vazão específica varia de menos de 2 l/s.km
2nas bacias da 
região semiárida até mais de 40 l/s.km
2
 no noroeste da Região Hidrográfica Amazônica. 
Segundo dados da Agência Nacional de Água (ANA, 2012), a média nacional é igual a 21 
l/s.km
2
, como ilustra a Figura 4. 
22 
 
Figura 4: Vazão específica no Brasil (l/s/km²) 
 
 (Fonte: Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos. ANA, 2012) 
 
A potencialidade hídrica superficial, representada pela vazão média de longo termo em 
uma seção de rio, é um indicador importante pois permite uma primeira avaliação da carência 
ou abundância de recursos hídricos numa dada região. A Figura 5 indica as potencialidades 
hídricas superficiais (litros/s.km
2
), nas diferentes bacias da região Nordeste, como resultado 
dos estudos hidrológicos desenvolvidos para o trabalho da ANA/MMA - Atlas Nordeste - 
Abastecimento Urbano de água (ANA, 2005). 
 
Figura 5: Vazões específicas médias nas bacias hidrográficas do Nordeste do Brasil 
 
 (Fonte: Atlas Nordeste - Abastecimento Urbano de água. ANA, 2005) 
23 
 
3.2.2 Potencialidades hídricas regionais - águas subterrâneas 
 
Segundo Demetrio et al., 2007, apud Cirilo, 2008, aquíferos são formações geológicas 
que têm a capacidade de armazenar e ceder água em quantidades que sejam economicamente 
viáveis de serem aproveitadas pelo homem. Ao contrário dos aqüíferos formados por 
sedimentos arenosos, uma formação cristalina não formaria bom aqüífero, uma vez que os 
minerais que constituem essa rocha estão fundidos uns aos outros, ou seja, não há poros, pelo 
menos para fins práticos de acumulação de água. Porém, em razão dos esforços tectônicos, de 
diversas naturezas, essas rochas se quebram, formando fraturas ou juntas, e nos espaços 
abertos dessas feições estruturais a água se acumula. 
No que se refere à ocorrência de águas subterrâneas, como o território nordestino é em 
mais de 80% constituído por rochas cristalinas, há predominância de águas com teor elevado 
de sais captadas em poços de baixa vazão, da ordem de 1 m
3
/h. A exceção ocorre nas 
formações sedimentares, em que as águas normalmente são de melhor qualidade e se podem 
extrair maiores vazões, da ordem de dezenas a centenas de m
3
/h, de forma contínua. A Figura 
6 a seguir mostra, de forma esquemática, a ocorrência dos aquíferos no Nordeste do Brasil. 
 
Figura 6: Distribuição das rochas sedimentares e cristalinas na área do polígono das secas no Nordeste do 
Brasil 
 
(Fonte: DEMETRIO et al., 2007, apud CIRILO, 2008) 
24 
 
 A ideia de abundância serviu durante muito tempo como suporte à cultura do 
desperdício da água disponível, à não realização dos investimentos necessários para seu uso e 
proteção mais eficientes, e à sua pequena valorização econômica. Os problemas de escassez 
hídrica no Brasil, regra geral, decorrem da combinação entre o crescimento exagerado das 
demandas localizadas e da degradação da qualidade das águas. Esse quadro é consequência 
dos desordenados processos de urbanização, industrialização e expansão agrícola. 
No caso da Região Semiárida do Nordeste do Brasil, o quadro de escassez de recursos 
hídricos é um reflexo dos baixos índices de precipitação e da irregularidade do regime de 
chuvas que ocorrem na região, como se fez referência nas Figuras 1 e 3, além das 
características geológicas, onde há predominância de solos rasos baseados sobre rochas 
cristalinas, o que explica existência de densa rede de rios temporários. 
 
3.3 ASPECTOS HISTÓRICOS DO APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS NO 
MUNDO 
 
O aproveitamento de água da chuva é uma técnica já utilizada há milhares de anos, 
antes mesmo da era cristã, sendo verificados diversos usos para as águas pluviais ao longo da 
história. Segundo Gnadlinger (2000), o aproveitamento de água de chuva é uma técnica muito 
popular em diversas partes do mundo, principalmente em regiões áridas e semiáridas (Figura 
7). 
Figura 7: Regiões Áridas e Semiáridas no mundo 
 
(Fonte: GNADLINGER, 2000) 
 
25 
 
No deserto de Nigev, em Israel, essa técnica é utilizada há mais de 4.000 anos. Escritas 
antigas revelam que no México, esses sistemas eram utilizados pelos Maias e pelos Aztecas. 
A aproximadamente 2000 a.C, no palácio de Knossos na ilha de Creta, a água da chuva era 
aproveitada para descarga em bacias sanitárias. A fortaleza de Masada (Israel), possui dez 
reservatórios escavados em rochas com capacidade de 40 mil litros. Na Mesopotâmia, há 
2750 aC já se utilizava águas de chuva (TOMAZ, 2003). 
 No Irã são encontrados os Abanars (Figura 8), que consistem de um tradicional 
sistema comunitário de captação de água de chuva. Na cidade de Oxkutzcab no México, ainda 
pode ser visto o sistema de captação de água de chuva utilizado pelos Maias para a 
agricultura. Essas cisternas, chamadas de Chultuns (Figura 9) possuíam capacidade para 20 
até 45 m³ de água (GNADLINGER, 2000). 
 
Figura 8: Abanars 
 
 (Fonte: GNADLINGER, 2000) 
 
Figura 9: Chultuns 
 
 (Fonte: GNADLINGER, 2000) 
26 
 
 Segundo Gnadlinger (2000), essa técnica foi caindo em desuso devido ao progresso 
técnico ocorrido nos séculos XIX e XX, principalmente em países desenvolvidos em que as 
condições climáticas dispensavam o uso de águas pluviais. Além disso, foi enfatizada a 
construção de grandes barragens, captação de águas subterrâneas e utilização de energia 
elétrica e/ou de combustíveis fósseis. 
No Brasil, o primeiro sistema de aproveitamento da água de chuva foi construído na 
Ilha Fernando de Noronha/PE, pelo exército norte-americano, em 1943 (Ghanayem, 2001 
apud Peters, 2006). Este sistema era formado por uma Placa Coletora de Água Pluvial, em 
concreto, nas dimensões de 50m x 150 m, instalada no sopé do morro do Pico, possuindo dois 
reservatórios com capacidade de armazenamento de 1.500m
3
. 
 
3.3.1 APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA NOS DIAS ATUAIS 
 
 Devido ao intenso crescimento populacional, surgem diversos problemas relacionados 
ao abastecimento de água, tanto para consumo humano, animal ou para agricultura, 
principalmente em regiões áridas e semiáridas, onde a escassez hídrica é mais evidente. 
Portanto, faz-se necessário a implantação de novos sistemas mais sustentáveis para o 
abastecimento de água. O aproveitamento de águas pluviais retornam então ao cenário 
mundial, sendo realizados diversos estudos afim de aprimorar a técnica, como uso de novos 
materiais, áreas de captação, tanques para armazenamento, descarte das primeiras chuvas, uso 
de dados hidroclimáticos para dimensionamento dos sistemas, etc. 
 Na Califórnia (EUA), Alemanha e Japão são oferecidos financiamentos para a 
construção de sistemas de captação de água de chuva. Hamburgo foi o primeiro estado alemão 
a implantar sistemas de aproveitamento de águas pluviais, iniciando em 1988. O Estado 
concede cerca de US$ 1.500,00 até US$ 2.000,00 para quem aproveitar a água da chuva, o 
que contribui na contenção de enchentes. A água é utilizada na irrigação de jardins, descargas 
em bacias sanitárias, máquinas de lavar roupas dentre outros usos não-potáveis (TOMAZ, 
2003). 
As tecnologias de captação e manejo de água de chuva não podem ser reduzidas às suas 
estruturas físicas e práticas, devendo-se considerar além dos aspectos técnicos, os aspectos 
ambientais, e até culturais e políticos, numa visão integrada. Começa-se definindo o termo 
captação e manejo de água de chuva: a água de chuva faz parte do ciclo hidrológico e é um 
bem a ser captado de telhados, do chão e do solo, armazenado e/ou infiltrado de forma segura, 
27 
 
tratado conforme requerido pelo uso final, e utilizado em seu pleno potencial, substituindo ou 
suplementando outras fontes atualmente usadas, antes de ser finalmentedescartado 
(Gnadlinger, 2011). 
De maneira geral, as tecnologias de captação e manejo de água de chuva são técnicas 
que permitam: interceptar e utilizar a água de chuva no local onde ela cai no chão; que facilite 
a água da chuva a se infiltrar no solo; ou que captam a água de escoamento de uma área 
específica (telhados, pátios, chão, ruas e estradas) para depois ser armazenada em um 
reservatório (cisterna ou solo) para uso futuro, seja doméstico, agrícola, dessedentação de 
animais ou ambiental, tanto em áreas rurais como urbanas (Figura 10). 
 
Figura 10: O princípio de captação de água de chuva 
 
 (Fonte: GNADLINGER, 2011) 
 
Mais recentemente no Brasil, o aproveitamento de águas pluviais tem sido praticado em 
maior escala na região Nordeste, devido ao problema de escassez hídrica, agravado por 
freqüentes secas, uma característica climática de parte dessa região. No ano de 1993 (um ano 
de seca no Nordeste) agricultores familiares e suas entidades organizaram no Estado da 
Paraíba um movimento chamado “Articulação no Semiárido – ASA/PB”, resgatando e 
divulgando experiências nascidas do saber popular e transformaram as mesmas em referências 
para propor ao poder público um modelo diferente de política, na busca pela convivência do 
28 
 
homem com o semiárido. Dessa iniciativa surgiu em 2003 o programa definido pela sigla 
P1MC- Programa de Formação e Mobilização para a Convivência com o Semiárido: um 
Milhão de Cisternas, que foi adotado pelo Governo Federal. Diversas iniciativas do Governo 
Federal, dos Estados, Prefeituras e organizações não governamentais estão multiplicando o 
número de reservatórios para armazenamento de água de chuva, as chamadas cisternas. A 
Figura 11 mostra cisternas de placa que vêm sendo executadas quase que por toda parte do 
semiárido do Nordeste do Brasil. 
 
Figura 11: Cisternas de placa e sistemas de coleta de água de chuva do telhado 
 
 (Fonte: adpatado de Cirilo, 2008) 
 
3.4 AS SECAS E O ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO SEMIÁRIDO 
 
As relações entre os fatores e elementos climatológicos determinam um grande número 
de climas. O Brasil apresenta uma grande diversidade climática como indica o Quadro 2 e a 
Figura 12 (CPRM, 2008). Pode-se observar que o clima semiárido predomina na maior parte 
do Nordeste, incluindo grande porção do Estado da Bahia, regiões frequentemente assoladas 
pelas secas. 
 
 
29 
 
Quadro 2: Características climáticas do Brasil 
 
(Fonte: CPRM, 2008) 
 
Figura 12: Unidades climáticas do Brasil 
 
(Fonte: adaptado de CPRM, 2008) 
 
3.4.1 Definição de Seca 
O enfrentamento das questões subjacentes à escassez (relativa) de água no Nordeste tem 
sido pautado pela variabilidade climática e, no limite, pela ocorrência de secas na região – 
anuais ou plurianuais (Carvalho, O. As secas e seus impactos. In.: A questão da água no 
30 
 
Nordeste. ANA, 2012. pp45-99). Ali está referenciado que, segundo os registros de 
historiadores e pesquisadores de vários domínios do conhecimento, é grande o número de 
secas ocorridas no Norte do Brasil (como se dizia antigamente) ou no Nordeste (como se diz 
hoje). Desde 1559, quando o Padre Serafim Leite fez anotações sobre a primeira seca, em 
terras do Sertão da Bahia, até 2011, ocorreram 72 secas no Nordeste brasileiro, dando uma 
média de uma seca para cada 6,3 anos, ao longo de 452 anos de registros sobre esse 
fenômeno. 
Carvalho (2012) também anota algumas especificidades físicas das secas, dizendo que 
esse fenômeno ocorre em áreas semiáridas, mas também pode acontecer em áreas úmidas. Isto 
porque dito evento tem sido definido como correspondendo a um período seco (dry spell), em 
relação às condições normais locais, no tocante às chuvas. Destaca ainda a classificação 
adotada por Aiguo Daí (2010), pesquisador do National Center for Atmospheric Research, em 
Boulder, Colorado, nos Estados Unidos, que faz densa revisão sobre o significado das secas 
no contexto do aquecimento global, considerndoa haver os seguintes tipos de seca: a seca 
meteorológica, a seca agrícola e a seca hidrológica (Quadro 3). 
Quadro 3: Tipologia das secas 
 
(Fonte: DAI, A. Drought under global warming: a review. In: WIREs Clim Change 2010. DOI: 
10.1002/wcc.81, adpatado de Carvalho, 2012). 
 
 Segundo da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE, 2014), o 
semiárido nordestino tem como principal característica a ausência, escassez e alta 
variabilidade espacial e temporal das chuvas, sendo comum a sucessão de anos de seca. 
Caracteriza-se por possuir: precipitações médias anuais iguais ou inferiores a 800mm; 
insolação média de 2.800h/ano; temperaturas médias anuais de 23 a 27 °C; domínio do bioma 
31 
 
Caatinga; solos areno-argilosos e pobres em matéria orgânica em sua maioria; rios 
temporários. 
 Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS, 2014) o 
Semiárido brasileiro, também conhecido como sertão, é uma região geográfica onde as chuvas 
são muito irregulares e o solo é raso. A falta de água causa a falência de lavouras e animais, 
além de trazer sede, fome e problemas de saúde para a vida do sertanejo. No semiárido é 
muito comum a pobreza causada pela escassez de água, no entanto, é possível a vida no 
sertão, desde que as famílias aprendam a conviver com esse ambiente adaptando-se ao meio, e 
não combatendo-o (MDS, 2014). 
Algumas das mais importantes particularidades do Semiárido brasileiro, do ponto de 
vista espacial e de sua pluviometria, podem ser visualizadas na Figura abaixo, da qual 
constam as principais áreas de incidência de seca (Carvalho, 2012). 
 
Figura: Nordeste do Brasil– áreas de incidência de secas. 
 
(Fonte: adaptado de Carvalho, 2012). 
 
3.4.2 Evolução da Delimitação da Região Semiárida Brasileira 
 
O Chamado Polígono das Secas foi estabelecido pelo Decreto No.175, de 1936, 
envolvendo toda a área circunscrita nas isoietas de 800mm. A Lei Federal No.7.827, de 
27/12/1989, cria e estabelece as condições de aplicação dos recursos dos Fundos 
Constitucionais de Financiamento do Norte (FNO), do Nordeste (FNE) e do Centro-Oeste 
32 
 
(FCO), definindo como semiárido: “A região inserida na área de atuação da 
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE, com precipitação 
pluviométrica média anual igual ou inferior a 800 mm (oitocentos milímetros), ..... (inciso IV 
do art. 5 do Capítulo II Dos Beneficiários)”. Uma atualização dos municípios do semiárido só 
foi feita em 1995, por meio da Portaria No.1.181 da antiga SUDENE, engoblando grandes 
partes do Estados do MA, CE, RN, PB, PE, AL, SE, parte da BA e norte de MG (Vale do 
Jequitinhonha). 
Mais recentemente, pela Portaria Interministerial N° 6, de 29/03/2004, o Ministério da 
Integração - MI / MMA instituiu um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) para 
apresentar estudos e propostas de critérios que definissem a área compreendida pelo semi-
árido brasileiro. O GTI, coordenado pelo MI, reuniu técnicos dos: MMA, MCT, ADENE, 
Codevasf, DNOCS, ANA, IBAMA, INPE, INSA, INMET, Embrapa e o BNB. Para a nova 
delimitação, o GTI tomou como base três critérios: 
 I. Precipitação pluviométrica média anual inferior a 800mm; 
 II. Índice de aridez de até 0,5 calculado pelo balanço hídrico que relaciona as 
precipitações e a evapotranspiração potencial, no período de 1961 até 1990; 
 III. Risco de seca maior que 60%, tomando-se como base o período entre 1970 e 1990. 
(ASA, 2005). 
 Pelas conclusões do estudo, passaram a fazer parte do semiárido (Figura 13) 102 
novos municípios que atenderam a pelo menos um dos critérios citados acima. Foram 
adicionados aos 1.031 já incorporados. Com a nova delimitação, aárea referente ao semiárido 
brasileiro aumentou de 892.309,4 km² para 969.589,4 km², um acréscimo de 8,66%. O Estado 
de Minas Gerais foi o que obteve o maior número de inclusões, passando de 40 municípios 
para 85 incluídos no semiárido, uma variação de 112,5% (MI, 2005). 
3.4.3 Algumas ações para mitigação dos efeitos das secas no Nordeste 
 
O acesso à água das populações rurais difusas do Nordeste continua a ser um problema 
significativo, em que pese sua redução percentual devido à imigração para centros urbanos do 
Nordeste. A água para beber e para produzir é ainda um fator crucial, embora diferentes 
políticas públicas com base em soluções diversas tenham passado pelo semiárido, como 
ondas: a grande e pequena açudagem, os poços, os dessalinizadores e as cisternas são algumas 
delas. 
33 
 
As secas no semiárido brasileiro já são conhecidas desde 1583, quando Fernão Cardim 
registrou a estiagem na Bahia que reduziu a produção dos engenhos de açúcar e obrigou os 
índios a se abrigarem no litoral. No entanto, esse fenômeno só ganhou visibilidade com a 
grande seca de 1877, que devastou o sertão, matando mais de 500 mil nordestinos, 200 mil 
somente no Ceará. Houve grande migração para a outros estados, principalmente para a 
Amazônia. Estima-se que 4% da população brasileira foi dizimada (SEI, 2009). 
Figura 13: Nova delimitação do semiárido 
 
(Fonte, MI, 2005) 
 Segundo Pereira (2012), ao final dos anos 1850 foi criada uma comissão para estudar 
o semiárido nordestino. Dentre a as conclusões da comissão está: 
(i) imputar aos nordestinos a responsabilidade pelo malefício gerado pelas secas, uma 
vez que a estes faltava destreza e disposição para o trabalho; 
(ii) desconhecimento de técnicas agrícolas que melhor aproveitasse os recursos 
disponíveis; e 
(iii) sugerir a importação de camelos, como forma de solucionar a problemática do 
deslocamento e transporte de carga, valendo-se da característica peculiar do 
dromedário que exige pouca água para sobreviver (PEREIRA apud VILLA, 2012). 
34 
 
 Em 1860, o Barão de Capanema defendeu a construção de açudes para práticas 
agrícolas através do seu relatório de avaliação das obras de combate a seca. Não muito após 
isso, os açudes começaram a ser construídos, tomando-se como base a topografia e/ou a 
influência política (PEREIRA, 2012). A Figura 14 mostra o açude do Cedro, cuja construção 
foi iniciada em 1873, sob determinação do Imperador D. Pedro II, e concluída em 1906 
(Cirilo, 2008). 
Figura 14: Açude do Cedro no sertão central do Estado do Ceará 
 
 (Fonte: adaptado de Cirilo, 2008) 
 
 No Século XX, foram iniciadas algumas ações por parte do Estado, visando a 
mitigação dos efeitos da seca, que consistiram na institucionalização da questão da seca, 
através da criação de órgãos de planejamento regional. Para isso o Governo criou três 
comissões: a de açudes e irrigação, a de estudos e obras contra efeitos da seca e a de 
perfuração de poços. Dessas três, apenas uma permaneceu, a de açudes e irrigação. Como essa 
comissão não apresentou desempenho satisfatório, foi criada em 1909 a Inspetoria de Obras 
Contra as Secas (IOCS), que dez anos mais tarde foi transformada em Inspetoria Federal de 
Obras Contra a Seca (IFOCS). Em 1945, inspirado em modelos norte-americanos e 
australianos, o IFOCS deu origem ao Departamento Nacional de Obras Contra a Seca 
(DNOCS) (PEREIRA, 2012). 
 Cada um desses referidos órgãos buscaram definir suas metas prioritárias. O IOCS por 
sua vez, concluiu que a solução mais adequada era a reservação de água para suprir a 
população e a agricultura em períodos de seca. O IFOCS desenvolveu estudos sobre as 
potencialidades do clima, solo e vegetação e deu início a construção de açudes e barragens. Já 
35 
 
o DNOCS propôs-se a combater a seca em qualquer parte do país, no entanto, suas ações 
restringiram-se ao semiárido nordestino (PEREIRA, 2012). 
 De 1909 até 1959, o DNOCS era responsável por praticamente todas as obras de 
engenharia na região. Construiu açudes, estradas, pontes, portos, ferrovias, hospitais e campos 
de pouso, implantou redes de energia elétrica e telegráficas, usinas hidrelétricas. Desse tempo, 
vale realçar a construção de uma ampla rede de reservatórios de todos os tamanhos, de modo 
a melhorar a oferta de água nos períodos hidrológicos críticos. 
 
3.4.3.1 A SUDENE 
 
Em 1956, a pedido do então presidente Juscelino Kubitschek, o economista paraibano 
Celso Monteiro Furtado cria o Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste 
(GTDN), que produz em 1959 o trabalho “Uma Política de Desenvolvimento Econômico para 
o Nordeste”, uma base teórica para a intervenção planejada na região, que foi o fundamento 
para a criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), naquele 
mesmo ano. Seu principal objetivo era encontrar soluções que permitissem a progressiva 
diminuição das desigualdades verificadas entre as regiões geoeconômicas do Brasil. 
(WIKIPEDIA, 2014) 
 Até 1985, com a existência da SUDENE, o PIB per capita do Nordeste em relação ao 
Brasil aumentou de forma significativa, derrubando a ideia de que o sertão nordestino é um 
sumidouro de recursos públicos. Entretanto, a partir da década de 80 a participação do 
Nordeste na economia nacional voltou a cair. Até o ano de sua extinção, a SUDENE foi alvo 
de graves denúncias recorrentes de desvios de recursos públicos. Em 2001, devido as 
irregularidades, foi necessária a criação de uma CPI, que por uma assinatura, não alcançou o 
número mínimo de senadores. Foi extinta nesse ano a SUDENE através da Medida 
Provisória nº 2.146-1de 04 de maio de 2001. (INAD, 2007). 
 Com a mesma Medida Provisória, foram instituídas pelo então Presidente Fernando 
Henrique Cardoso a Agência de Desenvolvimento do Nordeste (ADENE) e da Amazônia 
(ADA), cujas estruturas eram vinculadas ao Ministério da Integração Nacional, com recursos 
financeiros inferiores aos das suas antecessoras. (INAD, 2007). 
Por meio da Lei Complementar nº 125/2007, de 03/01/07 (BRASIL, 2007) foi 
reimplantada a SUDENE, sendo extinta a ADENE. Vinculada ao Ministério da Integração 
Nacional, a SUDENE é um órgão de natureza autárquica especial, administrativa e 
36 
 
financeiramente autônoma, integrante do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, 
com sede na cidade de Recife-PE, e tem como missão institucional "promover o 
desenvolvimento includente e sustentável de sua área de atuação e a integração competitiva 
da base produtiva regional na economia nacional e internacional ". A área de atuação da 
SUDENE abrange totalmente os Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, 
Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e, parcialmente, os Estados de Minas Gerais e 
do Espírito Santo, considerando 1.989 municípios (SUDENE, 2014). 
 
3.4.3.2 Programa Água para Todos 
 
Em que pese uma forte política de acumulação de água em grandes açudes posta em 
prática na região Nordeste do Brasil desde os inícios do Século XX, mantida de certa forma 
ainda nos dias atuais, os altos índices de evaporação potencial, da ordem de 2.500 mm ao ano, 
trazem sério problema à política de acumulação de água, especialmente à pequena açudagem, 
que não resiste aos efeitos de uma seca prolongada. 
Para o atendimento da população rural difusa, em locais onde o grande e médio açude 
não se fazem presentes, os pequenos reservatórios (os chamados barreiros), juntamente com 
os poços e as cisternas rurais, ainda se constituem nas obras mais comuns usadas na captação 
e armazenamento de água na região. Uma grande iniciativa desenvolvida por Estados, 
Prefeituras, União e entidades governamentais, além de ONGs, como alternativade 
abastecimento de água passou a ser as cisternas rurais no Nordeste Semiárido do Brasil. 
 O programa Água para Todos foi instituído pelo Decreto 7.535, de 25 de julho de 
2011 e está inserido no Plano Brasil Sem Miséria, que é uma ação do Governo Federal, 
coordenada pelo Ministério da Integração Nacional. Esse programa oferece a cada família 
contemplada uma cisterna de 16 mil litros e ainda oferece capacitação para a gestão das águas 
em famílias onde existe atuação do programa (LEAL, 2014). 
 O programa tem como objetivo universalizar o acesso à água para populações 
carentes, que residem em comunidades rurais não atendidas pelo serviço público ou atendidas 
por sistemas precários. Visa garantir água seja para consumo próprio, animal ou para 
agricultura afim de aumentar a renda familiar dos pequenos produtores rurais (MI, 2014). 
 Além da distribuição de cisternas, o programa visa atender 750 mil famílias com 
sistemas coletivos de abastecimento, kits de irrigação e pequenas barragens. Os Estados 
contemplados são: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, 
37 
 
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe. O 
objetivo principal do programa é garantir o uso sustentável da água através do aproveitamento 
da água de chuva, promovendo a harmoniosa convivência com o semiárido (LEAL, 2014). 
 As cisternas oferecidas pelo programa são de placas (Figura 15 e 16) ou de polietileno 
(Figura 17), capazes de armazenar 16 mil litros de água, o que é suficiente para atender uma 
família de 5 pessoas, por até seis meses. As cisternas são abastecidas com água da chuva 
captadas por meio de calhas nos telhados das casas. As cisternas representam uma oferta, em 
média, de 50 litros diários de água durante 140 a 300 dias, admitindo-a cheia no final da 
estação chuvosa e nenhuma recarga no período. Tomados os devidos cuidados com a limpeza 
do telhado, da cisterna, calha e tubulação, é uma solução fundamental para o atendimento das 
necessidades mais essenciais da população rural difusa (ASA, 2014). 
Figura 15: Cisterna de placas 
 
(Fonte: adaptado de Medeiros e Ingunza, 2004) 
 
Figura 16: Cisterna de placas utilizada pelo Programa Água para Todos 
 
 (Fonte: Meioambiente, 2014) 
 
38 
 
Figura 17: Cisterna de polietileno utilizada pelo Programa Água para Todos 
 
 (Fonte: Meioambiente, 2014) 
 
3.4.3.3 Programa da Articulação da ASA: Cisterna-Calçadão 
 
Segundo a ASA (2011), a motivação dos seus programas, por exemplo o Programa Um 
Milhão de Cisternas (P1MC) e o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), parte das 
necessidades das comunidades e das famílias, numa lógica de organizar essas necessidades a 
partir de cada particularidade da comunidade, da microrregião e do território, invertendo a 
lógica dos projetos feitos de cima para baixo. 
A meta do projeto P1MC é audaciosa: construir um milhão de cisternas para atender 5 
milhões de pessoas. A cisterna de placa de 16 mil litros armazena água para beber e cozinhar. 
É também uma tecnologia simples, barata, de domínio das famílias agricultoras e que 
consegue, de fato, atender a população difusa da região, ao contrário das grandes obras 
hídricas. A partir das cisternas de beber se formam redes de solidariedade nas comunidades e 
a água estocada é compartilhada por outras famílias até que todas tenham sua própria cisterna. 
Da mesma forma acontece com as tecnologias sociais implementadas pelo P1+2. Assim, 
guardar a água em cisternas de produção, barragens subterrâneas, tanques de pedras, 
bombas d’água populares e em outras infraestruturas hídricas, contribui para a soberania e 
segurança alimentar e nutricional das famílias e garante água para a população que vive na 
região. 
39 
 
As chamadas cisternas-calçadão (Figura 18), captam a água de chuva por meio de um 
calçadão de cimento de 200 m², construído sobre o solo. Com essa área do calçadão, 300 mm 
de chuva são suficientes para encher a cisterna, que tem capacidade para 52 mil litros. Por 
meio de tubulações, a chuva que cai no calçadão escoa para a cisterna, construída na parte 
mais baixa do terreno e próxima à área de produção (ASA, 2011). 
Segundo a ASA (2011), o tamanho do calçadão foi pensado para garantir o enchimento 
da cisterna mesmo em anos em que a ocorrência de chuvas seja abaixo da média. Sendo 
possível garantir que a cisterna chegue a sua capacidade total com apenas 300 milímetros de 
chuva, permitindo a irrigação de salvação. As cisternas-calçadão potencializa, por exemplo, o 
cultivo de alimentos diversificados para consumo através do plantio de hortas, plantas 
medicinais e criação de pequenos animais. 
Figura 18: Cisterna-calçadão 
 
(Fonte: ASA, 2011) 
Figura 19: Cisterna-calçadão: produção de alimentos e criação de animais 
 
 (Fonte: ASA, 2011) 
 
40 
 
3.5 QUALIDADE DA ÁGUA DA CHUVA 
 
Como já visto, a água de chuva pode ser usada para múltiplos fins; além do uso 
doméstico (para beber e saneamento) e agrícola pode ser aproveitada para fins comerciais, 
industriais, paisagísticos e ambiental. Tomaz (2003) qualificou a água da chuva em quatro 
diferentes etapas: 
1. Antes de atingir o solo 
2. Após escorrer pelo telhado molhado 
3. Dentro do reservatório 
4. No ponto de uso 
 
3.5.1 Qualidade da água da chuva antes de atingir o telhado 
 
 A qualidade da água da chuva pode ser influenciada por diversos fatores tais como a 
localização geográfica do ponto de amostragem, condições meteorológicas, presença de 
vegetação e presença de poluição. Em regiões oceânicas, a água da chuva pode apresentar 
elementos como sódio, potássio, magnésio, cloro e cálcio, devido a presença desses elementos 
na água do mar. Em regiões distantes da costa, a água pode apresentar partículas de solo que 
contém sílica, alumínio e ferro, além de partículas de origem biológica, como nitrogênio, 
fósforo e enxofre, por exemplo (TOMAZ, 2003). 
 Em áreas urbanas, principalmente em polos industriais, a água da chuva pode 
apresentar alterações em sua composição natural devido à presença de poluentes no ar, como 
o dióxido de enxofre (𝑆𝑂2). Esses elementos causam a redução do pH natural da água da 
chuva, podendo desencadear o fenômeno da "chuva ácida". Portanto, a água da chuva nessas 
regiões devem ser utilizadas apenas para fins não-potáveis (TOMAZ, 2003). 
 
3.5.2 Qualidade da água da chuva após escorrer sobre o telhado molhado 
 
 Os telhados podem conter diversos tipos de contaminantes que alteram negativamente 
a qualidade da água. São eles: fezes de passarinhos, pombos, ratos dentre outros animais, 
poeiras, folhas de árvores, tintas, etc. O contato da água com as fezes de animais pode 
acarretar em contaminação de ordem biológica, como bactérias e parasitas. Por isso faz-se 
41 
 
necessário o descarte das primeiras chuvas, que realizam a lavagem dos telhados, também 
chamado de First Flush (TOMAZ, 2003). 
 O volume do First Flush normalmente varia de 1 a 5 mm, de acordo com a região, tipo 
de telhado ou frequência das precipitações. Em locais onde chove regularmente, o descarte 
pode ser menor, pois o telhado estará constantemente sendo lavado. Em regiões semiáridas, 
esse descarte deve ser minimizado, ou aproveitado para outros fins, tendo em vista a escassez 
de água. 
 
3.5.3 Qualidade da água de chuva dentro do reservatório 
 Os sedimentos levados pela chuva para o interior do reservatório se depositarão no 
fundo, criando uma camada de lama. Os microorganismos provenientes dos telhados e das 
tubulações irão de desenvolver dentro do reservatório, pondo em risco aqueles que utilizarem 
a água para fins potáveis (TOMAZ, 2003). 
 SegundoTOMAZ (2003), devem haver alguns cuidados com o reservatório, como 
evitar a entrada de luz devido a proliferação de algas, a tampa de inspeção deverá ser 
hermeticamente fechada e a saída do extravasor deverá conter uma grade para evitar a entrada 
de pequenos animais. O reservatório deverá ser limpo pelo menos uma vez ao ano. 
 
3.5.4 Qualidade da água da chuva no ponto de uso 
 
 Para que a água seja consumida pelo usuário para fins potáveis, a água deve atender 
aos padrões de potabilidade estabelecidos pela portaria Nº 2.914 de 12/12/2011 do Ministério 
da Saúde. Para isso é necessário que a água passe por um tratamento que consiste basicamente 
em filtração e desinfecção. A desinfecção pode ser realizada através da cloração ou raios 
ultravioletas. 
 
3.6 Água Subterrânea: considerações sobre Poços Tubulares 
 
As ações do Governo, voltadas ao aproveitamento de águas subterrâneas, teve início 
através do DNOCS, em 1904, com a perfuração de poços tubulares no Semi-Árido brasileiro. 
No Nordeste brasileiro, embora se perfurem poços desde o século passado, é sabido que só a 
42 
 
partir da década de 60, com a criação da SUDENE, a água subterrânea começou a ser tratada 
como ciência (Feitosa, 2011). 
O semiárido brasileiro apresenta, com respeito às águas subterrâneas, uma 
particularidade que o difere de outras regiões do país, onde os terrenos sedimentares e 
permeáveis são predominantes. Como o território nordestino está embasado em mais de 80% 
por rochas cristalinas, a perfuração de poços tubulares como solução para o suprimento das 
diferentes necessidades no semi-árido (no domínio fraturado/cristalino) está sujeita à 
limitações como: a) baixas vazões, na maioria dos casos até 2 m
3
/h; b) teor de sais, em parcela 
significativa dos poços, superior ao recomendado para consumo humano; c) alto índice de 
poços secos, dadas as peculiaridades geológicas. 
Segundo Feitosa (2011), nas áreas do cristalino e cársticas onde praticamente não existe 
porosidade primária, a água se acumula nos espaços vazios gerados por quebramentos, 
descontinuidades, alterações e dissoluções, formando reservatórios subterrâneos descontínuos 
e irregulares, que podem apresentar de baixo a alto potencial, em função de suas dimensões. 
Neste domínio, a qualidade da água subterrânea está intimamente associada ao clima 
apresentando, em geral, água com salinidade elevada nas regiões semiáridas, com excesso de 
cloretos no cristalino e de bicarbonatos/carbonatos nos cársticos (águas duras). 
No domínio das rochas sedimentares, onde as formações geológicas apresentam 
porosidade primária intergranular, a água preenche os poros em toda a extensão de ocorrência 
da rocha, formando grandes aquíferos regionais. A Figura 20 ilustra, de forma clara e 
esquemática, a diferença entre a ocorrência da água nos domínios das rochas cristalinas, 
mostrando a descontinuidade e a heterogeneidade dos reservatórios com a existência de poços 
secos, e das rochas sedimentares, mostrando, ao contrário, continuidade e homogeneidade. 
No Nordeste semi-árido, a perfuração de poços tubulares vêm sendo utilizada como 
uma alternativa para suprir o abastecimento de água de pequenas comunidades e dos 
rebanhos. O Poço Tubular (Figura 21), é aquele onde a perfuração é feita por meio máquinas 
perfuratrizes à percussão, rotativas e rotopneumáticas. Possui alguns centímetros de abertura 
(no máximo 50 cm), revestido com tubos de ferro ou de plástico. 
 
43 
 
Figura 20: Ocorrência de água subterrânea em rochas cristalinas e sedimentares 
 
 (Fonte: adaptado de Feitosa, 2011) 
Figura 21: Poço Tubular 
 
 (Fonte: adaptado de CPRM, 1998) 
 
A Figura 22 apresenta perfis construtivos de poços tubulares perfurados no sedimento e 
no cristalino. 
Figura 22: Poços Tubulares no sedimento e no cristalino 
 
 (Fonte: adaptado de CPRM, 1998) 
 
Apesar de se ter apresentado apenas uma coluna de revestimento no poço em sedimento 
(Figura 20), pode-se ter poços concluídos com uma configuração similar a um telescópio, 
muito embora os revestimentos externos são utilizados apenas para segurança em formações 
44 
 
menos consolidadas ou para isolar águas contaminadas superiores. O revestimento mais 
interno diz-se de produção. Quando houver necessidade de filtros, os mesmos são descidos 
em conjunto com os tubos de revestimento. 
No Cristalino, os Poços tubulares podem ter profundidades máximas em torno de 80 
metros; mais frequente 60 metros; diâmetro mais frequente de 4” a 6” (4 a 6 polegadas); são 
perfurados com máquinas apropriadas (percussão e ar comprimido); dispensam revestimentos, 
filtros e pré-filtros; captam aqüíferos fissurais e, geralmente, tem baixas vazões (média 2 a 5 
m
3
/h), servindo para abastecimento de casas, vilas e pequenas comunidades rurais. (CPRM, 
1998). 
Bombeamento: a ação da retirada da água de um poço se dá por intermédio de uma 
bomba (submersa, centrífuga, injetoras), acopladas a motores elétricos, ou até bombas 
manuais e cataventos. O ensaio de bombeamento destina-se a determinar a vazão de 
explotação do poço, utilizando-se o equipamento de bombeamento adequado para sua 
explotação, permitindo ainda a determinação dos parâmetros hidrodinâmicos do aqüífero e 
das perdas de carga no poço e no aqüífero. Para tanto, são feitos os registros e controle da 
vazão (Q), nível estático (NE) e nível dinâmico (ND), durante um teste de produção ou de 
aqüífero (Figura 21). A Vazão (Q) é a medida do volume de água que sai do poço por 
determinado período de tempo, calculada em metros cúbicos por hora (m
3
/h). 
 
Figura 23: Poços Tubulares- níveis estático e dinâmico 
 
 (Fonte: adaptado de CPRM, 1998) 
 
Instalação: é a etapa final na construção de um poço, deixando-o apto à funcionar 
normalmente. Consiste na colocação de um equipamento de bombeamento, com tubulações 
45 
 
adutoras, um sistema de acumulação (caixa d’água) e um sistema de distribuição da água 
(chafarizes, encanação, etc.). As Figuras 24 e 25 apresentam alguns tipos de instalação 
comumente usadas, seja para atender chafarizes ou até em sistemas de abastecimento 
simplificados (ADS), em localidades rurais. 
Figura 24: Poços Tubulares- instalação com bomba submersa 
 
 (Fonte: adaptado de CPRM, 1998) 
Figura 25: Poços Tubulares e ADS 
 
(Fonte: adaptado de CPRM, 1998) 
 
 
 
46 
 
3.8 Fundamentos da Avaliação Econômica de Projetos 
 
Segundo Montanhini (2008), a Análise Econômica de Projetos consiste em aplicar 
critérios que permitam identificar a escolha da alternativa mais interessante, assim como, 
definir se é ou não justificável investir recursos financeiros na implementação de 
determinados projetos. Tal análise tem sido definida de várias maneiras durante as ultimas 
décadas, sendo, em síntese, entendida como uma operação intelectual que permite medir o 
valor do Projeto com base na comparação dos benefícios gerados em relação ao capital 
investido e custos decorrentes no horizonte de planejamento ou vida útil do projeto. A 
avaliação do investimento pode ser classificada, basicamente, segundo a fonte de 
financiamento do capital aplicado, a natureza ou objetivos do projeto, ou seja: 
 Avaliação Econômica 
 Avaliação Socioambiental 
Entre essas categorias de avaliação de projetos têm campo de ação definido e utilizam 
técnicas e indicadores de medição similar. A avaliação socioambiental é a única que consiste 
no manuseio de valores monetários e/ou valores sócio ambientais. Em todos os casos, 
observadas as respectivas peculiaridades, e considerados à parte os aspectos políticos e 
subjetivos, a avaliação de investimentos pode ser feita matematicamente, uma vez que sejamdefinidos ou conhecidos os fluxos de caixa dos valores resultantes desses investimentos. 
A avaliação econômica, além de medir os fatores financeiros também analisa outras 
variáveis como, a conjuntura econômica, demanda de mercado e restrições orçamentárias, 
verificando se os custos do projeto são não apenas superados por seus benefícios (viabilidade 
econômica) mas, também, se constituem na forma mais eficiente de investimento (eficiência 
econômica). 
 
47 
 
4 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
4.1 O ESTADO DA BAHIA EA SECA DE 2012 /2013 
 
O Estado da Bahia, com uma área de cerca de 567.295 km
2
, correspondente a 6,6% da 
área territorial do Brasil e a 36,3% da área da região Nordeste, está situado entre as latitudes 
8º32’00” e 18º20’45” Sul e as longitudes 37º19’39” e 46º36’59” Oeste. Limita-se ao Norte 
com os Estados de Piauí e Pernambuco; à Nordeste, com os estados de Alagoas e Sergipe; à 
Leste, com o Oceano Atlântico; à Oeste, com os Estados de Goiás e Tocantins, e ao Sul, com 
os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo (PERH,2004). Segundo o PERH (2004), seu 
território abriga 417 municípios, situação resultante de um processo de emancipação que foi 
acentuado a partir da década de 1960, com ênfase nos anos 1980. 
O clima Semiárido ocorre praticamente em 70% da área do Estado. É um clima 
característico dos vales dos rios São Francisco, Vaza-Barris, Itapicuru, Paraguaçu e Contas. 
Caracteriza-se, no geral, pela presença de déficit hídrico (Evpanual > Panual), altas temperaturas 
(médias mínimas > 25 ºC), e Precipitações ≤ 800 mm/ano. A paisagem desta região é 
dominada pela mata branca ou, na língua indígena, “caatinga”. O bioma da caatinga é um dos 
maiores, que aliás ocupa grande parte da região do Nordeste do Brasil. A Figura 26 apresenta 
a climatologia do Estado da Bahia (PERH, 2004). 
 
Figura 26: Tipologia climática do Estado da Bahia 
 
 (Fonte: PERH, 2004) 
48 
 
É importante referir que dos 417 municípios baianos, 265 deles estão inseridos no 
Polígono das Secas, de acordo com a nova delimitação definida pelo MI (2005). Nos anos de 
2102 e 2013, mais de 10 milhões de pessoas sofreram com as estiagens e a seca que se abateu 
sobre o sertão nordestino. A seca não se constituiu apenas em um problema climático, mas, 
principalmente ela se caracteriza em um problema social. A falta de água compromete desde a 
economia até mesmo as necessidades mais primárias do home do sertão, que é “matar” a 
própria sede. 
Dados de 26/11/2013 da Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da 
Integração Nacional (MI) davam conta de um total de 1.332 municípios que tiveram a 
situação de emergência reconhecida pelo governo federal por estiagem ou seca, representando 
74,2% de todas as cidades nordestinas. O agravamento da seca, considerada a mais intensa 
nos últimos 50 anos, praticamente fez com que 3 de cada 4 municípios estivessem em 
situação excepcional, recebendo apoio dos governos estaduais e federal para abastecer as 
comunidades. 
Percentualmente, o Ceará foi o Estado mais afetado, com 177 (96% do total) em estado 
de calamidade. Na Bahia o total de municípios em estado de emergência chegou ao número 
de 276, representado 66,1% do total, conforme Figura 27. 
 
Figura 27: Municípios atingidos pela seca 
 
 (Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2013/11/26) 
 
O município de Itaberaba-BA encontra-se inserido neste cenário e esteve em situação de 
emergência nas secas de 2012 e 2013. Conhecida popularmente como Terra do Abacaxi, 
49 
 
Itaberaba teve uma queda dramática na cultura de abacaxi. Segundo Valdomiro Vicente Vítor, 
presidente da Cooperativa dos Produtores de Abacaxi (COOPAITA), as secas de 2011, 2012 e 
2013 trouxeram enormes prejuízos para os abacaxicultures, gerando desemprego e 
dificuldades financeiras para a cooperativa. Segundo ele, as safras de 2011/2012 registraram 
queda de 70%. Muitos produtores encontram-se endividados diante da perda quase total das 
suas plantações. O faturamento anual de R$ 120 milhões/ano foi substituído por um prejuízo 
de cerca de 80 milhões, além da alta taxa de desemprego (O Paraguaçu, 2013). 
 
4.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 
 
4.2.1 Localização e população do município 
 O Município de Itaberaba está localizado, segundo o Plano Estadual de Recursos 
Hídricos do Estado da Bahia (PERH-BA, 2004 – Rev. 2012), na chamada Região de 
Planejamento e Gestão das Águas (RPGA X) rio Paraguaçu (Figura 28 ). Dista cerca de 266 
km da capital Salvador. Limita-se a leste pelo Município de Ipirá, a oeste com Boa Vista do 
Tupim, a Sul com Iaçu e a Norte com Ruy Barbosa (Figura 29). Possui uma área de 2.343,5 
km² e uma população estimada em 2010 pelo IBGE de 61.623 habitantes, sendo 48.470 na 
zona urbana (78,66%) e 13.153 na zona rural (21,34%) (IBGE, 2013). 
 
Figura28: Regiões de Planejamento e Gestão das Águas do Estado da Bahia 
 
(Fonte: PERH – BA, 2004 – Ver. 2012) 
50 
 
Figura 28: Localização do Município de Itaberaba 
 
 (Fonte: Adaptado de CPRM, 2005) 
4.2.2 Aspectos econômicos 
 
 O Município de Itaberaba é considerado de médio porte, tendo em vista as 
características dos demais municípios da Bahia. É considerada como a "Terra do Abacaxi", 
por ser o maior produtor deste fruto no estado, com aproximadamente 15 mil hectares 
plantados. A cultura do abacaxi é responsável por mais de 8 mil empregos diretos. Por ser um 
pólo regional, possui uma atividade comercial intensa, além de possuir indústrias de calçados 
e móveis (ITABERABA, 2014). 
 
4.2.3 Aspectos fisiográficos 
 
 O município está inserido no bioma da Caatinga, na região semiárida, com 
temperatura média em torno de 30º C e prolongada escassez de chuvas. A vegetação nativa é 
composta por caatingas arbóreas densas (com palmeiras) e áreas de florestas estacionais e 
deciduais. Apresenta solos variando de argissolos e planossolos eutróficos até latossolos. 
Itaberaba está inserida na região correspondente à unidade geológica do Complexo de Jequié, 
que predomina em maior parte do município, constituído essencialmente por rochas 
cristalinas. (CPRM, 2005). 
 
51 
 
Figura 29: Pedra de Itaberaba 
 
 (Fonte: SOUZA, 2011) 
 
 
 
4.2.4 Recursos hídricos superficiais 
 
 Itaberaba está inserida na bacia do rio Paraguaçu. Os principais cursos d'água são: rio 
Paraguaçu, rio Capivara, rio Capivari, rio Piranhas e o riacho do Feijão. O rio Capivara tem 
um caráter intermitente até o ponto de confluência com o rio do Brejo, onde a partir daí passa 
a ser perene e dá origem ao açude Juracy Magalhães (Figura 30), que banha a área urbana de 
Itaberaba. O rio Piranhas é formado pela confluência do riacho do Feijão com o rio Capivara. 
Tem caráter perene e tem foz no rio Paraguaçu (CPRM, 2005). 
 O rio Capivari faz limite com o município de Ipirá. Dentro do área municipal de 
Itaberaba possui caráter intermitente e possui foz no rio Paraguaçu. De acordo com dados da 
estação fluviométrica de Santa Quitéria, o rio Capivari possui uma vazão média de 0,462 m³/s 
(CPRM, 2005). 
 O rio Paraguaçu faz limite ao sul com o município de Iaçu, que recebe dentro do 
município de Itaberaba contribuições do rio Piranha e Capivari. De acordo com dados de uma 
estação fluviométrica em Iaçu, o rio Paraguaçu apresenta uma vazão média anual de 19,88 
m³/s, medidos entre o período de 1930 até 1995 (CPRM, 2005). 
52 
 
Figura 30: Açude Juracy Magalhães 
 
 (Fonte: panoramio, 2014) 
 
Próximo à cidade de Itaberaba, observa-se o açude Juracy Magalhães que foi 
construído em 1933, tendo sua obra iniciada em 1932. Recebeu esse nome em homenagem ao 
político Juracy Magalhães

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