Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Cálculo Aplicado: Semana 03 Mais de Equações Diferenciais Lineares Homogêneas: Vamos agora, ligar algumas pontas soltas e fazer nossas últimas considerações sobre equações diferenciais ordinárias de segunda ordem linear com coe�ceientes constantes homogêneas e apresentar o método da variação dos parâmet- ros para encontrar uma solução particular de uma equação diferencial ordinária de segunda ordem linear com coe�ceientes constantes não homogênea. Iniciaremos com as equações diferenciais ordinárias de segunda ordem linear com coe�ceientes constantes homogêneas. Teorema: Dada uma Equação diferencial de segunda ordem linear homogênea: R(t) y′′ + S(t) y′ + T (t) t = 0 duas funções y1 = y1(t) e y2 = y2(t) formam um conjunto fundamental de soluções da EDO no intervalo I, se R = R(t), S = S(t) e T = T (t) são contínuas em I e se para todo t ∈ I temos que y1 e y2 são soluções da EDO e se o wronskiano de y1 e y2 é não nulo para algum t ∈ I, (W (y1, y2) 6= 0). ∼ • ∼ Agora passaremos a fazer considerações sobre equações diferenciais de segunda ordem lineares homogêneas com coe�cientes constantes a y′′ + b y′ + c y = 0 e usando o teorema anterior apresentar uma solução geral desta EDO nos três casos: • ∆ = b2 − 4ac > 0. • ∆ = b2 − 4ac < 0. • ∆ = b2 − 4ac = 0. Equações diferenciais ordinárias lineares de 2 a ordem com coe�cientes constantes homogêneas Dada uma EDO linear de 2 a ordem com coe�cientes constantes homogênea: a y′′ + b y′ + c y = 0, temos: Equação característica associada: a λ2 + b λ+ c = 0 Se ∆ = b2 − 4 a c > 0 então r1 = −b+ √ ∆ 2 a e r2 = −b−√∆ 2 a y1 = e r1 t e y2 = e r2 t são soluções da EDO a y′′ + b y′ + c y = 0, pois: y1 = e r1 t ⇒ y′1 = r1 er1 t ⇒ y′′1 = r21 er1 t Assim, a y′′1 + b y′1 + c y = a ( r21 e r1 t ) + b ( r1 e r1 t ) + c ( er1 t ) = er1 t (a r21 + b r1 + c)︸ ︷︷ ︸ =0 = 0 pois: r1 é raiz da equação característica. y2 = e r2 t ⇒ y′2 = r2 er2 t ⇒ y′′2 = r22 er2 t Assim, a y′′2 + b y′2 + c y2 = a ( r22 e r2 t ) + b ( r2 e r2 t ) + c ( er2 t ) = er2 t (a r22 + b r2 + c)︸ ︷︷ ︸ =0 = 0 pois: r2 é raiz da equação característica. 2 y1 = e r1 t e y2 = e r2 t formam um conjunto fundamental de soluções de a y′′ + b y′ + c y = 0, pois: W (y1, y2) = ∣∣∣∣∣∣ er1 t er2 t r1 e r1 t r2 e r2 t ∣∣∣∣∣∣ = r2 er2 t er1 t − r1 er1 t er2 t = r2 e(r1+r2) t − r1 e(r1+r2) t = (r2 − r1) e(r1+r2) t 6= 0 Assim, dada uma EDO linear de 2 a ordem com coe�cientes constantes homogênea: a y′′ + b y′ + c y = 0, temos: Equação característica associada: a λ2 + b λ+ c = 0 Se ∆ = b2 − 4 a c > 0 então r1 = −b+ √ ∆ 2 a e r2 = −b−√∆ 2 a y(t) = C1 e r1 t + C2 e r2 t é uma solução geral da EDO a y′′ + b y′ + c y = 0. Antes de estudar como �ca a solução geral de uma EDO linear de 2 a ordem com coe�cientes constantes quando o ∆ da equação característica é negativo (∆ < 0), vamos de�nir a função exponencial complexa. Usaremos z para indicar um número complexo e x para indicar um número real. Assim, z = a+ b i, a, b ∈ R e i que é chamada de unidade imaginária é tal que i2 = −1. E x ∈ R. Usaremos C para indicar o conjunto dos números complexos. Assim, temos: C = { a+ b i | a ∈ R e b ∈ R }. Se na de�nição do conjunto dos números complexos tomarmos b = 0 então observamos que: R ⊂ C. Agora, voltemos a de�nição da exponencial complexa: Claro, queremos uma de�nição exponencial complexa que se reduza a exponencial real quando aplicada a um número real. Ou seja, queremos que f(z) = ez coincida com a de�nição de exponencial real f(x) = ex. Existem várias formas de extender a função exponencial do conjunto dos números reais para o conjunto dos números complexos. Aqui, vamos nos utilizar um método baseado em séries de potências (séries de Taylor e MacLauren), que foram apresentadas aos alunos no componente curricular Cálculo II. Vamos lembrar que a série de MacLauren (série de Taylor em torno de t = 0) de função f(t) = sen t é: cos t = +∞∑ n=0 (−1)n t2n (2n)! e sen t = +∞∑ n=1 (−1)n−1 t2n−1 (2n− 1)! . Vamos, também, lembrar que a série de MacLauren (série de Taylor em torno de t = 0) de função f(t) = et é: et = +∞∑ n=0 tn n! , −∞ < t < +∞ Agora, vamos substituir t por it na série acima: ei t = +∞∑ n=0 (i t)n n! , −∞ < t < +∞ Para melhorar a série acima vamo observar as potências de i, ou seja, observe que: i2 = −1, i3 = (i2) i = −i, i4 = (12) (12) = (−1) (−1) = 1, . . ., 3 podemos resumir as potências de i da forma: i2n = (−1)n e i2n+1 = (−1)n i . Aplicando, essa propriedade das potências da unidade imaginária à série de ei t temos: ei t = +∞∑ n=0 (i t)n n! = [ +∞∑ n=0 (−1)n t2n n! ] + i [ +∞∑ n=1 (−1)n−1 t2n−1 (2n− 1)! ] = cos t+ i sen t Fórmula de Euler: ei t = cos t+ i sen t . Em particular, e−i t = cos t− sen t, ei µ t = cos (µ t) + i sen (µ t), e(λ+i µ) t = eλ t ( cos (µ t) + i sen (µ t) ) Equações diferenciais ordinárias lineares de 2 a ordem com coe�cientes constantes homogêneas Dada uma EDO linear de 2 a ordem com coe�cientes constantes homogênea: a y′′ + b y′ + c y = 0, temos: Equação característica associada: a λ2 + b λ+ c = 0 Se ∆ = b2 − 4 a c < 0 então z1 = −b+√|∆| i 2 a = −b 2a︸︷︷︸ α + √|∆| 2a i︸ ︷︷ ︸ β i = α+ β i e r2 = −b−√|∆| i 2 a = −b 2a︸︷︷︸ α − √|∆| 2a i︸ ︷︷ ︸ β i = α− β i y˜1 = e (α+βi) t = eα t ( cos (β t) + sen (β t) i ) e y˜2 = e (α−βi) t = eα t ( cos (β t)− sen (β t) i ) são soluções da EDO a y′′+ b y′+ c y = 0. Porém gostaríamos de trabalhar soluções com coe�cientes reais. Assim, como soma de solução é solução, subtração de solução é solução e número vezes solução é solução pois a EDO é linear, temos: y1 = 1 2 (y˜1 + y˜2) e y2 = i 2 (y˜1 − y˜2) são soluções. Ou seja: y1 = e α t ( cos (β t) ) e y2 = e α t ( sen (β t) ) são soluções, pois: y1 = e α t ( cos (β t) ) ⇒ y′1 = α eα t ( cos (β t) ) − β eα t ( sen (β t) ) ⇒ ⇒ y′′1 = α2 eα t ( cos (β t) ) − αβ eα t ( sen (β t) ) − αβ eα t ( sen (β t) ) − β2 eα t ( cos (β t) ) ⇒ ⇒ y′′1 = (α2 − β2) eα t ( cos (β t) ) − 2αβ eα t ( sen (β t) ) a y′′1 + b y′1 + c y1 = = a [ (α2 − β2) eα t ( cos (β t) ) − 2αβ eα t ( sen (β t) )] +b [ α eα t ( cos (β t) ) − β eα t ( sen (β t) )] +c [ eα t ( cos (β t) )] = = [ a (α2 − β2) + b α+ c]︸ ︷︷ ︸ (0∗) eα t ( cos (β t) ) + [−2aαβ − b β]︸ ︷︷ ︸ (0∗∗) eα t ( sen (β t) ) = 0, pois: Lembrando que α = − b 2a e β = √|∆| 2a = √|b2 − 4ac| 2a = √−b2 + 4ac 2a , temos: (∗) [a (α2 − β2) + b α+ c] = a (− b 2a )2 − a ( √−b2 + 4ac 2a )2 + b ( − b 2a ) + c = 4 = [ a b2 4a2 − a ( −b2 + 4ac 4a2 ) − b 2 2a + c ] = [ b2 4a − ( −b2 + 4ac 4a ) − b 2 2a + c ] = b2 + b2 − 4ac− 2b2 + 4ac 4a = 0 (∗∗) [−2aαβ − bβ] = −2a ( − b 2a )(√−b2 + 4ac 2a ) −b (√−b2 + 4ac 2a ) = b (√−b2 + 4ac 2a ) −b (√−b2 + 4ac 2a ) = 0 y2 = e α t ( sen (β t) ) ⇒ y′2 = α eα t ( sen (β t) ) + β eα t ( cos (β t) ) ⇒ ⇒ y′′2 = α2 eα t ( sen (β t) ) + αβ eα t ( cos (β t) ) + αβ eα t ( cos (β t) ) − β2 eα t ( sen (β t) ) ⇒ ⇒ y′′2 = (α2 − β2) eα t ( sen (β t) ) + 2αβ eα t ( cos (β t) ) a y′′2 + b y′2 + c y2 = = a [ (α2 − β2) eα t ( sen (β t) ) + 2αβ eα t ( cos (β t) )] +b [ α eα t ( sen (β t) ) + β eα t ( cos (β t) )] +c [ eα t ( sen (β t) )] = = [ a (α2 − β2) + b α+ c]︸ ︷︷ ︸ (0∗) eα t ( sen (β t) ) + [2aαβ + b β]︸ ︷︷ ︸ (0∗∗)eα t ( cos (β t) ) = 0, pois: Lembrando que α = − b 2a e β = √|∆| 2a = √|b2 − 4ac| 2a = √−b2 + 4ac 2a , temos: (∗) [a (α2 − β2) + b α+ c] = a (− b 2a )2 − a ( √−b2 + 4ac 2a )2 + b ( − b 2a ) + c = = [ a b2 4a2 − a ( −b2 + 4ac 4a2 ) − b 2 2a + c ] = [ b2 4a − ( −b2 + 4ac 4a ) − b 2 2a + c ] = b2 + b2 − 4ac− 2b2 + 4ac 4a = 0 (∗∗) [2aαβ + bβ] = 2a ( − b 2a )(√−b2 + 4ac 2a ) + b (√−b2 + 4ac 2a ) = −b (√−b2 + 4ac 2a ) + b (√−b2 + 4ac 2a ) = 0 y1 = e α t ( cos (β t) ) e y2 = e α t ( sen (β t) ) formam um conjunto fundamental de soluções, pois: W (y1, y2) = ∣∣∣∣∣∣∣∣ eα t ( cos (β t) ) eα t ( sen (β t) ) αeα t ( cos (β t) ) − βeα t ( sen (β t) ) αeα t ( sen (β t) ) + βeα t ( cos (β t) ) ∣∣∣∣∣∣∣∣ = = αe2α t ( cos 2 (β t) ) − βe2α t ( sen (β t) )( cos (β t) ) − αe2α t ( sen 2 (β t) ) − βe2α t ( cos (β t) )( sen (β t) ) = = −2βe2α t ( cos (β t) )( sen (β t) ) 6= 0 se β 6= 0 e t = pi 4β . Como y1 = e α t ( cos (β t) ) e y2 = e α t ( sen (β t) ) formam um conjunto fundamental de soluções, podemos escrever a solução geral da EDO: ay′′ + by′ + cy = 0 com ∆ = b2 − 4ac < 0 por: 5 yG(t) = e αt [ C1 cos (βt) + C2 sen (βt) ] ou yG(t) = [ C1 e αt cos (βt) + C2 e αt sen (βt) ] . Assim, dada uma EDO linear de 2 a ordem com coe�cientes constantes homogênea: a y′′ + b y′ + c y = 0, temos: Equação característica associada: a λ2 + b λ+ c = 0 Se ∆ = b2 − 4 a c < 0 então r1 = α+ βi e r2 = α+ βi, onde α = − b 2a e β = √−b2 + 4ac 2a y(t) = eαt [ C1 cos (βt) + C2 sen (βt) ] é uma solução geral da EDO a y′′ + b y′ + c y = 0. 6 Equações diferenciais ordinárias lineares de 2 a ordem com coe�cientes constantes homogêneas Dada uma EDO linear de 2 a ordem com coe�cientes constantes homogênea: a y′′ + b y′ + c y = 0, temos: Equação característica associada: a λ2 + b λ+ c = 0 Se ∆ = b2 − 4 a c = 0 então temos apenas uma raiz real. r = r1 = r2 = −b±√0 2a = − b 2a y1 = e r t é solução da EDO a y′′ + b y′ + c y = 0, pois: y1 = e r t ⇒ y′1 = r er t ⇒ y′′1 = r2 er t Assim, a y′′1 + b y′1 + c y = a ( r2 er t ) + b ( r er t ) + c ( er t ) = er t (a r2 + b r + c)︸ ︷︷ ︸ =0 = 0 pois: r é raiz da equação característica. Precisamos de mais uma solução ! Precisamos y2 solução da EDO: a y ′′ 1 + b y ′ 1 + c y = 0 tal que W (y1, y2) 6= 0. Para conseguir y2 vamos usar um processo conhecido pelo nome: Redução de Ordem: Como y1(t) = C1 e rt é solução da EDO a y′′1 + b y′1 + c y = 0, vamos tentar encontrar uma solução outra solução da EDO da forma: y1(t) = u e rt onde u é uma função de t, ou seja, u = u(t). Assim, seja: y2(t) = u(t) e rt , temos: y′2(t) = u′(t)ert + r u(t)ert e y′′2(t) = u′′(t)ert + r u′(t)ert + r u′(t)ert + r2 u(t)ert ⇒ y′′2(t) = u′′(t)ert + 2r u′(t)ert + r2 u(t)ert Agora, vamos substituir y2 na EDO a y ′′ + b y′ + c y = 0 e veri�car se existe u = u(t) que faz y2 ser solução. a (u′′(t)ert + 2r u′(t)ert + r2 u(t)ert) + b (u′(t)ert + r u(t)ert) + c (u(t)ert) = 0 ⇒ ⇒ a u′′(t)ert + 2ar u′(t)ert + ar2 u(t)ert + b u′(t)ert + br u(t)ert + c u(t)ert = 0 ⇒ ⇒ ( a u′′(t) + 2ar u′(t) + ar2 u(t) + b u′(t) + br u(t) + c u(t) ) ert = 0 ⇒ ⇒ ( a u′′(t) ) ert + ( 2ar + b ) ︸ ︷︷ ︸ 0(∗∗) u′(t) + ( ar2 + br + c ) ︸ ︷︷ ︸ 0(∗) u(t) ert = 0 ⇒ (∗) Pois r é raiz da equação característica aλ2 + bλ+ c. (∗∗) Como r é raiz com multiplicidade algébrica dois da equação característica aλ2 + bλ+ c, r é raiz da sua derivada 2aλ+ b. ⇒ ( a u′′(t) ) ert + ( 2ar + b ) ︸ ︷︷ ︸ 0(∗∗) u′(t) + ( ar2 + br + c ) ︸ ︷︷ ︸ 0(∗) u(t) ert = 0 ⇒ u′′(t) = 0 O que nos leva a: u′′(t) = 0 ⇒ u′(t) = K1 ⇒ u(t) = K1t+K2. 7 Portanto y2(t) = u(t)e rt é solução da EDO a y′′ + b y′ + c t = 0 (com δ = b2 − 4ac = 0) se u(t) = K1t+K2. Ou seja, y2(t) = (K1t + K2)e rt = K1 t e rt + K2e rt . Como podemos escolher K1 e K2, vamos escolher K1 = 1 e K2 = 0, E temos: Y2(t) = t e rt . y1(t) = e rt e y2(t) = t e rt formam um conjunto fundamental de soluções, pois: W (y1, y2)(t) = ∣∣∣∣∣∣ ert t ert r ert ert + r t ert ∣∣∣∣∣∣ = e2rt + r t e2rt − r t e2rt = e2rt 6= 0. Assim, dada uma EDO linear de 2 a ordem com coe�cientes constantes homogênea: a y′′ + b y′ + c y = 0, temos: Equação característica associada: a λ2 + b λ+ c = 0 Se ∆ = b2 − 4 a c = 0 então r = r1 = r2 = − b 2a . y(t) = C1 e rt + C2 t e rt é uma solução geral da EDO a y′′ + b y′ + c y = 0.
Compartilhar