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Introdução à Neurociência Computacional (Graduação)– Antonio Roque – Aula 15 1 Modelagem de Sinapses Há dois tipos de sinapses, químicas e elétricas. Vamos começar considerando apenas a sinapse química, que é tida como a mais importante segundo a maioria dos neurocientistas. Uma sinapse química padrão conecta o axônio do neurônio que envia o estímulo, chamado de neurônio pré-sináptico, a um dendrito do neurônio que recebe o estímulo, chamado de neurônio pós-sináptico (veja a figura abaixo). Quando um potencial de ação chega ao terminal do axônio do neurônio pré-sináptico, uma série de eventos acontece: - Canais de cálcio na membrana do terminal pré-sináptico se abrem e íons de Ca2+ entram na célula pré-sináptica. - Os íons de Ca2+ provocam a fusão de vesículas que contêm neurotransmissores com a membrana pré-sináptica, liberando esses neurotransmissores na fenda sináptica. - Depois que as vesículas liberam seu conteúdo, elas retornam ao meio intracelular do neurônio pré-sináptico e são “recarregadas” com neurotransmissores para ser usadas novamente no futuro. Introdução à Neurociência Computacional (Graduação)– Antonio Roque – Aula 15 2 - Os neurotransmissores liberados na região do meio extracelular entre os dois terminais sinápticos – chamada de fenda sináptica – se difundem pela fenda sináptica e se ligam a receptores na membrana do dendrito do neurônio pós- sináptico. - Há dois tipos básicos de receptores na membrana do neurônios pós-sináptico: receptores ionotrópicos e receptores metabotrópicos. Os receptores ionotrópicos são canais iônicos que se abrem quando se ligam a um neurotransmissor e deixam passar íons para dentro ou para fora do neurônio pós-sináptico. Os receptores metabotrópicos serão descritos mais adiante. - Dependendo do tipo de neurotransmissor, quando ele se liga a um receptor ionotrópico isso pode provocar uma pequena despolarização local na membrana (pela entrada de carga positiva) ou uma pequena hiperpolarização local na membrana (pela entrada de carga negativa). - Uma despolarização local na membrana é chamada de potencial pós-sináptico excitatório e uma hiperpolarização local é chamada de potencial pós-sináptico inibitório. A figura abaixo mostra um exemplo de um potencial pós-sináptico excitatório. - Um neurônio pré-sináptico sempre libera o mesmo tipo de neurotransmissor: quando ele provoca uma despolarização local, o neurônio pré-sináptico é chamado de excitatório e a sinapse é dita excitatória; quando ele provoca uma hiperpolarização local, o neurônio pré-sináptico é chamado de inibitório e a sinapse é dita inibitória. Introdução à Neurociência Computacional (Graduação)– Antonio Roque – Aula 15 3 - A Figura abaixo ilustra um potencial pós-sináptico excitatório e um potencial pós- sináptico inibitório. É costume referir-se a esses potenciais pós-sinápticos por suas siglas em inglês: EPSP e IPSP. - A transmissão sináptica é um processo muito rápido. O tempo gasto entre a chegada de um potencial de ação ao terminal do neurônio pré-sináptico e a geração de um potencial pós-sináptico (excitatório ou inibitório) é da ordem de um milissegundo. - Para que o neurônio pós-sináptico esteja novamente pronto a ser afetado pela chegada de novos potenciais de ação ao terminal do neurônio pré-sináptico, um processo de liberação muito rápido (de menos de 1 ms) ocorre na sua membrana. - Este processo de liberação é feito por células gliais especializadas, denominadas “transportadoras”. As transportadoras removem os neurotransmissores da membrana pós-sináptica antes da chegada de um novo potencial de ação, alteram sua conformação e os transportam ao neurônio pré-sináptico para que eles sejam re- armazenados nas suas vesículas. - Há também neurotransmissores que não provocam a abertura de canais iônicos de forma direta, mas apenas de forma indireta. Estes neurotransmissores se ligam a receptores específicos que não possuem canais iônicos, os chamados receptores metabotrópicos. - Quando um neurotransmissor se liga a um receptor metabotrópico, este libera proteínas chamadas de “proteínas G” no meio intracelular. As proteínas G se ligam a moléculas sinalizadoras – chamadas de segundos mensageiros – que desencadeiam uma sequência de eventos bioquímicos no interior do neurônio pós-sináptico. Introdução à Neurociência Computacional (Graduação)– Antonio Roque – Aula 15 4 - Esta sequência pode causar diversos fenômenos, como a abertura de canais iônicos, a alteração conformacional (sem a abertura de canais) de proteínas de membrana e de moléculas transportadoras e até alterações na expressão gênica. - As modificações causadas pela ligação de um neurotransmissor com um receptor metabotrópico ocorrem mais lentamente e são mais duradouras do que as modificações causadas pela ligação de um neurotransmissor com um receptor ionotrópico. Além disso, elas podem ocorrer em locais mais distantes da região da sinapse. - A figura abaixo ilustra esquematicamente o funcionamento dos receptores ionotrópicos e metabotrópicos. Os potenciais pós-sinápticos (excitatórios ou inibitórios) têm durações muito maiores que a de um potencial de ação. Um potencial pós-sináptico típico tem uma fase de subida que leva de 1 a 2 ms e um tempo de decaimento mais lento, que leva de 3 a 5 ms. A figura a seguir ilustra um potencial pós-sináptico típico. Introdução à Neurociência Computacional (Graduação)– Antonio Roque – Aula 15 5 O principal neurotransmissor excitatório do cérebro é o glutamato e o principal neurotransmissor inibitório é o GABA (ácido γ-aminobutírico). Os dois podem atuar tanto sobre receptores ionotrópicos como metabotrópicos. Os principais receptores ionotrópicos para o glutamato são os chamados receptores AMPA e NMDA. Eles recebem estes nomes por causa das drogas agonistas que os ativam (ácido α-amino-3-hidroxi-metil-4-isoxazolepropriônico, ou AMPA; e N-metil-D-aspartato, ou NMDA). Tanto os receptores AMPA como NMDA, quando ligados ao glutamato, atuam como canais iônicos para cátions em geral (Na+, Ca2+, etc), embora o receptor NMDA seja mais permeável ao Ca2+ do que o receptor AMPA. As correntes resultantes (para dentro da célula) têm potenciais de reversão em torno de 0 mV. A corrente iônica associada ao receptor AMPA é ativada e inativada muito rapidamente. Já a corrente associada ao receptor NMDA é ativada mais lentamente e a sua inativação é muito mais lenta. Além disso, a condutância dos receptores NMDA tem uma dependência com a voltagem mais complicada e o seu comportamento não pode ser reproduzido pelo modelo padrão de Hodgkin-Huxley. Para modelá-la, é necessário modificar um pouco o modelo de Hodgkin-Huxley. O neurotransmissor inibitório GABA ativa dois tipos de receptores, chamados de GABAA e GABAB. O receptor GABAA é ionotrópico e constitui um canal iônico para o Cl− cuja condutância se ativa e inativa de maneira relativamente rápida. Já o receptor GABAB é metabotrópico e produz um aumento mais lento e duradouro da condutância ao K+. As correntes resultantes (para dentro ou para fora da célula) têm potenciais de reversão em torno de −75 mV. Estudos experimentais com o uso da técnica de patch-clamp (ver aula 10), que permite o registro da atividade de um único canal, mostram que os potenciais pós-sinápticos são eventos macroscópicos resultantes do comportamento de uma população de canais iônicos que transitam rapidamente entre os seus estados condutor e o não condutor. Introdução à Neurociência Computacional (Graduação)– Antonio Roque– Aula 15 6 Por causa disso, a geração dos potenciais pós-sinápticos pode ser bem modelada pelo formalismo de Hodgkin e Huxley, que descreve o comportamento temporal de voltagens e correntes em termos de alterações em condutâncias (a única exceção é condutância dos receptores NMDA). Como se trata de sinapses, essas condutâncias são chamadas de condutâncias sinápticas. Segundo o formalismo de Hodgkin-Huxley, a corrente sináptica pela membrana do neurônio pós-sináptico produzida após a chegada de um potencial de ação ao terminal do neurônio pré-sináptico é dada por (1) onde gsin(t) é a condutância sináptica (que descreve a variação na condutância dos canais sinápticos na membrana do neurônio pós-sináptico), Vpós(t) é a voltagem de membrana do neurônio pós-sináptico e Esin é o potencial de reversão (equilíbrio) da sinapse. Existem várias maneiras de modelar a condutância sináptica gsin(t). Uma maneira muito popular em modelos de redes de neurônios é assumir que gsin(t) é uma função pré- determinada de t que vale 0 para t < t0, onde t0 é o instante da chegada do potencial de ação ao terminal pré-sináptico, e é positiva para t > t0: (2) onde é uma constante escolhida de tal forma que gsin(tpico) = gpico, onde gpico é o valor de pico da curva descrita pela condutância sináptica a partir de t0. As formas funcionais pré-determinadas mais usadas para a função z(t) são: a) Decaimento exponencial simples: (3) ó Introdução à Neurociência Computacional (Graduação)– Antonio Roque – Aula 15 7 b) Função alfa (assim chamada porque Rall lhe deu este nome em 1967): (4) c) Duas funções exponenciais: (3) para a modelagem de neurônios, a condutância de uma sinapse é representada pela condutância máxima da sinapse (quando todos os canais sinápticos estão abertos), g , multiplicada pela fração de canais sinápticos abertos, r(t), onde r é uma variável com valor entre 0 e 1. Inserir aqui o material sobre funções alfa (ver curso SAIFR2) A dependência temporal de r é governada pela dinâmica de liberação de neurotransmissores do neurônio pré-sináptico após a chegada de um potencial de ação ao seu terminal e pela dinâmica de ligação desses neurotransmissores com os receptores localizados no neurônio pós-sináptico. Essa dinâmica pode ser modelada por um modelo cinético de dois estados (ver, por exemplo, Destexhe et al., 1998) ,TRTR β α ← → + (1) onde R representa a quantidade de receptores não-ligados, T representa a quantidade de transmissores liberada, TR representa a quantidade de receptores ligados a transmissores e Introdução à Neurociência Computacional (Graduação)– Antonio Roque – Aula 15 8 α e β representam as taxas de transição entre os dois estados do sistema. As concentrações de R e de TR devem obedecer à seguinte equação de conservação: [ ] [ ] .1=+ TRR Este modelo implica que a fração de receptores ligados (ou de canais abertos) r(t) obedece à seguinte equação diferencial (considerando que existe um grande número de canais iônicos e desprezando flutuações estatísticas): ( ) ).()(1)( trtrT dt tdr βα −−= (2) Esta equação pode ser resolvida exatamente a partir da hipótese de que a liberação de neurotransmissores ocorre em pulsos quadrados e idênticos disparados sempre que o potencial de ação pré-sináptico ultrapassa um dado limiar (por exemplo, 0 mV). Considerando que um pulso se inicia em t0 e vai até t1 (duração igual a t1 − t0) e que a sua amplitude é constante e igual a Tmax, podemos dividir o pulso em duas fases distintas: (a) durante um pulso; e (b) após um pulso. A equação (2) pode ser resolvida analiticamente para cada uma dessas duas fases. Seja: a) Durante um pulso (t0 < t < t1): T = Tmax; b) Após um pulso (t > t1): T = 0. Durante o pulso – caso (a) –, a equação (2) fica, ( ) ( ) .)()(1)( maxmaxmax rTTtrtrTdt tdr βααβα +−=−−= Dividindo-se ambos os lados por (αTmax+β), ( ) ( ) .)(1 max max max r T T dt tdr T − + = + βα α βα Definindo-se, ( ) , max max βα α + ≡∞ T Tr (3) Introdução à Neurociência Computacional (Graduação)– Antonio Roque – Aula 15 9 ( )βα τ + ≡ max 1 T , (4) pode-se reescrever a equação (2) como, .)( rr dt tdr −= ∞τ (5) Esta equação tem como solução (lembre-se que ela é válida para t0 < t < t1): ( ) τ )( 00 0 )()( tt ertrrttr − − ∞∞ −+=− . (6) Após o pulso – caso (b) –, a equação (2) torna-se, ),()( tr dt tdr β−= (7) cuja solução (lembre-se que ela é válida para t > t1) é: .)()( )(11 1 ttetrttr −−=− β (8) A condutância sináptica é modelada pela equação, ).()( trgtgs = (9) Para cada fase de um pulso (durante ou depois dele), r(t) obedece, ou à equação (6), ou à equação (8). Da mesma forma, a corrente sináptica associada à condutância acima é dada por: ( )ss EVtgI −= )(sin , (10) onde V é o potencial de membrana, Es é o potencial de reversão da corrente sináptica e gs(t) é a condutância da sinapse dada por (9). Para cada fase de um pulso, ela é modelada pelas equações (6) ou (8). A aproximação de tratar as quantidades de neurotransmissores liberadas como pulsos quadrados idênticos simplifica bastante a resolução numérica de um sistema de neurônios Introdução à Neurociência Computacional (Graduação)– Antonio Roque – Aula 15 10 acoplados sinapticamente. Ao invés de ter que resolver uma equação diferencial como a (2) para cada sinapse, basta calcular numericamente a equação (6) ou a (8), dependendo da fase do pulso em que se esteja, e isto envolve basicamente o cálculo de exponenciais (que podem ser pré-calculadas e tabeladas para facilitar a eficiência computacional). Para maiores detalhes sobre como implementar numericamente o modelo descrito pelas equações (6) e (8), sugere-se o artigo de Destexhe et al. (1998). Uma simulação de uma sinapse excitatória entre dois neurônios modelada pelas equações (6) e (8) foi feita por Giugliano e Arsiero (2006). Uma figura desse artigo é reproduzida abaixo, mostrando que o modelo captura as propriedades de saturação e somação temporal quando ocorrem múltiplos eventos pré-sinápticos. Foi mencionado acima que a condutância do receptor NMDA tem uma dependência com a voltagem diferente da observada nas outras condutâncias. Para modelar essa dependência, a corrente sináptica por um receptor NMDA costuma ser descrita da forma usual (equação 10) multiplicada por um termo a mais que depende de V: ( )sNMDAsNMDA EVVgtrgI −= )()(NMDA . (11) Nesta equação, os termos NMDAg , rs(t) e Es têm as interpretações usuais descritas acima. O termos gNMDA(V), no entanto, descreve uma dependência a mais da condutância do receptor NMDA em relação à voltagem V devido ao fato de que quando o potencial de membrana do neurônio pós-sináptico está próximo do seu valor de repouso os receptores NMDA são bloqueados por íons de magnésio (Mg2+). Quando o neurônio pós-sináptico édespolarizado, esses íons de magnésio são removidos dos receptores e permitem a passagem de carga elétrica. Introdução à Neurociência Computacional (Graduação)– Antonio Roque – Aula 15 11 Jahr e Stevens (1990) propuseram, a partir de um ajuste de curvas experimentais, uma expressão para descrever o comportamento de gNMDA(V) que tornou-se amplamente utilizado em modelos computacionais. A expressão deles é: [ ] ( ) .mV 13,16/exp mN 57,3 Mg1)( 12 −+ ⎟⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎝ ⎛ −+= VVgNMDA (12) Os canais iônicos formados pelos receptores NMDA conduzem tanto íons de cálcio (Ca2+) como cátions monovalentes (principalmente Na+). A entrada no neurônio pós-sináptico de íons de cálcio por seus receptores NMDA é um fenômeno crítico para a modificação de longa duração da eficácia sináptica. Note que a abertura dos receptores NMDA depende tanto da despolarização do neurônio pré-sináptico (pela chegada de um potencial de ação no seu terminal) como da despolarização do neurônio pós-sináptico (para que haja a retirada dos íons de magnésio). Portanto, os receptores NMDA atuam como detectores de coincidência de atividade nos neurônios pré- e pós-sináptico. Eles, portanto, desempenham um importante papel com relação à chamada regra de Hebb para plasticidade sináptica que será vista na próxima aula. O fenômeno conhecido como depressão sináptica pós-ativação refere-se à diminuição da amplitude do potencial pós-sináptico durante uma ativação sináptica repetitiva. Pode-se modelar este fenômeno segundo o formalismo proposto por Abbott et al. (1997). Segundo este formalismo, a condutância de uma sinapse é modelada por ),()()(sin trtzgtg = (13) onde z(t) é uma variável que controla a eficácia sináptica. O valor de repouso desta variável é tomado como 1, porém, sempre que ocorrer uma transmissão sináptica esse valor é reduzido por um fator constante f (f < 1), Introdução à Neurociência Computacional (Graduação)– Antonio Roque – Aula 15 12 .fzz→ Após a redução, z(t) retorna exponencialmente ao seu valor de repouso com uma constante de tempo τrec, ).(1)(rec tzdt tdz −=τ (14) Caso o intervalo entre dois spikes seja grande o suficiente, a variável de controle da eficácia sináptica voltará ao seu valor de repouso. Com a diminuição do intervalo entre spikes, isto é, com o aumento da freqüência dos potenciais de ação pré-sinápticos, a variável de controle sofre forte redução. Isto implica em potenciais pós-sinápticos menores e na conseqüente depressão pós-ativação. Este mesmo modelo pode ser usado para modelar o fenômenos de facilitação sináptica de curta duração, basta fazer f > 1. O resultado de uma simulação da mesma sinapse entre dois neurônios do exemplo anterior (Giugliano e Arsiero, 2006) com o modelo de depressão sináptica pós-ativação está mostrado na figura abaixo. Com relação às sinapses elétricas, pode-se modelá-las como resistências elétricas conectando os citoplasmas de dois neurônios. A figura abaixo ilustra o circuito equivalente correspondente a esse modelo. A sinapse elétrica é modelada como uma gap junction conectando dois compartimentos modelados segundo o esquema de Hodgkin-Huxley. Introdução à Neurociência Computacional (Graduação)– Antonio Roque – Aula 15 13 A conexão entre os citoplasmas das duas células é feita por uma resistência ôhmica RGJ. As resistências variáveis modelando os canais ativos das duas células não estão mostradas para não sobrecarregar a figura. A figura também ilustra o processo de estimulação de uma célula por injeção de corrente externa, Iinj, mostrando que parte dela pode escapar pela gap junction e ir para a outra célula. Referências 1. Abbott, L. F., Varela, J. A., Sen, K. and Nelson, S. B., Synaptic depression and cortical gain control. Science, 275:220-224, 1997. 2. Destexhe, A., Mainen, Z. F. and Sejnowski, T. J., Kinetic Models of Synaptic Transmission. In: Koch, C. and Segev, I. (eds.), Methods in Neural Modeling: From Ions to Networks, 2nd. Edition. Cambridge, MA: MIT Press, 1998, pp. 1-25. 3. Giugliano, M. and Arsiero, M., Modeling of biological neuronal networks. In: Akay, M. (ed.), Wiley Encyclopedia of Biomedical Engineering, New York, Wiley, 2006. 4. Jahr, C. E. and Stevens, C. F., A quantitative description of NMDA receptor channel kinetic behavior. Journal of Neuroscience, 10:1830-1837, 1990.
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