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Processo Penal


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Processo nº 0010865-05.2014.8.24.0081
Foro de Chapecó 1ª Vara Criminal
Ação Penal - Júri
Infração: Crimes Contra a Vida
Autor: Justiça Pública do Estado de Santa Catarina
Denunciado: Egidio Narciso
Vítima: Alex de Almeida Batista
PARECER JURÍDICO
Trata-se de pedido de parecer jurídico contratado pelo réu EGIDIO NARCISO, o qual, nos autos da ação penal nº 0010865-05.2014.8.24.0081, foi denunciado pelas infrações contidas no artigo 121, § 2.º, incisos II e IV, c/c o artigo 14, inciso II, todos do Código Penal, no artigo 244-B do Estatuto da Criança e Adolescente e no artigo 63, inciso I, da Lei de Contravenções Penais.
I DO RESUMO DO PROCESSO
I.1. DENÚNCIA (fls. II E III)
Cuida-se de processo-crime instaurado em 19 de janeiro de 2015.
Consta da denúncia de fls. II e III que “no dia 7 de dezembro de 2014, por volta das 23 horas, na Rua Avio Bitencourt Ribas, n.º 193, bairro Santa Terezinha, no município de Xaxim/SC, mais precisamente no estabelecimento comercial ''Bar da Janete'', o denunciado Egidio Narciso e seu filho, o adolescente Marcos Egídio Narciso, com evidente animus necandi, desferiram 5 (cinco) disparos de arma de fogo contra a vítima Alex de Almeida Batista, causando-lhe as lesões descritas no Laudo Pericial da fl. 14. Salientam que os agentes somente não consumaram seu desiderato criminoso por circunstâncias alheias às suas vontades, pois a vítima foi socorrida por populares e encaminhada imediatamente ao Hospital Frei Bruno no município de Xaxim/SC e posteriormente ao Hospital Regional São Paulo no município de Xanxerê/SC.”.
Narra ainda, que o denunciado Egídio Narciso e seu filho Marcos Egídio Narciso, de apenas 14 anos de idade, estavam no ''Bar da Janete'' quando a vítima Alex de Almeida Batista chegou no local para conversar com seu ex-sogro. Na ocasião, ao adentrar no Bar, a vítima foi atingida pelos disparos de arma de fogo efetuados pelo adolescente Marcos Egídio Narciso. Narciso, de apenas 14 anos de idade, estavam no ''Bar da Janete'' quando a vítima Alex de Almeida Batista chegou no local para conversar com seu ex-sogro. Na ocasião, ao adentrar no Bar, a vítima foi atingida pelos disparos de arma de fogo efetuados pelo adolescente Marcos Egídio Narciso.
Por fim, a denúncia declara que o crime foi praticado por motivo fútil, uma vez que o denunciado resolveu ceifar a vida da vítima em razão de um desentendimento entre um de seus filhos (Gustavo) e a vítima, quando ambos estavam segregados no Presídio Regional de Xanxerê/SC, entre os anos de 2012 a 2014. Também se alega que o crime foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa do ofendido, pois os agentes atacaram a vítima de maneira inesperada, impedindo-a de esboçar qualquer reação defensiva, quando esta adentrou no ''Bar da Janete'' para conversar com seu ex-sogro. Ato n.º 2 Ainda, nas mesmas condições de tempo e local, o denunciado Egídio Narciso corrompeu o adolescente Marcos Egídio Narciso (nascido em 13/4/2000), induzindo-o, instigando-o e com ele praticando a infração penal descrita no artigo 121, § 2.º, incisos II e IV, c/c o artigo 14, inciso II, todos do Código Penal. Ato n.º 3 Não bastasse, ainda nas mesmas condições de tempo e local, o denunciado Egídio Narciso serviu bebida alcoólica (cerveja) para seu filho, o adolescente Marcos Egídio Narciso, nascido em 13/4/2000, com 14 anos à época dos fatos.
Por tais fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia Egidio Narciso pelas sanções do artigo 121, § 2.º, incisos II e IV, c/c o artigo 14, inciso II, todos do Código Penal, no artigo 244-B do Estatuto da Criança e Adolescente e no artigo 63, inciso I, da Lei de Contravenções Penais.
A denúncia tem por base os fatos investigados no Inquérito Policial nº 270.14.00500/1ªDP (fls. 01/57). 
I.2 INQUÉRITO POLICIAL (fls 01/57)
I..2.1 DO LAUDO DE EXAME CADAVÉRICO
Laudo nº 0415520/2014 - fl.14 
Em 08 de dezembro de 2014, na cidade de Xanxerê/SC, no Núcleo Geral de Perícias, foi procedido o exame pericial em Alex de Almeida Batista o qual se encontrava internado no hospital, com curativos na linha média do abdome (cirurgia) e no flanco e antebraço direito. 
Dos quesitos respondidos obteve-se o seguinte laudo:
1º – Se houve ofensa a integridade corporal da vítima: Sim
2º – Qual o instrumento ou meio que produziu a ofensa: Perfuro contundente
3º - Se foi produzido por meio de fogo, veneno, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel: Prejudicado
4º – Se resultou incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 (trinta) dias: Sim
5° - Se houve perigo de vida: Não
Legista 1: MARCO ANTONIO SCIREA TESSEROLI
I.2.4 DAS DECLARAÇÕES (fls. 06)
Na fase investigatória foram ouvidas várias testemunhas, a saber:
Janete Xavier de Lima (fl.06), relatou que se encontrava no local dos fatos “Bar da Janete” quando chegou seu ex genro Alex Almeida Batista, vítima nestes autos, sendo alvejado por tiros disparados por Marcos. Afirmou também ter visto que o pai do adolescente fazer sinal com a cabeça para que ele realizasse os disparos.
Isabel Alves Casemiro (fl.08), afirmou que estava no “Bar da Janete” quando a vítima chegou e foi alvejada por tiros pelo filho de Egidio, o qual ordenou com a cabeça para que este efetuasse os disparos e em seguida fugiram do local. Ressaltou ter visto o acusado permitindo que seu filho adolescente ingerisse bebida alcoólica (cerveja).
Itacir Alves Casemiro (fl. 09) relatou que estava no local dos fatos com sua esposa quando a vítima chegou e foi alvo de disparos realizados por Marcos que obedecia a sinal do acusado.
Alex de Almeida Batista (fl.12) relatou que no dia dos fatos foi até o “Bar da Janete” para conversar com sua ex sogra, mas ao chegar no local foi alvejado pelo filho de Egidio, após este acenar com a cabeça para que efetuasse os disparos. Afirmou que após ser atingido fugiu do local correndo sendo socorrido por Itacir. Acredita que foi alvejado em virtude de uma discussão que teve com o filho do acusado entre os anos de 2012 e 2014 enquanto estava recluso no Presídio de Xanxerê, e após esse fato passou a ser ameaçado pelo acusado.
Marcos Egidio Narciso (fl.18) disse que estava no local no dia dos fatos para buscar seu pai, Egidio Narciso, que lá estava bebendo, quando a vítima chegou com uma faca em direção ao declarante, tendo ele realizado disparos com sua arma contra ele. Afirmou que quando efetuou os disparos seu pai já não estava mais no bar.
Claudio Antunes de Oliveira (fl. 38) confirmou que no dia dos fatos o acusado estava junto com seu filho no bar, porém não viu o mesmo fazer algum sinal para que ele realizasse os disparos. 
Kassio Zortea (fl.40) declarou que estava conversando com a vítima no momento dos disparos realizados contra ela pelo filho do acusado e afirma que a vítima não portava nenhuma faca.
I.2.5 DO INTERROGATÓRIO POLICIAL (fl.36)
Também no Inquérito Policial no dia 16 de dezembro, o acusado Egidio Narciso (fl. 36) realizou seu direito constitucional de permanecer em silêncio.
I.2.6 DA PRISÃO PREVENTIVA (fls. 20/32)
A autoridade policial realizou pedido de prisão preventiva fundamentado nos artigos 311 e seguintes do Código de Processo Penal, alegando estar convicta da imprescindibilidade da medida, pugnando pela expedição de mandado de prisão.
O meritíssimo Juiz por intermédio da decisão interlocutória de fls. 27/32 decretou a prisão preventiva do acusado por estar evidenciada a necessidade da segregação cautelar do representado para a garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal, determinando a expedição de alvará de prisão.
O mandado de prisão foi cumprido pela autoridade policial à fl. 32, sendo o acusado preso preventivamente em 16 de dezembro de 2014.
4. DO RELATÓRIO INQUÉRITO POLICIAL Nº 270.14.00500/1ª DP:
Encerrando o procedimento de investigação policial, o Ilmo. Senhor Delegado elaborou relatório concluindo, em síntese, o seguinte:
No momento do crime o bar estava aberto e o menor estava juntamente com seu pai, ora acusado, ingerindo bebida alcoólica.Quanto a autoria dos disparos não resta dúvidas de que foi o adolescente (Marcos) como indicaram todas as testemunhas presentes. 
Os indícios quanto a ordem do pai Egidio para que o menor realizasse os disparos são robustos, pois três testemunhas foram categorias ao afirmar que o viram acenar com a cabeça para que o menos realizasse os disparos. Os indícios indicam que o pai se valeu da imputabilidade do filho para executar o crime.
Anotou-se que o crime foi realizado por motivo fútil, qual seja desentendimento anterior entre a vítima e um filho do acusado. Ademais ressaltou-se a impossibilidade e defesa da vítima, que de imediato passou a ser alvejada pelos disparos de arma de fogo.
Segundo, o Delegado de Polícia, as circunstâncias do ilícito são claras, a autoria e a materialidade encontram-se suficientemente deflagradas, razão pela qual indício Egidio Narciso pela prática, em tese, do crime de tentativa de homicídio, capitulado no do artigo 121, § 2.º, incisos II e IV, c/c o artigo 14, inciso II, todos do Código Penal.
I.3 DO PROCESSO-CRIME
I.3.1 CERTIDÕES DE ANTECEDENTES CRIMINAIS (132-138)
Às fls.60/61, foram juntadas as certidões de antecedentes criminais, dando conta de que Egidio Narciso não é réu primário, inclusive com condenação julgada e transitada em julgado.
Já nas fls. 02/03 o Ministério Público denunciou o acuado Egidio Narciso pela prática das sanções do artigo 121, §2°, incisos II e IV, c/c artigo 14, inciso II, todos do Código Penal, no artigo 244 – B do ECA e no artigo 63, inciso I, da Lei de Contravenções Penais.
A denúncia foi recebida, uma vez que foi identificada a legitimidade das partes e a justa causa da demanda. Foi determinada a citação do acusado para a apresentação da resposta à acusação no prazo de 10 (dez) dias.
DO PARECER 
		DA PROPOSTA DE CONTRATAÇÃO DO ADVOGADO
Proposta de honorários para a defesa dos interesses Do Processo nº 0010865-05.2014.8.24.0081 em curso na Ação Penal de Tribunal de Júri.
Da resposta da acusação
A partir da realização da citação do acusado, a defesa deverá apresentar resposta à acusação no prazo de 10 (dez) dias. Uma vez que o acusado se manter inerte após a citação, sem a constituição de defensor dativo, poderá o juízo nomear um defensor para a finalidade.
De acordo com o artigo 406, §3° do Código de processo penal, na resposta à acusação o defensor do acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interessa a defesa. É neste momento que a defesa deve especificar as provas pretendidas e arrolar as testemunhas .
Poderá também opor exceções nos termos do artigo 95 do CPP, que serão julgados em autos apartados, quais sejam: de suspeição, impedimento, incompetência do juízo, ilegitimidade da parte e de coisa julgada, de acordo com o caso.
Do recebimento da resposta à acusação 
Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias e após, o juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
3.Da audiência de instrução e julgamento
Nos moldes do artigo 411 do CPP, realizarar-se audiência de instrução e julgamento, na qual proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate.
Ainda de acordo com o artigo 411 do CPP, as partes apresentaram alegações finais orais e após, encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos.
4.Da pronúncia, impronúncia ou absolvição sumária
O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação ou  não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado. Ainda se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança para a concessão ou manutenção da liberdade provisória.
Do mesmo modo, conforme o artigo 415 o CPP, o juiz fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: I – provada a inexistência do fato;   II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;  III – o fato não constituir infração penal; IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.
5. Da pronúncia 
Se houver a pronúncia do acusado, ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência.
O julgamento do réu ocorrerá em plenário. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento.
Em data designada, prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor do acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação.
VALORES/CUSTOS 
 Por ato isolado: 
Parecer jurídico: R$ 5.000,00 
Defesa de procedimento do júri até pronúncia: R$ 15.000,00 
Defesa de procedimento do júri em plenário: R$ 25.500,00 
Recurso de Apelação: R$ 3.700,00 
Apresentar contrarrazões de recurso – se interposto pelo MP: R$ 2.500,00
 Recurso Especial – Se cabível: R$ 6.000,00 
Recurso Extraordinário – Se cabível: R$ 6.000,00 
Valor global de causa 
Realizar todos os atos processuais necessários ao deslinde da causa, pelo valor total de R$50.000,00 (cinquenta mil) reais.
	
LARISSA SOARES
OAB/SC 000-0