Prévia do material em texto
MANEJO DE DEJETOS Profa. Dra. Verônica Oliveira Vianna Ecologia e Gestão Ambiental Zootecnia - UEPG Manejo de dejetos - Suinos Cama de maternidade amontoada ao ar livre = mosca Impactos da produção animal - cama O que está acontecendo aqui? TIPOS DE MANEJO . Esterqueiras; Lagoas de estabilização; Biodigestores; Compostagem ESTERQUEIRAS Depósito onde os dejetos são armazenados e tratados simultaneamente. Regiões com ampla variação sazonal de temperatura, a EMBRAPA AVES E SUÍNOS recomenda uma profundidade de 2,5 m. A esterqueira deve ser dimensionada para um período de 120 dias de estocagem. REVESTIDAS. Quando utilizar? As esterqueiras podem ser utilizadas quando o produtor possuir área suficiente (própria ou de terceiros) para aplicação no solo, sendo os critérios utilizados altamente variáveis e geralmente bastante questionados. O estado de Santa Catarina por exemplo através da Instrução Normativa número 11 (http://www.fatma.sc.gov.br), limita sua aplicação a 50m3/ha/ano. Verificar Os materiais mais comuns utilizados para revestimento são pedras argamassadas, alvenaria de tijolos, lonas de PVC ou PEAD. A área do entorno da esterqueira deve ser isolada para evitar a ocorrência de acidentes com animais ou mesmo pessoas. As águas de chuva devem ser desviadas para que seja impedida sua entrada na esterqueira pois isto causará uma excessiva diluição dos dejetos incrementando sensivelmente os custos de armazenagem e transporte. Para o correto dimensionamento da esterqueira considerar a capacidade de produção de dejetos (Tabela 1). Tipo de granja Nível de diluição Pouca Média Muita Ciclo completo (l/matriz) 100 150 200 UPL (l/matriz) 60 90 120 UT (l/animal) 7,5 11,2 15 Fonte: Perdomo et al. (1999). Onde: UPL: Unidade produtora de leitões e UT: Unidade de terminação Obs: A título de licenciamento alguns estados utilizam dados que podem diferir da tabela acima, sugere-se consultar o órgão ambiental estadual. Tabela 1 – Volume de dejetos produzidos de acordo com o tipo de granja por dia. De posse desses dados, calcula-se o volume da esterqueira pela equação: V= Vd x Ta Onde: V = Volume da esterqueira (em m3) Vd = Volume de dejetos produzido (em m3/dia) Ta = Tempo de armazenamento (ex.: o estado de Santa Catarina estipula um mínimo de 120 dias) Esterqueiras construídas dentro dos padrões técnicos Detalhe do canal de manejo de dejeto LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO As lagoas de estabilização são basicamente bacias terrestres, projetadas dentro de critérios técnicos e científicos com a intenção de tratar águas residuárias brutas ou efluentes pré-tratados. Os resíduos são submetidos à degradação biológica natural, envolvendo principalmente bactérias e algas (Silva e Mara, 1979), de maneira a estabilizar, ou seja, mineralizar o máximo possível de sua carga orgânica e destruir microorganismos patogênicos e não patogênicos nelas existentes. LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO No caso de tratamento de suínos, as lagoas de estabilização mais utilizadas são: Anaeróbias; Facultativas; Aeróbias; e de aguapé. Lagoa Anaeróbica Convencional OBJETIVO : destruição e estabilização de carga orgânica, remoção de poluentes e Coliformes fecais. DESCRIÇÃO : estrutura retangular escavada na terra, profunda ( >2,5 m) e revestida de lona plástica. DESEMPENHO : remoção é de 80 % da DBO5, 50% de ST, 25% de N, 60% de P, 45% de K e de 99% de CF para afluentes que sofreram decantação FORMA DE OPERAÇÃO : alimentação e drenagem em regime contínuo. Lagoas Anaeróbias Condições para o desenvolvimento das bactérias metanogênicas: Ausências de oxigênio dissolvido; Temperatura do líquido adequada (acima de 15°C); pH adequado (próximo ou superior a 7) Lagoa Anaeróbia Etapa inicial remoção de poluentes: ação de forças físicas Sólidos suspensos Sólidos sedimentáveis Microrganismos da degradação da MO, são encontrados em toda massa líquida LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO Na fase de digestão ácida praticamente não ocorre a redução de DBO ou DQO, o que vai acontecer na fermentação metânica. A crosta cinzenta escura de escuma, típica de lagoas anaeróbias extremamente benéfica , pois: impede o desprendimento de gás sulfídrico para a atmosfera; Interpõe à penetração de luz solar na lagoa, impedindo assim o desenvolvimento de algas, que produzem oxigênio na camada superior; Conserva e uniformiza a temperatura no meio líquido, impedindo a sua alteração por súbita modificação no meio externo; Impede o maior aquecimento da superfície líquida durante o dia, e o rápido esfriamento durante a noite. Lagoas Anaeróbias Grade Fase Sólida Fase Sólida Cx de areia Medição de vazão Lagoa Anaeróbia Lagoa Facultativa Corpo Receptor Sistema Australiano Lagoas Facultativas OBJETIVO : redução de carbono, de Coliformes fecais e de nitrogênio e fósforo através de atividade simbiótica com algas. DESCRIÇÃO : estrutura retangular esca vada na terra, rasa (1,2 m) e revestida de lona plástica. DESEMPENHO : remoção de 40 % de ST, 45 % de DBO5, 65% de N, 40% de P, 37% de K e de 98% de CF para afluentes de lagoa anaeróbia. FORMA DE OPERAÇÃO : alimentação e drenagem em regime contínuo. Lagoa aerada facultativa zona anaeróbia zona facultativa zona aeróbia algas bactérias CO2 O2 Figura 7- Lagoa de estabilização de dejetos de suínos Lagoa Facultativa LAGOAS ANAERÓBIAS + LAGOAS FACULTATIVAS Lagoa aeróbica BIORREMEDIAÇÃO É um processo que utiliza microrganismos (decompositores) naturais ou modificados geneticamente, tais como levedura, fungos, bactérias, para transformar substâncias nocivas em compostos menos nocivos ou não tóxicos. OBJETIVO:redução de poluentes, de patógenos e agregação de valor através do aumento do nitrogênio orgânico. DESCRIÇÃO : composto de bactérias saprófitas aeróbias, microaerófilas e anaeróbias facultativas em suporte poroso, em meio líquido, de silicato de alumínio e potássio. DESEMPENHO :remoção de 92% da DQO, 84% ST, 43% de NH4, 86,7% de NT e 92% de PT. FORMA DE OPERAÇÃO :choque inicial e dose de manutenção a intervalos de 14 dias; aplicação sobre piso de baias, esterqueiras ou fossas; redução de 25% da dosagem a partir da terceira aplicação Condições Os resíduos devem ser susceptíveis à degradação biológica e estar presentes sob uma forma física acessível para os microrganismos; Os microrganismos apropriados devem estar disponíveis; Condições ambientais devem ser apropriadas, tais como pH, temperatura e nível de oxigênio PRINCIPAIS PARÂMETROS ANALÍTICOS: pH = ideal = 6,5 a 7,5; DBO/DQO = Representa o conteúdo de MO do resíduo a ser digerido; Verifica a eficiência da remoção de MO do processo, no caso em que seus efluentes devam ser lançados em corpos d´água. Legislação. SÓLIDOS TOTAIS E SÓLIDOS VOLÁTEIS = Acúmulo nas lagoas em forma de crostas ou de lodo no fundo. A utilização destes microrganismos proporciona uma rápida digestão dos sólidos orgânicos acumulados, liquefazendo crostas superficiais e reduzindo a quantidade de lodo acumulado no fundo. BACTÉRIAS PATOGÊNICAS = Microrganismos presentes nestes compostos estabelecem dominância biológica das bactériasdecompositoras benéficas, reduzindo a população de bactérias nocivas. AGENTES TÓXICOS = Bactericidas, detergentes, etc, podem afetar a atividade microbiológica. BIODIGESTORES Consiste em simular condições anaeróbias (estruturas vedadas) para que as bactérias realizem a decomposição dos dejetos. E produzindo o biogás (Metano). Biodigestor contínuo modelo Indiano Depto. de Eng. Rural / UNESP - Jaboticabal. Metabolismo Anaeróbio: 1° Estágio = Acidogênese. Comp. Inorgânicos Hidrólise enzimática Comp. Orgânicos Solúveis Principais produtos: ácido butírico e propiônico; 2° Estágio = Acetogênese. Comp. Orgânicos Solúveis = substrato para outro grupo de microrganismo que transformam os ácidos orgânicos em Acetato. 3° Estágio = Metanogênese. Acetato serve de substrato para produção de Metano. Figura 14-Etapas metabólicas do processo de digestão anaeróbia em biodigestor, segundo Santos (2001). Tabela 1. Potencial de geração de biogás a partir de diferentes resíduos orgânicos. Animal (PV - kg) kg esterco/ animal/dia m3biogás/k g esterco m3biogás/k g SV m3biogás/a nimal /dia Bovino (500) 10 – 15 0,038 0,094-0,31 0,36 Suíno (90) 2,3 – 0,18 0,079 0,37 – 0,50 0,24 Aves (2,5) 0,12 – 0,18 0,050 0,31 – 0,62 0,014 Fonte: Adaptado de Oliveira e Otsubo (2002).. SV= Sólidos Voláteis ☺ Seu Zé Pergunta : Posso utilizar o dejeto de bovino, ovino, eqüino ou cama de aviário em um biodigestor? RELAÇÃO CARBONO/NITROGÊNIO (C/N) Ideal = 30/1 quanto mais um elemento se aproximar desta relação mais rapidamente ele será decomposto. Material Relação C/N Palha de Milho 64/1 Esterco Bovino 18/1 Esterco Eqüino 25/1 Esterco Suíno 20/1 BIODIGESTOR: Possíveis problemas e soluções: Metabolização anaeróbia: Fase acidogênica está prevalecendo sobre a metanogênica. Isso pode ter ocorrido por: - Tempo de retenção insuficiente; - Sobrecarga orgânica; Queda de temperatura brusca; Entrada no biodigestor de material tóxico para as bactérias. Sintomas: - Eficiência da remoção de DBO diminui; e - Efluente do biodigestor apresenta mau cheiro. - Efluente do biodigestor TURVO - Problemas na manta do lodo, que pode estar sofrendo arraste. Isto pode ser devido a variação brusca da carga hidráulica Solução: Controle da carga hidráulica. Análises recomendadas para o monitoramento: - BIODIGESTOR: Microbiológico; parasitológico; DBO; DQO; pH, sólidos totais. Biossistemas integrados Biossistema integrado Criação de Suínos em Leito de Cama sobreposta Unidade produtora de suínos crescimento/terminação. Sistema de cama maravalha Unidade produtora de suínos na fase de gestação. Sistema de cama maravalha 1. OBJETIVO : redução do poder poluente, de patógenos e agregação de valor através da produção de substrato sólido. 2. DESCRIÇÃO : sistema composto de uma edificação simples, com divisórias intermediárias opcionais, com 1/3 do piso do tipo compacto e 2/3 em forma de tanque aberto ( profundidade de 0,40 e 0,50m) para recebimento de cama forma gradativa. 3. DIMENSIONAMENTO : área de 1,20 m² por suíno alojado na fase de terminação e volume de cama na ordem de 0,48 a 0,60 m³, por suíno. 4. ESTRUTURA COMPLEMENTAR : sistema de compostagem suplementar, de transporte e distribuição de substrato seco. 5. DESEMPENHO : produção de substrato com 43,4 % de MS e 27,6 kg de NPK/m³; eliminação de 85% da água existente no sistema. 6. FORMA DE OPERAÇÃO : abastecimento gradativo de cama; carga e descarga da cama, manual ou mecânica. 7. VANTAGENS : redução do custo de edificação de alojamento; redução dos custos de coleta, armazenagem, tratamento, transporte e distribuição de dejetos; produção de substrato seco com alto valor nutricional. 8. DESVANTAGENS : dependência de substrato para cama e mão-de- obra operacional. 9. RECOMENDAÇÕES: criadores com limitação de área para uso agrícola; baixa capacidade de investimento e com bom controle sanitário sobre o rebanho. Compostagem de carcaças 1. DESCRIÇÃO : estrutura simples de madeira ou alvenaria, modulada, minímo de dois compartimentos e formato de caixa. Possui telhado e porta para facilitar o manejo da pilha. 2. DIMENSIONAMENTO : Em função do tamanho do rebanho, taxa de mortalidade, peso de carcaça e tempo de compostagem. Carcaças de suínos adultos necessitam de 120 dias, 30 dias para leitões de até 30 kilos e 15 dias para restos de parição e natimortos. 3.ESTRUTURA COMPLEMENTAR : sistema de transporte de carcaças e resíduos da produção; sistema de armazenagem, transporte e distribuição de composto. 4. DESEMPENHO : substrato com relação C/N da ordem de 12/1 em no máximo 120 dias. 5. FORMA DE OPERAÇÃO : os resíduos são dispostos em camadas sobrepostas de 20 cm de altura sobre maravalha ou outro resíduo vegetal; acréscimo de água até 1/3 do peso de carcaça. Resumo das etapas para uma compostagem de carcaça 1. Abrir o animal minimizando as partes. 2. Acrescentando material aerador (15 a20 cm de maravalha nova) Manter distância de 15 cm das paredes e entrada e 10 cm entre carcaças Leitões, abrir a barriga e perfurar vísceras, acima de 30 kg esquartejar e placenta e natimortos dar distância de 10 cm . 3. Adicionando água (1/3 do peso do animal ou resíduo – 300 ml/1kg) 4. Cubra com material aerador Cobrir com uma camada de 15 cm de cama de aviário seca (evita mau cheiro e moscas) Continuar colocando resíduo até atingir uma altura de 1,5 m. Cobrir com 10 cm de maravalha nova e fechar por 120 dias. 5. Resultado de 120 dias de compostagem. Os ossos devem ser recolocados em novas cama para continuarem o processo de decomposição Redução de Nitrogênio e Fósforo: práticas nutricionais Alimentação de acordo com os requisitos; Uso de alimentos de alta digestibilidade; Formulação de dietas de acordo com a digestibilidade dos aa proteína ideal; Melhoria da utilização do N pelo uso de aa sintéticos; Formulação de dietas de acordo com o P disponível; Aumento da disponibilidade de P fitase no alimento; Otimização da estratégia alimentar Como dimensionar a produção de dejetos de uma suinocultura? Cronograma de produção , utilizando as seguintes fórmulas: N° de partos/sem=(N°total de matrizes x N°de partos/matriz/ano)/52 semanas; Maternidade= partos/sem x período de ocupação (5 a 6 sem) x vol.dia de dejeto; Creche= partos/sem x período de ocupação (5 a 6 sem) x n° de leitões desmamados/parto x vol. dia de dejeto; Crescimento e terminação= partos/sem x período de ocupação (12 a 14 sem) x n° de leitões terminados/parto x vol.dia de dejetos; Gestação = total de matrizes – matrizes na maternidade x vol dia de dejetos na gestação; Reprodutores = total de reprodutores x vol. dia de dejetos c/leitões