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51 � ENERGIA INTERNA EM FUNÇÃO DAS VARIÁVEIS DE ESTADO: A diferencial total de uma função de estado é a soma da derivada da função em relação a cada uma de suas variáveis. Para a energia interna, teremos: U = f (T, V) dV V UdT T UdU TV ∂ ∂ + ∂ ∂ = (I) 1o 2o onde: 1° termo → variação de energia resultante apenas da variação de temperatura 2° termo → variação de energia resultante apenas da variação de volume Definindo: onde: CV é a capacidade calorífica a volume constante do sistema (propriedade extensiva) (CV / n) = − VC → capacidade calorífica molar (propriedade intensiva, tabelada) V v T UC ∂ ∂ = 52 dV V UdTCdU T V ∂ ∂ += (I) Casos em que a Equação (I) fica simplificada: 1) Para transformações isocóricas (dV = 0): dU = CV dT dw = 0 dU = dq = CV dT dU = dq + dw Integrando: ∆U = q = ∫ 2 1 T T V dT C PROCESSO ISOCÓRICO Para uma faixa estreita de temperaturas, pode-se considerar CV constante: ∆U = CV ∆T ou ∆U = n − VC ∆T 53 2) Para transformações com gases ideais: TV U ∂ ∂ = 0 PARA GASES IDEAIS Portanto, a energia interna de um gás ideal é função apenas da temperatura. A equação anterior é um dos dois critérios para um gás ser considerado ideal: (a) obedecer a equação de Clapeyron; (b) ter uma energia interna dependente somente da temperatura. Obs: Para os gases reais, a energia total varia com o volume, devido às interações entre as moléculas. A Equação (I) fica, então: dU = CV dT ∆U = ∫ 2 1 T T V dT C Para uma faixa estreita de temperaturas, pode-se considerar CV constante: ∆U = CV ∆T ou ∆U = n − VC ∆T 54 � ENTALPIA: A entalpia (H), é uma função de estado e sua definição é: H ≡ U + PV dH = dU + P dV + V dP Para um processo à pressão constante (muito usual em laboratórios): dH = dU + P dV dH = dq + dw + PdV dH = dq - PdV + PdV dH = dq ∆H = q Como o processo ocorre à pressão constante, é comum se utilizar a seguinte nomenclatura: ∆H = qp PROCESSO ISOBÁRICO 55 dP P HdTCdH T P ∂ ∂ += � ENTALPIA EM FUNÇÃO DAS VARIÁVEIS DE ESTADO: Usando o mesmo raciocínio desenvolvido para a energia interna, pode-se expressar a diferencial total da entalpia como: H = f (T, P) dP P HdT T HdH TP ∂ ∂ + ∂ ∂ = Definindo capacidade calorífica a pressão constante, Cp, de forma semelhante a Cv. P p T HC ∂ ∂ = (II) 56 Casos em que a Equação (II) fica simplificada: 1) Para transformações isobáricas (dP = 0): dH = dq dH = dq = Cp dT dH = Cp dT Integrando: ∆H = q = ∫ 2T 1T pC dT PROCESSO ISOBÁRICO Para uma faixa estreita de temperaturas, pode-se considerar CP constante: ∆H = Cp ∆T ou ∆H = n − pC ∆T 2) Para transformações com gases ideais: TP H ∂ ∂ = 0 PARA GASES IDEAIS 57 A Equação (II) fica, então: dH = Cp dT ∆H = ∫ 2T 1T pC dT Para uma faixa estreita de temperaturas, pode-se considerar CP constante: ∆H = Cp ∆T ou ∆H = n − pC ∆T � RELAÇÃO ENTRE Cv E Cp P PT v CT VP V UC = ∂ ∂ + ∂ ∂ + PARA GASES IDEAIS: TV U ∂ ∂ = 0 P V = n R T P nR T V P = ∂ ∂ 58 Chega-se a: Cp = Cv + nR Usando as quantidades molares: − Cp = − VC + R PARA GASES IDEAIS Para um gás ideal monoatômico: − VC = 3/2 R = 12,471 J K -1 mol-1 − Cp = 5/2 R = 20,785 J K-1 mol-1 Os gases ideais têm uma capacidade calorífica independente da temperatura, já os gases reais não. Esta pode ser expressa por uma série de potências: Cp = a + b T + c T2 + d T3 Outra quantidade útil é a razão entre as capacidades caloríficas CP e CV: V P C C =γ γ > 1 sempre Obs: PARA LÍQUIDOS E SÓLIDOS: CP ≈ CV 59 � ALGUMAS TRANSFORMAÇÕES TERMODINÂMICAS PARA OS GASES IDEAIS: a) Transformação Cíclica: Transformação cíclica ou ciclo de um sistema é o conjunto de transformações sofridas pelo sistema, sendo que seus estados final e inicial são idênticos. 0UdU =∆=∫ 0HdH =∆=∫ b) Transformação Isotérmica: Como a temperatura do sistema se mantém constante, a variação da energia interna para o gás ideal é nula. dV V UdT T UdU TV ∂ ∂ + ∂ ∂ = → ∆U = 0 dU = dq + dw → q = - w Portanto, a quantidade de calor que o gás ideal recebe em um processo isotérmico é exatamente igual ao trabalho por ele realizado. 60 c) Transformação Isométrica ou Isocórica: Como o volume do sistema se mantém constante, não há realização de trabalho. w = 0 dU = dq + dw → ∆U = qv Portanto, o calor trocado com a vizinhança provoca variação na energia interna do sistema. d) Transformação Isobárica: Como a pressão permanece constante: H ≡ U + PV dH = dU + P dV + V dP dH = dq + dw + PdV dH = dq -PdV + PdV ∆H = qp 61 e) Transformação Adiabática: q = 0 dU = dw dV V UdTCdU T v ∂ ∂ += dU = Cv dT = dw ∫= f i T T vdTCw Se a capacidade calorífica for constante: w = Cv ∆T = n − VC ∆T Um tipo importante de expansão adiabática é a expansão adiabática reversível, na qual a pressão externa é equilibrada pela pressão interna ao longo de todo o processo. 62 e.1) Transformação Adiabática Reversível: Para o processo adiabático: dw = - Pext dV - Pext dV = n − VC dT dw = n − VC dT Para o processo adiabático reversível com gás ideal: Pext = P = n R T / V - (n R T / V) dV = n − VC dT T dTC V dVR v − =− Integrando e assumindo que − VC constante: = − − i f v i f T TlnC V VlnR ou = − i f v f i T TlnC V Vln R 63 Para um gás ideal: − pC = − VC + R → − pC - − VC = R = − −−− i f v f i vp T TlnC V VlnCC Dividindo ambos os termos por − VC : = − − −− i f f i v vp T Tln V Vln C CC Como definido anteriormente:V P C C =γ = −γ i f f i T Tln V Vln)1( 64 Portanto: i f 1 f i T T V V = −γ Relação entre P e T no processo adiabático reversível: γγ− = i f 1 f i T T P P Relação entre P e V no processo adiabático reversível: γ = i f f i V V P P 65 TERMOQUÍMICA TERMOQUÍMICA é o ramo da termodinâmica que investiga o calor liberado ou consumido durante as reações químicas. O recipiente onde ocorre a reação e o seu conteúdo constituem o sistema e as reações químicas provocam troca de energia entre o sistema e as vizinhanças. � TROCAS TÉRMICAS: a) ENERGIA INTERNA: Como visto anteriormente, em um processo isocórico: ∆U = qv Portanto, ao se medir a energia térmica fornecida a um sistema a volume constante (q > 0) ou cedida por um sistema a volume constante (q < 0), se está também medindo a variação de energia interna resultante desta mudança de estado. O dispositivo comumente usado para se medir a variação de energia interna em uma reação química é o calorímetro ou bomba calorimétrica. 66 b) ENTALPIA Como visto anteriormente, em um processo isobárico: ∆H = qp Portanto, a variação de entalpia é igual ao calor envolvido em um processo à pressão constante. Em um processo exotérmico à pressão constante: ∆H < 0 Em um processo endotérmico à pressão constante: ∆H > 0 A variação de entalpia também pode ser determinada a partir do conhecimento de ∆U (∆U obtido a partir do uso do calorímetro). � RELAÇÃO ENTRE ∆H E ∆U EM PROCESSOS ESPECÍFICOS: H ≡ U + PV dH = dU + PdV + VdP � Se o processo ocorrer a volume constante (ex: numa bomba calorimétrica): dH = dU + VdP ∆Hv = ∆U + V ∆P ou ∆ − Hv = ∆ − U + − V∆P 67 Para sólidos e líquidos, o produto ( −V∆P) é muito pequeno em comparação a ∆ −U , podendo-se admitir: ∆ − Hv ≈ ∆ − U somente para sólidos e líquidos � Se o processo ocorrer à pressão constante: dH = dU + PdV ∆Hp = ∆U + P ∆V � Se o processo ocorrer a pressão e temperatura constantes e os compostos forem gases ideais: ∆Hp = ∆U + P ∆V P V = n R T ∆V = Vf – Vi = (nf – ni) RT/P ∆Hp = ∆U + ∆n RT 68 � ESTADO PADRÃO: A variação de energia em uma reação química depende das condições do processo (T e P). As variações de energia são usualmente registradas em condições padrões. O estado-padrão de um elemento é a substância pura a 1 bar e tendo a forma alotrópica especificada, se necessário. Apesar de não haver uma temperatura-padrão especificada, muitas referências usam 25ºC. Ex: ∆reaçãoHo ∆Ho é a variação de entalpia em um processo em que as substâncias nos estados inicial e final estão nos respectivos estados padrões Obs: Como 1 bar é quase igual a 1 atm, o uso de 1 atm como condição-padrão não acarreta muito erro. Como a entalpia é uma função de estado, ∆Ho não se altera, qualquer que tenha sido o processo de transformação, desde que os estados inicial e final sejam os mesmos. Outra consequência de H ser uma função de estado: ∆Ho (A → B) = - ∆Ho (B → A) Ex: A entalpia de vaporização da água é +44 kJ/mol, a 298 K, portanto, a entalpia de condensação do vapor de água, a 298 K, é –44 kJ/mol. 69 � VARIAÇÃO DE ENTALPIA EM TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS: Algumas entalpias padrões têm nomes especiais: Transição Processo Símbolo Formação elementos → composto ∆f�� Combustão composto (s, l, g) + O2 (g) → CO2 (g) + H2O (l,g) ∆c�� Reação reagentes → produtos ∆rH Solução soluto + solvente → solução ∆solH Transição de fase sólido → líquido líquido → gás sólido → gás ∆fusH ∆vapH ∆subH � ENTALPIA PADRÃO DE FORMAÇÃO, ∆fHo: A entalpia padrão de formação de uma substância é a entalpia padrão da reação de formação do composto a partir dos respectivos elementos, cada qual no seu estado de referência. O estado de referência de um elemento é o seu estado mais estável a certa temperatura e a 1 bar. Normalmente, os valores de entalpia padrão são tabelados a 25ºC. Independente da temperatura, as entalpias padrões de formação de todos os elementos nos respectivos estados de referência são nulas: Ex: Br2 (l) → Br2 (l) ∆f��o = 0 para o elemento bromo 70 Ex: formação de benzeno líquido a 298 K 6 C (s, grafita) + 3 H2 (g) → C6H6 (l) ∆f��o = + 49,0 kJ/mol C (s, grafita) H2 (g) C6H6 (l) ∆f�� o (kJ/mol) 0 0 +49,0 � LEI DE HESS: Hess estudou as variações de energia das reações químicas em termos de calor e formulou um conjunto de ideias que ficou conhecido como LEI DE HESS. Por este postulado, qualquer reação química pode ser escrita como uma combinação algébrica de reações de formação, podendo-se, assim, determinar o valor de ∆fH. A lei de Hess é uma consequência direta do fato da entalpia ser uma função de estado e uma propriedade extensiva: - as transformações químicas são acompanhadas por uma variação específica de energia; - novas transformações químicas podem ser criadas, combinando-se algebricamente transformações químicas conhecidas; - a variação na energia de uma reação química resultante é equivalente à combinação algébrica das variações na energia das reações químicas componentes. 71 Como as reações se encontram tabeladas? As reações de formação são tabeladas com as respectivas entalpias de formação. Também é possível encontrar tabelas com variações de entalpia de combustão. A maioria dos valores de ∆fH é medida em relação ao estado padrão dos reagentes e, neste caso, se usa o símbolo ∆fHo. a) Determinação de ∆rHo a partir das entalpias de formação: Ex: Fe2O3 (s) + 3 SO3 (l) → Fe2(SO4)3 (s) Este processo pode ser dividido em 3 reações de formação: (1) 2 Fe (s) + 3/2 O2 (g) → Fe2O3 (s) ∆f��o[Fe2O3,s] = -824,2 kJ/mol (2) S (s) + 3/2 O2 (g) → SO3 (l) ∆f��o[SO3,l] = -438 kJ/mol (3) 2 Fe (s) + 3 S (s) + 6 O2 (g) → Fe2(SO4)3 (s) ∆f��o[Fe2(SO4)3,s] = -2583 kJ/mol Comparando-se as 3 equações acima com a reação desejada, teremos que adotar o seguinte procedimento: - Inverter a reação (1), portanto, a variação de entalpia será: –∆f��o[Fe2O3,s] - Inverter a reação (2) e multiplicá-la por 3, portanto, a variação de entalpia será: -3∆f��o[SO3,l] - Manter a reação (3), portanto: ∆f��o[Fe2(SO4)3,s] 72 Então: ∆rHo = –∆f��o[Fe2O3,s] - 3∆f��o[SO3,l] + ∆f��o[Fe2(SO4)3,s] = -(-824,2) – 3(-438) + (-2583) = - 444,8 kJ Generalizando: ∆rH = ∑∑ ∆ν−∆ν reag o f prod o f HH Aplicada a condições padrão e não padrão ν = coeficiente estequiométrico ∆���� = entalpia molar padrão de formação b) Determinação de ∆rHo a partir das entalpias de combustão: Ex: C2H5OH (l) + CH3COOH (l) → C2H5OOCCH3 (l) + H2O (l) ∆rHo = –∆c��o[C2H5OOCCH3(l)] - ∆c��o[H2O,l] + ∆c��o[C2H5OH(l)] + ∆c��o[CH3COOH(l)] = 1251,94 – 759,18 – 484,14 = +8,62 kJ Generalizando: ∆rH = ∑∑ ν−ν prod o c reag o c HH Aplicada a condições padrão e não padrãoΔH�� � = entalpia molar padrão de combustão C2H5OH (l) CH3COOH (l) C2H5OOCCH3 (l) H2O (l) ∆c�� o (kJ/mol), 25ºC -759,18 -484,14 -1251,94 0 73 � VARIAÇÃO DA ENTALPIA DE REAÇÃO COM A TEMPERATURA: É possível estimar as entalpias padrões de reação em diferentes temperaturas a partir das capacidades caloríficas e da entalpia de reação em uma dada temperatura. Como visto anteriormente: Cp = PT H ∂ ∂ Para uma variação infinitesimal de temperatura, em um processo isobárico: dH = Cp dT p = cte H(T2) = H(T1) + ∫ 2 1 T T P dTC Como esta equação vale para cada substância que participa da reação, a entalpia padrão da reação será: ∆rHo(T2) = ∆rHo(T1) + dT 2 1 ∫∆ T T o PC LEI DE KIRCHHOFF onde: ∆Cpo = é a diferença entre as capacidades caloríficas molares dos produtos e dos reagentes nas condições padrões, com os respectivos coeficientes estequiométricos 74 ∆Cpo = ∑∑ ν−ν reag o p prod o p CC Obs: Se o intervalo de temperatura for pequeno, as capacidades caloríficas de todas as substâncias podem ser consideradas constantes. Em caso contrário, CP será função da temperatura: C P = a + bT + cT2 + dT3 + ... onde: a, b, c, d, ... → constantes tabeladas para cada substância
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