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www.ibvet.com.br Centro Universitário Vila Velha Curso de Medicina Veterinária Jairo Jaramillo Cardenas Anderson Luiz Araújo EXAME FÍSICO DO APARELHO LOCOMOTOR DOS EQÜINOS Vila Velha – ES 2007 www.ibvet.com.br Jairo Jaramillo Cardenas Anderson Luiz Araújo EXAME FÍSICO DO APARELHO LOCOMOTOR DOS EQÜINOS Vila Velha – ES 2007 Trabalho apresentado à disciplina de Estágio Supervisionado do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Vila Velha. Orientador: Prof. Dr. Jairo Jaramillo Cárdenas www.ibvet.com.br Dedicatória Dedico esse trabalho aos meus pais Jonathan e Elvira meus amores e razão da minha vida, meus e irmãos Andréia e Carlos André. E ao meu orientador e grande amigo Jairo pelo empenho e amizade não só agora nesse trabalho, mas sim desde quando eu o conheci, muito obrigado por me ensinar. www.ibvet.com.br Agradecimentos Agradeço a meus pais Jonathan e Elvira, pelo amor, apoio e dedicação durante toda minha vida. Aos meus irmãos Andréia e Carlos André meus amigos inseparáveis. Aos meus professores da Clinica de Animais de Grande Porte Ana Claúdia, Giuliano, Graziela, Odael e Jairo por serem além de professores e um exemplo na profissão, meus amigos com os quais sempre pude contar nas horas de dúvida e incertezas, muito obrigado. E aos meus amigos que sempre estiveram comigo, sempre que foi preciso e também quando não era, muito obrigado. www.ibvet.com.br CARDENAS, J.J. ARAÚJO, A.L. Exame físico do sistema locomotor dos eqüinos. Vila Velha - ES, 2007. Trabalho de Conclusão do Curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário Vila Velha Resumo Desde os tempos mais remotos os cavalos tem andado ao lado do homem, sendo utilizado desde fonte de alimento, ferramenta de trabalho, meio de transporte e até mesmo arma de guerra; atualmente seu status na sociedade mudou e ele passou a ser um atleta, o que influencia na exigência física e justifica inúmeros problemas de saúde, sendo o sistema locomotor a maior causa de inatividade atlética dos eqüinos. O presente trabalho tem como objetivos 1) Destacar a importância do exame clinico sistemático, organizado e lógico do sistema locomotor eqüino. 2) Associar a anatomia topográfica com a sua aplicação ao exame clínico do sistema locomotor. 3) Facilitar a consulta rápida e resumida de alunos e/ou profissionais na avaliação do sistema locomotor. O sistema locomotor do eqüino é composto por uma integração entre tecidos moles e tecidos duros, que formam uma unidade funcional que trabalha de forma harmônica e complementar.O termo “claudicação” pode ser definido como um desvio no movimento normal ou uma postura alterada na dinâmica do cavalo. Durante o exame físico do aparelho locomotor eqüino deve-se possuir uma ordem sistemática da avaliação para que não pule partes do exame, minimizando os erros de interpretação. Palavras-chave: Eqüino, Claudicação, Locomotor, Exame Físico, Testes de Flexão, www.ibvet.com.br SUMÁRIO Pg. 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 1 2. OBJETIVO.................................................................................................................. 1 3. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................... 1 3.1. Anamnese............................................................................................................. 2 3.2. Exame Físico........................................................................................................ 3 3.2.1. Inspeção com o Animal em Repouso .......................................................... 3 3.2.2. Exame em Exercício..................................................................................... 4 3.2.2.1. Claudica? De que membro?................................................................... 4 3.2.2.2. Condução da cabeça e Local de avaliação............................................. 4 3.2.2.3. Membro torácico Vs membro pélvico.................................................. 5 3.2.2.4. Testes de flexão.................................................................................... 5 3.2.3. Exame em estação......................................................................................... 6 3.2.3.1. Avaliação do casco............................................................................... 6 3.2.3.2. Palpação regional.................................................................................. 8 3.2.3.3. Testes específicos de Flexão................................................................. 12 3.2.3.3.1. Membro torácico........................................................................... 12 3.2.3.3.2. Membro Pélvico............................................................................ 13 3.3 Ajudas Colaterais na focalização da dor “Bloqueios Anestésicos” ...................... 16 3.3.1 Bloqueios Anestésicos Perineurais................................................................ 16 3.3.2 Bloqueios Anestésicos Intrarticulares............................................................ 18 4. DISCUSSÃO................................................................................................................ 20 5. CONCLUSÕES............................................................................................................ 21 6. REFERÊNCIAS........................................................................................................... 22 www.ibvet.com.br LISTA DE FIGURAS Pg. Figura 1. Avaliação da sensibilidade do casco do eqüino com as pinças de casco. ........... 07 Figura 2. Palpação regional de tecidos moles e duros do sistema locomotor do eqüino.... 11 Figura 3. Testes de flexão do membro torácico do eqüino................................................. 13 Figura 4. Testes de flexão do membro pélvico do eqüino................................................... 15 LISTA DE ABREVIATURAS -SC- Via Subcutânea -IV- Via Intravenosa -IM- Via Intramuscular -VO- Via Oral -MTE- Membro Torácico Esquerdo -TFDP- Tendão Flexor Digital Profundo -TFDS- Tendão Flexor Digital Profundo -%- Porcentagem -/- Por ou Para -<- Menor ->- Maior -®- Marca Registrada -US- Exame Ultrasonografico -RX- Exame Radiográfico -Seg- Segundos -N- Nilton -Mg- Miligramas -Ml- Mililitros -UI- Unidades Internacionais -kg- Quilograma -BH: brasileiro de hipismo -S- Sistema -SRD- Sem Raça Definida -PSI- Puro Sangue Inglês -BH- Brasileiro de Hipismo -RL- Ringer Lactato -KCL- Cloreto de potássio -Ca- Gluconato de Cálcio -DMSO- Dimetil Sufoxido -Vit- Vitamina -FC- Freqüência Cardíaca -FR- Freqüência Respiratória -TºC- Temperatura Retal -TPC- Tempo de Preenchimento Capilar -SID- Medicamento administrado acada 24 horas. -BID- Medicamento adiministrado a cada 12 horas. -TID- Medicamento administrado a cada 8 horas. -NR: Não realizado www.ibvet.com.br 1- INTRODUÇÃO Desde os tempos mais remotos os cavalos tem andado ao lado do homem, sendo utilizado desde fonte de alimento, ferramenta de trabalho, meio de transporte e até mesmo arma de guerra; atualmente seu status na sociedade mudou e passou a ser um atleta, o que influência na exigência física e justifica inúmeros problemas de saúde, entre deles o sistema locomotor (Goodship e Birch, 2001 apud MARANHÃO, 2006). Com estas mudanças, a exigência para que estes animais se tornem mais aptos para a competição, eles vêm sendo exigidos com treinamentos árduos, cada vez mais precocemente, e sem contar com as horas de viajem que estes animais são submetidos para realizar as diferentes modalidades de competição. É por este motivo que o medico veterinário tem um papel fundamental tanto na prevenção, quanto no diagnóstico e tratamento das lesões osteoarticulares de eqüinos, mas pela mesma complexidade do sistema e as inúmeras estruturas anatômicas que o cavalo possui nos membros, o exame físico deve ser muito bem considerado. 2- OBJETIVOS O presente trabalho tem como objetivos: 1) Destacar a importância do exame clinico sistemático, organizado e lógico do sistema locomotor eqüino. 2) Associar a anatomia topográfica com a sua aplicação ao exame clínico do sistema locomotor. 3) Facilitar a consulta rápida e resumida de alunos e/ou profissionais na avaliação do sistema locomotor. 3- REVISÃO DE LITERATURA O sistema locomotor do eqüino é composto por uma integração entre tecidos moles (tendões, ligamentos, músculos, bolsas sinoviais e nervos associados) e tecidos duros (esqueleto apendicular, axial e cartilagens articulares associadas), que formam uma unidade funcional que trabalha de forma harmônica e complementar (SPEIRS,1999). O termo “claudicação” pode ser definido como um desvio no movimento normal ou uma postura alterada na dinâmica do cavalo, produzido por ou um desordem mecânico (RAMEY;1997). Esta alteração do passo normal, por ser causada por desordem funcional www.ibvet.com.br ou estrutural no sistema locomotor manifesta-se com maior ou menosr intensidade depende das áreas comprometidas e o grau de lesão produzido em determinada região (BUCHNER; 2005). A Associação Americana de Praticantes Veterinários de Eqüinos (American Association Equine Practitioner-AAEP) também aconselha a utilização do escore de claudicação nos graus de classificação dependendo da manifestação física da dor e mudança no andamento assim: Grau 1: Difícil de observar; sem variações físicas ou aparentes no andamento,mesmo sobre certas circunstâncias. Grau 2: Difícil de observar quando anda ou trota em linha reta; aparente só sobre certas circunstâncias (círculo, carregando peso, circulando, inclinação, superfície dura, etc). Grau 3: Observada no trote durante todas as circunstâncias. Grau 4: Claudicação óbvia; marcado movimento de cabeça, claudicação ou encurtamento do passo longo. Grau 5: Suporte de mínimo peso em movimento ou parado; inabilidade para andar. Segundo Benoit e Mitchell (2006) para realizar um adequado exame clinico do aparelho locomotor dos eqüinos, deve-se ter uma sistemática seqüência que começa desde a anamnese e termina nos mais diversos métodos diagnóstico que acabam contribuindo na especificidade no reconhecimento da lesão e consequentemente um tratamento mais eficiente; estes passos são: 3.1. Anamnese: Durante o exame clinico do aparelho locomotor eqüino deve-se fazer uma pesquisa detalhada do histórico do animal, devendo procurar identificar o tipo de atividade realizada, superfície de trabalho e freqüência e intensidade do mesmo. Por exemplo, tipo de esporte pode ser uma ferramenta importantíssima na anamnese, pois algumas lesões estão intimamente ligadas ao esforço que o animal realiza durante as provas e treinamentos. www.ibvet.com.br Algumas vezes a anamnese pode não ser precisa ou trazer informações importantes, pois o animal foi adquirido recentemente ou o proprietário esconde o tempo de claudicação por não ter chamado o profissional rapidamente, mas outras vezes acaba sendo de grande utilidade (STASHAK, 1994). Segundo Stashak (1994), existem algumas questões que devem ser levantadas durante a anamnese como: Há quanto tempo começou a claudicação?, O animal ficou em repouso ou foi trabalhado durante esse período?, O que causou a claudicação?, Ao exercitar o animal melhora?, O cavalo tropeça?, Foi realizado algum tratamento?, Houve melhora após o mesmo?, Quando foi a ultima vez que o animal foi ferrado?, etc. 3.2. Exame Físico 3.2.1. Inspeção com o Animal em Repouso A inspeção pode ser realizada primeiramente à distância observando o animal por todos os ângulos, observando o tipo corpóreo alterações na postura, distribuição de peso e posição de membros (STASHAK, 1994, SPAIRS, 1999). Algumas vezes o animal assume uma postura que pode nos auxiliar no diagnostico; um exemplo comum é quando em posição normal os membros torácicos devem suportar quantidades iguais de peso e devem estar opostos um a outro, quando isto não acontece é provável que haja alterações que cursem com algum grau de dor (STASHAK; 1994, DYSON, 2003). Por outro lado, os aprumos realizam um importante papel no desencadeamento de lesões quando estes ficam com angulações erradas ou forma do padrão linear (STASHAK; 1994, SPAIRS, 1999; DYSON, 2003). Na inspeção devem ser também observados os cascos a procura de desgaste anormal, rachaduras e contração do bulbo dos talões (STASHAK,1994; MELLO,2006). Já as articulações e tendões devem ser inspecionados a procura de aumentos de volume, ou acúmulo de líquidos; os músculos dos membros, costas e lombo a procura de edemas, lesões cutâneas e/ou atrofias (STASHAK, 1994; WATKINS, 2006; FONSECA, 2007). www.ibvet.com.br 3.2.2. Exame em Exercício 3.2.2.1. Claudica? De que membro? O principal objetivo de examinar o animal em exercício é determinar o membro afetado e o grau da claudicação; para isso na maioria das vezes é vantajoso observar primeiro os membros torácicos com o cavalo em direção ao avaliador e depois os pélvicos em sentido contrário; isto ao passo e trote respectivamente; movimentos ao galope podem ser realizados na guia e de forma circular (KEEGAN; 2005). Como os membros têm que carregar a massa corporal total e desenvolver movimento para frente, qualquer manifestação de dor, muda a coordenação dos membros e o padrão do passo se torna diferente; é por isso a grande importância da observação da cabeça na inspeção do exame físico em movimento (BUCHNER; 2005). Resumindo, a movimentação da cabeça, um possível déficit ao andar, as alteração na altura do arco de suspensão do membro, as fases do passo, o ângulo de flexão das articulações para a colocação dos membros e a simetria na duração e elevação dos glúteos são fatores em que o veterinário avaliador deve estar sempre familiarizado quando avalia um cavalo com claudicação (STASHAK; 1994 ROSS, 2006a; ROSS, 2006b). Cabe destacar que antes de realizar a movimentação do cavalo é muito importante limpar adequadamente os cascos para garantir que nenhum corpo estranho ou algum material externo (cravos, pedras, ferradura solta, etc) acabam atrapalhando a interpretação da mecânica do movimento de este animal (SPAIRS, 1999). 3.2.2.2. Condução da cabeça e Local de avaliação: Outro detalhe que deve ser levado em consideração,é que quando se realiza o exame em movimento a pessoa que conduz o animal deve manter a guia bem solta, com a cabeça centralizada e em linha reta ao corpo para assim evitar que ela junto com o pescoço oscilem de um lado para o outro, criando assim um movimento assimétrico que poderia dificultar a observação dos movimentos sutis desta região (STASHAK, 1994). Para a avaliação do exame de claudicação é preferível optar por superfícies duras que causam uma maior concussão nos cascos e permitem que o examinador além de observar, escute também a colocação do membro no solo (STASHAK, 1994). Alguns lugares utilizam outras técnicas avançadas como as plataformas de força ou superfícies onde além www.ibvet.com.br da amplificação do som, pode-se mensurar a força com que o cavalo coloca o membro no chão, tornando mais fácil a interpretação do exame (BUCHNER, 2005). 3.2.2.3. Membro torácico Vs membro pélvico: A claudicação do membro torácico é mais fácil de reconhecer do que a claudicação no membro pélvico, já que a cabeça e o pescoço vão para cima quando o membro que claudica toca o chão e vão para baixo quando o membro normal apóia (ROSS, 2006a); já na claudicação no membro pélvico é muito mais importante o reconhecimento do conceito da “marcha pélvica”, onde existe uma assimetria no movimento da pelve em relação dorso ventral e laterolateral sem indicadores como são a cabeça e pescoço como é para o caso dos membros torácicos (ROSS, 2006b). Por outro lado a maioria dos cavalos quando sentem dor nos membros pélvicos, tendem a sair mais rápido da sincronia do que nos torácicos já que a contração do músculo glúteo é diminuída, o que leva a uma diminuição da duração no acenso pélvico, acusando a asincronia (KEEGAN, 2005). 3.2.2.4. Testes de flexão: Muitas manifestações que ainda estão presentes de forma discreta mas que ainda é difícil a localização da dor, podem chegar a responder de forma satisfatória ao serem realizados os testes de flexão em cada articulação separadamente. Estes testes consistem em manter a região articular e as estruturas moles adjacentes flexionadas durante um pequeno espaço de tempo, em seguida o cavalo é trotado e procura-se por sinais de claudicação ou agravamento da claudicação o agravamento dos sinais após ter forçado um lugar específico (RAMEY, 1997). Não existe ainda um consenso na informação disponível ao praticante sobre força ideal e duração dos testes de flexão dos membros, mas escalas publicadas da duração ótima dos testes podem varia entre 30 segundos e 3 minutos; já a força recomendada para eles pode oscilar entre 140 e 100 N respectivamente (10 N são aproximadamente 1kg) (RAMEY, 1997). www.ibvet.com.br 3.2.3. Exame em estação 3.2.3.1. Avaliação do casco: O casco desempenha papel fundamental na locomoção dos eqüinos, pois além de suportar o peso, absorver impacto e o atrito com o solo auxilia na propulsão e atua como uma bomba hidráulica para o retorno sanguíneo da extremidade do membro (Buttler, 1985 e Andrade 1986 Apud MELLO, 2006). O casco deve ser inspecionado visualmente para isso deve ser realizada a limpeza do casco com auxilio de um limpador de casco para remover detritos da região da sola e ranilha (SPAIRS; 1999). Segundo Schawarke (2006) as altercações de equilíbrio estão relacionadas a claudicação em eqüinos são ângulos da pinça e da quartela diferentes, talões contraídos, desequilíbrio médio-lateral, angulo da pinça e dos talões desiguais, ângulo da pinça dos talões do membro direito e esquerdo diferentes, casco muito pequeno em relação ao tamanho corpóreo do animal. A incidência de doenças como desmites, tendinites, sesamoidites, alterações degenerativas das articulações interfalangeanas e metacarpo-falangeanas, fraturas de primeira falange e sesamóides, doença do navicular estão fortemente ligadas a desequilíbrio do casco em cavalos puro sangue de corrida, principalmente nos membros anteriores (SCHAWARKE; 2006). Para explorar melhor o casco deve-se usar uma faca de casco para aparar excesso de sola, explorar rachaduras na sola ou superfície de apoio, remover tecido da sola ou ranilha em região suspeita de dor (SPAIRS, 1999) Todas as regiões sensíveis ou com coloração anormal deve ser explorada cuidadosamente com uma faca de casco ate chegar no tecido normal (STASHAK, 1994). No casco pode ser realizada a percussão com a utilização de um martelo ou mesmo com a pinça de casco, isso pode indicar uma região dolorosa, proveniente de uma fratura, www.ibvet.com.br abscesso ou laminite. A percussão da parede do casco também pode produzir um som oco indicativo de o que pode indicar uma separação entre a parede do casco e as estruturas subjacentes (SPAIRS,1999). O exame com a pinça de casco é indispensável (Fig. 1), devido à facilidade para indicar a região da dor e localizar o local exato de lesão (SPAIRS, 1999). A pinça de casco deve ser utilizada sistematicamente, primeiro as regiões do casco devem ser palpadas levemente e depois empregando uma força maior (STASHAK, 1994). Deve ser realizada a palpação do rodete coronário em busca de aumento de temperatura ou dor, também pode ser realizado o teste da prancha que é uma forma de estender a articulação interfalângica distal muito utilizado para testar o osso navicular na Europa (SPAIRS, 1999). Figura 1. Avaliação da sensibilidade do casco do eqüino com as pinças de casco. A- Presença de sujeira que deve ser retirada antes do EALE. B- Limpeza do casco antes do EALE. C- Teste com a pinça de casco, pressão realizada sobre a ranilha avaliando sensibilidade no navicular. D- Teste com a pinça de casco, avaliando sensibilidade na região do navicular. www.ibvet.com.br 3.2.3.2. Palpação regional: O exame através da palpação e manipulação deve ser realizado sistematicamente de distal para proximal, procurando aumento de temperatura, aumento de volume, presença de dor ao toque ou à pressão e lesões de pele; Todos os achados anormais devem ser comparados ao membro contra lateral sendo então posteriormente associados os achados com a interpretação clínica no transcorrer do exame do cavalo claudicante (STASHAK,1994). A quartela ou região da articulação interfalângica proximal deve ser palpada na sua superfície dorsal, medial e lateral a procura de aumento de volume, temperatura aumentada, dor ou cicatrizes (STASHAK, 1994; SPAIRS, 1999). Após a palpação e com o membro erguido, deve-se realizar a rotação da articulação interfalângica proximal para identificar sensibilidade dos ligamentos colaterais desta articulação além de serem palpados os ligamentos colaterais dos sesamóideos distais, e os tendões flexores superficial e profundo na sua respectiva inserção (STASHAK, 1994). A articulação metacarpo falangiana (boleto) deve ser palpada a procura de inchaço ou espessamento da cápsula articular, distensão ou dor de forma similar que a quartela. O ápice e a base de cada osso sesamóideo são também palpados para citada verificação da dor (SPAIRS, 1999). Aproveitando esta região são também verificados por palpação o tendão flexor digital profundo e superficial com a sua respectiva bainha; neste ponto, a rotação do boleto auxilia na avaliação dos ligamentos colaterais da articulação metacarpo falangiana (STASHAK,1994). As outras regiões proximais como sesamoideos proximais, os três ossos metacarpianos, carpo, ulna e espádua, podem ser verificados de forma similar na procura de dor, sensibilidade, aumento de temperatura ou atrofia muscular nasregiões provistas de musculatura (SPAIRS, 1999). Os tendões flexores e extensores devem ser palpados com o polegar e o indicador á procura de aderências; a superfícies dos ossos rudimentares (segundo e quarto metacarpianos) podem ser palpadas empurrando o ligamento suspensório do boleto para o lado oposto. Os tendões flexores digital superficial e profundo são recobertos em seu terço proximal e distal por uma bainha tendínea e seu terço médio é recoberto apenas por um paratendão. Cada região deve ser palpada cuidadosamente verificando os graus de tensão e deformidade na flexão; os tendões devem ser separados facilmente quando o boleto é www.ibvet.com.br flexionado já que em situações patológicas podem ser encontrados graus variáveis de aderência além do aumento em sua espessura (STASHAK, 1994). Os ligamentos devem ser palpados desde sua origem a sua inserção, o ligamento suspensório ou ligamento do músculo interósseo médio pode ser palpado na face palmar do terceiro metacarpiano, deve ser realizado uma palpação profundo com o polegar e o indicador a procura de dor ou inchaço (STASHAK, 1994). O ligamento acessório do carpo, também conhecido como ligamento acessório do tendão flexor digital profundo se origina dos ligamentos cárpicos palmares e se insere no tendão flexor profundo aproximadamente no terço meio do metacarpo; um processo inflamatório doloroso desse ligamento é chamado de desmite do ligamento acessório e é frequentemente diagnosticado pelo método direto de palpação regional (STASHAK,1994). O carpo deve ser avaliado pela palpação primeiro com o membro sustentando o peso e começando pela superfície dorsal à procura de tumefações, efusões de líquidos e dor; posteriormente é avaliado com o membro em flexão (suspensão), podendo-se inserir os dedos entre as depressões articulares formadas pela região radiocarpiana e carpometacarpiana (SPAIRS;1999, THOMASSIAN, 1997). A palpação da região do cotovelo deve começar primeiro com uma observação regional comparativa contra lateral, onde as vezes a superfície da região úmeroradioulnar encontra- se caída associada a inflamação; esta situação poderia indicar entidades características do local como fratura de ulna e a palpação direta do olecrano acaba auxiliando de forma importante para guiar o diagnostico(STASHAK, 1994). É muito importante relembrar que a porção proximal dos membros, tanto torácico quanto pélvico possuem uma cobertura de tecidos moles e musculares muito maior, o que dificulta a observação de lesões que não são tão aparentes mas que por outro lado acusa sinais visíveis a simples vista como a atrofia dos músculo, maiores tumefações e na maioria das vezes maior sensibilidade (SPAIRS, 1999). www.ibvet.com.br A região do ombro ou articulação escapuloumeral, deve ser palpada em busca de aumentos de volume ou atrofias. No local onde fica a bolsa bicipital deve-se realizar uma palpação profunda na tentativa de avaliar a sensibilidade, já que este um dos pontos alvo quando lesões da articulação escapuloumeral acontecem. Um pouco mais proximal deste local, a escapula é examinada através da inspeção na procura de atrofia dos músculos supra e infra-espinhosos, que pode indicar uma paralisia do nervo supra-escapular; já na palpação, o inchaço e o aumento de sensibilidade podem sugerir um trauma ou uma fratura na região escapular (STASHAK, 1994). A palpação profunda em conjunto com a auscultação local auxiliam na identificação de fraturas além da muita dor que causariam os movimentos de flexão, extensão, abdução e adução (STASHAK, 1994). A palpação do membro pélvico tem uma seqüência similar à palpação do membro torácico no casco e no boleto com uma especial diferença a partir do jarrete em sentido proximal. A região do tarso deve ser palpada a procura de distensão da articulação tibiotársica, espessamento da cápsula articular fibrosa, proliferação óssea nas articulações distais do tarso (intertarsiana distal e/ou tarsometatarsiana), distensão da bainha tendínea társica, inflamação do ligamento plantar longo, luxação do tendão flexor digital superficial ou tumores nesta região (STASHAK, 1994; SPAIRS, 1999, SHOMAKER, 2004). A cápsula da articulação femoropatelar medial e lateral pode ser palpada entre o ligamento patelar médio e os ligamentos patelares medial e lateral respectivamente. Os três ligamentos patelares devem ser palpados à procura de desmite ou à procura de aumentos de volume, calor ou principalmente acúmulo de líquido sinovial; Algumas vezes é possível palpar fragmentos ósseos ou articulares no côndilo medial do fêmur que fica totalmente desprovisto de tecidos moles sendo este localizado entre os ligamentos patelares médio e medial. A patela deve também ser palpada em busca de deslocamentos, crepitação ou inflamação durante o exame do joelho (SPAIRS; 1999). A pelve deve ser inspecionada a procura de assimetria dos tubérculos coxais e isquiáticos, se presente o examinador deve suspeitar de fraturas dessa região, pode ser notadas fraturas de íleo e púbis pelo edema e crepitação e de íleo e acetábulo pelo exame retal. Em éguas quando ocorre edema perivaginal, edema na mucosa vaginal deve-se suspeitar de uma www.ibvet.com.br fratura da sínfise do púbis o que pode ser confirmado por exame vaginal simultâneo à movimentação dos membros posteriores (STASHAK, 1994). O exame de palpação retal deve avaliar a presença de tumefações, anormalidades da aorta e seus ramos e/ou aumento de linfonodos. A simetria da pelve deve ser verificada da mesma forma que as regiões do acetábulo, íleo, púbis e a superfície ventral do sacro (SPAIRS, 1999). Figura 2. Palpação regional de tecidos moles e duros do sistema locomotor do eqüino. A- Palpação da superfície apical dos sesamóideos proximais. B- Palpação dos TFDS e TFDP. C- Palpação da região do jarrete. D- Palpação da região toracolombar. www.ibvet.com.br 3.2.3.3. Testes específicos de Flexão 3.2.3.3.1. Membro torácico: Para realizar a flexão do boleto, esta deve ser realizada em um ângulo de 90° e mantida flexionada por um tempo de aproximadamente 1 minuto (Fig 2); quando o tempo termina o cavalo é trotado e o teste é considerado positivo se o animal claudica ou aumenta o grau de claudicação após tê-lo feito (SPAIRS, 1999). Neste e em todos os outros testes, deve-se ter cuidado para não empregar uma flexão ou uma força excessiva durante o procedimento, já que poderá provocar uma reação de falso positivo, resultando numa confusão na interpretação clínica da flexão (RAMEY; 1997); por outro lado é importante lembrar que quando se flexiona o boleto, as articulações interfalângicas proximal e distal sofrem também um discreto grau de flexão e isto deve ser considerado quando se interpreta o teste específico para esta articulação (SPAIRS, 1999). O teste de flexão não forçado do carpo é realizado mantendo o membro suspenso pelo metacarpo de maneira que o talão toque o antebraço e forçado quando o membro se desloca levemente para lateral, o que faz com que o casco e o metacarpo se alojem lateralmente ao antebraço aumentando ainda mais a flexão (SPAIRS, 1999). A flexão do cotovelo é realizada quando se realiza a flexão total do carpo e se direciona o membro torácico em sentido dorsal sendo este segurado pelo metacarpo. Esta manobra flexiona cranialmente a articulação umeroraioulnar esticando a cápsula articular desta região e funcionando como método de flexão específica para o cotovelo. A flexão do ombro é realizadasegurando-se o casco ou a quartela com uma ou duas mãos, realizando uma tração forçada em sentido posterior. Entre mais esticado o membro se encontre, mais forçada será a dilatação da cápsula articular do ombro, o que determina também a avaliação da sensibilidade da bursa bicipital. Dentro das lesões que produzem sensibilidade aumentada após o teste de flexão do ombro encontram-se a bursite, a calcificação da bolsa bicipital e a calcificação do tendão do músculo bíceps braquial. www.ibvet.com.br Figura 3. Testes de flexão do membro torácico do eqüino. A- Teste de flexão do boleto. B- Teste flexão do carpo. C- Palpação da origem do ligamento suspensório do boleto. D- Extensão do ombro, dor associada a essa manobra promove aumento da tensão do 3.2.3.3.2. Membro Pélvico: No membro pélvico o exame também deve-se realizar de distal para proximal (Fig. 4) mas é importante considerar que este membro possui uma dinâmica diferente do torácico (Fig. 3) quando impede que uma articulação seja estendida ou flexionada separadamente ou de forma individual; isto pode aumentar um pouco a complexidade dos testes e dificultar a sua interpretação; isto é denominado como “mecânica do aparelho recíproco do membro pélvico” (SPAIRS, 1999). A região do casco é examinada como descrito para o membro anterior. A região do boleto é flexionada mantendo o mais baixo o membro do animal para não produzir flexão do jarrete ou do joelho simultaneamente, produzindo teste de flexão, dificultando a interpretação. www.ibvet.com.br Na flexão do jarrete e na flexão do joelho devem ser respeitados os mesmos princípios de evitar flexionar regiões que não deveriam ser avaliadas nesse momento. Erros comuns deste tipo acontecem quando é flexionado o jarrete para a sua avaliação e acaba sendo flexionado o joelho simultaneamente ou quando é flexionado o joelho e acaba sendo flexionada a região coxofemoral ou região sacro isquiática. Uma das formas que da para diminuir a margem de erro nos testes de flexão do membro posterior é começar a avaliação da flexão de cima para abaixo, já que mesmo produzindo flexão em regiões proximais que já forram avaliadas, os resultados não mudariam em termos de interpretação. A outra forma é realizando o teste de flexão do joelho direcionando o membro pélvico em sentido caudal sujeitando o membro com as duas mãos na região da tíbia; isto anula totalmente a flexão do jarrete e do boleto que serão avaliados posteriormente (STASHAK, 1994). Na flexão do jarrete (Teste de esparavão), o membro pélvico é sujeitado pela pinça do casco com as duas mãos e para evitar a flexão do boleto, este membro deve ser direcionado o mais cranialmente possível no momento da flexão; como todos os testes definidos, após um minuto e meio ou dois minutos, o cavalo será avaliado ao trote novamente e em linha reta (THOMASSIAN, 1997). O exame dos ligamentos cruzados não é uma pratica rotineira no exame de claudicação mas deve ser realizado sempre que o cavalo apresentar uma sensibilidade especial nesta região do joelho. O teste pode ser realizado com o examinador se posicionando atrás do cavalo apoiando o joelho na superfície plantar do tarso e os pés próximos ao bulbo do talão; neste momento o examinador fica com as duas mãos na superfície proximal da tíbia tracionando bruscamente para trás; se houver algum dano em ligamento cruzado, o examinador vai perceber uma folga no sentido em que o ligamento esta rompido ou seja se a folga for no sentido cranial o ligamento cruzado cranial esta rompido e se a folga for no sentido caudal o ligamento rompido é o cruzado caudal (DYSON, 2003). Um outro teste que pode ser realizado para avaliar os ligamentos cruzados é com o examinador posicionado lateral ao cavalo; ele segura a tuberosidade tibial com uma das mãos e com a outra segura a cauda obrigando ao cavalo se apoiar com mais firmeza; neste www.ibvet.com.br momento o examinador empurra a tíbia em sentido caudal o mais forte possível e solta-a. Repetindo esse movimento aproximadamente 25 vezes, o cavalo incrementará o grau de claudicação pelo forçamentos da região (FONSECA, 2007). Os ligamentos colaterais também devem ser avaliados; o ligamento colateral medial é mais fácil de ser lesionado que o lateral sendo ele testado abduzindo o metatarso com o ombro apoiado na porção proximal da tíbia; se o ligamento estiver rompido ou estendido, o examinador vai perceber uma separação entre a tíbia e o fêmur no aspecto medial da articulação. O ligamento lateral é testado abraçando o joelho com as duas mãos e puxando lateralmente. Os dois testes podem ser repetidos varias vezes e o cavalo é trotado avaliando o grau de claudicação (SPAIRS, 1999). Figura 4. Testes de flexão do membro pélvico do eqüino. A- Teste de flexão do joelho. B- Teste de flexão do jarrete. C e D- Testes de flexão do boleto. www.ibvet.com.br 3.3 Ajudas Colaterais na focalização da dor “Bloqueios Anestésicos” 3.3.1 Bloqueios Anestésicos Perineurais Muitas vezes o membro ou a região que esta causando a dor e consequentemente a claudicação não é bem definida pela anamnese, inspeção, palpação e/ou pelos testes de flexão e extensão; por este motivo o medico veterinário acaba se auxiliando dos bloqueios anestésicos locais tanto perineurais quanto intrarticulares para conseguir focalizar a região da dor e posteriormente procurar métodos diagnósticos específicos que apresentam a lesão como a radiologia e a ultrasonografía (STASHAK, 1994). A anestesia local é uma das partes mais importantes na avaliação das claudicações. O princípio por trás de seu uso é que uma vez que uma lesão dolorosa seja dessensibilizada, a claudicação ou resposta dolorosa à palpação ou manipulação resolvem-se parcial ou completamente. Isso demonstra que o local da dor localiza-se na área que foi bloqueada e deste modo poderá ser examinada por outros métodos mais específicos (SPEIRS, 1999). A utilização de bloqueios anestésicos como meio de diagnóstico de claudicação em eqüinos é bastante aceita na prática veterinária, sendo benéfica nos casos em que, mesmo após uma anamnese eficiente e um acurado exame físico, a origem e a região específica desta claudicação ainda não tenham sido identificadas (STASHAK, 1994; CARTER, 2005). Deve-se ter o cuidado de tratar a área de aplicação do anestésico como um campo cirúrgico, para reduzir as chances de irritação e formar uma barreira contra a infecção. O local da injeção deve ser tricotomizado limpo com uma solução anti-séptica (GAYNOR & HUBELL, 1991). Segundo Speirs (1999), uma preparação tão cuidadosa é desnecessária. Métodos usuais incluem simplesmente a limpeza da região com uma compressa umedecida em álcool a 70% ou tricotomia do local, seguida de fricção com uma compressa umedecida em álcool 70%. O cavalo deve ser adequadamente contido, de maneira a evitar lesões no clínico. Esse cuidado aplica-se particularmente à injeção nos membros pélvicos, onde é necessário uma pessoa competente na contenção. Em alguns cavalos, o procedimento deve ser evitado ou abreviado (SPEIRS, 1999). www.ibvet.com.br O bloqueio anestésico perineural é definido como o bloqueio das regiões que são inervadas pelo respectivo nervo a ser bloqueado após ter depositado anestésico local acima do mesmo geralmente pela via subcutânea (STASHAK, 1994). Estas soluções anestésicas não são sempre colocadas onde se deseja, portanto, antes que os resultados dos testespossam ser avaliados, deve ter certeza que o anestésico dessensibilizou a região desejada, distal ao local de injeção. Para confirmar se o bloqueio foi realizado corretamente, devemos observar a dessensibilização cutânea da região inervada pelo nervo sensorial que está sendo bloqueado. Uma prática comum é usar uma agulha hipodérmica para testar se há sensibilidade cutânea embora sejams duas as desvantagens deste método: 1) é um teste não-confiável para sensação profunda. 2) seu uso repetido causa ressentimento no paciente após o bloqueio. Por estes motivos é preferível usar um objeto rombo, como uma caneta esferográfica, inicialmente aplicando uma pressão delicada e a seguir uma pressão mais firme sobre a pele; deste modo pode ser avaliada a dessensibilização da região (SPAIRS, 1999). Há numerosas razões para não se conseguir a anestesia desejada da região e estas incluem: 1) colocação do anestésico em local inadequado, 2) volume inadequado de anestésico, 3) presença de fibras nervosas aberrantes e/ou tecido fibroso, 4) origem múltipla da dor, 5) lesão dolorosa não-associada à região injetada (SPEIRS, 1999) e 6) infecção e inflamação (MUIR, 1992). O bloqueio anestésico deve ser realizado de forma sistemática iniciando sempre distal para proximal, respetando a assepsia e relembrando a anatomia. Deste modo, os principais bloqueios perineurais realizados para diagnostico de claudicação em eqüinos são: No membro anterior: a) Bloqueio Digital Palmar b) Bloqueio Digital Palmar na Base dos Ossos Sesamóides Proximais (Sesamóideo Abaxial) c) Bloqueios Palmar e Metacárpico Palmar Inferior (Baixo em Quatro Pontos) d) Bloqueios Palmar e Metacárpico Palmar (Alto em Quatro Pontos) e) Anestesia das origens do ligamento suspensório f) Bloqueio palmar lateral ao nível da articulação intercápica g) Bloqueios mediano, ulnar e músculo cutâneo www.ibvet.com.br No membro posterior: a) Bloqueio Digital Plantar b) Bloqueio Digital Plantar na Base dos Ossos Sesamóides Proximais (Sesamóideo Abaxial) c) Bloqueios Plantar e Metatarsiano Plantar Inferior (Baixo em Quatro Pontos) d) Bloqueios Plantar e Metatarsiano Plantar (Alto em Quatro Pontos) e) Anestesia das origens do ligamento suspensório f) Bloqueio tibial g) Bloqueio fibular superficial e profundo (Peroneais) 3.3.2. Bloqueios Anestésicos Intrarticulares Os bloqueios intra-articulares em eqüinos representam um método indicado, útil, barato e eficiente para o diagnóstico e reconhecimento de regiões com dor que não foram localizadas com os bloqueios perineurais e que podem estar lesadas ou que tornaram-se sensíveis aos testes de flexão no sistema locomotor. O bloqueio intra-articular faz parte primordial no reconhecimento do local a ser avaliado com outros métodos diagnósticos específicos como radiografia, ultra-som, termografía, ressonância magnética ou cintilografía uma vez que a dor desaparece. A contenção deve ser um ponto importante na hora do acesso articular já que reações inesperadas pela punção, dor, estresse ou outras condições externas podem fazer com que a técnica de acesso articular não saia corretamente e termine em contaminação, infecção articular ou lesão de estruturas vulneráveis como a cartilagem articular, vasos sanguíneos, tendões e ligamentos quando a agulha penetra ou já encontra-se dentro da estrutura articular. Quando o acesso articular é indicado para bloqueio diagnóstico, uma sedação mais profunda acabara interrompendo a locomoção e consequentemente a interpretação do efeito do bloqueio na articulação escolhida. Para este caso podem ser utilizados métodos de contenção física como o uso do “cachimbo” no lábio superior ou algum outro método de imobilização física que acabe sendo efetivo particularmente para esse animal. www.ibvet.com.br Alguns cuidados devem ser levados em consideração quando um acesso articular vai ser realizado já que o fato da região articular ser fechada, possuir um ambiente rico em nutrientes e propício para o crescimento bacteriano, faz com que a contaminação e uma conseqüente artrite séptica seja um dos agravantes mais importantes do acesso articular; por este motivo as técnicas de assepsia devem ser feitas tão rigorosas quanto a assepsia cirúrgica. Uma seqüência útil para o preparo da área a ser acessada pode sugerir os seguintes passos: a) Tricotomia ampla da área a ser acessada b) Lavagem com água e sabão c) Escovar com povidine desgermante durante 5 min no mínimo d) Anti-sepsia asséptica com luvas e gaze estéreis utilizando povidine tópico e depois álcool ou álcool iodado 5 a 10 vezes ou as vezes que for considerado necessário sem manipular a área que não foi tricotomizada e) Após o acesso articular colocar pomada antibiótica com ou sem bandagem, ou gaze estéril com bandagem protetora na região. As articulações com acesso mais freqüente são: Articulações Do Membro Anterior Articulação Interfalangiana distal (casco) Articulação interfalangiana proximal (quartela) Articulação metacarpofalangiana (boleto) Articulação radiocarpiana Articulação intercarpiana Articulações Do Membro Posterior As articulações do dedo e do boleto no membro posterior são iguais do que no membro anterior; por este motivo serão citadas as articulações a partir do jarrete. Articulações tibiotarsiana Articulação intertarsiana proximal Articulação intertarsiana distal Articulação tarsometatarsiana Articulação femorotibial lateral Articulação femoropatelar www.ibvet.com.br 4- DISCUSSÃO Segundo Fonseca, (2007), as claudicações são a maior causa de inatividade atlética dos eqüinos, gerando grandes perdas econômicas; Nesse contesto, o medico veterinário deve estar apto a prevenir, diagnosticar e tratar essas lesões o mais rápido possível, sendo assim o exame físico do aparelho locomotor eqüino um dos pontos mais determinantes que acabam sendo um item fundamental na correção destes problemas. O conhecimento claro da anatomia do sistema locomotor tem um importante papel no raciocínio prático no processo de solução de problemas neste sistema nos eqüinos. Áreas paralelas à anatomia como diagnóstico por imagem (ultra-som e radiologia), anestesiologia (bloqueios anestésicos), farmacología (analgesicos, corticoides, glicosaminoglicanos), patología clinica e cirúrgica (tratamentos cirúrgicos do sistema locomotor), fazem parte do conjunto de elementos que devem ser conhecidos e utilizados neste sistema para conseguir resolver este tipo de problemas dos cavalos atletas. Todos os itens comentados anteriormente no sistema locomotor são de muita importância já que acabam guiando o clinico ou cirurgião de uma forma mais curta, rápida e correta a ter um diagnostico específico e consequentemente um tratamento mais eficiente. Muitos cavalos possuem varias lessões radiológicas em vários locais anatômicos, mas nem sempre são todas as lessões as que acabam reduzindo o performance atlético a traves de dor; por e4stes motivos o exame clínico sistemáticamente organizado faz com que algumas interpretações sejam dadas só no momento de realização dos testes específicos existentes para cada região e seja cada vez mais baixa a porcentagem de erro nestes diagnósticos. Outro ponto de vista a ser destacado, é a importância dos diferentes métodos diagnósticos a serem utilizados pelos clínicos e/ou cirurgiões para melhorar ainda mais a especificidade diagnóstica após o exame clínico. Um casal ideal seria um excelente exame clínico com uma escolha certa de método diagnóstico para resolver um problema com o tratamento mais específicopossível. Quem não utiliza os métodos diagnósticos no exame clínico do sistema locomotor, provavelmente não os conhece ou não os sabe interpretar; mas quem só pede www.ibvet.com.br exames diagnósticos para todos os problemas, tal vez possui um grande vazio na avaliação clínica do sistema locomotor ou carece de experiência. Palpar, cheirar, ver, olhar, rodar, trotar, galopar, sentir, perguntar, bloquear, flexionar, etc. devem ser itens de rotina inata do clínico do sistema locomotor já que radiografias, ultrasonografias, resonâncias magnéticas, termografias, etc, não falam sozinhas; elas não acusam o local de lesão sem que tenha vindo antes um excelente exame clínico para realmente entender o maravilhoso mundo do diagnóstico de lessões do sistema locmotor dos eqüinos. 5- CONCLUSÃO 1- O conhecimento claro da anatomia do sistema locomotor é fundamental para o raciocínio prático na hora de diagnosticar uma claudicação. 2- A seqüência lógica, sistemática e coerente do exame clínico no sistema locomotor acaba auxiliando favoravelmente o veterinário para evitar entrar no erro dos vícios de exame que podem acabar confundindo o diagnóstico e comprometendo o tratamento. 3- Embora a evolução dos métodos diagnósticos seja atualmente mais desenvolvida (radiologia digital, ressonância magnética, termografia e/ou cintilografia), estes nunca irão substituir o exame clínico pertinente que deverá ser utilizado antes da sua aplicação. 6. 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