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DIREITO DE EMPRESARIAL

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DIREITO DE EMPRESA
Introdução
O Direito Comercial, hoje denominado Direito de Empresa ou Direito Empresarial, compõe-se 
de sete temas básicos: parte geral, falimentar, societário, cambiário, contratos mercantis, 
bancário e securitário.
Desses sete temas, apenas quatro possuem incidência constante em concursos: parte geral, 
falimentar, societário e cambiário. Os outros três - contratos mercantis, bancário e securitário – 
incidem, com freqüência, apenas em provas específicas para a magistratura e em provas 
elaboradas pela ESAF.
A parte geral e o direito falimentar devem ser estudados antes dos demais temas, por serem 
temas mais fáceis e mais curtos, com legislação atual, e representam 40% de uma prova padrão 
de direito comercial. Quem não possui base em direito comercial deve focar seu estudo inicial 
da disciplina apenas nesses dois temas.
Direito societário responde, isoladamente, por 40% da prova padrão de direito comercial, o que 
atrai a atenção de muitos para o estudo concentrado desse tema. Não recomendo tal enfoque, 
porque o direito societário é tema extenso e minucioso. Deve ser estudado apenas por quem já 
possui base em parte geral e direito falimentar.
Direito cambiário possui incidência padrão menor, de 20%, e, da mesma forma que o direito 
societário, deve ser estudado apenas por quem já possui base em parte geral e direito falimentar. 
A despeito de não ser extenso como o direito societário, o direito cambiário possui 
nomenclatura rebuscada que dificulta o estudo para quem não possui a técnica didática 
necessária. 
Acerca dos contratos mercantis, direito bancário e direito securitário, o maior perigo está na 
baixa incidência em provas. Daí o seu estudo pode ser inútil a quem deseja maior rendimento 
em uma prova de direito comercial. Comum nas provas para a magistratura, os contratos 
mercantis exigem do candidato conhecimento atualizado da jurisprudência, em especial a do 
STJ. Direito bancário e securitário, ao contrário, exigem conhecimento concentrado em algumas 
poucas leis esparsas, sendo que as questões de prova costumam cobrar os mesmos artigos de 
lei, em sua forma literal.
O presente manual tratará dos sete temas, sem ambição doutrinária ou científica, mas tão-
somente focado em auxiliar o estudante a dominar, com rapidez, técnicas didáticas adequadas e 
o conteúdo central do direito comercial relevante para concursos.
1. PARTE GERAL DO DIREITO DE EMPRESA
1.1 Quatro conceitos básicos: empresário, sociedade empresária, empresa e estabelecimento
A parte geral abrange o estudo de quatro conceitos básicos: empresário, sociedade empresária, 
empresa e estabelecimento, todos listados no curto artigo 1.142 do Código Civil, o qual 
sintetiza a parte geral do direito de empresa. 
Antes de discutir os quatro conceitos, vamos relembrar a diferença básica entre relação jurídica 
de direito real e de direito pessoal. Tomemos o exemplo de ser alguém proprietário de uma 
cadeira de R$100,00 e também credor de R$100,00 reais. Aquela é uma relação de direito real e 
esta de direito pessoal. A relação de direito real vincula sujeito (proprietário) a objeto (coisa). A 
de direito pessoal vincula sujeito (credor) a outro sujeito (devedor).
Ao se tomar como exemplo a relação jurídica de direito real, considere empresário e sociedade 
empresária os sujeitos de direito. O empresário, também chamado de empresário individual, é 
sempre pessoa física. A sociedade empresária é a pessoa jurídica. Considere estabelecimento o 
objeto de direito, representado pelo conjunto de bens de propriedade ou posse do empresário 
ou da sociedade empresária e que são utilizados no exercício da atividade econômica. 
A empresa, por sua vez, nada mais é do que o nome que se dá à atividade que, com o auxílio do 
estabelecimento, o empresário ou a sociedade empresária exercem. Empresa tem origem no 
italiano, imprieza, cuja tradução literal é empreendimento, isto é, atividade. No direito tributário 
e previdenciário, o termo empresa é usado como sinônimo de pessoa jurídica, mas no Direito 
Comercial, ou Direito de Empresa, jamais use a palavra empresa no conceito de pessoa jurídica. 
Empresa é atividade; sociedade empresária é que é pessoa jurídica.
Portanto:
empresário e sociedade empresária são sujeitos de direito;
estabelecimento é o conjunto de bens, isto é, o objeto de direito;
empresa é a atividade: não é pessoa jurídica;
a sociedade empresária é pessoa jurídica.
Leia agora o art. 1.142 do CC e perceba a estrutura dos conceitos: Art. 1.142. Considera-se 
estabelecimento todo complexo de bens organizado(=objeto de direito), para exercício da 
empresa (isto é, da atividade), por empresário ou por sociedade empresária (=os sujeitos).
1.2 CONCEITO DE EMPRESA
O estudo do conceito de empresa confunde-se com o estudo da história do Direito Comercial. 
São três fases delimitadas no tempo e todas com o mesmo objetivo: criar um critério que 
diferencie o Direito Comercial do Direito Civil.
Na primeira fase, que se inicia com o surgimento do Direito Comercial no século XIV e 
termina com a edição do Código Civil de Napoleão, em 1807, o Direito Comercial é 
compreendido como o conjunto de todas as relações jurídicas em que uma das partes é 
comerciante.
Por comerciante entenda-se o sujeito (em regra pessoa física, porque àquela época o conceito de 
pessoa jurídica não havia sido formulado para os exercentes de atividade econômica) que 
realiza uma atividade específica: intermediar (=circular, distribuir) bens, isto é, o comerciante 
não produz bens, não consome e nem presta serviços: ele distribui bens. Esse é o conceito de 
mercancia: distribuir bens. E quem exerce mercancia é chamado de comerciante.
Na Baixa Idade Média, as cidades-estados e os Reinos incentivavam a instalação de 
comerciantes em seus territórios, porque isso gerava riqueza para o local; e a forma de incentivo 
tradicional consistia na edição de regras jurídicas que protegessem os comerciantes contra os 
seus empregados, contra produtores e também contra consumidores. Esse corpo unificado de 
regras passou a se chamar Direito Comercial. Tratavam-se de regras que, por exemplo, 
facilitavam a produção de provas em juízo, se favoráveis ao comerciante.
Com o passar do tempo, os comerciantes resolveram restringir o ingresso de novos sujeitos no 
cenário jurídico e o Direito Comercial passou a considerar comerciante não apenas quem 
exercia a intermediação de bens, mas quem a fizesse em caráter regular (habitual ou 
profissional, como se diz) e detivesse registro em corporação própria ou Tribunal de Comércio.
Ora, como as regras protegiam os comerciantes e apenas os mercadores registrados eram 
considerados comerciantes, a primeira fase do Direito Comercial, conhecida como fase 
subjetiva (=porque calcado o Direito Comercial na figura de um sujeito de direito, o 
comerciante), é considerada pela doutrina atual como a fase em que o Direito Comercial 
constituía um verdadeiro privilégio da classe dos comerciantes. 
Nessa fase, o Direito Comercial é o direito dos comerciantes, que procura resolver conflitos 
entre comerciante e comerciante, ou entre comerciante e terceiro, sendo assim, um direito 
corporativo e profissional (=isto é, afeto a uma exclusiva classe de profissionais) e autônomo 
em relação ao direito civil.
No Brasil, essa fase se fez sentir no século XIX, até o ano de 1878. Nesse período, só era 
considerado comerciante quem detivesse registro, chamado de matrícula, no Tribunal do 
Comércio. Esses Tribunais, órgãos jurisdicionais revisionais (as Juntas Comerciais eram 
órgãos judiciários de primeiro grau) eram tribunais especializados (justiça especial) em julgar 
causas dos comerciantes, e seus juízes aplicavam o Direito Comercial, cujas regras em 
protetivas dos comerciantes. Em 1878, o judiciário comercial foi extinto, o que colaborou para 
o fim da predominância da primeira fasedo Direito Comercial no Brasil.
A segunda fase do Direito Comercial tem início com o Código Civil Francês de Napoleão e por 
isso essa fase também é conhecida como escola francesa ou teoria francesa do Direito 
Comercial. 
A revolução francesa erradicou os privilégios do clero e da nobreza e, por conseguinte, também 
buscou eliminar privilégios estabelecidos em favor dos burgueses, no caso, a classe dos 
comerciantes. 
Daí a consequência foi afastar o Direito Comercial enquanto direito dos comerciantes (teoria 
subjetiva) e aproximar o Direito Comercial de um novo conceito à época, chamado atos de 
comércio.
Os atos de comércio são fatos objetivos sobre os quais incidem as normas de Direito 
Comercial, isto é, o Direito Comercial deixa de ser o direito dos comerciantes e passa a ser o 
Direito dos atos de comércio. Essa fase é também conhecida como teoria objetiva do direito 
comercial. Nessa fase, o Direito Comercial não poderia regular todos os atos relativos ao 
comerciante, mas apenas os atos derivados de sua profissão, ou seja, os atos de comércio, que 
são a compra e a venda de mercadorias para revenda e a sucessiva revenda.
A primeira conseqüência dessa teoria foi dispensar a necessidade de registro (=matrícula) como 
requisito para que o sujeito fosse considerado comerciante. O registro continuou a ser 
obrigatório, mas apenas como requisito para o regular exercício da atividade econômica, e não 
como requisito para se caracterizar alguém como comerciante. 
Para ser comerciante, basta exercer atos de comércio, tenha registro ou não. Quem exerce atos 
de comércio e não possui registro é comerciante irregular. Irregular, é claro, mas será 
comerciante e, por exemplo, pode ser sujeito passivo em pedido de falência.
Mas o que são atos de comércio ?
Atos de comércio são todos os atos de intermediação de bens, realizados de forma habitual 
(=profissional) e com intuito de lucro. A intermediação de bens é a circulação das mercadorias 
feitas por quem compra do produtor e as revende a outro intermediário ou a consumidor final. 
A habitualidade ou profissionalismo requer que os atos sejam praticados de forma regular no 
tempo, sem caráter eventual. O intuito de lucro, por sua vez, requer a distribuição dos 
resultados econômicos positivos (receita menos despesa, o lucro) a terceiros (=sócios) que não 
exercem a atividade. 
A expressão fins lucrativos podem ser considerada sinônima da expressão fins econômicos, se 
o nosso ângulo de análise se restringir ao Direito Privado. Para o Direito Tributário, fins 
econômicos e fins lucrativos não coincidem. É o caso da sociedade cooperativa, que pela Lei 
possui fins econômicos (isto é, as receitas que superam as despesas são entreguem aos 
cooperados), mas não possui fins lucrativos, a fim de que os excedentes entregues aos sócios 
não sejam tributados como renda. Mas, para o Direito Comercial, ou Direito de Empresa, as 
expressões fins lucrativos e fins econômicos podem ser usadas como sinônimos.
O Código Comercial Brasileiro de 1850 adotou as duas teorias: havia a figura do comerciante e 
o sistema de matrículas nos Tribunais do Comércio, que sobreviveu até 1875; mas o Código 
também conferia destaque aos atos de comércio, destaque esse que a doutrina sempre buscou 
enfatizar, a fim de se interpretar o Código de forma evolutiva, associando-o à segunda fase do 
Direito Comercial, fase essa que até hoje vigora na França.
Pelo conceito de atos de comércio, ficaram fora do Direito Comercial as seguintes atividades 
econômicas: 
atividade rural: como o produtor não é intermediador de bens, mas justamente produtor, 
a atividade rural é mantida como atividade civil. Esse o entendimento do STJ no 
período, o qual impediu pedido de concordata realizado por produtores rurais, ao 
fundamento de serem eles regidos pelo Direito Civil e não pelo Direito Comercial;
prestação de serviços: serviços não são bens, não são mercadorias. Os serviços 
encerram relação jurídica de direito pessoal;
atividade industrial: os produtores industriais não são comerciantes, não realizam 
intermediação de bens. Para os franceses, a atividade industrial fez surgir um novo 
ramo do Direito: o Direito Industrial.
Perceba porque a teoria dos atos de comércio teve de ser abandonada: toda a atividade rural, 
industrial e de prestação de serviços não está abrangida pela teoria dos atos de comércio, isto é, 
estavam fora do Direito Comercial.
Isso fez surgir a terceira fase do Direito Comercial, que é a fase atual, também chamada de 
teoria italiana, justamente por ter sido criada na Itália a partir do Código Italiano de 1942. Essa 
terceira fase considera que o Direito Comercial é o ramo do direito que disciplina uma atividade 
chamada empresa. Portanto, o Direito Comercial passa a ser chamado Direito de Empresa, ou 
ainda Direito Empresarial.
A palavra empresa foi estudada na Itália por um famoso doutrinador, chamado Alberto 
Asquini, o qual criou a Teoria dos perfis da empresa. Por essa teoria, empresa é uma palavra 
que possui quatro sentidos(=perfis) diferentes:
pelo perfil subjetivo, empresa é sinônimo de pessoa jurídica;
pelo perfil objetivo, empresa é sinônimo de estabelecimento;
pelo perfil funcional, o qual veio a prevalecer no Código Civil Italiano e na 
doutrina atual, inclusive a brasileira, empresa é a atividade econômica 
desenvolvida pelo empresário ou pela sociedade empresária;
pelo perfil institucional, empresa é sinônimo de um tipo de sujeito pessoa 
jurídica: a sociedade anônima. 
O conceito que prevalece caracteriza empresa como a atividade que possui, cumuladamente, 
quatro elementos:
atividade profissional, isto é, habitual, não eventual;
atividade econômica, isto é, com intuito de lucro, realizada em caráter 
especulativo;
atividade organizada, cujo conceito, por ser controvertido na doutrina atual, será 
explorado adiante;
atividade de produção ou intermediação (=circulação) de bens ou de serviços, ou 
seja, empresa é conceito mais abrangente do que comércio, dado que 
empresa inclui não só a intermediação de bens (=o comércio), mas também a 
produção de bens e a prestação de serviços (todos os serviços, salvo as 
exceções que serão estudadas adiante). Mas não é correto dizer que o 
conceito de atos de comércio desapareceu; atos de comércio tornou-se um 
conceito residual diante do conceito de empresa.
Leia o art. 966 do CC e lá estão todos os elementos que integram o conceito de empresa. Ao 
conceituar o empresário, que nada mais é do que a pessoa natural que exerce empresa, reza o 
art. 966 do CC que o empresário é aquele que profissionalmente (1) exerce atividade econômica 
(2), organizada (3) para a produção ou circulação de bens ou de serviços (4):
“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.”
E o que significa atividade organizada ? Esse conceito é alvo de disputas doutrinárias na 
atualidade. E tudo porque não há, ainda, um conceito jurídico do que seja “organização”. Há um 
conceito de “organização” na ciência econômica e outro na ciência da administração de 
empresas.
Para a Economia, atividade organizada é a atividade que possui, unidos, três fatores de 
produção: capital, terra (=imóveis) e trabalho. São os três elementos que geram riqueza e, 
quando unidos, diz-se que a atividade é organizada.
Parte da Doutrina entende a palavra “organizada” no sentido dado pela economia. Para quem 
defende essa corrente, não será considerado empresário ou sociedade empresária quem exerce a 
atividade econômica sem possuir empregados (lembre-se que trabalho é um fator de produção e 
se esse não existir diz-se que a atividade não é organizada), porquanto tal atividade não é 
organizada e, assim, não será empresa. Nesse corrente está quem considera que as entidades de 
economia familiar (membrosde uma mesma família podem não possuir relação de 
subordinação entre si; não haveria empregados, portanto) não exercem empresa, isto é, seus 
exercentes não são empresários ou sociedades empresárias. Também estão nessa corrente os 
que consideram que o empresário individual que exerça empresa sem possuir empregados não 
é, na verdade, empresário, nem sequer exerce atividade de empresa.
Mas a maior parte da Doutrina não conceitua a palavra organizada no sentido dado pela 
Economia, e sim no sentido dado pela Administração de Empresas. Segundo essa corrente, 
toda e qualquer atividade divide-se em atividade-fim (=a resultante, endereçada ao destinatário 
final ou externo) e em atividades-meio (diversas atividades internas ao ciclo produtivo e quem 
apenas existem para dar suporte à atividade-fim, que é a atividade externa, voltada para o 
mercado). Nesse conceito, considera-se atividade organizada apenas a atividade-fim, isto é, a 
atividade voltada para o público externo, voltada para o mercado. Portanto, apenas a atividade-
fim pode ser considerada empresa. Nunca serão empresa as atividades-meio, internas ao ciclo 
produtivo. Por exemplo, se uma fabricante de bebidas também produz as embalagens e ambos 
os produtos são vendidos no mercado, ambas as atividades são empresa. Se, entretanto, as 
embalagens são produzidas apenas para uso interno da fabricante de bebidas, então a atividade 
de bebidas é empresa e a produção de embalagens, por ser atividade-meio, não é empresa.
Dado o conceito de empresa, pergunta-se: quais atividades não estariam no conceito de 
empresa? A resposta é simples: basta não possuir um dos quatro elementos (profissionalismo, 
intuito de lucro, organização e produção/circulação de bens/serviços) e a atividade não será 
empresa.
Se vendo um automóvel eventualmente, trata-se de atividade não empresária. Se sou vendedor 
de carros profissional, sou empresário. Nossa vida privada (nascimento, casamento, morte, 
sucessão) não se caracteriza como atividade de empresa.
Tudo o que não tiver fim econômico não será empresarial, ainda que a relação jurídica seja de 
consumo. É atividade não econômica, por exemplo, a filantropia, a atividade cultural, religiosa, 
moral ou assistencial. São exemplos de atividades não empresárias todas as atividades, mesmo 
que envolva produção/circulação de bens ou serviços, exercida por toda e qualquer associação, 
fundação, organização religiosa ou partido político. Jamais haverá empresa aqui, porque não há 
fins econômicos (=intuito de lucro).
Também não será empresa a atividade essencialmente estatal (funções executiva, legislativa e 
judiciária), abarcadas que são pelo direito público. O Estado, em sua função essencial, não 
produz ou circula bens ou serviços. Houve uma ação no STJ alegando erro judicial e pedindo 
que fosse aplicado contra o juiz o Código de Defesa do Consumidor, considerando o juiz 
prestador de serviços. Evidentemente, o STJ afastou a incidência do CDC na hipótese. O 
Executivo, Legislativo e Judiciário exercem poder político. No exercício do Poder Político, o 
aspecto fundamental é que não se trata de atividade que faça circular ou produzir bens ou 
serviços. Trata-se de impor o munus público e, por isso, o Estado não exerce empresa em suas 
funções estatais essenciais. 
Mas é empresa a atividade de produção de bens e serviços exercida por empresas estatais, 
sejam as sociedades de economia mista, sejam as empresas públicas. São pessoas jurídicas de 
direito privado que exercem atividade privada, isto é, empresa. A única diferença entre essas 
sociedades e as de capital privado é que as estatais, por terem capital majoritário ou total detido 
pelo Estado, sofrem fiscalização de órgãos estatais e estão sujeitas a regras de licitação para 
contratação de obras e serviços. Mas o Estado atua, aqui, como sociedade empresária. 
Há, por outro lado, três exceções ao conceito de empresa. São atividades que possuem todos os 
elementos necessários à caracterização de empresa, mas por força de norma expressa no 
Código Civil, não são consideradas empresa, e sim atividade civil econômica, ou ainda, de 
modo mais técnico, atividade não empresária.
A primeira exceção considera atividade não empresária a prestação de serviços que caracterize 
exercício de profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística. Veja o art. 966, 
parágrafo único, do CC: “Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de 
natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, 
salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
Exercício de profissão literária envolve os escritores, mas não as editoras, que apenas 
imprimem e portanto são empresas. Profissão artística tem como exemplo as peças teatrais. 
Mas quem seria profissional intelectual de natureza científica ? A par de discussões 
doutrinárias, é reconhecido como tal o profissional que necessita deter curso de nível superior 
ou técnico como requisito indispensável ao exercício da profissão. São as chamadas profissões 
regulamentadas, tais como o advogado, o engenheiro, o médico, o dentista etc.
Mas a primeira exceção ao conceito de empresa – exercício de profissão intelectual – possui 
uma exceção, isto é, estamos diante de uma exceção da exceção. Trata-se do disposto ao final 
do parágrafo único do art. 966 do CC: será empresa a atividade sempre que o exercício da 
profissão intelectual for “elemento de empresa”. 
E o que vem a ser elemento de empresa ? Há duas correntes doutrinárias, as quais não se 
excluem.
Para a primeira corrente, a profissão intelectual será elemento de empresa sempre que ao menos 
duas atividades forem exercidas como atividades-fim: uma caracterizada como profissão 
intelectual e outra como atividade típica de empresa. Por exemplo, considere um consultório 
odontológico. O dentista exerce sua profissão, e até aqui ele não é empresário, mas ele também 
vende produtos de higiene bucal e essa atividade é empresa, já que não é necessário ser dentista 
para vender produtos de higiene bucal. Nesse caso, temos duas atividades sendo exercidas, 
uma empresa (=venda de produtos de higiene bucal) e a outra profissão intelectual 
(=odontologia). Diz-se que a profissão intelectual é elemento de empresa e, portanto, a 
atividade resultante será empresa.
Para a segunda corrente (a qual é menos aceita na Doutrina e não exclui a incidência da primeira 
corrente), a profissão intelectual será elemento de empresa sempre que o profissional intelectual 
for empregado de uma pessoa física ou jurídica. Trata-se de compreender a profissão intelectual 
como fator trabalho na organização da atividade como anota a ciência econômica: capital, 
imóvel e trabalho. Se o consultório de médicos possui médicos empregados, então a atividade é 
empresa. Como exemplos, temos os hospitais e as consultorias empresariais de engenheiros 
(com engenheiros empregados), as construtoras etc.
A segunda exceção ao conceito de empresa corresponde à atividade rural, exercida por pessoa 
física ou jurídica, desde que não seja registrada na Junta Comercial. Trata-se da única atividade, 
no Brasil, em que se admite a opção pelo registro no cartório civil ou na junta comercial. O 
tema está indicado nos artigos 971 e 984 do CC. 
Até o advento do Código Civil de 2002, a atividade rural era tratada como atividade civil. Mas, 
para o CC de 2002, a atividade rural apenas não será empresa se não estiver registrada na Junta 
Comercial. Para que o agricultor seja empresário, o registro na Junta Comercial é 
imprescindível. Para que a sociedade agrícola seja sociedade empresária, é necessário o registro 
na Junta Comercial.
A terceira e última exceção ao conceito de empresa reside na sociedade cooperativa. Não 
importa a atividade que exerça, se a entidade for sociedade cooperativa, reza o art. 982, 
parágrafo único,será esta sempre sociedade simples e, portanto, nunca será a cooperativa 
sociedade empresária.
Importante observar, por fim, que qualquer atividade exercida por sociedade anônima ou 
sociedade em comandita por ações (inclusive exercício de profissão intelectual de natureza 
científica, literária ou artística, mesmo sem elemento de empresa, e exercício de atividade rural) 
será considerada, por força de lei, atividade de empresa, isto é, toda e qualquer sociedade 
anônima e sociedade em comandita por ações será, sempre, sociedade empresária (CC, art. 982, 
parágrafo único) e, portanto, registrada (sempre) na Junta Comercial.
1.3 Características e fontes do Direito de Empresa
São elementos característicos do direito de empresa:
a) simplicidade (informalismo): em face da técnica própria do direito de empresa e de seu 
objeto, que é regular operações em massa, a rapidez na contratação constitui elemento 
substancial, o que reforça a supressão do formalismo. A boa-fé e a permissão de provas de 
contratos por qualquer meio (vide art. 992 do CC, que permite a prova da sociedade em conta 
de participação por qualquer meio), inclusive testemunhal, imperam nos atos jurídicos que 
caracterizam o exercício de empresa.
b) internacionalidade (cosmopolitismo): em virtude do aumento contínuo das relações 
econômicas entre os mais distantes países, necessária é a existência de certo número de regras 
aplicáveis a todos os povos, a fim de serem evitadas demoras prejudiciais ao intercâmbio 
comercial. Há, por exemplo, leis uniformes para títulso de crédito, como letra de câmbio, nota 
promissória e cheque.
c) onerosidade: baseando-se a atividade empresarial no intuito de lucro (fins 
econômicos), não se admite, em regra, ato mercantil gratuito. A onerosidade é a regra, e ela se 
presume. No direito civil, ao contrário, a gratuidade é constante em muitos contratos, como no 
mandato.
d) elasticidade: o direito comercial absorve os usos e costumes, à medida que eles se 
tornam comuns. Trata-se, portanto, de um direito em constante renovação, um direito dinâmico.
e) rapidez: as regras jurídicas empresariais, simplificando as formalidades do direito civil, 
procuram agilizar a aplicação do direito comercial. Esse fato possui relevância na questão das 
provas.
f) Individualismo: as regras de direito empresarial inspiram-se em acentuado 
individualismo, porque o lucro está diretamente vinculado ao interesse individual. A liberdade 
de contrato (princípio da autonomia da vontade contratual) ainda constitui regra preponderante 
nas relações mercantis, apesar das limitações impostas pelo Estado.
Quanto às fontes formais do direito de empresa, elas podem ser primárias ou subsidiárias. 
São fontes primárias as leis empresariais, que compreendem o Livro II da Parte Especial do 
Direito de Empresa e as leis esparsas (lei de registro de empresas, lei de propriedade industrial, 
lei das sociedades anônimas, lei de recuperação de empresas e falência, lei da letra de câmbio e 
da nota promissória, lei do cheque, lei da duplicata etc.), as instruções normativas expedidas 
pelo Departamento Nacional de Registro de Comércio, pelo Conselho Monetário Nacional, pela 
Superintendência de Seguros Privados etc., os tratados internacionais que o país tenha adotado 
ou a que tenha aderido (por exemplo, tratado sobre direitos de propriedade industrial e títulos 
de crédito).
São fontes subsidiárias o Direito Civil (vide art. 1052 do CC e o revogado art. 121 do Código 
Comercial de 1850, segundo o qual as regras e disposições do direito civil, para as obrigações 
em geral, são aplicáveis aos contratos mercantis, com as modificações e restrições no código 
estabelecidas) e os usos e costumes comerciais, que são a prática reiterada de certos atos, 
aceitos por todos os empresários como regras obrigatórias e que vigoram quando a lei, 
inclusive a civil, não possui normas expressas para regular o assunto. Os usos e costumes 
mercantis não devem atentar contra a lei e seus princípios, nem representar atos de má-fé. 
Devem ser praticados de maneira uniforme, constante e por certo tempo. Para provar o uso 
comercial, basta a certidão passada pela Junta Comercial (a qual contém o registro do uso), ou, 
se não foi o uso anteriormente constatado pela Junta Comercial, prova-se por meio de 
testemunhas, ou por qualquer outro meio idôneo em direito admitido. 
1.4 O conceito de empresário 
Empresário é a pessoa física que exerce, em nome individual, a atividade de empresa. A 
expressão empresário individual, ou simplesmente empresário, substitui a antiga noção de firma 
individual. 
Lembre-se que não é empresário o profissional intelectual, de natureza científica, literária ou 
artística, (CC, art. 966, parágrafo único) e nem o exercente de atividade rural não registrado na 
Junta Comercial (CC, art. 971).
Não devemos confundir sócio com empresário. Sócio é o proprietário de quotas ou ações de 
uma dada sociedade, simples ou empresária. Sócio não exerce empresa; quem exerce empresa é 
a sociedade. Já o empresário exerce a empresa em nome próprio, como pessoa física, e é 
chamado pela doutrina como empresário individual, com o nítido intuito de focar a idéia de não 
ser o empresário pessoa jurídica (=sociedade), mesmo após o seu registro. 
O art. 967 do CC considera ser obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de 
Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. Mas perceba que o 
registro não faz do empresário pessoa jurídica. O requerimento de empresário não é contrato de 
sociedade.
No art. 44 do CC está o rol taxativo das pessoas jurídicas de direito privado: sem fins 
econômicos, temos as associações (art. 53 do CC: constituem-se as associações pela união de 
pessoas que se organizem para fins não econômicos), as fundações (CC, art. 62, parágrafo 
único: a fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de 
assistência), as organizações religiosas e os partidos políticos. E, com fins econômicos, temos 
tão-somente as sociedades, as quais seguem os requisitos previstos no art. 981 do CC, em 
especial o fato de que sociedade pressupõe pluralidade de sócios, isto é, ao menos dois sócios 
são necessários para que exista a sociedade: celebram contrato de sociedade as pessoas que 
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade 
econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Aqui estão os três requisitos que todo contrato 
de sociedade deve ter: a) pluralidade de sócios, b) fins lucrativos (econômicos); e c) partilha 
dos resultados.
Conclui-se que o empresário, mesmo registrado, não é pessoa jurídica, justamente porque o 
empresário não possui os requisitos necessários a ser caracterizado como sociedade.
 
Se o empresário é pessoa física antes e após o registro, será ele um único sujeito com um único 
patrimônio, isto é, não será possível juridicamente separar seu patrimônio pessoal de seu 
estabelecimento. No caso de falência do empresário, arrecadam-se o estabelecimento e os seus 
bens pessoais, exceto, claro, os impenhoráveis. Diz-se, portanto, que o empresário possui 
responsabilidade integral por suas dívidas, isto é, responde com os bens que integram o 
estabelecimento e com os seus bens pessoais também.
Para o CC, patrimônio é o conjunto de relações jurídicas de cunho econômico. Não apenas os 
bens e direitos, mas as obrigações também. Patrimônio é considerado universalidade de direito, 
isto é, um agrupamento cogente que segue a seguinte regra: um sujeito só pode ter um 
patrimônio. A regra é assim porque se pudesse haver mais de um patrimônio para cada sujeito, 
facilitaríamos a fraude contra credores: o devedor, ao invés de responder por suas dívidas com 
todo o seu patrimônio, como é a regra jurídica em vigor, dividiria seu patrimônio em várias 
partes, a fim de responder a uma execuçãoapenas com um de seus patrimônios, provavelmente 
esvaziado de ativos.
A única forma de o empresário separar bens pessoais de estabelecimento é tornar-se sócio de 
alguém e organizar uma sociedade, registrando-a. É por isso que se diz que com a constituição 
de pessoa jurídica ocorre a separação patrimonial. Nada mais correto, como anota o art. 1022 
do CC. A separação patrimonial é conseqüência do nascimento de um outro sujeito, no caso, a 
pessoa jurídica. E então se organizam patrimônios distintos. Agora, se houver falência, o 
patrimônio arrecadado será tão-somente o da sociedade, e não o dos sócios.
Anote-se também para a correta compreensão dos conceitos microempresa e empresa de 
pequeno porte. É errado considerar que toda e qualquer microempresa seja pessoa jurídica. O 
mesmo vale para empresa de pequeno porte. A justificativa é simples e está prevista na Lei 
Complementar nº 123, de 2006.
Para a LC nº 123/06, microempresa poderá ser qualquer empresário (pessoa física), sociedade 
empresária (pessoa jurídica) e sociedade simples (pessoa jurídica), desde que o faturamento 
bruto anual auferido não ultrapasse R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais). 
Portanto, o que caracteriza o conceito de microempresa é o limite de faturamento, e não a 
natureza jurídica do sujeito, que poderá ser pessoa física, se empresário, ou pessoa jurídica, se 
sociedade empresária. A mesma regra vale para a empresa de pequeno porte, a qual poderá ser 
qualquer empresário (pessoa física), sociedade empresária (pessoa jurídica) e sociedade simples 
(pessoa jurídica), desde que fature de R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) a R$ 
2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).
Não se deve, por fim, considerar o empresário pessoa jurídica porque o registro de empresário 
lhe confere inscrição no Cadastro nacional de pessoa jurídica. O CNPJ foi criado em instrução 
normativa da Receita Federal e se aplica às pessoas jurídicas e também a diversos entes que não 
são pessoas jurídicas, como o condomínio em edificações e o empresário.
Outra questão que deve ser observada refere-se aos requisitos para o exercício regular de 
empresa por empresário. Os requisitos – capacidade civil, ausência de impedimento e registro – 
referem-se tão-somente à condição regular do empresário, e não à caracterização de empresário. 
Qualquer pessoa física, mesmo impedida de exercer empresa e sem registro, será empresário 
sempre que exercer empresa. É claro que será empresário irregular, mas será empresário. Para 
ser empresário, basta ser pessoa física e exercer empresa. Para que o exercício de empresa por 
empresário seja juridicamente regular, aí sim teremos de observar os requisitos capacidade civil, 
ausência de impedimento e registro.
Sem capacidade civil, a pessoa física não poderá exercer empresa de forma regular. Note que é 
capaz quem detenha 16 anos ou mais e se estabeleça com economia própria. O CC admite 
entretanto, no art. 974, o exercício de empresa por incapaz, desde que, cumuladamente, o 
incapaz possua autorização judicial e representante legal ou curador. Deve, ainda, ser sucessor 
de empresa causa mortis (herança ou legado), de qualquer autor de herança, ou inter vivos, 
desde que adquira de seus pais, a título gratuito ou oneroso. Admite-se, ainda, que o incapaz 
superveniente possa exercer empresa se antes a exercia enquanto capaz.
A autorização judicial não constitui direito do incapaz, isto é, o juiz não é obrigado a autorizar 
ainda que o incapaz possua representante ou curador e também seja sucessor de empresa. O 
juiz só autoriza ao considerar os riscos da empresa e, mesmo que autorize, poderá revogar o ato 
posteriormente. Veja o art. 974 § 1o: “Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, 
após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em 
continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou 
representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por 
terceiros.”
Uma questão interessante acerca do incapaz empresário reside no fato de que a lei admite a 
separação patrimonial entre seus bens pessoais e seu estabelecimento, desde que os bens 
pessoais constem do alvará de autorização (art. 974, § 2o). Nesses termos, as dívidas 
assumidas pelo incapaz no exercício de empresa não serão garantidas por seus bens pessoais, 
mas desde que tais bens pessoais estejam listados no alvará do juiz e não sejam utilizados, em 
qualquer hipótese, no estabelecimento do incapaz empresário.
Ainda quanto ao incapaz, deve ser observado que não há impedimento para que o incapaz seja 
sócio, inclusive majoritário, de sociedade simples ou empresária. Há entendimento firmado no 
STF, entretanto, que exige que as quotas ou ações detidas por incapaz estejam totalmente 
integralizadas, isto é, pagas.
O segundo requisito para o exercício regular de empresa refere-se à ausência de impedimentos. 
São impedidos de exercer empresa como pessoa física, isto é, de serem empresários, os 
funcionários públicos, os militares, os agentes políticos, os falidos ainda não reabilitados (art. 
102 da Lei nº 11.101/05, também chamada de reabilitação civil, se não praticou, o falido, crime 
falimentar), os condenados por crime falimentar cuja extinção da punibilidade tenha ocorrido há 
menos de cinco anos, salvo reabilitação penal anterior (art. 181, § 1º, da Lei nº 11.101/05), os 
corretores, os administradores de armazéns-gerais e os leiloeiros.
O estrangeiro, regularmente residente no país, pode dedicar-se ao exercício da empresa, se 
devidamente registrado na Junta Comercial. Também se admite que o estrangeiro residente no 
exterior pratique atos de empresa no Brasil. Mas o estrangeiro, ainda que residente no Brasil, 
não poderá ser proprietário de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e 
imagens, a qual é privativa de brasileiros natos e naturalizados (Constituição Federal, art. 222), 
salvo na condição de sócio minoritário, com até trinta por cento do capital social.
A fim de tutelar os terceiros de boa-fé, o art. 973 do CC considera válidos todos os atos 
jurídicos praticados por quem esteja impedido de exercer empresa, isto é, se o funcionário 
público procede à venda regular de mercadorias, ele estará obrigado a cumprir tais contratos. 
Mas o impedido de exercer empresa não obterá registro na Junta Comercial e, caso seja 
declarado falido com base nas regras gerais que autorizam o pedido de falência 
(impontualidade, execução frustrada e atos falimentares), terá cometido crime falimentar.
Os impedidos de serem empresários podem, entretanto, ocupar a posição de sócio, inclusive 
majoritário, de sociedade empresária. Não poderão, entretanto, ocupar o cargo de administrador 
de qualquer sociedade empresária. Os funcionários públicos e os militares não podem, ainda, 
ocupar a posição de sócio de responsabilidade ilimitada (sócio de sociedade em nome coletivo, 
sócio comanditado em sociedade em comandita simples, sócio acionista diretor em sociedade 
em comandita por ações, sócio ostensivo em sociedade em conta de participação e sócio de 
sociedade em comum).
O último requisito para o exercício regular de empresa por empresário é o registro do 
empresário na Junta Comercial, antes do início de suas atividades. Todo empresário deve se 
registrar; se não fez o registro, será empresário, mas irregular. O registro exige a formulação de 
requerimento de empresário, nos termos do art. 968 do CC, o qual deve conter: a) nome, 
nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; b) a firma, com a 
respectiva assinatura autógrafa; c) o capital; e d) o objeto e a sede da empresa.
Acerca do empresário, deve-se observar, por fim, o disposto no art. 978 do CC, o qual inovou 
a tradição jurídica em vigor até então e passou a permitir que o empresário casado, em qualquer 
regimede bens, possa alienar ou onerar bem imóvel de seu estabelecimento sem necessidade de 
outorga conjugal. O dispositivo se referente a imóvel pertencente a “patrimônio da empresa”, 
mas como empresa significa atividade, a referência legal, necessariamente, está vinculada à 
noção de imóvel utilizado para exercício da atividade de empresa.
1.4. O conceito de estabelecimento
O conceito de estabelecimento constitui tema essencial na compreensão da parte geral do direito 
de empresa. Veja que empresário é pessoa física e sociedade empresária é pessoa jurídica, 
ambos sujeitos que exercem uma atividade específica, chamada empresa, que é a atividade 
profissional, econômica e organizada de produção e/ou circulação de bens ou de serviços. 
Mas o exercício de empresa não depende apenas da manifestação de vontade do titular. É 
necessário deter capital, conceito anotado pelos economistas e que, na ciência jurídica, recebe o 
nome de estabelecimento, ou ainda, fundo de comércio, expressão com origem no francês fonds 
de commerce, a qual significa fonte de comércio, ou seja, o estabelecimento é a fonte, a base 
física, o instrumento necessário ao exercício da atividade de empresa.
Considera-se estabelecimento (=ou azienda) todo o conjunto de bens (=objeto de direito), 
corpóreos e incorpóreos, organizados para exercício de empresa (CC, art. 1142). Desse 
conceito são extraídos três requisitos que, cumulados, caracterizam a existência do 
estabelecimento.
Primeiro, o estabelecimento constitui um conjunto de bens, corpóreos e incorpóreos. São 
corpóreos os bens móveis como estoques de mercadorias, máquinas, instalações e utensílios, e 
os imóveis usados para o exercício da atividade de empresa. São incorpóreos o ponto de 
empresa, as marcas, as patentes de invenção, as patentes de modelo de utilidade, o desenho 
industrial, o nome empresarial, o título de estabelecimento e as indicações geográficas.
O ponto de empresa, ou ponto comercial, decorre do fundo de comércio, isto é, a organização 
dada ao estabelecimento torna-o capaz de servir como instrumento do exercício de empresa e, 
portanto, o titular do fundo de comércio, ou estabelecimento, é o titular do ponto de empresa, o 
qual se define como o direito à clientela atraída pelo local onde está situado determinado 
estabelecimento. Ponto não é o imóvel: é a capacidade que certo local possui em atrair clientela, 
capacidade essa que decorre do exercício de empresa por meio do estabelecimento instalado no 
local. Esse direito ao ponto, que é incorpóreo, só se mantêm enquanto permanecer a exploração 
da organização montada pelo empresário e pela sociedade empresária sobre o conjunto de bens 
que formam o estabelecimento. Cessando esse exercício, perde-se a clientela. E, como prova 
deste direito à clientela, o proprietário do estabelecimento goza de proteção contra a 
concorrência desleal, como anota o art. 1147 do CC, bem como possui direito à indenização 
pelo ponto, em caso de desapropriação do imóvel.
O título de estabelecimento é a designação emblemática ou nominativa (sinais ou palavras) que 
identifica a fachada do imóvel onde se situa o estabelecimento. Não há lei que defina o registro 
do título de estabelecimento, mas sua proteção é assegurada pela jurisprudência, em geral no 
âmbito geográfico municipal, em decorrência da aplicação das regras que reprimem a 
concorrência desleal.
Segundo, o conjunto de bens deve ser organizado, isto é, deve permitir sua utilização 
operacional para o exercício de empresa. É o conceito de aviamento, que deve estar presente no 
conjunto de bens que forma o estabelecimento. Se em um galpão existem máquinas, mas elas 
estão desmontadas ou não conseguem operar, então temos um conjunto de bens meramente 
justapostos, mas não organizados, isto é, não se trata de estabelecimento, por falta de aviamento 
dos bens. Mas se as máquinas estão instaladas e funcionam, então os bens estão aviados e 
podem ser utilizados para o exercício de empresa, isto é, tal conjunto de bens representa, 
efetivamente, um estabelecimento. Diz-se que o aviamento aumenta o valor dos bens, 
justamente porque a organização dos bens, em si, amplia o potencial econômico do titular da 
empresa.
Terceiro, deve o conjunto de bens organizado ser, efetivamente, empregado no exercício de 
atividade caracterizada como empresa, isto é, o conjunto de bens apenas será estabelecimento se 
cumprir uma função: exercer empresa. É comum em provas questões relacionadas, por 
exemplo, ao fato de engenheiro, médico, advogado ou sociedade de engenheiros, médicos e 
advogados, sociedade cooperativa, sociedade simples, fundação, associação, organização 
religiosa e partidos políticos deterem “estabelecimento”. A resposta é sempre negativa, por uma 
simples razão: esses sujeitos não exercem uma atividade caracterizada como empresa (como 
visto acima) e, portanto, não detêm estabelecimento, o qual é conjunto de bens organizado para 
exercício de empresa.
Definido o conceito, deve-se observar que estabelecimento constitui uma universalidade de 
fato, e não de direito. Sempre que o universo juridicamente considerado – o conjunto de bens 
organizado para exercício de empresa – for definido pela vontade do titular, trata-se a hipótese 
de universidade de fato: o estabelecimento, enquanto universalidade de fato, é entendido como 
um conjunto de bens que se mantêm unidos, destinados a um fim, por vontade e determinação 
de seu proprietário, que a qualquer momento pode desintegrá-lo. 
Em conseqüência, o empresário e a sociedade empresária podem, por mero ato de vontade, 
possuir um ou mais estabelecimentos (=no caso, haverá estabelecimento sede e filiais), bem 
como desmembrar um estabelecimento em dois ou mais estabelecimentos. Cada conjunto de 
bens que, no plano dos fatos, consiga isoladamente servir ao exercício de empresa constitui 
estabelecimento. 
Há questões, comum em provas, associadas ao conceito de estabelecimento. Estabelecimento e 
patrimônio são sinônimos ? Os ativos integram o conceito de estabelecimento ? O passivo 
integra o conceito de estabelecimento ? Os contratos integram o conceito de estabelecimento ? 
Vamos às respostas.
O conceito de estabelecimento é bem mais restrito do que parece ser. Patrimônio é 
universalidade de direito representada pelo conjunto de relações jurídicas de cunho econômico, 
sejam direitos, sejam obrigações. As ciências contábeis consideram que o patrimônio se divide 
em ativo e passivo. A despeito de tecnicamente corretas, as expressões ativo e passivo possuem 
sinônimos mais apropriados na ciência jurídica.
Para a ciência jurídica, passivo significa obrigações jurídicas, de caráter pessoal (dívidas), com 
ou sem garantias reais e pessoais conferidas ao credor. O ativo, por sua vez, engloba bens, que 
são direitos reais, e direitos de crédito, que são pessoais. 
De início depreende-se que estabelecimento e patrimônio são conceitos distintos. Se o 
patrimônio abarca ativo e passivo, estabelecimento não: aqui, apenas os bens fazem parte do 
conjunto, isto é, o estabelecimento é composto de parte do ativo, os bens, corpóreos e 
incorpóreos, e desde que tais bens sejam destinados ao exercício da empresa. 
Mas nem todos os bens de propriedade do empresário ou da sociedade empresária pertencem 
ao estabelecimento. Se os bens são de uso pessoal do empresário, não pertencem ao 
estabelecimento; se bens de propriedade da sociedade empresária não são empregados no 
exercício da empresa (por exemplo, uma fábrica desativada), tais bens não integram o 
estabelecimento. Obrigações, ou passivo, da mesma forma, não integram o conceito de 
estabelecimento. 
Já a parte do ativo representada pelos direitos de crédito, direitos pessoais que são, não 
integram o conceito de estabelecimento a partir de uma interpretação autêntica do art. 1.142 do 
CC, que apenas se refere a bens, e não a créditos. 
Mas esseponto é bastante controvertido na Doutrina, assumindo os doutrinadores mais 
clássicos que os créditos não integram o conceito de estabelecimento. Os doutrinadores mais 
modernos, entretanto, incluem os direitos de crédito no conceito de estabelecimento, ao 
fundamento de que os créditos são equiparados juridicamente aos bens móveis e, portanto, em 
uma interpretação extensiva do termo “bens”, apontado no art. 1.142 do CC, estão incluídos os 
créditos. Há quem argumente que, nos termos do art. 1.149 do CC, se a venda de 
estabelecimento implica a cessão dos créditos, então os créditos estão incluídos no conceito de 
estabelecimento. Mas justamente o oposto pode ser dito: se os créditos integram o conceito de 
estabelecimento, porque o legislador precisou explicitar que a venda de estabelecimento implica 
a cessão de créditos ? Ou seja, a existência do art. 1.149 do CC implica reconhecer, em 
princípio, que os créditos não pertencem ao conceito de estabelecimento.
Os contratos de empresa, isto é, os contratos celebrados pelo empresário ou sociedade 
empresária com seus fornecedores, distribuidores e empregados pertencem ao conceito de 
estabelecimento? A resposta é negativa, dado que contratos não são bens.
Os contratos de empresa fomentam o exercício da atividade de empresa, porque 
instrumentalizam o estabelecimento em prol da atividade. De fato, se não há empregados, 
fornecedores e distribuidores, o estabelecimento (as máquinas de uma fábrica, por exemplo) 
não tem como operar. 
Os contratos, assim, estão próximos à noção de empresa, enquanto atividade. Daí a doutrina e o 
legislador (vide art. 140, inc. I, da Lei nº 11.101, de 2005, Lei de Falências) mencionarem o 
termo “alienação de empresa”. Ora, se empresa é atividade, o que seria a alienação de uma 
atividade ? O termo existe, está correto e alienar empresa significa exatamente “transferir os 
contratos de empresa, os quais permitem que o estabelecimento seja instrumento do exercício 
da atividade de empresa”. Portanto, deve-se considerar que contratos detidos pelo empresário 
ou sociedade empresária (com fornecedores, distribuidores, empregados etc.) não pertencem ao 
conceito de estabelecimento, mas viabilizam o exercício da empresa.
1.5. A venda do estabelecimento: o trespasse
O estabelecimento pode ser objeto unitário traslativos de direitos, como anota o art. 1143 do 
CC. A venda de estabelecimento, também chamada de trespasse, pode ser constituída por 
instrumento público ou particular, mas deve ser arquivada na Junta Comercial e publicada na 
imprensa oficial, sob pena de não produzir efeitos perante terceiros (CC, art. 1.144).
A alienação de estabelecimento apenas será eficaz contra os credores do alienante se 
alternativamente: a) o alienante detenha bens, após a venda, suficientes à solvência de seu 
passivo, b) os credores do alienante tenham sido pagos, ou c) os credores tenham anuído, 
expressa ou tacitamente (=anuência tácita é dada pelo credor que, notificado pela via judicial ou 
extrajudicial, deixe de realizar oposição ao trespasse perante a Junta Comercial no prazo de 30 
dias após a notificação) com o trespasse (CC, art. 1145). Do contrário, a venda do 
estabelecimento é ineficaz aos credores do alienante.
Independentemente do disposto no art. 1145 do CC, anota o artigo seguinte, art. 1146 do CC, 
que, na venda de estabelecimento, o adquirente se torna responsável pelos débitos anteriores à 
transferência, desde que contabilizados. Nesse caso, permanecerá o alienante responsável 
solidário, sem benefício de ordem, pelo prazo de um ano a partir da publicação da alienação 
(créditos vencidos) ou do vencimento dos créditos (créditos vincendos à época da alienação).
A alienação de estabelecimento possui cláusula implícita de dever de não-concorrência, a qual 
poderá ser afastada por pacto expresso em contrário. Se omisso o trespasse a respeito, a 
cláusula implícita opera: o alienante não poderá competir com adquirente pelo prazo de 5 anos, 
salvo autorização, que deverá ser expressa no pacto de alienação do estabelecimento (CC, art. 
1.147).
Quanto aos contratos estipulados pelo alienante para a exploração de seu estabelecimento, os 
chamados contratos de empresa (contratos com fornecedores, distribuidores, empregados, 
licenças de direito de propriedade industrial etc.), a solução da lei é simples em caso de 
trespasse: pacta sunt servanda, isto é, alienante e adquirente são livres para pactuar, ou não, a 
transferência dos contratos de empresa ao adquirente. Essa transferência de contratos, se 
houver, é chamada de alienação de empresa, termo referido no art. 140, inc. I, da Lei de 
Falências (Lei n. 11.101/05). 
E se o trespasse for omisso a respeito ? O adquirente assume também os contratos do 
alienante ? A resposta está no art. 1.148 do CC, segundo o qual o adquirente se sub-roga nos 
contratos do alienante, não podendo rescindi-los, salvo nos contratos de natureza 
personalíssima. Os terceiros, entretanto, poderão rescindir os contratos celebrados com o 
alienante, se houver justa causa (no prazo de 90 dias a contar da publicação), ressalvada a 
responsabilidade do alienante.
Por fim, a questão do trespasse, ou alienação de estabelecimento, suscita o debate acerca dos 
créditos o alienante. São eles transferidos ao adquirente ? Reza o art. 1.149 do CC que os 
devedores do alienante estão obrigados a pagar os débitos ao adquirente, desde o momento da 
publicação, mas ficarão exonerados se de boa-fé pagarem ao alienante. Nesse caso, o 
adquirente poderá promover ação contra o alienante, fundada em enriquecimento sem causa 
(CC, art. 1149).
1.6. O registro público de empresas
O registro público de empresas, ou Registro de Comércio, é realizado pelas Juntas Comerciais, 
nos termos da Lei n. 8.934/94. As Juntas Comerciais são autarquias estaduais (com exceção 
para a Junta Comercial do Distrito Federal, que é órgão federal). 
Há também o Departamento Nacional do Registro do Comércio (DNRC), o qual não efetiva 
registros como as Juntas, mas possui poder normativo, exercido por meio de edição de 
instruções normativas, as quais regulamentam a Lei n. 8.934/94, a fim de estabelecer e 
consolidar as normas e as diretrizes gerais de registro e arquivamento de atos de empresário e 
sociedades empresárias de qualquer natureza, inclusive no que se refere à documentação a ser 
exigida.
Pela Lei, em seu art. 32, os atos registráveis compreendem: (a) matrículas, (b) arquivamentos e 
(c) autenticação de livros comerciais. Compete à Junta Comercial, também, assentar os usos e 
práticas (costumes) mercantis.
As matrículas referem-se aos seguintes profissionais: leiloeiros (somente pessoa física), 
tradutores e intérpretes oficiais (somente pessoa física), administradores de armazéns-gerais 
(estes podem ser pessoas físicas ou jurídicas) e trapicheiros (administradores de depósitos 
localizados em zonas portuárias), também pessoas físicas ou jurídicas.
Os arquivamentos abarcam: (i) declaração de firma individual (hoje requerimento de 
empresário), e alterações, (ii) contrato social ou estatuto de sociedade empresária, e alterações, 
(iii) consórcios de sociedades empresárias e grupos de sociedades, (iv) sociedades empresárias 
estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil, (v) declarações de microempresa e empresa de 
pequeno porte, (vi) prova da emancipação ou autorização do incapaz – CC, art. 976, (vii) pactos 
e declarações antenupciais do empresário, bens como os títulos (doação, herança ou legado) 
que imponham incomunicabilidade ou inalienabilidade dos bens – CC, art. 979.
A inscrição do empresário e da sociedade empresária na Junta Comercial possui como 
consequência a proteção, nos limites do Estado, do nome empresarial destes. Nomes idênticos 
não poderão ser usados no mesmo Estado ou registrados na mesma Junta, bem como os nomes 
semelhantes, nas hipóteses de denominação, estarão sujeitosà mesma restrição.
Na hipótese de arquivamento, em especial de contrato social ou estatuto, deve ser observado o 
prazo de 30 dias a contar da prolação do instrumento (CC, art. 1151, § 1º). A observância 
desse prazo produz efeito retroativo do registro à data de celebração do contrato. Se não 
observado o prazo, o registro ainda assim será efetuado, mas o efeito do registro será ex nunc, 
isto é, a contar do deferimento do registro pela Junta Comercial, e não da data de celebração do 
instrumento (CC, art. 1151, § 2º).
As autenticações dos livros comerciais é obrigatória e sua ausência retira o valor probante dos 
livros em favor do empresário ou sociedade empresária, bem como constitui crime falimentar, 
caso, evidentemente, seja decretada a falência do titular dos livros não autenticados.
A Junta Comercial é obrigada a verificar a regularidade formal dos atos submetidos a registro, 
mas não o seu mérito. A Junta Comercial pode indeferir o pedido de registro sempre que 
verificada a existência de vício formal no documento, por violação à lei ou ao contrato, ou a 
ausência de qualquer requisito exigido por lei ou por norma regulamentar (CC, art. 1153; Lei n. 
8.934/94, art. 35).
Como efeito, os atos registrados podem ser opostos a terceiros (CC, art. 1154). Antes do 
registro, a oposição a terceiro depende da prova de ciência deste.
Os direitos de propriedade industrial (patente de invenção e modelo de utilidade, desenho 
industrial, marca e indicação geográfica) não são registrados na Junta Comercial e sim no 
Instituto Nacional de Propriedade Industrial, nos termos da Lei n. 9.279/96.
1.7. A propriedade industrial
As idéias oriundas do intelecto humano podem possuir finalidade artística/estética ou 
industrial/utilitária. No primeiro caso, os direitos dos criadores são protegidos como direitos 
autorais, regidos pelas Leis n. 9.609/98 e 9.610/98, e são estudados no Direito Civil. No 
segundo caso, trata-se da propriedade industrial, regida pela Lei n. 9.279/96 e estudada no 
Direito de Empresa.
A propriedade industrial compreende os direitos sobre invenção, modelo de utilidade, 
desenho industrial, marcas e indicações geográficas. Cabe ao Instituto Nacional da Propriedade 
Industrial, autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 
Exterior, efetuar os registros de desenho industrial, marcas e indicações geográficas e conceder 
as patentes de invenção e de modelo de utilidade.
A invenção é a idéia criada pela mente humana que possui os atributos de novidade (idéia 
que constitui salto tecnológico, isto é, não pertence ao estado da técnica, bem como não foi, 
ainda, explorada em mercados), atividade inventiva (a idéia deve ser resultado de esforço 
inventivo) e aplicação industrial (a idéia deve ser incorporada em produto a ser comercializado).
O modelo de utilidade constitui idéia com as mesmas características da invenção, mas o 
modelo de utilidade representa idéia acessória, a qual se incorpora em produto já existente, com 
o único fim de aumentar sua utilidade.
Marca é o sinal visual (não existe marca sonora), distintivo (isto é, não se trata de 
expressão ou figura de uso comum, quando comparada ao produto ou serviço que se quer 
distinguir), dotado de licitude (o sinal visual não ofende a moral, os bons costumes, crenças 
religiosas etc.) e novidade (não há sinal idêntico ou semelhante, capaz de causar confusão com 
marca já registrada no INPI).
Desenho industrial é toda forma plástica e exterior (o design) que possa revestir um 
produto. Deve possuir novidade (forma não compreendida no estado da técnica, isto é, 
caracterizada por nova configuração ornamental), originalidade (a forma não pode ser a comum 
ou vulgar do objeto) e aplicação industrial (deve a forma ser aplicada em produto passível de 
industrialização e posterior comercialização).
1.8. A escrituração empresarial
Todo empresário e toda sociedade empresária são obrigados a manter um sistema de 
contabilidade (CC, art. 1179), composto pela inscrição regular de dados contábeis no Livro 
Diário, livro obrigatório (CC, arts. 1180 e 1184) e que deve ser autenticado pela Junta 
Comercial, bem como pela elaboração de duas demonstrações financeiras anuais, o balanço 
patrimonial e o balanço de resultado econômico.
A escrituração contábil, se não observada pelo empresário ou sociedade empresária, 
caracteriza crime falimentar, caso o empresário ou sociedade empresária sejam declarados 
falidos. 
Os livros empresariais obrigatórios devem ser conservados na posse do empresário ou 
sociedade empresária até que estejam prescritos os direitos e obrigações nele indicados. São 
livros obrigatórios o Diário e o Registro de Duplicatas e, para a sociedade anônima, também 
são obrigatórios (art. 100 da Lei n. 6.404/76) os livros: a) de registro de ações normativas; b) 
de transferência de ações normativas; c) de registro de partes beneficiárias normativas; d) de 
transferência de partes beneficiárias normativas; e) de atas de assembléias gerais; f) de presença 
dos acionistas; g) de atas das reuniões da diretoria; h) de atas e pareceres do conselho fiscal.
O Livro Diário (art. 1184) é o que retrata as atividades do empresário e da sociedade 
empresária e nele devem ser lançados, diariamente, todas as operações realizadas.
Os livros empresariais que seguem as prescrições contábeis de preenchimento (CC, art. 
1183) e sejam autenticados pela Junta Comercial constituem instrumento de prova documental, 
inclusive em favor do empresário e da sociedade empresária.
Em regra submetidos à regra do sigilo (CC, art. 1190), pode o juiz determinar a exibição 
judicial do livro empresarial, exibição esta que pode ser total ou parcial.
A exibição judicial total será realizada (CC, 1191, caput) em casos de conflito entre 
sócios e/ou com administradores da sociedade, questões de sucessão, gestão empresarial por 
conta de outrem e falência. Conforme a Súmula n. 260 do STF, "o exame de livros comerciais 
em ação judicial fica limitado às transações entre os litigantes". Em caso de recusa à exibição 
total, poderá o Juiz determinar a busca e apreensão dos livros (CC, art. 1192).
A exibição judicial parcial se aplica a qualquer demanda judicial não inserida nas 
hipóteses de exibição total, seja em favor do empresário ou sociedade empresária, seja favor do 
outro litigante (CC, art. 1191, parágrafo primeiro), mas a recusa em exibi-los, nessa hipótese, 
acarreta tão-somente a inversão do ônus da prova, a qual poderá, inclusive, ser elidida pelo 
empresário ou sociedade empresária por prova documental em contrário (CC, art. 1192).
Admite-se, ainda, a exibição administrativa dos livros (CC, art. 1193), a se realizar pela 
fiscalização tributária. As leis tributárias reservam ao poder público, através de seus agentes, o 
direito de exigir a exibição administrativa dos livros empresariais (e também fiscais), para neles 
verificar se os tributos foram pagos regularmente (art. 195 do CTN: não há sigilo de livros 
comerciais perante a Fazenda Pública, sob o aspecto administrativo).
1.9. Nome empresarial
Nome empresarial é a designação do sujeito de direito que exerce empresa, isto é, do 
empresário individual e da sociedade empresária e é registrado na Junta Comercial. Não se deve 
confundir nome empresarial com: a) marca, a qual é a designação distintiva de produto ou 
serviço e é registrada no INPI; b) título de estabelecimento, que é a designação de fachada do 
imóvel onde se encontra instalado o estabelecimento; e c) domínio, que é a designação do 
endereço eletrônico (sítio na internet). 
Nada impede, porém, que a mesma palavra ou expressão de fantasia seja utilizada como título 
de estabelecimento, registrada como marca, inserida no nome empresarial tipo denominação e 
usada no nome de domínio.
O nome empresarial pode ser firma (também chamada de razão, atende ao princípioda 
veracidade, isto é, guarda identidade entre o nome civil do sócio ou empresário e o nome 
empresarial) ou denominação (a que possui elemento fantasia em sua composição: entenda-se 
por elemento fantasia toda palavra que não seja o nome civil de sócio ou empresário, o ramo de 
atividade econômica desenvolvido e nem símbolo de tipologia societária: ltda., s/a etc.).
A firma é obrigatória para o empresário, a sociedade em nome coletivo e a sociedade em 
comandita simples (CC, arts. 1156 e 1157). Nesses casos, o nome empresarial compõe-se do 
nome civil (no todo ou em parte) do empresário ou sócios de responsabilidade ilimitada (todos 
os sócios ou apenas um, acrescido ao final da expressão “e companhia”, por extenso ou 
abreviada: “e Cia.”), obrigatoriamente, e do ramo de atividade, facultativamente. No caso do 
empresário, também é facultado o acréscimo de alcunha.
A denominação é obrigatória para a sociedade anônima, a qual deverá adotar elemento fantasia 
e indicar o ramo de atividade, obrigatoriamente, acrescidas ou iniciadas pelas expressões 
“sociedade anônima” (no início ou no final) ou “companhia” (apenas no início, como anota a 
Instrução Normativa do DNRC n. 104, de 2007), por extenso ou abreviada. É facultativa a 
inclusão do nome do fundador, acionista ou pessoa que tenha contribuído para o êxito da 
sociedade.
A sociedade limitada pode adotar firma (nome do(s) sócio(s), no todo ou em parte e ramo de 
atividade, esse facultativo) ou denominação (elemento fantasia e ramo de atividade - 
obrigatórios), sempre acrescidos da expressão final “limitada”, por extenso ou abreviadamente.
A sociedade em comandita por ações pode adotar firma (conforme a regra geral acima) ou 
denominação (nesse caso, acrescida pela expressão “em comandita por ações”, por extenso ou 
abreviada “sca”).
Em qualquer sociedade (inclusive na S/A), deve ser incluída as expressões “microempresa” ou 
“empresa de pequeno porte”, por extenso ou em forma abreviada (ME ou EPP) ao final do 
nome empresarial, caso o respectivo regime jurídico tenha sido adotado (LC n. 123, de 2006).
Todo nome empresarial deve observar o princípio da novidade (CC, art. 1163), segundo o qual 
não se admite a inscrição de nome idêntico a outro anteriormente registrado no âmbito da 
mesma Junta Comercial, isto é, no âmbito de cada Estado Federado ou do Distrito Federal. 
O art. 1166 do CC faz alusão à possibilidade de lei especial permitir a proteção do nome 
empresarial no âmbito nacional, mas essa lei não foi editada até o momento e, portanto, se o 
empresário deseja proteger seu nome em outro Estado ou em todo o País, deverá registrá-lo nas 
demais Juntas Comerciais (registro isolado do nome em outra Junta Comercial para fins de 
proteção ou mero registro de filial em outro Estado, o que já confere proteção ao nome no 
âmbito dessa Junta Comercial que registra a filial).
A alienação de nome empresarial é proibida (CC, art. 1164). Há controvérsia na Doutrina sobre 
a extensão da proibição, assumindo alguns que a regra se aplica tanto à firma como à 
denominação; outros se limitam a sustentar que a proibição incide apenas sobre as firmas, o que 
parece ser mais razoável, dado que a alienação de nome, nessa hipótese, irá inevitavelmente 
ferir o princípio da veracidade, possui assume-se que o novo proprietário não homônimo do 
anterior. 
Mas admite-se a utilização do nome empresarial do vendedor, na alienação de estabelecimento 
por ato entre vivos, precedida do nome empresarial do comprador, com a qualificação de 
sucessor (CC, art. 1164, parágrafo único). 
Se a inscrição do nome empresaria se der em desacordo com a lei ou contrato, é cabível ação de 
conhecimento que tenha por objeto o pedido de anulação (CC, art. 1167).
A extinção da proteção ao nome empresarial coincide com a extinção da sociedade, se pessoa 
jurídica, ou com a extinção do registro de empresário, se pessoa natural. É prevista ainda, a 
hipótese de cancelamento de registro (art. 60 da Lei n. 8.934/94), caso o empresário ou 
sociedade empresária não arquive qualquer documento na Junta Comercial ao longo de dez 
anos e, cumuladamente, não responda a notificação da Junta Comercial enviada para esse fim.
As sociedades simples, associações e fundações adotam denominação, a qual equipara-se ao 
nome empresarial por força de lei (CC, art. 1155, parágrafo único).
2. Recuperação de empresas e falência
A Lei n. 11.101/05 apresenta três institutos distintos: a recuperação extrajudicial, a recuperação 
judicial e a falência.
As recuperações exigem, em regra, a anuência dos credores e posterior homologação judicial. 
Seu objetivo é auxiliar o devedor a afastar-se do quadro de crise econômica e financeira. O 
devedor poderá também, ao invés de tentar se reerguer sozinho, vender seus ativos a qualquer 
interessado, mas salvo a venda parcial de ativos prevista na recuperação judicial (art. 60, 
parágrafo único), a venda de ativos nas recuperações exige que o adquirente assuma, também, 
todo o passivo contabilizado do alienante.
Se fracassarem, as recuperações autorizam o pedido de falência. Deverá o credor requerer em 
juízo o pedido de falência com base no descumprimento do plano de recuperação extrajudicial 
ou judicial, mas admite-se, no descumprimento de plano de recuperação judicial homologado há 
menos de dois anos (art. 61), a falência imediata do devedor, mediante convolação do processo 
de recuperação judicial em falência.
A falência, por sua vez, pode se originar de uma recuperação mal sucedida, ou simplesmente de 
pedido direto de falência, formulado pelo credor (o mais comum) ou pelo próprio devedor, a 
chamada autofalência.
2.1. Recuperação extrajudicial
A recuperação extrajudicial não pode ser requerida por credor. Apenas pelo próprio devedor. 
Essa recuperação é chamada de extrajudicial porque a anuência dos credores ao Plano é 
extrajudicial e constitui a primeira providência a ser obtida pelo devedor. Imaginada para crises 
econômicas leves e moderadas, a recuperação extrajudicial pressupõe acordo extrajudicial, por 
escrito (instrumento público ou particular), entre credores e devedor.
A primeira fase da recuperação extrajudicial é fase extrajudicial, representada pelo acordo 
extrajudicial, por escrito (instrumento público ou particular), entre credores e devedor.
Esse acordo deve observar os seguintes requisitos objetivos (requisitos legais necessários à 
confecção do Plano de Recuperação Extrajudicial (PRE, art. 161), sem os quais o juiz não 
poderá homologar o PRE.
O primeiro requisito refere-se aos créditos que não são admitidos à inclusão no Plano:
os créditos tributários; os créditos tributários têm sua forma de renegociação ex lege, 
de acordo com as leis que regem os parcelamentos de créditos tributários;
os créditos trabalhistas e de acidente de trabalho;
os créditos derivados de adiantamento de contrato de câmbio (art. 86, inciso II); são 
créditos concedidos por instituição financeira a exportadores, os quais pactuam 
contrato de câmbio para obter a conversão, em reais, do pagamento feito em 
moeda estrangeira como decorrência de contrato de compra e venda 
internacional;
os créditos detidos por quem seja proprietário de bens na posse do devedor (art. 49, 
§ 3o), tais como proprietário fiduciário e sociedade arrendante (leasing). Art. 49 
§ 3o: “Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens 
móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente 
vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de 
irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou 
de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se 
submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de 
propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação 
respectiva, nãose permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se 
refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do 
devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial.”
O segundo requisito impede que o PRE permita o pagamento antecipado de dívidas (art. 161, § 
2o).
O terceiro requisito exige que credores de mesma espécie no PRE devem ser tratados com 
isonomia; não se admite, ainda, tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam 
sujeitos (art. 161, § 2o).
A segunda fase da recuperação extrajudicial é fase judicial, e tem por objeto a homologação do 
PRE em juízo.
Nessa fase, após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão desistir da 
adesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais signatários (art. 161,§ 5o). O 
devedor, entretanto, poderá desistir a qualquer momento do pedido de homologação do PRE.
O devedor deverá anexar o PRE à petição inicial, juntamente com os documentos que 
comprovam a expressa anuência dos credores (art. 162), e demonstrar ao juiz a satisfação de 
requisitos subjetivos (=requisitos sobre a pessoa do devedor, arts. 48 e 161), a saber:
ser empresário ou sociedade empresária;
exercer empresa há mais de 2 (dois) anos;
ter registro regular;
não estar na condição de falido. Se estiver falido (sentença de falência decretada e processo de 
falência em aberto, não encerrado), não poderá requerer sua recuperação extrajudicial. Mas 
não confunda falido com ex-falido: o ex-falido é aquele reabilitado ao exercício de empresa 
em processo de falência já encerrado; se preencher os demais requisitos, o ex-falido pode 
requerer recuperação extrajudicial; o falido, não; 
não ter sido condenado por crime falimentar, salvo se decorridos cincos anos após a extinção 
da punibilidade ou prévia reabilitação penal; se o devedor for sociedade empresária, este 
requisito deverá ser preenchido pelos administradores (todos) e pelo sócio controlador. Art. 
181 § 1º: “Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser 
motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da 
punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal.”
o devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se estiver pendente 
pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de 
outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 (dois) anos (art. 161, parágrafo 
terceiro).
Verificada a existência dos requisitos subjetivos, o Juiz determinará a publicação de edital para 
(art. 164) que os credores ofereçam impugnação, em trinta dias, à homologação do PRE. Entre 
as defesas admitidas, poderão alegar os credores:
falta de requisito subjetivo;
falta de requisito objetivo;
existência de crédito simulado (art. 164, parágrafo sexto);
ausência de anuência de credores que representem ao menos três quintos dos 
créditos (essa defesa não impede a homologação do PRE; apenas impede 
que o juiz, ao homologar o PRE, confira os efeitos ampliados do art. 163, 
como adiante será estudado).
Se o Juiz não homologar o PRE, os seguintes efeitos são produzidos:
a sentença que não homologa o PRE extingue o processo e o devedor não é 
declarado falido;
a não homologação do PRE desconstitui a novação dada pelos credores ao 
anuírem com o PRE; ao credor remanesce seu crédito original. A novação só 
se opera com a homologação do PRE. Pelo art. 165, o plano de recuperação 
extrajudicial produz efeitos após sua homologação judicial. Caso o plano 
seja rejeitado pelo juiz, devolve-se aos credores signatários o direito de 
exigir seus créditos nas condições originais, deduzidos os valores 
efetivamente pagos;
o devedor poderá renovar o pedido de homologação de novo PRE 
imediatamente (art. 164, parágrafo oitavo).
Mas se houver a homologação do PRE, os seguintes efeitos são produzidos:
efeitos restritos do art. 162: o PRE vincula apenas os credores que anuírem, 
caso esses representem menos de três quintos de todos os créditos de 
mesma espécie que existam contra o devedor;
efeitos ampliados do art. 163: o PRE vincula todos os credores de mesma 
espécie, seja os que anuíram, seja os que não anuíram, sempre que os 
credores que anuíram representem três quintos ou mais de todos os créditos 
de mesma espécie que existam contra o devedor; pelo art. 163, o devedor 
poderá requerer a homologação de plano de recuperação extrajudicial que 
obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por 
credores que representem mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de 
cada espécie por ele abrangidos. Perceba que são três quintos dos créditos, e 
não três quintos do número de credores;
a novação é operada;
não há suspensão de direitos, ações ou execuções;
os credores não abrangidos (isto é, os credores não admitidos pela lei, indicados 
acima, e os que não anuíram com o PRE, em caso de homologação do PRE 
com efeitos restritos do art. 162) pelo PRE devem ser pagos em dia pelo 
valor original de seus créditos; do contrário, podem pedir a decretação de 
falência, ainda que o PRE seja homologado e esteja em regular 
cumprimento;
a sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial constituirá 
título executivo judicial, isto é, o plano de recuperação extrajudicial constitui 
título executivo judicial;
admite-se que o plano estabeleça a produção de efeitos anteriores à 
homologação, desde que exclusivamente em relação à modificação do valor 
ou da forma de pagamento dos credores signatários;
a sentença extingue o processo, isto é, o PRE será cumprido na via extrajudicial;
os créditos em moeda estrangeira abrangidos pelo PRE devem ser pagos em 
moeda estrangeira;
não há nomeação de administrador judicial e o devedor é mantido na posse de 
seus bens e na condução de sua empresa, podendo, inclusive, alienar 
livremente os bens de seu ativo permanente; a única possível restrição está 
prevista no art. 166: “Se o plano de recuperação extrajudicial homologado 
envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do 
devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado, no que couber, o 
disposto no art. 142 desta Lei;
o devedor não está impedido de realizar outras novações, no termos do Código 
Civil, como anota o art. 167: “O disposto neste Capítulo não implica 
impossibilidade de realização de outras modalidades de acordo privado entre 
o devedor e seus credores”.
Acerca dos efeitos restritos e ampliados, pode o mesmo PRE homologado gerar os dois tipos 
de efeitos. Por exemplo, se o PRE contou com a anuência de metade dos créditos com garantia 
real e três quintos dos créditos quirografários, então o PRE homologado abrangerá os credores 
por garantia real que anuíram (somente os que anuíram, isto é, efeitos restritos do art. 162) e 
abrangerá todos os credores quirografários, seja os que anuíram ou não (efeitos ampliados do 
art. 163, portanto), porque os que anuíram alcançam três quintos.
Para fins de exclusiva aferição dos três quintos, os créditos em moeda estrangeira são 
convertidos em moeda nacional pelo câmbio da data da véspera de assinatura do PRE (art. 163, 
parágrafo terceiro).
A terceira e última fase do PRE constitui a fase de seu cumprimento, que é realizado na via 
extrajudicial, observados os efeitos decorrentes da homologação do PRE, como anotado acima. 
Se o PRE não for cumprido, os credores abrangidos poderão, à sua escolha, executar o PRE ou 
pedir falência do devedor. Nessa hipótese, o credor deverá exigir o crédito novado, sendo-lhe 
autorizado exigir o crédito originário tão-somente se o PRE contiver cláusula que preveja a 
desconstituição da novação em caso de descumprimento do PRE.
2.2. Recuperação Judicial
A recuperação judicial não pode ser requerida por credor. Apenas pelo próprio devedor. 
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