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Eletromagnetismo – Parte 1 Prof. Marcelo Cury 2 EXPERIÊNCIA DE OERSTED Na primeira metade do século XIX, a eletricidade e o magnetismo ainda eram tratados como fenômenos que não apresentavam nenhuma relação, por terem características bem distintas. Em 1820, o professor Hans Christian Oersted percebeu que a agulha imantada de uma bússola sofria uma deflexão de sua posição normal, quando estava próxima de uma corrente elétrica. Esse fenômeno é conhecido como Experiência de Oersted e marca o início dos estudos do Eletromagnetismo. 3 Numa de suas aulas na universidade de Copenhagen, na Dinamarca, Oersted estava prestes a demonstrar experimentalmente o aquecimento do fio condutor devido à corrente elétrica, fenômeno conhecido como Efeito Joule. Ao ligar uma fonte de energia, ele reparou que a agulha da bússola, que apontava normalmente para o norte geográfico, foi defletida quando a corrente elétrica começou a fluir pelo fio condutor próximo da bússola. 4 Quando a chave está desligada, a agulha imantada da bússola se orienta de acordo com o campo magnético terrestre, com seu polo norte apontando para o polo norte geográfico da Terra, pois não existe corrente elétrica. 5 N SN S i i iiii i i i i i i A chave é fechada e a corrente provoca o movimento da agulha da bússola, colocando-a na direção perpendicular. Podemos concluir que isso ocorreu pelo surgimento de um campo magnético próprio em torno do fio. 6 A conclusão de Oersted foi que cargas elétricas em movimento são capazes de criar um campo magnético ao seu redor. Na prática, um fio que conduz corrente elétrica atua como um ímã. Desde então inaugurou-se a era do eletromagnetismo, em que fenômenos de natureza elétrica e magnética tornaram-se responsáveis pelo funcionamento de motores elétricos e pela geração de energia elétrica. 7 CAMPO MAGNÉTICO CRIADO PELA CORRENTE A corrente elétrica cria um campo magnético circular em torno do condutor. As linhas de indução são círculos concêntricos e o sentido do campo magnético depende do sentido do fluxo das cargas elétricas (corrente elétrica). 8 Para saber o sentido das linhas de indução do campo magnético em torno do condutor podemos usar a regra da mão direita. As linhas de indução são círculos concêntricos e o sentido do campo magnético depende do sentido do fluxo das cargas elétricas (corrente elétrica). 9 Para calcular o módulo do campo magnético gerado em torno de um fio, temos que considerar fatores como a distância ao fio (r), permeabilidade magnética do meio () e a intensidade da corrente elétrica (i). No vácuo, por definição, temos que = 4 x 10-7 T.m/A Se houver n fios, devemos multiplicar o campo B por n. 𝑩 = . 𝒊 𝟐 . 𝒓 10 Um fio é percorrido por uma corrente de intensidade igual a 5 A. O campo magnético de um ponto situado a 2 cm do fio tem intensidade de: = 4 . 10-7 T.m/A (pode ser usado para ocorrências no ar) i = 5 A r = 2 cm = 2 . 10-2 m Exemplo: Vamos usar os seguintes dados: 𝑩 = .𝑖 2 .𝑟 = 4 . 10−7.5 2 .2 . 10−2 = 20 . 10−7 4 . 10−2 = 5 . 10−5 T 11 REPRESENTAÇÃO DO CAMPO NO PLANO Convenção : entrando no plano : saindo do plano 12 13 ELETROÍMÃ O eletroímã é um dispositivo formado por um núcleo de ferro envolto por um solenoide (bobina). 14 Quando uma corrente elétrica passa pelas espiras da bobina, cria-se um campo magnético, que faz com que os imãs elementares do núcleo de ferro se orientem, ficando assim imantado e com a propriedade de atrair outros materiais ferromagnéticos. 15 A orientação dos ímãs elementares ocorre porque a corrente no condutor gera um campo magnético ao seu redor. Observe que dentro do núcleo o campo irá da direita para a esquerda, o que indica orientação de polo sul para polo norte. 16 Abaixo temos um núcleo de ferro envolvido por uma bobina e um pêndulo, cuja massa, presa à extremidade, é um pequeno ímã. Exemplo: 17 Fechando a chave C, a corrente surge no sentido indicado, criando um campo magnético. Pela regra da mão direita, as linhas de indução dentro do núcleo vão da direita para a esquerda, ou seja, indo do polo sul para o norte. O pequeno ímã, portanto, será atraído pelo eletroímã, movendo- se para a esquerda, pois polos de nomes diferentes se atraem. 18 DISJUNTOR O disjuntor é um dispositivo eletromecânico que protege a instalação elétrica contra possíveis danos relacionados a sobrecargas elétricas e curtos-circuitos. O disjuntor é um eletroímã que funciona como interruptor de circuitos em caso de picos de corrente elétrica, que ultrapassam o considerado adequado. 19 Um dispositivo M é ligado em série com a bobina do eletroímã, de maneira que a mesma corrente i que passa por M também passa pela bobina. 20 A armadura A do eletroímã é sustentada pela mola m de tal maneira que para valores admissíveis de i ela não se move por atração do núcleo da bobina. Para valores de i superiores a um valor prefixado, a força de atração sobre a armadura vence a da mola. A armadura desce, a haste AC gira ao redor do ponto O, o ponto D se separa do ponto E, e o circuito se abre. A corrente deixa de circular, e o dispositivo M fica protegido de uma corrente alta. 21 RELÉ O relé é um dispositivo que serve para abrir ou fechar um circuito, ou seja, é um interruptor eletromecânico. São usados em usinas hidrelétricas, na movimentação e proteção contra abertura de portas de elevadores, nos processos de tratamento de água, na fabricação de alimentos, em linhas de montagem de automóveis e ainda são e catracas. 22 Sua parte fundamental é um eletroímã, constituído por uma bobina (B), armadura (A) e núcleo de ferro (N). 23 Para fazer o circuito funcionar, deve-se ligar C com F. Isso só ocorre quando a corrente elétrica (i) passa pela bobina, que fica suficientemente magnetizada para atrair a armadura, que é retida por uma mola. Se cortarmos a corrente elétrica na bobina, o eletroímã é desativado e não existirá mais a atração entre o núcleo e a armadura. Os pontos C e F irão se separar e o circuito para de funcionar. 24 CAMPAINHA A campainha é um dispositivo eletromecânico que faz um ruído bem forte para chamar a atenção, usando um eletroímã. 25 A mola B obriga a armadura a ficar em contato com uma placa metálica F. A corrente é fornecida por uma pilha (P). Quando se fecha a chave (S) a corrente passa, ativando o eletroímã, que atrai a armadura. Assim a haste (C) bate no tímpano (T), ao mesmo tempo que abre o circuito. Todo o processo se repete várias vezes enquanto a chave (botão da campainha) estiver pressionada, tocando a campainha. 26 TELEFONE A parte do telefone por onde ouvimos é um eletroímã, cuja armadura A é uma lâmina muito delgada. A corrente (i) chega ao eletroímã vinda do microfone de um outro telefone, no qual há outra pessoa falando. 27 A corrente não é constante, pois acompanha as variações da voz da pessoa que está falando no outro telefone. À medida que a corrente varia, a atração do eletroímã sobre a armadura (A) também varia, e a armadura vibra. Essas vibrações produzem o som, que é a reprodução do som que, no outro telefone, faz variar a corrente (i).
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