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01.DIREITO CIVIL SUCESSÕES

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DIREITO CIVIL - Sucessões 
PROF: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
DIREITO DAS SUCESSÕES: 
 
Com a morte, as relações jurídicas das pessoas não se extinguem, portanto, os direitos, as 
obrigações, as dívidas das pessoas se transmitem aos herdeiros. As relações jurídicas com a morte 
continuam intactas. 
A única coisa que se altera com a morte é a alteração de um dos sujeitos. O de cujus é 
substituído por seus herdeiros. Mas, os demais elementos da relação jurídica continuam. É disso 
que cuida o direito das sucessões. 
O direito das sucessões é o ramo do direito civil, conjunto de princípios e normas que regem a 
transferência da herança ou do legado aos herdeiros ou legatários em razão da morte de alguém. 
A herança é o patrimônio deixado pelo morto. Quando o sujeito morre, o patrimônio muda 
de nome e passa a se chamar herança. Portanto, a herança abrange todas as relações jurídicas do 
morto; não só os bens, mas também as dívidas, as pretensões, as ações, etc. 
Já o legado é uma coisa certa, ou o percentual de uma coisa certa. Se o sujeito, por 
testamento, deixa uma casa para alguém, ele não está deixando uma herança, mas sim, um legado 
(legatário). Contudo, se ele deixar 1/3 dos bens a alguém, é herança (herdeiro). 
Então, o direito das sucessões rege a transferência da herança e a transferência do legado em 
razão da morte. 
Todas as relações jurídicas, portanto, se transmitem com a morte. 
Os herdeiros e legatários não são representantes do morto, pois morto não tem 
representante. Eles sucedem o morto apenas no tocante aos bens, às relações jurídicas e não no 
tocante à pessoa do morto. 
Não se transmitem os direitos e obrigações personalíssimos. Ex: obrigação de fazer infungível 
– show com cantor famoso que morre; direito real de uso; direito real de usufruto, direito real de 
habitação (art. 1.4101, II, 1.4132 e 1.4163 do CC). 
 
 Qual o fundamento dos direitos das sucessões? 
O fundamento do direito das sucessões é o Princípio da Perpetuidade da Propriedade. A 
propriedade é perpétua e se transmite após a morte. 
O direito das sucessões possui uma importante função social, pois ele estimula a produção e a 
manutenção de bens. A pessoa, sabendo de antemão que, quando ela morre, seus bens se 
transmitem, se sentirá estimulada a produzir e manter bens e riquezas para que seus entes 
queridos possam herdar esses bens. 
 
 
1 Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis: 
I - pela renúncia ou morte do usufrutuário; 
II - pelo termo de sua duração; 
III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de 
trinta anos da data em que se começou a exercer; 
IV - pela cessação do motivo de que se origina; 
V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409; 
VI - pela consolidação; 
VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos 
de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no 
parágrafo único do art. 1.395; 
VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399). 
2 Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto. 
3 Art. 1.416. São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto. 
 
 
 
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FORMAS DE SUCESSÃO: 
 
No Brasil, são apenas duas as formas de sucessão: 
- Legítima: é também chamada de Ab intestato. Ocorre quando a herança é transmitida aos 
herdeiros indicados pela lei (descendentes, ascendentes, cônjuges e colaterais até o 4º grau). 
 
A ordem de vocação hereditária é prevista no art. 1.8294 do CC. 
É aplicável quando o sujeito morre sem deixar testamento, ou por alguma razão, esse 
testamento foi anulado ou declarado nulo por decisão judicial ou caducou (se tornou ineficaz). 
 
- Testamentária: a herança ou o legado é atribuído aos herdeiros instituídos (testamentários) 
ou legatários. Depende de testamento válido. 
 
 
 A liberdade de testar é absoluta ou relativa? 
Se houver herdeiros necessários ou reservatários (descendentes, ascendentes e cônjuges), a 
liberdade de testar é relativa. 
Parte da herança líquida (denominada “legítima”) pertence a esses herdeiros necessários. A 
outra metade é denominada “disponível”. Assim, o testamento somente poderá versar sobre a 
metade disponível. 
Porém, se não houver herdeiros necessários, a liberdade de testar é absoluta, irrestrita, pois 
não há legítima. Toda herança será disponível, de modo que o testamento poderá abranger toda a 
herança. 
 
É possível, também, a coexistência da sucessão testamentária e da sucessão legítima. 
Isso é possível quando o testamento não abrange todos os bens. Aos bens não abrangidos 
pelo testamento serão regidos pela sucessão legítima. 
 
Sucessão Contratual ou Sucessão Pactícia ou Pactos Sucessórios (Pacta Corvina): é possível 
em alguns países (Alemanha, Suíça, Paraguai). Há um contrato intervivos, indicando quem serão os 
herdeiros. Os herdeiros são indicados por meio de contrato. No Brasil, esta sucessão é nula 
(art.4265 CC). O CC/1916 admitia três exceções: 
 
1. Pacto antenupcial – admitia-se a doação causa mortis, em favor de cônjuge ou de filhos. 
Esta doação atualmente é nula. Doação visa transmitir a propriedade em vida. 
O contrato é válido para a transmissão da propriedade em vida. Após a morte, só pode ser 
feita através de testamento, ou codicilo (para coisas de pequeno valor). 
 
 
4 Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da 
comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da 
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
5 Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
 
 
 
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2. No pacto antenupcial, os cônjuges poderiam traçar regras sobre sucessão recíproca e 
futura. Exemplo: Quando morrer quero que você herde tal bem. 
3. Esta última exceção ainda continua em vigor. É o único caso de sucessão contratual no 
Brasil (art. 2.0186 CC). Os pais por ato inter vivos podem fazer a partilha dos bens entre os filhos, 
que somente poderá abranger bens presentes e não prejudicar a legítima dos herdeiros 
necessários. 
 
ABERTURA DA SUCESSÃO 
O Princípio de Saisine é consagrado no art. 1.7847 do CC. Tem origem no Código francês de 
Napoleão. 
Este princípio foi trazido por Pontes de Miranda e significa que, com a morte, a herança se 
transmite imediatamente aos herdeiros legítimos e testamentários, ainda que estes ignorem o 
falecimento. 
A transmissão abrange a propriedade, a posse (desde que o de cujus a possuía – art. 1.2078 do 
CC), dívidas, ações, direito de defesa, etc. (todas as relações jurídicas, exceto as personalíssimas). 
 
 O Princípio de Saisine se aplica aos legatários? 
Com a morte, se for coisa infungível, o legatário adquire a propriedade desde a abertura da 
sucessão. Porém, a posse ele só adquirirá após a partilha. Se for coisa fungível, o legatário só 
adquire a propriedade e a posse após a partilha. 
Assim, tal princípionão é aplicado na íntegra ao legatário. 
 
Comoriência é a morte simultânea de duas pessoas ligadas por um vínculo sucessório (por 
exemplo, autor da herança e herdeiro, autor da herança e legatário). 
Os comorientes não herdam entre si. A sucessão é regida como se o comoriente não existisse. 
Contudo, se eles morrem no mesmo momento, mas não no mesmo evento, aplica-se, por 
analogia, a regra da comoriência (Prof. Carvalho Santos). 
 
SUCESSÃO UNIVERSAL E SUCESSÃO SINGULAR 
 
Sucessão Universal é a transferência de toda a herança, ou de um percentual desta. Os 
herdeiros são sucessores a título universal, seja legítimo ou testamentário. A sucessão legítima é 
necessariamente universal. 
Sucessão Singular é a transferência de uma coisa certa ou de um percentual desta. Ex: legado. 
O testador deixa a Casa X ou um percentual da Casa X para fulano. O legatário sucede sempre a 
título singular. 
A sucessão testamentária pode ser universal (quando o testamenteiro indicar herdeiros) ou 
singular (quando indicar legatários). 
Os herdeiros legítimos são os indicados pela lei. Estes podem ser necessários, facultativos ou 
universais: 
 
- Necessários: pelo CC, são os descendentes, ascendentes e o cônjuge; Tem direito a legítima. 
 
6 Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não 
prejudique a legítima dos herdeiros necessários 
7 Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. 
8 Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir 
sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. 
 
 
 
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- Facultativos: companheiro e colaterais até 4º grau. Irmãos, tios, sobrinhos e tio-avô. 
Observação: com base no princípio da isonomia, há corrente doutrinária que entende que o 
companheiro é herdeiro necessário. Todos os direitos do cônjuge se aplicam ao companheiro. 
- Universais: quando há herdeiro único. 
 
 O Município é herdeiro? 
Quando não há herdeiros necessários ou facultativos, a herança vai para o Município onde o 
bem se situa, ou DF. 
O Município ou DF são herdeiros obrigatórios, pois não podem renunciar a herança. 
Há corrente que diz que eles não são herdeiros, mas sim, destinatários da herança, com base 
no Princípio de Saisine, que prevê que herdeiro é quem recebe a herança desde o momento da 
morte. 
 
CAPACIDADE PARA SUCEDER Art.1.784 do CC 
É regida pela lei vigente ao tempo da abertura da sucessão. O tempo da morte do autor da 
herança. A nova lei não pode retroagir para se aplicar a sucessões abertas antes de sua vigência. 
Esta regra é válida para herdeiros e legatários, e comporta uma exceção: quando o legatário é 
nomeado sob condição, quando a capacidade para suceder é regida pela lei da ocorrência da 
condição. 
 
Sucessões Anômalas ou Irregulares ou Anormais: trata-se das sucessões que alteram a 
ordem da vocação hereditária do CC (art.1.8299), prevendo uma ordem especial: 
 
- Decreto nº 3.438/41 – proíbe a sucessão de cônjuge estrangeiro em terrenos da marinha. 
- Lei nº 6.858/80 – rege a sucessão de créditos previdenciários, trabalhistas, FGTS, PIS, PASEP 
e conta bancária de até 500 OTNs, desde que não hajam outros bens (Conhecida como Lei Beltrão, 
um ministro da época). Estes valores são herdados pelos dependentes previdenciários. 
Para o levantamento desses valores, o dependente não precisa de alvará judicial ou 
inventário. Basta portar a certidão de dependente previdenciário perante o INSS ou o banco. 
Se não houver dependentes previdenciários, aplica-se o CC, e esses valores são herdados de 
acordo com a sucessão legítima, mediante alvará judicial (dispensa-se o inventário). 
- Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98) – se o autor de uma obra morre sem herdeiros, ela cai 
em domínio público (qualquer pessoa poderá editá-la). 
- Art. 1010 da LINDB – a sucessão é regida pela lei do domicílio do defunto ou ausente, 
qualquer que seja a natureza dos bens (móveis ou imóveis). 
 
 
9 Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da 
comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da 
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
10 Art. 10 LINDB. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o 
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. 
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou 
dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. 
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. 
 
 
 
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O CC adotou, assim o Princípio da Unidade ou Universalidade Sucessória, que determina que 
a sucessão será regida por uma única lei, qual seja, a lei do domicílio do morto ou ausente. 
Em contraposição ao Princípio da Unidade ou Universalidade Sucessória, existe o Princípio da 
Fragmentariedade ou Pluralidade, que diz que, no tocante aos bens móveis, a sucessão é regida pela lei 
do domicílio ou da nacionalidade, conforme a lei do país. No tocante aos bens imóveis, será regida pela 
lei do local onde se localizam os bens imóveis. 
O Brasil se afastou deste princípio da Fragmentariedade ou Pluralidade , adotando o Princípio 
da Unidade Sucessória. 
 
Exemplo: Morre, no Brasil, argentino domiciliado no Paraguai, que deixou bens no Brasil. 
 
 Qual lei regerá a sucessão? 
O Código Civil paraguaio, porque é a lei do domicílio do morto. 
 
Porém, o inventário de bens situados no Brasil, deve, necessariamente, ser feito no Brasil. 
Portanto, o processo tramitará no Brasil, mas o juiz brasileiro aplicará, nesta sucessão, a lei do 
domicílio do de cujus. 
Este princípio da Unidade sucessória tem uma exceção: se houver cônjuge ou filho brasileiro, 
ou quem o represente, aplica-se a lei que for mais favorável. Portanto, se a lei brasileira for mais 
favorável ao cônjuge, ao filho ou quem o represente, ela será aplicada. 
A lei do domicílio do de cujus rege a sucessão, que significa dizer quem são os herdeiros e 
quais são seus direitos. Porém, a capacidade para suceder é regida pela lei do domicílio do herdeiro 
ou do legatário (art. 10, §2º da LINDB). Tal Lei deverá ser observada nos casos renúncia da herança 
casos de deserdação, indignidade, falta de legitimação para suceder etc. 
 
Ex: Morre, no Brasil, argentino domiciliado no Paraguai, que deixou bens no Brasil. 
 A Lei que regerá a sucessão será o CC paraguaio. 
Contudo, ele possui herdeiros que vivem em Paris - França. Se eles poderão ou não herdar 
será determinado pelo Código Civil francês. 
 
INDIVISIBILIDADE DA HERANÇA 
A herança é um bem indivisível e um bem imóvel 
O direito à herança é indivisível (art. 1.79111 CC). Essa indivisibilidade perdura da abertura da 
sucessão até a partilha. Com a partilha, os quinhões se individualizam e a herança passa a ser 
divisível. 
 
Consequências da indivisibilidade: 
Antes da partilha, o co-herdeiro pode alienar apenas a sua quota ideal, ou seja, um percentual 
daquilo que ele tem direito. Ele não poderáalienar ou hipotecar uma coisa certa e determinada da 
herança. Não pode pegar um carro ou uma fazenda e alienar. 
 
 Antes da partilha, seria possível alienar coisa certa? 
 
11 Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. 
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e 
regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. 
 
 
 
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Antes da partilha, em regra, não seria possível alienar coisa certa e determinada da herança. 
Contudo, o juiz pode autorizar a venda de bens por motivos justos; ou quando todos os herdeiros 
maiores e capazes concordarem com a venda. 
Outra consequência da indivisibilidade é o direito de preferência. Quando se tratar de um 
condomínio (quando duas ou mais pessoas são proprietárias de um mesmo bem) de bem 
indivisível, o condômino, antes de vender sua parte para um terceiro, tem que dar preferência aos 
outros condôminos. 
Se o condômino alienar seu quinhão a terceiro sem dar preferência aos demais condôminos, 
estes podem mover uma ação Reivindicatória desse bem. Esta ação se denomina Ação de 
Preferência ou de Preempção. Trata-se de uma ação real, pois reivindicará o bem. 
Com a petição inicial, o herdeiro deverá depositar o valor da venda. 
O prazo para mover esta ação é de 180 dias após a alienação (art. 1.79512 CC). O terceiro que 
adquiriu o bem também deverá figurar como réu desta ação. 
Esta ação poderá ser movida por um co-herdeiro sozinho, ou em conjunto com os demais. 
Se ele mover sozinho, estará reivindicando aquela parte do quinhão para si. Se mover em 
conjunto com os demais co-herdeiros, o quinhão será partilhado entre todos. 
Outra consequência de ser indivisível é que quem adquirir os direitos sucessórios não poderá 
registrar essa cessão de direitos hereditários no Cartório de Registro de Imóveis. 
Os direitos hereditários podem ser cedidos, mas é apenas um percentual do acervo e a 
herança não é composta só de direitos, é composta de direitos, obrigações, bens móveis e imóveis. 
Portanto, esse contrato de cessão não pode ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis, pois 
recai sobre um objeto indeterminado. 
O art. 167 da Lei 6.015/73 (LRP), o qual prevê um rol taxativo do que pode ser registrado no 
Registro de Imóveis não prevê a possibilidade de se registrar a cessão de direitos hereditários. 
Outra consequência da indivisibilidade de herança é permitir a qualquer co-herdeiro ajuizar, 
sozinho, em nome próprio, ações petitórias (para discutir a propriedade) ou possessórias (para 
discutir a posse) contra terceiros que possuam indevidamente a coisa. Ele é um substituto 
processual dos demais herdeiros. Ele reivindica o bem para a herança e não para ele. 
Outra característica da herança é ser um bem imóvel por força de lei (art. 8013, II CC) e, 
portanto, segue o regime jurídico dos bens imóveis. Assim, para alienar um bem imóvel, a pessoa 
casada precisa da autorização do cônjuge, salvo se for pelo regime da separação absoluta de bens. 
Para alienar direitos hereditários, isto é, para fazer cessão de direitos também dependerá da 
outorga do cônjuge, salvo se for pelo regime da separação obrigatória de bens. 
Para alienar imóveis, é preciso escritura pública. Esta mesma exigência é feita para a 
alienação (cessão) de direitos hereditários, o que também pode ser feito por termo nos autos de 
inventário. O Código Civil permite isso. 
Para mover uma ação real sobre bens imóveis, o sujeito precisará da autorização de seu 
cônjuge. Se for réu nesta ação, seu cônjuge também precisará ser citado (art. 1014 do CPC). 
 
12 Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a 
quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão. 
13 Art. 80 CC. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
II - o direito à sucessão aberta. 
14 Art. 10 CPC. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos 
reais imobiliários. 
§ 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: 
I - reais imobiliárias; 
I - que versem sobre direitos reais imobiliários; 
 
 
 
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Como a herança é um bem imóvel, quando se move uma ação para discutir sucessão, é 
preciso autorização do cônjuge para tal. Se os herdeiros figurarem como réus, seus cônjuges 
precisarão ser citados. 
 
 
II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por eles; 
III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de recair sobre o produto 
do trabalho da mulher ou os seus bens reservados; 
IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóveis de um ou de ambos 
os cônjuges. 
§ 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nos casos de 
composse ou de ato por ambos praticado.

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