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Aula 01 - Sucessão Introdução (2)

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DIREITO CIVIL VI – SUCESSÕES 
PROFESSORA: CAROLINE BITTENCOURT 
 
 
 
INTRODUÇÃO À SUCESSÃO 
 
1. Conceito 
A palavra “sucessão”, em sentido amplo, significa o ato pelo qual uma pessoa 
assume o lugar de outra, substituindo-a na titularidade de determinados bens. 
Por exemplo, na compra e venda de um bem, o novo proprietário sucede o antigo 
na propriedade e posse do bem adquirido. 
No direito das sucessões, o vocábulo é empregado em sentido estrito, para 
designar tão somente a decorrente da morte de alguém, ou seja, a sucessão 
causa mortis. O referido ramo do direito disciplina a transmissão do patrimônio, 
ou seja, do ativo e do passivo do de cujus ou autor da herança a seus 
sucessores. 
➢ A expressão latina de cujus é abreviatura da frase de cujus sucessione 
(ou hereditatis) agitur, que significa “aquele de cuja sucessão (ou 
herança) se trata”. 
O assunto é tratado no Código Civil no Livro V, a partir do artigo 1.784. 
 
2. Abertura da Sucessão 
Dispõe o art. 1.784 do Código Civil: 
“Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, 
desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.” 
Pelo princípio de Saisine se estabelece que a posse dos bens do "de cujus" se 
transmite aos herdeiros, imediatamente, na data de sua morte. Esse princípio foi 
consagrado em nosso ordenamento jurídico pelo artigo supratranscrito. 
A herança é um somatório, em que se incluem os bens e as dívidas, os créditos 
e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e ações de que era titular 
o falecido, e as que contra ele foram propostas, desde que transmissíveis. 
Compreende, portanto, o ativo e o passivo (CC, arts. 1.792 e 1.997). 
A existência da pessoa natural termina com a morte real (CC, art. 6º). Como não 
se concebe direito subjetivo sem titular, no mesmo instante em que aquela 
acontece abre-se a sucessão, transmitindo-se automaticamente a herança aos 
herdeiros legítimos e testamentários do de cujus, sem solução de continuidade 
e ainda que estes ignorem o fato. 
DIREITO CIVIL VI – SUCESSÕES 
PROFESSORA: CAROLINE BITTENCOURT 
 
 
 
Na impossibilidade de se admitir que um patrimônio permaneça sem titular, o 
direito sucessório impõe, mediante uma ficção jurídica, a transmissão da 
herança, garantindo a continuidade na titularidade das relações jurídicas do 
defunto por meio da transferência imediata da propriedade aos herdeiros. 
Não há falar em herança de pessoa viva, embora possa ocorrer a abertura da 
sucessão do ausente, presumindo sua morte (CC, arts. 26 e s.). 
 
3. Pressupostos da Sucessão 
Constituem, destarte, pressupostos da sucessão: 
• que o de cujus tenha falecido; 
• que lhe sobreviva herdeiro. 
 
➢ Se o autor da herança estiver vivo, não haverá sucessão. Abre-se a 
sucessão somente com o óbito, real ou presumido. 
➢ Com a morte, pois, transmite-se a herança aos herdeiros, de acordo com 
a ordem de vocação hereditária estabelecida no art. 1.829 do Código Civil. 
“Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem 
seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge 
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no 
regime da comunhão universal, ou no da separação 
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no 
regime da comunhão parcial, o autor da herança não 
houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais.” 
➢ Na falta destes, será a herança recolhida pelo Município, pelo Distrito 
Federal ou pela União, na conformidade do disposto no art. 1.844 do 
mesmo diploma. 
“Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, 
nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a 
DIREITO CIVIL VI – SUCESSÕES 
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herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito 
Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à 
União, quando situada em território federal.” 
A morte a que se refere o legislador é a morte natural. Não importa o motivo que 
a tenha determinado. A expressão “abertura da sucessão” é, todavia, 
abrangente. Por conseguinte, mesmo no caso de suicídio abre-se a sucessão do 
de cujus. 
 
4. Morte Presumida do Ausente 
A lei prevê, ainda, ao lado da morte natural, a morte presumida do ausente, como 
referido. O art. 6º do Código Civil, com efeito, refere-se à ausência como morte 
presumida. 
“Art. 6° A existência da pessoa natural termina com a 
morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos 
casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão 
definitiva.” 
Assim, a lei autoriza os herdeiros do ausente, num primeiro momento, a 
ingressarem com o pedido de abertura de sucessão provisória. Se, depois de 
passados dez anos da abertura dessa sucessão, o ausente não tiver retornado, 
ou não se tiver confirmação de sua morte, os herdeiros poderão requerer a 
sucessão definitiva, que também terá a duração de dez anos. Pode-se, ainda, 
requerer a sucessão definitiva, provando-se que o ausente conta 80 anos de 
idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele (CC, art. 38). Esta hipótese 
é uma exceção no sistema sucessório. 
 
5. Necessidade de prova da morte real 
Em regra, é indispensável, para que se possa considerar aberta a sucessão de 
uma pessoa, a prova de sua morte real, mediante a apresentação do atestado 
de óbito. Tal espécie de atestado, todavia, só é fornecida a partir da 
constatação, mediante o exame do cadáver, da morte biológica, uma vez que, 
conforme já observado, o direito pátrio não admite a morte civil. 
 
6. Morte Presumida sem Decretação de Ausência 
DIREITO CIVIL VI – SUCESSÕES 
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Há situações, entretanto, em que, embora haja uma evidência da morte, o corpo 
do de cujus não é encontrado, por ter desaparecido em naufrágio, inundação, 
incêndio, terremoto ou outra catástrofe, impossibilitando a aludida constatação e 
o fornecimento do atestado de óbito, bem como o registro deste. 
Para esses casos, a Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/73) prevê um 
procedimento de justificação. O Código Civil de 2002, por sua vez, amplia, no 
art. 7º, I e II, as hipóteses de morte presumida, que pode ser declarada sem 
decretação de ausência, usando expressão genérica: “se for extremamente 
provável a morte de quem estava em perigo de vida”, sendo extremamente 
provável a sua morte. Nesse caso, só poderá ser requerida a declaração 
(mediante ação declaratória, e não simples justificação judicial) de morte 
presumida “depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença 
fixar a data provável do falecimento” (CC, art. 7º, parágrafo único). 
 
7. Momento da Transmissão da Herança 
Como vimos anteriormente, a sucessão ocorre no exato momento da morte do 
autor da herança. Ainda que os herdeiros não saibam de sua morte ou que a 
herança lhes foi transmitida. No entanto, é imprescindível, que ao tomar 
conhecimento, aceitem ou recusem a herança, até porque ninguém é obrigado 
a ser herdeiro. 
Mas a aceitação tem o efeito — como diz o art. 1.804 — de tornar definitiva a 
transmissão que já havia ocorrido por força do art. 1.784. E, se houver renúncia 
por parte do herdeiro, tem-se por não verificada a transmissão mencionada no 
mesmo artigo (art. 1.804, parágrafo único)”. 
“Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua 
transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. 
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada 
quando o herdeiro renuncia à herança.” 
 
8. Comoriência 
Como foi dito, para que haja sucessão é necessário que o herdeiro sobreviva ao 
hereditando. Há casos, no entanto, em que ambos falecem em condições que 
impossibilitam precisar qual deles morreu primeiro e se ocorreu ou não a 
sobrevivência do herdeiro. Essas hipóteses de morte simultânea recebem a 
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denominação de comoriência,disciplinada no art. 8º do Código Civil, nestes 
termos: 
“Art. 8° Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma 
ocasião, não se podendo averiguar se algum dos 
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos.” 
 
Quando duas pessoas morrem em determinado acidente, somente interessa 
saber qual delas morreu primeiro se uma for herdeira ou beneficiária da outra. 
Do contrário, inexiste qualquer interesse jurídico nessa pesquisa. 
O principal efeito da presunção de morte simultânea é que, não tendo havido 
tempo ou oportunidade para a transferência de bens entre os comorientes, um 
não herda do outro. 
Não há, pois, transferência de bens e direitos entre comorientes. Por 
conseguinte, se morre em acidente casal sem descendentes e ascendentes, 
sem saber qual morreu primeiro, um não herda do outro. Assim, os colaterais da 
mulher ficarão com a meação dela; enquanto os colaterais do marido ficarão com 
a meação dele. Diversa seria a solução se houvesse prova de que um faleceu 
pouco antes do outro. O que viveu um pouco mais herdaria a meação do outro 
e, por sua morte, a transmitiria aos seus colaterais. 
Para que se configure a comoriência não é mister que as mortes tenham ocorrido 
no mesmo lugar. 
 
9. Transmissão da Posse: O Princípio de Saisine 
Uma vez aberta a sucessão, dispõe o art. 1.784 do Código Civil, retrotranscrito, 
a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros. Nisso consiste o princípio da 
saisine, segundo o qual o próprio defunto transmite ao sucessor a propriedade e 
a posse da herança. 
 
Para que a transmissão tenha lugar é necessário, porém: 
• que o herdeiro exista ao tempo da delação; e 
• que a esse tempo não seja incapaz de herdar. 
 
DIREITO CIVIL VI – SUCESSÕES 
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Saisine quer dizer posse, e saisine héréditaire significa que os parentes de uma 
pessoa falecida tinham o direito de tomar posse de seus bens sem qualquer 
formalidade. Essa situação se expressava pela máxima le mort saisit le vif, 
princípio que se encontra consignado no art. 724 do Código Civil francês, pelo 
qual os herdeiros são investidos de pleno direito nos bens, direitos e ações do 
defunto. Nosso Código Civil consagrou este princípio no artigo 1.784. 
 
10. Incidência da Lei Vigente ao Tempo da Abertura da Sucessão 
Em decorrência do princípio da saisine, “regula a sucessão e a legitimação para 
suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela” (CC, art. 1.787). 
A lei do dia da morte rege todo o direito sucessório, quer se trate de fixar a 
vocação hereditária, quer de determinar a extensão da quota hereditária. Não 
pode a lei nova disciplinar sucessão aberta na vigência da lei anterior. 
Uma vez que a transmissão da herança se opera no momento da morte, é nessa 
ocasião que se devem verificar os valores do acervo hereditário, de forma a 
determinar o monte partível e o valor do imposto de transmissão causa mortis. 
Dispõe a Súmula 112 do Supremo Tribunal Federal: 
“O imposto de transmissão causa mortis é devido pela 
alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão”. 
Outra consequência do princípio da saisine consiste em que o herdeiro que 
sobrevive ao de cujus, ainda que por um instante, herda os bens por este 
deixados e os transmite aos seus sucessores, se falecer em seguida. 
 
11. Espécies de Sucessão e de Sucessores 
Podem ser apontadas as seguintes espécies de sucessão: 
 
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11.1. Sucessão legítima e testamentária 
Proclama o art. 1.786 do Código Civil: 
“Art. 1.786 A sucessão dá-se por lei ou por disposição de 
última vontade”. 
Por isso se diz que a sucessão, considerando-se a sua fonte, pode ser: 
• legítima ou ab intestato, quando se dá em virtude da lei; e 
• testamentária, quando decorre de manifestação de última vontade, 
expressa em testamento ou codicilo. 
Pode ser, ainda, contratual e anômala ou irregular. 
 
➢ Sucessão legítima 
Por sua vez, prescreve o art. 1.788 do Código Civil: 
“Art. 7.788 Morrendo a pessoa sem testamento, transmite 
a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá 
quanto aos bens que não forem compreendidos no 
testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento 
caducar, ou for julgado nulo”. 
Morrendo, portanto, a pessoa ab intestato (sem testamento), transmite-se a 
herança a seus herdeiros legítimos, expressamente indicados na lei (CC, art. 
1.829), de acordo com uma ordem preferencial, denominada ordem da vocação 
hereditária. Costuma-se dizer, por isso, que a sucessão legítima representa a 
vontade presumida do de cujus de transmitir o seu patrimônio para as pessoas 
indicadas na lei, pois teria deixado testamento se outra fosse a intenção. 
O Código Civil de 2002 incluiu o cônjuge supérstite no rol dos herdeiros 
necessários (art. 1.845), determinando que concorra com os herdeiros das 
classes descendente e ascendente (art. 1.829, I e II), e faça parte da terceira 
classe, com exclusividade. 
“Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem 
seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge 
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no 
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regime da comunhão universal, ou no da separação 
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no 
regime da comunhão parcial, o autor da herança não 
houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais.” 
Será, ainda, legítima a sucessão se o testamento caducar ou for julgado nulo, 
como consta da parte final do retrotranscrito art. 1.788. O testamento 
originariamente válido pode vir a caducar, isto é, a tornar-se ineficaz por causa 
ulterior, como a falta do beneficiário nomeado pelo testador ou dos bens 
deixados. Acrescente-se a essas hipóteses a revogação do testamento. 
“Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite 
a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá 
quanto aos bens que não forem compreendidos no 
testamento; e subsiste a sucessão legítima se o 
testamento caducar, ou for julgado nulo.” 
 
➢ Sucessão simultaneamente legítima e testamentária 
A sucessão poderá ser, também, simultaneamente legítima e testamentária 
quando o testamento não compreender todos os bens do de cujus, pois os não 
incluídos passarão a seus herdeiros legítimos (CC, art. 1.788, 2ª parte). 
 
➢ Sucessão testamentária 
A sucessão testamentária dá-se por disposição de última vontade. Havendo 
herdeiros necessários (ascendentes, descendentes ou cônjuge), divide-se a 
herança em duas partes iguais e o testador só poderá dispor livremente da 
metade, denominada porção disponível, para outorgá-la ao cônjuge 
sobrevivente, a qualquer de seus herdeiros ou mesmo a estranhos, pois a outra 
constitui a legítima, àqueles assegurada no art. 1.846 do Código Civil. 
 
➢ Liberdade de testar 
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Não havendo herdeiros necessários, plena será a liberdade de testar, podendo 
o testador afastar da sucessão os herdeiros colaterais (art. 1.850). 
“Art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros 
colaterais, basta que o testador disponha de seu patrimônio 
sem os contemplar.” 
Estabelece, com efeito, o art. 1.789 do Código Civil: 
“Art. 1789. Havendo herdeiros necessários, o testador só 
poderá dispor da metade da herança”. 
Se o testador for casado no regime da comunhão universal de bens, o patrimônio 
do casal será dividido em duas meações, e só poderá dispor, em testamento, 
integralmente, da sua, se não tiver herdeiros necessários, e da metade, 
correspondente a um quarto do patrimônio do casal, se os tiver. 
Devemos considerar a exceção que o regime da comunhão universal de bens 
traz, vez que só vislumbramos uma massa patrimonial, a qual contém bens dos 
dois cônjuges,outrora particulares e havidos na constância do casamento. Desta 
feita, o testador só poderá dispor da sua metade no patrimônio. Da mesma 
forma, o cônjuge meeiro não tem direito a herança. 
A legítima constitui um freio ao poder de dispor por ato de última vontade. Em 
face do nosso direito, é sagrada e intangível. Herdeiro necessário dela não pode 
ser privado, a menos que ocorra algum caso de deserdação, redação do art. 
1.961: 
“Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados 
de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em que 
podem ser excluídos da sucessão.” 
 
➢ Sucessão a título universal e a título singular 
A sucessão pode ser classificada, ainda, quanto aos efeitos, em a título universal 
e a título singular. 
• Sucessão a título universal: dá-se quando o herdeiro é chamado a 
suceder na totalidade da herança, fração ou parte alíquota (porcentagem) 
dela. Pode ocorrer tanto na sucessão legítima como na testamentária. 
Nessa modalidade, o sucessor sub-roga-se na posição do finado, como 
titular da totalidade ou de parte da universitas iuris, que é o seu 
DIREITO CIVIL VI – SUCESSÕES 
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patrimônio, de modo que, da mesma maneira que se investe na 
titularidade de seu ativo, assume a responsabilidade por seu passivo. 
• Sucessão a título singular: ocorre quando o testador deixa ao beneficiário 
um bem certo e determinado, denominado legado, como um veículo ou 
um terreno, por exemplo. 
 
Legatário, portanto, não é o mesmo que herdeiro. Este sucede a título universal, 
pois a herança é uma universalidade; aquele, porém, sucede ao falecido a título 
singular, tomando o seu lugar em coisa certa e individuada. 
A sucessão legítima é sempre a título universal, porque transfere aos herdeiros 
a totalidade ou fração ideal do patrimônio do de cujus. A testamentária pode ser 
a título universal ou a título singular. Será a título singular quando envolver coisa 
determinada e individualizada, conforme a vontade do testador. 
 
➢ Sucessão contratual 
O nosso direito não admite outras formas de sucessão, especialmente a 
contratual, por estarem expressamente proibidos os pactos sucessórios, não 
podendo ser objeto de contrato herança de pessoa viva (CC, art. 426). Aponta-
se, no entanto, uma exceção: podem os pais, por ato entre vivos, partilhar o seu 
patrimônio entre os descendentes. 
Dispõe, efetivamente, o art. 2.018 do Código Civil: 
“Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato 
entre vivos ou de última vontade, contanto que não 
prejudique a legítima dos herdeiros necessários”. 
 
➢ Sucessões irregulares 
Sucessão anômala ou irregular é a disciplinada por normas peculiares e próprias, 
não observando a ordem da vocação hereditária estabelecida no art. 1.829 do 
Código Civil para a sucessão legítima. 
 
12. Espécies de Sucessores 
Podem ser apontadas as seguintes espécies de sucessores: 
DIREITO CIVIL VI – SUCESSÕES 
PROFESSORA: CAROLINE BITTENCOURT 
 
 
 
 
 
• Sucessor ou herdeiro legítimo: é o indicado pela lei, em ordem 
preferencial (art. 1.829). 
• Sucessor testamentário ou instituído: é o beneficiado pelo testador no ato 
de última vontade com uma parte ideal do acervo, sem individuação de 
bens. 
• Legatário: é a pessoa contemplada em testamento com coisa certa e 
determinada, não sendo, como já foi dito, herdeiro instituído ou 
testamentário. 
• Sucessor ou herdeiro necessário (legitimário ou reservatário): é o 
descendente ou ascendente sucessível e o cônjuge (CC, art. 1.845), ou 
seja, todo parente em linha reta não excluído da sucessão por indignidade 
ou deserdação, bem como o cônjuge, que só passou a desfrutar dessa 
qualidade no atual Código Civil, constituindo tal fato importante inovação. 
• Herdeiro universal: é assim chamado o herdeiro único, que recebe a 
totalidade da herança, mediante auto de adjudicação (e não de partilha) 
lavrado no inventário, seja em virtude de lei, seja em virtude de renúncia 
dos outros herdeiros ou de testamento. 
 
13. Lugar de Abertura da Sucessão 
Dispõe o art. 1.785 do Código Civil: 
“Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio 
do falecido”. 
DIREITO CIVIL VI – SUCESSÕES 
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É esse o foro competente para o processamento do inventário, mesmo que o 
óbito tenha ocorrido em outro local ou, até, no exterior e ainda que outros sejam 
os locais da situação dos bens. 
O dispositivo supratranscrito, norma de direito substantivo, deve ser conjugado 
ao art. 48, caput, e parágrafo único do Código de Processo Civil de 2015. 
Cumpre salientar que abertura da sucessão não é o mesmo que abertura do 
inventário. Há, todavia, uma coincidência entre a norma substantiva e a de 
natureza processual, pois o aludido art. 48 estabelece que: 
“Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, 
é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, 
o cumprimento de disposições de última vontade, a 
impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para 
todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito 
tenha ocorrido no estrangeiro. 
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía 
domicílio certo, é competente: 
I - o foro de situação dos bens imóveis; 
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer 
destes; 
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer 
dos bens do espólio.” 
 
➢ Domicílio incerto 
Tendo em vista que o domicílio do falecido pode ser incerto, houve por bem o 
legislador processual, outrossim, especificar a regra, no tocante ao local da 
abertura do inventário, fazendo-o incidir, nesse caso, no local da situação dos 
bens. Se, porventura, os bens que compõem a herança se situarem em locais 
diversos, tem aplicação o disposto no inc. II do mencionado parágrafo único, 
segundo o qual é competente o foro “de qualquer destes”. 
 
➢ Pluralidade domiciliar 
Para a hipótese de pluralidade domiciliar, permitiu o legislador a abertura do 
inventário em qualquer foro correspondente a um dos domicílios do finado 
(CPC/2015, art. 46, § 1º). 
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“Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito 
real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de 
domicílio do réu. 
§ 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será 
demandado no foro de qualquer deles. 
§ 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele 
poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de 
domicílio do autor. 
§ 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no 
Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, 
e, se este também residir fora do Brasil, a ação será 
proposta em qualquer foro. 
§ 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes 
domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, 
à escolha do autor. 
§ 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio 
do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for 
encontrado.” 
 
➢ Inventários Conjuntos 
O art. 672 do Código de Processo Civil de 2015 trata dos casos em que se 
processam inventários conjuntos. Dispõe o aludido dispositivo: 
“Art. 672. É lícita a cumulação de inventários para a partilha 
de heranças de pessoas diversas quando houver: 
I — identidade de pessoas entre as quais devam ser 
repartidos os bens; 
II — heranças deixadas pelos dois cônjuges ou 
companheiros; 
III — dependência de uma das partilhas em relação à 
outra.” 
Efetivamente, a herança, como universalidade de bens deixados pelo casal, é 
uma só. Por conseguinte, não se mostra razoável a abertura de dois inventários 
distintos, com a nomeação de dois inventariantes para a administração da 
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mesma e única herança indivisa. 
 
➢ Competência Internacional 
Na esfera da competência internacional, dispõe o art. 23, II, do Código de 
ProcessoCivil de 2015 que compete à autoridade judiciária brasileira, com 
exclusão de qualquer outra: 
“Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com 
exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à 
confirmação de testamento particular e ao inventário e à 
partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da 
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha 
domicílio fora do território nacional; 
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união 
estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda 
que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha 
domicílio fora do território nacional.” 
Somente, portanto, se o brasileiro ou estrangeiro, falecido no exterior, deixar 
bens no Brasil é que o foro competente será o da Justiça brasileira. Se os bens 
deixados estão localizados no exterior, o processamento do inventário e partilha, 
quanto a esses bens, escapará à jurisdição brasileira, competindo ao país onde 
se situem. Se forem feitos inventário e partilha de bens situados no Brasil em 
país estrangeiro, a sentença não terá validade no Brasil, nem induzirá 
litispendência.

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