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Friedman

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
CIÊNCIAS ECONÔMICAS
DARLENE COSTA LIMA
FICHAMENTO
Trabalho apresentado ao curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri como requisito parcial para a obtenção de notas da Economia do setor público. 
Teófilo Otoni
2017
Capitalismo e liberdade (FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e liberdade. São Paulo: Nova Cultural, 1985. 2ed. Col. Os Economistas. (Cap. I e II, p. 17-41)). 
Cap. 1. Relação entre liberdade econômica e liberdade política. 
A tese deste capítulo é que um tal ponto de vista é puramente ilusório; que existe uma relação íntima entre economia e política; que somente determinadas combinações de organizações econômicas e políticas são possíveis; e que, em particular, uma sociedade socialista não pode também ser democrática, no sentido de garantir a liberdade individual. (FRIEDMAN, 1985, p.16) 
A organização econômica desempenha um papel duplo na promoção de uma sociedade livre. De um lado. A liberdade econômica é parte da liberdade entendida em sentido mais amplo e., portanto, um fim em si própria. Em segundo lugar, a liberdade econômica é também um instrumento indispensável para a obtenção da liberdade política. (FRIEDMAN, 1985, p.16)
Vista como um meio para a obtenção da liberdade política, a organização econômica é importante devido ao seu efeito na concentração ou dispersão do poder. O tipo de organização econômica que promove diretamente a liberdade econômica, isto é, o capitalismo competitivo, também promove a liberdade política porque separa o poder econômico do poder político e, desse modo, permite que um controle o outro. (FRIEDMAN, 1985, p.17)
Pelo fato de vivermos numa sociedade em grande parte livre, temos a tendência de esquecer como é limitado o período de tempo e a parte do globo em que tenha existido algo parecido com liberdade política: o estado típico da humanidade é a tirania, a servidão e a miséria. (FRIEDMAN, 1985, p.17)
A História somente sugere que o capitalismo é uma condição necessária para a liberdade política, mas, evidentemente, não é uma condição suficiente. (FRIEDMAN, 1985, p.17)
O problema básico da organização social consiste em descobrir como coordenar as atividades econômicas de um grande número de pessoas, Mesmo em sociedades relativamente atrasadas, são necessárias a divisão do trabalho e a especialização de funções para fazer uso efetivo dos recursos disponíveis. (FRIEDMAN, 1985, p.20)
Fundamentalmente, só há dois meios de coordenar as atividades econômicas de milhões. Um é a direção centra! Utilizando a coerção - a técnica do Exército e do Estado totalitário moderno O outr^ > a cooperação voluntária dos indivíduos - a técnica do mercado. (FRIEDMAN, 1985, p.21)
A existência de um mercado livre não elimina, evidentemente, a necessidade de um governo. Ao contrário, um governo é essencial para a determinação das "regras do jogo" e um árbitro para interpretar e pôr em vigor as regras estabelecidas. (FRIEDMAN, 1985, p.22-23)
O poder econômico pode ser amplamente dispersado. Não há leis de conservação que forcem o crescimento de novos centros de poder econômico às custas dos centros já existentes. O poder político, de outro lado. é mais difícil de descentralizar. Podem existir numerosos pequenos governos independentes. Mas é muito mais difícil manter numerosos pequenos centros eqüipotentes de poder político, num só grande governo, do que ter numerosos centros de poder econômico numa única grande economia. Podem existir inúmeros milionários numa grande economia. (FRIEDMAN, 1985, p. 23)
Numa sociedade capitalista, é necessário convencer apenas algumas poucas pessoas ricas a obter fundos para o lançamento de uma ideia por mais estranha que seja. e há inúmeras pessoas desse tipo, inúmeras fontes independentes de apoio. E, de fato, não é nem mesmo necessário persuadir pessoas ou instituições financeiras com fundos disponíveis da validade das ideias a serem propagadas. (FRIEDMAN, 1985, p. 25)
Desse modo o mercado rompe o círculo vicioso e torna finalmente possível financiar tais empreendimentos por meio de pequenas contribuições de muitas pessoas sem ter que as persuadis primeiro. Não existe tal possibilidade na sociedade socialista; existe somente o Estado todo poderoso. (FRIEDMAN, 1985, p. 25)
CAPÍTULO II - Papel do Governo numa Sociedade Livre
Desse ponto de vista, o papel do mercado, como já ficou dito, é permitir unanimidade sem conformidade e ser um sistema de efetiva representação proporcional. (FRIEDMAN, 1985, p. 29)
O uso amplo do mercado reduz a tensão aplicada sobre a intrincada rede social por tomar desnecessária a conformidade, com respeito a qualquer atividade que patrocinar. Quanto maior o âmbito de atividades cobertas pelo mercado, menor o número de questões para as quais serão requeridas decisões explicitamente políticas e, portanto, para as quais será necessário chegar a uma concordância. (FRIEDMAN, 1985, p. 30)
Do mesmo modo que um bom jogo exige que os jogadores aceitem tanto as regras quanto o árbitro encarregado de interpretá-las e de aplicá-las, uma boa sociedade exige que seus membros concordem com as condições gerais que presidirão as relações entre eles, com o modo de arbitrar interpretações diferentes dessas condições e com algum dispositivo para garantir o cumprimento das regras comumente aceitas. (...) esses são, pois, os papéis básicos do governo numa sociedade livre - prover os meios para modificar as regras, regular as diferenças sobre seu significado, e garantir o cumprimento das regras por aqueles que, de outra forma, não se submeteriam a elas. (FRIEDMAN, 1985, p. 32)
A necessidade do governo nesta área surge porque a liberdade absoluta e' impossível. Por mais atraente que possa o anarquismo parecer como filosofia, ele não é praticável num mundo de homens imperfeitos. (FRIEDMAN, 1985, p. 32)
Outra área econômica que coloca problemas particularmente difíceis é a do sistema monetário. A responsabilidade do governo pelo sistema monetário já foi há tempos reconhecida. Está explicitamente declarada na disposição constitucional que dá ao Congresso o poder de "cunhar moeda, regular seu valor e o de moedas estrangeiras". Não há provavelmente nenhuma outra área da atividade econômica com relação à qual a ação do governo tenha sido tão uniformemente aceita. (FRIEDMAN, 1985, p. 33)
Em suma, a organização de atividade econômica através da troca voluntária presume que se tenha providenciado, por meio do governo, a necessidade de manter a lei e a ordem para evitar a coerção de um indivíduo por outro; a execução de contratos voluntariamente estabelecidos; a definição do significado de direitos de propriedade, a sua interpretação e a sua execução; o fornecimento de uma estrutura monetária. (FRIEDMAN, 1985, p. 34)
Podemos também querer fazer por meio do governo algumas coisas que poderiam ser feitas pelo mercado - face a certas condições técnicas ou semelhantes que tornam difícil tal execução. Tra-i ta-se de casos em que a troca, estritamente voluntária, é extremamente cara ou praticamente impossível. Há duas classes gerais de casos desse tipo: monopólios e outras imperfeições do mercado e os efeitos laterais. (FRIEDMAN, 1985, p. 35)
A troca só é verdadeiramente voluntária quando existem alternativas praticamente equivalentes. O monopólio implica ausência de alternativas e inibe, portanto, a liberdade efetiva da troca. Na prática, o monopólio frequentemente, se não geralmente, origina-se de apoio do governo ou de acordos conspiratórios. (FRIEDMAN, 1985, p. 35)
A escolha entre os males do monopólio privado, do monopólio público e da regulação pública não pode, entretanto, ser feita de uma vez por todas, independentemente das circunstâncias presentes. (FRIEDMAN, 1985, p. 36)
O monopólio técnico pode, em certas ocasiões, justificar um monopólio público de facto. Não pode por si só justificar um monopólio público baseado na premissa de se tornar ilegal qualquer competição no ramo. (FRIEDMAN,1985, p. 36)
A liberdade é um objetivo válido somente para indivíduos responsáveis. Não acreditamos em liberdade para crianças e insanos A necessidade de traçar uma linha entre indivíduos responsáveis e outros é inevitável; contudo, significa que existe uma ambiguidade essencial em nosso objetivo último de liberdade. O paternalismo é inevitável para aqueles que definimos como irresponsáveis. (FRIEDMAN, 1985, p. 40)
A justificação paternalista para a atividade governamental é a mais incómoda para um liberal; ela envolve a aceitação de um princípio - o de que alguns podem decidir por outros - que considera questionável em inúmeros casos e que lhe parece, muito justamente, o ponto característico de seus principais inimigos intelectuais - os prepotentes do coletivismo em qualquer uma de suas formas quer se trate de comunismo, de socialismo ou do estado de bem-estar social. Entretanto, não há nenhuma vantagem em considerar os problemas como mais simples do que realmente são. (FRIEDMAN, 1985, p. 40-41)

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