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historia da arte!

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Universidade Federal do Ceará
Departamento de Arquitetura e Urbanismo
Olympia / Vênus de Urbino
Romário da Silva Antunes 406800
Carolina Elayza da Cruz Pereira 403668
Daniel Alencar
Caroline Palácio
História da Arte
Professora: Beatriz Helena Bezerra Nogueira Diógenes
Turma: 01A
Fortaleza - 2017
Introdução
Esse estudo tem por objetivo analisar dois quadros de épocas, movimentos e pintores diferentes. Observando o que elas possuem em comum e, ao mesmo tempo, o que existe de distinto entre elas. Tal estudo contará, também, com curiosidades sobre as obra, além de uma leitura de símbolos que os autores queriam destacar nelas. Ademais, explicaremos as propostas que os autores possuíam a respeito do impacto que a tela teria no público. Destacaremos também a importância deles para a sociedade da época e para a posterioridade.
Tal trabalho visa também uma melhor compreensão dos alunos para a importância que as obras possuem em cima do público em geral, destinando-se a desenvolver um senso crítico dos mesmos para as análises das composições, apurando, assim, a sensibilidade e a percepção deles. Além disso, possui a finalidade de adicionar maior conhecimento sobre os movimentos e suas simbologias, o que determinados detalhes querem exprimir, seja sensualidade, drama, sentimento de crítica, entre outros.
Os quadros escolhidos para a análise e comparação mais profunda foram a Vênus de Urbino de Ticiano e Olympia de Édouard Manet. Tais quadros pertencem a movimentos distintos, Renascentista e Realismo, respectivamente. Eles, apesar de terem uma semelhança aparente, as duas obras causam diferentes sensações e entendimentos em seus expectadores, o que deixa sua comparação ainda mais interessante. Suas diferenças se dão, principalmente, pelos movimentos aos quais pertencem, suas técnicas e temas, além do contexto histórico a qual pertencem. Já suas semelhanças visuais são essencialmente a mulher deitada em sua cama, a presença de uma criada e de um animal que possui um significado diferente em cada quadro. 
O principal motivo da escolha dessas obras para a realização da análise foi o grande impacto que o quadro de Manet causou na sociedade da época, pois nas pesquisas isso chamou grande atenção. Isso, juntamente, com toda a crítica social que o próprio Realismo propunha, foram grandes fatores para a criação do desejo de análise destes quadros. Outra grande causa foi essa grande discrepância de sentido que os quadros possuem entre si mesmo tendo uma pequena semelhança em sua aparência.
Em suma, o presente trabalho constará com uma análise detalhada das obras já citadas e de seus respectivos autores, seguida de um estudo aprofundado que visa comparar as duas obras, detalhando suas semelhanças e diferenças. Ao final explicaremos o que pudemos concluir com o estudo feito em cima das telas e evidenciaremos qual a contribuição do estudo para nossa experiência acadêmica.
Obras escolhidas e seus autores
Dados dos quadros
	
	
	
	Nome do quadro
	Olympia
	Vênus de Urbino
	Autor
	Eduardo Manet
	Ticiano
	Localização
	Museu d'Orsay, Paris, França
	Galleria degli Uffizi, Florença, Itália
	Ano
	1863
	1538
	Técnica
	Óleo sobre Tela
	Óleo sobre Tela
	Tamanho
	1,30 m x 1,90 m
	1,19 m x 1,65 m
	Movimento/ Época
	Realismo
	Renascimento
Análise das Obras
Sobre Olympia, foi mostrada pela primeira vez no Salão de Paris em 1865. Ela apresenta uma mulher nua deitada em uma cama e sua criada trazendo flores em um mesmo plano, estudos indicam que essa mulher seria uma cortesã do século XIX que estaria vendo seus clientes entrarem pela porta a sua frente, por isso o olhar fixo e penetrante que ela lança ao espectador. As flores trazidas por sua serva também teriam sido enviadas por um de seus clientes. 
A obra trouxe grande revolta por parte do público por retratar ao comum na época que não era citado, teve uma grande repercussão e não conseguiu entrar no salão oficial de Paris.
Vênus de Urbino, retrata uma mulher também nua, deitada em uma cama, segurando em sua mão direita um ramo de rosas, e um cachorro dormindo na cama, enquanto duas mulheres ao fundo talvez estariam procurando suas roupas. Outros estudos indicam que as duas mulheres ao fundo sejam um símbolo de maternidade, pois a forma como foram pintadas, totalmente vestidas e suas posições fazem transparecer um clima de dedicação e cuidado.
Biografia dos artistas
Ticiano Vecellio:
Nascido na cidade Pieve di Cadore, na Itália, no ano de 1489. Ainda criança se mudou para Veneza junto com seu irmão, onde lá estudaram com um pintor chamado Sebastian Zuccato, depois foram estudar com Gentil Bellini, e mais tarde Giovanni Bellini.
Foi quando conheceu Giovanni Palma da Serinalta, Lorenzo Lotto, Sebastiano Luciani e Giorgione. Em 1508 Ticiano passou a ser assistente de Giorgione, porém dois anos após Giorgione faleceu e deixou obras inacabadas, que Ticiano precisou terminá-las.
Foi em 1510 que começou a trabalhar sozinho, e em 1513, abriu seu ateliê. Assim começou sua carreira solo, tinha um estilo de pintar inovador, pois começou a pintar tinta a óleo, e passou a dar mais ênfase as cores, o que virou uma característica marcante na escola veneziana.
Reconhecido ainda vivo, enriqueceu, pois, seus quadros eram muito apreciados pelas pessoas com poder aquisitivo daquele tempo. Viajou pela Itália fazendo diversas pinturas tanto religiosas quanto mitológicas e até paisagens.
Em 1525 se casa com Cecília, com quem já tem dois filhos, porém em 1528 sua esposa morre. Nesse mesmo ano pintou um retrato de comemoração do Imperador Carlos V.
 Dez anos depois, em 1538 começou a pintar Vênus de Urbino, que foi uma encomenda do Duque de Urbino de presente de casamento para sua esposa. O que na época era costume, colocar os quadros no quarto do casal.
Nos últimos anos de sua vida, trabalhou para Philip II, pintando autorretratos, sempre muito perfeccionista sempre retocava seus quadros. Continuou ganhando muito dinheiro com seus quadros até o fim da vida. Porém no dia 27 de agosto de 1976 morre vítima de febre, pois nesse ano Veneza foi atingida pela peste.
Suas obras foram muito importantes para a arte, pois elas influenciaram vários estilos de seu tempo e posteriores, demonstrando que foi um gênio de seu tempo e que felizmente foi reconhecido enquanto ainda estava vivo. 
Édouard Manet:
 Nascido em 23 de janeiro de 1832, em Paris, Manet logo se interessou pela pintura, porém seus pais desaprovavam que ele fosse um artista. Pois seu pai Auguste Manet, era um jurista e queria que seu filho seguisse pelo mesmo caminho. Entretanto, Manet já sabia que esse não seria seu destino.
Por insistência do pai, fez exames para a Escola Naval, mas foi reprovado. Em 1849 com 17 anos, vem ao Brasil em um navio escola, na tripulação do Havre et Guadaloupe. Passa três meses ancorado no Rio de Janeiro e lá ele pôde apreciar as belezas do verão carioca.
 Volta para França e seu pai finalmente aceita que ele seja pintor. Começa a estudar com um pintor chamado Thomas Couture, um pintor realista, e ele passa a ter no início essas influências, apesar de ter um relacionamento conturbado com Thomas, estuda com ele ainda por seis anos.
No ano de 1852 viaja pelo mundo a fim de novas influências artísticas, nesse roteiro ele passa por Haia e Amsterdam, Dresden e Munique, Florença e Roma. Em 1852, tem um filho com Suzanne Leenhoff, porém para não “manchar” sua imagem como pintor, Leon Edouard era conhecido como seu afilhado e irmão mais novo de Suzane. Só anos mais tarde se casaram, após a morte de seu pai em 1863.
 Nesse mesmo ano, é quando Manet expõe suas obras mais polêmicas, ”Olympia”, ‘’Estrada de ferro’’ e ‘’Almoço na relva’’. Causando um dos maiores escândalos, pois a prostituição era o tema dos quadros, e as pessoas reconheciam a mulher da pintura, que era a modelo e pintora Victorine Meurent. Causando ainda mais espanto a todos, ele recebeu duras críticas e foi recusado no salão oficial de Paris.Em 1882, Manet contrai uma infecção na perna por causa de um problema de circulação, diagnosticado como ataraxia locomotora, que às vezes é causado pela sífilis. Trabalhou normalmente até perto da páscoa em 1883, mas no dia 30 de março falece um dos maiores pintores de seu tempo. 
Estudo comparativo
Ambos os quadros escolhidos para o estudo representam o nu feminino. Porém essa mesma característica, em cada quadro, desperta no espectador sensações diferentes. Em Vênus de Urbino, o nu representa uma alegoria da beleza, típicos da Idade Média, época na qual o corpo é abordado com uma tendência naturalista, até os limites da harmonia e da perfeição, que, muitas vezes, também estão vinculados com os ritos de fertilidade. Já Olympia, apresenta uma mulher real, identificada como uma prostituta, na época gerou grande espanto ao público, pois, ao contrário da Vênus, causou indignação e não algo que fosse inspirador e ideal.
O papel da mulher influencia na composição dos quadros. Vênus nessa ocasião foi um presente dado à esposa do Duque de Urbino, e a função era servir de exemplo para sua esposa, pois vários símbolos que, já foram citados nesse trabalho, como o cachorro que significava fidelidade, a utilização dos vários tons de vermelhos que foram usados para marcar a sensualidade e a paixão e, ao fundo, a presença das empregadas que, segundo as pesquisas, expressavam a maternidade,englobadas, seriam uma representação do modelo de mulher perfeita para o duque . A utilização dos vermelhos, uma característica forte na escola veneziana, torna o cenário erótico, as vestimentas das pessoas ao fundo mostram que a cena se passa no período atual da época, apesar do nome da obra ser um personagem da mitologia romana.
Olympia, apesar das semelhanças, diverge em relação Vênus em seu significado. Manet quis mostrar uma realidade que, em Paris, os artistas ainda não se preocupavam em mostrar. A representação de prostituição na tela foi motivo para grande polêmica, juntamente com todas as simbologias que já foram citadas. Tais fatos confirmam que grande divergência entre a Vênus de Urbino e Olympia está exatamente na semelhança aparente, pois cada detalhe que o quadro de Manet possui se parece com o quadro de Ticiano só que exprime outro significado, muitas vezes, até contrário. 
Além disso, ambas olham para o expectador, porém o olhar delas, também, é diferente, Vênus olha de uma maneira sensual, mas, ao mesmo tempo, de uma forma meiga e amorosa, se preparando para seu marido. Já Olympia olha de uma forma sensual e ao mesmo tempo desafiadora, sua postura indica que provavelmente está olhando para seu próximo cliente.
Outra característica marcante é a maneira como o quadro de Ticiano foi divido, ele possui vários planos, no primeiro plano temos a personagem principal Vênus, deitada em sua cama, e segundo as duas mulheres, o que, segundo as pesquisas, deixa o quadro mais leve e sensual. Já em Olympia, existe apenas um plano com todos os elementos e isso torna a cena mais chocante, pois aproxima a imagem do espectador.
Ademais, temos ainda a presença nos dois quadros de animais que estão do lado das mulheres em suas camas. E Vênus existe um cachorrinho perto de seu pé, tal animal representa a fidelidade, elemento esse que Manet em seu quadro substituiu por um gato preto que significa prostituição.
Outro elemento presente nos quadros, são as flores. No caso de Vênus, ela segura rosas que remetem a questão da paixão e sobre Olympia, em sua cabeça existe um lírio e um buquê é trazido pela empregada, provavelmente seria um cortejo de um cliente, remete a sensualidade feminina.
"Considerando que a mão esquerda da Vênus é ondulada e aparece para seduzir, a mão esquerda de Olympia parece bloquear, tudo foi interpretado como um símbolo de sua independência sexual dos homens e seu papel como uma prostituta, concedendo ou restringindo o acesso a seu corpo em troca de pagamento. Manet substituiu o cãozinho (símbolo de fidelidade) na pintura de Ticiano por um gato preto, que tradicionalmente simboliza a prostituição."
- Sérgio Zeiger, blog Gabineted.
Pudemos, por meio da citação, confirmar toda a comparação mais profunda sobres os quadros, tudo se tratava de seduzir, porém tal ato se dá de formas diferentes. Cada uma consegue chegar no expectador de um jeito diferente. É possível observar que a Vênus possui um olhar mais meigo e doce, uma postura mais relaxada e como a citação anterior diz, sua mão direciona para sua parte mais íntima, seduzindo de forma leve o observador. 
Já Olympia faz transparecer o contrário, seu olhar forte e penetrante e sua postura ereta nos mostra sua força e sua determinação, além de mostrar ser uma mulher mais independente, como a citação diz, sua mão cobre sua parte íntima, isso faz com que exista uma curiosidade, uma sensualidade diferente da de Vênus.
Por fim, o último detalhe marcante é em relação aos movimentos, como já foi dito anteriormente, o Renascimento possui uma característica bem naturalista, o que deixa a Vênus com uma pele lisa e perfeita, o que não acontece com Olympia, pertencente ao Realismo, sua pele é pintada como realmente é, com manchas e defeitos, mas sem perder sua sensualidade.
Conclusão
Podemos concluir com o presente estudo que foi possível desenvolver dois quadros distintos partindo do mesmo princípio, o uso da mulher e de sua sensualidade. Vênus de Urbino e Olympia possuem, como já citado, uma semelhança aparente, estão deitadas em suas camas olhando para frente e chamando a atenção do espectador, porém cada uma consegue ter seu jeito único de olhar e de se comportar. É incrível como Manet conseguiu se inspirar em uma obra que simboliza harmonia e perfeição e criar algo tão afrontoso e poderoso como Olympia. 
Sua astúcia com a releitura de Vênus de Urbino, nos mostra como os detalhes podem fazer a diferença em uma imagem, porque, talvez, se ele tivesse feito uma pintura dita clássica e aceitável para a época, não teria ocorrido tanta repercussão no mundo das artes. A arte nem sempre será compreendida no seu tempo, porém ela é a expressão mais humana que se pode existir. 
Bibliografia
Pintura - Olympia, de Édouard Manet, o globo. Disponível em <http://noblat.oglobo.globo.com/noticias/noticia/2008/04/pintura-olympia-de-edouard-manet-97327.html > Acesso: 25/11/2017.
Conheça Olympia, de Edouard Manet, Universia Brasil. Disponível em <http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/03/13/917099/conheca-olympia-edouard-manet.html> Acesso em: 25/11/2017.
Olympia, by Édouard Manet. Disponível em <http://gabineted.blogspot.com.br/2014/03/olympia-by-edouard-manet.html> Acesso: 25/11/2017.
Análise da Venus de Urbino, de Tiziano Vecelli e mais quatro pinturas, Arte e Blog. Disponível em <http://www.arteeblog.com/2016/05/analise-da-venus-de-urbino-de-tiziano.html> Acesso: 04/12/2017.
Nudez, arte e linguagem, open edition. Disponível em <https://amusearte.hypotheses.org/1191> Acesso: 04/12/2017.
“OLYMPIA” – UMA DEUSA REPUGNANTE, SPU. Disponível em < http://saopaulourgente.blogspot.com.br/2010/02/olympia-encara-provoca-espera-e-seduz.html> Acesso em: 04/12/2017.
Recapitulações XIV: A Vénus de Urbino II - «o que Manet viu», na obra de Ticiano, Notas de Leitura. Disponível em <http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/03/21/1089854/renascimento-venus-urbino-ticiano.html> Acesso: 04/12/2017.

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