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Intensivo Delegado Civil - Noturno CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Administrativo Professor: Roberto Baldacci Aulas: 01 e 02 | Data: 02/02/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO PARTE GERAL 1. Fontes do Direito Administrativo 2. Modelos de administração 2.1. Patrimonialismo 2.2. Burocracia 2.3. Gerencialismo (ou nova gestão pública – “New Public Management”) REGIME JURÍDICO 1 Breve conceito 2. Regime jurídico da administração QUESTÕES Twitter do professor: @BaldacciRoberto Apoio: manuais dos professores: Celso Spitzkowsky Marcus Bittencourt Material: Vade Mecum Caderno PARTE GERAL Direito administrativo é ramo do direito público interno. 1. Fontes do Direito Administrativo Fonte primária: por ser ramo do direito público, a fonte primária é a lei no sentido genérico ( pelo art. 53 da CFRB; leis ordinária, complementar e delegada; decretos; resoluções; medidas provisórias ). Fontes derivadas: tratados; atos administrativos normativos; Não são fontes do Direito Administrativo: doutrina e jurisprudência, segundo entendimento atual, pois segundo entendimento atual estas não podem preencher as lacunas da lei. 2. Modelos de administração Modelos representam as “fases evolutivas” da administração pública. 2.1. Patrimonialismo Vigorou até o final do século XVIII, que coincide com o período da Europa medieval e feudalismo. Características do patrimonialismo: 1. A coisa pública pertencia ao soberano. 2. Portanto, a estrutura administrativa era voltada para atender aos interesses pessoais do soberano (“O Estado sou EU”, o bordão que caracteriza esta fase). Página 2 de 5 A preocupação do soberano, portanto, traz as 4 marcas do patrimonialismo: a) Nepotismo: é a ausência do concurso público e do plano de carreiras para o exercício dos cargos públicos. Se o Estado é do soberano, este nomeava parentes e familiares. Súmula Vinculante nº 13 do STF: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.” a. ***Súmula vinculante nº 13 anti nepotismo: é proibida a nomeação para função em confiança ou comissionado de parente ou familiar até terceiro grau. Ou seja, por exemplo, até sobrinho. b. Nepotismo cruzado ( no popular: “nomeia o meu que eu nomeio o teu”: é o ajustamento de nomeações reciprocas entre dois agentes, violando os limites da súmula vinculante 13. c. Recentemente, a composição atual do STF “flexibilizou” a súmula vinculante 13, reduzindo seu alcance para que não seja aplicada na nomeação de cargos políticos (prefeito nomeia esposa; governador nomeia pai, avô tio; mas delegado titular não pode nomear para chefe de gabinete, tio, mãe, esposa, etc.). b) Gerontocracia: é a perpetuação no poder (não existe nem eleição nem mandato para o exercício do poder). c) Fisiologismo: na ausência de licitação ou responsabilidade fiscal, o Estado só contratava quem oferecia a melhor vantagem pessoal para o soberano. d) Clientelismo: não havendo licitação, o Estado só contrata os mesmos amigos e parentes do soberano. Questão: até 1889, Marechal Deodoro, o governo brasileiro estava nas mãos de duas oligarquias: minas e SP, política do café com leite, que se revezavam no poder, mas parte da doutrina entende que não houve patrimonialismo no Brasil, porém para uma segunda corrente, a república velha, até o final do governo marechal Deodoro (1889), tinha fortes traços patrimonialistas essa política do café com leite. 2.2. Burocracia É um conceito técnico do direito público. No mundo, a partir do século XIX, o patrimonialismo foi substituído pela burocracia. O principal marco foi o iluminismo, com a revolução francesa em 14/07/1789, queda da bastilha. Características Principal característica: na burocracia, a coisa pública pertence ao Estado, ne não mais ao soberano. A estrutura da administração é voltada, então, para os interesses do Estado. Conclusão: portanto, não havia compromisso com o povo, nem com o resultado. Não vigora mais a vontade do soberano, pois o modelo burocrático é integralmente baseado em lei. Cargos estão sujeitos a concurso com plano de carreira, o que em tese combateu o nepotismo. Licitação passa a ser obrigatória para as contratações do Estado, acabando em tese com fisiologismo e clientelismo. O poder exercido mediante eleições com mandato por prazo determinado. Acabou em tese com o gerontocracia. Página 3 de 5 Pontos positivos Burocracia permitiu: Formas de controle sobre o poder, que antes não existia; Profissionalização da administração; Responsabilidade fiscal. Pontos negativos Lenta Cara Ineficiente ”Burocracia é transformar o fácil no difícil através do inútil” (brincadeira de aluno do Damasio) No Brasil, o primeiro governo Getúlio Vargas (1930) marca o início da burocracia. De Teodoro até Getúlio estávamos em processo de transição, portanto. No governo Juscelino Kubitscheck (1956) a burocracia estava integralmente implementada (50 anos em 50, o slogan de Juscelino). Inúmeras contratações e concursos públicos. 2.3. Gerencialismo (ou nova gestão pública – “New Public Management”) A coisa pública passa a pertencer ao povo. E, portanto, a Administração é voltada para satisfazer o povo. O gerencialismo não veio combater a burocracia, mas sim apenas aprimorar, melhorar a burocracia. Passou a ter compromisso com o resultado e a eficiência. No mundo, gerencialismo começou em 1978 no Reino Unido com Margaret Tatcher. No Brasil, (princípios LIMPE), a eficiência foi implementada em princípio pela EC 19/1998, chamada de reforma administrativa. Privatizou tudo o que não era essencial, extinguiu 1/3 dos órgãos públicos, cortou 60% dos comissionados e focou todo o Brasil para a prestação dos serviços públicos. REGIME JURÍDICO Regime jurídico da administração não se confunde com regime jurídico administrativo. É um conceito abstrato e difícil de se definir. 1. Breve conceito É um determinado conjunto de normas e princípios que irão reger com exclusividade uma determinada relação jurídica, afastando a incidência de outras normas e princípios. Exemplo: o acionista minoritário da Petrobrás não pode invocar o CDC para reclamar seus direitos pela queda das ações, pois é uma relação societária regulada pela Lei das S/A, portanto não cabe o CDC, este não integra o regime jurídico. Regime Jurídico Privado Regime Jurídico Público Definição Conjunto de normas e princípios comuns, como o CC, aplicado nas relações jurídicas que envolvem interesses privados. São as normas e princípios constitucionais (ou está na CRFB ou dela decorre). Interesses Regem interesses privados, interesses disponíveis como nossos bens pessoais, admitindo renúncia ou transação. Regem relações jurídicas de interesses públicos, que são indisponíveis. Forma de agir Não se exige prévia lei para autorizar as formas de agir, prevalecendo a autonomia da vontade. (faço o que quero, mas respondo pelo que decidi fazer – livre Sempre é exigida prévia lei para poder agir. A autonomia da vontade é substituída pela obrigatoriedade do cumprimento da lei. Página 4 de 5 arbítrio)2. Regime jurídico da administração Adm. de Direito. Público Adm. De Direito. Privado 1. SEMPRE os órgãos da administração direta: não existe órgão de regime privado ou regime misto. 1. SEMPRE: sociedades de economia mista 2. SEMPRE autarquias: não existe autarquia de regime privado nem de regime misto. 2. SEMPRE: empresas públicas 3. EM REGRA: fundações e associações públicas 3. EXCEPCIONALMENTE: fundações e associações públicas podem ser de regime privado. Exemplo: Fundação Casa. QUESTÕES 1- CESPE - 2007 - TCU - Analista de Controle Externo - Auditoria Governamental - No que concerne ao pensamento de Max Weber, julgue o item seguinte. O patrimonialismo normal inibe a economia racional não apenas por sua política financeira, mas também por peculiaridades de sua administração, entre as quais se pode citar a ausência típica de um quadro de funcionários com qualificação profissional formal. Certo 2- Prova: ESAF - 2008 - MPOG - Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental - Provas 1 e 2 - Os tipos primários de dominação tradicional são os casos em que falta um quadro administrativo pessoal do senhor. Quando esse quadro administrativo puramente pessoal do senhor surge, a dominação tradicional tende ao patrimonialismo, a partir de cujas características formulou-se o modelo de administração patrimonialista. Examine os enunciados a seguir, sobre tal modelo de administração, e marque a resposta correta. 1. O modelo de administração patrimonialista caracteriza-se pela ausência de salários ou prebendas, vivendo os "servidores" em camaradagem com o senhor a partir de meios obtidos de fontes mecânicas. 2. Entre as fontes de sustento dos "servidores" no modelo de administração patrimonialista incluem-se tanto a apropriação individual privada de bens e oportunidades quanto a degeneração do direito a taxas não regulamentado. 3. O modelo caracteriza-se pela ausência de uma clara demarcação entre as esferas pública e privada e entre política e administração; e pelo amplo espaço à arbitrariedade material e vontade puramente pessoal do senhor. Página 5 de 5 4. Os "servidores" não possuem formação profissional especializada, mas, por serem selecionados segundo critérios de dependência doméstica e pessoal, obedecem a formas específicas de hierarquia patrimonial. a) Estão corretos os enunciados 2, 3 e 4. b) Estão corretos os enunciados 1, 2 e 3. c) Estão corretos somente os enunciados 2 e 3. d) Estão corretos somente os enunciados 1 e 3. e) Todos os enunciados estão corretos. ALTERNATIVA CORRETA: C
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