Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO E PROCESSO ADMINISTRATIVO APRESENTAÇÃO Prof. Ma. Raiza Eloa Brambilla Catanio ● Mestre em Ciências Jurídicas pela UniCesumar (Universidade Cesumar); ● Bacharel em Direito (UniCesumar); ● Pós-graduanda em Docência no Ensino Superior (Uniasselvi); ● Assessora de Magistrado no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR). APRESENTAÇÃO DA APOSTILA Olá aluno (a)! Tudo bem? Nesta Unidade do Curso estudaremos juntos sobre o Direito e Processo Administrativo Disciplinar e, antes de qualquer conteúdo, que me apresentar a vocês, explicando um pouquinho da minha trajetória profissional. Sou a prof. Raiza, graduada em Direito, Mestra em Ciências Jurídicas e pós- graduanda em Docência no Ensino Superior. No ano de 2016, ainda durante a graduação, fui contratada como estagiária voluntária junto a Secretaria da 7ª Vara Cível de Maringá, local onde atuei com analistas e técnicos por quase um ano, aprendendo sobre as funções, andamentos de processos e atendimento ao público. No ano seguinte, em 2017, fui aprovada em processo seletivo para vaga de estágio remunerado junto ao Gabinete da 4ª Vara Criminal de Maringá, onde permaneci até concluir minha graduação, em 2018, aprendendo sobre as atividades do magistrado, bem como as atividades de assessoramento. Em 2019, após a terminar a graduação, já estava aprovada como Bolsista CAPES no programa de Mestrado da UniCesumar, em Ciências Jurídicas, mesmo ano em que fui convidada pelo Magistrado Titular do Gabinete da 4ª Vara Criminal, para desempenhar a função de sua assessora de gabinete. Desde então, ocupo esse cargo e atuo como servidora comissionada no Tribunal de Justiça do Paraná, razão pela qual, tenho muito conteúdo e conhecimento a oferecer. Espero que nossa jornada aqui seja de muito sucesso. E prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, esse já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento sobre a disciplina do Direito Administrativo e Processo Administrativo Disciplinar, abordando conceitos fundamentais sobre as temáticas. Além de conhecer seus principais conceitos e definições, vamos explorar os vários assuntos que compõem esta área do Direito, bem como seus requisitos, deveres, garantias e legislações pertinentes. Na unidade I começaremos a nossa jornada a partir de uma breve conceituação geral sobre o que é o Direito Administrativo, esta noção é necessária para que possamos trabalhar os próximos tópicos e unidades do livro de maneira mais completa. Na sequência, partiremos ao estudo atinente aos Bens Públicos, Administração Pública e Agentes Públicos, tecendo considerações conceituais e legislativas. Já na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre o que é serviço público, quais são as Entidades da Administração Pública, o que é o processo Administrativo e, por fim, abordaremos alguns aspectos da Lei Federal nº. 9.784/99. A III unidade, é destinada ao estudo do Processo Administrativo e sua instauração, desde seu início, além de adentrarmos na temática da competência, impedimentos e suspeição para o ato. Outrossim, também falaremos sobre os atos processuais e as decisões do Processo Administrativo. E por fim, na última unidade, trataremos sobre a anulação, revogação e convalidação dos atos administrativos, sobre recursos administrativos e revisão, finalizando com o estudo do Processo Administrativo Disciplinar, os princípios que o regem, bem como as sanções disciplinares aplicáveis a cada caso. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigada e bom estudo! UNIDADE I DIREITO ADMINISTRATIVO, BENS PÚBLICOS E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Prof. Ma. Raiza Eloa Brambilla Catanio1 Plano de Estudo: ● Conceito do Direito Administrativo; ● Relacionamento do Direito Administrativo com os demais ramos do Direito; ● Evolução histórica do Direito Administrativo ao longo das transformações do Estado Brasileiro; ● Fontes do Direito Administrativo; ● Interpretações das Normas Administrativa; ● Princípios básicos da Administração Pública; ● Controle da Administração Pública; ● Conceito de bens públicos; ● Espécies, Classificação e Regime Jurídico dos Bens Públicos; ● Bens afetados e desafetados; ● Da organização da Administração Pública; ● Sentido da expressão "Administração Pública”; ● Administração Direta e Indireta; ● Órgãos Públicos: Conceito, Natureza Jurídica e Classificação; ● Agentes Públicos. ● Do Provimento do Agente Público; ● Do Regime Jurídico do Agente Público; ● Direito de greve e associação sindical; 1Mestra em Ciências Jurídicas pela Universidade Cesumar – UniCesumar, pós-graduanda em Docência no Ensino Superior, pela Uniasselvi, Assessora Jurídica no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná – TJPR. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6265742338541943. E-mail: raizaeloa@hotmail.com. ● Estabilidade e Vacância; ● Poderes e Deveres. Objetivos de Aprendizagem: Prezado (a) aluno (a), esta primeira unidade acerca do estudo do Direito Administrativo será dividida nos 04 tópicos, sendo eles: ● Do Direito Administrativo; ● Dos Bens Públicos; ● Da Administração Pública; ● Dos Agentes Públicos. E em cada um desses tópicos aprenderemos questões básicas e gerais atinentes a cada um, fazendo uma breve conceituação e explicação sobre os termos e assuntos a serem abordados. Desta forma, por meio da compreensão desta disciplina, serão expostos relevantes conceitos sobre o tema e, por consequência, a importância do Direito Administrativo para a sociedade num todo, na medida em confere maior transparência e segurança aos cidadãos. INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), com esse material, espero contribuir para seu aprendizado, conceituando e contextualizando o tema, proporcionando a compreensão do que seria o ramo do Direito Administrativos, o que é Administração Pública e Bens Públicos. E desta forma, por meio do ensino, estabelecer a importância desta área para o sistema judiciário, legislativo e executivo brasileiro, assim como contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Então vamos lá! 1 DO DIREITO ADMINISTRATIVO Fonte: shutterstock Conceito de Direito Administrativo: O Direito é reconhecido como uma Ciência (Ciência Jurídica e Social) e trata sobre questões da sociedade, do homem e do convívio social. E como forma de facilitar sua compreensão, essa ciência foi dividida em dois ramos principais, que se subdividem em tantos outros. Assim, falamos na existência de um Direito Público e um Direito Privado. Por Direito Privado pode-se compreender a tutela de interesses individuais, ou seja, relações indivíduo x indivíduo ou indivíduo x Estado. Diz respeito a interesses particulares. Já o Direito Público, como bem exposto por seu nome, destina-se a reger as relações entre Estados soberanos e as atividades individuais, regulando interesses estatais e sociais (MAZZA, 2018, p. 23). Desta forma, o Direito Administrativo é visto como um ramo do Direito Público que disciplina a função administrativa e os órgãos que a exercem. Todavia, seu conceito é objeto de divergências na doutrina, em razão de diferentes critérios adotados para caracterizar a área de atuação deste ramo e qual o seu objeto. Inúmeros foram os critérios utilizados, prevalecendo aquele que entende que o Direito Administrativo é o conjunto de princípios que regem a Administração Pública. Conforme o Professor Hely Lopes Meirelles (2003, p. 38),"é o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”. Para a Professora Maria Sylvia Zanella di Pietro (1998, p. 46), o Direito Administrativo é “o ramo do Direito Público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública.” SAIBA MAIS O que se entende por conjunto harmônico de princípios jurídicos? Nada mais é que a síntese das normas doutrinárias do Direito e que dão norte científico para referida matéria. REGRAS + PRINCÍPIOS = regime jurídico-administrativo Fonte: Fernanda Marinela, online. #SAIBA MAIS# Relacionamento do Direito Administrativo com os demais ramos do Direito: Da mesma maneira que nenhuma pessoa vive completamente isolada, o Direito também não. Os diferentes ramos do direito não existem de forma isolada, eles se conectam, conversam entre si. E desta forma, não seria diferente com o Direito Administrativo que possui ampla relação com várias outras áreas do Direito. Vamos citar alguns exemplos de relacionamento do Direito Administrativo com outros ramos jurídicos: Direito Constitucional: ambos tratam sobre o Estado e desta forma possuem muita coisa em comum. Bastos (2001, p. 60-61) salienta que o Direito Constitucional é a primeira fonte do Direito Administrativo, pois este regula algumas funções do Estado e regulamenta os poderes que o compõem. O Direito Administrativo nasce da própria Constituição e encontra nela respaldo para várias matérias de sua competência. Direito Tributário: cabe dizer que por meio da tributação promovida a partir de relações jurídicas, o Estado logra arrecadar recursos para dar andamento ao funcionamento da máquina e estrutura pública, nos termos da Constituição e das Leis. Desta forma, o Direito Tributário fornece todo o recurso e fomento necessário para a estrutura administrativa. Direito Penal: em casos de crimes contra a Administração Pública, existe a aplicação da lei penal, subordinada à definição do delito e à conceituação de atos e fatos administrativos. Outrossim, a Administração Pública também guarda certas prerrogativas de Direito Penal, como por exemplo, em casos de caracterização de infrações que dependem das normas penais em branco. Direito Civil: também é área que guarda ampla proximidade com o Direito Administrativo, na medida em que pode demandar a aplicabilidade em conjunto em contratos e obrigações do Poder Público com os particulares. Outrossim, os bens públicos, pessoas públicas e responsabilidade civil do Estado, são tratados tanto pelo Direito Administrativo quanto pelo Código Civil. São muitas as áreas que se comunicam com o Direito administrativo (ex: direito do trabalho, direito processual, direito eleitoral, direito internacional, ciências sociais, etc.) e dão suporte às questões demandadas, sendo certo afirmar que nenhum ramo do direito trabalha de forma isolada, sem se comunicar com outras áreas e conhecimentos. O direito é um fenômeno versátil e dinâmico, em constante mudança e evolução. Evolução histórica do Direito Administrativo ao longo das transformações do Estado Brasileiro De acordo com Mazza (2018, p. 27) o francês Jean Rivero analisou o Direito Administrativo francês e apontou 3 principais características fundamentais do citado ramo, sendo elas: a) o Direito Administrativo é um ramo recente que se desenvolveu a partir do século XIX; Acredita-se que referido ramo tenha se iniciado como um ramo autônomo, entre o fim do século XVIII e o início do século XIX. b) o Direito Administrativo não foi codificado, ou seja, tanto na França quanto no Brasil, não há um código unificado de Direito Administrativo e sim, está disciplinado em leis esparsas. Porém, no Brasil existem algumas leis que podem ser consideradas como codificações parciais, exemplo: Código Aeronáutico (Lei n. 7.565/86), Código de Águas (Decreto n. 24.643/34) e da Lei do Processo Administrativo (Lei n. 9.784/99). c) o Direito Administrativo Francês é jurisprudencial, porém, no Brasil, todas as causas são decididas pelo Poder Judiciário (modelo inglês da jurisdição una), sendo que o Direito Administrativo encontra bases diretamente na lei. Estudos apontam que em 1851 foi criada a primeira cadeira de Direito Administrativo no Brasil, eis que com a implantação da República, houve um acentuamento da influência do Direito Público Norte-Americano (MAZZA, 2018, p. 27). Segundo referido autor, o Direito Administrativo no Brasil têm 04 características fundamentais, sendo elas: a) Também é um ramo recente; b) Não está codificado, pois decorre de legislações esparsas e codificações parciais (não há um código uno, como por exemplo, o código penal); c) Adota o modelo inglês da jurisdição una como forma de controle da administração; d) É influenciado parcialmente pela jurisprudência. Fontes do Direito Administrativo As fontes jurídicas do Direito Administrativo são classificadas de duas formas: a) primárias ou principais; b) secundárias ou indiretas. Como bem visto anteriormente, nosso Direito Administrativo não é codificado, ou seja, não existe uma lei ou código que o defina por inteiro, desta forma, suas fontes são as mais variadas normas. Por exemplo: ● Lei nº 8.112/90 (regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais); ● Lei nº 9.784/99 (regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública federal); ● Lei nº 8.666/93 (normas sobre licitações e contratos administrativos); ● Lei nº 8.987/95 (concessões e permissões de serviço público). SAIBA MAIS Além das leis, são fontes do direito administrativo a jurisprudência, súmulas, doutrina e costumes. Fonte: PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 33. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. #SAIBA MAIS# O que é Fonte Primária ou Principal? É a lei em sentido amplo, isto é, englobando a Constituição, as leis em geral e atos normativos da administração pública. A lei é a fonte principal do direito administrativo brasileiro, haja vista a importância do princípio da legalidade nesse campo. Quando se fala em ‘lei’ como fonte de direito administrativo, estão incluídos nesse vocábulo a Constituição – sobretudo as regras e princípios administrativos nela vazados –, os atos de natureza legislativa que diretamente derivam da Constituição (leis, medidas provisórias, decretos legislativos etc.) e os atos normativos infralegais, expedidos pela administração pública nos termos e limites das leis, os quais são de observância obrigatória pela própria administração. (PAULO, V. de; ALEXANDRINO, M. Direito Administrativo descomplicado. São Paulo: Método, 2019. p. 6.) É importante chamar atenção para as súmulas vinculantes, em razão de a Emenda Constitucional nº 45/2004 ter trazido a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) editar súmulas de efeito vinculante para a Administração. Desse modo, depois da edição dessas súmulas, o administrador estará vinculado aos seus termos, devendo agir conforme o enunciado proposto pelo STF. CF/1988. Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.O que é Fonte Secundária ou Indireta? São instrumentos complementares derivados de fontes primárias. A doutrina majoritária apresenta como fontes indiretas a jurisprudência, as súmulas, a doutrina e costumes. ● Jurisprudência: decisões reiteradas dos tribunais sobre determinado tema. Embora desprovidas da força cogente de uma lei, servem de parâmetro para a atuação administrativa. ● Súmulas: são proferidas pelos tribunais. Nada mais são do que o resumo da jurisprudência. ● Doutrina: conjunto de teses, formulações e construções teóricas acerca do Direito Administrativo. ● Costumes: Prática reiterada ao longo de um período razoavelmente longo. O que são Common Law e Civil Law? Common Law: sistema do Direito cujas normas e regras não estão escritas, mas são sancionadas pelo costume ou pela jurisprudência. Nesse sistema, em que a jurisprudência e os costumes são as principais fontes, o Direito é criado ou aperfeiçoado pelos juízes. O Brasil não adotou esse sistema. Civil Law: sistema adotado pelo Brasil, tem como principal caraterística a utilização, pelo ordenamento jurídico, de normas escritas resultantes de um processo legislativo. A norma jurídica constitui-se de um comando abstrato e geral, que procura abranger uma diversidade de casos futuros (MEIRELLES, 2003. p. 59). Interpretações das Normas Administrativas Já no que diz respeito à interpretação do Direito Administrativo, cabe dizer que os métodos utilizados são os seguintes: gramatical, lógica, histórica, sistemática, teleológica, pois, de acordo com Maximiliano (2002, p. 4) "não basta conhecer as regras aplicáveis para determinar o sentido e o alcance dos textos. Para necessário reuni-las e, num todo harmônico, oferecê-las ao estudo, em um encadeamento lógico.” Neste sentido, a interpretação do Direito Administrativo deve se pautar em três principais pressupostos (DINIZ, 2002, p. 156-157), quais sejam: ● A desigualdade jurídica entre a Administração Pública e administrados; ● A presunção de legitimidade dos atos da Administração; ● A necessidade de poderes discricionários para atender ao interesse público. Regime Jurídico Administrativo Regime jurídico administrativo é o conceito dado ao conjunto de prerrogativas e limitações que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administração Pública numa posição privilegiada na relação jurídico-administrativa. Esse regime deriva, respectivamente, do princípio da supremacia do interesse público e do princípio da indisponibilidade do interesse público. Resumidamente, pode- se afirmar que o regime administrativo se resume a duas palavras: prerrogativas e sujeições. Princípios básicos da administração Pública Para a doutrina administrativista, os princípios SÃO REGRAS GERAIS, são fontes basilares do Direito. Representam mais do que uma simples orientação, ou seja, é de cumprimento obrigatório. São os alicerces do Direito Administrativo. Eles são tão importantes que o professor Celso Antônio Bandeira de Mello (2002, p. 808) afirma em uma obra sua que: Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio violado, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Se dividem em princípios explícitos e implícitos, vejamos. Princípios explícitos da Administração Pública Princípio da Legalidade: a Administração Pública, direta ou indireta, só pode praticar as condutas autorizadas em lei. O princípio da legalidade obriga a Administração a fazer aquilo que consta na lei. Princípio da Impessoalidade: estabelece um dever de imparcialidade e neutralidade no exercício da função administrativa. Esse princípio impede discriminações negativas e privilégios oferecidos a particulares quando no exercício dessa função, tendo em vista que a atuação pública deve ser objetiva, e não subjetiva (MEIRELLES, 2003, p. 97). Princípio da Moralidade: exige uma atuação ética, proba, honesta dos agentes da administração pública. Tal atuação é conhecida como moralidade administrativa. A moralidade administrativa é diferente da moral comum. Não se deve confundir a moral comum com a moral administrativa. Enquanto aquela está pautada na noção do certo e errado para a sociedade, esta se encontra intrinsecamente ligada à boa ou má administração. Para o Direito Administrativo, deve-se analisar a moral administrativa. Princípio da Publicidade: pode ser definido como o dever de divulgação oficial dos atos administrativos. A Administração Pública tem o dever de informar a sociedade sobre a prática dos atos administrativos, garantindo, assim, uma atuação transparente por parte do Poder Público. Ex: portais da transparência. Princípio da Eficiência: foi acrescentado pelo art. 37, caput, da CRFB pela Emenda nº 19/98. Seu objetivo principal é alcançar melhores resultados na atuação estatal. O princípio de eficiência traz a ideia de presteza, perfeição, rendimento funcional, redução de desperdícios, qualidade, rapidez e produtividade. Fonte: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Direito administrativo. 33. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 218-252. Princípios implícitos da Administração Pública Princípio da Autotutela: consagra o controle interno que a Administração Pública exerce sobre seus próprios atos. Reside no poder-dever de retirada de atos administrativos por meio da anulação e da revogação. A anulação envolve problema de legalidade; a revogação trata do mérito do ato. Tutelar é proteger, zelar. Esse entendimento se encontra estampado nas Súmulas n° 346 e n° 473 do STF. Princípio da Motivação: o princípio da motivação impõe à Administração Pública o dever de indicar os pressupostos de fato e de direito que determinaram a prática do ato administrativo. Assim, a validade do ato administrativo está condicionada à apresentação por escrito dos fundamentos que justifiquem a decisão adotada. Princípio da Razoabilidade: exige a obrigação de os agentes públicos realizarem suas funções com EQUILÍBRIO, COERÊNCIA e BOM SENSO. O agente público é um mero administrador da coisa pública, e, por conta disso, ele NÃO pode agir de forma arbitrária e imoderada. Comportamentos imoderados, abusivos, irracionais, desequilibrados, inadequados, desmedidos, incoerentes ou desarrazoados não são compatíveis com o interesse público, pois geram a possibilidade de invalidação administrativa ou judicial do ato deles resultante. Princípio da Segurança Jurídica: existe para garantir a estabilidade e a previsibilidade das ações praticadas pelo Poder Público, proibindo mudanças ABRUPTAS (imprevistas) decorrentes de ações governamentais. A segurança jurídica tem muita relação com a ideia de respeito à boa-fé nas relações jurídicas, por conta disso, sua finalidade é proporcionar segurança e estabilidade no convívio social. Assim, ele constitui um elemento conservador posto na ordem normativa com o objetivo de evitar que as pessoas sejam surpreendidas por modificações do direito positivo ou na conduta do Estado, mesmo quando manifestadas em atos ilegais. Princípio da Proteção à Confiança: este princípio corresponde ao ASPECTO SUBJETIVO da segurança jurídica. Ele leva em conta a boa-fé, a credibilidade e a confiança do cidadão que acredita que os atos praticados pelo Poder Público são lícitos e, nessa qualidade, eles serão mantidos e respeitados pela própria Administração e por terceiros. É com base nesse princípio que frequentemente os tribunais superiores vêm mantendo os efeitos deum ato, ainda que este seja ilegal. Isso ocorre para respeitar a boa-fé depositada pelos particulares em relação às atuações estatais. Fonte: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Direito administrativo. 33. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 218-252. Controle da Administração Pública O controle na administração pública não é um assunto que bebe de uma única fonte. Precisamos observar a constituição, a doutrina, e as variadas leis para chegarmos a uma conclusão. O objetivo aqui é passar este assunto de forma clara e concisa, aproveitando conhecimentos diversos do Direito Administrativo, para que possamos ter uma compreensão ampla do tema. O titular do patrimônio público é o POVO, e não a administração pública. Então pode-se dizer que o controle da administração pública sujeita-se ao princípio da INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO, dessa maneira a administração pública é mera gestora, e deve pautar-se pela TRANSPARÊNCIA. LEMBRE-SE – O Titular do Patrimônio Público é o POVO. Dessa maneira podemos conceituar o Controle Administrativo como o Conjunto de Instrumentos, para que os Poderes e o próprio povo possam orientar, fiscalizar e revisar a atuação administrativa. Sobre a abrangência do Controle Administrativo, citemos o texto constitucional: Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária (BRASIL, Constituição Federal, 1988). Dessa forma, TODA a Administração Pública, seja Direta ou Indireta, e ainda QUALQUER pessoa FÍSICA ou JURÍDICA que GUARDE, ARRECADE, GERENCIE, ADMINISTRE ou UTILIZE dinheiro público estará sujeita ao Controle da Administração Pública. Funções Típicas e Atípicas Antes de começarmos o estudo do controle propriamente dito, é importante lembrar das funções típicas e atípicas de cada poder, bem como do sistema de freios e contrapesos que tornam estes poderes interdependentes e separados, a própria CF traz a separação dos poderes como cláusula pétrea. Estes poderes são o Executivo, Legislativo e Judiciário, e temos como suas funções: FUNÇÕES TÍPICAS E ATÍPICAS DO EXECUTIVO: ● Função Típica – administrar, executar, decidir administrativamente; ● Funções Atípicas – julgar (um processo administrativo, por exemplo), legislar (Medidas Provisórias, por exemplo). FUNÇÕES TÍPICAS E ATÍPICAS DO LEGISLATIVO ● Função Típica – legislar (discutir e editais leis); ● Função Atípica – administrar (mesa diretora de uma assembleia, por exemplo), julgar (crimes de Responsabilidade de Autoridades, por exemplo). ATENÇÃO – O Poder Legislativo também não pode criar “coisa julgada”. FUNÇÕES TÍPICAS E ATÍPICAS DO JUDICIÁRIO ● Função Típica – julgar (criando “coisa julgada”) ● Função Atípica – administrar (processos internos de um TJ, por exemplo) e legislar (regimentos e Regulamentos Internos). Anulação, Revogação e Convalidação dos Atos Administrativos Via de regra, os atos da administração têm validade até a data de sua respectiva previsão ou, até que outro ato os anule ou revogue. Desde seu nascimento, o ato já produz efeitos, sendo que existem duas formas de serem desfeitos, quais sejam: a revogação e a anulação. Anulação Se fala em ato nulo quando o mesmo afronta a lei, ou foi produzido com alguma ilegalidade, que afronta a própria Administração. Assim, a própria Administração Pública pode declarar sua anulação, pelo exercício da autotutela, ou por meio do Poder Judiciário. Possui efeito retroativo, ex tunc, ou seja, é como se nunca tivesse existido, salvo nos casos de terceiros de boa-fé. (DI PIETRO, 2020, p. 528). A anulação deve ser feita quando os atos estão com vícios que os tornem ilegais. O Direito de anular os atos decai em 5 anos, mas observada má-fé do destinatário, o prazo é indeterminado. Revogação Já por revogação, conforme Maria Sylvia Di Pietro (2020, p. 549), entende-se o ato administrativo discricionário em que a Administração extingue um ato que possui validade, por motivos de oportunidade e conveniência. Seus efeitos são ex nunc, ou seja, se produzem a partir da própria revogação. Ao contrário da anulação, a revogação é privativa da Administração Pública, porquanto os motivos de oportunidade e conveniência são vedados à apreciação do Poder Judiciário. A Revogação é feita por motivos de Conveniência e Oportunidade, RESPEITADOS os direitos adquiridos. Convalidação Por fim, a convalidação é o ato em que se supre um vício que persistia em um ato ilgeal, tendo efeitos retroativos à data em que este foi praticado (DI PIETRO, 2020, p. 559). Atos que tenham defeitos sanáveis, podem ser convalidados, quando a decisão não acarretem lesão ao Interesse Público ou em prejuízo a terceiros. Sistemas de controle: Contencioso e o Jurisdicional Existem dois sistemas de controle dos atos administrativos, sendo eles: o Sistema do Contencioso Administrativo e o Sistema de Jurisdição Una. No sistema contencioso o controle dos atos da Administração Pública é promovido através de um Tribunal próprio, com Jurisdição Especial, chamado de Tribunal Administrativo, pertencente ao Poder Executivo, mas que é dotado de jurisdição. Já o sistema jurisdicional versa sobre a possibilidade de o Poder Judiciário controlar alguns atos da Administração Pública e se constitui como um meio de garantia para a sociedade de que a Administração está seguindo de forma transparente, em consonância com seus objetivos e fins legais. 2 DOS BENS PÚBLICOS Fonte: shutterstock Conceito De acordo com Fernanda Marinela (online, [s.d.]) em sentido amplo, Bem Público, pode ser entendido como o poder de regulamentação ou de dominação tido pelo Estado em relação a todos os bens, sejam eles públicos, privados e insuscetíveis de apropriação; já em um sentido estrito, a autora defende a utilização do termo apenas para bens de uso público (individualmente ou em geral), ou seja, diz respeito aos bens que são destinados à sociedade num todo, à coletividade. O Código Civil brasileiro, Lei n. 10.406/2002, tem todo o Capítulo III, do Livro II, “Dos Bens”, dedicado à disciplina normativa dos bens públicos: O Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Espécies a) Bens de uso comum do povo – são os bens que todos podem usar, como as ruas e praças; b) Bens de uso especial – são destinados às instalações e aos serviços públicos,como os prédios das repartições ou escolas públicas; c) Bens dominicais – são os que pertencem ao acervo do poder público, sem destinação especial Classificação Fonte: Mazza, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 8. Ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 955. I) Quanto à Titularidade: a) Federais (art. 20 da CF); b) Estaduais e distritais (art. 26 da CF); c) Municipais - não participaram da partilha constitucional, apesar de existir previsão na norma infraconstitucional. II) Quanto à sua Destinação: a) Bens de uso comum do povo - estão à disposição da coletividade, também denominados bens do domínio público; b) Bens de uso especial - também chamados bens de patrimônio administrativo, utilizados para prestação de serviços públicos; c) Bens dominicais (dominiais) - patrimônio disponível, aqueles que não têm destinação pública). III) Quanto à sua Disponibilidade: a) Bens indisponíveis por natureza: em razão de sua condição não patrimonial são insuscetíveis a alienação ou oneração. É o caso do meio ambiente, dos mares e do ar; b) Bens patrimoniais indisponíveis: são aqueles dotados de uma natureza patrimonial, mas, pertencem à coletividade e permanecem legalmente inalienáveis enquanto mantiverem tal condição. São naturalmente passíveis de alienação, mas legalmente inalienáveis. Exemplos: ruas, praças, estradas e demais logradouros públicos; c) Bens patrimoniais disponíveis: são legalmente passíveis de alienação. É o caso dos bens dominiais, como as terras devolutas. Regime Jurídico Insta ressaltar que os Bens Públicos estão sujeitos à Inalienabilidade, e por decorrência desta, a Imprescritibilidade e Impenhorabilidade. Conforme Maria Sylvia Di Pietro (2020, p. 1550): Em razão de sua destinação ou afetação a fins públicos, os bens de uso comum do povo e os de uso especial estão fora do comércio jurídico de direito privado; vale dizer que, enquanto mantiverem essa afetação, não podem ser objeto de qualquer relação jurídica regida pelo direito privado, como compra e venda, doação, permuta, hipoteca, penhor, comodato,locação, posse ad usucapionem, etc. Cabe dizer que quanto à Inalienabilidade, esta é relativa, ou seja, não é absoluta (exceto em relação aos mares, rios, praias, etc.). Outrossim, a inalienabilidade também não é absoluta pois, nas palavras de Maria Sylvia Di Pietro (2020, p. 1551) “aqueles que têm esse caráter, por não terem qualquer destinação pública podem perdê-la pelo instituto da afetação.” Código Civil – Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Assim, tendo em vista que a inalienabilidade é relativa, cabe salientar que pode ser realizada pelas formas comuns do direito privado, combinadas com as exigências dos arts. 17 e seguintes da Lei no 8.666/93. a) Venda – art. 481 do CC; b) Doação – art. 538 e seguintes do CC; c) Permuta – art. 533 do CC; d) Dação em pagamento – art. 356 do CC; e) Instrumentos específicos: a concessão de domínio; a investidura; a incorporação; a retrocessão; e a legitimação da posse. Desta forma, os bens públicos não podem ser alienados, bem como são imprescritíveis, o que impossibilita o usucapião e também são impenhoráveis (precatório) e não onerosos , o que impossibilita que sejam oferecidos como garantia. Bens Afetados e Desafetados O artigo 99, do Código Civil versa sobre as finalidades do bem público, neste sentido, os bens podem ser afetados ou desafetados. Mas o que é isso? Por bens afetados entende-se que o bem possui uma destinação pública que o transforma em um bem indisponível e inalienável. Ou seja, transforma um bem de dominical para uso comum do povo ou uso especial, o que pode ocorrer por destinação natural, ato administrativo ou lei. Já a desafetação é o ato que retira a finalidade pública do bem e desta forma, elimina parte de sua proteção enquanto bem público. O bem passa a estar disponível, mas inalienável, conforme a lei (DI PIETRO, 2020, p. 1551). 3 DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fonte: shutterstock Da organização da Administração Pública A base federal da divisão administrativa no Brasil está no Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a organização da administração pública federal e as diretrizes da reforma administrativa em conjunção com a Constituição Federal de 1988. Este conteúdo é essencial para a compreensão do Direito Administrativo e estuda a estrutura interna da Administração Pública. Conforme Maria Silvia di Pietro (2020, p. 190): A Administração Pública abrange as atividades exercidas pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes incumbidos de atender concretamente às necessidades coletivas; corresponde à função administrativa, atribuída preferencialmente aos órgãos do Poder Executivo. E para dar segmento ao estudo, estudaremos as duas técnicas adotadas pela própria para cumprir com suas competências previstas na Constituição: a desconcentração e a descentralização. Descentralização Administrativa Genericamente, podemos dizer que a descentralização administrativa ocorre quando uma atribuição é deslocada da administração direta para outra pessoa jurídica. Pode ocorrer de duas formas, são elas: ● 1ª FORMA ̶ DESCENTRALIZAÇÃO POR OUTORGA: ocorre quando a Administração Pública Direta por meio de uma lei ordinária específica cria uma pessoa jurídica da administração indireta e transfere a titularidade e a execução de determinado serviço público para ela. ● 2ª FORMA ̶ DESCENTRALIZAÇÃO POR DELEGAÇÃO: ocorre quando a administração pública direta passa apenas a execução de um serviço para particulares por meio de um contrato ou ato unilateral. Desconcentração Administrativa Já a desconcentração é uma técnica administrativa de distribuição de competências sempre dentro de uma mesma pessoa jurídica. Veja um exemplo: são criados vários ministérios, de departamentos ou de secretarias. SAIBA MAIS É possível haver desconcentração dentro da descentralização. Exemplo: a UFRJ, que é uma autarquia que atua na área de educação, pode criar um departamento de matemática, de língua estrangeira ou de língua portuguesa. Há uma desconcentração dentro da descentralização. Fonte: Mazza, Alexandre. Manual de Direito Adminsitrativo. 8. Ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 186. #SAIBA MAIS# Sentido da expressão “Administração Pública” A Administração Pública nada mais é que o conjunto de órgãos e agentes do Estado, exercendo função administrativa. Conforme Alexandre Mazza (2018, p. 36) a expressão "Administração Pública” possui dois sentidos, sendo eles: a) Sentido Subjetivo: trata-se do conjunto de agentes, órgãos e entidades públicas que exercem a função administrativa. b) Sentido Objetivo: entende-se pela atividade estatal que consiste na defesa concreta do interesse público. Da Administração Direta e Indireta O Direito brasileito enumera quais os entes que compõem a Administração Pública, considerada por seu sentido subjetivo. Referida numeração se encontra prevista no art. 4º do Decreto-lei nº 200/67, que dispõe que a: A administração federal compreende: I - a administração direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios; II - a administração indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: a) autarquias; b) empresas públicas; c) sociedades de economia mista; d) fundações públicas”. Assim, ao longo da nossa disciplina, pudemos observar que o Estado tem duas formas de administrar o país (descentralização e desconcentração). Basicamente, quando falamos em administração direta e indireta, podemosdizer que o aspecto que as diferencia é a centralização das ações. Na administração direta há a ocorrência de um ato de um dos Poderes (Executivo, Legislativo ou Judiciário) através de seus servidores, já na administração indireta ocorre uma uma descentralização que permite uma maior flexibilidade e autonomia. Dos Órgãos Públicos Órgãos públicos são unidades de atuação destituídas de personalidade jurídica, cuja existência decorre do poder hierárquico que se verifica dentro de uma mesma pessoa jurídica. Lei nº 9.784/99: § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: I – ÓRGÃO – a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta; Com a evolução do Direito Administrativo ao longo do tempo, os pensadores do direito tentaram classificar como seria a forma que o Estado se relacionava com os seus agentes, surgiram, então, quarto teorias, são elas: Teoria da Representação: Baseada no Código Civil, defendia que o Estado era incapaz. Assim, quando o agente público atuava, ele estava exercendo uma espécie de curatela nos interesses do Estado, devido a essa incapacidade. Essa teoria também foi superada, pois caso o Estado fosse incapaz, ele não poderia nomear seu representante. Teoria do Mandato: O fundamento dessa teoria está em dizer que o agente público celebraria um contrato de representação com o Estado, sendo o mandatário das vontades do próprio Estado. Essa teoria também caiu por terra, principalmente porque não conseguiu apontar qual seria o momento e quem seria o autor do mandato. Teoria do Órgão: Esquematizada pelo famoso jurista alemão Otto Friedrich von Gierke (1841-1921). A visão desse notável jurista foi comparar o Estado ao corpo humano. O Estado seria uma pessoa, possui personalidade, e os órgãos que o integram não seriam pessoas, mas partes integrantes dessa pessoa estatal. Tem como base considerar que a pessoa jurídica se manifesta através dos seus órgãos, de modo que os atos praticados pelos agentes públicos não são deles, mas da pessoa jurídica à qual eles estão vinculados. Por exemplo: quando um policial federal atua, não é ele, mas o Estado por meio do policial federal; quando o médico opera em um hospital público, não é o médico que está operando, mas o Estado que opera por meio do médico; quando o professor leciona em uma escola pública, não é ele quem está ensinando, mas o Estado por meio do professor (DI PIETRO, 2020, p. 1.210). Baseando-se na teoria do órgão, podemos conceituar órgão público de acordo com as palavras de Di Pietro (2020, p. 1.220) que entende “ como uma unidade que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado.” A natureza jurídica do termo também tem algumas teorias, dentre elas: A teoria subjetiva que identifica os órgãos com os agentes públicos. A teoria objetiva que enxerga no órgão apenas um conjunto de atribuições. E pela teoria eclética (mista) que afirma que o órgão é formado por dois elementos, sendo eles o complexo de atribuições e o agente (DI PIETRO, 2020, p. 1.223) . De acordo com as normas brasileiras, a teoria que mais se amolda à natureza jurídica do termo é a teoria que vê no órgão suas atribuições, sendo inconfundível com o agente. Outrossim, no que diz respeito à classificação Helly Lopes Meireles (2003, p. 63) trabalha com 3 critérios, sendo eles: quanto à posição hierárquica, à estrutura e à atuação funcional. I) Quanto à posição hierárquica: a) Órgãos independentes: são órgãos representativos dos poderes do Estado e que possuem competências constitucionais, não estando subordinados a nenhum outro órgão. Exemplos: Câmara dos Deputados; Presidência da República, tribunais, Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público (MP). b) Órgãos autônomos: têm autonomia administrativa e financeira, mas estão subordinados à chefia de órgão independente na sua linha de hierarquia. Exemplos: ministérios estaduais, secretarias estaduais e municipais. c) Órgãos superiores: não têm autonomia administrativa nem financeira, mas contam com poder de decisão e comando de órgãos inferiores. Estão sujeitos ao controle hierárquico de uma chefia mais alta. Exemplos: departamentos, coordenadorias, divisões, gabinetes. d) Órgãos subalternos: não desfrutam de autonomia nem de poder decisório. Existem apenas para o desempenho de atribuições de execução. Exemplos: seção de almoxarifado, expediente etc. II) Quanto à estrutura: a) Órgãos simples (unitários): são aqueles que possuem um único centro de competência. b) Órgãos compostos: aqueles que possuem vários centros de competência. III) Quanto à atuação funcional: a) Órgãos singulares (unipessoais): são aqueles cujo poder de decisão compete a único agente. Exemplo: Presidência da República. b) Órgãos colegiados (pluripessoais): são aqueles cujo poder de decisão compete a uma maioria de agentes. Exemplo: Câmara dos Deputados e STF. 4 AGENTES PÚBLICOS Fonte: shutterstock O conceito de agentes públicos é bem tranquilo de ser definido e encontra-se em alguns textos normativos, como a Lei nº 8.429/92 e também o próprio Código Penal (CP). Podemos conceituar os agentes públicos como todas as pessoas físicas que exercem a função pública, de maneira temporária ou permanente, com ou sem remuneração, seja por eleição, nomeação, designação, contratação, seja por qualquer outra forma de investidora ou vínculo, por mandato, emprego ou cargo: Lei nº 8.429/92 - Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. Funcionário público. Classificação do Agente Público: Agentes Políticos: são os integrantes dos mais altos escalões do poder público, cujo vínculo com a Administração Pública é de natureza política. São aqueles que exercem o chamado “múnus público”, ou seja, atividade de governo. Ex: Chefes do Poder Executivo (presidente, governadores e prefeitos), auxiliares imediatos do chefe do Poder Executivo (ministros e secretários estaduais ou municipais), membros das corporações legislativas (senadores, deputados e vereadores). Agentes Administrativos: são aqueles com vínculo de natureza profissional e remunerada, sujeitos à hierarquia funcional. São os ocupantes de cargos públicos, de empregos públicos e de funções públicas nas administrações Direta e Indireta. Ex: Servidores públicos, cargo público efetivo ou comissão, empregados públicos – emprego público (CLT) e temporários (excepcional interesse público – função pública. Agentes Honoríficos: cidadãos requisitados ou designados para colaborarem temporariamente com o Estado mediante a prestação de serviços específicos, por conta da sua honorabilidade. Não têm vínculo profissional com a Administração Pública e em geral atuam sem remuneração. Ex: Jurados e mesários eleitorais. Agentes Delegados: são particulares que recebem a incumbência de exercer determinada atividade, obra ou serviço público e o fazem em nome próprio, por sua conta e risco, sob a fiscalização permanente do poder delegante. Ex: Concessionários e permissionários de serviços públicos, leiloeiros e tradutores públicos. Agentes Credenciados: são aqueles que representam a Administração em determinada ação ou praticam uma atividade específica após a celebração de um convênio com o Poder Público. Ex: médicos particulares que atendem pelo SUS e são pagos pelo Estado. Agente de Fato: divide-se em dois grupos. São eles: Agente necessário: são aqueles que praticam atos e executam atividadesem situações excepcionais, como as de emergência, em colaboração com o Poder Público. Ex: moradores que ajudam em um momento de socorro nos casos de catástrofe. Agente putativo: são aqueles que desempenham atividade pública na presunção de legitimidade, porém em caso que a investidura do agente não se deu dentro do procedimento legalmente exigido. Ex: agente que pratica inúmeros atos de administração, sem contudo ter sido previamente aprovado em concurso público. Usurpador de Função: ocorre quando uma pessoa se faz passar por agente público, sem que tenha sido investido em cargo, emprego ou função pública. Nesse caso, o infrator se faz passar por agente sem ter essa qualidade. A doutrina considera seus atos como inexistentes, ou seja, não chega a ser ato administrativo. Ex: multa de trânsito lavrada por particular. Do Provimento do Agente Público Inicialmente, cumpre esclarecer que provimento é o ato administrativo que concretiza o preenchimento de cargo público e está regulamentado pela Lei nº 8.112, de 11 de novembro de 1990, que dispõe que o provimento poderá se dar mediante nomeação, promoção, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução. Do Regime Jurídico do Agente Público Regime jurídico administrativo é o conceito dado ao conjunto de prerrogativas e limitações que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administração Pública numa posição privilegiada na relação jurídico-administrativa. Esse regime deriva, respectivamente, do princípio da supremacia do interesse público e do princípio da indisponibilidade do interesse público. Resumidamente, pode- se afirmar que o regime administrativo se resume em duas palavras: prerrogativas e sujeições (Mazza, 2018, p. 93). Remuneração e Vencimento Nada mais é que o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. Em síntese: REMUNERAÇÃO = VENCIMENTO + VANTAGENS PERMANENTES Já o vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei. Direito de greve e associação sindical O direito de greve do servidor público está presente na Constituição Federal, de 1988, em seu art. 37, inciso VII, da seguinte forma “direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica” Entretanto, esta lei específica citada ainda não foi editada, tornando, na prática, qualquer greve de servidor público ilegal. Diante disso, e para preservar o direito constitucional de greve, para que os servidores públicos não se vissem prejudicados, ADMITIU-SE o uso da lei PRIVADA de greve, porém, de maneira subsidiária. Os Militares (Exército, Marinha, Aeronáutica, Policiais Militares e Bombeiros), Policiais Civis e todo servidor que atue diretamente com Segurança Pública não possuem direito de greve. REFLITA Durante a greve os vencimentos do servidor são pagos? Segundo Entendimento Jurisprudencial temos que: “Ao terminar a movimentação grevista (LÍCITA), o servidor ficará sujeito à compensação pelos dias parados, sob pena de ressarcimento ao erário dos valores recebidos” Ou seja, o “pagamento” da remuneração devida ao servidor não é suspenso durante a greve. Após o fim da greve o servidor deve compensar, de maneira adicional à sua própria jornada, os dias parados. Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes, online [s.d.]. #REFLITA# Estabilidade e Vacância Por estabilidade se compreende o Direito de não ser demitido do serviço público, salvo se incidir em falta funcional grave, apurada em processo judicial ou processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa. A estabilidade tem previsão constitucional no artigo seguinte: Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. Já a Lei nº. 8.112/90 conta com o seguinte artigo a respeito: Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. Por vacância entende-se quando o cargo fica vago ou desocupado. Possui previsão legal no artigo 33 da Lei nº 8.112/90 que faz referência às situações em que ocorre a vacância de cargo público: exoneração; demissão;promoção; readaptação; aposentadoria; posse em outro cargo inacumulável; falecimento. Poderes e Deveres Significa que, por conta de a administração ter as competências que lhe são dadas para atender à finalidade pública, ao mesmo tempo ela possui PODER e DEVER DE AGIR. Dever de probidade: o administrador público, ao desempenhar suas funções, deve agir com ÉTICA, HONESTIDADE e BOA-FÉ. Dever de prestar contas: é um dever imposto a qualquer órgão ou agente que, de algum modo, seja RESPONSÁVEL PELA GESTÃO e CONSERVAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS, atingindo, inclusive, particulares que, de alguma forma, sejam responsáveis por recursos públicos de qualquer espécie. Dever de eficiência: traz a ideia de qualidade na prestação do serviço público. Sua atuação deve ser pautada pela celeridade, economicidade e perfeição técnica. De acordo com Alexandre Mazza, existem 07 poderes-deveres que são conferidos à Administração Pública e que se constituem como prerrogativas relacionadas com obrigações, na defesa do interesse público. Para o autor, são os seguintes poderes (2018, p. 407): a) Vinculado: trata-se do poder que tem a Administração Pública para praticar certos atos em que é mínima ou inexistente sua liberdade de atuação. b) Discricionário: a administração pública possui uma razoável liberdade de atuação, agindo de acordo com liberdade de escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo. c) Disciplinar: está diretamente relacionado com o poder hierárquico, e é a faculdade que a Administração Pública possui de punir as infrações funcionais de seus servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. d) Hierárquico: caracteriza-se pela existência de grau de subordinação entre os diversos órgãos e agentes do Executivo. e) Regulamentar: é conferido aos Chefes dos Poderes Executivos (Presidente, Governadores e Prefeitos) para expedir decretos e regulamentos e decorre de competência diretamente constitucional (art. 84 da CF). f) De polícia: é um instrumento que a administração utiliza para proteger e promover o interesse público. g) Normativo: poder que a Administração possui de editar atos para complementar a lei, buscando sua fiel execução. Uso e Abuso de Poder É uma prerrogativa do agente público o uso de poder. Quando o agente público exerce suas atividades de forma adequada e atua conforme o regime jurídico administrativo que lhe é imposto, falamos em um uso regular de poder. Ele atua conforme seu dever (MAZZA, 2018, p. 407). Todavia, quando este agente público age com excessos, pratica atos além de seu limite legal, há um uso irregular do seu poder, que se configura em um abuso de poder. O abuso de poder é um vício praticado pelo agente público que torna o ato administrativo nulo. De acordo com Alexandre Mazza (2018, p. 407) “além de causar a invalidade do ato, a prática do abuso de poder constitui ilícito ensejador de responsabilização da autoridade.” Existem 03 formas de abuso de poder: 1) Excesso 2) Desvio de finalidade 3) Omissão Importante salientar que o agente público só pode fazer aquilo que a lei determina e o que a lei não veda, ou seja, não pode atuar contra legem (de forma contrária à Lei), ultra legem (além da Lei), mas exclusivamente secundum legem (de acordo com a Lei). Poder Discricionário A manifestação do poder discricionário está intrinsecamente ligada à capacidade que a máquina pública tem de praticar os atos com margem de conveniência e oportunidade,o que também é chamado de mérito. A própria Administração Pública é obrigada a respeitar o princípio da Legalidade, sendo que, dentro dos atos legais, teremos aqueles que são vinculados (estudados no tópico acima), e teremos aqueles em que a própria Administração Pública terá a margem de escolha, sempre pautada, evidentemente, na razoabilidade e na proporcionalidade, que são os princípios limitadores do poder discricionário. Sua atuação está ligada aos elementos MOTIVO ou OBJETO, pois eles são os únicos elementos do ato administrativo que podem ter discricionariedade. O poder discricionário é o que é utilizado quando a administração pública revoga um ato válido, até porque a revogação só pode acontecer em um ATO LEGAL que tenha margem de conveniência e oportunidade. Atos vinculados não podem ser revogados. Poder Hierárquico Está pautado na existência de escalonamento das posições entre os ÓRGÃOS E AGENTES sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. Por ele é possível observarmos a relação hierárquica, ou seja, as relações entre superior e subordinado que são típicas na organização administrativa. Lembra o que estudamos na descentralização e desconcentração? Na descentralização por outorga passamos a titularidade e a execução do serviço público para uma pessoa jurídica da Administração Indireta mediante lei específica e quando realizamos a técnica de descentralização por delegação ou colaboração, passamos apenas a execução do serviço público para um particular já existente mediante contrato ou ato unilateral e que a desconcentração é uma divisão interna de competências para melhorar o atendimento público sempre dentro de uma mesma pessoa jurídica. Muito importante relembrar desse estudo porque o poder hierárquico NÃO EXISTE na descentralização, ou seja, só temos o poder hierárquico manifestado dentro de uma mesma pessoa jurídica (desconcentração). As prerrogativas pelas quais o superior pode dar ordem, fiscalizar, controlar, aplicar sanções, delegar e avocar competências decorrem do PODER HIERÁRQUICO. Para materializar a visão do poder hierárquico na própria atuação da administração pública podemos dar como exemplo a divisão que temos na União em relação ao Presidente da República, Ministros, Secretários e órgãos subalternos. Você consegue analisar bem que há uma hierarquia entre eles. O presidente pode dar ordem para os ministros que, por sua vez, podem dar ordens para os seus subalternos, isso é possível porque temos a manifestação do poder hierárquico! Poder Disciplinar É o poder que se manifesta quando a Administração Pública aplica sanções a duas classes de pessoas: 1º classe de pessoas: quando a Administração pune INTERNAMENTE os seus servidores que cometem infrações funcionais, por exemplo: advertência; suspensão; demissão; destituição de função comissionada; destituição de cargo comissionado; cassação de aposentadoria e a cassação disponibilidade. 2º classe de pessoas: quando a Administração pune os particulares que com ela possuem UM VÍNCULO JURÍDICO ESPECÍFICO. Exemplo: estudantes de escola pública, pacientes de hospital público, presidiários, etc. O poder disciplinar não se confunde com o JUS PUNIENDI do Estado, pois o Poder Disciplinar só capacita Administração Pública a aplicar sanções na via administrativa. Ademais, o poder disciplinar via de regra é discricionário, mas CUIDADO: não há discricionariedade quanto ao dever de punir o servidor que tenha praticado uma infração disciplinar. Ela se encontra na gradação da penalidade. Exemplo: a suspensão do servidor na esfera federal poderá ser de ATÉ 90 dias e ela ainda poderá ser convertida em uma multa de 50% por dia de vencimento ou remuneração caso seja conveniente para a Administração Pública. Poder Regulamentar É aquele que se manifesta por meio do chefe do poder executivo para editar decretos que regulamentam as leis, seu objetivo é dar fiel execução a essa. Na esfera federal temos o Presidente; na esfera estadual temos o Governador e na esfera municipal temos o Prefeito. Não possui caráter originário, mas sim derivado, portanto, o referido poder não tem a capacidade de inovar no mundo do direito, ou seja: ele não pode criar novos direitos e novas obrigações. Sua atuação deve se restringir a completar, complementar e explicar aquilo que uma lei já trouxe ao mundo jurídico. Os atos administrativos normativos devem possuir determinações gerais e abstratas. Para doutrina, sua base jurídica se encontra no art. 84 da Constituição Federal de 1988, que nos diz o seguinte: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: IV – Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. Poder de Polícia O Art. 78 do Código Tributário Nacional, que diz: Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Podemos então, resumidamente, conceituar o poder de polícia como o poder do qual dispõe o administrador de criar condições e restrições aos particulares no uso e gozo de seus bens, direitos e atividades, de modo a proteger o interesse coletivo. Todas essas limitações incidentes sobre os indivíduos são realizadas pelo Estado para proteger o interesse público, que é o guardião do interesse da coletividade. Polícia Administrativa: a polícia administrativa trata da limitação das atividades particulares, abrangendo ilícitos de ordem administrativa, conforme acima visto. Polícia Judiciária: já a polícia judiciária tem por finalidade a preparação da atuação da função jurisdicional no Estado no que se refere a ilícitos penais (crimes e contravenções penais), coletando elementos para o exercício do jus puniendi do Estado. Assim, a principal diferenciação entre ambas reside na natureza do ilícito, caso seja um ilícito administrativo, estaremos diante do poder de polícia administrativa, entretanto, diante de ilícitos de natureza penal, estaremos no âmbito da polícia judiciária. Outra diferenciação relevante incide no fato de que a polícia administrativa incide sobre bens, direitos ou atividades privadas, não alcançando diretamente o próprio indivíduo. Já a polícia judiciária incide diretamente sobre pessoas, permitindo, inclusive, a privação de sua liberdade. Também é importante ressaltar que o poder de polícia administrativa é exercido por diversos órgãos e agentes da Administração Pública, enquanto a polícia judiciária é exercida por órgãos especializados (como a Polícia Civil e a Polícia Federal). O poder de polícia em sentido amplo abrange tanto a atuação do Legislativo (criação de leis), como também a atuação administrativa, responsável pela regulamentação e execução dessas leis. Já o poder de polícia em sentido estrito alcança somente a atuação administrativa, que irá regulamentar e promover a execução das leis primárias, estando excluída, desta classificação, a atividade legislativa (criação de leis), sendo que essa segunda acepção é a usualmente adotada em provas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta Unidade pudemos adentrar no estudo do Direito Administrativo, que é uma matéria de Direito Público rica de detalhes e pertinências. Nunca seria cansativo lembrar que o direito é uma ciência muito rica e contagiante, que detém em suas linhas amplos conhecimentos que ultrapassam barreiras e trazemsentido às relações sociais e à regulamentação da sociedade. Não seria diferente com esta unidade, perceber o Direito Administrativo como uma área essencial para a sociedade num todo, na medida em que traz à tona inúmeras questões socialmente relevantes. Em nossos tópicos desta unidade pudemos adentrar no estudo deste ramo e iniciar nossa compreensão sobre o assunto, abordando conceitos, princípios e aplicabilidades desta área. LIVRO Título: Manual de Direito Administrativo. Autor: Alexandre Mazza Editora: Saraiva Sinopse: Extremamente didático, o “Manual de Direito Administrativo” apresenta ao estudante uma visão global dos institutos, que são abordados em 4 planos distintos: a) doutrina, b) legislação, c) jurisprudência, e d) sua incidência no Exame da Ordem e em concursos públicos. Ao final de cada capítulo, quadros sinóticos para revisão da matéria, seguidos de questões de concurso para verificação da aprendizagem. Título:Direito Administrativo Autor: Maria Sylvia Zanella Di Pietro Editora: Forense Sinopse: este livro desenvolve os vários temas do Direito Administrativo de forma clara e didática e com a preocupação de manter a disciplina atualizada diante das sucessivas inovações legislativas que imprimem nova feição a esse importante ramo da ciência jurídica.Além das correções e aperfeiçoamentos na redação, esta 34ª edição atualiza a legislação, promulgada no corrente exercício, relativa a licitações, consórcios públicos, convênios, gestão e alienação de bens imóveis da União, natureza singular dos serviços de advogado e contador, com acréscimo de anotações sobre força maior e caso fortuito, direitos dos usuários dos serviços públicos, procedimento de manifestação de interesse, além de jurisprudência do STF a respeito de juros de mora na desapropriação, juros de mora no período entre a expedição do precatório e o efetivo pagamento, recebimento de honorários de sucumbência por advogados públicos, prescrição na desapropriação indireta, interpretação dos dispositivos legais que tratam da contratação de serviço singular por profissional notoriamente especializado FILME/DOCUMENTÁRIO Documentário: JUSTIÇA Direção e Roteiro: Maria A. Ramos Data de Lançamento: 2004 Sinopse: Este documentário (disponível no YouTube) expõe o dia a dia do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e todos seus personagens (servidores públicos, réus, familiares, etc.) e oferece ao público uma reflexão sobre o sistema judicial brasileiro e as estruturas de poder vigentes no país. LEITURA COMPLEMENTAR Artigo: O Servidor Público no Mundo do Trabalho do Século XXI Autores: Carla Vaz dos Santos Ribeiro e Deise Mancebo Revista Psicologia: Ciência e Profissão Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141498932013000100015&script=sci_arttext&tl ng=pt> Resumo: O texto aborda as repercussões do discurso depreciativo da sociedade dirigido ao servidor público – em muito intensificado pelas mutações no mundo do trabalho na virada do século XX para o XXI – na subjetividade dessa categoria e investiga como esses trabalhadores convivem com a utilização corrente de estereótipos negativos que desqualificam e desvalorizam a sua atividade laboral. O texto discute ainda como a falta de reconhecimento e de valorização interfere no sentido atribuído pelos servidores públicos à sua vida profissional. O texto analisa também as transformações ocorridas no setor público nas últimas décadas, em especial, as mudanças provocadas a partir da implementação da Reforma do Estado, de 1995, no Brasil, constata que a crise do Estado-providência influência de maneira decisiva as políticas, as estruturas e a cultura das organizações estatais e identifica um novo cenário que gera significativos impactos na produção da subjetividade da categoria; por fim, questiona se ainda há espaço para o servidor público no mundo do trabalho contemporâneo. REFERÊNCIAS BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Administrativo, 5º edição, São Paulo: Saraiva, 2001. BRASIL. Constituição (1988). Constituição Federal. Brasília, 1988. BRASIL. Decreto nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Brasília, 1967. BRASIL. Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934. Brasília, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d24643compilado.htm. Acesso em: 08 maio 2021. BRASIL. Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004. Brasília. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Brasília, 2002. BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Código Tributário Nacional. Brasília, 1966. BRASIL. Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986. Brasília, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7565compilado.htm. Acesso em: 08 maio 2021. BRASIL. Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Brasília, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm. Acesso em: 08 maio 2021. BRASIL. Lei nº 8.429, de 02 de junho de 1992. Brasília, 1992. BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Brasília, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 08 maio 2021. BRASIL. Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Brasília, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8987cons.htm. Acesso em: 08 maio 2021. BRASIL. Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Brasília, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.htm. Acesso em: 08 maio 2021. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Administração Pública deve descontar os dias não trabalhados por servidor público em greve. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/007d4a1214289aea0 9b9759ae1324e96. Acesso em: 15/06/2021 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 33. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 10ª ed. São Paulo: Atlas, 1998. DINIZ, Maria Helena. Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro Interpretada. São Paulo: Saraiva, 9ª edição, 2002. MARINELLA, Fernanda. Noções introdutórias e Regime Jurídico Administrativo. Disponível em: http://www.marinela.ma/wp- content/uploads/2018/11/CADERNODEAULADELEGADOAULA01NOES.pdf. Acesso em: 10 maio 2021. MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 19ª edição, 2002. MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 8. Ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 955. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 28. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2003, p. 38. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 14ª ed., São Paulo: Malheiros, 2002 PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo descomplicado. São Paulo: Método, 2019. STF. Súmula nº 346, de 2012. Brasília. STF. Súmula nº 473, de 2012. Brasília. UNIDADE II SERVIÇOS PÚBLICOS, PROCESSO ADMINISTRATIVO E A LEI FEDERAL Nº. 9.784/99 Prof. Ma. Raiza Eloa Brambilla Catanio1 Plano de Estudo: ● Conceito de Serviços Públicos; ● Classificação , regulamentação, controle e requisitos; ● Formas e Meios de Prestação do Serviço Público; ● Entidades da Administração Pública Direta; ● Entidades da Administração Pública Indireta; ● Conceitos de Processo Administrativo; ● Finalidade do Processo Administrativo; ● Espécies de Processo Administrativo; ● Classificação do Processo Administrativo; ● Direito de petição; ● Disposições Gerais da Lei nº. 9.784/99 ● Princípios; ● Critérios; ● Procedimentos Administrativos; ● Direitos e Deveres dos Administrados. Objetivos de Aprendizagem: Prezado (a) aluno (a), esta primeira unidade acerca do estudo do Direito Administrativo será dividida em 04 tópicos, sendo eles: ● Do Serviço Público ● Entidadesda Administração Pública 1Mestra em Ciências Jurídicas pela Universidade Cesumar – UniCesumar, pós-graduanda em Docência no Ensino Superior, pela Uniasselvi, Assessora Jurídica no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná – TJPR. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6265742338541943. E-mail: raizaeloa@hotmail.com. ● Do Processo Administrativo ● Da Lei Federal nº. 9.784/99 E em cada um desses tópicos aprenderemos questões básicas e gerais atinentes a cada um, fazendo uma breve conceituação e explicação sobre os termos e assuntos a serem abordados. Desta forma, por meio da compreensão desta disciplina, serão expostos relevantes conceitos sobre o tema e, por consequência, a importância do Direito Administrativo para a sociedade num todo, na medida em confere maior transparência e segurança aos cidadãos. INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), com esse material, após já ter compreensão acerca do que é o Direito Administrativo, Administração Pública e Bens Públicos, passamos ao estudo do Serviço Público, das Entidades da Administração Pública, Processo Administrativo e teceremos considerações sobre a Lei Federal nº. 9.784/99. Com esta unidade espero contribuir para seu aprendizado, conceituando e contextualizando o tema, proporcionando a compreensão do assunto e seus respectivos termos e desta forma, por meio do ensino, estabelecer a importância desta área para o sistema judiciário, legislativo e executivo brasileiro, assim como contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Então vamos lá! 1 DO SERVIÇO PÚBLICO Fonte: shutterstock Conceito de Serviço Público Por serviço público compreende-se toda e qualquer atividade cujo objetivo é o oferecimento de utilidade e/ou de comodidade material, que destina-se à satisfação de necessidades da coletividade num todo, mas, que pode ser utilizada individualmente pelos administrados (pela população). O Estado desempenha uma função de garantidor e no cumprimento de seus deveres, presta serviços à sociedade, por si mesmo ou por quem lhe faça às vezes, sob um regime de direito público, que pode ser total ou parcial. Maria Sylvia Di Pietro (2020, p. 280) afirma que não é uma tarefa fácil conceituar o que é serviço público, pois este termo, com o passar do tempo, foi sofrendo várias alterações em seus elementos constitutivos e na sua abrangência. Para a autora, serviço público é “toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público.” Já Hely Lopes Meirelles (2003, p. 380) conceitua serviço público como “todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades sociais essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniências do Estado.” Em suma, 03 são o requisitos adotados para definir o que seria serviço público, sendo eles: a) O subjetivo: em que se considera a pessoa jurídica como a prestadora da atividade; b) O material: em que se considerada qual a atividade exercida; c) O formal: em que se considera qual o regime jurídico do serviço público. Classificação Os serviços públicos podem ser classificados em: a) Serviços públicos propriamente ditos (essenciais e que não admitem delegação) e serviços de utilidade pública (os que melhoram a comodidade social e admitem delegação); b) Serviços gerais (uti universi - prestados à coletividade como um todo, não sendo possível medir o quanto cada um utiliza; são indivisíveis e devem ser mantidos pela receita geral dos impostos) e serviços individuais ou específicos (uti singuli - são prestados à coletividade, fruíveis individualmente, divisíveis). Estes últimos podem ser compulsórios (são remunerados por taxa e admitem a cobrança da taxa mínima pelo simples fato de o serviço estar à sua disposição) e facultativos (a remuneração é feita por tarifa, só sendo possível a cobrança pelo que efetivamente foi prestado). Regulamentação e Controle Sobre a regulamentação e o controle dos serviços públicos, insta dizer que ambos são de competência do próprio Poder Público que em todas as hipóteses, seja em casos de prestação indireta feita pela Administração Indireta, delegações, etc. Cabe salientar que mesmo a delegação do serviço público não retira do Estado a competência de regular e controlar o serviço, que continua sendo de sua titularidade, Neste sentido, qualquer intercorrência ou problema que ocorra durante a prestação do serviço ou até mesmo em relação a eficiência deste, deverá ser apurado pelo Poder Público que tem a função de regularizar a situação e o devido funcionamento do serviço, diante do interesse público e coletivo (DI PIETRO, 2020, p. 295). Requisitos De acordo com o conteúdo visto anteriormente, serviço público é toda atividade atribuída por lei para o Estado, que tem como objetivo satisfazer as necessidades coletivas da população. Desta forma, para que o serviço seja prestado com a devida eficiência, alguns requisitos devem ser observados e que são inerentes a sua natureza, para que seja realizado da melhor forma possível e que atenda os interesses da sociedade. Fala-se então em 07 requisitos a serem observados na prestação do serviço público, sendo eles (SILVA, 2021): a) Regularidade: o serviço prestado deve observar padrões de qualidade e quantidade, a serem determinados pela própria administração pública. Este requisito impõe também a observância dos números de usuários que usam referido serviço e a exigência deste perante seus usuários. b) Eficiência: como bem diz o nome, o serviço público deve servir a contento, ou seja, deve ser eficaz, prestado de uma maneira direta, que atenda as necessidades da população e que não gera desperdícios desnecessários. c) Segurança: o serviço prestado não deve oferecer qualquer tipo de risco aos seus usuários. d) Generalidade: o serviço deve ser prestado de forma igual para todos os usuários, sem distinções ao acesso, salvo exceções em lei. e) Atualidade: os serviços públicos devem acompanhar todas as evoluções que sejam pertinentes à sua prestação, ou seja, o serviço não deve ser antiquado, desatualizado. f) Cortesia: todo usuário deve ser bem atendido, a administração pública tem o dever de prestar um bom atendimento. g) Modicidade: a administração pública pode cobrar valores, taxas, ou tarifas (justas) para a prestação do serviço. Ademais, a Lei nº. 13.460, publicada em 27 de junho de 2017, instituiu o Código de Defesa do Usuário de Serviços Públicos e estabeleceu normas comuns para a proteção e defesa dos direitos do usuário de serviços públicos prestados direta ou indiretamente pela administração pública, sem prejuízo da incidência do Código de Defesa do Consumidor: Art. 5º O usuário de serviço público tem direito à adequada prestação dos serviços, devendo os agentes públicos e prestadores de serviços públicos observar as seguintes diretrizes: I - urbanidade, respeito, acessibilidade e cortesia no atendimento aos usuários; II - presunção de boa-fé do usuário; III - atendimento por ordem de chegada, ressalvados casos de urgência e aqueles em que houver possibilidade de agendamento, asseguradas as prioridades legais às pessoas com deficiência, aos idosos, às gestantes, às lactantes e às pessoas acompanhadas por crianças de colo; IV - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de exigências, obrigações, restrições e sanções não previstas na legislação; V - igualdade no tratamento aos usuários, vedado qualquer tipo de discriminação; VI - cumprimento
Compartilhar