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Anais do 3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

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Uberlândia 
UFU 
2015 
3º ENCONTRO DE PESQUISA SOBRE DIREITO E RELIGIÃO 
 
14 e 15 de Outubro de 2015 em Uberlândia, Minas Gerais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIBERDADE RELIGIOSA, 
DISCRIMINAÇÃO E IGUALDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uberlândia 
UFU 
2015 
3º ENCONTRO DE PESQUISA SOBRE DIREITO E RELIGIÃO 
 
14 e 15 de Outubro de 2015 em Uberlândia, Minas Gerais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIBERDADE RELIGIOSA, 
DISCRIMINAÇÃO E IGUALDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Coordenador Geral 
Rodrigo Vitorino Souza Alves
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
3 
 
 
Realização: 
Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião - CEDIRE 
Faculdade de Direito – UFU 
Oxford Journal of Law and Religion (OUP) 
Laboratório Americano de Estudos Constitucionais Comparados - LAECC 
 
Apoio: 
PROEX/UFU 
FAPEMIG, CAPES, OAB-MG 
 
Coordenação Geral: 
Rodrigo Vitorino Souza Alves 
 
Comissão Científica: 
Alexandre Walmott Borges 
José de Magalhães Campos Ambrósio 
Moacir Henrique Júnior 
Rodrigo Vitorino Souza Alves 
 
Comissão Organizadora: 
Anaisa Almeida Naves Sorna 
Andrei Rossi Mango 
Anna Carolina Tavares 
Beatriz Andrade Gontijo 
Bruna Pratali Tarcitano 
Fernanda Castro Gastaldi 
Gabrielle Lourence de Andrade 
Isabela da Cunha 
Isabela França 
Luiza Macedo de Alcântara 
Rafaela Sarri Silva 
Renan Dos Santos 
Roberta Bevilacqua 
Valéria Emilia de Aquino 
Veronique Vital Richard 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Direito “Prof. Jacy de Assis” 
Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião 
Endereço: Av. João Naves de Ávila, 2121, Bloco 3D, Sala 307 
CEP 38400-100 Uberlândia-Minas Gerais - Telefone: (34)3239-4227 
Home page: http://www.ufu.br; http://www.fadir.ufu.br; http://www.direitoereligiao.org 
 
 
 
 
 
 
 
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os textos apresentados são de inteira responsabilidade de seus autores 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 
 
 
E56a Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião (3. : 2015 : Uberlândia, MG) 
Anais / III Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião, 14 e 15 de Outubro de 
2015, em Uberlândia, Minas Gerais ; coordenação geral: Rodrigo Vitorino Souza 
Alves. - Uberlândia : UFU, 2015. 
 
Tema: “Liberdade Religiosa, Discriminação e Igualdade”. Inclui 
bibliografia. 
 
 
1. Direito - Congressos. 2. Religião e direito - Congressos. 
I. Alves, Rodrigo Vitorino Souza. II. Encontro de pesquisa sobre direito e religião (3 
: 2015 : Uberlândia, MG). III. Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de 
Direito Prof. Jacy de Assis. VI. Título. 
 
 
 
 
CDU: 340 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
5 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
O 3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião foi realizado nos dias 14 e 15 de 
outubro de 2015 pelo Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião - CEDIRE 
(anteriormente designado “Grupo de Pesquisa Direito e Religião”), vinculado à Faculdade de 
Direito da Universidade Federal de Uberlândia e indexado no Diretório dos Grupos de 
Pesquisa do Brasil (CNPq). 
 
O Encontro, de natureza internacional, foi organizado em cooperação com Oxford 
Journal of Law and Religion Academy (Oxford University Press), contando ainda com a 
parceria do Laboratório Americano de Estudos Constitucionais Comparados – LAECC e com 
o apoio de PROEX/UFU, FAPEMIG, CAPES e OAB-MG 13ª Subseção. 
 
A série de encontros tem como objetivo: Contribuir para o aprofundamento da 
pesquisa nas diversas formas e perspectivas sobre a relação entre Direito e Religião; Fomentar 
uma cultura de paz, em que sejam assegurados os direitos humanos e fundamentais, 
especialmente para a promoção do respeito à diversidade; Facilitar a capacitação para o 
enfrentamento de questões relacionadas ao exercício de práticas religiosas em espaços 
públicos; Promover a interação entre pesquisadores com diferentes bagagens teóricas para 
melhor compreensão do pluralismo religioso, da secularidade do Estado e da tolerância. O 
evento tem como público-alvo pesquisadores e estudantes das diversas áreas do conhecimento 
que se dedicam ao estudo do tema. 
 
Em sua terceira edição, o Encontro teve como tema: “Liberdade Religiosa, 
Discriminação e Igualdade”, e contou com a presença de dezenas de estudantes, 
pesquisadores, professores e outros profissionais, brasileiros e estrangeiros. 
 
 
 
Rodrigo Vitorino Souza Alves 
Professor da Faculdade de Direito da UFU 
Líder do Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião (UFU/CNPq) 
Membro do International Consortium on Law and Religion Studies, Law and 
Religion Scholars Network e Consorcio Latinoamericano de Libertad Religiosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
6 
 
------------------------------------------------------------------------------ 
SESSÃO 01 – 14/10/2015 
 
 
08h00 - 11h40 :: PALESTRAS 
Local: Auditório do Bloco 5S - UFU 
 
- Registro 
- Abertura 
- Fábio Carvalho Leite :: "Estado e Religião: A liberdade religiosa no Brasil" 
- Antonio Baptista Gonçalves :: "Liberdade Religiosa e a (In)tolerância do Estado Laico 
Brasileiro" 
- Cecilia Palomo Caudillo :: "Religious marriage in Mexico: Discrimination vs Religious 
Freedom" 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
7 
 
------------------------------------------------------------------------------ 
SESSÃO 02 - 14/10/2015 
 
 
13h30 - 15h15 :: Fórum ABLIRC sobre liberdade religiosa e cidadania: A defesa da 
liberdade religiosa e o combate à discriminação 
Local: Auditório do Bloco 5S - UFU 
 
Presidência do Fórum: Samuel Gomes de Lima - Associação Brasileira de Liberdade 
Religiosa e Cidadania (ABLIRC) 
- Fábio Nascimento - Comissão de Liberdade Religiosa da Ordem dos Advogados do Brasil - 
Seção de São Paulo 
- Douglas McAllister - Igreja dos Santos dos Últimos Dias 
- Kian Eghrari Moraes - Fé Baha'i 
- Euler Bahia - Reitor do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP) 
- Ricardo Rossetti - Professor da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) 
- Ilton Garcia da Costa - Professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
8 
 
15h30 :: SESSÕES PARALELAS - GRUPOS DE TRABALHO 
 
 
15h30 - 18h00 :: GRUPO DE TRABALHO 1 - Temas Diversos sobre Direito e Religião 1 
Coordenação: Ricardo Rossetti e Ilton Garcia da Costa 
Local: Sala 208 do Bloco 5S - UFU3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
9 
 
A IMUNIDADE CONSTITUCIONAL AOS TEMPLOS E A LIBERDADE DE 
RELIGIÃO 
 
Geisa Costa Ferreira 
Altamirando Pereira da Rocha 
 
A imunidade tributárias aos templos de qualquer culto garantida pela Constituição Federal 
(CF), sob o aspecto fiscal, pode ser considerada norma indutora que incentiva a prática de 
atividades religiosas sem finalidade econômico-produtiva para o desenvolvimento do país. 
Apesar da liberdade religiosa ser um direito fundamental protegido por tal imunidade deve-
se ater na atual realidade em que se verifica um grande aumento de religiões, algumas com 
finalidade comercial, sem o devido tratamento tributário, aspecto importante a ser 
considerado nesta atual momento de crise econômica, além de prejudicar outras religiões que 
levam a sério a finalidade para a qual foram criadas. Objetivos: Este estudo propõe-se a 
estudar as imunidades tributárias concedidas aos templos religiosos, enfatizando os reflexos 
negativos desse privilégio no contexto atual, com o estudo sistematizado da legislação, 
doutrina e jurisprudências relevantes sobre o tema. Descrição Metodológica: Será utilizado o 
tipo de pesquisa bibliográfica, para o conhecimento das contribuições trazidas pelas fontes 
secundárias analisadas, permitindo selecionar tópicos de interesse para o trabalho em 
questão. Como procedimento metodológico, empregou-se o método hipotético-dedutivo. 
Quanto ao procedimento técnico, fez uso da análise textual, ou seja, uma abordagem das 
várias bibliografias pré-selecionadas. Também, recorreu-se à análise temática, que 
corresponde à etapa da compreensão global das fontes secundárias trabalhadas, e a análise 
interpretativa, sendo, esta, a etapa com vistas à interpretação dos textos selecionados. 
Outrossim, utilizou-se o tipo de pesquisa documental, a fim de reunir, classificar e distribuir 
as fontes primárias utilizadas, ou seja, a CF de 1988, dentre outros textos legais. Para o 
procedimento metodológico, foi empregado o estudo comparativo, para proporcionar uma 
visão mais completa acerca das legislações selecionadas, que possuem as mesmas unidades 
de análises. Como procedimento técnico, recorreu-se à análise de conteúdo de bibliografias e 
diplomas normativos, sendo o Brasil o universo delimitado desta pesquisa. Resultados: 
Espera-se, com o estudo do tema proposto, trazer propostas e embasamentos teóricos para 
uma maior efetividade e coerência com a realidade atual para a aplicabilidade das normas 
tributárias referentes aos templos religiosos. Conclusão: A existência harmônica e pacífica 
das diversas religiões no território nacional não mais justifica a concessão de favores fiscal 
aos cultos religiosos pelo Estado. Por outro lado, tal favor fiscal tem contribuído 
decisivamente para o aumento descomunal de diversas atividades econômicas ligadas aos 
templos religiosos, sem a incidência da pesada carga tributária a que está sujeita as demais 
atividades. Portanto, não se justifica conceder privilégios desproporcionais aos templos sem 
que estes precisem prestar contas. Como se trata de um país laico, deveria tratar as igrejas 
com a mesma ética que se tratam as demais instituições, mesmo porque as religiões no Brasil 
convivem de forma democrática e pacífica. Mas vale ressaltar que a questão não é religiosa, 
mas econômica e social, pois o Estado ao conceder tais benefícios incentiva atividades que 
não geram lucros nem produtividade para a economia nacional. Nesta fase da história e ante 
os fatos com que nos defrontamos a nível internacional, não há razão para que prevaleça a 
imunidade a templos. 
 
Palavras-chave: Imunidade tributária. Templos. Normas fiscais indutoras. 
 
 
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
10 
 
O ESTADO LAICO E A LIBERDADE RELIGIOSA: INTERESSE PÚBLICO 
VERSUS DIREITO PRIVADO EM UMA DEMOCRACIA PLURAL RELIGIOSA 
 
Patrícia Fontes Cavalieri Monteiro 
Elena de Carvalho Gomes (Orientadora) 
 
Os núcleos objetivos que compõem o direito à liberdade religiosa o situam no universo das 
liberdades subjetivas e dos bens da personalidade, o que o faz gozar de particular relevo na 
tutela juscivilística da personalidade humana. Essa proeminência jurídica, associada ao 
avanço da modernidade com a passagem do Estado religioso ao Estado leigo, culminou na 
separação da religião da vida das sociedades políticas contemporâneas, sobre as quais se 
ergueu uma concepção de mundo e de homens livres e profanos, possíveis, eles próprios, de 
buscar a sua autonomia e o desenvolvimento de sua personalidade. Na práxis, o princípio 
jurídico da laicidade se expressa por meio de dois comportamentos estatais que são, ao 
mesmo tempo, opostos e recíprocos entre si: o Estado como agente ativo, garantidor do 
exercício da liberdade religiosa dos cidadãos; e o Estado agente passivo, “protegido” pela 
neutralidade contra as confissões religiosas, impedindo-as de que se valham da máquina 
estatal como se fosse seu altar e impinjam condições políticas ou pensamento antilaico, de 
maneira a comprometer o Estado Democrático. Nesse contexto, todos são chamados a ser 
interlocutores do mesmo direito de liberdade, legitimatio pautada em diferentes 
compreensões e papéis a serem desempenhados. Precisamente aí é que reside o desafio de 
um Estado laico. Objetivos: A definição de como devem se relacionar Estado e religião, 
cujas linhas parecem incomunicáveis em uma sociedade contemporânea, é o problema que se 
propõe a abordar e resolver a presente investigação a partir dos seguintes vieses: Como o 
Estado deve tutelar a liberdade religiosa ante a colidência desse direito com outro direito 
coletivo, necessário à implementação das políticas públicas - atividade preponderante 
daquele? Haverá compatibilidade entre o interesse público e o direito privado religioso em 
uma democracia plural? Descrição metodológica: As vicissitudes da pluralidade religiosa em 
uma sociedade cujo Estado é laico são o que justificam a presente pesquisa, retratadas nessa 
pesquisa mediante casos concretos que servirão de base metodológica à contextualização da 
hipótese. A estrutura metodológica utilizada baseou-se na revisão bibliográfica, no exame de 
doutrina e jurisprudência. Conclusão: O ponto de equilíbrio dessa relação pressupõe a 
imperiosa observância a dois elementos reguladores dessa relação: o interesse público 
verificado nas ações político-administrativas e a subsunção, pelo Estado, ao princípio da 
tolerância. O primeiro é a única exceção constitucionalmente admissível à regra do 
afastamento estatal das questões religiosas, com base na qual poderá o Estado, inclusive, 
embaraçar-lhes o funcionamento. O segundo é a observância do princípio da tolerância, 
compreendido como o dever de respeito pela dignidade e pela personalidade dos cidadãos, 
bem como pelas suas diferentes crenças e opções de consciência. É, pois, um princípio 
conformador das diferenças de crenças. Parece encontrada, então, uma via possível para a 
solução do problema normativo fundamental da pesquisa: haverá compatibilidade entre o 
interesse público e o direito religioso numa democracia laica e multireligiosa na medida em 
que o Estado, tutor desse direito, for capaz de fundamentar as ações políticas que 
eventualmente limitem aquele na razão pública e no princípio universal da tolerância. 
 
Palavras-chave: Liberdade religiosa, Laicidade, Interesse público. 
 
 
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
11 
 
O EXERCÍCIO DA LIBERDADE RELIGIOSA NAS RELAÇÕES DEEMPREGO 
QUANTO AO DIA DE CONCESSÃO DO REPOUSO SEMANAL REMUNERADO 
 
Renato de Almeida Oliveira Muçouçah 
 
Introdução: ao se tratar o direito fundamental à liberdade religiosa, pretende-se trazer a lume 
especialmente a discussão acerca da liberdade de crença, sem ignorar as demais vertentes 
desse direito. Ao professar uma crença religiosa (seja ela qual for), a pessoa vive de acordo 
com certos preceitos e códigos de conduta, os quais são inerentes a qualquer fé. O crente, 
todavia, se por um lado não pode ser tolhido na expressão de sua religiosidade, também não 
poderá, a depender de uma série de questões, exercê-la em sua plenitude, seja em espaços 
públicos ou privados, sob pena de desobedecer a comandos normativos, inclusive 
constitucionais e de magnitude similar ao disposto no artigo 5º, VIII, da Carta Magna. O 
foco da pesquisa volta sua especificidade ao indagar questão inerente à relação de emprego, 
a saber, o repouso semanal remunerado: nos termos do artigo 7º, XV, da Constituição 
Federal, este deverá ser concedido preferencialmente aos domingos. O repouso semanal, 
conforme Convenções 14 e 106 da Organização Internacional do Trabalho deve dar-se, de 
fato, num período de no mínimo vinte e quatro horas de descanso no decorrer de cada 
período de sete dias. Objetivo: a preferência pelo domingo como dia do repouso é explícita 
referência brasileira ao cristianismo, em especial à vertente católica. Ocorre que até mesmo 
outras correntes cristãs não enxergam o domingo como o dia que se deve dedicar a Deus; os 
adventistas do sétimo dia, por exemplo, guardam o período entre as 18h00 de sexta-feira às 
18h00 de sábado como o necessário à adoração. Para os muçulmanos a sexta-feira é o melhor 
dia sobre o qual se levantou o Sol e, por isso, é nele que seus crentes devem orar em 
comunidade. O mesmo ocorre com o sábado, dia santo do judaísmo. Aplicar a norma 
constitucional de forma cega, sem considerar individualidades no contrato de emprego, 
constituiria desrespeito do empregador quanto à liberdade religiosa do empregado? 
Descrição metodológica: foi utilizado o método hipotético-dedutivo, percebendo-se lacuna 
na particularidade do problema apresentado e, pelo processo de inferência dedutiva, 
testaram-se hipóteses para encontrar as mais escorreitas respostas ao fenômeno. Resultados: 
há diversos trabalhadores que, no Brasil, laboram no domingo, professem eles ou não alguma 
fé cristã. O domingo é preferencialmente o dia para repouso, o que implica em conceder tal 
dia da semana como descanso dentro de determinado período independentemente da religião 
do empregado, a priori. Conclusão: caso a fé do empregado não seja a cristã ou pregue a 
guarda de outro dia para repouso, a preferência deve recair sobre esse dia da semana, e não 
outro, no caso individualizado, em que pese a literalidade do artigo 7º, XV, da Constituição 
Federal. Traduz-se em dever de adaptação razoável ao empregador quanto à observância da 
máxima efetividade dos direitos fundamentais de seus subordinados. Não sendo possível, na 
dinâmica empresarial, propiciar ao empregado a guarda de outro dia que não o domingo, 
deverá este – também mediante adaptação razoável – adotar medidas para que seja concedida 
aos empregados que professem determinada fé a possibilidade de folgar nos dias destinados 
ao culto. 
 
Palavras-chave: religião e relação de emprego; dever de adaptação razoável; vinculação do 
empregador a direitos fundamentais dos empregados; proteção antidiscriminatória. 
 
 
 
 
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
12 
 
HOMOSSEXUALIDADE E CONTRATO DE EMPREGO: UMA ANÁLISE ACERCA 
DO PROSELITISMO RELIGIOSO NOS AMBIENTES DO TRABALHO 
 
Renato de Almeida Oliveira Muçouçah 
 
Introdução: a homofobia, ora compreendida como forma específica de discriminação quanto 
às pessoas homossexuais, poderá dar-se como atos de discriminação (fatos materiais) e os 
discursos de ódio (como previsto pelo Conselho da Europa, de 1997), os quais promovem 
discriminação ou violência contra tais pessoas. Por outro lado, as principais religiões 
monoteístas do mundo (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo) nutrem prosélitos que 
condenam a pessoa que vive sua homossexualidade. No Brasil, conforme dados do IBGE de 
2010, 86,8% da população é cristã (64,6% de católicos romanos e 22,2% de protestantes). 
Objetivo: verificar a possibilidade de determinado empregador valer-se, quando da 
contratação de empregados, por preferência de candidatos em razão de credo e, além disso, 
de discriminação contra pessoas homossexuais por estas não se adaptarem à fé veiculada no 
ambiente do trabalho da empresa. Ademais, será perquirida a possibilidade de um 
empregador valer-se de proselitismo em sua empresa, assim como permitir a alguns 
empregados que o façam, sobretudo no que concerne à condenação da homossexualidade 
Descrição metodológica: foi utilizado o método hipotético-dedutivo, percebendo-se lacuna 
na particularidade do problema apresentado e, pelo processo de inferência dedutiva, 
testaram-se hipóteses para encontrar as mais escorreitas respostas aos fenômenos trazidos à 
discussão. Valeu-se também do método sistemático, de grande utilidade no direito do 
trabalho e constitucional modernos, vez que possibilita uma leitura coerente do ordenamento 
jurídico, bem como a compatibilização entre seus diversos institutos, na medida em que os 
sistematizam. Resultados: inexiste justificativa plausível a qualquer empregador que lhe 
permita invadir a esfera íntima do empregado para tomar conhecimento de suas práticas 
sexuais; no entanto, ao candidato homossexual que assim decidir declarar-se, é defeso ao 
empregador criar qualquer obstáculo para acesso ao emprego. No curso da relação de 
emprego, porém, diversos interesses entram em conflito no ambiento do trabalho: desejo do 
empregador ou de subordinados seus patrocinarem proselitismo religioso no âmbito da 
empresa, para além do direito de o empregado homossexual desejar livremente manifestar 
sua sexualidade em condutas como receber o companheiro no horário de almoço, matricular 
filhos adotivos em creches mantidas pelo empregador, etc. O conflito se dará quando o 
empregado homossexual sentir-se atingido por discurso religioso que o condena, vindo este 
de colega de trabalho ou do empregador. Conclusão: por inexistirem direitos fundamentais 
absolutos, a técnica da ponderação de interesses deve guiar o intérprete e o aplicador nos 
conflitos acima narrados. A simples referência difusa e não repetitiva da condenação 
religiosa à homossexualidade não constitui, per se, homofobia. Por outro lado, o empregado 
homoafetivo deve respeitar seus colegas de trabalho independentemente do credo que 
professam, e é proibido a quaisquer subordinados, assim como ao empregador, valerem-se da 
liberdade de expressão para tolher direitos de personalidade, devendo-se promover tolerância 
recíproca entre os grupos citados por meio do princípio da proporcionalidade, vetor a guiar 
as liberdades já mencionadas. 
 
Palavras-chave: religião e relação de emprego; homossexualidade; liberdade religiosa; 
ponderação de interesses; proteção antidiscriminatória. 
 
 
 
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
13 
 
A RELIGIÃO EM MARX: A CONSTRUÇÃO DO SEU PENSAMENTO EM 
PERSPECTIVA HISTÓRICA 
 
Gabriel Sandino de Castro 
 
O presente trabalho, fruto de estudos iniciais, tem como objetivo identificar a concepção da 
religião na teoria marxiana e sua implicação nas relações sociais. Neste sentido, a pesquisa é 
compreendida sob uma análise teórica e conceitualdos escritos de Marx, uma vez que o 
autor alemão não se dedicou ao tema da religião, especificamente, em seus trabalhos. Além 
disso, levamos em conta o caráter histórico dos estudos do autor, ou seja, compreender o 
processo de construção da concepção de religião para Marx. Em diferentes trabalhos, o autor 
alemão abordou a religião como uma forma específica de mecanismo para a dinâmica da 
sociedade. A hipótese desta pesquisa parte da ideia que a crítica marxiana da religião não 
deve ser compreendida quando separada dos demais estudos do autor. Em outras palavras, 
uma teoria marxiana da religião é parte da crítica de Marx ao capitalismo e não algo 
independente. Isto significa que não se pode pensar a religião em Marx sem discutir a 
sociedade moderna capitalista. Apesar de Marx focar no estudo da religião e as suas formas 
de manifestação, é no cristianismo que o autor irá concentrar as suas críticas. Assim, é dado 
o recorte histórico de 1840 a 1846, em que Marx expõe seu pensamento acerca do papel da 
religião. Na verdade, podemos considerar as obras - editorial 179 do jornal Gazeta de 
Colônia, “As filosofias da natureza em Democrito e Epicuro” (tese de doutorado), 
“Manuscritos de Paris”, “A Questão judaica” “A Sagrada Família” e “ A Ideologia Alemã” - 
como as principais acerca do tema. No senso comum, as maiores críticas à religião, salve 
Nietzsche, origina-se de Marx, sobretudo na ideia de “ilusão”. O entendimento das práticas 
religiosas como certa “utopia” da mente humana não se originou de Marx. Na verdade estas 
críticas já eram feitas por filósofos pré- socráticos. A diferença entre o intelectual alemão 
para os demais era a sua preocupação em compreender a religião a partir de uma análise 
histórica, ou seja, ela como um dos elementos fundamentais das relações sociais. Marx 
percebe que o desenvolvimento e peculiaridades de cada sociedade (aldeias, sociedades 
capitalistas modernas, comunidades arcaicas) são os alicerces para a legitimação de 
determinada religião. Portanto, nenhuma crença existe sem um contexto específico para qual 
ela possa vir de encontro com as necessidades daquele grupo social. Não obstante, o filósofo 
alemão apontou o caráter da religião como produto de uma determinada realidade 
correspondente a um modo de produção particular. (...) A famosa frase “A religião é o ópio 
do povo” (MARX, 2005) em muitos casos, é confundida com uma afronta ao papel da 
espiritualidade na vida dos seres humanos. O autor alemão estava preocupado em identificar 
e dimensionar os efeitos da religião nas relações sociais. Em nenhum momento, Marx visa 
desacreditar na espiritualidade do homem enquanto crença, ou uma filosofia de vida própria. 
Na verdade, o filósofo alemão aponta que as Igrejas, enquanto instituições sociais reforçam o 
caráter subserviente dos trabalhadores, uma vez que ao se preocuparem com a pós- vida os 
operários e camponeses deixam de lado as lutas que correspondem à realidade material. 
Portanto, não podemos deixar de destacar que as críticas de Marx a religião é fruto da forma 
como as instituições religiosas afetavam a sociedade da época, ou seja, se o homem é fruto 
do seu tempo, a religião também é. Isto não significa que ela seja um fenômeno social novo, 
e sim, a forma como ela manifesta-se na sociedade. 
 
Palavras-chave: teoria marxiana da religião. sociedade capitalista moderna. Cristianismo. 
 
 
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
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AS CONSEQUÊNCIAS DO PLURALISMO RELIGIOSO 
 
Anna Carolina Alves Cruz 
 
No Brasil republicano não houve liberdade religiosa enquanto perdurou a hegemonia do 
catolicismo. Entretanto, na medida em que o Estado obteve autonomia relativa mais 
acentuada perante grupos religiosos, com separação formal definitiva da Igreja Católica, para 
Mariano (2003), essa disjunção também assegurou alguma liberdade para que os indivíduos 
pudessem escolher a religião que mais lhes interessasse. E o Estado passou a se comprometer 
com a tolerância o pluralismo religioso. Com essa liberdade, ampliou-se a concorrência na 
oferta de serviços religiosos e, simultaneamente, o impulso para a conversão e o trânsito 
religioso também aumentou, observando-se, então, a expansão das opções religiosas não 
hegemônicas. Tal expansão é utilizada como argumento por quem não vê sentido na teoria 
da secularização. Mas, assim como Pierucci, Mariano reitera que esse crescimento das 
práticas religiosas não anula a secularização ocorrida no Ocidente. Na segunda metade do 
século XX, é possível notar a conjuntura pluralista e concorrencial das igrejas que se 
baseiam em uma lógica de mercado. Por outro lado, a separação entre Estado e religião, 
componente fundamental da secularização, não pode ser vista como criação de duas esferas 
sociais paralelas, uma vez que as relações de seus agentes foram alteradas, mas 
permaneceram importantes. Sobre isso, Emerson Giumbelli não acredita em uma 
secularização total da sociedade, pois, hoje em dia, assiste-se muito a acusações de fraude, 
manipulação e exploração de fieis, que recorrem ao poder público em defesa de seus direitos, 
também acionado nos casos de intolerância e preconceitos religiosos. Assim, é como se a 
modernidade impusesse uma condição de “liberdade vigiada” às religiões. Para ele, “toda 
vez que um conjunto de crenças e práticas com pretensão a estatuto religioso ultrapassar tais 
limites cabe ao Estado [...] intervir no sentido da regulação das atividades e relações sociais.” 
(GIUMBELLI, 1996, p. 9 apud CAMURÇA, 2003, p.61). Neste sentido, acredita que a 
conexão da religião com o Estado ocorre porque a esfera religiosa ainda não está plenamente 
adaptada à lógica secular. A modernidade garante maior liberdade de escolha religiosa, logo, 
há mais alternativas religiosas, as religiões antigas sobrevivem, outras aparecem e o 
pluralismo religioso se diversifica. Almeida (2010) aponta que com o crescimento do 
pluralismo religioso, logo a proliferação de instituições conduz a uma infidelidade a elas, o 
que justificaria a citação acima. Num contexto e liberdade e intenso pluralismo religiosos, a 
competição por fieis torna-se acirrada, o que estimula o ativismo e proselitismo de seus 
pastores e leigos, estratégias de marketing, entre outros recursos de atuação. Nesse sentido, 
baseando-se na bibliografia de sociólogos e antropólogos da religião, o objetivo desta 
comunicação é a de expor como o pluralismo religioso está crescendo no Brasil e o que ele 
influencia ou pode influenciar nas religiões. 
 
Palavras-chave: Pluralismo. Estado. Secularização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
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RESOLUÇÃO N. 8/2011 DO CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E 
PENITENCIÁRIA (CNPCP) 
 
Lidyane Maria Ferreira de Souza 
 
O Direito brasileiro não conta ainda com um texto normativo tão detalhado sobre o exercício 
da liberdade religiosa quanto a Resolução n.8/2011 do CNPCP, por isso, convém analisar o 
processo de produção desta Resolução e sua repercussão. Para a teoria do direito à liberdade 
religiosa, dois pontos são particularmente interessantes: a transformação do direito individual 
à (solicitação de) assistência religiosa em direito da organização religiosa de prestar a 
assistência religiosa; a menção recorrente às religiões de matriz africana como exemplos de 
minoria a ser protegida e a subsequente não aprovação dos dispositivos normativos que 
efetivariam esta proteção. A função do Conselho é subordinado ao Ministério da Justiça e a 
ele competem a elaboração de diretrizes, planos e programas de políticacriminal e 
penitenciária, o estímulo a pesquisas e a fiscalização dos estabelecimentos de pena. A 
Resolução foi provocada por reclamações sobre as restrições impostas pelos sistemas 
estaduais penitenciários à entrada de assistentes religiosos nas prisões. Estas reclamações 
envolviam: limitação ao número de assistentes religiosos permitidos; cancelamento arbitrário 
das visitas programadas; proibição de acesso a todas as áreas da prisão; exigência de 
constituição jurídica da organização religiosa para prestação da assistência religiosa. Embora 
as atas das reuniões sejam bastante concisas, as gravações em áudio são úteis para 
compreender o processo de elaboração da Resolução no qual a lógica da segurança, 
prevalecente no ambiente prisional, tanto se sobrepõe à lógica da tríade liberdade religiosa-
laicidade-respeito ao pluralismo, quanto avança na elaboração de dispositivos sobre questões 
controversas nesta tríade. Assim, os conselheiros elaboraram distinções sutis relacionadas 
aos fins ressocializadores da assistência religiosa, bem como parecem ampliar o sentido 
jurídico de religião ao tratar de “assistência humana”. Por outro lado, o processo de 
elaboração não citou relatos das pessoas presas, mas apenas relatos de assistentes religiosos. 
Além disso, a Resolução não contempla as religiões de matriz africana. Contudo, a 
Resolução foi recebida com satisfação por um dos grupos representativos dos assistentes 
religiosos – a Pastoral Carcerária - e há uma expectativa de que a Resolução funcione como 
barreira às restrições impostas pelos sistemas estaduais. É possível que em outros ambientes 
institucionais as lógicas próprias, ao serem compatibilizadas com a regulação jurídica da 
religião, produzam novas configurações e sentidos a esta mesma regulação, como em escolas 
e hospitais. Para tanto, é preciso ampliar a pesquisa jurídica para além de seus ambientes 
tradicionais – Legislativo e Judiciário – e para além dos comportamentos tradicionalmente 
observados – respeito ou violação às normas jurídicas. 
 
Palavras-chave: assistência religiosa; conselho nacional de política criminal e penitenciária; 
liberdade religiosa; laicidade; segurança 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
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TEORIA CRÍTICA E ANÁLISE CULTURAL DA LIBERDADE RELIGIOSA 
 
Lidyane Maria Ferreira de Souza 
 
Em diferentes contextos nacionais, a regulação jurídica da religião é problemática. O acesso 
às vantagens e aos mecanismos de proteção das práticas religiosas é diferente conforme se 
tratem de indivíduos e grupos com fé e práticas religiosas majoritárias ou minoritárias. A 
teoria crítica da liberdade religiosa, composta por estudos interdisciplinares que vão além da 
análise dogmática do direito à liberdade religiosa e dos modelos de relação entre Estado e 
religiões, tem indicado como as categorias da laicidade e da liberdade religiosa operam nas 
práticas institucionais, levando em conta sua origem na história do Direito Moderno e sua 
relação com a linha que demarca o religioso e o secular. Estudos produzidos sob esta 
orientação identificaram dificuldades intrínsecas à regulação jurídica da religião. Entretanto, 
a teoria crítica não indica como lidar com estas categorias herdadas, sem reproduzir seus 
problemas. Para tanto, pode ser útil a ferramenta chamada “religion-making”, contribuição 
vinda dos Estudos Religiosos. Para parte destes, a categoria “religião” é tão ou mais 
problemática que as categorias “liberdade religiosa” e “laicidade” (ou linha que demarca o 
que é religioso e o que é secular), mas, apesar disso, indivíduos e grupos têm apreendido o 
funcionamento desta categoria e aprendido um modo de usá-la que lhes seja menos 
desfavorável. Assim, esta linha de estudos reconhece que a categoria “religião” é construída 
pelas instituições e práticas estatais - “religion-making from above” - e acadêmicas - 
“religion-making from -, sem ignorar a possibilidade de indivíduos e grupos também 
atuarem ativamente nesta construção - “religion-making from below”. E é interessante notar 
como alguns dos exemplos de “religion-making from below” acontecem justamente em 
instâncias jurídicas. No âmbito jurídico, uma análise cultural do Direito pode adequar esta 
ferramenta aos estudos jurídicos, permitindo que os estudos sobre a regulação jurídica da 
religião sejam capazes de perceber certa autonomia a indivíduos e grupos no uso desta 
regulação, sem romantizá-las. Uma análise cultural pode direcionar o estudioso para a 
análise das práticas específicas de regulação, para notar o fluxo das ideias jurídicas e os 
diferentes usos que indivíduos, grupos e instituições fazem delas. Por este percurso, poder-
se-ia chegar a algo como um “religious freedom making”. Sem a obrigação de preservar o 
Rule of Law da ameaça da religião (enquanto sistema normativo concorrente), esta análise 
permitira ao observador atentar para o trabalho que os direitos subjetivos religiosos fazem, 
para além de e apesar da ausência de neutralidade estatal. 
 
Palavras-chave: teoria crítica da liberdade religiosa; religion-making; análise cultural do 
direito; secular; laicidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
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15h30 - 17h30 :: GRUPO DE TRABALHO 2 - Temas Diversos sobre Direito e Religião 2 
Coordenação: Moacir Henrique Júnior e José de Magalhães Campos Ambrósio 
Local: Sala 312 do Bloco 5S - UFU 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
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A ASSISTÊNCIA RELIGIOSA NOS PRESÍDIOS BRASILEIROS E A AUSÊNCIA 
DAS RELIGIÕES MINORITÁRIAS 
 
Bruno Ferreira de Oliveira 
 
Preceitua a Declaração Universal dos Direitos Humanos no artigo XVII que toda pessoa tem 
direito à liberdade de pensamento, consciência e religião, e que esse direito inclui a liberdade 
de mudar de religião ou crença, de manifestar sua crença pelo ensino, prática, culto e pela 
observância, isolada ou coletivamente, e em público ou particular. Nesse sentido, a 
Constituição Federal de 1988 confere o direito à liberdade de crença como garantia 
constitucional, aplicando-se aos cidadãos que se encontrem também privados da liberdade. 
Por conseguinte, a assistência religiosa nos presídios é um direito fundamental previsto 
constitucionalmente, conferindo prestação de assistência religiosa nas unidades civis e 
militares de internação coletiva (art. 5º, VII). No Brasil, a Lei de Execução Penal (Lei nº 
7.210/1984) prevê que será assegurada à pessoa presa a atuação de diferentes confissões 
religiosas em igualdades de condição, majoritárias ou minoritárias, vedado o proselitismo 
religioso e qualquer forma de discriminação e estigmatização. Ainda, conforme as Regras 
Mínimas para Tratamento de Reclusos, documento da ONU que, em sua regra 6.2 assegura a 
liberdade de crença e na regra n.º 42 salienta que, tanto quanto possível, cada recluso deve 
ser autorizado a satisfazer as exigências da sua vida religiosa, assistindo aos serviços 
ministrados no estabelecimento e tendo na sua posse livros de rito e prática de ensino 
religioso da sua confissão. Apesar de vários dispositivos assegurarem a assistência religiosa 
aos presos, a Comissão Parlamentar de Inquérito do Sistema Carcerário (2009) constatou 
massivo e regular trabalho das igrejas evangélicase a presença da Pastoral Carcerária, 
vinculada à Igreja Católica. Como resultado, constatamos que as religiões minoritárias, tais 
como as afro-brasileiras e espíritas, ainda continuam a serem estigmatizadas e excluídas 
dessa garantia constitucional e social. A falta de assistência religiosa aos detentos 
pertencentes às religiões minoritárias demonstra a gravidade do problema estigmatização na 
sociedade brasileira, indo contra a previsão da Lei de Execução Penal. Sendo assim, na 
teoria, ao preso é conferida a autonomia para escolher determinada religião a ser seguida 
dentro do cárcere, mas na prática a assistência religiosa não é homogênea, ou seja, a 
depender do Instituto Penal ele terá acesso ou não a determinadas religiões, com exceção das 
majoritárias (católicas e evangélicas) que sempre estão presentes. Este trabalho, portanto, 
objetiva analisar o motivo e a causa da ausência das religiões minoritárias na prestação da 
assistência religiosa nos presídios brasileiros, além de propor soluções para abranger o 
máximo de religiões possíveis dentro dos estabelecimentos prisionais. 
 
Palavras-chave: Assistência Religiosa. Presídios. Estigmatização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
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A PSICOGRAFIA COMO MEIO PROBATÓRIO NO PROCESSO BRASILEIRO 
 
Andrei Rossi Mango 
Isabela da Cunha Machado Resende 
 
Muito se discute se o espiritismo trata-se de uma religião ou de uma ciência. Também há os 
que defendem que pode ser ambos. Contudo, não se pode olvidar do caráter científico da 
doutrina espírita, conforme afirma Allan Kardec: 
O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. 
Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos; 
como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas 
relações. 
Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e 
destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. 
Portanto, por ser uma ciência, o espiritismo pode contribuir com o Direito, de modo a 
garantir a interdisciplinariedade aceita pelo art. 332 do CPC vigente. O presente trabalho 
objetiva analisar o uso da psicografia - ação em que um espírito desencarnado escreve por 
meio de um médium - como meio probatório tanto na esfera cível quanto criminal. 
Geralmente, esse tipo de prova tem maior utilidade nos casos de responsabilidade civil, de 
homicídio e nas hipóteses em que se discutem supostos plágios. Seria a psicografia um meio 
probatório lícito? A psicografia é um meio probatório inominado (ou atípico), pois não está 
prevista no ordenamento mas pode ser utilizada para formar o livre convencimento do juiz. 
Assim, ela é uma prova lícita e legítima, com fundamentamentação no art. 5º, LV da CF/88 
que garante o “contraditório e a ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes”. A 
prova psicografada serve, justamente, para fundamentar o contraditório e a ampla defesa 
prevista como direitos fundamentais na Constituição Federal. Além disso, a psicografia não 
vai contra a moral, o que faz dela um meio de prova lícito, de acordo com o art. 332 do CPC, 
que dispõe: “Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não 
especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a 
ação ou a defesa.” Analogamente, a psicografia pode ser entendida como prova documental 
e, como toda prova, ela não é absoluta, sua força probatória é relativa. Contudo, deve 
contribuir para a verdade e deve possuir credibilidade. Nesse sentido, a psicografia deve 
passar por uma perícia para atribuir a sua veracidade e, dessa forma, poder ajudar na 
formação da convicção do magistrado. Convém ressaltar que a psicografia tem o mesmo 
valor probatório que a prova documental. Outro ponto relevante a ser destacado é que devido 
o fato de o Estado ser laico, não convém normatizar de forma expressa o documento 
psicografado como meio de prova. Não é aconselhável nem permitir nem proibir, pois o 
Estado (que deve permanecer distante das relações religiosas e deve interferir apenas em 
ultima ratio) poderia estar demonstrando certa preferência por religião ou fé professada, de 
maneira a abalar essa laicidade. Dessa forma, entende-se que apesar de ser legítima, a 
psicografia deve ser mantida como prova inominada e defende-se o seu cabimento tanto na 
esfera criminal quanto na cível. 
 
Palavras-chave: Espiritismo; Direito; Psicografia; Processo; Prova 
 
 
 
 
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“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
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RELIGIÃO, INDIVÍDUO E SOCIEDADE: A PROTEÇÃO DA LIBERDADE 
RELIGIOSA COMO UM DIREITO HUMANO 
 
Nathalia Caroline Barbosa Abranches de Faria 
 
Este artigo possui como perspectiva a análise, não definitiva, da liberdade religiosa como 
uma ramificação a qual pertence as proteções dos direitos humano. Trata-se de um trabalho 
sobre as proteções dessas religiosidades e a constitucionalização das mesmas, sendo uma 
proteção devida pelo Estado em muitos entendimentos. Texto subdividido em momentos de 
contexto histórico, assim como a defesa resultante de todo este caminho exposto, da 
liberdade da fé e religiosidade em geral, aliás tais conceitos são também propostas analisadas 
no artigo em questão. OBJETIVOS: O objeto findou-se na análise do caso concreto ao fim 
do artigo, visto que a análise das concepções atuais de liberdade religiosa vindo desde os 
ditames históricos eram os principais pontos que os autores tencionavam alcançar com tal 
estudo e escrita. Perpassando por noção do termo religião e alguns apontamentos advindos 
da diferenciação cultural. METODOLOGIA: O artigo proposto foi estruturado em um 
período de intercâmbio na Universidade de Coimbra, suas concepções e análises são 
basicamente da temática frente ao continente europeu, com algumas comparações e 
exposições da liberdade religiosa em sua concepção histórica na América do Norte, Brasil, 
dentre outras regiões da Antiguidade. RESULTADOS: As considerações propostas pelo 
trabalho, gera conclusões sobre como o caso concreto é tratado na perspectiva europeia com 
a temática proposta, ainda análise final da religião em seu aspecto social, e a análise da 
vedação expressa da discriminação religiosa por parte da Corte Europeia. CONCLUSÃO: A 
Carta dos Direitos Fundamentais do Homem é um documento com grande peso jurídico, 
colocado no patamar dos Tratados, ela trouxe inúmeras modificações, apesar da Europa 
ainda viver nessa pluralidade e em muitos casos, ainda por resquícios do passado, entrar em 
atrito com as liberdades garantidas, às quais também deveriam ser garantidas pelos Estados 
componentes dessa União. O cidadão deve ter assegurado pelo Estado seu direito de ter ou 
não uma religião, sem que o Estado imponha algo a ele, assegurado o direito ao culto, à 
manifestação de sua crença, reuniões com tema de sua respectiva crença. Todos esses 
direitos e outros tantos mais elementares, fazem parte dos Direitos Humanos e estão 
elencados na Carta, usada pela União Europeia e que, com certeza, foi de fundamental (e 
continua sendo) importância para continuar a luta de cada vez mais Estados e povos, para 
que estes se distanciem da intolerância religiosa e aquele não cause opressão e funcione 
como algo que impõe determinados ritos sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
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DIGNIDADEHUMANA E LIBERDADE RELIGIOSA NA DIGNITATIS 
HUMANAE: INTERRELAÇÕES ENTRE A IGREJA CATÓLICA E A DOUTRINA 
DOS DIREITOS HUMANOS 
 
Natalia Brigagão F. A. Carvalho 
Rodrigo Vitorino Souza Alves (Orientador) 
 
Este trabalho objetiva analisar os conceitos de liberdade religiosa e dignidade humana na 
Dignitatis Humanae, declaração sobre a liberdade religiosa aprovada pelo Concílio Vaticano 
II e promulgada pelo Papa Paulo VI no ano de 1965. O estudo tem a intenção de 
compreender como a Igreja delimita estes conceitos e os interrelaciona, em perspectiva 
comparativa (i) a seus prévios desenvolvimentos teológicos, (ii) a divergentes posições 
filosóficas e (iii) às concepções jurídicas traçadas pela doutrina de Direitos Humanos. 
Visualiza-se, com base na observação destes aspectos, que a instituição católica fortemente 
influencia e é influenciada pelo contexto em que se insere, fomentando com substrato ético e 
paradigmático o desenvolvimento dos Direitos Humanos – principalmente pela via do 
conceito de dignidade humana – ao passo em que extrai do universo jurídico e da ética 
secular contribuições a sua própria doutrina – como se observa, por exemplo, pelas nuances 
expansivas ineditamente conferidas à questão das liberdades. Ao se pronunciar sobre a 
liberdade religiosa, a Igreja continua a submetê-la a noções de obediência e responsabilidade 
e a dispor destas noções de forma jusnatural – como derivação da justiça e da bondade. 
Contudo, amplia-se a valorização deste direito ao exigir que seja efetivado na máxima 
medida possível, de forma conferir ao poder civil e suas disposições normativas a 
legitimação para regular esta liberdade, em uma clara mitigação de seus posicionamentos 
tradicionais. Quanto ao conceito de dignidade – utilizado estrategicamente para a 
fundamentação da liberdade religiosa –, não se pode afirmar com incisão que este se expande 
ou relativiza: a Dignitatis Humanae não adota nenhuma definição expressa e precisa. 
Contudo, dois aspectos se evidenciam. O primeiro, a força e a centralidade de que dispõe a 
noção de dignidade a construção da ética cristã católica. O segundo, a clareza das influências 
seculares (sobretudo jurídicas) que orientam a plasmação deste paradigma, de forma que a 
instituição católica parece incorporar, ainda que não de forma explícita, perspectivas a que se 
opunha secularmente. 
 
Palavras-chave: liberdade religiosa, dignidade humana, Direitos Humanos, Igreja Católica. 
Dignitatis Humanae 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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USO DE CRUCIFIXO EM REPARTIÇÃO PÚBLICA E A RELAÇÃO COM A 
LAICIDADE DA REPÚLICA FEDERATVA DO BRASIL 
 
Gerson Machado da Silva Júnior 
Gabriel Gomes Canêdo Vieira de Magalhães (Orientador) 
 
A República Federativa do Brasil na sua Constituição de 1988, se intitula um Estado Laico, 
ou seja, a religião não deve ter influência nos assuntos do Estado. Um discussão, que vendo 
sendo esmiuçada há muitos anos não só no Brasil, mais em vários países do mundo, é sobre 
o uso de Crucifixos em Repartições Públicas. Dentro da esfera brasileira, muitos cristãos 
alegam que o Estado Brasileiro é laico, mas não laicizante, o que seria um Estado que obriga 
as pessoas a não demonstrar sua crença, sob alegação de que ofenderiam terceiros. Uma 
outra alegação dos cristãos brasileiros, é que como o Brasil, é um Estado Democrático de 
Direito, se a grande maioria da população brasileira acha conveniente a presença de 
crucifixos em repartições púbicas, eles não deveriam ser retirados, pois iriam atender a um 
desejo da minoria. A permanência ou não de crucifixos em repartições públicas, como nos 
órgãos do poder judiciário, é uma questão que envolve liberdade de crença e princípios da 
administração pública, pois ainda há divergência jurisprudencial para solucionar esse 
impasse; embora o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) seja favorável à permanência de 
crucifixos em Plenários e salas do judiciário. Para solucionar essa questão é necessário 
compreender que o Estado brasileiro é laico, portanto deve manter-se inteiramente separado 
das Igrejas e neutro diante de qualquer religião professada pelo seu povo, assim, se por um 
lado o Estado precisa salvaguardar a prática das diversas religiões, por outro há de atuar 
como entidade neutra, distante de qualquer influência religiosa. O assunto tratado é polêmico 
justamente porque aborda a convicção religiosa das pessoas e trata de questões de fé. 
Portanto, a linha adotada pelo Estado constitucional brasileiro deve ser de neutralidade 
absoluta frente às questões religiosas conforme estabelecido pela Constituição Federal. Esse 
trabalho, tem como objetivo mostrar os diversos posicionamentos da esfera brasileira. 
Posicionamento teórico, jurídico, religioso, utilizando-se de pesquisas bibliográfica, 
documentais, posicionamentos dos órgãos jurídicos brasileiro, como o Superior Tribunal 
Federal. 
 
Palavras-chave: Crucifixo, Estado, Constituição Federal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
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LIBERDADE RELIGIOSA EM CUBA: ASPECTOS GERAIS DO PAÍS 
SOCIALISTA 
 
Beatriz Andrade Gontijo da Cunha 
 
Cuba é um Estado autoritário liderado por Raul Castro cujo único partido autorizada a se 
eleger é o Partido Comunista. Em 1959 Fidel Castro, irmão de Raul, outorgou, após a 
revolução cubana, que o país se tornaria socialista e ateu. Como consequência muitos fiéis 
religiosos foram obrigados a declararem publicamente se adeptos a uma religião, e então 
impedidos de ser membro do partido comunista. Muitos clérigos foram expulsos ou 
reprimidos durante o período. Com a ruina da União Soviética Cuba começou a abrir suas 
portas para as igrejas e diminuir sua repressão a liberdade religiosa. Retirou o ateísmo dos 
requisitos para ser membro do partido Comunista e a característica “ateu” do Estado, 
substituindo para Estado Secular. Além de ter estreitado seus laços com a comunidade 
protestante representada pelo “Consejo de las iglesas”. Para Jill I. Goldenziel toda a abertura 
realizada pelo governo de Cuba no período pós-guerra fria não passou de um jogo de 
interesse realizado pelo governo. O governo passou a trabalhar de forma a passar uma falsa 
ideia de liberdade religiosa enquanto ao mesmo tempo controlava e manipulava a religião. O 
governo cubano teria estabelecido entre as religiões protestantes representados pelo “Consejo 
de las Iglesas” uma espécie de corporativismo: o conselho apoia o Estado perante seus fiéis, 
aumentando o consenso sobre suas políticas e em troca são concedidos ao Conselho uma 
série de benefícios do governo. Outro fato que possibilitou a abertura religiosa de Cuba, foi a 
consequente abertura econômica. Inúmeros grupos religiosos estrangeiros passaram a levar 
assistência humanitária a população cubana. Sendo conveniente ao Estado que não precisa 
mais desempenhar a função já realizada pelos religiosos e ao mesmo tempo o número de 
revoltosos por melhores condições diminuiria. O direito constitucional de associação é 
limitado ao fato de não poderem ir contra os objetivos do Estado socialista. Porém uma 
igreja só é autorizada a se manter em funcionamento se for registrada e autorizada pelo 
governo. E mesmo as registradas encontram empasses com o governo. Os artigos do código 
penal cubano possuem uma linguagem muito vaga, de modo a permitir que o governo proíba 
ou restrinja a liberdade religiosa conforme seu interesse deste modo muitos religiosos são 
punidos arbitrariamentepor exercerem sua liberdade religiosa. O Objetivo do presente 
estudo foi elaborar um estudo de casos sobre Cuba para entender como a liberdade religiosa 
se estende pelo país. O método utilizado foi o bibliográfico indutivo com a pesquisa em 
relatórios científicos de órgão internacionais. O presente estudo ainda se encontra em 
desenvolvimento, mas com os resultados obtidos até então é possível inferir que há 
desrespeito a liberdade religiosa no país, apesar de ter havido um pequeno avanço ao longo 
dos anos o país ainda está longe de garantir com ampla efetividade esse direito humano. 
 
Palavras-chave: Cuba, Liberdade Religiosa, Partido Comunista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A INFLUENCIA RELIGIOSA NO PROCESSO LEGISLATIVO BRASILEIRO 
 
Maria Gabriela Silva Moreira 
Eliseu Starling 
 
A Constituição de 1988 assegura em seu artigo 19 que: “É vedado à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas subvencioná-
los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou suas representantes relações de 
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”. 
(BRASIL, 1988). Dessa forma, proeminentemente, a Magna Carta assegura o direito de 
culto, independentemente de sua origem. Apesar do panorama laico estabelecido na 
Constituição Federal, o que efetivamente observamos, não é o laicismo, ou seja, separação 
do Estado e da Religião. Esta situação fica clara, quando observamos a influência do 
cristianismo na aprovação ou não de algumas legislações no âmbito do Congresso Nacional 
por nossos se nos pensarmos vários tipos de religiões. Devemos lembrar ainda, que o Brasil, 
foi colônia de Portugal, e com a chegada da Família Real em 1808, o catolicismo se tornou 
mais presente, influenciando fortemente os dias atuais. Objetiva-se com o presente trabalho, 
verificar se existe ou não influência cristã no processo legislativo brasileiro, no que tange a 
rejeição ou aprovação de uma lei. Para tanto, será utilizado o método qualitativo de pesquisa, 
pautado em levantamento bibliográfico, a fim de reunir informações relevantes ao 
desenvolvimento do trabalho, proporcionando conclusões fundamentadas. Das pesquisas 
iniciais, podemos identificar que leis, que ferem os preceitos cristãos, muitas vezes, são 
rejeitadas, pelas bancas católica e protestante que compõe o Congresso Nacional, como 
liberação do aborto, da eutanásia, casamento homoafetivo, dentre outras. Assim, apesar da 
Constituição Federal estabelecer um estado laico, no âmbito do poder legislativo federal, 
verificamos que a religião não separada do Estado. 
 
Palavras-chave: Estado Laico; Magna Carta; Religião; Processo Legislativo Brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
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ANÁLISE DOS PRESSUPOSTOS E IMPLICAÇÕES DA DISCRIMINAÇÃO 
FUNDADA EM RAZÕES RELIGIOSAS EM ÂMBITO TRABALHISTA 
 
Anna Carolina Tavares Assunção 
 
A partir da análise das características que perfazem a relação de emprego, a problemática da 
discriminação, especialmente aquela fundada em razões religiosas, parece não olvidar de um 
campo fértil à sua manifestação. Assim sendo, o poder diretivo do empregador – legitimado 
ora no direito de propriedade, ora no contrato de trabalho - associado ao consagrado 
princípio balizador da interpretação normativa das leis trabalhistas, a saber, o princípio da 
proteção ao empregado, que dada a notória manifestação do poder privado no contrato de 
trabalho representa, historicamente o elo mais vulnerável da relação trabalhista, constituem 
marcos ensejadores às práticas discriminatórias “convalidadas” pela autonomia privada. Não 
obstante, da análise doutrinária e jurisprudencial, combinada aos princípios ordenadores do 
Estado Democrático de Direito, em especial aqueles positivados na Constituição Federal em 
seu artigo 5º, incisos VI e VIII, é possível aferir-se que na relação trabalhista, ao passo em 
que o empregador se compromete (de forma simplista e preponderante) ao pagamento do 
salário, o empregado aliena sua força de trabalho, não sendo componente desta a liberdade 
de crença, direito fundamental insuscetível de alienação. Destarte, o presente trabalho visa 
abordar desde a análise semântica da palavra discriminação, seu alcance e limitação, 
passando pelas formas e momentos em que esta se manifesta no ambiente de trabalho - 
notadamente a discriminação fundada em razões religiosas - e ainda, analisar os efeitos 
jurídicos de tal prática a partir da óptica do ordenamento jurídico pátrio. A relevância 
temática abrange ainda a caracterização de assédio moral fundado em razões religiosas, bem 
como os efeitos e as consequências jurídicas que ambas as condutas – discriminação e 
assédio – repercutem na ceara trabalhista. Neste propósito constata-se que, em que se pese a 
ratificação da Convenção nº 11 da Organização Internacional do Trabalho, que trata da 
discriminação em matéria de emprego e profissão, a ausência de legislação 
infraconstitucional regulamentadora, macula as decisões jurisprudenciais de demasiada 
subjetividade e compromete a própria segurança jurídica, o que considerando a relevância da 
matéria, por se tratar a liberdade religiosa de direito fundamental, torna a ponderação de 
interesses no caso concreto tarefa árdua de ser dirimida. 
 
Palavras-chave: Discriminação. Contrato de Trabalho. Religião. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
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15h30 - 17h30 :: GRUPO DE TRABALHO 3 - Temas Diversos sobre Direito e Religião 3 
Coordenação: Sheilla Dourado e Diego Nunes 
Local: Sala 313 do Bloco 5S - UFU 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“Liberdade religiosa, Discriminação e Igualdade” 
 
 
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O LIMIAR ENTRE O DIREITO À VIDA E A LIBERDADE RELIGIOSA NO CASO 
BIRMINGHAM CHILDREN'S NHS TRUST VERSUS B & C 
 
Luiza Macedo de Alcântara 
Roberta Maria Botelho Bevilacqua 
 
A religião Testemunha de Jeová é considerada pelos próprios fieis uma religião de cunho 
cristão, por diversos motivos: acreditam e seguem os ensinamentos de Jesus e que não há 
salvação sem Ele; e também creem que não há salvação sem Jesus, sendo Ele reconhecido 
por todos os homens como uma autoridade. Entretanto, uma característica imprescindível a 
essa religião que é a de que a salvação é impossível de ser alcançada sem que se obedeça 
plenamente a Sociedade Torre de Vigia e sem a participação em grupos de trabalho. Para 
cumprir esse princípio e encontrar a salvação, é necessário então que todas as Testemunhas 
de Jeová evitem alguns comportamentos, muitos dos quais amplamente difundidos na 
sociedade, como a comemoração de aniversários e canto de hinos nacionais, e também se 
abstêm no recebimento de vários tratamentos médicos, sendo o mais polêmico deles a 
transfusão sanguínea, mesmo em caso de risco à vida. O caso judicial apresentado neste 
trabalho gira em torno do direito à vida e do direito à liberdade religiosa. Esse envolveu o 
nascimento de um bebê com problemas cardíacos - cujos pais são da religião Testemunha de 
Jeová - e oHospital Birmingham, no qual o bebê recebia o tratamento. O caso foi levado a 
diante pelo Hospital Birmingham, já que após o nascimento, o bebê apresentou um sério 
problema de saúde, necessitando assim, de uma cirurgia cardíaca, e consequentemente de 
transfusão de sangue, sendo esta proibida de acordo com os princípios religiosos dos pais da 
criança. Levando em consideração os possíveis riscos da realização de um procedimento 
cirúrgico de considerável gravidade sem a possibilidade de efetuar transfusões de sangue, em 
fevereiro de 2014 o Hospital Birmigham buscou uma ordem junto à Alta Corte da Inglaterra 
e País de Gales, que lhes permitiria realizar a transfusão de sangue no bebê, caso necessário, 
mesmo contra a vontade e princípios religiosos dos pais. Considerando que a vida da criança 
estava em risco sem a permissão da transfusão de sangue durante a cirurgia, o julgamento da 
Corte foi favorável ao requerente, concedendo ao Hospital o direito de realizar transfusão de 
sangue na criança. A justificativa da sentença foi a de que em qualquer situação de risco à 
vida, onde a opinião profissional daqueles medicamente responsáveis por um paciente 
envolva a necessidade de administração de sangue e/ou hemoderivados, é lícito para aqueles 
profissionais a efetivação. Dessa forma, por meio da análise deste caso internacional e de sua 
sentença, buscar-se-á demonstrar que o limiar entre a liberdade religiosa e o direito à vida é 
demasiadamente próximo, sendo necessário que haja uma delicadeza e ponderamento por 
parte das autoridades competentes e até de bom-senso por parte dos próprios fiéis tendo em 
vista seus princípios religiosos, acerca desse tema tão polêmico. 
 
Palavras-chave: Testemunha de Jeová. Transfusão sanguínea. Caso internacional. Direitos 
humanos. Princípios religiosos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A LIBERDADE RELIGIOSA NA CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS 
HUMANOS E ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE DE 1987 
 
Gabriella Coelho Santos 
 
A história em âmbito jurídico faz-se necessária para fornecer, em consonância com o jurista, 
uma consciência crítica. Revela-se, a partir desta concepção, que uma visão unilinear é 
simples diante de um contexto complexo e, por conseguinte, rompem-se convicções levianas, 
inserem-se dúvidas, bem como se relativiza certezas consideradas absolutas (GROSSI, 
2007). Isto posto, é possível verificar que a função da história do direito é problematizar o 
pressuposto implícito e acrítico das disciplinas dogmáticas (HESPANHA, 2009). A história 
do direito pretende, portanto, obter uma visão global e ampla do fenômeno jurídico. Para 
concretizar esta perspectiva é necessário relativizar o momento atual, inserindo-o na linha 
que surge no passado, permeia o presente e dirige-se ao futuro. O historiador aponta o 
sentido dessa linha. Direção esta que não é determinada pelo constante movimento evolutivo 
sob o respaldo de constante progresso (GROSSI, 2010). Compreender o fenômeno da 
constituição na perspectiva histórica é, também, analisá-lo como um todo que se insere 
socialmente. Neste panorama, pretende-se aprofundar na história constitucional notadamente 
quanto à recepção do artigo 12 (liberdade de consciência e de religião) da Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos no ordenamento jurídico brasileiro. Buscar-se-á, 
também, investigar e problematizar as interações desta com a Assembleia Nacional 
Constituinte de 1987. Desse modo, com intuito de alcançar estes objetivos, faz-se necessário: 
(a) delinear o contexto histórico do surgimento desta Convenção celebrada em São José da 
Costa Rica, em 22 de novembro de 1969; (b) analisar a liberdade religiosa quanto dispositivo 
da Convenção Americana; (c) abordar o contexto histórico da Constituinte de 1987; (d) 
investigar os preceitos acerca da liberdade religiosa apontados pela Convenção nas 
Comissões Temáticas da Assembleia Constituinte de 1987; e, por fim, (e) verificar a 
interação e as compatibilidades da Convenção na formação da Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988, no que concerne ao tema de liberdade religiosa. Nota-se, 
ademais, que na Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos, por 
meio dos delegados representantes dos Estados membros da Organização dos Estados 
Americanos (OEA), elaborou-se a Convenção Americana sobre Direitos Humanos. As 
discussões da Convenção rementem ao pós Segunda Guerra Mundial em 1948, no qual foi 
discutida a Declaração Americana dos Direitos e Deveres da Pessoa. A adesão do Brasil à 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, configura-se como fator fundamental para a 
projeção definitiva da imagem do país como nação respeitadora e garantidora dos direitos 
humanos no plano internacional (TRINDADE, 1985). Pressupõe-se que este seja um dos 
motivos pelos quais a Assembleia Constituinte de 1987 inseriu no texto constitucional 
princípios e garantias fundamentais. Desse modo, justifica-se a busca do tema de liberdade 
religiosa na confluência entre a Convenção e a Constituinte. Aponta-se, por fim, que esta 
pesquisa se desenvolve em perspectiva histórica e, sendo assim, utiliza-se da investigação e 
análise de fontes documentais. Destaca-se, o Decreto nº 678 de seis de novembro de 1992, o 
qual promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e as atas das comissões 
temáticas da Assembleia Nacional Constituinte. 
 
Palavras-chave: Liberdade Religiosa, Convenção Americana sobre Direitos Humanos, 
Assembleia Nacional Constituinte de 1987. 
 
 
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A LIBERDADE DE CRENÇA RELIGIOSA DOS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA 
EM CONFLITO COM OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
 
Itaci Alves Marinho Junior 
 
O objetivo deste trabalho é simplesmente identificar e problematizar os conflitos originários 
da liberdade religiosa em face dos princípios constitucionais, como isonomia, igualdade, 
impessoalidade e legalidade. Sabe-se juridicamente que os adventistas gozam do pleno 
exercício da liberdade de crença religiosa, isto é, a constituição federal de 1988, expressa em 
seu artigo 5°, inciso VIII, que “ninguém será privado de direitos por motivo de crença 
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de 
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”. 
No entanto, ao observar o caso concreto, percebe-se que não há realização absoluta desde 
direito em prol dos Adventistas Do Sétimo Dia, sobretudo em concursos públicos e 
atividades acadêmicas de ensino superior realizadas no sábado, dia reconhecido como um 
sinal simbólico de lealdade, observância, dedicação, amor e exclusividade a Deus. Sendo 
assim, a luta dos Adventistas pelo direito constitucional e religioso de realizar um prova de 
concurso, e/ou alterar o regime de aulas em guarda ao sábado se tornou constante nos órgãos 
judiciais. Como exemplo disso, em um recente caso o Conselho Nacional de Justiça não 
ratificou a liminar, que “privilegiava” um adventista fazer a prova para juiz após o pôr do sol 
de sábado, na qual, realizaria separado dos demais candidatos. Segundo o presidente do CNJ, 
ministro Ricardo Lewandowski, cujo qual, teve o voto de decisão para esse caso, afirmando 
que a realização da prova em horário distinto dos demais candidatos fere os princípios 
constitucionais de igualdade e isonomia, onde todos os candidatos inscritos devem se 
submeter ao mesmo dia e horário de prova exemplificada pelo edital do concurso, não 
concedendo tal privilégioao adventista, pois violaria o princípio impessoalidade. Ademais, o 
mesmo entendimento é esposado por outros órgãos judiciais, como o Tribunal Regional 
Federal (TRF) 4ª Região, em Porto Alegre, onde a desembargadora Federal Silva Goraieb, 
em sua análise, considerou inconstitucional a realização do concurso público para juiz do 
trabalho em horário especial, afirmando que a mudança de horário violava o principio da 
legalidade administrativa e o princípio da igualdade tutelada pela constituição. No entanto, 
ao analisar outras jurisprudências e casos julgados semelhantes, poderá observar e discernir 
que a própria administração pública encontrou uma solução plausível para resolver a lide 
desses conflitos, isto é, foi concedido aos candidatos adventistas o “privilegio” de realizar a 
prova do Exame Nacional Do Ensino Médio (ENEM), após o pôr do sol, estando confinado e 
incomunicável durante o momento de guarda ao sábado. Essa decisão tomada pelo o próprio 
Supremo Tribunal Federal – STF, na presidência do atual ministro Ricardo Lewandowski, 
que considerou a solução de confinamento constitucional, não havendo violação dos 
princípios constitucionais vigentes. Desta forma, em virtude dos casos mencionados, serão 
utilizados os três critérios básicos sendo eles; ponderação, aplicação do caso concreto e 
sopesamento, para obter a solução dos conflitos entre princípios, conforme os pensamentos 
de Roberto Alexy. 
 
Palavras-chave: Liberdade. Adventistas. Constituição. 
 
 
 
 
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O ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL- LEI 12.088/10 FRENTE AO DIREITO À 
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO LIVRE EXERCÍCIO DOS 
CULTOS RELIGIOSOS 
 
Rogério De Cássio Neves Ferreira Filho 
Loyana C. de Lima Tomaz 
 
A sociedade brasileira ao contrário de outras sociedades ainda sofre muito para inventariar o 
legado deixado por tão longo período de escravidão, pois o Brasil foi ultimo país a abolir a 
escravidão. A metade da população brasileira é negra, sendo também o segundo país com a 
maior população negra do mundo, agravadas como os maiores indicadores sociais de 
desigualdades. Considerando-se o quadro econômico social e cultural, o negro foi excluído 
do direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos, 
em todos os períodos da história. Foram sempre coadjuvantes da política pública e 
protagonistas como força de trabalho operário.Tendo por escopo impedir e corrigir a 
desigualdades históricas, em relação principalmente no que tange a concessão e garantia dos 
direitos dos descendentes de escravos no Brasil, foi sancionado pelo Presidente Luiz Inácio 
Lula da Silva em 20 de julho de 2010, o Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/10) 
que entrou em vigor em 20 de outubro de 2010, possuindo 65 artigos em sua 
constituição.Dentre esses direitos referidos, no seu Artigo 25, são assegurados a liberdade de 
consciência e direito ao livre Exercício dos Cultos Religiosos: Preservar a inviolabilidade a 
liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos 
e garantidos, na forma da lei; proteger aos locais de culto e a suas liturgias; ter direito à 
liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz 
africana; ter assistência religiosa aos praticantes de religiões de matrizes africanas internados 
em hospitais ou em outras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles submetidos a 
pena privativa de liberdade; que o poder público adote as medidas necessárias para o 
combate à intolerância com as religiões de matrizes africanas e à discriminação de seus 
seguidores.Nesse contexto, é imprescindível uma maior apreciação e investigação sobre a 
eficácia e efeitos gerados na sociedade com a criação do Estatuto da Igualdade Racial - Lei 
Nº12.288/10, com ênfase no Direito à Liberdade de Consciência e de Crença e ao Livre 
Exercício dos Cultos Religiosos e avaliar se o Estatuto gerou efeitos considerados um avanço 
no Brasil e no direito. Sendo assim, a desigualdade Racial sempre gerou muita polêmica e 
nem sempre foi bem aceita pela sociedade. Portanto, foi necessário pesquisar sobre a eficácia 
e efeitos gerados pelo Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/10) com ênfase direito à 
liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos, analisando o 
posicionamento da doutrina nacional sobre o tema com fundamento da lei. E também a 
analise junto à comunidade local e universitária, principalmente a população negra, como 
vem sendo realizado tal direito e seu impacto. 
 
Palavras-chave: Negro; Religião; Sociedade Brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A RECUSA DE TRATAMENTO MÉDICO PELO REPRESENTANTE LEGAL DO 
INCAPAZ POR MOTIVO DE CONVICÇÃO RELIGIOSA 
 
Gilberto Veloso da Cunha Júnior 
Juliana Alves Campos Resende 
 
O direito à vida e à liberdade religiosa quando inseridos num mesmo contexto são matérias 
de controvérsias recorrentes. Enquanto alguns doutrinadores afirmam que o direito à vida é a 
base para todos os outros direitos fundamentais, outros afirmam que, na verdade, a dignidade 
da pessoa humana, através de suas várias faces, deve ser respeitada, principalmente num 
Estado Democrático de Direito. Neste contexto, quando se aborda a respeito da recusa de 
tratamento médico vital, como, por exemplo, a transfusão de sangue em pessoas que 
pertencem ao grupo cristão Testemunhas de Jeová, fica evidenciado o conflito entre estes 
direitos garantidos pela legislação pátria. A existência de previsão constitucional e a 
regulamentação do tratamento médico dispensado nessa situação em Códigos de Ética são 
colocadas frente a frente e a aplicabilidade de um ao outro dependerá da circunstância fática, 
notadamente o iminente risco de morte. O respeito à opinião do paciente baseada em 
convicções religiosas deve ser mantido, mas após sua prévia ciência dos riscos pela recusa 
do tratamento e sua autorização quando este for civilmente capaz. Um problema que surge 
nesta seara é quando este paciente está impossibilitado de se manifestar livre e 
voluntariamente, ou seja, em um estado de, em sentido lato sensu, incapacidade jurídica. 
Neste caso, a decisão entre viver ou morrer dependerá do consenso entre seus representantes 
legais. Surge então uma nova discussão: a possibilidade de autonomia de decisão por um 
terceiro referente ao direito fundamental à vida do paciente por ele representado. O objetivo 
deste estudo é discutir acerca do conflito que surge entre o direito à vida e o direito à 
liberdade religiosa quando da recusa pelos pais e/ou representantes legais do enfermo 
menor/incapaz ao tratamento médico que implica a realização de transfusão sanguínea, sendo 
eles pertencentes ao grupo Testemunhas de Jeová. 
 
Palavras-chave: Objeção de consciência. Tratamento médico. Transfusão. Testemunhas de 
Jeová. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A CONSTITUCIONALIDADE DA SUBVENÇÃO PÚBLICA DE PRÁTICAS DE 
CURA RELIGIOSAS 
 
Leonardo Marcondes Alves 
Carla Borges Almeida 
 
Esse estudo exploratório investiga a constitucionalidade da subvenção pública de práticas 
terapêuticas religiosas por meio do Sistema Único de Saúde, SUS. O certame da Fundação 
Municipal de Saúde de Uberlândia, FUNDASUS (Edital 01/2015) serviu de estudo

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