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A INTOLERÂNCIA CONTRA RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS À LUZ DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 E DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS DE 1948 Kalyuca Emanuely Santos de SANTANA 1 Wanda Helena Mendes MUNIZ FALCÃO 2 RESUMO A partir da Constituição de 1891 o Brasil é considerado um Estado não confessional, devido a não possuir uma religião oficial, mas, um pluralismo religioso em que todas as religiões devem ser respeitadas. Todavia, apesar da liberdade religiosa ser reconhecida e assegurada como direito fundamental, não são raros os casos de intolerância religiosa, praticados, sobretudo, contra seguidores das religiões afro-brasileiras. Diante destas frequentes agressões e do tratamento dado à liberdade religiosa no ordenamento jurídico brasileiro surge o seguinte problema: Como os atos de intolerância religiosa contra religiões afro-brasileiras afrontam os direitos humanos? Para elucidar este questionamento foram estabelecidos como objetivos deste trabalho: Analisar a situação do Brasil como um Estado laico; Apontar as principais vertentes das religiões afro-brasileiras existentes hodiernamente; Assinalar as formas de violência mais frequentes e seus respectivos motivos; e, Discutir o direito à liberdade religiosa na Constituição Federal de 1988 e nas Declarações do Homem e do Cidadão (1789) e dos Direitos Humanos (1948), bem como apontar a influência exercida aos dias atuais. Para isto, foi utilizado o método dedutivo, a partir de uma pesquisa descritiva quanto aos objetivos e, bibliográfica quanto aos procedimentos. A pesquisa foi realizada através de livros, artigos, periódicos e reportagens pertinentes ao tema. Ademais, percebeu-se que apesar de esta prática ser proibida em nossa legislação, tal fato não intimida os agressores que continuam a discriminar e causar temor àqueles que divergem de sua opinião. Estes atos de violência também reprimem a liberdade de expressão de modo que aqueles que acreditam na força e existência de orixás se sentem amedrontados em revelar suas crenças, caracterizando, por conseguinte, uma afronta aos direitos fundamentais do ser humano. 1 Acadêmica do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (FACISA), Campina Grande – PB. E-mail: kalyuca@gmail.com 2 Acadêmica do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (FACISA), Campina Grande – PB. Aluna-pesquisadora do Núcleo de Estudos de Direito Internacional e Direitos Humanos (FACISA), linha de pesquisa - Direito Internacional dos Direitos Humanos: Globalização, Relações Internacionais e Direito Interno. E-mail: wanda.helenammf@bol.com.br mailto:kalyuca@gmail.com mailto:wanda.helenammf@bol.com.br Palavras-chave: Direitos fundamentais; Liberdade religiosa; Laicidade; Religiões afro- brasileiras. LA INTOLERANCIA CONTRA RELIGIONES AFROBRASILEÑAS BASADA EN LAS CONSTITUCIÓN BRASILEÑA DE 1988 Y DE LA DECLARACIÓN UNIVERSAL DE LOS DERECHOS HUMANOS DE 1948 RESUMEN Ya que la Constitución de 1891, Brasil es considerado un Estado no confesional, debido a no tener una religión oficial, pero, un pluralismo religioso en que todos los credos deben ser respetadas. Sino que, a pesar que la libertad religiosa ser reconocida y asegurada como derecho fundamental, no son pocos los casos de intolerancia religiosa, practicados, sobretodo, contra seguidores de las religiones afrobrasileñas. Contra estas frecuentes violaciones y lo tratamiento dado a la libertad religiosa en el ordenamiento jurídico brasileño emerge el siguiente problema: ¿Cómo los actos de intolerancia religiosa contra religiones afrobrasileñas afrentan los derechos humanos? Para dilucidar esto cuestionamiento fueran establecidos como objetivos de este trabajo: Analizar la situación de Brasil como un Estado laico; Marcar las principales líneas de las religiones afrobrasilenãs existentes actualmente; Demarcar las formas de violencia más frecuentes y sus respectivos motivos; y, Discutir el derecho a la libertad religiosa en la Constitución brasileña de 1988 y en las Declaraciones del Hombre y del Ciudadano (1789) e de los Derechos Humanos (1948), así como apuntar la influencia ejercida a los días actuales. Para esto, fue utilizado el método deductivo, partida de una pesquisa descriptiva a los objetivos y bibliográfica a sus procedimientos. La pesquisa fue realizada a través de libros, artículos, revistas científicas e informes pertinentes al tema. Además, se ha percibido que a pesar de esta práctica ser prohibida en nuestra legislación, tal facto no intimida los agresores que continúan a discriminar y causar miedo a aquellos que divergen de su opinión. Estos actos de violencia también reprimen la libertad de expresión de modo que aquellos que creen en la fuerza y existencia de orixás son amedrentados en revelar sus credos, caracterizando, por lo tanto, una afronta a los derechos fundamentales del hombre. Palabras clave: Derechos fundamentales; Libertad religiosa; Laicidad; Religiones afrobrasileñas. INTRODUÇÃO Desde a primeira constituição republicana em 1891, o Brasil é considerado um Estado laico, no qual não existe uma religião oficial, mas sim, um pluralismo religioso em que todas as religiões devem ser respeitadas. Assim, a Constituição brasileira de 1988, em seu artigo 5º, inciso VI, dispõe que: “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. Entretanto, nota-se que esse respeito mútuo entre as religiões está longe de existir no Brasil, pois o que se percebe são as constantes agressões, sejam de ordem verbal ou física contra representantes ou seguidores, sobretudo das religiões seguidas pelas minorias, como as afro-brasileiras, consideradas por muitos como obras do demônio. Esta intolerância não é fruto apenas de questões religiosas, porém de interesses econômicos, políticos e culturais que somados a falta de informação e diálogo, resultam em verdadeira afronta aos direitos humanos, fundamentais para a sobrevivência digna do cidadão. Diante dessa problemática, percebe-se a importância de se explorar e debater tal assunto, a fim de conscientizar a população da necessidade da aceitação das escolhas feitas por outrem e de cobrar atitudes do poder judiciário na busca por garantir o direito de escolha que é assegurado constitucionalmente como um direito fundamental de todo cidadão. É pautado neste tema que surge o seguinte problema: Como os atos de intolerância religiosa contra religiões afro-brasileiras afrontam os direitos humanos? Para solucionar este questionamento, o presente trabalho tem como objetivos: Analisar a situação do Brasil como um Estado laico; Apontar as principais vertentes das religiões afro-brasileiras existentes hodiernamente; Assinalar as formas de violência mais frequentes e seus respectivos motivos e Discutir o direito à liberdade religiosa na Constituição Federal de 1988 e nas Declarações de do Homem e do Cidadão (1789) e a dos Direitos Humanos (1948), bem como apontar a influência exercida por esta nos dias atuais. O método aplicado para a realização deste artigo foi o dedutivo, a partir de uma pesquisa descritiva quanto aos objetivos e, bibliográfica quanto aos procedimentos. Para isso, foram analisados artigos, periódicos e reportagens pertinentes ao tema. 1 RELIGIOSIDADE NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS A primeira constituição brasileira foi outorgada em 1824 durante o período imperial e elegeu o catolicismo como a religião oficial do Império, sendo, portanto, a única constituição na história do Brasil a adotar uma postura rígida e fechada com relação à religiosidade. Assim, seu artigo 5º recebeu a seguinte redação: A Religião Catholica ApostolicaRomana continuará a ser a Religião do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior do Templo. Contudo, em 1891 - após a proclamação da República - foi promulgada a segunda Constituição brasileira, que passou a considerar o Estado Laico, garantindo a liberdade não só de crença, mas também de culto, com o objetivo de assegurar a livre escolha e com isso combater o preconceito e a discriminação religiosa. Logo, seu artigo 72º, § 3º assim dispôs: “Todos os indivíduos e confissões religiosas podem exercer publica e livremente o seu culto, associando-se para esse fim e adquirindo bens, observadas as disposições do direito comum”. Deste modo, esta Carta Constitucional representou um marco no que tange à religiosidade no Brasil, visto que foi a pioneira em promover a separação entre Estado e instituições religiosas, perdurando tal entendimento até os dias atuais. Nesta perspectiva, a Constituição Federal de 1988, ápice na pirâmide de Kelsen, também considerou o Brasil como Estado Laico, assegurando tratamento igualitário a todas as religiões e permitindo que os indivíduos as escolham livremente, ou simplesmente escolham não seguir nenhuma religião, conforme se extrai da leitura da referida Carta Magna: Art. 19 É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; [...] III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. Deste modo, é de fácil compreensão que o Brasil é um Estado não confessional, haja vista que não impõe determinada religião como correta restringindo os direitos das demais, mas sim, assegura que cada indivíduo escolha e partilhe publicamente suas crenças. Assim, cabe as pessoas o direito de fazerem suas escolhas e o dever de respeitar as escolhas alheias e ao Estado o dever de zelar pelo cumprimento das disposições legais que visam garantir esse direito. 2 HISTÓRICO, CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DAS RELIGIÕES AFRO- BRASILEIRAS Durante o processo de colonização do Brasil, os africanos eram as principais vítimas da mão-de-obra escrava e ao adentrarem em território brasileiro traziam consigo diversas crenças e costumes, sobretudo no que concerne à religiosidade. Durante esse período a religião católica era tida como a religião oficial, motivo pelo qual, muitas vezes os clérigos tentavam reprimir as manifestações religiosas desses povos, com o intuito de impor-lhes a crença e prática da religião católica. Contudo, apesar da pressão exercida pela igreja católica e de muitos dos escravos passarem a se considerar cristãos, estes não abandonaram suas crenças nos orixás e caboclos. Daí o porquê de determinados santos da religião católica ser representados por divindades da cultura religiosa africana. Essa conexão de crenças, catolicismo e candomblé, acabou por atrair a atenção de brancos, seguidores da igreja católica, que se unindo aos afro-descendentes buscaram conferir as religiões afro-brasileiras caráter universal: Em 1940, um estudo realizado por Roger Batisde já observou a presença de brancos no candomblé e de lá para cá, muita coisa mudou, fazendo dessas religiões organizações de culto desprendidas das amarras étnicas, raciais, geográficas e de classes sociais, lançando-se no mercado religioso aptas a competir com as demais religiões na disputa por devotos, espaço e legitimidade [PRANDI, 2004, p. 223] Após anos de luta na busca pela preservação da cultura africana no Brasil, as religiões afro-brasileiras assumiram três grandes vertentes em nosso país, quais sejam, a Umbanda, Candomblé e Quimbanda. A Umbanda surgiu no inicio do século XX, no Rio de Janeiro, como expressão da junção de ideais católicos, africanos, indígenas, Kardecistas, orientais, além de integrar princípios e ideias da psicologia e da parapsicologia, da Teosofia e da Rosacruz (ORO, 2008, p. 03). Em 1960, o Candomblé ressurgiu, trilhando o caminho já traçado pela Umbanda e adaptando-se as transformações sociais e culturais de cada região, oferecendo ao não devoto a possibilidade de encontrar solução para problemas não resolvidos por outros meios, sem maiores envolvimentos com a religião, utilizando-se de mecanismos como o jogo de búzios, o que a transformou em forte concorrente da Umbanda (PRANDI, 2004, p. 223). Por fim, temos a Quimbanda, que também surgiu no Rio de Janeiro, no final do século passado, conhecida como: linha negra, macumba, magia negra, umbanda cruzada, caracterizando-se, por cultuar os exus e pomba giras, entidades de intermediação entre os homens e os orixás (ORO, 2008, p. 02). É perceptível a história de luta contra o preconceito enfrentada por seguidores das religiões afro-brasileiras para que pudessem preservar a cultura de seu povo, luta esta que perdura até os dias de hoje, graças ao pensamento retrógrado de alguns que se negam a aceitar quaisquer ideologia conflitante com seu credo e, com isso, buscam a todo custo, impedir qualquer manifestação religiosa que não seja a sua, inclusive pregando para seus fiéis, que algumas religiões são obras ou cultos ao demônio. É interessante ressaltar que, todas as religiões apresentam divergências entre si, a começar pela nomenclatura que é dada às divindades, entretanto, como saber qual a religião correta, se o que é considerado correto para uns, pode ser abominável para outros? Qual a diferença entre Deus, Alá, Jeová, Javé, Olorum, se todos têm o mesmo objetivo, de conscientizar seus fiéis, através dos que pregam sua palavra, da existência de um ser supremo capaz de salvar, curar e incumbido da missão de promover a paz entre os povos? E, já que existem tantas diferenças entre todas as religiões, porque as afro-brasileiras são tão execradas? Estas reflexões nos levam a crer que talvez o real motivo para tanta discriminação contra essas religiões não sejam propriamente de ordem religiosa, mas, racial e econômica, caracterizando total desrespeito com os representantes e seguidores desta cultura e resultando em uma verdadeira guerra pelo poder, onde o mais forte prevalece sobre o mais fraco. Assim, o que se deseja é que as diferentes culturas passem a se respeitar, para que o ser humano possa ter a liberdade de seguir a religião que considerar correta, pois como afirma Nelson Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender; e, se pode aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. 3 A INTOLERÂNCIA CONTRA RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS O termo intolerância denota aquilo que não é tolerável. Nesta lógica, ser intolerante, é não suportar, permitir, consentir ou respeitar diferentes opiniões ou crenças. Diante disso, percebe-se que determinados indivíduos não se contentam em apenas escolher e seguir a religião que acreditam ser correta, eles sentem a necessidade de agredir, seja com palavras ou gestos; seguidores, fiéis, padres, bispos, mães e pais de santo e até mesmo santos e orixás. Hodiernamente a intolerância tem se mostrado muito frequente na esfera religiosa, sobretudo no que concerne às religiões afro-brasileiras. Essa prática se exterioriza de formas distintas, sendo as mais frequentes: Violência física, violência verbal ou psicológica e destruição dos terreiros, considerados templos sagrados para seus seguidores. Neste sentido, é notável que os praticantes de religiões de matriz africana, como Candomblé e Umbanda são as principais vítimas de intolerância religiosa no Brasil, caracterizando os casos mais frequentes e graves de fanatismo religioso (GUALBERTO, 2011, p.12). Diante desta situação, notícias como: “Praticantes de religiões afro-brasileiras relatam agressões de evangélicos”; “Igreja Universal é condenada por intolerância após morte da mãe de santo, Gilda”; “Jovens evangélicos depredam terreiro de Umbanda”; “Mulher perdeu o emprego por ser Kardecista”, e outras, ocupam cada vez mais espaço nos noticiários do mundo inteiro. Com isso, surgem indagações acerca do real motivo de tanta revolta contra os praticantes dessas religiões. Será que existem outros interesses por trás de tanta violência? Há quem afirme que sim, asseverando que um dos motivos é a missão atribuída aos adeptos das religiões neopentecostais, de divulgar e converter pessoas. Esta colocação foi feita pela Antropóloga da PUC, do Rio de Janeiro, Sonia Giacomini, se mostra bastante pertinente, uma vez que, conforme veremos mais abaixo, as religiões neopentecostais, que são as maiores responsáveis por tal fato foram justamente as religiões que sofreram um aumento do número de fiéis. Em consequência dos ataques e do preconceito contra as religiões afro-brasileiras, muitos de seus seguidores preferem omitir suas crenças, caracterizando um claro cerceamento da liberdade de expressão. Outra medida que tem se tornado comum é a criação de comissões de combate à intolerância religiosa que visam proteger a liberdade de culto através do diálogo com o Poder Público e da solicitação de implantação de políticas, capazes de conscientizar a população de que todos têm direito a escolher, praticar e acreditar no que considera correto, devendo, portanto respeitar as escolhas do próximo. Conforme citado acima, em 2011, a Fundação Carlos Chagas (FCC), através de uma pesquisa, elaborou o novo mapa das religiões no Brasil. De acordo com este quadro, 50% da população brasileira frequenta cultos religiosos de qualquer credo. A pesquisa aponta ainda uma queda do catolicismo, chegando a 68,4% em 2009 e um crescimento de 17,9% para 20,2%, nos primeiros anos dessa década, nas religiões evangélicas, ou neopentecostais. Já o número de pessoas sem religião cresceu de 5,1% para 6,72% em 2009. Ainda segundo essa pesquisa, 0,35% da população declarou ser praticante de religiões afro-brasileiras, sendo o Rio de Janeiro o recordista em centros e terreiros das religiões espiritas (3,37%), e afro-brasileiras (1,61%). Talvez seja este o motivo do Rio também ser o recordista em ataques aos terreiros e praticantes dessas religiões. 4 A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA E VIOLAÇÃO AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS CONSTITUCIONAIS A Constituição Federal de 1988 prevê no artigo 5º um rol de direitos considerados fundamentais para que o ser humano possa viver com dignidade. Dentre estes direitos destaca-se a liberdade religiosa, direito de primeira dimensão assegurado constitucionalmente no art. 5º, inciso VI, da seguinte forma: É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. Este dispositivo tutela a liberdade de consciência, crença e culto, haja vista que, é um direito constitucional de todo indivíduo escolher, aderir ou não aderir a nenhuma religião, bem como, participar de encontros religiosos, cultos, missas, rituais, enfim, de qualquer forma de exteriorização de sua crença que não fira o direito de outrem. Vale ressaltar que, dada à importância da liberdade religiosa no ordenamento jurídico brasileiro, esta foi elevada ao status de cláusula pétrea, de modo que só poderá ser modifica com a elaboração de uma nova constituição (LENZA, 2011, p. 983). Sendo assim, a prática de atitudes intolerantes contra seguidores ou entidades religiosas, caracteriza antes de qualquer outro fato, inobservância ao preceito constitucional e à dignidade da pessoa humana, que se vê muitas vezes impotente diante de tamanha falta de respeito. Entretanto, apesar de garantir a liberdade religiosa, a Constituição também prevê algumas limitações, como no caso da escusa de consciência, prevista no Art. 5º, inciso VIII: Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. Este dispositivo, também constituído como direito fundamental, visa tutelar situações como a dos integrantes da igreja adventista do sétimo dia, que não podem praticar atividades em determinado horário do sábado em razão de sua crença. Assim, o abono de faltas, datas e horários alternativos para a prática de determinadas atividades, como realização de concurso público, são alternativas utilizadas para resguardar a liberdade individual-religiosa desses indivíduos. O Estado como detentor do dever de assegurar o livre exercício das religiões e combater a violência, deve inserir políticas públicas de conscientização à população com o objetivo de reduzir o número de ataques contra religiosos. Ademais, deverá garantir a todo cidadão o acesso ao Poder Judiciário, sempre que necessário, para garantir a efetivação de seus direitos. Diante disso, podemos concluir que nossos constituintes ao definirem a liberdade religiosa como preceito fundamental do homem e considerando cláusula pétrea, buscaram dar maior segurança ao cidadão para que pudessem seguir e praticar suas crenças de forma prazerosa e não intimidada, como vem ocorrendo nos dias atuais. 5 A LIBERDADE RELIGIOSA NA DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO E SUA INFLUÊNCIA AOS DIAS ATUAIS A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi tornada pública em 26 de agosto de 1789, na França, durante a Revolução Francesa. Seu principal fim foi afastar a crença absoluta em Deus, que até então pautava todas as decisões dos monarcas, para fundamentar o exercício do poder através de princípios que justificassem tal atitude. Com a elaboração desta declaração, os constituintes buscavam dar certeza e segurança jurídica aos cidadãos, não só da França, mas do mundo, acerca de seus direitos, para que todos pudessem cobrar que estes fossem respeitados, uma vez que, já tinham conhecimento de sua existência e exigibilidade. Esta Declaração possui como uma das características mais marcantes a liberdade, de modo que, trata de tal assunto desde o seu preâmbulo, conferindo aos seres humanos direitos básicos como: dignidade, liberdade e justiça, na busca pela paz do mundo (CABRAL, 2009, p. 01). Ao tratar das liberdades, a Declaração ora comentada garantiu à liberdade de consciência, culto e expressão, assegurando, segundo seu art. 10 que: “Ninguém pode ser inquietado pelas suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, contando que a manifestação delas não perturbe a ordem pública estabelecida pela Lei”. Desta forma, foram estabelecidos direitos e garantias aos religiosos, assim como o fez a Constituição brasileira de 1988, com o objetivo de resguardar os direitos de todos os indivíduos, praticantes ou simpatizantes das mais variadas religiões, de forma isonômica. Salta à vista a importância da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão na construção do direito à liberdade religiosa e sua influência nos dias atuais, visto que esta foi a primeira Carta a tratar a matéria, servindo, portanto de base e inspiração para a elaboração de outras, a exemplo da Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 e de diversas constituições. O princípio da dignidade da pessoa humana é ponto pertinente nas discussões no pós- guerra 4 ; A Lei Fundamental da Alemanha promulgada em 1949 prevê em seu art. 1°, (1) “A dignidade humana é inviolável. Respeitar e proteger por todos os meios” e o (2) “O povo alemão reconhece, por conseguinte, inviolável e inalienável dos direitos humanos como a base de toda a comunidade, de paz e justiça no mundo”.As políticas adotadas foram enunciadoras para outros direitos do povo alemão, bem como reflexo ideológico para outras nações. O Estado Democrático de Direito, instituto permeado pelos princípios da separação dos Poderes, da isonomia, do pluralismo partidário e da legalidade tornou-se comum aos diplomas legais. A Constituição Italiana de 1948 segue a tendência das demais, a edificação de uma sociedade com segurança e certeza jurídica de seus direitos – individuais e coletivos – tornou-se imperativo. A Lei portuguesa de 1976 trata-se de uma descontinuidade constitucional, existira uma relação de descontinuidade quando uma nova constituição adquiriu efectividade e validade num determinado espaço jurídico (CANOTILHO, 2006, p. 195). Percebe-se que há uma modificação substancial no pós-salazarismo, com o advento de direitos fundamentais ao ordenamento luso. O Estado espanhol em 1978 institui sua Carta Política fundada num Estado Social e Democrático de Direito. Por atentar-se de modo mais pujante a temática, a Assembléia Nacional Constituinte espanhola firma valores superiores ao ordenamento, sendo refletida a Constituição Federal brasileira de 1988. Além de todos estes preceitos, verdadeiras evoluções para os direitos humanos, há o ponto em comum do Estado Laico e do respsito a liberdade de crença. Para comprovar a influência da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão sobre a Declaração Universal de Direitos Humanos, basta fazer uma comparação entre alguns de seus artigos e perceber que apenas foram acrescentadas algumas informações visando atualizar o conteúdo e adequá-lo a situação atual em que o país se encontrava. 6 INTOLERÂNCIA RELIGIOSA COMO AFRONTA AOS DIREITOS HUMANOS 4 Grande do sistema de Direitos Fundamentais, ‘alfa e ômega’ para todos os outros direitos. Direitos humanos podem ser definidos como um conjunto de vantagens e prerrogativas, fundamentais para que os indivíduos possam ter uma vida digna, independentemente de origem, raça, sexo, credo, cor ou idade. Estes direitos devem ser reconhecidos e respeitados não só pelo Estado, mas por toda a sociedade, como forma de proteger os indivíduos das arbitrariedades e do abuso de poder, bem como das frequentes tentativas de discriminação entre os povos. Neste sentido, a Declaração Universal de Direitos Humanos dispôs em seu preâmbulo (grifo nosso): A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. Ademais, ao tratar das liberdades, esta declaração estabeleceu em seu artigo XVIII, o seguinte: Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. Como se percebe, a liberdade religiosa é um direito reconhecido desde a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e da Declaração Universal de Direitos Humanos, que perdura até os dias atuais, dada à influência exercida por aquela nas declarações e constituições dos países democráticos. Deste modo, sempre que alguém desrespeitar a escolha de outrem em seguir, praticar ou mudar de religião estará automaticamente desrespeitando um direito fundamental e humano garantido a todo cidadão. Contudo, mesmo sendo reconhecido desde há muito tempo, o direito à liberdade religiosa continua sofrendo frequentes violações, necessitando, portanto de decisões judiciais para que os indivíduos possam exercer sua liberdade religiosa. Para combater essa violação de direitos, o Poder Judiciário tem adotado medidas como a ação civil publica, buscando o ressarcimento, através da indenização por danos morais para as vítimas de morte social, sendo assim chamados aqueles que após escolherem ou mudarem de religião são vitimizados pelo preconceito e desprezo. Outra forma de reprimir tal conduta encontra-se na esfera criminal, àquele que escarnece alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso estará sujeito a pena de detenção de um mês a um ano ou multa, podendo ser aumentada de um terço se houver sido empregada violência, art. 208 do Código Penal brasileiro. Sendo assim, o Estado tem feito sua parte, adotando diferentes medidas para resguardar os direitos assegurados na constituição e nos tratados e convenções dos quais o Brasil é signatário, necessitando, portanto que cada cidadão também se conscientize e passe a respeitar e aceitar as diferenças de opinião existentes como forma de promover a paz social em observância aos direitos humanos. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da análise do tema aqui exposto, podemos concluir que a intolerância contra praticantes das religiões afro-brasileiras é muito mais frequente do que se costuma imaginar e está longe de ser erradicada, uma vez que apesar do Brasil ser um país democrático, boa parte de seus habitantes ainda se comportam como se vivêssemos em um período ditatorial, onde os mais ricos e poderosos detém o controle sobre os demais e decidem sobre suas escolhas. Podemos constatar também, que a violência e discriminação sofrida por seguidores desta religião é tamanha que os faz sentir medo de declarar sua crença. Tal fato se deve ao temor de represálias por parte daqueles que se acham no direito de agredir e discriminar os não seguidores do seu credo. Ao longo desta pesquisa também se pôde perceber, que grande parte dos casos de intolerância contra seguidores das religiões afro-brasileiras parte de pastores ou praticantes das religiões neopentecostais, que constantemente se referem às religiões afro-brasileiras como obras do demônio, tratando suas divindades pelo nome de satanás ou encostos e afirmando categoricamente que aqueles que as seguirem estarão condenados ao inferno. Diante de tais fatos, salta á vista a afronta aos direitos humanos, uma vez que todo ser humano tem a liberdade de escolher seguir aquilo acredita ser melhor para si e é dever dos demais aceitar essa escolha. Tratando da trajetória pelo reconhecimento do direito à liberdade religiosa, podemos perceber que, este é assegurada a todo ser humano, sendo reconhecida e resguardada desde a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que buscando fundamentar as decisões do poder público e garantir os direitos necessários para uma sobrevivência digna e igualitária estabeleceu princípios gerais que serviram de base para diversos documentos jurídicos, inclusive nossa Constituição federal. A posteriori, a Declaração Universal de Direitos Humanos, influenciada pela Declaração de Direitos do Homem também assegurou a liberdade religiosa como um direito inerente a todo ser humano, devendo, portanto ser observado pelo Estado e por toda comunidade. Diante destes fatos e dada à relevância da liberdade religiosa para uma convivência harmoniosa entre os povos, a Constituição Federal de 1988, em observância aos documentos supramencionados, também assegurou a liberdade religiosa como um direito fundamental do ser humano inclusive o elevando a categoria de cláusula pétrea. Percebe-se que diante das constantes agressõessofridas por praticantes das religiões afro-brasileiras, o Estado, através do poder judiciário, vem adotando medidas cada vez mais rígidas para reprimir essa prática e assegurar a todos o livre exercício de seus direitos, sejam na área cível, através da ação civil pública ou penal, através da aplicação da pena prevista no art. 208 do Código Penal. Destarte, o Estado vem fazendo sua parte na repressão a essa prática, porém é necessário que a sociedade se conscientize de que todo ser humano é livre para fazer suas escolhas, visto que só após o reconhecimento deste fato, poderemos nos livrar das amarras do fanatismo religioso capaz de ultrajar tudo aquilo que difere de seu conceito e confrontar frontalmente com os direitos humanos das classes distintas. REFERÊNCIAS ALECRIM, Michael; PIVA, Juliana Dal. O avanço da rivalidade religiosa. In. Revista ISTOÉ. Disponível em: <http://www.istoe.com.br/reportagens/173822_o+avanco+da+rivalidade+religiosa>. Acesso em: 28 jun. 2012. ALEMANHA. Constituição (1949). Lei Fundamental da Alemanha. Disponível em: <http://www.gesetze-im-internet.de/gg/art_1.html>. Acesso em: 25 jul. 2012. ALVES, Fernando de Brito; BREGA FILHO, Vladimir. Da liberdade religiosa como direito fundamental: limites, proteção e efetividade. 2008. 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