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LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA E AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA 
LICENCIATURA EM QUÍMICA 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO EXPANDIDO: LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA E AS RELAÇÕES 
ÉTNICO-RACIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
DOUGLAS OLIVEIRA SAMPAIO 
 
 
 
 
 
 
 
FEIRA DE SANTANA /BA 
2017 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA 
AUTOR: DOUGLAS OLIVEIRA SAMPAIO 
 
 
 
 
 
 
 
TITULO: LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA E AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS 
 
 
 
 
 
Trabalho solicitado pela professora Sandra Nivea, na disciplina 
de relações étnicos-raciais, requisito para obtenção de nota para 
segunda unidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FEIRA DE SANTANA, JULHO, 2017 
LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA E AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS 
Douglas Oliveira Sampaio1 
1 RESUMO 
O estudo apresentado neste trabalho é relativo as formas como as relações étnicos-
raciais são abordadas no livro didático de química. Objetivou-se a apontar o papel da linguagem 
visual e dos livros didáticos do ensino médio, buscando encontrar o negro relacionado a 
produção do conhecimento cientifico. As imagens que fazem parte do cotidiano escolar são 
fundamentais para explicar e reforçar a nossa relação com o mundo visual, consequentemente 
para desenvolvimento intelectual. O trabalho consiste em um estudo analítico da coleção Ser 
Protagonista, de Química, indicada pela PNLD no ano de 2015. 
Palavras-chave: Ensino de Química, livro didático, relações étnico-racial. 
2 INTRODUÇÃO 
A Lei 10.639 foi promulgada pelo Congresso Nacional em nove de janeiro de 2003, 
A dada Lei é uma importante conquista do movimento negro no Brasil, ao admitir a educação 
como um dos principais meios de combate ao racismo2 e a discriminação3. A educação básica 
não pode prescindir os ditames desta lei, que nos leva a conhecer a cultura do Brasil e nos 
reconhecer como parte da mesma. 
Através do ensino de Química pode-se desenvolver-se atividades para a 
desconstrução dos estereótipos negativos que são atribuídos aos negros e ao continente africano 
e com isso guiar os educandos a entender as complexidades das diversas visões de mundo. 
Outra proposta é ajudá-los em suas percepções e formação de pensamento crítico em relação às 
desigualdades raciais e o racismo, como também auxiliá-los na sua forma de posicionar-se e 
enxergar o mundo. Uma das ferramentas que pode contribuir neste processo é através do livro 
de didático. 
Os livros didáticos representam à principal, senão a única fonte de trabalho como 
material impresso na sala de aula, em muitas escolas da rede pública de ensino, tornando-se um 
recurso básico para o aluno e para o professor, no processo ensino-aprendizagem. Lopes (2007, 
p. 208) atribui uma definição clássica de livro didático que é a “de ser uma versão didatizada 
do conhecimento para fins escolares e/ou com o propósito de formação de valores” que 
configuram concepções de conhecimentos, de valores, identidades e visões de mundo. 
O ensino de Química pode colaborar no entendimento do impacto que a Ciência da 
Natureza tem sob a vida social e o racismo sob dois vieses, um considera que os valores sociais 
interferem na produção de conhecimentos científicos e o outro que a produção de 
conhecimentos científicos interfere na construção de valores da sociedade (VERRANGIA; 
SILVA, 2010). 
 
 
1 Graduando em Licenciatura em Química na Universidade Estadual de Feira de Santana. 
2Um comportamento, uma ação resultante da aversão, por vezes, do ódio, em relação a pessoas que possuem um 
pertencimento racial observável por meio de sinais, tais como: cor da pele, tipo de cabelo, etc. Ele é por outro lado 
um conjunto de ideias e imagens referente aos grupos humanos que acreditam na existência de raças superiores e 
inferiores. O racismo também resulta da vontade de se impor uma verdade ou uma crença particular como única e 
verdadeira. 
3A discriminação racial pode ser considerada como a prática do racismo e a efetivação do preconceito. 
Dessa maneira, surge a necessidade de produzir um ensino de Ciências 
que, efetivamente, se comprometa com o combate ao racismo. No entanto, existe uma 
ausência quase total de orientações específicas em educação e ensino de Ciências no 
Brasil. Essa carência mostra a importância de compreender como a legislação vigente 
e a literatura na área podem contribuir, ou não, para a elaboração de tal ensino. Essa 
compreensão passa, necessariamente, pela discussão das relações entre ensino de 
Ciências e cidadania (SILVA, 2009).. 
O objetivo principal desse trabalho é rever e discutir a forma como a questão racial 
é discutida nos livros didáticos de química. Analisaremos4 quantitativa e qualitativamente os 
conteúdos e imagens referentes aos negros no livro didático da coleção Ser Protagonista, 
desenvolvido pela editora SM. Esta coleção foi indicada no PNLD (Programa Nacional do 
Livro Didático) no ano de 2015, sendo utilizada em diversas redes de ensino em todo o país - 
muitas vezes sendo a única fonte de informação para educandos e professores. 
A educação tem fundamental importância nesta luta, independente da área de 
conhecimento, pois se acredita que o espaço escolar seja responsável por boa parte da formação 
pessoal dos indivíduos, sendo assim um ambiente fundamental para a superação das 
desigualdades raciais e superação do racismo. No exercício da aprendizagem, desenvolvido na 
escola, o aluno recebe concepções de mundo que o orientam a como posicionar-se nele e para 
isto a Química está presente neste processo. 
3 A LEI 10.639 E O ENSINO DE QUÍMICA 
A lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003, altera a Lei Nº 9.394/96 em seus artigos 26A 
e 79B, inclui no currículo oficial a cultura Africana e Afro-Brasileira e da Educação das 
Relações Raciais em toda a educação público e privada, é regulamentada pelo parecer do 
Conselho Nacional de Educação CNE/CP 6/2002 e a Resolução Nº 1 de 17 de junho de 2004 – 
Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Relações étnico-raciais e para o ensino da 
história e cultura afro-brasileira. Sua aprovação foi da Marcha de Zumbi em 1995, em Brasília. 
O texto foi aprovado da seguinte forma: 
 
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, 
oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-
Brasileira. 
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo 
incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a 
cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a 
contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à 
História do Brasil. 
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão 
ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação 
Artística e de Literatura e História Brasileiras. (...) 
"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como 
‘Dia Nacional da Consciência Negra’." 
A obrigatoriedade de inserir o tema das relações étnico-raciais na educação é uma 
medida política, que traz diversas repercussões pedagógicas, inclusive na formação de 
 
4 4 A intenção não é desclassificar a eficácia do livro e sim formular ideias, criar um debate e analisar se seus 
conteúdos suprem a demanda da Lei na luta pela igualdade racial na educação brasileira. 
 
professores. Tem como principal objetivo de combater as práticas racistas e discriminatórias 
também em religiões de matriz africana e este processo começa na escola 
A química é a ciência da transformaçãoda matéria e, portanto, seus processos 
organizam e organizaram culturalmente várias sociedades. Relacionar as/os africanas/os e a 
comunidade negra brasileira na produção do conhecimento técnico e tecnológico em química 
pode combater a ignorância sobre as origens de nossa vida material e a subestimação da 
participação decisiva desses grupos em nossa constituição identitária, cultural e tecnológica. 
 
4 ANALISE DOS LIVROS DIDÁTICOS 
Nesta analise buscaremos as formas como as relações étnicos-raciais é abordado no 
livro de Química, nos atendo, a primazia, as representações dos negros quanto ao se 
protagonismo no processo histórico cientifico. 
O volume 1 do livro - direcionada a alunos do primeiro ano do ensino médio- é feita 
uma abordagem, principalmente, sobre a estrutura da matéria. Um tema em que pode ser 
impetrado de forma, tácita, a relação étnica racial, entretanto, foi observada que não houve 
nenhuma tentativa de abordagem. Sobre a imagem, referente aos negros no decorrer do livro, 
encontramos apenas uma, em que ligava o negro ao garimpo, situação essa que é agravada ao 
observa-se os brancos sendo ligados a produção de trabalhos científicos, imprescindível ao 
avanço da sociedade. 
No volume 2 do livro para alunos do segundo ano do ensino médio, é feita uma 
abordagem sobre a química e suas transformações. No decorrer do livro foi observado que não 
foi feita nenhuma abordagem racial. O livro discuti questões como exercício de cidadania, mas 
não relata nada sobre as questões raciais, não há nenhuma vinculação do negro como produtor 
cientifico. Sobre imagem, referente aos negros no decorrer do livro, nenhuma foi encontrada, o 
negro foi invisibilidade. 
No volume 3 do livro para alunos do terceiro ano do ensino médio, fase final do 
processo de aprendizagem básica, onde é discutido, prioritariamente, a química orgânica e seu 
papel na sociedade. Foi encontrado um breve texto sobre a natureza química da melanina e sua 
influência na cor dos cabelos. Um tema, interessante para abordar a questão racial, tendo em 
vista que a melanina, também é responsável pela tonalidade da pele, entretanto o livro limitou-
se a discutir apenas sua influência sobre a cor dos cabelos. Foram apresentadas, no corpo do 
livro, duas imagens de negros, uma em que o negro se encontra vinculado ao consumo de suco 
de laranja e outra em que o negro está escovando os dentes, em ambos os exemplos, observamos 
o negro apenas como coadjuvante do processo histórico cientifico. 
 
5 CONCLUSÃO 
Nosso estudo buscou demostrar como o livro didático vem se comportando após a 
formulação da lei 10.639, que visa erradicar o racismo, mediante a educação, utilizando-se de 
elementos como livro didático, imagens e textos de todo nível médio. 
Nossa analise observou que o livro didático de química tem muito o que evoluir nos 
que diz a respeito ao tratamento das questões étnicos-raciais. Os negros, quando citados, no 
livro de química estava associado a aspectos frágeis e sem importância social. 
 
6 REFERÊNCIAS 
BITENCOURT, Circe. A importância do livro didático. Curitiba: Moderna, 2002. 
BRASIL. Lei Nº 10.639 de 09 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro 
de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo 
oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e 
dá outras providências. Presidência da República do Brasil. Disponível em: Acesso em: 30 de 
julho. 2017. 
SILVA, D. V. C. da. A educação das relações étnico-raciais no ensino de Ciências: diálogos 
possíveis entre Brasil e Estados Unidos. 335f. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de 
Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2009. 
VERRANGIA, D.; SILVA, P. B. G. Cidadania, relações étnico-raciais e educação: desafios e 
potencialidades do ensino de Ciências. Educação e Pesquisa, v. 36, n. 3, p. 705-718, 2010. 
BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – CIÊNCIAS 
1997. Brasília: 1997.

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