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Aulas do Novo CPC por Fredie DIDIER

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Prévia do material em texto

Sumário
NOTAS DA DONADOCADERNO	23
INFORMAÇÕESPRELIMINARES	25
NORMAS FUNDAMENTAIS DOPROCESSO CIVIL	26
Conceito	26
Normas fundamentaisemespécie	26
Art. 1º Da Interpretação Das Normas À LuzDaConstituição	26
Art. 3º, 2 – Pricípio Da Promoção Pelo Estado Da Solução Dos Lítigios Pela Autocomposição	27
Exemplos de estímulo a solução dos conflitos pela autocomposição no código28
Art. 4 – Da Efetividade Processual ESeusDesdobramentos	28
Princípio da solução integraldemérito	28
Princípio daefetividadeprocessual	30
Art. 7º - Do Dever De Zelar PeloEfeitoContraditório	30
Art. 5º - Da BoaFéProcessual	32
Boa-fé objetiva xboa-fésubjetiva	32
Cláusulageral processual	33
Art. 9º do Deverde Consulta	35
Art. 9º - PrincípioDo Contraditório	36
Igualdadeprocessual	37
Da Aplicação daLeiProcessual	38
Regra do Respeito à Ordem CronológicadeConclusão	40
Princípio do Respeito ao Autorregramento da VontadenoProcesso	42
Princípio dacooperação	43
As consequências do princípio da cooperação paraoJuiz	44
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ANORMAPROCESSUAL	46
Da Vacatio	46
Da Aplicabilidade aOutrosProcessos	46
Da Extinção doProcedimento Sumário	46
DasPseudonovidades	46
Do DireitoIntertemporal	47
ONOVOCÓDIGODEPROCESSOCIVIL–Prof.FredieDidierJr.
Rachel P.C. Rosa Procuradora do Estado/ARE-Contagem
1
18
NOTAS DA DONA DO CADERNO
Na medida do possível, eu coloquei em nota de rodapé as alterações advindas das Lei 13.256/16, preservando o conteúdo da aula no caderno. A parte de julgamento segundo ordem cronológica de julgamento e execução provisória da multa não estãoatualizadas.
A parte final do tema “Procedimento Especiais não está integralmenteeditada.
Se vc fizer a leitura do caderno acompanhando as aulas: em alguns momentos, o Fredie anda em círculos. Ele começa falando um assunto, muda e depois volta. Na aula, parece que tem sentido, mas, quando eu lia o caderno, não tinha sentido nenhum...então eu fiz alguns cortes para o texto ficar coerente. Mas, tudo que ele disse nas aulas estáaí.
Valeapenalerforadeordemdoscapítulos?Eunãorecomendaria,poisalgunspode ficar um pouco (ou muito, dependendo do assunto) semsentido.
Boa sorte!
Rachel Rosa. 25.02.16
28
INFORMAÇÕES PRELIMINARES
Aula 01.
Objetivo do curso: analisar todas as modificações relevantes introduzidas pelo no sistemaprocessual.
Serão analisadas somente asmudanças.
Em que pese não haver jurisprudência consolidada acerca do novo código, há uma fonte de estudos muito interessante. Trata-se dos enunciados produzidos pelo fórum permanente de processualistas civis(FPPC).Nostrêsprimeirosencontros,foramelaboradosdiversos enunciados sobre o novo código. O interessante em relação a esses enunciados é que eles somente podem ser aprovados se houver unanimidade entre osjuristas.
O curso será ministrado em 60 horas, dividido em blocos de 30 minutos. Em cada bloco será tratado um assuntoúnico.
Bibliografia: sem indicação porhora.
NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL
CONCEITO
Trata-sedeumanovacategoriadenormastratadasemdozeartigos.Mas cuidado! Esses doze artigos não exaurem a categoria das normas fundamentais. Há algumas normas que, por exemplo, como o devido processo legal, proibição de provas ilícitas estão previstas na Constituição. De outro lado, há ainda normas fundamentais que estão espalhadas ao longo docódigo.
A segunda observação importante é perceber que orótulonormasfundamentaisfoiassimdenominadonãosemmotivo.Asnormasfundamentaistêmesse nomeporqueessesdozesartigosconsagramregraseprincípios.Essa observaçãoé importante porque não raro o aluno estabelece um elo de identidadedenormasfundamentaissomentecomacategoriajurídicadosprincípios.Porexemplo,aexigênciade que as decisões judiciais devem ser fundamentadas é uma regra e não umprincípio.
Feitas essas considerações, passamos a examinar os artigos que trazem alguma novidade.
NORMASFUNDAMENTAISEMESPÉCIE
ART.1ºDAINTERPRETAÇÃODASNORMASÀLUZDACONSTITUIÇÃO
Coloca-se nesse artigo a ideia de que não é possível compreender o processocivilsenãofordeacordocomaConstituição.Ofatodeessanormajurídicaser o primeiro artigo do novo CPC não é por acaso.Vejamos.
Do ponto de vista normativo, o artigo traz uma obviedade, pois é sabido que no atual estágio do pensamento jurídico as normas legais devem ser interpretadas a partir de um filtro constitucional. No entanto, do ponto de vista prático, um
questionamentoépertinente:se,porexemplo,umjuizviolarumaregradoCPC,caberá recurso especial (violação de lei federal) ou caberá recurso extraordinário (porque a violação representa uma violação direta à Constituição)? Para o professor, trata-se de violação à Constituição. Isso porque o artigo enuncia uma norma de natureza constitucional. Veja: a lei simplesmente repete uma norma constitucional. Umexemplo claro deste raciocínio é o artigo 3º, que traz de forma clara uma norma de natureza constitucional. O professor denomina essa situação de clone legal: a lei reproduz uma normaconstitucional.
Portanto,avulneraçãodomencionadodispositivoautorizaainterposição de RecursoExtraordinário.
ART.3º,2–PRICÍPIODAPROMOÇÃOPELOESTADODASOLUÇÃODOS LÍTIGIOSPELAAUTOCOMPOSIÇÃO
O dispositivo estabelece o princípio de promoção pelo Estado da solução por autocomposição.
O Estado deve atuar de forma tal que viabilize a solução consensual dos litígios. Trata-se, portanto, de uma meta a ser atingida pelo Estado; trata-se da instituição de uma política pública a ser implementada pelo Estado.
Esse artigo consolida o que já havia sido previsto na Resolução 125/2010
CNJ.
O parágrafo 3º segue a mesma linha do §2º. Vale ressaltar que essa ideia
de solução dos litígios pela autocomposição deve ser adotada não só pelo Estado, mas portodosospartícipesdarelaçãoprocessual,istoé,pelojuiz,MP,Procurador,Defensor Público.
A tônica do NCPC é fomentar a autocomposição. Adotando essa linha de pensamento, a mediação e a conciliação estão exaustivamente tratados no NCPC. Isso é uma inovação legislativa, pois pela primeiramente vez essas matérias foram tratadas exaustivamente.
Exemplos	de	estímulo	a	solução	dos	conflitos	pela autocomposiçãonocódigo
Antes de ocorrer apresentação da resposta à inicial, será designada audiência de conciliação (art. 334 c/c art. Art.335);
Se as partes resolverem a lide pela transação, ficam isentas de custas (art. 90,§3º);
As partes, se transigirem, podem introduzir outra lide e até mesmo outras partes não inicialmentecitadas.1
ART.4–DAEFETIVIDADEPROCESSUALESEUSDESDOBRAMENTOS
É possível extrair deste artigo diversas normas. O artigo pode ser divido em
três partes:
Art.4oAspartestêmodireitodeobteremprazorazoávelasolução integraldomérito,incluídaaatividadesatisfativa
A primeira parte (até duração razoável): consagra a duração razoável do processo, o que não é novidade. Temos ainda, no mesmo dispositivo, o princípio da primazia da solução de mérito e o princípio da efetividade processual.
Vejamos cada um separadamente.
Princípiodasoluçãointegraldemérito
1 Início Aula 02.
Significadizerqueaspartestêmdireitoàsoluçãodemérito.Trata-sedeum princípio novo, que é a primazia da solução de mérito. Por este princípio, a solução de mérito tem preferência sobre a solução que não é de mérito; a decisão de mérito deve ser prioritária, isto é, o juiz somente não julga o mérito ser forimpossível.
A consagração desse princípio fica muito clara ao longo do código. Vejamos alguns exemplos:
Art.139,incisoIX-deverdojuiz dedeterminarosuprimentodos pressupostos processuais e saneamento de outro vício. Ao se estabelecer essa regra, fica claro que o juiz DEVE por priorizar a decisão de mérito, adotando, inclusive, as condutas necessárias paraimpedirsuaextinçãoporausênciadepressupostoprocessual ou outro vício que prejudique o examemeritório.
Art.932,§ú.Orelatornãopodeadmitirumrecursosemque antes intime o recorrente para corrigir um vício sanável, como a falta de preparo (vide “dos poderes do relator”).Outro exemplo: juiz não pode indeferir a petição inicial sem antes intimar o autor aemende.
Art.331.Aapelaçãocontra qualquersentença queextinga o processosemexamedeméritoadmitearetratação.Fundamento: isso é para permitir que o juiz possa reconsiderar sua decisão e profira uma decisão de mérito, o que é uma grande novidade! Antes não existia a possibilidade de juízo de retratação em sede de decisão na qual não foi apreciado o mérito dacausa.
Art.1.029,§3º:Desdequeorecursoseja tempestivo,outros defeitos podem ser ignorados. Esse artigo é um marco na
concretização do princípio da primazia da decisão de mérito.Esse artigo é tão importante que foi reproduzido Lei 13.015/15, que cuida dos recursos de revista repetitivos na Justiça do Trabalho. Essa lei, em que pese ser anterior ao NCPC, já foi produzida com base no NCPC. Boa parte do seu conteúdo é reprodução do projeto de lei doNCPC.
Princípiodaefetividadeprocessual
Por este princípio, as partes têm direito à decisão satisfativa.
O neófito poderia dizer que não há novidade, haja vista que o princípio da efetividadejáéconhecido.Noentanto,pelaprimeiraveznahistóriajurídicapátriaesse princípio é consagrado expressamente; antes, ele era extraído do princípio do devido processo legal e, portanto, sua previsão eraimplícita.
ART.7º-DODEVERDEZELARPELOEFEITOCONTRADITÓRIO
Art.7oÉasseguradaàspartesparidadedetratamentoemrelaçãoaoexercício dedireitosefaculdadesprocessuais,aosmeiosdedefesa,aosônus,aosdeveres eàaplicaçãodesançõesprocessuais,competindoaojuizzelarpeloefetivo contraditório.
A primeira parte do artigo trata do princípio da igualdade no processo. Pela primeira vez o princípio da igualdade foi dissecado dessa forma; no entanto, o seu conteúdo normativo não é trata de novidade.
40
Anovidadeestánotrechofinal,aoestabelecerqueédeverdojuizzelarpelocontraditório.Trata-sedenormafundamentalqueoutorgaaojuizodevedezelarpelo contraditório.Paraestedispositivo,umquestionamentoseimpõe:qualasuaamplitude jurídica?
O professor teme um pouco como esse dispositivo será aplicado na prática. Isso porque, como sua redação é muito aberta, o juiz a pretexto de cumpri-lo pode acabarsetornando atuandodeforma parcial.
Vejamos dois casos que retratam a aplicação do dispositivo: um em que o juiz atua adequadamente; outro em que o juiz atua de forma parcial.
Ex.1:ojuiznomeiaumcuradorespecialparaumcasoquenãoestejaprevisto naleicomonocasoemqueoapartefoiaaudiência,masseuadvogadonãofoi2.Aideia é impedir que a parte seja prejudicada pela ausência de seu representantelegal.
Ex.2 : O juiz, a pretexto de preservar o efetivo contraditório, destitui um advogado que ele repute fraco. Neste caso, a conduta não é adequada.
Outro exemplo possível: o juiz pode dilatar os prazos processuais para assegurar o contraditório  art. 139, inciso VI. Trata-se de uma previsão expressa e inédita. Ex. o autor juntou 10 mil documentos. Ora, neste caso, o prazo de 15 dias para o réu se defender seria insignificante. Assim, o juiz pode determinar que o réuconteste noprazode45dias.Portanto,opoderdedilataçãodosprazoséumpoderquedeveser interpretado à luz do disposto no art. 7º, parte final. Alerta: essa dobra de prazo não pode ser feita depois que o prazo acabou. O prazo deve ser dilatado antes de prazo começar a correr. Fundamento: o juiz não pode superar a preclusão. Essa conclusão foi alcançada pelo FPPC, prevista no Enunciado129.34
Art.139.Ojuizdirigiráoprocessoconformeasdisposiçõesdeste Código,incumbindo-lhe:
(...)
2 O professor realmente falou curador especial. Fiquei pensando se ele não queria ter dito advogado dativo, cuja finalidade se adeque muito melhor ao exemplo citado...
3 Início Aula 03.
4 E. 129 (art. 139, VI, e parágrafo único). A autorização legal para ampliação de prazos pelo juiz não se presta a afastar preclusão temporal já consumada. (Grupo: Negócios Processuais)
VI-dilatarosprazosprocessuaisealteraraordemdeproduçãodos meiosdeprova,adequando-osàsnecessidadesdoconflitodemodoaconferir maiorefetividadeàtuteladodireito;
ART.5º-DABOAFÉPROCESSUAL
Art.5oAquelequedequalquerformaparticipadoprocessodeve comportar-sedeacordocomaboa-fé
O Art. 5º Traz uma grande novidade: consagra o princípio da boa-fé processual, como um dos pilares do novo código. Antes deste artigo, à mingua de expressadisposiçãolegal,adoutrinaextraíaoprincípiodaboa-fédoprincípiododevido processolegal.
Outro ponto importante: a redação do dispositivo deixa claro que o princípio da boa-fé se dirige a todos os partícipes da relação processual: juiz, perito, parte, testemunhas, etc. Essa redação, inclusive, é cópia do CPC suíço.
Analisando o dispositivo.
Boa-féobjetivaxboa-fésubjetiva.
O primeiro ponto importante é a diferenciação entre boa-fé objetiva e boa- fé subjetiva.
Aboa-fésubjetivaéumfato.Éa crença deuma pessoa emqueseu comportamento é lícito. Esse fato muitas vezes é levado em consideração pelo legislador, como no caso dos efeitos jurídicos daposse.
De outro lado, a boa-fé objetiva é uma norma, mais precisamente, um princípio. É o princípio segundo o qual os comportamentos humanos devem estar pautados num padrão ético de conduta. A boa-fé objetiva estabelece comportamentos
considerados objetivamente como devidos. Portanto, o princípio da boa-fé refere-se à boa-féobjetiva.
Cláusulageralprocessual
Trata-se de dispositivo normativo construído de maneira indeterminada tanto em relação à sua hipótese de incidência quanto a sua consequência. Portanto, na cláusula geral, tanto a hipótese de incidência quanto às consequências tem descrição indeterminada. Assim, não é possível identificar quais comportamentos violam o princípio da boa-fé, tão pouco estabelece as consequências de eventual vulneração.
Sendo uma cláusula geral, esse princípio deve ser concretizado na prática. Caberá aos tribunais definir quais são os comportamentos que se adequam ou não ao princípio da boa-fé.
Nodireitoalemão,oprincípiodaboa-féjáfoiconcretizadoemnomínimo quatro grupo de situações: Direitoalemaão.
O princípio da boa-fé torna ilícita qualquer conduta de má-fé; qualquer conduta dolosa é considerada um comportamento ilícito. Ex. a parte teve uma decisão contra si; o advogado aconselhou a realização de um acordo. Iniciadas as tratativas, o advogado celebrou um acordo com a outra parte por e-mail. Sucede que esse acordo foi feito durante o curso do prazo recursal. Como foi feito acordo, ninguém interpôs o recurso. Aí, quando transitou em julgado, a outra parte a quem sentença era favorável disse que não queria mais o acordo. Ora, está claro tal conduta violou o princípio daboa-fé.
Abuso do direito no processo. O abuso do direito no processo é considerado comportamento ilícito; qualquer abuso de direito é considerado comportamento ilícito e, dessa forma, não pode ser
aceito. É como se houvesse uma proibição geral para o abuso de direito no processo. Ex. o autor tem o direito de negar a sucessão do réu pelo adquirente de coisa litigiosa. Suponha que o autor negueessasucessãodeformaimotivada,deformadesarrazoada. Neste caso, a conduta, por ausência de qualquer justificativa, torna-seilícita.
Comportamento contraditório. Comportamento contraditório é aquele que frustra legitima expectativa gerada a partir de um comportamento anterior. Esse comportamento viola o princípio daboa-fé.Nodireitocivil,éaproibiçãodovenirecontrafactum proprium.Ex.oexecutadoofereceumbemàpenhoraedepois alega a impenhorabilidade dobem.
Supressioprocessual.Trata-sedeperdadeumdireitopelofato deestenãotersidoexercidoporumtempotalquegerounaoutra parte a expectativa de que este direito não seria exercido. O não exercíciododireitosomadoaumlongoperíododetempogerana contrapartea expectativa legítimadequeodireitonãoserá exercido. No entendimento dos alemães, é possível se admitir a existênciadasupressionoprocesso–eoprofessorconcorda.Ex. umprocessoefetivamentetramitoudurantedezanos.Nahorada sentença,ojuizextinguiuoprocessosemresoluçãodoméritoporausênciadeinteressedeagir.Ora,osilênciodojuizsomadoàsua própria conduta que determinava o andamento do feito, enquadra-senocasodasupressio.
A par desses exemplos mencionados, o professor acrescenta outras hipóteses de concretização do princípio da boa-fé processual, quais sejam:
Cria os Deveres de cooperação (que serão posteriormenteestudados);
O princípio da boa-fé possui função hermenêutica, na medida em que orienta a interpretação da postulação e da decisão. Petição inicial e decisão devem ser interpretado de acordo com o princípio daboa-fé5.
ART.9ºDODEVERDECONSULTA
Trata-sedeumadasgrandesnovidades.Paraoprofessor,éumdoartigo maisimportante.
Inicialmente,umaconsideraçãosefaznecessária.Hámuitosanosaquino Brasil defende-se a ideia de que o direito ao contraditório garante às partes o direitose manifestar sobre qualquer questão relevante para o deslinde, mesmo que se trate de questãocognoscívelexoficio,taiscomoinconstitucionalidadedalei,decadêncialegal, entreoutras.Assim,qualquerquestão,antesdeserdecidapelojuiz,devesersubmetida ao debate. Fundamento: princípio da não surpresa. Fala-se que essa exigência decorre dodeverdeconsulta;ojuiztemodeverdeconsultaraspartessobrequestãoemrelação àa qual as partes não se manifestaram. Ex. sobe uma apelação intempestiva em que nenhuma das partes alegou a intempestividade. Como a tempestividade pode ser conhecida de ofício, as partes são intimadas para se manifestar. Ambas as partes afirmaram categoricamente que o recurso era tempestivo, dada a existência de uma feriado local.
Esse raciocínio foi consagrado na lei de execução fiscal ao estabelecer que o juiz pode conhecer de ofício da prescrição, desde que previamente a fazenda pública seja ouvida.
O NCPC consagra claramente essa lógica no art. 10.
5 Início aula 04.
Cuidado! O art. 10 não enuncia o princípio do contraditório, mas a regra que institui o dever de consulta; a regra proibi a prolação de decisão que surpreenda as partes. Essa regra, portanto, concretiza o princípio do contraditório.
Essa regra é tão importante que ela foi repetida em outros dispositivos do código: art. 491, art. 933 (art. 10 aplicado aos tribunais).
O descumprimento desse regra gera nulidade da decisão por violação ao contraditório.
O art. 927, §1º - o art. 10 deve ser aplicado não só no momento em que juiz decide, mas também no momento da formação do precedente. E não é qualquer contraditório; é o contraditório do art. 10! E isso é muito importante, porque o NCPC prestigia muito os precedentes judiciais. Daí porque a formação do precedente é feita de forma muito cuidadosa, de forma a assegurar sua legitimidade e garantir robustez jurídica.
ART.9º-PRINCÍPIODOCONTRADITÓRIO
O dispositivo consagra do princípio do contraditório  uma decisão não pode ser proferida contra alguém sem que ela seja previamente ouvida.
Detalhe importante: o código é claro ao estabelecer que a não é possível que seja proferida decisão contra uma parte sem que esta seja previamente ouvida. A contrariusensoéplenamentepossívela decisãofavorávelquequea partea quem aproveita seja ouvida. Tanto isso é verdade que o código autoriza a improcedência liminar(ART.332).Cuidado!Nemsealeguequenessecasooautornãoteriasidoouvido previamente.Ora,oautorjásepronunciouaoajuizaraação.Eseojuizjulgarcombase num fundamento não suscitado pelo autor? Neste caso, o código autoriza a retratação quando interposta a apelação (art. 332, §ú, c/c art.331).
§ú–trazexceçõesàregra.Esseparágrafoestabelecequeojuiznãoprecisaouvir a parte antes, ainda que a decisão lhe seja contrária. Para tanto, a decisão deve ter
natureza PROVISÓRIA. Portanto, a decisão contrária que exige prévia oitiva da parte é aquela que tem natureza definitiva.
Exceções:
Tutela deprovisória;
Tutela deevidência;
Açãomonitória.
Mas cuidado! O §ú não tem natureza exaustiva. Há outras hipóteses na legislação de decisões provisórias dadas sem prévia oitiva do réu. Exemplos: liminar possessória, liminar de despejo, liminar MS.
Oart.7º,partefinal+art.9º,art.10formamumnúcleosobreocontraditório. o desrespeito a todas ela gera a nulidade.6
IGUALDADEPROCESSUAL
Previsão legal: art. 7º,NCPC.
NoantigoCPCnãohaviaprevisãonessesentido.Agora,odispositivodisseca o conteúdo jurídico do princípio da igualdade, assegurando a paridade de tratamento entre aspartes.
O principio da igualdade no processo se revela, primordialmente, em quatro
aspectos:
Imparcialidade dojuiz;
Igualdade de acesso àjustiça;
Redução das dificuldades no acesso à justiça. Por exemplo, o tema ‘gratuidade à justiça’ foi amplamente alterado. Outro exemplo: redução das dificuldade geográficas  nesse sentido, o NCPC autoriza a sustentação oral por videoconferência. Dificuldade de comunicação.Porexemplo,umapessoaquetemumadeficiência
6 Início aula 05. 05/11/15
auditiva, pela primeira vez o Código exige a utilização da língua brasileira de sinais caso uma das partes seja deficiente auditiva.
Paridade deinformações.
Portanto, o código não só cria uma cláusula geral da igualdade, como cria diversas concretizações ao longo de seu corpo. Vejamos outros exemplos.
i.	Art. 1.047 Prioridade de tramitação nos processos parapessoascomidade superior a 60 anos, portadores de doença grave e processos relativos ao ECA. A morte da parte não extingue a condição de prioridade.Ademais,ojuiznãotemdiscricionariedadeparaconceder a tramitação prioritária. Preenchidos os requisitos, o processo tramitará sob o regime deprioridade.
DAAPLICAÇÃODALEIPROCESSUAL
Art.8oAoaplicaroordenamentojurídico,ojuizatenderáaosfinssociaiseàs exigênciasdobemcomum,resguardandoepromovendoadignidadedapessoa humanaeobservandoaproporcionalidade,arazoabilidade,alegalidade,a publicidadeeaeficiência.
O professor alerta que o dispositivo tem uma redação muito ruim, visto que traz em si diversas influências que, em tese, seria incompatíveis entre si.
O estudo deste artigo deve ser divido em três partes.
1ªparte:atécomum.ÉareproduçãodaLeideIntroduçãoàsnormasdoDireito Brasileiro. Para o professor, isso é totalmente desnecessário. Com efeito,aLIDBfoiproduzidanummomentoditatorial.EssedispositivodaLIDBtinhaporobjetivoconferir maior liberdade para os juízes daquela época. Ou seja, o legisladorutilizouumtextototalmenteretrógado,temnãotemqualquerrelaçãocomanossarealidadeatual!2ª parte: até a razoabilidade. Essa segunda parte já revela umpensamento
devanguarda,namedidaemquemencionadignidadedapessoahumanaeosprincípiosda razoabilidade e proporcionalidade. Para o professor, há uma incongruênciadessa
parte do dispositivo em relação à primeira parte do ponto de vista histórico. É que esta segunda parte do dispositivo viabiliza os mesmos fins perseguidos pela primeira parte do dispositivo, só que de uma maneira atualizada. Tanto isso é verdade que, ao longo do código, há diversos dispositivos que tem por objetivo tutelar a dignidade da pessoa humana. Nesse sentido:
Tramitação prioritária dos processos de pessoas portadores de doenças graves;
Humanização do procedimento deinterdição;
Ampliação do rol de bensimpenhoráveis;
3ª parte e final. O legislador, por fim, se inspirou no caput do art. 37, CF/88, excluindosomenteosprincípiosdamoralidadeeaimpessoalidade.Ofundamentopara isso: ora, a impessoalidade no âmbito processual nada mais do que é o juízo natural. Já amoralidadefoiexcluídaporque,nodireitoprivado,elaseapresentacomoprincípioda boa-fé.Assim,tantoaimpessoalidadequantoamoralidadeforamexcluídasdaredação para não gerar uma incongruência desnecessária, eis que os valores consagrados por esses princípios já se encontram incorporados ao direito processual por meio de outros princípios.
Cabe, pois, analisar os demais princípios consignados.
Oprincípiodalegalidadedeveserentendidocomoprincípiodaobservância do Direito. Ora, seria muita simplicidade restringir o conteúdo normativo do princípio da legalidade ao cumprimento da lei em sentido estrito. O ordenamento compreende não só a lei, mas as resoluções, os precedentesjudiciais, a constituição, etc. Assim, fica claro o porquê de o legislador, no início do dispositivo, mencionar ‘ordenamento jurídico’ e não‘lei’7.
Princípiodaeficiênciadoprocesso.Acompressãodesteprincípioexigesua diferenciação entre o âmbito administrativo e na ambiência processual. No âmbito administrativo, não há qualquer novidade. No campo processual, o princípio da
7 Aula 06. 05/11/15
eficiência coloca ojuiz comoumverdadeiroadministradorprocessual,devendo atingir uma máxima finalidade com mínimo de recursos e da melhor forma possível.
O princípio da eficiência, portanto, remonta ao velho princípio daeconomia a processual. Mas por que mudar de nome? Primeiro, porque a Constituição fala em eficiência.Ademais,aosefalaremprincípiodaeficiência,éinevitávelfazerumaligação com todo arcabouço teórico-jurídico existente no Direito Administrativo em relação ao princípio da eficiência, exigindo-se, assim, do juiz uma boa administração da relação processual.
Mas como fica a aplicação do princípio na prática? Em primeiro lugar, o princípiofunciona comoVETORHERMENÊUTICOdasleisprocessuais,istoé,asleis processuaisdevemserinterpretadasdeformaaprestigiarovaloreficiência.Ademais,a partirdesteprincípio,ojuiz podefazerADEQUAÇÕESATÍPICASnoprocesso.Isso significa que o juiz pode determinar alguma solução ainda que não haja expressa previsão legal. Por exemplo, o juiz pode determinar a reunião de processos que exigem a mesma prova, ainda que não haja conexão oucontinência.
Por fim, deve-se destacar que princípio da eficiência não se confunde com princípio da efetividade. A eficiência refere-se à gestão, à logística, administração de recursos. De outro lado, a efetividade refere-se à entrega do resultado prático pretendido. Um processo pode atender à efetividade e não ser eficiente. Contudo, não épossíveldizerqueumprocessopodesereficientesemserefetivo,poisaeficiêncianão é um fim em si mesmo; a eficiência é destinada àefetividade.
REGRADORESPEITOÀORDEMCRONOLÓGICADECONCLUSÃO
Agora, os juízes e tribunais devem julgar respeitando aordemcronológicadeconclusãodosprocessos,sendoquealistadeprocessosconclusosdeveráserpública.
Essa regra prestigia o princípio da igualdade e, de outro lado, a duração razoável do processo, evitando que este demore de forma indevida.
47
Essaregrasomenteseaplicaàssentençaseàsdecisõesfinais.Portanto,para decisões interlocutórias e acórdãos interlocutórios não precisam observar essaregra.
Exceções à regra:
Inciso II: o propósito do código é firmar um precedente a partir de caso repetitivo e aplicar para todos os casos. Nesta situação, o juiz podepegartodososcasosrepetitivosejulgarsemobservaraordem cronológica deconclusão;
Inciso III: não se confunde com a hipótese anterior. A ideia é dar preferência às decisões de casos repetitivos, viabilizando, inclusive, a aplicação do incisoanterior;
VeVI:senãofosseassim,oprocessoqueteveoposiçãodeembargos dedeclaraçãoiriaparaofimdafilasóporquehouveoposiçãodeED, o que não faz sentidonenhum.
Os processos penais não precisam observar a ordemcronológica.
Sempre que o caso concreto demonstrar que o caso concreto pode quebrar a fila, o juiz pode quebrar afila.
§3º. As preferências legais devem ter uma ordem de preferência própria. É a mesma ideia dos precatórios.
§4º a ideia do dispositivo é evitar que uma das partes use opeticionamento como forma de tirar o processo nalista.
§6º a ideia é evitar que o sujeito seja prejudicado pelo o fato de o processo ter sido julgado antes. Aí, se a sentença é anulada pelo tribunal, quando o processo volta, ele volta para o primeiro lugar da fila.
Considerações finais sobre o art. 12:
Art. 153. Além da ordem cronológica de conclusão, também haverá umaordemcronológicanasecretaria.Comefeito,denadaadiantaria ter uma ordem cronológica para o juiz sentenciar e o escrivão cumprir as decisões segundo o seu alvedrio. O §4º traz a possibilidade de responsabilização do escrivão caso ele não observe aordemcronológicadesentença.Masaquestãoé:eseojuiznão
observaaordemcronológica?Quaissãoosefeitos?Paraoprofessor, não há que se falar em nulidade da sentença (pois o prejudicado é um terceiro e não as partes), de sorte que as consequências, inicialmente, restringem-se ao campo disciplinar. Isso, contudo, não afastaapossibilidadedealegaçãodeeventualsuspeiçãodojulgador.
Art. 1046, §5º – a primeira lista será feita a partir dos processos conclusos na data da vigência do NCPC, considerando nesse grupo a antiguidade dedistribuição.
PRINCÍPIODORESPEITOAOAUTORREGRAMENTODAVONTADENO PROCESSO
Por este princípio, para que o processo seja considerado devido, esse nãopoderá ser considerado um ambiente hostil ao exercício da liberdade; liberdade estaconcretiza no poder de autorregramento, que nada mais é do que a autonomia privada.O poder de autorregular-se é inerente à liberdade. Justifica-se a transposição deste princípio para o campo processual em razão do fato de que é ilógicopensar que o indivíduo possa se autodeterminar nos mais diversos campos da vida e nãoo possa na relação processual. É claro que a autonomia privada no processo encontralindes inexistentes na seara extrajudicial. Contudo, essas limitações são razoáveis, sendo
que, a regra é permitir a liberdade e não o contrário.
Este princípio está espalhado ao longo de todo código, presente, notadamente:
No estímulo à autocomposição da lide pelaspartes;
Na homologação judicial de acordo de qualquer natureza, permitida a inclusão de outros sujeitos e outraslides;
Consagração de uma cláusula geral de negociação sobre o processo, permitindoque aspartes negociemoprocessoe nãoo objetodo processo emsi;
Previsão de uma série de negócios processuaistípicos;
Calendário processual;
Convenção sobre o ônus daprova;
Saneamentoconsensual;
Escolha consensual deperito;
Escolha consensual do tipo deliquidação.
Consagração do princípio dacooperação
Todas essas previsões deixam claro o estímulo do código ao exercício do poder de autorregramento.
Portanto, esse princípio é um dos principais pilares do NCPC.
À luz do exposto, a regra do impulso oficial deve ser revisitada (art. 2º). Agora, as partes podem restringir, por meio do acordo, o andamento processual. Portanto, aquele entendimento segundo o qual, proposta a ação, esta se movimenta pelo impulso oficial deve ser esquecida8.
PRINCÍPIODACOOPERAÇÃO
Art. 6º
Esse princípio define o nome modelo de processo adotado pelo Código. O princípio da cooperação tem por escopo transformar o processo num ambiente cooperativo. Isso significa transformar o processo numa comunidade de trabalho em que vigorem a lealdade e o equilíbrio entre os sujeitos dos processos, incluído a figura do juiz. Daí porque o dispositivo fala em “todos os sujeitos do processo”.
O modelo de processo cooperativo fica entre dois extremos: de um lado, fica o modelo em que a figura do juiz tem proeminência, denominado de modelo publicista (o juiz tem muito poderes e esses poderes podem ser exercidos a despeito
8 Aula 07.
das partes); de outro lado, há o modelo adversarial; neste, predomina a figura das partes. O modelo cooperativo fica entre esses dois modelos e estabelece anecessidade de diálogo entre todos os partícipes processuais, sendo que esta atuação se dá sempre observando alealdade.
O princípio da cooperação é um corolário do princípio da boa-fé. Portanto,nãoporocasooprincípiodacooperaçãovemlogodepoisdoprincípiodaboa- fé.
Buscando-se a origem do princípio da boa-fé, verifica-se que essa deu origem aos chamados “deveres anexos”, dentre eles o dever de cooperação. O mesmo raciocínio deve ser aplicado no ambiente processual.
Mas cuidado! Cooperação não deve ser entendida como a necessidade de um ajudar o outro. O conteúdo normativo impõe às partes o dever de não transformar a relação processual num ambiente hostil; a relação processual deve ser permeada por condutas éticas, propiciando o diálogo entre as partes de forma sempre equilibrada.
AsconsequênciasdoprincípiodacooperaçãoparaoJuizPara o juiz, o princípio da cooperação gera alguns deveres:
Dever de consulta (art. 10,NCPC);
Deverdeprevenção.Ojuiztemodeverdeapontarasfalhardo processo. Ele tem o dever de prevenir as partes em relação a um vício processual, impedindo que as partes sejam surpreendidas com uma sentença extintiva sem resolução de mérito. Vale destacar que esse deve incluir a obrigação de o juiz, inclusive, apontar as medidas necessárias para sanar eventuais vícios. Daí porque o art. 6º impõe que todos devem cooperar para uma decisão demérito.
Deverdeesclarecimento.Revela-sededuasformas:deumlado, é o dever do juiz de dar decisões claras; de outro lado, este princípio também impõe ao juiz o dever de pedir esclarecimento à parte caso ele não entenda sua postulação. Dessa forma, o juiz não pode indeferir de plano o requerimento sem antes ouvir a parte.
Deverdeauxílio.Parapartedadoutrina,aindahaveriaumquarto dever. Por este princípio, o juiz tem o dever de auxiliar às partes removendo eventuais obstáculos. O professor não entende esse dever como um dever geral; para o professor, o juiz tem o dever de zelar pelo contraditório. isso porque, esse dever incumbe ao advogado e ao defensor público. Na pior das hipóteses, segundo o professor, esse dever poderia fazer sentido no contexto dos juizadosespeciais,desdequeapartenãoestejarepresentadapor advogado.
Mesmo antes no CNPC, a doutrina já falava em princípio da cooperação, usando para tanto os fundamentos jurídicos mais variados, tais como: estado democrático de direito, devido processo legal, entre outros.
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A NORMA PROCESSUAL
DAVACATIO
Vacatio do Código: um ano.
DAAPLICABILIDADEAOUTROSPROCESSOS
O NCPC, por expressa previsão legal (art. 15), aplica-se ao processo trabalhista, eleitoral e ao processo administrativo. Exemplo de aplicação no processo administrativo: o NSCPC consagra a possibilidade de distribuição dinâmica do ônus da prova muito útil no processo administrativo.
DAEXTINÇÃODOPROCEDIMENTOSUMÁRIO
O NCPC elimina o procedimento sumário, subsistindo somente o procedimento ordinário. Como não há mais o procedimento sumário, o código fala somente em procedimento comum. Como ficam as causas submetidas ao rito sumário emandamento?Continuamsob oritosumárioatéasentença.Outropontoimportante éemrelaçãoàlegislaçãoextravagantequemencionaoritosumárioessasremissões passam a ser consideradas como se fossem remissões ao procedimentoordinário.
DASPSEUDONOVIDADES
O código possui muito pseudonovidades  são os textos novos do código queconsagramnormasquejáexistiam.Otextonovodenormavelhanãoénormanova, Ex. art. 10  o dever de consulta já era uma imposição decorrente do contraditório;a
diferença é que agora há uma previsão específica. O cuidado que se deve tomar é que as pseudonovidades já estão vigentes; nós não precisamos que o NCPC entre em vigor para aplicar essas normas. Portanto, nem tudo que sai do novo código é novo.
DODIREITOINTERTEMPORAL
Art.14.DaRegradeTransição.AsnormasdoNCPCaplicam-seaosprocessos em curso; contudo, os atos já praticados são atos perfeitos, sendo invioláveis por lei nova. Da mesma forma em relação às relações jurídicas  direitos processuais já consolidados não podem ser afetados pela lei nova. Ex. prazo em quadruplo para contestar para a Fazenda Pública. A vigência do NCPC não alcança os prazos em curso, porque já uma situação consolidada. Outro exemplo: se foi proferida uma decisão contraqualcabiaumrecursoe,agora,esserecursonãoexistemais.Aparteaindapode interpor o recurso outrora previsto pela legislaçãoprocessual9.
9 Aula 08. 09/11/15
DA COMPETÊNCIA
APERPETUAÇÃODAJURISDIÇÃO(ART.43,CPC)
Art.43.Determina-seacompetêncianomomentodoregistroouda distribuiçãodapetiçãoinicial,sendoirrelevantesasmodificaçõesdoestadode fatooudedireitoocorridasposteriormente,salvoquandosuprimiremórgão judiciáriooualteraremacompetênciaabsoluta.
Perpetuaçãodajurisdiçãoacausaseperpetuanojuízoemqueproposta, sendo inviável a modificação da competência, ainda que haja superveniência de outros fatos, salvo se o fato superveniente for referente à competênciaabsoluta.
O Código traz duas mudanças importantes.
OMOMENTODAPERPETUAÇÃODAJURISDIÇÃO:	REGISTROOU DISTRIBUIÇÃODAAÇÃO
1ª)Adatadaperpetuaçãodajurisdiçãoédatadoregistrooudadistribuição daação.Adistribuiçãodeveserconsideradanocasodehavermaisdeumavara;registro é o para o caso de vara única. A diferença é que, no sistema pretérito, a ação perpetuação era considerada no momento da propositura da ação; para o NCPC a data doprotocoloéadatada propositurada ação,afixaçãodacompetênciasedánum momentoposterior,queéomomentodadistribuiçãooudoregistro.10Sea distribuição for automática, pode haver umacoincidência.
EXCEÇÃO	À	PERPETUAÇÃO	DA	JURISDIÇÃO:	MODIFICAÇÃO	DA COMPETÊNCIAABSOLUTA
10 Sim...é confuso...
48
2ª) o CPC de 1973, ao tratar das exceções à regra da perpetuação da competência, mencionava duas hipóteses: competência em razão da matéria e competência em razão da hierarquia. O NCPC enuncia como exceção à regra da perpetuação a “competência absoluta”. Note que competência absoluta é gênero, possuindo diversas espécies. Portanto, qualquer mudança superveniência de mudança de competência absoluta tem aptidão para excepcionar a regra da perpetuação da jurisdição.
CUMULAÇÃODEPEDIDOSEINCOMPETÊNCIADOJUÍZOPARAUMDOSPEDIDOS–PROCEDIMENTO
Art.45.Tramitandooprocessoperanteoutrojuízo,osautosserão remetidosaojuízofederalcompetenteseneleintervieraUnião,suasempresas públicas,entidadesautárquicasefundações,ouconselhodefiscalizaçãode atividadeprofissional,naqualidadedeparteoudeterceirointerveniente,exceto asações:
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trabalho;
-derecuperaçãojudicial,falência,insolvênciacivileacidentede
-sujeitasàjustiçaeleitoraleàjustiçadotrabalho.
§1oOsautosnãoserãoremetidossehouverpedidocujaapreciação
sejadecompetênciadojuízoperanteoqualfoipropostaaação.
§2oNahipótesedo§1o,ojuiz,aonãoadmitiracumulaçãode pedidosemrazãodaincompetênciaparaapreciarqualquerdeles,nãoexaminará oméritodaqueleemqueexistainteressedaUnião,desuasentidades autárquicasoudesuasempresaspúblicas.
§3oOjuízofederalrestituiráosautosaojuízoestadualsemsuscitar conflitoseoentefederalcujapresençaensejouaremessaforexcluídodo processo.
O Código regula quando há cumulação de pedidos, mas o juízo é incompetente para um deles.
Art. 45, §§1º e 2º  aplicam-se a qualquer caso, embora o texto fale somente em justiça federal. Ex. se houver a cumulação de um pedido para o qual o juiz federal é competente e incompetente para o outro  o juiz somente irá o processaro pedidoparaoqualécompetente.Nãoháquesefalaremremessadosautos,jáque,
como os pedidos foram deduzidos no bojo da mesma ação, o juiz tramitará o feito em relação àquele pedido para o qual é competente.
OUSODASÚMULANº224/STJ
Art. 45, caput.
Ex. um juiz estadual recebe um pedido para o qual ele tenha competência. Vem a União e pede para intervir no processo. Em razão da interveniência, o juiz estadual não pode fazer nada, devendo remeter o feito para a justiça federal. Se o juiz federal excluir a União, ele deve devolver os autos ao juízo estadual, sendo que fica vedada a suscitação do conflito de competência.
O teor dessa súmula foi incorporado ao código.
COMPETÊNCIAPARAAÇÕESRELATIVASAOINVENTÁRIO
A redação foi aprimorada em relação ao CPC/75.
Háumagradaçãoealgunsesclarecimentosquenãoeramfeitospelocódigo, que somente mencionava o foro do domicílio do de cujus como competente, sem fazer qualquerespecificação.
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
- o foro de situaçãodos bensimóveis;
-havendobensimóveisemforosdiferentes,qualquerdestes;
- não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquerdos bens doespólio.
COMPETÊNCIATERRITORIALEMAÇÕESQUEENVOLVAMENTESPÚBLICOS
Art.51.Écompetenteoforodedomicíliodoréuparaascausasem quesejaautoraaUnião.
50
Parágrafoúnico.SeaUniãoforademandada,aaçãopoderáser propostanoforodedomicíliodoautor,nodeocorrênciadoatooufatoque originouademanda,nodesituaçãodacoisaounoDistritoFederal.
Art.52.Écompetenteoforodedomicíliodoréuparaascausasem quesejaautorEstadoouoDistritoFederal.
Parágrafoúnico.SeEstadoouoDistritoFederalforodemandado,a açãopoderáserpropostanoforodedomicíliodoautor,nodeocorrênciadoato oufatoqueoriginouademanda,nodesituaçãodacoisaounacapitaldo respectivoentefederado.
Art. 51. Não é uma novidade, pois reproduz o texto da CF.
A novidade é ao art. 52, que um espelho do art. 51. Isso porque o art. 52 aplica a regra do art. 51 para os Estados e Distrito Federal.
NOVIDADESSOBREACOMPETÊNCIATERRITORIAL
Art. 100, CPC/75  traz diversas regras de competência territorial.
Equivalente CPC/15: art. 53.
O art. 53 atualiza o art. 100 do CPC em três aspectos.
COMPETÊNCIAPARAAÇÕESRELATIVASÀCASAMENTOEUNIÃOESTÁVEL
1º) competência para ações relativas a casamento e união estável. Inciso I. o CPC/75, estabelecia como regra o foro do domicílio da mulher para ações relativas a casamento. Agora, a regra gira em torno, inicialmente, da figura do filho incapaz. Não havendo filho incapaz, o foro será o do último domicílio do casal.
COMPETÊNCIAPARAAÇÕESREFERENTESAODIREITODEIDOSOS
IncisoIII,alíneas“e’.Nocasodeaaçãoque temporobjetodireitode idoso, isto é, o direito decorre diretamente da condição de a parte ser idoso, a competência é do foro do domicílio do idoso. Esclareça que essa competência tutela os direitos advindos da condição de idoso, isto é, aqueles previstos no Estatuto do Idoso e outros
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que estejam previstos no ordenamento. Não se trata, portanto, daquela situação em que o idoso, por exemplo, ajuíza uma ação de consumo. Nesse caso, a regra a ser observada é a regra geral de competência.
Aregraprevistanoart.53ésomenteaplicávelnocasodeaçõesindividuais. Nocasodeaçõescoletivas,aplica-seoEstatutodoIdoso,desortequeaaçãodeveráser proposta no local do ato ou fato. Destaca-se que, no caso de ações coletivas, a competência é absoluta, sendo regula pelo art. 80 Do EstatutoIdoso.
COMPETÊNCIAPARAAÇÃODEREPARAÇÃODEATOPRATICADOPOR CARTÓRIO
Inciso III, alínea “f”. no caso de ação de reparação por ato praticado no exercíciodeatividadenotoriale/ouderegistro,acompetênciaéadoforodorespectivo cartório. Isso é o lobby dos nossos colegas donos decartório...
CONEXÃOECONTINÊNCIA
CONEXÃO–ART.55
Art.55.Reputam-seconexas2(duas)oumaisaçõesquandolhesfor comumopedidoouacausadepedir.
§1oOsprocessosdeaçõesconexasserãoreunidosparadecisão conjunta,salvoseumdelesjáhouversidosentenciado.
§2oAplica-seodispostonocaput:
-àexecuçãodetítuloextrajudicialeàaçãodeconhecimentorelativa aomesmoatojurídico;
-àsexecuçõesfundadasnomesmotítuloexecutivo.
§3oSerãoreunidosparajulgamentoconjuntoosprocessosque possamgerarriscodeprolaçãodedecisõesconflitantesoucontraditóriascaso decididosseparadamente,mesmosemconexãoentreeles.
Recordar é viver: conexão é a reunião de ações em razão do fato de elas terem em comum o pedido ou a causa de pedir. O NCPC aprimorou o regramento jurídico aplicável para este instituto, mudando a redação de alguns dispositivos.
Ademais, disciplinou alguns de seus aspectos outrora não disciplinados. Vajamos as modificações.
Conexãoemrazãodepedidocomum
1ª)conexãoemrazãodepedidocomum.Háumamudançaterminológica.O CPC/75 falava em objeto. A nova redação é mais técnica, pois fala em pedido comum.É a identidade de pedido que autoriza a reunião dasações.
Súmula235/STJ–Exceçãoàreuniãodasações
2ª)§1s.235.Otrechofinaldodispositivoconsagraotextodas.235/STJ.Se um dos processos já foi julgado, não há que se falar emconexão.
Reuniãodeaçãoexecutivaeaçãodeconhecimento
§2º, inciso I  este dispositivo acaba com uma discussão histórica sobre a possibilidade (ou impossibilidade) de reunir uma ação de conhecimento e uma ação de execução (ex. reunir uma ação de execução de contrato e uma ação de revisão de contrato). Agora não há dúvida que deve ocorrer a reunião.
Reuniãodeaçõesexecutivas
§2º, II  sempre que um título de executivo der origem a diversas ações, deve ocorrer a reunião dessas.
ConexãoPorPrejudicialidade
§3º-Oqueoartigofaznaverdade,éreconheceraexistênciadeumaespécie de conexão diversa daquela prevista no caput, que é a conexão por prejudicialidade. Com efeito! A hipótese prevista no caput é insuficiente para regular todas hipóteses de conexão, então o parágrafo trouxe uma nova espécie deconexão.
O trecho final do artigo foi muito criticado, pq menciona “ mesmo sem conexão entre eles”. A redação do artigo, a partir de uma análise superficial, dá a impressão de que essa hipótese de reunião das ações não configura conexão. No entanto, o que o legislado pretendeu com essa redação é evitar qualquer dúvida sobre a possibilidade de reunião de processos no caso de ações prejudiciais entre si. Justifica- se esse cuidado porque há muito tempo já havia uma longa discussão doutrinária e jurisprudencial acerca da possibilidade de reunião de ações, como há diversas teorias sobre a conexão. Se a redação menciona-se que se trata de conexão, com certeza surgiria uma teoria para falara quando deve ou não reunir.
Conclusão: agora não tem dúvida. Se há prejudicialidade, as ações devem ser reunidas.
CONTINÊNCIA
Recordar é viver: há duas ações, com mesmas partes e causa de pedir, mas o pedido de uma abarca o pedido da outra.
Art.56.Dá-seacontinênciaentre2(duas)oumaisaçõesquando houveridentidadequantoàsparteseàcausadepedir,masopedidodeuma,por sermaisamplo,abrangeodasdemais
DaReuniãodeprocessos
Art.57.Quandohouvercontinênciaeaaçãocontinentetiversidoproposta anteriormente,noprocessorelativoàaçãocontidaseráproferidasentençasem resoluçãodemérito,casocontrário,asaçõesserãonecessariamentereunidas.
Art.57.Seaaçãomaiorépropostaprimeiramenteeaçãomenoréproposta depois  a ação menor deve ser extinta. Se a ação menor é proposta antes, haverá reuniãodosprocessos.Oqueseconcluiéquenemsempreacontinênciageraareunião dos processos. A continência somente gera a reunião de processos se ação maior for propostaantes.
PREVENÇÃO
Art.59.Oregistroouadistribuiçãodapetiçãoinicialtornapreventoojuízo
As ações conexas devem ser propostas no juízo prevento.
CPC /75: há dois critérios de prevenção  despacho inicial (mesma competência territorial) e citação válida (competências territoriais distintas).
O NCPC unificou os critérios para determinar a prevenção art. 59, que éo registro ou distribuição, que tornam prevento o juízo. Assim, além de perpetuar a jurisdição, esse critério serve para definir a prevenção. Lembrando que o registro é se houver vara única e distribuição é se houver mais de umavara.
FORODEELEIÇÃO
Há duas mudanças importantes.
FORODEELEIÇÃOINTERNACIONAL
1ª) art. 25  prevê o FORO DE ELEIÇÃO INTERNACIONAL. Consagra uma prática comercial internacional amplamente difundida. O STJ já entendeu que esse tipo de previsão violaria a soberania do Brasil, mas isso é um absurdo, já que as partes podem, inclusive, instituir foro arbitral internacional.
Em que pese ao código reconhecer a possibilidade de as partes instituírem oforodeeleiçãointernacional,poróbvioessaprevisãoencontralimitaçãonoscasosde competência exclusiva da jurisdiçãobrasileira.
FORODEELEIÇÃOABUSIVO
Art.62.Acompetênciadeterminadaemrazãodamatéria,dapessoaouda funçãoéinderrogávelporconvençãodaspartes.
Art.63.Aspartespodemmodificaracompetênciaemrazãodovaloredo território,elegendoforoondeserápropostaaçãooriundadedireitose obrigações.
§1oAeleiçãodeforosóproduzefeitoquandoconstardeinstrumentoescritoe aludirexpressamenteadeterminadonegóciojurídico.
§2oOforocontratualobrigaosherdeirosesucessoresdaspartes.§3oAntesdacitação,acláusuladeeleiçãodeforo,seabusiva,podeserreputada ineficazdeofíciopelojuiz,quedeterminaráaremessadosautosaojuízodoforo dedomicíliodoréu.
§4oCitado,incumbeaoréualegaraabusividadedacláusuladeeleiçãodeforo nacontestação,sobpenadepreclusão.
2º) Alegação foro de eleição abusivo, art. 63, §§3º e 4º antes da citação, ojuizpodereputarineficazoforodeeleiçãoabusivo.Aqui,anovidadeéqueojuizpode reconhecer a abusividade da cláusula do foro de eleição em QUALQUER contrato, ao passo que o CPC/75 falava somente em contrato deadesão.
Citado o réu, esse deve alegar a abusividade sob pena de preclusão. Efeito prático disso: antes da citação, o juízo tem liberdade para reconhecer a abusividade da cláusula; contudo, depois da citação, somente o réu tem legitimidade para arguir
ALEGAÇÃODEINCOMPETÊNCIA
A incompetência, qualquer que seja ela, deve ser arguida na preliminar decontestação. Antes, no CPC/75, a incompetência relativa era arguida em peça apartada.
Agora, o réu pode alegar a incompetência absoluta ou relativa no seu próprio domicílio. Isso já existe no código atual, mas essa possibilidade é restrita à competência relativa.
Ocódigo,ainda,deixaclaroqueoMPqueatuacomofiscaldaordemjurídica tem legitimidade para alegar exceção de incompetência. Destaque-se não se fala mais
em fiscal da lei, mas fiscal da ordem jurídica. Isso é uma reflexo no novo conteúdo jurídico do princípio da legalidade.
OSEFEITOSJURÍDICOSDAINCOMPETÊNCIAABSOLUTA
Diferentementedoqueacontecehoje,aincompetênciaabsolutanãogeraa nulidadedoatodecisórioautomaticamente.Reconhecidaaincompetênciaabsoluta,os autos devem ser remetidos ao juízo competente, cabendo ao novo juízo decidir o que fazer com a decisão proferida pelo juízo incompetente. O que o legislador quis fazer é preservar a continuidade do processo e dos atos jápraticados.
DA	(IR)RECORRIBILIDADE	DA	DECISÃO	QUE	CONHECE	A INCOMPETÊNCIADOJUÍZO
O código deixa claro que a decisão sobre a competência deve ser feita imediatamente pelo juiz. Isso gera um problema: a decisão do juiz sobre competência tende a ser uma decisão interlocutória (o juiz rejeita ou acolhe a alegação de impetência). O problema é que o NCPC lista as hipóteses de cabimento de Agravo de Instrumento, não mencionando como hipótese a decisão que decide alegação de incompetência. Como fica? Cabe recurso? Para o professor, o rol das hipóteses de cabimento de Agravo de Instrumento é taxativo; isso, contudo, não afasta a interpretação por analogia (há situações semelhantes àquela da lista que justifica a interposiçãodeagravo).Issonãoseconfundecominterpretaçãoextensiva.Oprofessor entende que a decisão que resolve a existência alegação de incompetência autoriza a interposição de Agravo De Instrumento haja vista que a lista diz expressamente que a decisão que rejeita alegação de convenção de arbitragem é agravável (art. 1015, inciso III). Ora, ao se alegar a convenção de arbitragem, o que se está dizendo é justamente que o juiz é incompetente, na medida em que a lide será julgada pelo árbitro. Para o professor, o caso da decisão que resolve alegação de incompetência a situação é a mesma. Mesmo porque, se assim não fosse, qual outra solução seria possível? Veja:se
o juiz declina a sua competência em favor da justiça do trabalho se parte não puder agravardessadecisãonajustiçacomum,najustiçadotrabalhoéqueelarealmentenão poderárecorrer!
CONFLITODECOMPETÊNCIA
INTERVEÇÃODOMINISTÉRIOPÚBLICO
1ª) fica claro que o MP não intervirá em qq conflito de competência. O MP só intervém em conflito de causas em que ele já intervêm. No CPC/75, o MP intervêm em qq conflito de competência.
IMPOSSIBILIDADEDESUSCITAÇÃODECONFLITODECOMPETÊCIA
2º) um juiz declina a competência para o julgamento de determinado processo.OJuizquerecebeofeito,senãoseacharcompetente,deveobrigatoriamente suscitar conflito decompetência.
JULGAMENTOMONOCRÁTICODOCONFLITODECOMPETÊNCIA
3º) julgamento monocrático pelo relator do conflito de competência. Art. 955. O código deixou claro as hipóteses de julgamento monocrático pelo relator. O CPC/75falaemjurisprudênciadominante,oqueéumconceitomuitovago.Agora,para que haja o julgamento monocrático, deve haver súmula do STF, STJ ou do próprio Tribunal ou, ainda, se a matéria já tiver sido resolvida em sede recursorepetitivo11.
11 Aula 09.
DOS PRESSUPOSTOSPROCESSUAIS
REGULARIDADEDEREPRESENTAÇÃODAPARTEECAPACIDADEPROCESSUAL
Art.76.Verificadaaincapacidadeprocessualouairregularidadeda representaçãodaparte,ojuizsuspenderáoprocessoedesignaráprazorazoável paraquesejasanadoovício.
§1oDescumpridaadeterminação,casooprocessoestejanainstânciaoriginária: I-oprocessoseráextinto,seaprovidênciacouberaoautor;
-oréuseráconsideradorevel,seaprovidêncialhecouber;
-oterceiroseráconsideradorevelouexcluídodoprocesso,dependendodo poloemqueseencontre.
§2oDescumpridaadeterminaçãoemfaserecursalperantetribunaldejustiça,
tribunalregionalfederaloutribunalsuperior,orelator:
-nãoconhecerádorecurso,seaprovidênciacouberaorecorrente;
-determinaráodesentranhamentodascontrarrazões,seaprovidênciacouber aorecorrido
As mudanças são importantes e, em um certo sentido, revolucionárias.
Um dispositivo muito conhecido do CPC/73 é o art. 13 disciplina o que o juiz deve fazer no caso de defeito quanto à capacidade processual. Esse dispositivo foi reformulado no NCPC, para deixar mais claro as consequências jurídicas fruto da falta de regularização processual, bem como para deixar claro o nível de abrangência do dispositivo.Issoporque,outrora,haviaumentendimentoqueessedispositivonãoseria aplicável nas instâncias superiores; no entanto, o novo código afastou essadúvida.
Art. 76. §1º deixa claro quais são as consequências jurídicas a serem impostas à parte que descumprir a intimação para regularização da capacidade processual. Quanto à figura do terceiro, código diferenciou a possibilidade de exclusão ou revelia. Isso porque nem sempre o terceiro deve ser excluído. O terceiro somente será excluído se ele estiver no polo ativo. O CPC/73 somente falava em exclusão do terceiro, sem fazer diferenciação se ele está no polo ativo ou passivo.
Nas instâncias superiores, se houver inércia da parte em face da intimação pararegularizaçãodacapacidadeprocessualorecursopodenãoserreconhecido;se a providência couber ao recorrido, as contrarrazões serãodesentranhadas.
Essamodificaçãoéclaroreflexodaprimaziadadecisãodemérito
OFIMDASCONDIÇÕESDAAÇÃO
Todo mundo um dia já estudou a diferenciação entre pressupostos processuais e condições da ação. Nós estamos isso, porque o CPC/73 adotou a terminologia das condições da ação (legitimidade, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido). No entanto, sempre houve muita crítica quanto à essaescolha feita pelolegislador.
Háduascríticasprincipais.Aprimeiracríticafeitaéque,seessastrêsfiguras são referentes à admissibilidade do processo, então elas deveriam ser chamadas de pressupostos processuais. Simples assim. A segunda crítica é pelo menos duas figuras (possibilidade e legitimidade) são questões de mérito, e, portanto, elas não poderiam ser condições daação.
O NCPC excluiu o termo ‘condição da ação’, assim como não existe mais o termo carência de ação. Essas expressões foram excluídas porque se tratam de expressões que designam mal os fenômenos a que se referem.
Mascomoficamentãoalegitimidade,apossibilidadejurídicaeointeresse? O Código ainda fala de legitimidade e interesse, mas não os denomina de condição de ação. Quanto à possibilidade jurídica do pedido, esse tema deixa um tema do CPC. Isso porque ao se examinar a possibilidade jurídica do pedido, o que se examina é o mérito da questão. Com efeito! Quando o juiz reconhece a impossibilidade jurídica do pedido, o que ele está fazendo é REJEITANDO O PEDIDO. Então, para tratar dessa situação, o código criou uma hipótese genérica de improcedência liminar do pedido, ao invés de elencar situações específicas tal qual é feito no Código de73.
Agora, o código deixa claro quelegitimidade (seja ela ordinária ou extraordinária)einteressedeagirsãopressupostosprocessuais,ouseja,requisitospara a admissibilidade do processo. Não há mais necessidade de examiná-los à luz da teoria das condições da ação. O NCPC abraçou a doutrina europeia. Para o professor, a legitimidade ordinária, no entanto, é questão de mérito. Essa posiçãominoritária.
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ORECONHECIMENTODADINAMICIDADEDARELAÇÃOPROCESSUAL
Art.17.Parapostularemjuízoénecessárioterinteresseelegitimidade
muito sútil.
Na primeira leitura, parece que não mudou nada. Mas há uma mudança
O CPC/73 (art. 3º) só falava em interesse para propor a ação e para
contestar. Agora, o código fala simplesmente “postulação”. Fundamento da alteração: propositura e contestação não são as únicas formas de postular em juízo. Dessa sorte, qualquerquesejaapostulação,deveseraferidodopostulanteaexistênciadeinteresse e legitimidade. Mas há também uma outra finalidade. Essa nova redação encampa um entendimentodoutrináriosegundooqualoprocessoéumconjuntodeatosesituações jurídicas. Dada essa natureza, as relações estabelecidas no processo são muito dinâmicas,variandomuitocomopassardotempo.Comisso,aolongodoprocesso,uma mesma parte pode assumir posições distintas e, consequentemente, possuir interesses distintos.Àluzdesseraciocínio,ficaclaroquealegitimidadeeinteressedapartedevem ser aferido ao longo de toda a cadeia processual.Exemplos:
o juiz não é parte; mas se uma das partes opõe uma alegação de impedimento, o juiz passa a ser parte em relação a essaalegação;
o sujeito é denunciado a lide. O denunciado assume a condição de réu em relação à denunciação, mas é também assistente litisconsorcial em relação à outra parte contra quem o denunciante litiga;
oprofessoradvogouparaumaempresaqueprestavaserviçodecall centerparaumbanco.Nocontratodeprestaçãodeserviço,obanco consignou uma cláusula segunda a qual, caso o banco fosse condenado por dívidas de natureza trabalhista em razão de relação trabalho existente entre o prestador de serviço e o empregado, o banco iria abater do valor pago ao prestador de serviço o valorpago
emrazãodacondenação.Poisbem.Quandoumempregadoajuizava uma ação trabalhista, ele o fazia em face do banco e da prestadora deserviço.Obanco,comoestavaprotegidopelacláusulacontratual, sequer contestava a ação. O banco era condenado e abatia o valor da condenação do pagamento mensal devido à prestadora de serviço. O que os empregados começaram a fazer então? Como era o banco que pagava mesmo, eles ajuizavam a ação contra o banco e a prestadora de serviço e, depois, desistiam da ação em relação à prestadora. E o banco continuava inerte. O que a prestadora fez? Passouaconcordarcomdesistênciadaação,maspediuparaficarno processo na condição de assistente dobanco!12
LEGITIMIDADEEXTRAORDINÁRIA
Art.18.Ninguémpoderápleiteardireitoalheioemnomepróprio,salvoquando autorizadopeloordenamentojurídico.
Parágrafoúnico.Havendosubstituiçãoprocessual,osubstituídopoderáintervir comoassistentelitisconsorcial.
4.1OORDENAMENTOJURÍDICOCOMOCAUSADEAUTORIZAÇÃODA LEGITIMIDADEEXTRAORDINÁRIA
A parte de legitimidade sofreu profunda mudança.
O CPC/73 fala que a atuação em razão de legitimação extraordinária dependia de autorização de lei. Agora, fala-se ‘ordenamento jurídico”. Essa inovaçãose inspira na lição de Barbosa Moreira, segundo o qual a legitimidade extraordinária deve ser extraída dosistema.
O que deve ser considerado aqui com muita atenção é que, ao se falar no ordenamento jurídico em sua totalidade como fonte jurídica para os casos de atuação
12 Aula 10.
em razão de legitimidade extraordinária, o legislador acabou incluindo os negócios jurídicos! Com efeito, os negócios jurídicos também compõem o ordenamento jurídico.
ALegitimidadeExtraordináriadeFundoNegocial
Feitas essas considerações, é certo concluir que o NCPC passou a admitir a legitimidade extraordinária de fundo negocial? O professor entende que sim. Ora, o código trouxe uma cláusula geral de negociação processual. Como não há exigência de que a legitimação extraordinária seja conferida por lei, um negócio jurídico passa ser plenamente possível. Isso é uma grande mudança, porque como CPC/75 fala expressamente que “ somente a lei poderia autorizar a legitimidade extraordinária.
Vejamos o que seria a legitimidade jurídica extraordinária negocial  por meio deste negócio jurídico, não se transfere o direito, mas legitimidade para discuti-lo em juízo. Cuidado! A cessão do direito sempre foi possível. Se eu faço a cessão de um direito e vou buscar a tutela jurisdicional, minha legitimidade é ordinária.
A possibilidade de um negócio jurídico sobre a legitimidade extraordinária tem utilidade prática? Um exemplo: a Google vendeu para a Lenovo a Motorola. No entanto, as patentes da Motorola não foram vendidas. O que a Lenovo fez? Colocou no contrato que, em que pese as patentes não serem vendidas, eles teriam legitimidade para defender em juízo qualquer violação às patentes da Motorola.
Portanto, a possibilidade de negociação de legitimidade extraordináriaabre um leque depossibilidades.
Outro exemplo prático: essa inovação pode dar origem a empresas especializadas em cobrança judicial de créditos.
ONegócioJurídicoCujoObjetoéLegitimidadeExtraordinária
O estudo da negociação da legitimidade extraordinária deve ser feito levando-se em consideração se a legitimação se refere ao polo ativo ou passivo do
direito objeto da negociação, haja vista que, para cada situação, existe uma dinâmica própria.
Nopoloativo
É possível pensar numa transferência da legitimação e numa ampliação da legitimação, o que seria uma espécie de legitimidade concorrente.
As formalidades a serem observadas no negócio jurídico variam em função danaturezadodireitodecujalegitimaçãosepretendetransferir.Sealegitimaçãoépara tutela dedireitoabsoluto(osujeitopassivoéindeterminado,comoosdireitosda personalidade, de propriedade, propriedade intelectual) não há qualquer tipo de providência. Basta o negócio jurídico ampliando a legitimidade ou realizando a cessão. Omesmonãoocorrenocasodedireitorelativos(éaquelequepossuisujeitopassivo determinado, como exemplo o direito de crédito). Neste caso, para que a cessão de legitimidade seja eficaz em relação ao sujeito passivo, este deve ser notificado. Aplica- se por analogia as regras da cessão de crédito. É o entendimento doprofessor.
Essa diferença é muito importante. Nos direitos absolutos a notificação é irrelevante, pois o sujeito passivo é indeterminado.
Nopolopassivo
Em regra, ela não pode ser transferida, salvo se o sujeito ativo concordar.
O professor tem uma artigo sobre isso  academia.edu – fonte normativa sobre legitimação extraordinária.
SUBSTITUIÇÃO	PROCESSUAL	E	ASSISTÊNCIA	LITISCONSORCIAL	DO SUBSTITUÍDO
Segunda mudança na leg. Extraordinária §ú, art. 18. Este dispositivo é totalmente novo. Ocorrendo a substituição processual, o substituído pode intervir no processo na qualidade de assistente litisconsorcial do substituto e, portanto, forma um litisconsórcio unitário. Esse dispositivo supre uma lacuna do código passado.
CURADORESPECIAL
Art.72.Ojuiznomearácuradorespecialao:
-incapaz,senãotiverrepresentantelegalouseosinteressesdeste colidiremcomosdaquele,enquantoduraraincapacidade;
-réupresorevel,bemcomoaoréurevelcitadoporeditaloucom horacerta,enquantonãoforconstituídoadvogado.
Parágrafoúnico.AcuratelaespecialseráexercidapelaDefensoria Pública,nostermosdalei.
Art. 72.equivale ao art. 9º, CPC/73. Cuida da figura do curador especial. Novidade: inciso II e §ú.
Primeira novidade: o curador especial será nomeado ao réu preso REVEL e não a qualquer réu preso.
Segunda novidade: enquanto não for constituído advogado  o curador especial somente se justifica se o curatelado, no caso do inciso II, não tiver advogado.
§ú – consagra que a curatela especial é função da Defensoria Pública. Antes, não havia essa previsão no CPC/73.
SOCIEDADESIRREGULARES
Art.75.Serãorepresentadosemjuízo,ativaepassivamente:-aUnião,pelaAdvocacia-GeraldaUnião,diretamenteoumediante órgãovinculado;
-oEstadoeoDistritoFederal,porseusprocuradores; III-oMunicípio,porseuprefeitoouprocurador;
-aautarquiaeafundaçãodedireitopúblico,porquemaleido entefederadodesignar;
-amassafalida,peloadministradorjudicial;
-aherançajacenteouvacante,porseucurador; VII-oespólio,peloinventariante;
-apessoajurídica,porquemosrespectivosatosconstitutivos designaremou,nãohavendoessadesignação,porseusdiretores;
-asociedadeeaassociaçãoirregulareseoutrosentesorganizados sempersonalidadejurídica,pelapessoaaquemcoubera administraçãodeseusbens;
-apessoajurídicaestrangeira,pelogerente,representanteou administradordesuafilial,agênciaousucursalabertaouinstalada noBrasil;
-ocondomínio,peloadministradorousíndico
O CPCP/73 falava muito de sociedades irregulares. Sucede que, a par das sociedadesirregulares,hátbasassociaçõesirregulares.Ex.MST.Atentoaessarealidade prevê como tratar as associações irregulares art. 75, inciso IX.
O§2ºtutelaaboa-fé.Claro!Nãoéporqueasociedade/associaçãoestá em situação irregular que ela poderá deixar de serdemandada13.
DACAPACIDADEPROCESSUALDASPESSOASCASADAS
Art. 10/CPC -73 e art. 73/CPC/15
	CPC/73
	CPC/2015
	Art.10.Ocônjuge
	Art.73.Ocônjuge necessitarádoconsentimentodo outroparaproporaçãoqueverse sobredireitorealimobiliário,salvo quandocasadossoboregimede separaçãoabsolutadebens.
§1oAmbosos cônjugesserãonecessariamente citadosparaaação:
-queversesobre direitorealimobiliário,salvo quandocasadossoboregimede separaçãoabsolutadebens;
-resultantedefato quedigarespeitoaambosos cônjugesoudeatopraticadopor eles;
-fundadaemdívida contraídaporumdoscônjugesa bemdafamília;
	somente	necessitará	do
	
	consentimento	dooutro	para
	
	proporaçõesqueversemsobre
	
	direitosreaisimobiliários.(Redação
	
	dadapelaLeinº8.952,de13.12.1994)
	
	§	1º	Ambos	os
	
	cônjugesserãonecessariamente
	
	citadosparaasações:(Parágrafo
	
	únicorenumeradopelaLeinº8.952,de
	
	13.12.1994)
	
	I-queversemsobre
	
	direitosreaisimobiliários;(Redação
	
	dadapelaLeinº8.952,de13.12.1994)
	
	II-resultantesdefatos
	
	quedigamrespeitoaambosos
	
	cônjugesoudeatospraticadospor
	
	eles;(RedaçãodadapelaLeinº5.925,
	
	de1.10.1973)
	
	III	-	fundadas	em
	
	dívidascontraídaspelomaridoa
	
13 Aula 11.
	bem	da	família,	mas	cuja
	
IV-quetenhapor objetooreconhecimento,a constituiçãoouaextinçãodeônus sobreimóveldeumoudeambos oscônjuges.
§2o Nasações possessórias,aparticipaçãodo cônjugedoautoroudoréu somenteéindispensávelnas hipótesesdecomposseoudeato porambospraticado.
§3oAplica-seo dispostonesteartigoàunião estávelcomprovadanosautos
	execuçãotenhaderecairsobreo
	
	produtodotrabalhodamulherou
	
	osseusbensreservados;(Redação
	
	dadapelaLeinº5.925,de1.10.1973)
	
	IV-quetenhampor
	
	objeto	o	reconhecimento,	a
	
	constituiçãoouaextinçãodeônus
	
	sobreimóveisdeumoudeambos
	
	oscônjuges.(RedaçãodadapelaLeinº
	
	5.925,de1.10.1973)
	
	§	2º	Nas	ações
	
	possessórias,aparticipaçãodo
	
	cônjugedoautoroudoréu
	
	somenteéindispensávelnoscasos
	
	decomposseoudeatoporambos
	
	praticados.(IncluídopelaLeinº8.952,
	
	de13.12.1994)
	
ADEQUAÇÃOAOCÓDIGOCIVILDE2002
Em linhas gerais, pode-se dizer que as alterações promovidas têm por objetivo adequar a lei processual ao regramento decorrente do direito matéria.
DesnecessidadedeOutorgaUxóriaNosCasosDeRegimede SeparaçãoAbsoluta
Todo o regramento do CPC/75 era um reflexo do que determinava o CódigoCivilde1916.ComasuperveniênciadoCCBde2002,houvealteraçõesem relação a capacidade civil das pessoas casadas. Portanto, o CPC/75 já estava defasado. O art. 73, CPC/15 reflete as atuais disposições existentes no CCB. Mas paira uma dúvida: a ressalva do dispositivo aplica-se aos dois tipos de separação absoluta (legal e convencional) ou aplica-se somente no caso separação
convencional? Para o professor, aplica-se às duas hipóteses de separação absoluta, isto é, tanto a convencional quanto a legal.
O inciso I, §1º também foi adequado em relação ao regime de separaçãode bens. Já o inciso III consigna que a dívida por ser contraída por qualquer um dos cônjuges. Isso porque, o CPC/73 falava somente em dívida contraída pelomarido...nem precisa de mais comentários,né?!
AplicabilidadedasRegrasàUniãoEstável
3º) §3º, art. 73. Trata-se de uma grande novidade. O CPC/73 de não tratava do assunto porque não havia o reconhecimento da união estável tal qual hoje. Pois bem. O dispositivo autoriza a aplicação dos dispositivos atinentes à capacidadeprocessualdaspessoascasadaàuniãoestávelreconhecidanosautos. Sucede que a grade nota caracterizadora da sociedade conjugal instituída em razão da existência da união estável é a informalidade. Isso posto, como um terceiro pode tomar conhecimento acerca da existência da união estável? Não tem como o terceiro saber! Mesmo porque até as pessoas que vivem a união estável não sabem exatamente que estão em uma uniãoestável.
Na prática, esse dispositivo pode gerar muito problema, porque uma pessoa pode ajuizar uma ação contra outrem e, posteriormente, poder aparecer umconviventealegandoexistênciadeuniãoestávelcomoréuepediranulidade do processo, apresentando, inclusive, um documento pós-datadp...o professor não gosta do artigo. Para tentar salvá-lo, ele sugere a seguinte interpretação: união estável comprovada deve ser entendida como aquela reconhecida por meio de documento devidamente registrado no registro civil, conforme regulamentado pelo CNJ. A partir dessa providência, viabiliza-se o controle por meio de terceiros e, ademais, evita a ocorrência de fraudes. Concluindo: a união estável deve estar documentada e registrada no Cartório de RegistroCivil.
CAPACIDADEPROCESSUALDOESPÓLIONOCASODEINVENTARIANTEDATIVO
CPC/73 era totalmente confuso para disciplinar essa hipótese (art. 12, §1º). Pela redação do código pretérito, quando o inventariante fosse dativo, todos os herdeiros e sucessores deveriam serem autores ou réus. Era como se houvesse um litisconsórcio necessário ativo entre o espólio e os herdeiros e sucessores. Esse regramento não faz qualquer sentido.
O NCPC, no art. §2º, esclarece a situação: agora, se o inventariante for dativo, os herdeiros devem ser intimados. Isso porque a parte na ação é o espólio, representado pela figura do inventariante. Como o inventariante é dativo e, portanto, estranho à família, os herdeiros devem ser intimados para acompanhar o processo.
POSSIBILIDADEDEREALIZAÇÃODECONVÊNIOENTREPROCURADORIASPARAREPRESENTAÇÃODEOUTROENTEFEDERADO
§4º, 75 – Permite-se expressamente que o Estados e DF celebrem convênio paraqueumprocuradordoestadoatueparadefenderosinteressesdeoutroEstado.O professorentendequeessapossibilidadedeconvênioinclusiveseestendeaosentesda administração indireta (como autarquias). Isso é um negócio jurídico processual muito interessante.
INEFICÁCIADOATOPRATICADOSEMRESPALDODEPROCURAÇÃO
CPC/73
CPC/2015
Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado	se	obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho dojuiz.
Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes,respondendooadvogadopor despesas e perdas edanos
Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.
§ 1o Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz.
§ 2o O ato não ratificadoserá considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.
Art. 37, §Ú CPC/73  É para o caso do advogado que postula sem procuração. Não sendo juntada a procuração dentro do prazo, os atos são tidos por inexistentes. O professor acha horrível esse dispositivo. Como um ato pode ser considerado inexistente se ele pode ser ratificado e, ainda, se o advogado pode ainda ser condenado ao pagamento de perdas e danos? A par dessa falta de técnica, o artigo ainda dá azo a entendimentos muito estranhos, tal qual aquele adotado na S. 115/STJ. Por fim, esse dispositivo ainda encontra-se em dissonância com o ART. 662, CCB, segundo o qual os atos praticados desamparados de procuração são ineficazes, sendo passível de ratificação. Enfim, o art. 37., §ú já estava revogado pelo CCB, mas nem todo mundo se atentou para isso.
ONCPCacabacomissonoseuart.104,§2º.Agora,oatonãoratificadoserá considerado ineficaz em relação aquele em cujo nome foi praticado, respondendo o advogadopelasdespesaseperdasedanos.Consequênciapráticadessaalteração:quem defendia,comfulcronoart.37,§ú,quecapacidadepostulatóriaépressupostode
79
existência do processo, deve rever esse entendimento. Atéporque o dispositivo do CPC/73 não cuida de capacidade postulatória, mas de juntada de procuração14.
14 Aula 12. 11/11/15
LITISCONSÓRCIO
OqueoNCPCfezemrelaçãoaolitisconsórciofoi,principalmente,esclarecer muitas dúvidas existentes em relação aoinstituto.
RECONHECIMENTODAEXISTÊNCIADETRÊSESPÉCIESDELITISCONSÓRCIO
Art. 113, CPC (art. CPC). Agora, há três incisos, enquanto que antigamente haviaquatro.Fundamentodaalteração:noCPC/75osincisosIIeIIItratavamdamesma espécie de litisconsórcio, que era o litisconsórcio por conexão. Com isso, fica claro que há três espécies de litisconsórcio: por comunhão, por afinidade e porconexão.
	CPC/73
	CPC/2015
	Art. 46. Duas ou mais pessoaspodem litigar, no mesmo processo, emconjunto, ativa ou passivamente, quando:
- entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
- os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou dedireito;
- entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa depedir;
- ocorrer afinidadedequestõespor um ponto comum de fato ou dedireito.
Parágrafoúnico.Ojuizpoderálimitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometerarápidasoluçãodolitígioou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.(Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
	Art.113.Duasoumaispessoas podemlitigar,nomesmoprocesso, emconjunto,ativaoupassivamente, quando:
-entreelashouvercomunhãode direitosoudeobrigações relativamenteàlide;
-entreascausashouverconexão pelopedidooupelacausadepedir; III-ocorrerafinidadedequestõespor pontocomumdefatooudedireito.
§1oOjuizpoderálimitaro litisconsórciofacultativoquantoao númerodelitigantesnafasede conhecimento,naliquidaçãode sentençaounaexecução,quando estecomprometerarápidasolução dolitígiooudificultaradefesaouo cumprimentodasentença.
§2oOrequerimentodelimitação interrompeoprazopara manifestaçãoouresposta,que
recomeçarádaintimaçãodadecisão queosolucionar.
DESMEMBRAMENTODOLITISCONSÓRCIOMULTITUDINÁRIOATIVOEMQUALQUER FASEPROCESSUAL
Apossibilidadededesmembramentodolits.Multitudináriojáexistiadesde de1994noCPC/73.Agora,ocódigoesclarecequeessedesmembramentopodeocorrer em qualquer da fase de conhecimento, como na execução ou naliquidação.
Outra mudança em relação ao litisconsórcio multitudinário: O sistema de recorribilidade das decisões interlocutórias foi alterado, eis que, agora, algumas decisões não podem ser recorridas imediatamente. Pois bem, uma dessas hipóteses refere-se ao lits. Multitudinário. Agora, somente a decisão que rejeita o pedido de desmembramento é agravável. A decisão que desmembra não gera qualquer prejuízo para partes.
CONSAGRAÇÃODOCONCEITODELITISCONSÓRCIOUNITÁRIO
O art. 116 conceitua litis. Unitário e conceitua de uma forma perfeita. Esse dispositivo, na verdade, traz em si um conceito doutrinário. Mas ele otimiza a operabilidade do código.
Art.116.Olitisconsórcioseráunitárioquando,pelanaturezadarelaçãojurídica, ojuiztiverdedecidiroméritodemodouniformeparatodososlitisconsortes.
LITISCONSÓRCIONECESSÁRIO
CONCEITO
Art. 114. Conceito o litis. Necessário decorre de lei ou quando, em razão natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.
Para o professor, a redação não ficou boa, porque o ficou tautológico, trazendo um conceito circular. A redação não esclarece bem a segunda hipótese delitis necessário.Asoluçãoécasaroartigo114comoartigo116.Aconclusãoquesechegaé queolitis.Necessáriopodeserporforçadeleiouseeleforunitário.Issoéquetemsido assinado há 40 anos, não temnovidade.
CONSEQUÊNCIASEMRAZÃODAFALTADECITAÇÃODOSLITISCONSORTES NECESSÁRIOS
Art.115.Asentençademérito,quandoproferidasemaintegraçãodo contraditório,será:
-nula,seadecisãodeveriaseruniformeemrelaçãoatodosquedeveriamter integradooprocesso;
-ineficaz,nosoutroscasos,apenasparaosquenãoforamcitados.
Parágrafoúnico.Noscasosdelitisconsórciopassivonecessário,ojuiz determinaráaoautorquerequeiraacitaçãodetodosquedevamser litisconsortes,dentrodoprazoqueassinar,sobpenadeextinçãodoprocesso.
Art. 115. Aqui, o código já foi mais feliz. Isso porque o código esclarece que a primeira coisa a ser considerada no caso de falta de citação é diferenciar se o litisconsórcio é simples ou unitário, eis que nem todo litisconsórcio necessário é unitário. Portanto, as consequências em razão da falta de citação variam em razão do fato de o lits. Necessário ser simples ou unitário.
Lits.Unitárioafaltadecitaçãoimportanulidadedasentença.Veja que a sentença que é nula, não é o processotodo!!!
Litis.Simplesasentençaéineficazseosoutroslitisconsórciosque não foram citados. Portando, para o litisconsorte que foi citado, a sentença éVALIDA!!!
Conclusão: nem sempre a falta de citação de litisconsorte necessário importanulidadedesentença.Porfim,valedestacarqueasentençasomenteseránula se ela for contra o sujeito que não foi citado. Se a sentença for favorável, ela évalida.
§ú  nos casos de lits. Passivo necessário, o juiz deve determinar o autor que providencie a citação de litisconsortes. Aqui, foi consagrado que somente o
litisconsórcio passivo pode ser necessário. Não existe litisconsórcio necessário no polo ativo.
LITISCONSÓRCIONECESSÁRIODEFUNDONEGOCIAL
Na aula de legitimidade extraordinária, falamos que é possível por meio de um nj processual outorgar a outrem legitimidade extraordinária. Agora, para o professor, partindo dessa premissa, seria possível falar em lits. Necessário por força de convenção processual, ou seja, é possível defender a existência de uma terceira modalidade de lits. Necessário. Assim, nós teríamos três espécies de litis. Necessário: o por força de lei, por força da natureza da relação jurídica controvertida e por força de convenção processual.
Essa possibilidade extrai seu fundamento de validade do princípio do respeitoaoautorregramentodavontadeedacláusulageraldenegociaçãodoprocesso. Destaque-se que aqui que a convenção é para criação do ltis. Necessário e não para excluir a legitimidade de alguém. Ex. pense num termo de ajustamento de conduta que várias pessoas assinam. Aí, o termo pode consignar uma cláusula segundo a qual qualquer ação que discutir o termo de ajustamento de conduta deverá ter como réu todos aqueles que dele participaram, ressalvado aquele que ajuizou aação.
DOTRATAMENTOJURÍDICOCONFERIDOAOLITISCONSÓRCIO
Art.117.Oslitisconsortesserãoconsiderados,emsuasrelaçõescomaparte adversa,comolitigantesdistintos,excetonolitisconsórciounitário,casoemque osatoseasomissõesdeumnãoprejudicarãoosoutros,masospoderão

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