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* Epidemiologia: História, conceitos e usos DISCIPLINA: EPIDEMIOLOGIA - CURSO ENFERMAGEM UEFS Prof. Davi Félix Martins Junior * HISTÓRIA DA EPIDEMIOLOGIA ATÉ O SÉC. XIX Hipócrates – médico grego que viveu há cerca de 2.500. Analisava as doenças em bases racionais, afastando-se do sobrenatural. Doença - produto da relação complexa entre a constituição do indivíduo e o ambiente que o cerca. Estudou as doenças epidêmicas e as variações geográficas das condições endêmicas. * HISTÓRIA DA EPIDEMIOLOGIA ATÉ O SÉC. XIX Parte da tradição de Hipócrates foi mantida por: Galeno (138-201) na Roma Antiga, Árabes na Idade Média Retomada por clínicos na Renascença; outra parte perdida ou deturpada, dando lugar a teoria dos miasmas. Teoria Miasmática - doenças originavam-se na má qualidade do ar, oriundas da decomposição de plantas e animais. Útil para conhecer a malária e para a urbanização das cidades. Predominou até os estudos sobre organismos microscópicos, e início da era bacteriológica com Pasteur e Koch. * EVOLUÇÃO DO CONCEITO E DAS PRÁTICAS DA EPIDEMIOLOGIA: 1º período (fim do século XVII a meados do século XIX): Nascimento da clínica Desenvolvimento do método estatístico Reconhecimento das relações entre saúde e sociedade. * Primórdios da quantificação dos problemas de saúde John Graunt 1620-1674 - publicou tratado sobre as tábuas mortuárias de Londres, analisou mortes segundo sexo e região. pioneiro no uso de coeficientes, pai das estatísticas vitais. Séc. XIX: europa - centro das ciências. sucessão de acontecimentos mudava a vida e forma de pensar das pessoas. franceses e ingleses - posição de destaque na medicina e epidemiologia. SÉCULO XIX – ERA DAS TRANSFORMAÇÕES * Pierre Louis 1787-1872 - realizou estudos clínico-patológicos sobre Tb e febre tifóide; introduziu o método estatístico na pesquisa clínica; condenou o emprego da sangria no tratamento da pneumonia Louis Villermé 1807-1883 - investigou a pobreza, as condições de trabalho e suas repercussões sobre a saúde e a estreita relação entre situação socioeconômica e mortalidade. SÉCULO XIX – ERA DAS TRANSFORMAÇÕES * William Farr 1807-1883 - trabalhou 40 anos no Escritório Geral de Registros da Inglaterra: criou classificação das doenças; descreveu leis das epidemias (lei de Farr) – ascensão rápida no início, elevação lenta até o ápice e, em seguida, queda mais rápida; produziu informações epidemiológicas sistemáticas para subsidiar ações de prevenção e controle usadas por Engels e Chadwick. John Snow 1813-1858 - investigações de campo sobre epidemia de cólera - transmitida pela água contaminada; traçou princípios de prevenção e controle de novos surtos válidos ainda hoje, fixados antes do isolamento do agente etiológico (1883). considerado o pai da epidemiologia de campo. SÉCULO XIX – ERA DAS TRANSFORMAÇÕES * Louis Pasteur 1822-1895 - “pai da bacteriologia”, assentou bases biológicas para o estudo das doenças infecciosas. identificou e isolou numerosas bactérias, além de fazer trabalhos de imunologia. descobriu os princípios da “pasteurização” em 1865: os trabalhos dele e de outros como Robert Koch, ajudaram a consolidar a teoria do germe ou microbiológica (um agente para cada doença). Ignas Semmelweis 1818-1865 - investigou mortes puerperais em duas clínicas de maternidade (uma visitada por estudantes pós-dissecação de cadáveres e a outra não) no Hospital Geral de Viena – Áustria. introduziu a noção de higiene e desinfecção de mãos. Foi contestado. A PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX * A influência da Microbiologia alterou os conceitos de doença e contágio. seres microscópicos na gênese de muitas doenças; Desdobramentos da Teoria dos Germes – prevenção através da identificação de agentes etiológicos e de meios para combater (imunização e promoção do saneamento); Base de dados para a moderna epidemiologia – coleta sistemática das estatísticas vitais e de outros sistemas (morbidade e de fatores de risco), possibilitou melhorar conhecimento da saúde da população e facilitar as investigações etiológicas. A PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX * Epidemiologia Nutricional - comprovou que algumas doenças tidas como infecciosas tinham natureza nutricional: Lind e o escorbuto (deficiência de vitamina C) estudo com 12 marinheiros ingleses – ingestão de limões previne ocorrência; Takaki e o beribéri (deficiência de vitamina B1) em marinheiros japoneses – mudança na dieta erradicou afecção; Goldberger e a pelagra (deficiência de niacina) confirmou hipótese nutricional por meio de estudos experimentais (um grupo recebeu dieta alterada e o outro permaneceu com a habitual). A PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX * O séc. XX mudou perfil das doenças, crescimento das crônico-degenerativas e problemas comportamentais como causas de morbidade e mortalidade. A EPIDEMIOLOGIA progrediu através da: Determinação das condições de saúde da população através de inquéritos de morbidade e de mortalidade; Busca sistemática de fatores antecedentes ao aparecimento das doenças (agentes ou fatores de risco) - investigações etiológicas; Avaliação da utilidade e segurança das intervenções para alterar a incidência ou evolução da doença via estudos controlados. A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX - MUDANÇA DO PERFIL DE ADOECIMENTO * EPIDEMIOLOGIA CLÍNICA – consiste na aplicação dos fundamentos epidemiológicos e estatístico ao ambiente clínico. EPIDEMIOLOGIA SOCIAL – movimento de reação à “biologização” da saúde pública, na AL e Europa; Reafirma historicidade dos processos saúde-enfermidade-atenção e a raiz econômica e política de seus determinantes - renascer do estudo da determinação social da doença. TENDÊNCIAS DA EPIDEMIOLOGIA ATUAL * Etimologia: Epi / demos / logos sobre povo estudo Estudo do que se abate sobre o povo A Epidemiologia é o eixo da Saúde Pública. EPIDEMIOLOGIA * O termo Epidemiologia, segundo Nájera, fora empregado como título sobre a peste escrito por Angelerio, na 2ª metade do séc XVI e recuperado por Juan Villalba, em 1802, relacionado ao histórico das epidemias espanholas. Surge em 1850 a London Epidemiological Society fundada por simpatizantes das idéias médico-sociais. RACIOCÍNIO EPIDEMIOLÓGICO - séc. XVII diante das epidemias que assolavam a Europa. Época da teoria miasmática. EPIDEMIOLOGIA - CONCEITOS * Passado - alvo da Epidemiologia: EPIDEMIAS (cólera, peste, tifo, varíola e febre amarela). Para possibilitar a detecção precoce passou-se a estudar a doença nos períodos INTEREPIDÊMICOS monitorando-as. Sucesso alcançado estendeu-se às Doenças Infecciosas de Evolução Crônica, ex. a Tb, outras doenças e agravos à saúde. EPIDEMIOLOGIA - CONCEITOS * Ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados com a saúde. PEREIRA, 1995 Ciência que estuda os determinantes e a distribuição das doenças e dos agravos à saúde em populações humanas. EPIDEMIOLOGIA - CONCEITOS * “Ciência que estuda o processo saúde–doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle, ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde”. ROUQUAYROL, 2003 EPIDEMIOLOGIA - CONCEITOS * 1. Ausência de saúde - estudado sob a forma de doenças infecciosas (sarampo, difteria, malária, etc), não-infecciosas (diabetes, bócio endêmico, depressão etc.) e agravos à integridade física (acidentes, homicídios e suicídios); 2. Processo saúde-doença - campo sobre o qual trabalha a epidemiologia. Entendido como “modo específico pelo qual ocorre, nos grupos, o processo biológico de desgaste e reprodução, destacando como momentos particulares a presença de um funcionamento biológico diferente, com consequências para o desenvolvimento regular das atividades cotidianas, isto é, o surgimento da doença” Laurell, 1983. ESTA DEFINIÇÃO IMPLICA DIZER QUE:: * 3. Distribuição - estudo da variabilidade da freqüência das doenças em função de variáveis ambientais e populacionais, ligadas ao tempo e ao espaço; 4. Análise dos fatores determinantes - aplicação do método epidemiológico ao estudo de possíveis associações entre um ou mais fatores suspeitos e doença; 5. Prevenção - medidas que impeçam sadios de adoecerem, baixar a incidência a níveis mínimos (controle) e erradicação – (varíola no mundo desde 1977 e poliomielite no Brasil desde 1990) ESTA DEFINIÇÃO IMPLICA DIZER QUE: * A distribuição desigual dos agravos à saúde é produto da ação de fatores que se distribuem desigualmente na população; O conhecimento dos fatores determinantes das doenças permite a aplicação de medidas, preventivas e curativas, direcionadas a alvos específicos, resultando em aumento da eficácia das intervenções; EPIDEMIOLOGIA – PREMISSAS BÁSICAS * Clínica Médica – Estatística – Medicina Social - Objetivo da Epidemiologia – fornecer os Conceitos, o Raciocínio e as Técnicas para o estudo dos problemas de saúde na coletividade. EIXOS DE CONSTITUIÇÃO DA EPIDEMIOLOGIA * PRESSUPOSTOS DA EPIDEMIOLOGIA Doenças/agravos não ocorrem de maneira aleatória. Doenças/agravos têm fatores causais que podem ser identificados através de: observações sistemáticas em diferentes populações ou subgrupos populacionais, em diferentes lugares e em diferentes momentos no tempo. * Descrever as condições de saúde da população - inclui determinação das frequências, distribuição dos eventos e diagnóstico dos principais problemas de saúde, e a identificação dos segmentos afetados em > ou < proporção; Investigar os fatores determinantes da situação de saúde - estudo dos fatores responsáveis pelo aparecimento e manutenção dos danos à saúde, na população; Avaliar o impacto das ações para alterar a situação encontrada - envolve a utilidade e segurança das ações isoladas, dos programas e dos serviços de saúde. Entender a história da doença - e prever modelos da doença. APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA * Segundo Nakajima (1990) - epidemiologia não se limita a avaliar a situação sanitária e socioeconômica existente (ou passada). Para o Prof. Cruiskshank - tem-se de insistir na avaliação de tendências futuras, isto é, uma epidemiologia prospectiva. Pergunta-se: o que nos dizem as tendências atuais sobre a provável situação futura para qual teremos de fazer planos e tomar (ou não tomar) medidas corretivas. USOS DA EPIDEMIOLOGIA * Saúde Pública – ênfase na prevenção de enfermidades. Medicina Clínica – ênfase na classificação das doenças e seus diagnósticos. Fisiopatologia – necessidade de entender mecanismos biológicos básicos da doença. Estatística – necessidade de quantificar a ocorrência das doenças e sua relação com os antecedentes. Ciências Sociais – necessidade de entender o contexto social no qual a doença ocorre e se apresenta. OS EPIDEMIOLOGISTAS DEVEM TER CONHECIMENTO DE: * Mortalidade por causas externas > homens que em mulheres; Estamos na vigência de uma epidemia de dengue A mortalidade infantil está diminuindo; Hipertensão arterial - mais prevalente em negros Prevalência de obesidade está aumentando em crianças e adolescentes; Mulheres tentam mais suicídio; morrem mais homens; Detecção precoce do câncer de mama reduz a letalidade por esta neoplasia; AFIRMATIVAS BASEADAS EM CONHECIMENTO EPIDEMIOLÓGICO: * Este exame não é muito válido nem confiável para o diagnóstico de neoplasia de próstata; Água - maior reservatório e veículo de doenças transmissíveis, tais como: cólera e febre tifoide (1849 – 1856); Identificação de artrópodes vetores de muitas doenças – malária, febre amarela, doença do sono, tifo (1895 – 1909); Identificação do portador assintomático como um importante vetor da febre tifoide, difteria e poliomielite (1893 – 1905); AFIRMATIVAS BASEADAS EM CONHECIMENTO EPIDEMIOLÓGICO: * Tabagismo - causa principal do câncer pulmonar, enfisema e doença cardiovascular; Infecção perinatal do HBV - causa de carcinoma hepatocelular (câncer comum na China e África Meridional (1970 – anos 80); Identificação da AIDS, prognóstico das causas por um vírus transmitido via sexual (1981 –83), e adoção das medidas preventivas ANTES da identificação do vírus; Mesotelioma - interação entre hábito de fumar e exposição à poeira de sílica. AFIRMATIVAS BASEADAS EM CONHECIMENTO EPIDEMIOLÓGICO: * Leucemia na infância provocada pela exposição a raio X durante a gestação; Trombose Venosa devida ao uso de anticoncepcionais Sedentarismo e doenças cardiovasculares; Ingestão de talidomida e ocorrência de focomelia; Comportamento sexual e transmissão de AIDS; Erradicação da Varíola (1978); AFIRMATIVAS BASEADAS EM CONHECIMENTO EPIDEMIOLÓGICO:
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