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Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia AVALIAÇÃO NEUROFUNCIONAL 1 Anamnese: A anamnese do paciente é a parte mais importante da avaliação, pois a história é usada para descobrir a natureza do problema neurológico do paciente e como o problema o está afetando. Além disso, coloca esses dados no contexto de seus problemas clínicos pregressos, dos problemas clínicos da família, sua profissão e circunstâncias sociais, bem como outros aspectos da vida do paciente. Dados pessoais É importante obter dados como a idade, sexo, lateralidade, procedência, profissão atual, profissão prévia, cuidador ou responsável, médico responsável, telefone de contato. Queixa principal Dê ao paciente a oportunidade de descrever seu problema em suas próprias palavras. A queixa principal freqüentemente oferecerá dados importantes para os objetivos do tratamento fisioterápico, entretanto, as principais queixas variam de acordo com a fase da doença, conhecimento do paciente sobre sua doença, entre outros. Por exemplo: um paciente paraplégico na fase aguda poderá ter como queixa principal “não conseguir andar”, enquanto um paciente paraplégico na fase crônica poderá ter como queixa principal “dificuldade de se equilibrar durante uma transferência”. História da moléstia atual O fisioterapeuta deve deixar o paciente relatar a história da patologia que o trouxe aos cuidados do fisioterapeuta, destacando: a data ou período de inicio dos sintomas, sua evolução temporal, a descrição e distribuição dos sinais e sintomas existentes, fatores de melhora e piora e a evolução da perda funcional. De acordo com o diagnóstico clínico do paciente, é necessário saber sobre o socorro no momento após um trauma, os tratamentos clínicos e cirúrgicos realizados, o tempo de internação do paciente, as possíveis complicações que ocorreram, como pneumonia, infecções urinárias, úlceras de decúbito, etc. Antecedentes pessoais (também conhecido como história de moléstias pregressas) São questionadas neste item outras doenças como hipertensão arterial, diabetes mellitus, osteoporose, artrose, bronquite, arritmias cardíacas, tumores etc., tratamentos clínicos, cirúrgicos já realizados, hábitos de vida, como, por exemplo, o tabagismo, etilismo, prática de exercícios. Devem-se levar em conta doenças pregressas de interesse para o diagnóstico ou condição do paciente que está sendo pesquisada. Por exemplo: interessa ao fisioterapeuta saber se um Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia paciente idoso com AVE já realizou cirurgia de prótese de quadril, ou ainda se um paciente com Síndrome de Guillain-Barré apresenta diagnóstico de DPOC. Antecedentes familiares Muitas das doenças neurológicas são de caráter hereditário ou familiar, como as ataxias, miopatias e doenças metabólicas. Deve-se levar em conta o diagnóstico clínico que está sendo pesquisado. Por exemplo, os antecedentes familiares são item importante na pesquisa da história associada a doenças degenerativas, neoplásicas ou inflamatórias mais do que em traumas. Uso de medicamentos. O fisioterapeuta deve questionar sobre o uso de medicamentos pelo paciente, com destaque para medicamentos que possam causar efeitos colaterais ou que possam interferir no desenvolvimento da conduta do fisioterapeuta, como relaxantes musculares, anticonvulsivantes, analgésicos, anti- hipertensivos, insulina. Pode-se a critério, anotar o horário de administração destes medicamentos, pois pode ser necessário adaptá-los aos horários das sessões ou vice-versa. Outras informações relevantes: pode-se questionar também as expectativas do paciente quanto ao tratamento fisioterapêutico, se já realizou fisioterapia anteriormente, resultados obtidos, contatos de profissionais que já acompanharam o paciente. Deve-se levar em conta os preceitos éticos da profissão e questionar informações que sejam relevantes para o fisioterapeuta na condução do tratamento do paciente. 2 Exame físico Inspeção Adaptar a inspeção aos diferentes estágios das patologias e necessidades do paciente e registrar aspectos relevantes para o tratamento fisioterapêutico: Ambiente hospitalar (UTI, enfermaria) Ambiente ambulatorial Ambiente domiciliar Aspectos gerais: Uso de dispositivos: Uso de dispositivos auxiliares de locomoção: coloração da pele acesso venoso cadeira de rodas hidratação monitor de pressão arterial andador edema monitor de PIC muletas equimose sonda nasoenteral bengalas hematomas sonda vesical ou coletor de urina cicatrizes traqueostomia postura tubo orotraqueal Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia padrão de posicionamento adotado pelo paciente monitor cardíaco deformidades dreno de tórax movimentos anormais Sinais vitais: PA, FC, FR, SpO2, PIC Nível de consciência O paciente pode estar inconsciente, pode estar deitado, de olhos fechados diferente de um estado de sono por não ser possível despertar, sendo considerado estado de coma. Neste caso, existe uma escala que é amplamente usada para avaliar o nível de consciência: a Escala de Coma de Glasgow (ECG), em que se avalia a abertura ocular, a resposta motora e a resposta verbal e, em uma pontuação mínima de 3 e máxima de 15, é considerado estado de coma pontuação 8 ou menos. Segue abaixo a ECG: Quando o paciente estiver em um estado de sono não despertável, na presença de sedação, deverá ser avaliado o nível de sedação. Entre as escalas utilizadas para avaliação do nível de sedação encontra-se a Escala de Ramsay, que segue: Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia O paciente poderá estar inconsciente, porém agitado e se movimentando, neste caso não conseguirá manter um diálogo coerente. Estes casos são chamados de estados confusionais. Se o paciente está consciente, avaliaremos a orientação no tempo (dia, mês, ano, idade) e nos espaço (onde está agora, endereço onde reside). O mini exame do estado mental pode ser usado para triagem de alterações da função cognitiva, sendo importante para o fisioterapeuta, pois pode assegurar que o paciente compreenderá suas instruções, etc. Tônus Muscular O tônus é o estado de tensão permanente do músculo. Existe um tônus de repouso, tônus postural e tônus de ação. O tônus depende essencialmente de mecanismos reflexos, sendo o arco reflexo miotático sua base. Sobre o arco reflexo miotático atuam centros supra-segmentares (centros localizados acima da medula espinhal), que podem agir como facilitadores ou inibidores da contração reflexa e cujas lesões determinam: hipotonia ou hipertonia muscular, por liberação dos centros inferiores. O sistema inibidor é constituído pelas áreas supressoras corticais (áreas 4 e 6), por alguns nucleos da base, pelo cerebelo (paleocerebelo) e pela formação reticular inibidora (a formação reticular localiza-se no tronco encefálico). Os impulsos são enviados para a medula espinhal pelo tracto reticuloespinhal inibidor, que ocupa o funículo lateral da medula. A lesão de estruturas inibidoras (lesão dos hemisférios cerebrais, tronco encefálico, medula espinhal acima do cone medular, também chamada de lesão do neurônio motor superior) faz com que o arco reflexo miotático não receba influencias inibitórias, gerando um estado de hipertonia. Entretanto, durante a fase aguda das lesões acima mencionadas, a hipotonia será encontrada devido à presença de edema e da desorganização da atividade elétrica dos neurônios, deixando de facilitar o arco reflexo miotático. Serão observadas ainda hipotonias todas as vezes queo arco reflexo miotático for interrompido, como ocorre nas lesões do cone medular / cauda eqüina e do sistema nervoso periférico. As lesões que afetam o neocerebelo também causam hipotonia. Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia Avaliação é realizada através da mobilização passiva dos segmentos, buscando observar possíveis alterações de tônus ou normalidade. Os segmentos freqüentemente avaliados são as articulações do cotovelo, quadril e joelho. Outras articulações podem ser avaliadas e, ainda, podem ser observados sinais de hipertonia e hipotonia durante a demonstração das atividades funcionais e atividades de vida diária. As possíveis respostas encontradas no exame de tônus são: • hipertonia • hipotonia • normal A hipertonia pode ser dividida em: hipertonia elástica (lesão do neurônio motor superior) e hipertonia plástica (lesão dos núcleos da base, sendo a causa mais comum o parkinsonismo). Na hipertonia elástica observa-se o sinal do canivete e na hipertonia plástica o sinal de roda denteada ou cano de chumbo. Reflexos Os reflexos tendinosos ou profundos são reflexos sinápticos único, tendo como receptores os fusos neuromusculares, que são sensíveis ao estiramento do músculo. Portanto, ao se percutir o tendão de um músculo com o martelo de reflexos, o fuso neuromuscular estirado estimula fibra sensitiva Ia que fará sinapse direta com o neurônio motor alfa do músculo estimulado, no mesmo nível segmentar na medula espinhal, determinando sua contração. Ao mesmo tempo, a fibra sensitiva Ia realiza sinapse inibitória, através de interneurônio com o neurônio motor alfa do músculo antagonista, determinando seu relaxamento. Se a transmissão for interrompida, seja por lesões sensitivas periféricas ou por lesões do neurônio motor inferior, o reflexo diminui ou desaparece. Os reflexos estão diminuídos nas doenças musculares. Se houver uma lesão de neurônio motor superior, o reflexo é exacerbado porque foram removidos fatores inibitórios. As possíves respostas obtidas nos exames dos reflexos são: • Normal • Arreflexia • Hiporreflexia • Hiperreflexia. Os reflexos devem ser testados de forma comparativa entre os lados do corpo ou entre membros superiores e inferiores. São importantes, pois oferecem um sinal objetivo de anormalidade e dão indícios no nível da anormalidade. Para se testar os reflexos o paciente precisa estar relaxado, com o músculo a ser testado na parte média de sua amplitude de movimento (entre o máximo alongamento e encurtamento). Pode-se interpor o dedo do examinador sobre o tendão a ser percutido com o martelo. Ao se testar o Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia reflexo é proveitoso lembrar o nível segmentar que está sendo avaliado, especialmente em casos de lesão medular. Os principais reflexos tendinosos avaliados são: Patelar: L3 Bicipital: C5 Tricipital:C7 Aquileu: S1 Estilorradial: C6 Os reflexos cutâneos ou superficiais têm seus receptores localizados na pele e são polissinápticos. Os receptores sensoriais da pele estimulada determinam a contração do músculo referente ao mesmo segmento medular através de sinapse com interneurônios. Entre os reflexos cutâneos, estão o reflexo cutâneo abdominal e o reflexo cutâneo plantar. O reflexo cutâneo abdominal é testado pela estimulação cutânea da parede do abdome na região epigástrica, umbilical e hipogástrica. A resposta obtida é o desvio da linha alba e da cicatriz umbilical para o lado estimulado pela contração dos musculos abdominais ipsilaterais. A pesquisa destes reflexos pode estar prejudicada por alterações da parede abdominal, cicatrizes operatórias, obesidade, ascite, e flacidez. É provável que a facilitação exercida desde os níveis superiores favoreça a obtenção destes reflexos, ocorrendo abolição nas lesões encefálicas que provoquem alteração dos centros facilitadores. O reflexo cutâneo plantar é um reflexo cutâneo mais importante, pois a resposta em extensão geralmente significa lesão da via córtico-espinhal. A pesquisa do reflexo é feita com o paciente em decúbito dorsal, estando os membros inferiores em extensão. A excitação é feita com o dorso do dedo do examinador ou com uma ponta romba desde o calcanhar, contornando a borda lateral do pé até a região do primeiro metatarso. A resposta normal é a flexão do hálux (em adultos e crianças após o desenvolvimento da marcha). Este reflexo pode estar abolido (arreflexia) pela Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia interrupção de sua via aferente ou eferente ou, então, haverá o sinal de Babinski, que é a extensão do hálux, acompanhada ou não de abdução e extensão dos demais artelhos em leque. Outras formas de estímulo deste reflexo são através da compressão da panturrilha (sinal de Gordon) ou pelo atrito sobre a crista da tíbia (sinal de Oppenheim). Clonus: o clonus é a contração rítmica de um músculo quando estirado. É mais comum no tornozelo, mas pode se encontrado nos flexores do punho e no quadríceps. Pode ser evocado pela percussão do tendão ou pelo estiramento manual do músculo e indica lesão do neurônio motor superior. Classifica-se com esgotável, quando as contrações rítmicas cessam quando o músculo é sustentado em estiramento ou inesgotável quando as contrações rítmicas apenas cessam quando o estímulo de estiramento é retirado. Sensibilidade Existem varias classificações da sensibilidade. Do ponto de vista clinico podemos dividir as sensibilidades em superficiais e profundas. Entre as primeiras estão a sensibilidade tátil, térmica e dolorosa. As sensibilidades profundas incluem a vibratória, cinético-postural, barestésica (pressão), estereognosia (reconhecimento de objetos sem estímulos visuais) e tato epicrítico (discriminação de dois pontos). Nestas duas últimas intervêm elementos do tipo superficial. As modalidades de sensibilidade superficial têm seus receptores localizados na pele e são conduzidas pelas vias aferentes até o tálamo e córtex cerebral, onde tornam o estímulo recebido consciente. Sensibilidade tátil – via espino talâmica anterior Sensibilidade térmica e dolorosa – via espino talâmica lateral A sensibilidade tátil pode ser testada com o uso do pincel ou chumaço de algodão e representará o exame de sensibilidade superficial. Quando não houver a colaboração do paciente ou quando houver suspeita de que a lesão dissocia o trajeto das vias que conduzem estes impulsos nervosos, a sensibilidade dolorosa poderá ser útil. Para testar a sensibilidade tátil, primeiro ensine: mostre ao paciente como o estimulo será percebido em uma área não afetada. Teste: comece estimulando as áreas necessárias e peça ao Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia paciente que lhe conte quando sentir o estímulo e se a sensação é normal. Verifique: peça confirmação do local estimulado; varie a freqüência da avaliação. Importante: quando for avaliar um paciente com lesão medular ou de raízes nervosas (polineuropatias), a sensibilidade deverá ser testada por dermátomos, visto que na medula espinhal, a representação sensitiva é segmentar. Quando avaliar um paciente com lesão de nervos periféricos, deve-se pesquisar o território de invervação cutânea daquele nervo. Quando avaliar um paciente com lesão encefálica, a sensibilidade poderá ser testada por partes do corpo, visto que a representação sensorial no córtex cerebral é por partes do corpo, de acordo com os estudos de Penfield. Representação senstiva no córtex cerebral: Homúnculo de Penfield Representação sensitiva na medula espinhal: dermátomosAs modalidades de sensibilidade profunda têm seus receptores localizados nos músculos, tendões, articulações e receptores profundos da pele e são conduzidas pelas vias aferentes até o tálamo e córtex cerebral, onde tornam o estímulo recebido consciente. cinético-postural vibratória barestésica fascículo grácil e cuneiforme. estereognósica tato epicritico A sensibilidade cinético-postural pode ser pesquisada segurando a articulação estudada de forma que ocorra um contato mínimo. Ensine: mova a articulação com o paciente mantendo os olhos abertos, mostrando o movimento para cima e para baixo. Teste: peça ao paciente que feche os olhos e depois mova a articulação para cima e para baixo e que lhe informe qual a posição da articulação e a direção do movimento. Verifique: repita o teste com movimentos de menor amplitude. Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia Em geral são pesquisadas as articulações: interfalangeana do polegar e interfalangeana do halux. As respostas esperadas são: Normal Anestesia Hipoestesia O paciente pode também referir parestesia (percepção de sensibilidade alterada, freqüentemente referida como dormência, formigamento, alfinetadas e agulhadas, embora as sensações possam incluir a dor) Trofismo O trofismo refere-se à massa muscular. A manutenção do trofismo normal depende da integridade do arco reflexo miotático, bem como dos contatos sinápticos excitatórios e inibitórios que agem sobre o NMI, portanto tanto as lesões do NMS e NMI levam à hipotrofia. As lesões do NMI, que implicam em perda da integridade do arco reflexo, levam a maior perda de massa muscular do que as lesões que afetam o NMS. Ao processo de perda de massa muscular dá-se o nome de atrofia muscular, que não deve nunca ser confundido com encurtamentos musculares ou deformidades ósseas. Pode ser avaliado através da palpação dos ventres musculares, de forma comparativa; através da inspeção e pode ser quantificado através da perimetria, método em que o diâmetro dos ventres musculares é mensurado com fita métrica em pontos de referência pré-estabelecidos. As possíveis respostas encontradas no exame de trofismo são: • normal • hipotrofia • hipertrofia • *pseudohipertrofia – característica da DM de Duchenne, em que o aumento do diâmetro do ventre muscular das panturrilhas se dá devido ao acúmulo de tecido adiposo e conjuntivo. Motricidade voluntária: A exploração da motricidade voluntária deve incluir o exame da amplitude de movimento, da força muscular e as manobras deficitárias. O exame da amplitude de movimento é feito solicitando-se ao paciente que realize todos os movimentos possíveis nos diferentes segmentos do corpo, de maneira sistemática, a fim de testar todos os principais movimentos. Muitos pacientes com doenças neurológicas apresentam restrições da amplitude de movimento ativa, devido às alterações de forma muscular ou tônus. Desta forma, deve ser realizado o teste de amplitude de movimento passiva, a fim de conhecer a natureza da limitação. Realiza-se a amplitude de movimento passiva e ao final da restrição é aplicada uma força adicional e percebe-se uma sensação terminal, que pode ser de caracterísitca: elástica – refletindo encurtamento muscular; resistente – refletindo retração de partes moles como Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia cápsula articular; rígida – refletindo deformidade óssea. A amplitude de movimento pode ainda estar limitada por dor. O fisioterapeuta deve conhecer as amplitudes de movimento normais para cada articulação e realizar o exame comparando com o padrão de normalidade. Sabe-se, ainda, que a amplitude de movimento pode ser quantificada através do método de goniometria das articulações. O exame da força muscular é realizado solicitando-se ao paciente que realize um movimento ativamente e em seguida sustente uma contração muscular contra resistência oposta pelo fisioterapeuta, ma amplitude de movimento intermediária daquela articulação. Deve ser realizada sistematicamente, a fim de que todos os grupos musculares de interesse sejam testados. Para quantificar a força muscular, a seguinte graduação é utilizada: Grau 0 – ausência de contração muscular (paralisia) Grau 1 – presença de contração muscular sem deslocamento do segmento (a contração é perceptível apenas à palpação) Grau 2 – contração muscular com deslocamento do segmento, desde que eliminada ação da gravidade. Grau 3 – movimento ativo contra a ação da gravidade. Grau 4 – movimento ativo contra uma resistência mínima. Grau 5 – movimento ativo normal. O exame da força muscular deve levar em conta a doença neurológica em questão e seu nível de acometimento do sistema nervoso. Por exemplo, quando a doença ou trauma afetar um nervo periférico, o exame deverá ser feito pesquisando-se os músculos por ele inervados. Assim teremos, em um caso de lesão do nervo músculo-cutâneo, que pesquisar a força muscular do bíceps braquial, coracobraquial e braquial (ver tabela em anexo). Quando a doença ou trauma afetar a medula espinhal ou raízes nervosas, o exame deverá ser feito pesquisando-se músculos que representam os segmentos da medula espinhal e que dão origem às raízes nervosas. Por exemplo: o músculo tríceps representa o segmento medular C7. Quando a doença ou trauma afetar o encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico), deve-se considerar que as alterações de força muscular seguirão a representação cortical, ou seja, partes do corpo. Existem testes complementares para a avaliação da força muscular, usados quando se deseja detectar déficits mínimos de força muscular. Estes testes são chamados de manobras deficitárias e são realizados posicionando-se o paciente na postura da manobra, solicitando ao mesmo que feche seus olhos e que sustente a posição por cerca de um minuto. Quando houver queda do membro ou desarranjo da posição, a manobra é positiva e significa que há déficit de força muscular quando o músculo é solicitado em contração isométrica. Para que a manobra seja realizada é necessário que o paciente tenha no mínimo grau 3 de força muscular. São elas: Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia Barré: avalia isquiotibiais Queda dos membros inferiores em abdução: avalia adutores de quadril Mingazzini: avalia quadríces e ílio-psoas Braços estendidos: avalia deltóide, tríceps, extensores de punho e dedos Raimiste: avalia rotadores externos do ombro, flexores do cotovelo, extensores de punho e musculatura intrínseca da mão Coordenação motora A coordenação motora proporciona um movimento harmônico e integrado das diversas articulações, incluindo a velocidade, distância percorrida e recrutamento muscular para determinada atividade. Basicamente a coordenação depende da sensibilidade profunda e do cerebelo. Por intermédio da sensibilidade profunda, o individuo é constantemente informado da posição exata de cada segmento de seu corpo e de suas mudanças e esta noção é indispensável para a coordenação normal. O cerebelo recebe informações do córtex cerebral para cada comando motor e informações dos músculos em relação com o movimento a ser efetuado. Da comparação destas informações, de origens central e periférica, resulta um sinal que é enviado ao córtex motor que pode modificar sua mensagem aos músculos com o objetivo de tornar o movimento adequado e harmônico. Desta maneira o cerebelo atua por retroação para estabilizar os comandos motores. Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia A coordenação (taxia) pode seravaliada através de testes padronizados, como o índex-nariz e calcanhar-joelho, realizados com o paciente de olhos fechados. No teste índex-nariz, peça ao paciente para abduzir seu ombro em 90º, com cotovelos estendidos e em seguida tocar a ponta do nariz. No teste calcanhar-joelho peça ao paciente que, em dd, toque o seu joelho com a ponta do calcanhar do lado oposto. A sensibilização da prova é feita solicitando-se ao paciente para deslizar o calcanhar ao longo da crista da tíbia após ter tocado o joelho. Podem-se observar alterações da distância percorrida no movimento (dismetria), e também a realização do movimento por etapas (decomposição do movimento). Diadococinesia: capacidade de realizar movimentos rítmicos e alternados. Solicita-se ao paciente que estenda os antebraços e mãos e efetue, com a maior velocidade possível, movimentos sucessivos de pronação e supinação. Seu distúrbio chama-se disdiadococinesia. Equilíbrio A manutenção do equilíbrio do corpo no espaço é um fenômeno complexo que depende de mecanismos múltiplos. Esta função complexa só é possível graças à integração de várias estruturas: O sistema motor (força muscular, tônus, reflexos posturais) As sensibilidades proprioceptivas (que a partir dos músculos, tendões e articulações informam ao sistema nervoso central a posição e os movimentos do corpo) O aparelho vestibular (cujos receptores informam ao sistema nervoso a posição e os movimentos da cabeça) O aparelho da visão (encarregado da percepção das relações espaciais) O cerebelo (encarregado da coordenação muscular) Das estruturas vestibulares assume particular importância o trato vestibuloespinhal, por controlar músculos antigravitacionais, e do cerebelo (o vérmis) por presidir a coordenação da musculatura axial do corpo – ambos desempenham papel fundamental na manutenção da posição ereta. O equilíbrio é investigado em posição ereta (equilíbrio estático) e durante a marcha (equilíbrio dinâmico). Na impossibilidade de o paciente se manter de pé, o equilíbrio pode ser investigado na posição sentada. A pesquisa do teste de Romberg deve ser realizada com o paciente em posição ortostática, pés unidos e olhos fehcados. O teste é positivo quando houver oscilações do corpo no espaço ou a queda. O teste Romberg sensibilizado é realizado solicitando-se ao paciente que coloque um pé na frente do outro e mantenha a posição ortostática. O sinal d Romberg ocorre frequentemente nos pacientes com distúrbios da sensibildiade profunda. Atividades funcionais Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia Consideraremos o exame das atividades funcionais como a avaliação das mudanças de postura. Através da observação das mudanças de postura, podem-se elaborar hipóteses sobre a causa da incapacidade, bem como elaborar estratégias para o tratamento. O fisioterapeuta solicitará ao paciente para que mude (considerando o ambiente e as condições de cada paciente) de: DD DLD DD DLE DD DV DD SENTADO SENTADO GATO GATO AJOELHADO AJOELHADO SEMI-AJOELHADO SEMI-AJOELHADO EM PÉ SENTADO EM PÉ Fará analise do movimento observado em comparação com o movimento esperado como normal. É interessante relatar no prontuário os pontos principais para que sirvam de base para a elaboração da conduta e para antecipar possíveis dificuldades do paciente. Desta forma pode-se trabalhar para que ele atinja o seu máximo potencial, sem frustrar-se por não atingir objetivos que não são possíveis naquele momento. Atividades de vida diária Este inclui a avaliação do paciente no desempenho em atividades como alimentação, higiene, vestuário. Pode-se classificar em independente, semi-dependente ou dependente. O exame das atividades de vida diária pode ser feito através de instrumentos de avaliação já validados, entre eles o Indice de Barthel. Nervos cranianos Um roteiro rápido para o exame dos nervos cranianos pode ser assim descrito: I – percepção do olfato II – acuidade visual III, IV e VI – movimentos dos olhos O exame das pupilas é parte importante do exame neurológico e deve ser observado principalmente dois itens: simetria e reação à luz. Quando as pupilas estão simétricas, dá-se o nome de isocoria e a presença de miose (contração da pupila) decorrente de estímulo luminoso chama-se fotorreação. Pupilas isocóricas e fotorreagentes podem indicar normalidade do mesencéfalo, porção mais cranial do tronco encefálico, onde se localiza o núcleo do III par de nervos cranianos, o nervo oculomotor. Importante destacar que a reação à luz deve acontecer em ambos os olhos, isso se chama reflexo consensual e indica preservação das conexões dos III par entre os dois olhos. Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia V – sensibilidade da face e músculos da mastigação VII – motricidade da face VIII – equilíbrio e audição IX, X, XII – deglutição XI – ECM e trapézio. Referências bibliográficas: Sanvito, W. L. Propedêutica neurológica básica. 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2005. Fuller, G.; Manford, M. Neurologia: um texto ilustrado em cores. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. Organização: Profª Angela Cristina de Lima Especialista em Fisioterapia Neurológica Adulto Mestre em Ciências da Saúde Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia Anexo A – Índice de Barthel Atividade Pontos Critérios 1 Alimentação: consegue usar o garfo e faca para cortar alimentos, manteiga, passar manteiga e temperar alimentos. 10 Sozinho, sem nenhuma ajuda. 5 Necessita de ajuda. 0 Precisa de ajuda total. 2 Asseio/ cuidados pessoais: consegue lavar as mãos, pentear-se, fazer a barba e escovar os dentes. 5 Sozinho. 0 Necessita de alguma ajuda. 3 Evacuação: consegue controlar a saída das fezes. 10 Controla as fezes. 5 Controla parcialmente. 0 Não controla. 4 Micção. 10 Controla a urina (apto a usar qualquer instrumento ex. sonda). 5 Controla parcialmente. 0 Não controla. 5 Vestuário. 10 Sozinho. 5 Necessita de alguma ajuda. 0 Necessita de ajuda total. 6 Transferência: cadeira/cama, cama/cadeira. 15 Consegue transferir sozinho. 10 Necessita de pequena ajuda. 5 Necessita de grande ajuda. 0 Necessita de ajuda total. 7 Utilização do banheiro: consegue entrar e sair, usar toalha, dar descarga e usar o papel higiênico. 10 Faz tudo sozinho. 5 Necessita de pequena ajuda. 0 Necessita de grande ajuda. 8 Marcha ou uso de cadeira de rodas. 15 Anda sozinho por mais de meia quadra sem nenhuma ajuda. 10 Necessita de pequena ajuda (verbal ou física). 5 Usa cadeira de rodas mas consegue manejá-la sozinho, sem nenhuma ajuda. 0 Não consegue andar ou usar cadeira de rodas. 9 Escada. 10 Consegue subir sozinho sem nenhuma ajuda. 5 Necessita de ajuda (verbal ou física). 0 Necessita de ajuda total. 10 Banho: lava todo o corpo (inclui entrar e sair do chuveiro). 5 Sozinho, sem nenhuma ajuda. 0 Precisa de alguma ajuda. Score Total: Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia Anexo B – Escala de Ashworth modificada Grau 0 – Sem aumento de tônus. Grau 1 – Leve aumento de tônus, manifestado por resistência mínima ao final do arco de movimento. Grau 1+ – Leve aumento de tônus, manifestado por resistência mínima em até metade do arco de movimento. Grau 2 – Leve aumento de tônus manifestado por resistência mínima em todo o arco de movimento. Grau 3 – Aumento considerável do tônus, manifestado pela dificuldade em realizaro movimento passivo. Grau 4 – Rigidez em extensão ou flexão. Fisioterapia Neurofuncional I – V semestre de Fisioterapia Anexo C – Mini Exame do Estado Mental Nome (iniciais): ________________________________ Data de nasc.: ______________ Escolaridade:__________________ Score máx. Score 5 Orientação Temporal - Que dia é hoje? ___ Em que mês estamos?____ Em que ano estamos?___ Em que dia da semana estamos?_____ Qual o horário aproximado?______ 5 Orientação Espacial - Em que local nós estamos? (apontando para o chão)_____ Que local é este aqui?(Apontando num sentido mais amplo____Em que bairro nós estamos ou qual o nome de uma rua próxima? ______ Em que cidade nós estamos?______ Em que estado nós estamos?______. 3 Memória Imediata - Eu vou dizer três palavras e você vai repeti-las a seguir: CASA, VASO, TIJOLO (d~e um ponto para cada palavra repetida corretamente na primeira tentativa). 5 Cálculo 100-7____, 93-7______, 86-7______, 79-7______, 72-7_____. 3 Evocação de palavras - Pergunte quais palavras o sujeito acabara de repetir: CASA ____ VASO _____TIJOLO______. 2 Nomeação - Peça para o sujeito nomear os objetos mostrados RELÓGIO____ CANETA______. 1 Repetição - Repetir a frase: NEM AQUI, NEM ALI, NEM LÁ _____ 3 Comando - Pegue esse papel com a mão direita______, dobre-o ao meio ________ e coloque-o no chão________. 1 Leitura - Mostre a frase escrita: “FECHE OS OLHOS” e peça para o sujeito fazer o que está sendo feito. 1 Frase - Peça para o indivíduo escrever um frase _________________________________________________________ 1 Cópia do desenho - Copiar figura dos pentágonos entrelaçados
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