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CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 1 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Aula Um Caros (as) Alunos (as), Dando início ao curso de Economia do Setor Público, informo a vocês que serão abordados nesta primeira aula os seguintes itens do conteúdo programático: Classificação de bens: público, semipúblico e privado. Bens públicos e externalidades. Funções governamentais. Princípios gerais de tributação. Destaco que nesta primeira aula volto a abordar alguns pontos da aula demonstrativa, haja vista que alguns estudantes acabam por não ler a aula inicial. Estou à disposição de vocês para dúvidas e/ou esclarecimentos por meio do fórum de dúvidas. Vamos em frente. Um grande abraço, Mariotti CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 2 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 1. Economia do Setor Público A disciplina de Economia do Setor Público, ou Finanças Públicas, estuda o processo de intervenção governamental na atividade econômica do país. De acordo com Musgrave1, “Finanças Públicas é a terminologia que tem sido tradicionalmente aplicada ao conjunto de problemas da política econômica que envolvem o uso de medidas de tributação e de dispêndios públicos”. Esta definição baseia-se no fato de que a necessidade da atuação econômica do poder público prende-se na constatação de que a simples existência do sistema de mercado (consumidores versus produtores) não consegue cumprir adequadamente algumas tarefas e funções que visam o bem-estar da população. A maneira pela qual o Estado intervém no processo econômico é dependente da série de instrumentos que este dispõe, inclusive em termos do financiamento de suas atividades. Sendo assim, podemos dizer que o estudo das Finanças Públicas abrange a emissão de moeda e títulos públicos, a captação de recursos pelo Estado, sua gestão e seu gasto, para atender às necessidades da coletividade e do próprio Estado. Na captação dos recursos são estudadas as diversas formas de receitas, obtidas em decorrência do patrimônio do Estado, do seu endividamento ou por força do seu poder tributário. Uma vez captados os recursos impõe-se a sua administração até o efetivo dispêndio. As fontes geradoras de receitas são a tributação, classificada como receita derivada do poder coercitivo do Estado e o endividamento público, representado pela emissão e resgate de títulos da dívida pública. A capacidade do Estado de tomar empréstimos está substancialmente determinada pelo potencial de recursos compulsórios que, ano a ano, ele tem 1 MUSGRAVE, R. A. Teoria das Finanças Públicas. São Paulo. Atlas, 1974. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 3 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br condições de mobilizar da sociedade. Deste ponto, ressalta-se o porquê da tributação constituir um dos principais condicionantes do endividamento público. 2. Funções Governamentais - Visão clássica das funções do Estado; evolução das funções do Governo. As Funções do Estado e sua intervenção na economia derivam de duas correntes de pensamento econômico. A visão clássica, advinda do século XIX, defendia o que se poderia chamar de Estado mínimo, ou seja, a atividade estatal deveria ser voltada apenas para as funções típicas do Estado, em que a atividade privada não seria permitida ou mesmo não pudesse auto-equilibrar a relação existente entre oferta e demanda. A presença do Estado seria representada apenas pelo controle da Segurança Nacional do país, a Segurança Pública, bem como pelos serviços de natureza social não atendidos pelo setor privado. Segundo a visão clássica, o Estado delimitaria a sua atuação aos chamados bens públicos e semipúblicos, que seriam os bens em que o consumo por parte de um indivíduo não limitaria o consumo pelos demais indivíduos. Um bom exemplo de bem público2 é a Segurança Nacional, onde o serviço é disponibilizado a todos habitantes de determinado país sem qualquer distinção. Da mesma forma, podemos nos ater à análise do serviço de Educação Universitária Pública. Tratando-se de um bem semipúblico ou também chamado de bem meritório, de forma que, mesmo sendo restrito às pessoas capacitadas em processos seletivos, está disponível a todos que nela desejarem entrar. 2 Os conceitos referentes às bens públicos, semipúblicos e privados serão tratados de forma pormenorizada nos tópico seguintes da aula. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 4 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br De volta à análise sobre as funções do Governo, podemos dizer que com o grande crescimento da atividade privada já no século XIX, geradora de lucros, passaram a existir na Economia questionamentos referentes à distribuição da riqueza nas mãos de uma pequena fatia da sociedade. Tratava- se do chamado pensamento marxista, fundamentado na idéia de que o Estado deveria atuar diretamente na redistribuição igualitária da renda entre a população. Este pensamento teve grande eco em países como a França, que passaram a conviver com o chamado Socialismo democrático. Não obstante, no início do século XX, mais especificamente com a chamada Grande Depressão, que foi o período em que a economia norte- americana passou por um grande período de recessão econômica, com grande aumento do desemprego e queda na produção de bens e serviços, uma nova defesa na dimensão da atuação do Estado passa a existir. Com o nível de oferta agregada – representada pela oferta de bens e serviços pelas empresas - muito superior ao da demanda agregada – consumo realizado pelas famílias -, John Maynard Keynes, influente economista inglês, realizou a proposição, posteriormente chamada de visão keynesiana, de que o Estado deveria intervir na economia de forma a estimular a demanda agregada. Esta intervenção se daria pelo que hoje chamamos de Política Fiscal, na qual o Estado, antes apenas regulador e oferecedor de bens públicos, deveria aumentar os seus gastos, comprando o excedente de produção, como forma de minimizar e, se possível, contribuir para a geração de emprego e renda. A visão de Keynes propugnava que o Governo deveria intervir de forma a evitar o aparecimento de crises sistêmicas, atuando diretamente CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 5 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br na demanda agregada através da realização de investimentos e no controle inflacionário diante de excessos de procura por bens e serviços pelos consumidores. Adendo: Com a Primeira Grande Guerra, os americanos ficaram responsáveis em prover de bens e serviços as economias européias arrasadas. Esta provisão de recursos fazia com que toda a produção industrial tivesse destino, fosse pelo consumo interno do país, fosse pelo consumo externo. Na medida em que as economias se reerguiam, diminuía-se a necessidade por bens importados, o que culminou no excesso de oferta pelas empresas americanas. Este excesso levou a queda no preço das ações das empresas na bolsa de valores, ficando assim conhecido ochamado crash da bolsa, e o grande aumento do nível de desemprego acompanhado de uma recessão profunda no país. Como forma de enxergarmos a possível cobrança na prova por parte da banca, vejamos duas questões, respectivamente, do último (2008) e do penúltimo (2005) concurso para a Secretaria do Tesouro Nacional – STN, que abordou as funções do Governo dentro do processo econômico: (AFC/STN – ESAF/2008) Sobre a Escola Clássica (Liberalismo) é correto afirmar: a) trata-se de um sistema econômico baseado na livre-empresa, mas com acentuada participação do Estado na promoção de benefícios sociais, com o objetivo de proporcionar padrões de vida mínimos, desenvolver a produção de bens e serviços sociais, controlar o ciclo econômico e ajustar o total da produção, considerando os custos e as rendas sociais. b) admite, por princípio, que a ação do Estado deve restringir-se ao mínimo indispensável, como a defesa militar, a manutenção da ordem, a distribuição da justiça e pouco mais, pois a iniciativa privada faz melhor uso dos recursos públicos. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 6 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br c) deu-se a partir das décadas de 1980 e 1990, a reboque da crise fiscal, do início do processo de globalização da economia e da ineficiência do Estado na produção de bens e serviços. d) de caráter nacionalista e intervencionista, preconiza para o Estado uma política econômica e financeira fundada na maior posse de dinheiro e metais preciosos, acreditando que nisso reside a base da prosperidade. e) corresponde fundamentalmente às diretrizes estatais aplicadas nos países desenvolvidos por governos social-democratas. Nos Estados Unidos, certos aspectos de seu desenvolvimento ocorreram, particularmente, no período de vigência do New Deal. Comentários: a) A Escola clássica não se tratava de um sistema econômico, mas sim de um pensamento econômico, que de fato defendia a chamada livre-empresa, realizando negócios com consumidores de forma a gerar o equilíbrio de mercado. Adiciona-se que a Escola Clássica defendia a existência de um Estado mínimo, sem intervenção direta no ciclo econômico e no controle da produção. Resposta incorreta b) Trata-se da própria definição do pensamento econômico que defende a participação do Estado no processo econômico, restringindo-se esta ao mínimo indispensável. Resposta correta c) Não se trata de uma visão econômica recente, mas advinda ainda do século XIX. Resposta incorreta d) No mesmo sentido, não se trata de uma política de caráter nacionalista, e tão quanto intervencionista. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 7 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Resposta incorreta e) Está diretamente associado ao pensamento Keynesiano de intervenção do Estado no processo econômico. O New Deal consistiu na série de programas implementados nos EUA no início da década de 1930, objetivando promover a recuperação e a reforma da economia americana assolada pela grande depressão. Resposta incorreta Gabarito: letra “b”. (AFC\STN – ESAF/2005) Baseada na visão clássica das funções do Estado na economia, identifique a opção que foi defendida por J.M. Keynes. a) As funções do Estado na economia deveriam ser limitadas à defesa nacional, justiça, serviços públicos e manutenção da soberania. b) As despesas realizadas pelo Governo não teriam nenhum resultado prático no desenvolvimento econômico. c) A participação do Governo na economia deveria ser maior, assumindo a responsabilidade por atividades de interesse geral, uma vez que o setor privado não estaria interessado em prover estradas, escolas, hospitais e outros serviços públicos. d) A economia sem a presença do governo seria vítima de suas próprias crises, cabendo ao Estado tomar determinadas decisões sobre o controle da moeda, do crédito e do nível de investimento. e) A atuação do Governo se faria nos mercados onde não houvesse livre concorrência e sua função seria a de organizá-la e defendê-la, para o funcionamento do mercado e para seu equilíbrio. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 8 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Comentários: a) A afirmação de que o Estado deve limitar a sua atuação na economia apenas à defesa nacional, justiça, serviços públicos e manutenção da soberania, vai de encontro à visão clássica de intervenção do governo na economia. Trata-se do chamado Estado mínimo, em que o governo deve pautar sua atuação apenas através do oferecimento de bens públicos e semipúblicos. Opção incorreta b) As despesas (gastos) do governo são um dos instrumentos propostos por Keynes para efetivação do estímulo à demanda agregada e assim minimizar a ocorrência de crises sistêmicas. Opção incorreta c) Segundo a visão keynesiana de intervenção do Estado na economia, esta deve ser mais ampla, não se limitando somente aos bens não oferecidos pelo setor privado, tais como estradas, escolas e hospitais. Não obstante, esta participação não deve pautar-se de forma irrestrita, mas sim através da intervenção via estímulos na demanda agregada, especialmente através do aumento dos gastos governamentais. Opção incorreta d) A assertiva “d” representa a própria necessidade de intervenção do governo na economia segundo a visão keynesiana. O controle da moeda e do crédito excessivo na economia, com o objetivo de conter piques inflacionários, bem como a expansão dos investimentos públicos, geradores de estímulos na demanda agregada, visa evitar que a economia seja refém das crises não controláveis pela simples interação entre compradores e vendedores. Opção correta CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 9 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br e) Esta opção de resposta é, num primeiro momento, a mais capciosa, e que pode induzir o concursando ao erro. É verdadeira a interpretação de que o governo deve intervir nos mercados de forma a regulá-los, promovendo assim a maior competição possível entre os ofertantes de bens e serviços. Destaca- se, entretanto, que não é possível o estabelecimento pelo governo de padrões iguais nos diferentes mercados, já que não é em todos estes que a iniciativa privada teria interesse em desenvolver suas atividades. Um bom exemplo seria a chamada exploração de petróleo em águas profundas, em que o custo para tal atividade é altíssimo, impedindo a entrada de novos concorrentes. Este caso é o que chamaríamos de monopólio natural, derivados das chamadas falhas de mercado, ponto a ser estudado na sequência desta aula. Opção incorreta Gabarito: letra “d”. Destaca-se que a participação do Estado na Economia ampliou-se consideravelmente a partir do século XIX, ocasionado especialmente pela II Revolução Industrial e pelas Guerras ocorridas ao longo do século XX. O Estado que antes se voltava apenas ao atendimento das demandas que não encontravam oferta na atividade privada (visão clássica), tais como defesa, justiça, saúde, passa agora a ser importante ator do processo Econômico (visão keynesiana), estimulando e contraindo a demanda agregada conforme as necessidades de estímulo ao processo econômico. A evolução da atuação estatal aolongo do século XX permitiu o estabelecimento de funções básicas a que os governos, responsáveis pela adoção de políticas econômicas e sociais, deveriam direcionar suas atividades, buscando atuar diretamente no intuito de minimizar os impactos negativos gerados pelo que a literatura define por falhas de mercado. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 10 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 3. Funções governamentais O Estado necessita realizar atividades de cunho intervencionista nas relações existentes no restante da sociedade. Essa atuação é devida à existência do que denominamos de “Falhas de Mercado”, situação na qual a simples interação entre consumidores e produtores não leva a melhor alocação possível dos recursos econômicos. A base de intervenção do Estado no processo econômico é associada às funções básicas que este deve exercer, assim denominadas de função alocativa, distributiva e função estabilizadora. 3.1 Função Alocativa A função alocativa é aquela que atribui ao Estado a responsabilidade pela alocação dos recursos existentes na economia quando, pela livre iniciativa de mercado, isto não ocorrer. Um bom exemplo desta função é representado pela iniciativa do Estado em realizar obras que trarão grandes benefícios à população. Um caso polêmico, mas revestido da função básica de alocação dos recursos pelo Estado é a transposição do Rio São Francisco, que mesmo podendo trazer custos ambientais e sociais negativos para parte da população do Sertão Nordestino, resultará em um significativo aumento do bem-estar da própria população, levando água, saúde e riqueza a uma região bastante castigada pela seca. 3.2 Função Distributiva A função (re)distributiva é representada de fato pela melhoria na chamada distribuição da renda gerada na economia. Políticas de tributação progressiva da renda com a consequente adoção por parte do governo de programas como o Bolsa Família representam claramente uma política distributiva do governo, retirando, a princípio, daqueles que ganham mais e repassando àqueles que ganham menos. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 11 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 3.3 Função Estabilizadora A função estabilizadora está diretamente associada às políticas fiscal e monetária realizadas pelo governo. A política fiscal é implementada tanto por meio do aumento dos gastos do governo como pela redução dos tributos. A diferença encontra-se apenas em qual a variável impactada diretamente. No caso do aumento dos gastos, a variável estimulada inicialmente é a próprio gasto ( DA = Y = C + I + G + X – M). Sua disseminação se dá pelos diferentes ramos da economia. O ciclo é baseado no gasto inicialmente realizado em determinado setor (ex: Construção Civil) gerando emprego e renda. Como resultado da renda e do emprego gerado neste setor, os trabalhadores aumentam a sua demanda nos demais setores da economia, gerando novos impactos em termos de crescimento da renda. No caso da redução dos tributos, o resultado se dá nas variáveis consumo dos trabalhadores e no investimento das empresas ( DA = Y = C + I + G + X – M). Com maior renda disponível os trabalhadores aumentam o seu consumo, estimulando as empresas a investirem mais, gerando impactos sobre a oferta de bens e serviços (oferta agregada). Esse ciclo se multiplica gerando impactos novamente sobre toda a economia. Adicionalmente à política fiscal, a política monetária realizada pelo Banco Central visa controlar o excesso de moeda na economia, fazendo que a circulação desta seja suficiente para dar lastro às transações de bens e serviços no mercado real. O resultado desta política é a busca pela manutenção do nível constante dos preços e o estimulo à geração de renda e emprego via estímulo ao crédito. Digno de destaque são as diferenças existentes entre as políticas fiscal e monetária e seus impactos diretos sobre a economia. A política fiscal tem o caráter de ter seu objetivo direcionado, atingindo inicialmente o setor no qual o governo deseja estimular. Ocorre, no entanto, que toda esta política deve ser CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 12 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br pautada na estruturação do orçamento anual, necessitando de tempo e aprovação por parte do poder legislativo. De forma contrária, ao apontarmos as vantagens da política monetária, podemos verificar que sua eficácia é imediata, uma vez que as decisões da autoridade monetária quanto ao controle da liquidez são tomadas diariamente. De forma contrária, as desvantagens se encontram no fato de que a política monetária tem caráter nacional, não atingindo um setor econômico específico, nos moldes da política fiscal. 3.4 Adendo: A função reguladora Com a o processo de desestatização implementado pelo Estado brasileiro no fim dos anos 70 e intensificado a partir dos anos 90, surgiu a necessidade de que este mesmo Estado passasse a controlar as atividades em que antes atuava diretamente, constituindo para isso uma série de Agências Reguladoras que passaram a ter como missão a regulação dos serviços públicos concedidos à iniciativa privada, nos moldes dos regimes de concessão de rodovias, portos, distribuição de energia elétrica e telefonia. Vejamos agora a resolução de uma questão cobrada no penúltimo certame realizado para o cargo de APO de São Paulo, prova elaborada pela ESAF. (APO/SEFAZ-SP – ESAF/2009) A atuação do governo na economia tem como objetivo eliminar as distorções alocativas e distributivas e de promover a melhoria do padrão de vida da coletividade. Tal atuação pode se dar das seguintes formas, exceto: a) complemento da iniciativa privada. b) compra de bens e serviços do setor público. c) atuação sobre a formação de preços. d) fornecimento de bens e de serviços públicos. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 13 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br e) compra de bens e serviços do setor privado. Comentários: Essa questão a princípio parece ser pouco objetiva em termos das respostas disponíveis, uma vez que algumas assertivas visam mais confundir o candidato do que ajudá-lo a resolver a questão proposta. Vejamos a análise de cada uma das assertivas: a) O complemento da iniciativa privada pode estar ligado, por exemplo, à participação do governo no processo de melhoria no processo produtivo implementado por determinada empresa. Ex: A implantação de um pólo produtivo, em região pouco explorada economicamente, imputa ao Estado a necessidade de complementar, em termos de infra-estrutura, a atividade privada. A construção de uma rodovia/ferrovia para escoamento da produção pode ser considerada como um atendimento por parte do governo dentro da sua função alocativa. Opção correta b) A compra de bens e serviços do setor público não gera resultados em termos de estímulo à atividade econômica uma vez que a própria ação do gasto fica restrita à atividade estatal. Uma segunda questão é o fato de que a participação do Estado no processo econômico visa estimular a maior interação entre consumidores e produtores, o que, a princípio, não ocorreria na situação em análise. Opção Incorreta – gabarito c)O processo de atuação sobre a formação de preços está diretamente ligado a mais nova função governamental, qual seja a função reguladora. Nesta assertiva o termo “formação de preços” parece não estar associado à subida ou queda de preços devido ao problema inflacionário, mas sim a formação de preços a partir das chamadas estruturas de mercado, tais como o monopólio, o oligopólio e outras. Adicionalmente, esta intervenção pode ainda estar CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 14 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br relacionada à participação das chamadas agências reguladoras na formação dos preços que remunerarão a atividade exploratória concedida à iniciativa privada. Opção correta d) O fornecimento de bens e serviços públicos pode ser entendido como o oferecimento pelo Estado daquelas atividades associadas a própria existência de uma sociedade organizada, tais como justiça, educação, serviço policial e forças armadas. Opção correta e) A compra de bens e serviços do setor privado é a própria caracterização de uma política fiscal expansionista, na qual o Estado se utiliza dos recursos captados da sociedade por meio de tributos para realizar o aumento de gastos públicos, o que tende a estimular a demanda agregada, gerando impactos positivos sobre a renda e o emprego. Opção correta 4. Falhas de Mercado – Bens Públicos e Externalidades Ao abordarmos os conceitos de Bens Públicos e Externalidades, busca-se destacar o que a literatura econômica define por “falhas de mercado”. Podemos interpretar como “falha” tudo aquilo que acontece de modo ineficiente. No mesmo sentido, podemos interpretar “mercado” como sendo o local onde indivíduos e empresas transacionam bens e serviços com o objetivo de atingir, respectivamente, o maior bem-estar possível, derivado da sua renda de trabalhador, e a maximização do lucro, obtido pela produção e venda dos mesmos bens e serviços. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 15 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Temos a seguinte definição dada pela Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) para as Falhas de Mercado: "Pode ser definida como a incapacidade de o mercado levar o processo econômico a uma situação social ótima. Um aspecto importante disto é que se deixa de incluir, nos custos e nos preços, os efeitos externos (externalidades) ou a redução dos lucros de outros agentes que não aqueles diretamente envolvidos nas transações de mercado e atividades afins. Com relação aos bens e serviços ambientais, podem-se destacar as externalidades referentes à poluição, à exploração dos recursos e à degradação de ecossistemas. Assim, as falhas de mercado impedem o mercado de alocar os recursos no mais alto interesse da sociedade" (OECD, 1994). As Falhas de Mercado são representadas por toda alocação ineficiente de recursos econômicos, derivada das transações ocorridas entre todos os componentes da sociedade, destacando-se, entre estas as externalidades e os bens públicos. A chamada teoria do bem-estar econômico, conhecida como welfare economics, afirma que os mercados perfeitamente competitivos, sem interferência governamental, promovem a alocação eficiente de recursos entre os agentes econômicos, de tal forma que qualquer realocação em benefício de um agente prejudicará os demais agentes. Este conceito é comumente conhecido como “Ótimo de Pareto”. 4.1 Externalidades As externalidades representam a forma como as ações de determinado indivíduo ou empresa impactam os demais indivíduos ou mesmo empresas. A existência de externalidades implica que os chamados custos e benefícios CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 16 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br privados – ocorridos em função da ação da iniciativa privada – sejam diferentes dos custos e benefícios sociais destas mesmas ações. O que estamos dizendo é que os preços negociados entre consumidores e produtores refletem apenas a negociação privada, sendo necessária a presença do Estado imputando, por exemplo, a tributação ou subsídios fiscais como forma de corrigir as externalidades ocorridas. As externalidades se subdividem em positivas e negativas. Um bom exemplo de externalidade positiva, e que nos dias de hoje é tão importante, seria o caso da realização de uma limpeza geral da casa por parte de um indivíduo que visasse à eliminação de possíveis focos de reprodução dos mosquitos transmissores da dengue. Nesta situação, o benefício privado será superior ao custo privado, da mesma forma que o consequente benefício social será muito maior do que o custo social de adoção da medida. De forma contrária, as externalidades negativas são representadas por determinadas ações que de forma direta ou indireta prejudicam os demais indivíduos participantes da sociedade. Um caso clássico de externalidade negativa é representado pelo despejo por parte de empresas, de produtos poluentes nos rios. Esta ação tende a tornar o custo social superior ao custo privado, especialmente pelo fato de que as comunidades ribeirinhas às margens do rio serão diretamente atingidas. A existência destas falhas justifica a atuação do governo que deve coibir a externalidade negativa através da aplicação de uma tributação desestimuladora da poluição, da mesma forma que deve oferecer subsídios às atividades geradoras de externalidades positivas. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 17 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 4.2 Bens Públicos Os bens públicos são aqueles normalmente oferecidos pelo governo, tendo a caracterização de que o seu consumo por um indivíduo ou por um grupo de indivíduos não prejudica o consumo pelos demais indivíduos. Destaca-se que, mesmo que alguns se beneficiem mais do que outros, todos podem desfrutar do bem. De outra forma, pode-se afirmar que os bens públicos são aqueles em que o seu consumo é indivisível ou mesmo “não rival”, dado que não existe rivalidade quanto a quem consumirá mais de um ou outro bem. São exemplos de bens públicos tangíveis (que podem ser tocados), as praças e as ruas. Como bens públicos intangíveis, temos a segurança pública, a justiça e a defesa nacional. Uma questão importante sobre os bens públicos é que o seu consumo não pode estar passivo de exclusão – princípio da não-exclusão -, de tal forma que, por exemplo, quando colocado à disposição da população de um determinado bairro o policiamento extensivo, todos serão beneficiados pela decisão governamental. Em outras palavras, pode-se dizer que o custo de exclusão do consumo de um bem público é alto, dada a quase impossibilidade de se medir a utilização deste por cada indivíduo. A existência do princípio da não-exclusão no consumo dos bens públicos é que leva a existência das Falhas de Mercado. Isto ocorre pelo fato de que como o governo não consegue mensurar o “quantum” do bem público está sendo consumindo por cada indivíduo, ele não conseguirá repartir o ônus imposto à sociedade na forma da tributação, que é justamente a fonte de recursos para o oferecimento de bens públicos. Com este conceito é possível CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETORPÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 18 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br afirmar que o custo marginal de provisão de bens públicos é igual a zero, já que o custo por si só já é dado. Devido ainda ao princípio da não-exclusão, passam a existir na economia os chamados “free riders” ou também chamados de caronas, que se beneficiam dos bens públicos sem pagar nada por isso, alegando que não precisam do bem oferecido ou simplesmente por não pagarem a tributação imposta aos mesmos. Assim sendo, podemos afirmar que, para que o mercado possa funcionar adequadamente, um dos quesitos será a validade do princípio da exclusão, podendo o consumo ser mensurado para cada um dos consumidores. 4.3. Destaque: O Bem Privado (Não caracterizado como uma Falha de Mercado) Considerando as informações descritas acima, podemos conceituar o chamado bem privado, que seria aquele cujo consumo não pode ser compartilhado simultaneamente por quaisquer dois ou mais usuários, em função dos direitos de propriedade bem demarcados. De outra forma, passa a ser válido o princípio da exclusão. Da mesma forma, o bem privado é considerado como um bem rival, uma vez que o consumo por parte de um agente econômico reduz o consumo pelos demais agentes. Um bom exemplo de um bem privado seria a contratação de uma empresa de vigilância privada que atenderia a determinado condomínio de moradores. Considerando que a segurança deve atender somente um círculo restrito de moradores, caso ocorra assaltos na redondeza do condomínio, mas sem impactos para este, de nada se poderá cobrar da empresa de vigilância. É aquele velho ditado, só desfruta quem paga! CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 19 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 4.4 Bens Semipúblicos ou Meritórios Os chamados bens semipúblicos são aqueles bens que possuem associados a si o princípio da exclusão. Nas palavras de Viceconti e Neves (2007, pág. 412) encontramos outra definição para os bens semipúblicos: “São os bens que, embora possam ser explorados economicamente pelo setor privado, devem ou podem ser produzidos pelo governo para evitar que a população de baixa renda seja excluída de seu consumo, por não poder pagar o preço correspondente: é o caso de educação e saúde”. Os bens semipúblicos são também chamados de meritórios pelo fato de serem disponibilizados (oferecido) às pessoas que adquirem mérito para tal. Um bom exemplo é a Universidade Pública. Somente aqueles que possuem o mérito de passar no vestibular é que terão a si concedidos o mérito de cursar gratuitamente o ensino superior. Importante considerar, conforme vemos no dia-a-dia que o ensino superior também é oferecido pela iniciativa privada, sendo, no entanto, passível de cobrança, ficando assim garantido o princípio da exclusão. Igualmente, o objetivo lógico do governo é o de garantir o direito ao ensino público gratuito à população, exigindo, em contrapartida, o mérito de passar no vestibular. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 20 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Box de Comentários: As definições de bens públicos e semipúblicos são variáveis em decorrência do uso dos bens e do mercado no qual este é ofertado. Bens Públicos: Em decorrência da impossibilidade de exclusão, que implica que os indivíduos não podem ser privados dos benefícios do bem ou serviço, mesmo se não tiverem contribuído para o seu financiamento, geram algumas conclusões. Um exemplo de bem que apresenta essa característica é um espetáculo pirotécnico, que pode ser visto pelas pessoas de quintais, jardins e praças públicas. Isto dificulta a provisão privada desse tipo de evento porque a impossibilidade de exclusão impede que sejam cobrados ingressos para financiar os custos, incluindo-se aí os lucros do organizador. Afinal, porque pagaríamos por esse show, se podemos vê-lo gratuitamente? Portanto, nenhum empresário privado se interessaria pela sua produção e, então, apesar da forte demanda, o espetáculo poderia não ser produzido. A impossibilidade de exclusão, ao inviabilizar o uso do sistema de preço para racionar o consumo, reduz os incentivos para o pagamento voluntário dos bens públicos. Essa relutância em contribuir, voluntariamente, para financiar esses bens é conhecida como o problema do “carona” (free rider). A não rivalidade no consumo é outra característica do bem público. Isto implica que uma vez que o bem está disponível, o custo marginal de provê-lo, para um indivíduo adicional, é nulo. Considere, por exemplo, o caso do espetáculo pirotécnico. O custo do espetáculo, uma vez CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 21 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br determinado, não é alterado pelo fato de um grupo adicional de turistas decidir vê-lo. Ademais, essa decisão dos turistas em nada reduz o usufruto do evento pelos habitantes locais. Portanto, o custo marginal de provisão do espetáculo para esses espectadores adicionais é zero. Isso representa um franco contraste com os bens privados, que se caracterizam por níveis elevados de rivalidade no consumo. De fato, quando ocupamos um lugar, por exemplo, no cinema ou no teatro, este lugar deixa de estar disponível para outras pessoas. Bens Semipúblicos A definição de bem público, anteriormente discutida, não é absoluta, mas varia com as condições de uso, de mercado e com o estado da tecnologia. Esse serviço, quando usado nos domicílios privados, é um bem eminentemente privado: caso a conta de energia não seja paga, o serviço é suspenso e, portanto, os usuários são excluídos do seu consumo. Por outro lado, trata-se de um bem cujo consumo é rival. Quando eu consumo uma determinada quantidade de quilowatts, ela já não mais está disponível para os demais consumidores. Por outro lado, quando essa energia é usada para iluminar os locais públicos, ela torna-se um bem público puro. Isto porque é impossível excluir alguém do benefício da iluminação pública, além de desnecessário; o custo de prover esse serviço para passantes adicionais é zero. Outro exemplo menos extremo é o caso das estradas de rodagem. Assim, o uso de uma estrada vicinal, semideserta, pode ser não rival na medida em que, nela, o tráfego é muito inferior a sua capacidade e, portanto, o custo marginal de utilização por um veículo adicional é muito baixo. Por outro lado, embora seja possível excluir os veículos de seu uso por meio da introdução de um pedágio, provavelmente os custos de instalação e de CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 22 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br manutenção desse pedágio serão superiores à arrecadação e, por conseguinte, não valerá a pena introduzi-lo. Porém, quando a estrada é, por exemplo, a Via Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, além do custo de exclusão ser compensatório, a rivalidade no consumo se expressa por meio do congestionamento. Nesse caso, essa rodovia pode ser vista como um bem privado. Podemos, assim, pensar que grande parte dos bens satisfaz, apenas parcialmente, as condições de impossibilidade de exclusão e não- rivalidade no consumo.Os bens que atendem parcial ou totalmente a pelo menos uma dessas características são chamados de bens públicos impuros ou bens quase-públicos. Os serviços de saúde pública são bens semipúblicos, tais como vacina contra doenças infecto-contagiosas, que beneficiam não somente as pessoas vacinadas, mas a população como um todo, já que previnem o surgimento de epidemias. Adiciona-se o custo marginal da vacinação é positivo e a exclusão de não pagantes é possível. Porém, não é possível excluir dos benefícios aliados à redução das epidemias (nem cobrar por tais benefícios) aqueles que não se vacinaram. Isso torna esses serviços bens públicos impuros e por essa razão, muitos governos mantêm programas gratuitos de vacinação para encorajar, e até mesmo obrigar, a imunização maciça da população. 4.5 Bens ou Recursos Comuns e Naturais Os bens comuns são considerados bens não-exclusivos, mas, entretanto, rivais, pois muito embora não seja possível excluir o consumo por parte de um agente, o próprio consumo do bem impede o consumo do mesmo bem por outro agente. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 23 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br O exemplo mais claro de um bem comum são os recursos ambientais, e que inexiste a possibilidade de se excluir os consumidores, uma vez que não existe direito de propriedade sobre os bens, mas, entretanto, o consumo de um causa externalidades para outros, a exemplo da poluição ambiental e a extinção de espécies animais, pela caça por exemplo. Uma expressão comumente utilizada para os bens comuns é a denominada "tragédia dos bens comuns", caracterizada pela utilização desordenada e competitiva dos recursos naturais que, ao mesmo tempo em que pertencem a todos, não pertencem a ninguém privativamente. Com exceção dos recursos naturais do subsolo que, constitucionalmente pertencem à União, os recursos naturais como o ar pertence a todos nós. Por conta disto, não se pode cobrar pelo ar que se respira. O uso desse recurso em si nunca poderá ser impedido. Se poluirmos o ar com gases e partículas, a exemplo de automóveis desregulados, os proprietários de automóveis não poluidores terão direito de reclamar. Percebe-se assim que o uso indevido de bens comuns leva a uma privatização (por parte dos poluidores) sem uma contrapartida para os não poluidores. Pelo todo exposto, verifica-se que, para que o Estado possa realizar a intervenção necessária à correção das falhas de mercado, deve criar mecanismos que possibilitem o financiamento de suas atividades, especialmente através da imposição do seu Poder de Império. Através da tributação incidente sobre a renda auferida pela sociedade, o Estado realiza a necessária intervenção no processo econômico. De forma a tornar esta intervenção a menos onerosa possível a própria sociedade, o Estado deve balizar o financiamento de suas atividades segundo os chamados Princípios Gerais (ou teóricos) da Tributação. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 24 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Destarte, com fins de adentramos ao estudo destes princípios, importa- nos destacar que o próprio processo de tributação deve adotar determinados pressupostos, em especial aquele que diz que a utilidade marginal da renda (Umg) é decrescente. O entendimento do conceito de Utilidade Marginal decrescente é o de que quanto maior a renda adicional recebida pelos componentes da sociedade, menor é a utilidade que essa mesma renda propicia ao seu recebedor. Como os indivíduos de classes de renda mais altas já possuem, em tese, melhores condições de vida, o ganho adicional de renda será utilizado na compra de bens e serviços que são, não exaustivamente, supérfluos para uma qualidade de vida digna. Considerado assim os pontos abordados, caminhemos para o entendimento dos chamados Princípios Gerais da Tributação. 5. Princípios Gerais da Tributação 5.1 Princípio da Neutralidade O princípio da neutralidade impõe que os impactos gerados pelo ônus tributário não devem interferir na alocação de recursos na economia. Considerando que os preços são a melhor forma de se estabelecer uma relação de troca de recursos em uma economia, pode-se inferir que o impacto da tributação sobre os preços dos bens e serviços deve ser neutro, ou seja, a relação de preços existente entre os diversos bens deve-se manter igual (preço de um produto em relação aos outros). Vamos a um exemplo simples: Antes de incidência da tributação o bem X custava R$ 10 e os demais bens chamados de Y, R$ 5. Com isso o preço relativo do bem X em relação ao bem Y era igual a 2. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 25 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Preço X / Preço de Y = 10/5 = 2 Para que seja mantida a neutralidade tributária, a incidência da tributação sobre o bem X deve ser igual aos dos demais bens (Y). Imaginemos o caso de um aumento de cerca de 10% na tributação para todos os bens. O preço do bem X passa a custar R$ 11 e o bem Y R$ 5,50, mantendo-se a neutralidade sobre os preços mesmo com um nível maior de arrecadação. Preço de X / Preço de Y = 11/5,5 = 2 Este exemplo simples é a elucidação básica do que chamamos de princípio da neutralidade. Na verdade uma tributação neutra é aquela que procura minimizar os impactos nas decisões econômicas dos agentes atuantes no mercado (famílias, empresas). Quando nos referimos à imposição de impostos sobre consumidores de maneira neutra, estamos falando de impostos denominados “lump-sun tax”, ou seja, impostos que recaiam de forma igual entre os agentes. De forma diferente, a imposição pelo governo de imposto dito seletivo, ou seja, que recaia sobre o bem X e não sobre o bem Y, tende a impactar os preços relativos, deixando de ser neutro. Por tudo isso, a alocação de bens deixa de ser eficiente, tornando possível a existência do que chamamos de peso morto dos impostos, assunto a ser tratado por nós oportunamente. O Sistema Tributário deve privilegiar a eficiência econômica, podendo ser utilizado inclusive para corrigir distorções existentes no mercado. O princípio da neutralidade está intimamente ligado ao conceito CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 26 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br econômico chamado de Ótimo de Pareto3, que seria a aplicação da tributação pelo governo da forma mais eficiente possível. Destaca-se ainda que as regras de um sistema tributário que gerem eficiência econômica devem ser simples (princípio implícito da simplicidade), de forma que a operacionalização do processo de cobrança seja fácil e objetiva. 5.2 Princípio da Equidade O princípio da equidade afirma que os impactos gerados pela tributação devem ser equânimes, isto é, o ônus da tributação deve ser distribuído de maneira justa entre os componentes da sociedade. A equidade é baseada em critérios estabelecidos entre os indivíduos. Para isso, temos que nos valer do chamado princípio da equidade horizontal, em que deve ser dispensado tratamento igual entre indivíduos considerados iguais. Adicionalmente a este, temos o chamado princípio da equidade vertical, em que os indivíduos considerados desiguais devem ser tratados de formadesigual. Trata-se, pois, de garantir o tratamento justo àqueles que possuem as mesmas condições, realizando a devida diferenciação apenas quando estes de fato puderem ser diferenciáveis. Até devido a isto, que o mesmo princípio da equidade ainda se divide em outros dois princípios, os chamados princípio do benefício e princípio da capacidade de pagamento. 3 Em sentido ao Ótimo de Pareto, a tributação incidente sobre os agentes econômicos não pode ser reorganizada para aumentar o bem-estar de alguns indivíduos sem prejudicar o bem-estar dos demais indivíduos. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 27 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 5.3 Princípio do Benefício O princípio do benefício afirma que o consumidor deve pagar ao governo na forma de tributos o equivalente ao total de benefícios que este recebe. Trata-se de um princípio de fácil entendimento mas de difícil aplicação. O problema encontrado para sua correta aplicação é devido a dificuldade de se conseguir individualizar os serviços recebidos do governo, uma vez que estamos falando de bens e serviços chamados públicos, em que o acesso da sociedade é amplo e irrestrito. Um bom exemplo da aplicação do princípio do benefício é o referente às contribuições previdenciárias feitas pelos indivíduos ao longo do seu período de trabalho. Quanto maiores forem as suas contribuições ao longo da vida profissional, maiores serão – limitados ao teto do regime geral de previdência – os benefícios percebidos após a sua aposentadoria. Em termos econômicos poderíamos ainda dizer que o princípio do benefício garante que o preço do tributo deve ser igual ao chamado benefício marginal adquirido com a cobrança tributária. (O que eu tenho de benefício a mais por pagar um pouco mais). 5.4 Princípio da capacidade de pagamento A capacidade de pagamento está diretamente relacionada à renda recebida pelos agentes. Quanto maior a renda maior é a capacidade de pagamento dos indivíduos. Um exemplo típico da aplicação do princípio da capacidade de pagamento é o imposto de renda. Quanto maior a faixa salarial maior a alíquota incidente sobre a renda. O princípio em questão é mais fácil de ser medido do que o princípio do benefício concedido pelo Estado, haja vista que a própria renda, o consumo e o CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 28 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br patrimônio são os parâmetros utilizados pelo Estado para a imposição da sua atividade de tributação. Veremos adiante que o governo procura redistribuir a renda gerada na economia evitando a sua concentração nas mãos de poucos. A maneira pela qual ele executa essa atividade é, ao menos em teoria, através da imposição dos chamados impostos progressivos, de forma que, para níveis maiores de renda, consumo e patrimônio, maior é a carga fiscal4 incidente. O objetivo da tributação progressiva é que, com a maior arrecadação, o governo pode executar os chamados programas de transferência de renda para a população de menor poder aquisitivo. Pelo exposto e como forma de fixar os conceitos estudados até o momento, vamos à resolução de questões solicitadas em provas para Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, concurso exigente com os candidatos: (AFRF/SRF – ESAF/2000) A teoria econômica moderna estabelece critérios de imposição de tributos. O critério que postula que a tributação não introduza distorções nos mecanismos de funcionamento e alocação de recursos da economia de mercado é o da a) Universalidade b) eqüidade c) neutralidade d) justiça social e) adequação Comentários: 4 Existem diferenças entre carga fiscal e carga tributária. No cálculo da carga tributária está computado apenas os valores decorrentes da imposição das chamadas receitas tributárias, tais como os receita de impostos, taxas e contribuições de melhoria. No caso da carga fiscal, deve-se adicionar as demais receitas de caráter impositivo, tais como as receitas previdenciárias. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 29 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br A questão é direta ao afirmar que: O critério que postula que a tributação não introduza distorções nos mecanismos de funcionamento e alocação de recursos da economia de mercado. Conforme verificamos, para que não haja distorções nos mecanismos de mercado e na atual alocação de recursos é necessário que a tributação realizada pelo Estado não altere os preços relativos dos produtos, ou seja, que os preços de um produto em relação ao outro sejam mantidas constantes. Essa definição refere-se ao princípio que conceituamos por neutralidade da tributação. Essa mesma neutralidade está associada à idéia de eficiência do sistema tributário. Gabarito: letra “c”. (AFRF/SRF – ESAF/2002) Segundo o princípio da eqüidade, na teoria da tributação, dois critérios são propostos: a classificação dos indivíduos que são considerados iguais e o estabelecimento de normas adequadas de diferenciação. Indique quais são esses critérios: a) Neutralidade e eficiência b) Benefício e capacidade de pagamento c) Unidade e universalidade d) Eficiência e justiça e) Produtividade e eficiência. Comentários: Perceba que a questão já fala do princípio da equidade, solicitando ao concursando os critérios utilizados para a aplicação deste princípio. A única estranheza, na forma de pegadinha, refere-se à conceituação do primeiro critério utilizado: a classificação dos indivíduos que são considerados iguais. Esse conceito remete ao que definimos por equidade horizontal, em que é dispensa de tratamento igual aos iguais. O segundo critério vai CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 30 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br direto ao ponto: estabelecimento de normas adequadas de diferenciação. O estabelecimento de diferenciação, no que se refere à equidade, está diretamente relacionado ao princípio da capacidade de pagamento. Bem, por eliminação já poderíamos marcar a letra “b” que é o gabarito, mas é importante considerarmos o seguinte: Conforme verificamos, de acordo com o princípio do benefício, o consumidor deve pagar ao governo, na forma de tributos, o equivalente ao total de benefícios que este recebe. Ou seja, todos aqueles que recebem benefício na forma de bens públicos, iguais, devem pagar a mesma tributação. Gabarito: letra “b”. (AFRF/SRF – ESAF/2002) A principal fonte de receita do setor público é a arrecadação tributária. Com relação às características de um sistema tributário ideal, assinale a opção falsa: a) A distribuição do ônus tributário deve ser eqüitativa. b) A cobrança dos impostos deve ser conduzida no sentido de onerar mais aquelas pessoas com maior capacidade de pagamento. c) O sistema tributário deve ser estruturado de forma a interferir o minimamente possível na alocação de recursos da economia. d) O sistema tributário deve ser eficiente e maximizar os custos de fiscalização da arrecadação. e) O sistema tributário deve ser de fácil compreensão para o contribuinte e de fácil arrecadação para o governo. Comentários: Essa questão é moleza. Entendoque mesmo não tendo estudado a matéria, e estando atento na interpretação das alternativas, marcaríamos a letra “d”. Não é razoável que os custos de fiscalização da arrecadação tributária CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 31 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br sejam maximizados. Quando o sistema tributário é eficiente - parte correta da questão – o custo para o controle da arrecadação já é minimizado. Não obstante, é importante que o trabalho de fiscalização da arrecadação seja feito de forma mais eficiente possível e menos custosa aos cofres públicos. As demais alternativas tendem a maximizar o chamado “sistema tributário ideal”. Findadas a abordagem da parte teórica da aula, passamos agora a realização de exercícios baseados em provas anteriores. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 32 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Questões Propostas: 1 - (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) Quando um determinado imposto é criticado por ser regressivo, o princípio tributário no qual a crítica se baseia é o princípio da(o) (A) capacidade econômica do contribuinte. (B) eficiência econômica. (C) neutralidade alocativa. (D) facilidade administrativa. (E) benefício ao contribuinte. 2 - (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) No estabelecimento de um sistema tributário, o clássico Princípio da Equidade sugere que (A) um imposto que incida mais de uma vez sobre uma atividade produtiva não é adequado. (B) os tributos devem incentivar os investimentos e o crescimento da economia. (C) os impostos devem corrigir as distorções na alocação de recursos causadas pelas imperfeições de mercado. (D) a capacidade individual de contribuição é um critério importante para a escolha dos tributos. (E) a política fiscal deve ser usada para a estabilização da economia. 3 - (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008)Uma das razões importantes para a presença do estado na economia é a existência de externalidades negativas e positivas. A esse respeito, pode-se afirmar que (A) a poluição das águas pelas indústrias é uma externalidade negativa e deveria ser totalmente proibida. (B) a solução eficiente para resolver o problema do ruído excessivo nos aeroportos é mudar a localização dos mesmos para longe das áreas residenciais. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 33 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br (C) as externalidades só ocorrem quando as pessoas produzem ou consomem bens públicos. (D) o consumidor de certo bem, cuja produção implicou em poluição ambiental, não deveria pagar pela poluição; o produtor é que deveria. (E) quando uma pessoa não se vacina contra uma doença infecciosa está impondo aos demais uma externalidade negativa. 4 – (ECONOMISTA/ELETROBRÁS – CESGRANRIO/2010) Uma das diferenças dos bens privados, em relação aos bens públicos, é que são a) produzidos por empresas privadas. b) produzidos para um grupo privado e específico de consumidores. c) rivais, isto é, quando uma pessoa consome o bem impede que outra o faça. d) geradores de benefícios privados, apenas. e) superiores, isto é, o custo de excluir uma pessoa de seu consumo é baixo. 5 – (ECONOMISTA/PETROBRÁS – CESGRANRIO/2010) Analise as possíveis características de um certo bem. I - O público em geral tem acesso a ele. II - O custo de excluir pessoas de usá-lo é muito elevado. III - Ele é produzido por uma empresa do setor público. IV - Uma pessoa pode consumi-lo sem que isto impeça outra pessoa de fazê-lo também. V - Traz benefícios para o público em geral. Para ser considerado um bem público, deve atender APENAS às características a) I e II. b) I e V. c) II e III. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 34 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br d) II e IV. e) III e V. 6 – (APO/MPOG – ESAF/2008) O sistema de mercado não leva a uma justa distribuição da renda, sendo necessário que o Estado exerça essa função: a) alocativa b) estabilizadora c) distributiva d) planejadora e) de crescimento econômico 7 - (AFC/STN – ESAF/2008) A aplicação das diversas políticas econômicas a fim de promover o emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da incapacidade do mercado em assegurar o atingimento de tais objetivos, compreende a seguinte função do Governo: a) Função Estabilizadora. b) Função Distributiva. c) Função Monetária. d) Função Desenvolvimentista. e) Função Alocativa. 8 - (AFC/STN – ESAF/2008) Sob determinadas condições, os mercados privados não asseguram uma alocação eficiente de recursos. Em particular, na presença de externalidades e de bens públicos, os preços de mercado não refletem, de forma adequada, o problema da escolha em condições de escassez que permeia a questão econômica, abrindo espaço para a intervenção do governo na economia, de forma a restaurar as condições de eficiência no sentido de Pareto. Nesse contexto, é incorreto afirmar: CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 35 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br a) externalidades ocorrem quando o consumo e/ou a produção de um determinado bem afetam os consumidores e/ou produtores, em outros mercados, e esses impactos não são considerados no preço de mercado do bem em questão. b) consumidores podem causar externalidades sobre produtores e vice- versa. c) a correção de externalidades, pelo governo, pode ser feita mediante tributação corretiva, no caso de externalidades positivas, ou aplicação de subsídios, no caso de externalidades negativas. d) um exemplo de bem público puro é o sistema de defesa nacional, cujo consumo se caracteriza por ser não-excludente e não-rival. e) falhas de mercado são fenômenos que impedem que a economia alcance o estado de bem-estar social, por meio do livre mercado, sem interferência do governo. 9 - (AFC/CGU – ESAF/2004) A necessidade de atuação econômica do setor público prende-se à constatação de que o sistema de preços não consegue cumprir adequadamente algumas tarefas ou funções. Assim, é correto afirmar que a) a função distributiva do governo está associada ao fornecimento de bens e serviços não oferecidos eficientemente pelo sistema de mercado. b) a função alocativa do governo está relacionada com a intervenção do Estado na economia para alterar o comportamento dos níveis de preços e emprego. c) o governo funciona como agente redistribuidor de renda através da tributação, retirando recursos dos segmentos mais ricos da sociedade e transferindo-os para os segmentos menos favorecidos. d) a função estabilizadora do governo está relacionada ao fato de que o sistema de preços não leva a uma justa distribuição de renda. e) a distribuição pessoal de renda pode ser implementada por meio de uma estrutura tarifária regressiva. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 36 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 10 - (AFC/STN – ESAF/2005) Devido a falhas de mercado e tendo em vistaa necessidade de aumentar o bem-estar da sociedade, o setor público intervém na economia. Identifique a opção correta inerente à função alocativa. a) O setor público oferece bens e serviços públicos, ou interfere na oferta do setor privado, por meio da política fiscal. b) O setor público age na redistribuição da renda e da riqueza entre as classes sociais. c) Adotando políticas monetárias e fiscais, o governo procura aumentar o nível de emprego e reduzir a taxa de inflação. d) Adotando políticas monetárias e fiscais, o governo procura manter a estabilidade da moeda. e) O governo estabelece impostos progressivos, com o fim de gastar mais em áreas mais pobres e investir em áreas que beneficiem as pessoas carentes, como a educação e saúde. 11 – (Analista em Gestão Adm./Sec. Estado de Pernambuco – FGV- RIO/2008) A respeito das funções do governo, é correto afirmar que: a) a função alocativa está associada às chamadas “falhas de mercado” e se justifica quando o resultado distributivo do mecanismo de mercado não for considerado socialmente desejado. b)quando o governo decide destinar parte de recursos públicos para os setores de saúde e educação, está exercendo sua função estabilizadora. c) a atividade de compra e venda de títulos pelo governo em mercados primários e secundários está associada à sua função reguladora. d) as três funções tradicionais associadas ao governo na literatura das finanças públicas são as funções alocativa, estabilizadora e reguladora. e) a função estabilizadora diz respeito à manutenção da estabilidade econômica e justifica-se para atenuar o impacto de crises. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 37 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 12 - (AUDITOR/TCE-AL – FCC/2008) Analise as assertivas abaixo. I. A implementação de programas como o Bolsa Família visa promover melhor distribuição de renda. II. A função estabilizadora ou anticíclica das políticas governamentais pode ser cumprida por meio da adoção de medidas tais como a concessão do seguro desemprego. III. A redução da alíquota do IPI incidente sobre perfis de ferro ou aço não ligado de 5% para 0%, conforme Decreto no 6.024/07, é um instrumento válido para que o governo cumpra a função alocativa da política econômica. IV. A adoção de medidas como as que integram o Programa de Aceleração do Crescimento não contribui para que o governo cumpra nenhuma das funções da política econômica, a saber: alocativa, redistributiva e/ou estabilizadora. Estão corretas: a) I, II e III, apenas. b) I, II e IV, apenas. c) I, III e IV, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 13 - (AFC/STN – ESAF/2005) No que diz respeito aos bens públicos, semipúblicos e privados, indique a única opção incorreta. a) Bens públicos são os bens que o mecanismo de preços não consegue orientar os investimentos a fim de efetuar sua produção. b) Bens públicos têm a característica de serem usados por todos, indistintamente, não importando o nível de renda ou condição social. c) Bens semipúblicos satisfazem ao princípio da exclusão, mas são produzidos pelo Estado. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 38 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br d) O serviço meteorológico é um exemplo de bem de consumo não rival. e) Serviços de saúde e saneamento são bens públicos, uma vez que seus custos podem implicar preços muito altos para que as pessoas pobres possam ter acesso aos mesmos. 14 - (AFC/CGU – ESAF/2004) Com base na Teoria das Finanças Públicas, assinale a única opção falsa. a) Um bem público puro é caracterizado por ter seu consumo não rival e não excludente. b) Bens privados são aqueles cujo consumo é tanto rival quanto excludente e são providos eficientemente em mercados competitivos. c) A exclusão permite que o produtor do bem privado possa ser pago sempre que um consumidor fizer uso do mesmo. d) Um exemplo de bem público puro é segurança nacional. e) Há rivalidade no consumo de um bem se o consumo desse bem por parte de uma pessoa aumenta a disponibilidade do mesmo para as outras. 15 - (AFC/CGU – ESAF/2006) No mundo real, mercados perfeitamente competitivos são raros, existindo falhas de mercado que justificam a intervenção do governo. Identifique a opção falsa. a) São exemplos de falhas de mercado a existência de bens públicos e de externalidades. b) Os bens públicos puros possuem as características de não-rivalidade e de impossibilidade de exclusão de seu consumo. c) O sistema de preços reflete apenas os custos e os benefícios privados, sendo necessária a presença do governo para incorporar as externalidades ao custo privado, mediante, por exemplo, a tributação ou incentivo fiscal. d) Diz-se que uma externalidade tem lugar quando a atividade econômica dos indivíduos, na produção, consumo ou troca, não afeta e não interfere com o interesse dos outros indivíduos. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 39 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br e) Há externalidades positivas que podem demandar a intervenção do governo para que não haja uma suboferta. 16 - (AFC/STN – ESAF/2008) Assim entendida como a atuação do governo no que diz respeito à arrecadação de impostos e aos gastos públicos, a política fiscal possui como objetivos, exceto: a) prestação de serviços públicos (atendimento de necessidades da comunidade). b) redistribuição de renda (bem-estar social). c) estabilização econômica, que corresponde ao controle da demanda agregada (C+I+G+X-Z) no curto prazo. d) promoção do desenvolvimento econômico, que corresponde ao estímulo da oferta agregada. e) controle da moeda nacional em relação a outras moedas. 17 – (APO/MPOG – ESAF/2008) A política fiscal pode ser dividida em duas grandes partes: a política tributária e a política de gastos públicos. No que se refere à política fiscal, assinale a única opção incorreta. a) Quando o governo aumenta os gastos públicos,diz-se que a política fiscal é expansionista. b) Os gastos do governo podem ser divididos em dois grandes grupos: despesas correntes e as de capital. c) A política fiscal será expansionista ou contracionista dependendo do que o governo está pretendendo atingir com a política de gastos. d) O governo também pode atuar sobre o sistema tributário de forma a alterar as despesas do setor privado (entre bens, entre consumo e investimento, por exemplo) e a incentivar determinados segmentos produtivos. e) As despesas correntes do governo referem-se às despesas que o governo efetua para manter e aumentar a capacidade de produção de bens e serviços no país (construção de escolas e de hospitais, por exemplo). CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 40 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 18 - (APO/Séc. Fazenda de São Paulo – ESAF/2009) Assinale a opção falsa com relação aos Princípios Teóricos da Tributação. a) Do ponto de vista do princípio do benefício, os impostos são vistos como preços que os cidadãos pagam pelas mercadorias e serviços que adquirem por meio de seus governos, presumivelmente cobrados de acordo com os benefícios individuais direta ou indiretamente recebidos. b) A neutralidade, na ótica da alocaçãode recursos, deveria ser complementada pela equidade na repartição da carga tributária. c) O princípio da capacidade de pagamento sugere que os contribuintes devem arcar com cargas fiscais que representem igual sacrifício de bem-estar, interpretado pelas perdas de satisfação no setor privado. d) Não existem meios práticos que permitam operacionalizar o critério do benefício, por não ser a produção pública sujeita à lei do preço. e) A equidade horizontal requer que indivíduos com diferentes habilidades paguem tributos em montantes diferenciados. 19 – (APO/MPOG – ESAF/2008) O financiamento para que o Estado cumpra suas funções com a sociedade é feito por meio de arrecadação tributária, ou receita fiscal. Identifique a única opção errada referente aos princípios de tributação. a) Pelo princípio da eqüidade, um imposto, além de ser neutro, deve ser equânime, no sentido de distribuir o seu ônus de maneira justa entre os indivíduos. b) De acordo com o princípio do benefício, um tributo justo é aquele em que cada contribuinte paga ao Estado um montante diretamente relacionado com os benefícios que recebe do governo. c) A neutralidade pode ser avaliada sob dois princípios: princípio do benefício e princípio da capacidade de pagamento. d) Os impostos podem ser utilizados na correção de ineficiências do setor privado. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 41 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br e) Os argumentos favoráveis à utilização da renda como capacidade de pagamento baseiam-se na abrangência desta medida, pois renda inclui consumo e poupança. 20 - (EPPGG/GOV. BAHIA – FCC/2004) Com base na teoria da tributação, é INCORRETO afirmar: a) O princípio do benefício afirma que o contribuinte deve contribuir com uma quantia proporcional aos benefícios gerados pelo consumo dos bens públicos. b) O conceito da neutralidade afirma que o imposto não deve provocar distorção na alocação de recursos da economia. c) O conceito de simplicidade relaciona-se com a facilidade da operacionalização da cobrança do tributo. d) O princípio da eqüidade vertical afirma que as contribuições dos contribuintes devem diferenciar-se conforme suas respectivas capacidades de pagamento. e) O princípio da eqüidade horizontal afirma que quem recebe menos renda deve pagar uma proporção maior de impostos relativamente às pessoas com renda mais alta. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 42 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Gabarito Comentado: 1 - (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) Quando um determinado imposto é criticado por ser regressivo, o princípio tributário no qual a crítica se baseia é o princípio da(o) (A) capacidade econômica do contribuinte. (B) eficiência econômica. (C) neutralidade alocativa. (D) facilidade administrativa. (E) benefício ao contribuinte. Comentários: Conforme entendimento definido em aula, um imposto regressivo é aquele que onera mais, proporcionalmente, aqueles que ganham menos. Um imposto com alíquot de 20% sobre a renda de quem ganha R$ 2.000,00 e com alíquota de 15% sobre quem ganha R$ 10.000,00 é um exemplo clássico de imposto regressivo. Essa característica faz com que o imposto regressivo não obedeça o princípio da capacidade de pagamento ou capacidade de contribuição de cada contribuinte. Gabarito: letra “a”. 2 - (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) No estabelecimento de um sistema tributário, o clássico Princípio da Equidade sugere que (A) um imposto que incida mais de uma vez sobre uma atividade produtiva não é adequado. (B) os tributos devem incentivar os investimentos e o crescimento da economia. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 43 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br (C) os impostos devem corrigir as distorções na alocação de recursos causadas pelas imperfeições de mercado. (D) a capacidade individual de contribuição é um critério importante para a escolha dos tributos. (E) a política fiscal deve ser usada para a estabilização da economia. Comentários: Essa questão não é tão fácil de ser resolvida. Conforme verificado em aula, o princípio da equidade se subdivide em equidade vertical e equidade horizontal. A equidade vertical afirma que indivíduos considerados desiguais (em termos econômicos) devem ser tratados de forma desigual. Já o princípio equidade horizontal afirma que os indivíduos considerados iguais devem ser tratados de forma igual. Os conceitos de equidade vertical e horizontal permitem a adequação da tributação incidente sobre as classes sociais existentes na economia do país. Caso estivesse regulamentado, o imposto sobre grandes fortunas deveria incidir somente sobre aqueles que possuíssem um nível de renda (e riqueza) consideravelmente alto, valendo para isso o estabelecimento de critérios objetivos. Assim sendo, estaria valendo o critério da equidade vertical, em que indivíduos desiguais seriam tratados de forma desigual. Da mesma forma, caso indivíduos com o mesmo nível de renda/riqueza alta fossem tributados, estaria sendo aplicado o princípio da equidade horizontal. Este entendimento leva a conclusão de que a assertiva correta é a letra “d”. As demais alternativas se associam a: CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 44 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br A – Trata-se de um imposto em cascata, o qual não se relaciona com o enunciado. B – Trata-se de uma dos objetivos da função alocativa a ser seguida pelo governo. C – Também se trata de uma alternativa relacionada à função alocativa. E - Trata-se de uma dos objetivos da função estabilizadora, aplicada mediante a utilização das políticas fiscal e monetária. Gabarito: letra “d”. 3 - (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) Uma das razões importantes para a presença do estado na economia é a existência de externalidades negativas e positivas. A esse respeito, pode-se afirmar que (A) a poluição das águas pelas indústrias é uma externalidade negativa e deveria ser totalmente proibida. A poluição das águas pelas indústrias é uma externalidade negativa decorrente da produção de bens necessários à sociedade. A forma de minimizar esta externalidade é por meio da imposição de sanções, a exemplo da cobrança de taxa que tem sua arrecadação destinada à despoluição ambiental. Assim sendo, pode-se afirmar que a melhor solução não seria a total proibição do processo de industrialização, mas sim a correção das externalidades geradas. (B) a solução eficiente para resolver o problema do ruído excessivo nos aeroportos é mudar a localização dos mesmos para longe das áreas residenciais. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 45 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Muito embora a mudança dos aeroportos para locais distantes dos grandes centros seja uma solução quanto ao problema do barulho excessivo, a própria mudança tende a trazer um considerável aumento de custos, uma vez que aumenta a distância de locomoção até, conjuntamente, o nível do trânsito para outras áreas da cidade. Em suma, esta política uma vez adotada,
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