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INSTITUTO PEDAGÓGICO DE MINAS GERAIS Módulo Específico Apostila 8 – Linguística da Língua Portuguesa Coordenação Pedagógica – IPEMIG Em parceria com a FACEL Belo Horizonte - 2011 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 03 1 LINGUÍSTICA ............................................................................................... 05 1.1 A divisão para estudos linguísticos ............................................................ 07 2 OS ASPECTOS DA LÍNGUA ....................................................................... 09 2.1 O dialeto .................................................................................................... 10 2.2 As gramáticas e a linguística ...................................................................... 12 3 AS VARIAÇÃOES LINGUÍSTICAS .............................................................. 17 3.1 Variação geográfica ................................................................................... 17 3.2 Variação estilística ..................................................................................... 19 3.3 Variação histórica ....................................................................................... 21 3.4 Variação social ........................................................................................... 22 4 AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS ............................................................... 24 4.1 A inteligência linguística ............................................................................. 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS E UTILIZADAS .......... 29 AVALIAÇÃO .................................................................................................... 32 3 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" INTRODUÇÃO Sejam bem vindos ao curso de Especialização em LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA, oferecido pelo Instituto Pedagógico de Minas Gerais - IPEMIG. Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos nossos/ seus alunos. Esta apostila explicita os fenômenos linguísticos, sociolinguísticos e seus aspectos fonológicos. Apresentam-se pressupostos de Labov, Chomsky, Saussure, Bakhtin entre outros. Os pressupostos estudados por Willian Labov, em sua corrente teórico- metodológica salienta a relação entre língua e sociedade. Sua teoria se opõe ao gerativismo proposto por Noam Chomsky. 4 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" Saussure defendia a relação entre língua e sociedade, mas tal concepção foi relegada por Chomsky, representando uma contradição, pois a língua falada é heterogênea. Este fenômeno é estudado pela Sociolinguística. Portanto, esta apostila traz as correntes que influenciaram os estudos da linguística e que até hoje são usados para explicar os fenômenos da linguagem. Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais importantes para a disciplina. Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 5 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" 1 LINGUÍSTICA A Linguística trata-se de um estudo de cunho científico da linguagem e seus fenômenos. O especialista em linguística é o linguista. A partir do início do século XIX, através do pensamento moderno sobre a linguagem, aparece a linguística comparativa. O seu objeto de estudo são as formas no seu próprio processo de mudança. Há uma investigação para saber como a linguagem era. A partir daí, busca-se reconstruir por meio da comparação, o passado da forma em questão. Depois apareceu o estruturalismo, pois havia no campo da linguística o problema da descrição. Saussure, ao estabelecer a língua como objeto da linguística, constituiu um objeto no qual não estavam incluídas as questões do sujeito, da relação com o mundo, e mesmo a questão da significação. No início do século XX, as pesquisas sobre os fenômenos da linguagem passaram por mudanças e apresentaram alguns principais movimentos nos estudos linguísticos através de Ferdinand Saussure, na universidade de Genebra, com um curso que mais tarde tornou-se em livro. m1339983 Realce m1339983 Realce 6 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" Com os problemas suscitados, Benveniste instala estudos enunciativos, levando em consideração o funcionamento da língua marcada pela relação daquele que fala, que se marca na estrutura da língua, desenvolvendo a semântica argumentativa. Esta salienta que o sentido são as relações retóricas que se marcam na língua, ou seja, a fala é um instrumento das relações de argumentação. Neste sentido, nesta semântica, o sentido não constitui uma relação da linguagem com o mundo, mas uma relação própria do acontecimento de enunciação que constitui os lugares do locutor e seu destinatário. Outro movimento dos estudos linguísticos do século XX ocorreu com Chomsky. Ele busca fundamentar uma nova posição biológica para a linguagem: o cognitivismo do século XVI. Deste modo, a linguagem está ligada à questão do pensamento, isto é, trata-se de um instrumento de expressão do próprio pensamento. Chomsky lança, portanto, a Gramática Gerativa e Transformacional que focaliza as relações das unidades linguísticas entre si, ou seja, a sintaxe. Para este pesquisador, as pessoas falam porque têm um órgão da linguagem, isto é, a capacidade ou competência para falar é inata à medida em que é biológica. Para Chomsky a questão é que o Humano é biologicamente universal e é o mesmo para todos, e a linguagem é parte desta caracterização naturalista e universal. Um outro movimento é a sociolinguística de Labov. Para ele,a língua é pensada como uma estrutura variável, através do qual é possível estabelecer relações entre uma divisão estratificada da sociedade e a variabilidade estatística da língua. Assim, a língua é pensada como algo distinto do linguístico e a socioliguística estabelece as correlações entre uma estratificação social e a variabilidade das estruturas linguísticas, suscitando ideias antropológicas e sociolinguísticas. Um terceiro momento dos estudos da linguagem no século XX busca pensar a relação entre a exterioridade e o linguístico como uma relação histórica e constitutiva: a Análise de Discurso. Pêcheux afirma que a análise do discurso m1339983 Realce m1339983 Realce 7 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" constitui como instrumento para pensar o histórico e o político como próprios do processo de significação do dizer (no qual se insere o sujeito). Para esta concepção, o objeto dos estudos é o discurso enquanto objeto linguístico e histórico. 1.1 A divisão para estudos linguísticos Os linguistas dividem o estudo da linguagem em certo número de áreas que são estudadas mais ou menos independentemente. Estas são as divisões mais comuns: Fonética: é o estudo dos diferentes sons empregados em linguagem; Fonologia: é o estudo dos padrões dos sons básicos de uma língua; Morfologia: é o estudo da estrutura interna das palavras; Sintaxe: é o estudo de como a linguagem combina palavras para formar frases gramaticais. Semântica: formal ou lexical, trata do estudo dos sentidos das frases e das palavras que a integram; Lexicologia: é o estudo do conjunto das palavras de um idioma; Terminologia: é estudo que se dedica ao conhecimento e análise dos léxicos especializados das ciências e das técnicas; Estilística: o estudo do estilo na linguagem; Pragmática: o estudo de como as oralizações são usadas (literalmente, figurativamente ou de quaisquer outras maneiras) nos atos comunicativos; Filologia: é o estudo dos textos e das linguagens antigas. Essas divisões não são aceitas por todos os linguistas. Nas gramáticas pedagógicas e nos livros didáticos adota-se a abordagem normativa da língua que apresenta um conjunto de regras que devem ser seguidas para a obtenção de uma fala e escrita correta, privilegiando a norma culta da língua. m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce 8 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" A abordagem descritiva tem a preocupação com o efetivo uso, com as regras que são seguidas pelos falantes, havendo a preocupação com a descrição e/ou a explicação do que acontece na realidade e não do que deveria acontecer. Pode-se dizer que a abordagem normativa se preocupa com o que deve ser seguido, prescrevendo o que deve ocorrer, enquanto a abordagem descritiva orienta o trabalho dos linguistas, descrevendo o que deve ser seguido. m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce 9 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" 2 OS ASPECTOS DA LÍNGUA De acordo com Chomsky (1978), cada língua em particular é uma manifestação específica do estado inicial uniforme. A língua no modelo gerativista é concebida como uma capacidade inata do ser humano devido aos fatores neuro- genético-biológicos. Desta forma, para este mesmo autor, a criança teria sua capacidade de aprender a língua devido à faculdade da linguagem, seria capaz de reconhecer sentenças como gramaticais ou agramaticais da sua língua por meio da competência linguística e só seria capaz de aprender uma língua que seguisse os princípios da gramática universal. Chomsky (1978) considera que o sujeito que dominar um conjunto finito de regra é capaz de produzir um número infinito de sentenças. Pode-se dizer que os estudos chomskyanos são chamados de gerativismo que propõe o uso de uma gramática gerativa, relacionada com as possibilidades de cada língua de gerar expressões. Segundo Perini (1985), a língua é tida como um conjunto de sentenças, sendo que cada uma delas é formada por uma cadeia de elementos, palavras e morfemas. Para este mesmo autor, o uso da língua é resultado desse complexo de fatores linguísticos e extralinguísticos que se denomina desempenho. Para Perini (1985), o desempenho é aquilo que a pessoa realiza quando fala, ou quando ouve, ou escreve ou lê. De acordo com Crystal (1988), há vários conceitos para a palavra língua e um desses conceitos seria que o ato concreto de fala como um dos sentidos que a língua tem, em seu nível mais específico. m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce 10 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" Para Saussure (1995), a língua é um fenômeno interdisciplinar, sendo que em que cada uma das disciplinas que a estuda lhe conceitua da forma que melhor lhe convém, levando em consideração o seu objeto e objetivo. Ainda, segundo Saussure (1995), a língua é um objeto homogêneo, caracterizado como um sistema de forma que se caracteriza pelas relações que têm umas com as outras. Saussure (1995) salienta que a língua é um sistema de signos em que o seu funcionamento baseia-se em um número de regras. Sendo assim, é considerado um código que permite estabelecer uma comunicação entre um emissor e um receptor. Para ele, a língua é um fenômeno social, adquirido e resultante de uma convenção, sem sua apropriação não é possível a compreender o outro, mas nenhum sujeito é detentor da língua, ela somente existe e é completa no todo. Para esse mesmo autor, a língua é um sistema finito de signos utilizados para a comunicação. O seu significado está no plano das ideias, os significantes estão no plano da expressão. A partir de Chomsky e de Saussure, pode-se dizer que a língua é um sistema de signos linguísticos, e que o conhecimento deste sistema pelos sujeitos pode criar sentenças. Há outras abordagens linguísticas que introduzem aspectos em que a língua é um ato concreto de fala, através da realização da interlocução humana, sendo que a própria língua se constitui como o instrumento fundamental para que esse processo ocorra. Para Saussure (1995), a língua é um sistema de signos; e para Chomsky (1978), um conjunto de sentenças. 2.1 O dialeto O dialeto trata-se de: Uma variedade da língua; m1339983 Realce 11 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" Maneira de falar própria de determinado grupo de falantes da língua; Identifica-se por peculiaridades de pronúncia, de vocabulário e de gramática. O dialeto refere-se ao uso da língua próprio de determinada região (dialeto regional ou geográfico). Em sentido mais amplo e corrente em sociolinguística este termo se aplica ao uso da língua que identifica: Estratos sociais diferentes (dialetos sociais); Gerações diferentes (dialetos etários); Sexo diferente (dialeto feminino, dialeto masculino). 2.2 As gramáticas e a linguística Conforme Geraldi (1997),toda metodologia de ensino articula uma opção política com os mecanismos utilizados em sala de aula. A opção política envolve uma teoria de compreensão da realidade, aí incluída uma concepção de linguagem que dá resposta ao “para que ensinamos e o que ensinamos”. De acordo com Travaglia (1997), o fenômeno linguístico é reduzido a um ato racional, a um ato monológico, individual, que não é afetado pelo outro nem pelas circunstâncias que constituem a situação social em que a enunciação acontece. O fato linguístico é um ato individual, cuja expressão só depende da capacidade do falante em organizar o pensamento de maneira lógica. O conceito que mais se vê na gramática normativa está na ideia de que saber uma língua é saber teoria gramatical. Este pensamento lógico proporciona uma linguagem lógica e deve incorporar regras, segundo a gramática normativa. Para Franchi (1991), a gramática normativa trata-se de um conjunto sistemático de normas para falar e escrever bem, estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos bons escritores. Neste sentido, fala e escreve bem aquele que organiza logicamente o seu pensamento. Franchi (1991) também ressalta que a língua é um código, um conjunto de signos, combinados através de regras, que possibilita ao emissor transmitir uma 12 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" mensagem ao receptor, servindo como meio de comunicação entre os indivíduos. Nesse aspecto, privilegia-se a forma, o componente material da língua, em detrimento do conteúdo, da significação e dos elementos extralinguísticos. Diante disso, Travaglia (1997), considera que nessa concepção, o que o indivíduo faz ao usar a língua não é tão somente traduzir ou exteriorizar um pensamento ou transmitir informações a outrem, mas sim realizar ações, agir, atuar sobre o interlocutor (ouvinte/leitor). Deste modo, através dessa proposta, a concepção interacionista contrapõe- se às visões conservadoras da língua, que a considera um objeto sem história e sem interferência dos fatores sociais. Essa concepção é vista na linguística textual, Análise do Discurso, Análise da Conversação, Semântica Argumentativa e Estudos da Pragmática, correntes que colocam as condições de produção do discurso no centro de toda a reflexão sobre a linguagem. Bakhtin (1977) salienta as correntes linguísticas conservadoras, ao afirmar que: Na prática viva da língua, a consciência linguística do locutor e do receptor nada tem a ver com o sistema abstrato de formas normativas, mas apenas com a linguagem no sentido de conjunto dos contextos possíveis de uso de cada forma particular. De acordo com Bakhtin (1977), a língua é produzida socialmente. Isto quer dizer que a sua produção e reprodução é fato cotidiano, localizado no tempo e no espaço da vida dos homens: uma questão dentro da vida e morte, do prazer e do sofrer. No Brasil, por exemplo, em que a sociedade é dividida em relação à economia e política, isola-se também os grupos, distribuindo a miséria entre a maioria. A língua não poderia deixar de ser a expressão dessa mesma situação. Para Suassuna (1999), ao analisar as gramáticas antigas do Português e comparando-se com as mais recentes, pode-se constatar que todas mantêm as características, seguindo o rigoroso método histórico-comparativo através das descrições e normas apresentadas para falar e escrever corretamente. 13 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" Os problemas relativos à gramática são devidos a várias questões, entre elas aparecem: O ensino de terminologias; De metalinguagem, e não da língua propriamente; As definições das classes das palavras; A visão preconceituosa da língua, expressa ora na censura a certos usos, ora na exclusão de determinadas construções; A análise pela análise, ou seja, não se discutem regras de construção, dando- se prioridade a certas informações acerca da língua, levando os alunos a reproduzir e quase nunca a sistematizar; A abordagem da língua sem referência a seus usos ou às situações concretas em que ela é produzida; Exemplificações falhas e classificações errôneas; Consideração da frase como limite máximo de análise, como ocorre com muitas gramáticas que não resultam de um trabalho de pesquisa ou de um acompanhamento das transformações sofridas pela língua; e, Distribuição aleatória de conteúdos, sem adequação a determinados objetivos de ensino (SUASSUNA, 1999). Em relação aos problemas supracitados, postula-se que o componente gramatical é tanto mais efetivo quanto mais sua organização se assemelhar à produção linguística do indivíduo. (HENGEVELD, MACKENZIE, 2009). Assim, como a produção começa com as intenções comunicativas e procede em direção descendente até a articulação, propõe-se uma implementação dinâmica da gramática como pode ser observado na figura a seguir: 14 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" Para estes autores, é preciso começar com a informação que provém do componente conceitual e termina com uma representação fonológica a ser transmitida ao componente de saída dentro do discurso. É preciso observar os operadores para compreender o texto, descomplicando, assim, o uso das gramáticas. Para tanto, cabe dizer que a Gramática Discursivo-Funcional deriva-se do fato de se enfatizar o ato discursivo, a fim de não restringir a orações completas; abrangendo tanto as unidades maiores quanto as menores do que as orações completas na compreensão do texto (HENGEVELD, MACKENZIE, 2009). Na descrição de atos discursivos, deve-se reconhecer a necessidade de postular tanto um componente gramatical quanto três componentes adicionais que interagem com o componente gramatical: O componente conceitual: surge a intenção comunicativa; 15 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" O componente contextual: armazena todos os aspectos da comunicação que podem influenciar o funcionamento do componente gramatical; O componente de saída: responsável pela tradução da representação fonológica do ato discursivo para a forma fonética (HENGEVELD, MACKENZIE, 2009). Deste modo, há que se concordar com os autores acima quando inferem que o professor que domina tais conhecimentos tem mais chances de obter sucesso no ensino da produção e interpretação textual de seus alunos, uma vez que conhecem os fatores gramaticais que operam a linguagem. Outro problema é o da ortografia que dificulta o ensino de português. O erro ortográfico é supervalorizado, passando a ser o único critério de avaliação do texto escrito para muitos professores. As variedades linguísticas são aceitas como formas legítimas de expressão e a norma culta é vista como uma variante, apenas mais uma variante, e não como a única responsável pelo que é certo, nem como exclusiva expressão da cultura linguística (SUASSUNA, 1999). O texto (escrito e oral) deve ser visto como instrumento de ensino- aprendizagem, possibilitando-se o diálogo com outros textos que remetem a textos passados e que farão surgir textos futuros (GERALDI, 1997). Diante disso, percebe-se que a língua oral tem mais riqueza na comunicação, uma vez que o falante conta com muitos recursos para expressar suas ideias. Ao relacionarsignos linguísticos com o contexto, todo falante, independente da sua condição de vida ou faixa etária, carrega em sua fala elementos extralinguísticos. Para a complementação do discurso oral, parece não haver situação em que os dêiticos deixem de aparecer. Em situações correntes de uso da linguagem humana a dêixis constrói a ligação entre uma expressão linguística e um elemento da situação de enunciação. A situação é tomada como ponto de partida, num ato particular de produção discursiva, feitos pelo sujeito egocêntrico Eu, no momento presente. 16 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" Para Lavarda e Bidarra (2007), a Dêixis é uma palavra de origem grega deíknymi, que significa, ação de mostrar. Este conceito passou a fazer parte da teoria linguística, tendo sido introduzida para indicar os traços orientacionais da língua relacionados ao tempo e ao lugar do enunciado. Trata-se de uma referência exofórica que se estabelece entre uma expressão linguística e um elemento externo ao enunciado. É uma manifestação típica presente na comunicação aberta, com finalidade de enfatizar os referentes e situá-los no momento da enunciação, num determinado espaço, em relação ao emissor e ao receptor durante uma conversação. Para Ilari e Geraldi citados por Lavarda e Bidarra (2007), os dêiticos realizam os fenômenos da dêixis que é o ato de mostrar, apontar (aqui, ali, lá) que é um dos traços que distinguem a linguagem humana das linguagens artificiais. Geraldo (1995) afirma que aceitar a interação verbal como fundante do processo pedagógico é deslocar-se continuamente de planejamentos rígidos para programas de estudos elaborados no decorrer do próprio processo de ensino e aprendizagem, assim, deve-se levar em conta toda manifestação da língua, seja ela escrita ou falada. 17 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" 3 AS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 3.1 Variação geográfica Sabe-se que o Brasil possui um imenso território, com regiões geográficas diversificadas, ricas em cultura. Desta forma, o país apresenta diferentes formas de: Pronúncia; Vocabulário; Estrutura sintática entre outros. No Brasil, os estudos sobre os dialetos teve início por volta de 1920, com o Dialeto caipira, de Amadeu Amaral. Este trabalho teve grande significado, uma vez que perceberam a necessidade de recolher os falares, condenados a perecerem pela progressiva nivelação cultural. Foi Amadeu Amaral quem iniciou as pesquisas e, posteriormente, abriu caminho para outras novas pesquisas, como por exemplo, o de Antenor Nascentes sobre o linguajar carioca publicado em (1922). De acordo com Antenor Nascentes, foi necessário dividir o falar brasileiro em seis subfalares que reuniu em dois grandes grupos os quais foram chamados de Norte e Sul. Basta uma frase ou uma palavra para caracterizar as pessoas pertencentes a cada um destes grupos. Eles estão separados por uma zona que ocupa os extremos setentrional e meridional do país. Esta zona se estende da foz do rio Mucuri, entre Espírito Santo e Bahia, até o Estado de Mato Grosso. Para Nascentes o falar do Norte e do Sul apresenta traços diferenciadores fundamentais: A abertura das vogais pretônicas no Norte em palavras que não sejam diminutivos nem advérbios terminados em –mente; A cadência do ritmo frasal, “cantada” no Norte, e normal ou descansada no Sul. 18 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" Estes espaços admitem seis subfalares – no Norte: amazônico e nordestino; e no Sul: baiano, fluminense, mineiro e o sulista. A variação se manifesta com maior evidência no léxico (vocabulário), nas realizações de determinados sons, como o “r”, “o”, “e”, “t” e no ritmo da fala, de maneira a distinguir áreas linguísticas e falares. Para exemplificar, podemos usar o nome de uma planta conhecida da família da euforbiáceas. Em cada região ela possui uma denominação. Em Minas Gerais é conhecida como mandioca, no Rio de Janeiro como aipim e em Pernambuco, macaxeira. Isso trata-se de uma manifestação lexical da sinonímia. É relevante lembrar que tal fenômeno se encerra no âmbito geográfico, mas é fundamentado no histórico; uma vez que todas as variações provêm da língua indígena tupi, que por um período breve – durante a colonização – foi largamente utilizada no país. Em uma comunidade ampla, formam-se comunidades linguísticas menores em torno da cultura, política e economia, definindo os padrões linguísticos utilizados na região de sua influência. O fenômeno da globalização é um processo que homogeneíza os falares, trazida pela mídia, incorporando ao falar das regiões. Outras expressões também manifestam as variações como: “ficar para titia” que significa ficar solteirona era usada mais na região Sudeste. Nas regiões Norte e Nordeste se falava “ficar vitalina”, expressão feita com em alusão à Santa Vitalina; E “ficar no caritó” era uma espécie de prateleira rústica, nas casas pobres, onde são colocados os objetos de pouco uso, com o advento da televisão, hoje “ficar vitalina” e “ficar caritó” são usadas mais nas dramaturgias como forma de evidenciar o falar nortista e nordestino. Entende-se que as diferenças linguísticas entre as regiões são graduais e que nem sempre coincidem com as fronteiras. A definição de áreas linguísticas 19 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" fundamenta a indicação de diferenças e identidades, além de estabelecer as variáveis sociais ligadas à distribuição espacial. 3.2 Variação estilística Pode-se dizer que a variação estilística trata-se da expressividade individual da língua. Tal expressividade, mesmo para um único indivíduo, pode ser diversificada em vários contextos e/ou situações de comunicação. Por exemplo: Situação de comunicação em cenário familiar; No âmbito profissional; Deve-se levar em consideração o nível de intimidade; O assunto a ser tratado; E emissores e receptores. É preciso levar em consideração os elementos de comunicação: Emissor; Receptor; E situação. A identidade do emissor pode influenciar as variedades linguísticas. Enquanto que a identidade do receptor pode implicar a escolha do tratamento e uma busca de adaptação. Uma pessoa que tem muito estudo e precisa comunicar-se com pessoas que não tiveram contato com a linguagem culta, deve levar em consideração a situação comunicativa, determinando uma variedade menos formal e mais próxima de entendimento do receptor. Desta forma, a comunicação será eficiente. Há dois limites de estilo: 20 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" O informal, quando há pouca reflexão do falante sobre as normas linguísticas utilizadas no processo de comunicação do dia-a-dia. O formal, quando o grau de reflexão é alto, as conversações não são coloquiais e o assunto é culto, bem elaborado. Há vários fatores que determinam a escolha da variação linguística nas diversas situações de comunicação. Pode-se destacar a influência dos seguintes fatores: Profissional: por exemplo, um sujeitoque faz parte de um grupo de baixa escolaridade, e desenvolve um vocabulário mais complexo, pode passar por situações difíceis em relação aos outros sujeitos que não desenvolveram tal competência. Familiar: uma pessoa de baixa escolaridade ouve uma notícia jornalística (padronizada, com o uso da norma culta da língua), mas está fora do conhecimento do ouvinte; Um parecer: quando um magistrado, um advogado expõem os fatos analisados para um júri, que apesar de ter uma escolaridade média, não compreendem o que falaram. As pessoas apresentam desvios em relação às normas gramaticais na língua falada, uns com mais desvios, outras como menos. Como o processo de comunicação é dinâmico, essa variação pode ocorrer. No entanto, ao se registrar a língua de forma escrita é preciso zelar e ter preocupação com o intuito de respeitar as normas gramaticais. As modalidades de variação linguística não acontecem de forma isolada, há relação entre elas. Assim, pode-se dizer que no caso de uma variante histórica pode resultar em uma variante geográfica; uma variante geográfica pode ser vista como uma variante social ao se considerar a migração entre regiões. As variedades linguísticas manifestam, no Brasil, a diversidade e riqueza da língua portuguesa. No entanto, mesmo o país apresentando tamanha diversidade, ainda se considera que a norma padrão é a forma considerada a certa. m1339983 Realce 21 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" Este pressuposto é reforçado pelo fato de as escolas a usarem e a terem como meio de ascensão social. A variante formal é importante e sustenta a língua, mas não pode ser considerada como única. Devem-se levar em consideração as raízes do português arcaico. A priorização do ensino da norma culta e o desrespeito às demais variações trata-se de um preconceito linguístico. Segundo estudiosos, a norma culta está relacionada à linguagem da classe dominante. Todavia, esta classe não é composta por indivíduos de um único meio nem com a mesma formação. Uma minoria sente-se capaz e confiante em utilizá-la. A grande maioria dos brasileiros utiliza a língua despreocupadamente; comunicam-se de acordo com o dialeto em que estão inseridos. 3.3 Variação histórica Com o passar dos tempos, pode ocorrer a variação histórica que pode ser identificada através da comparação do uso da língua. Por exemplo, alguns textos antigos, de séculos passados, apresentam registros linguísticos bem diferentes dos textos atuais. Certas palavras ou expressões não são mais usadas ou estão em desuso. Alguns vocábulos permanecem, sofrendo modificações. Pode-se citar como exemplo, o uso de mesóclise. O sistema linguístico apresenta manifestações que têm origem nas necessidades expressivas do processo de comunicação. A mudança que ocorre na linguagem é gradativa e não acontece de um dia para o outro. Isso leva tempo. Muitas vezes acontece que uma variante utilizada por um grupo pequeno passa a ser falada por muitos indivíduos e torna-se popular. O novo termo passa a substituir o antigo. As mudanças na linguagem, através do tempo, ocupa uma dimensão histórica da variação linguística. Não acontece de repente e aponta formas diversificadas do falar de um povo em um determinado espaço de tempo. 22 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" 3.4 Variação social Os fatores sociais determinam a variação linguística social. Essas variações envolvem: Etnia; Sexo; Faixa etária; Grau de escolaridade; Grupo profissional. A relação da língua com os fatores sociais denomina-se, portanto, variação social. Esta variedade não compromete a compreensão entre os sujeitos, ou entre os indivíduos, pois certos casos em que pode ocorrer incoerência são sanados devido ao contexto em que ocorre o processo de comunicação. Percebe-se também que a norma culta toma vieses ou aspectos diferentes, tais como: Político; Econômico; Social; Cultural. Vale dizer que, no país, há um hiato entre as normas gramaticais e o respeito dos falantes em relação a essas normas. Segundo pesquisas, a língua possui muitos tipos de variações que implica a identidade do sujeito. A língua caracteriza o indivíduo através da fala, apontando qual é o seu perfil ou grupo a que indivíduo está inserido. Por isso é que se pode dizer que a língua é um meio de comunicação variável de um grupo social, isto é, de uma comunidade. Nesta acontecem a m1339983 Realce 23 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" experiência humana, indivíduos que ocupam papéis sociais diferentes, fatos sociais entre outros que estão carregados de processos comunicativos com conteúdo semântico diferente. Percebe-se que sociedades diferentes podem, também, vivenciar experiências diferentes que resultam em sistemas linguísticos: Léxico; Morfológico; Sintático. Deste modo, pode-se dizer que a língua é um signo que identifica a identidade. Sendo assim, ela não é neutra. É um elemento da comunicação privilegiado. Pode-se concluir também que a língua trata-se de uma manifestação do processo de comunicação entre os sujeitos. A língua é concebida como uma capacidade inata do ser humano devido aos fatores neuro-genético-biológicos. Enfim, a variação da língua abrange os aspectos social, histórico, geográfico e estilístico. As transformações que ocorrem são gradativas. Pode-se dizer que os fatores geográficos, históricos, sociais e estilísticos são elementos de transformação, agilizando o processo evolutivo da linguagem. O hiato existente entre a língua considera certa divergência daquela que é falada pelos brasileiros, causando a marginalização. A unidade linguística e seus caracteres similares estão presentes em todas as variações, sendo que a maneira de se expressar influencia no processo da comunicação. 24 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" 4 AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPAS Segundo Gama (1998) pesquisas recentes em desenvolvimento cognitivo e neuropsicologia sugerem que as habilidades cognitivas são bem mais diferenciadas e mais específicas do que se acreditava no começo do século XX. Neurologistas como Howard Gardner têm documentado que o sistema nervoso humano não é um órgão com propósito único nem tão pouco é infinitamente plástico. Acredita-se, hoje, que o sistema nervoso seja altamente diferenciado e que diferentes centros neurais processem diferentes tipos de informação. Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard, baseou-se nestas pesquisas para questionar a tradicional visão da inteligência, uma visão que enfatiza as habilidades linguística e lógico-matemética. Segundo Gardner, todos os indivíduos normais são capazes de uma atuação em pelo menos sete diferentes e, até certo ponto, independentes áreas intelectuais. Ele sugere que não existem habilidades gerais, duvida da possibilidade de se medir a inteligência através de testes de papel e lápis e dá grande importância a diferentes atuações valorizadas em culturas diversas. Finalmente, ele define inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que sejam significativos em um ou mais ambientes culturais.A Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner (1985) é uma alternativa para o conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que permite aos indivíduos uma performance, maior ou menor, em qualquer área de atuação. Sua insatisfação com a ideia de QI e com visões unitárias de inteligência, que focalizam, sobretudo, as habilidades importantes para o sucesso escolar, levou Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da habilidade para resolver problemas. Através da avaliação das atuações de diferentes profissionais em diversas culturas, e do repertório de habilidades dos seres humanos na busca de soluções, culturalmente apropriadas, para os seus problemas, Gardner trabalhou no sentido inverso ao desenvolvimento, retroagindo para eventualmente chegar às inteligências que deram origem a tais realizações. Na sua pesquisa, Gardner estudou também: 25 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" (a) o desenvolvimento de diferentes habilidades em crianças normais e crianças superdotadas; (b) adultos com lesões cerebrais e como estes não perdem a intensidade de sua produção intelectual, mas sim uma ou algumas habilidades, sem que outras habilidades sejam sequer atingidas; (c) populações ditas excepcionais, tais como idiot-savants e autistas, e como os primeiros podem dispor de apenas uma competência, sendo bastante incapazes nas demais funções cerebrais, enquanto as crianças autistas apresentam ausências nas suas habilidades intelectuais; (d) como se deu o desenvolvimento cognitivo através dos milênios. Psicólogo construtivista muito influenciado por Piaget, Gardner distingue-se de seu colega de Genebra na medida em que Piaget acreditava que todos os aspectos da simbolização partem de uma mesma função semiótica, enquanto que ele acredita que processos psicológicos independentes são empregados quando o indivíduo lida com símbolos linguísticos, numéricos gestuais ou outros. Segundo Gardner, uma criança pode ter um desempenho precoce em uma área (o que Piaget chamaria de pensamento formal) e estar na média ou mesmo abaixo da média em outra (o equivalente, por exemplo, ao estágio sensório-motor). Gardner descreve o desenvolvimento cognitivo como uma capacidade cada vez maior de entender e expressar significado em vários sistemas simbólicos utilizados num contexto cultural, e sugere que não há uma ligação necessária entre a capacidade ou estágio de desenvolvimento em uma área de desempenho e capacidades ou estágios em outras áreas ou domínios (MALKUS e col., 1988 apud GAMA, 1998). Num plano de análise psicológico, Gardner (1982) afirma que cada área ou domínio tem seu sistema simbólico próprio; num plano sociológico de estudo, cada domínio se caracteriza pelo desenvolvimento de competências valorizadas em culturas específicas. Gardner sugere, ainda, que as habilidades humanas não são organizadas de forma horizontal; ele propõe que se pense nessas habilidades como organizadas verticalmente, e que, ao invés de haver uma faculdade mental geral, como a 26 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" memória, talvez existam formas independentes de percepção, memória e aprendizado, em cada área ou domínio, com possíveis semelhanças entre as áreas, mas não necessariamente uma relação direta (GAMA, 1998). Gardner identificou as inteligências linguística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésica, interpessoal e intrapessoal. Postula que essas competências intelectuais são relativamente independentes, têm sua origem e limites genéticos próprios e substratos neuroanatômicos específicos e dispõem de processos cognitivos próprios. Segundo ele, os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos. Gardner ressalta que, embora estas inteligências sejam, até certo ponto, independentes uma das outras, elas raramente funcionam isoladamente. Embora algumas ocupações exemplifiquem uma inteligência, na maioria dos casos as ocupações ilustram bem a necessidade de uma combinação de inteligências. Por exemplo, um cirurgião necessita da acuidade da inteligência espacial combinada com a destreza da cinestésica. 4.1 A inteligência linguística Os componentes centrais da inteligência linguística são uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir ideias. Gardner indica que é a habilidade exibida na sua maior intensidade pelos poetas. Em crianças, esta habilidade se manifesta através da capacidade para contar histórias originais ou para relatar, com precisão, experiências vividas. A Linguística Verbal está relacionada às palavras e à linguagem escrita e falada. Domina a maior parte do universo educacional no ocidente. A produção da linguagem através de suas diversas formas, como poesia, humor, o contar histórias, gramática, metáforas, similaridades, raciocínio abstrato, pensamento simbólico, 27 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" padronização conceitual, leitura e escrita. Está presente em poetas, teatrólogos, escritores, novelistas, oradores e comediantes. Perfil: Entendimento da ordem e do significado das palavras. Capacidade de convencer alguém sobre um fato. Capacidade de explicar, ensinar e aprender. Senso de humor. Memória e lembrança. Análise metalinguística. Exemplos: Monteiro Lobato. Capacidade de lidar com a linguagem tanto na expressão verbal como escrita. Competência esta verificada nos escritores, oradores, políticos, professores, etc. De todas as inteligências, talvez a linguística seja a mais fácil de perceber em uma pessoa, pois a forma de comunicação verbal é um excelente termômetro para expressar às habilidades nesta área do espectro. Outros exemplos não tão extremos quanto o dos escritores, poetas, autores, etc. seriam aquelas pessoas que mesmo não tendo nenhum livro editado, possuem facilidade em elaborar relatórios, cartas comercias, petições judiciais, atestados, e todo e qualquer documento que exija uma boa e clara redação. Segundo Zenhas (2005) a característica marcante da inteligência linguística é o uso da linguagem. Os estudantes com este tipo de inteligência têm muita sensibilidade para os sentidos das palavras e para a sua manipulação. Manifestam gosto pela leitura e pela escrita. Comunicam bem, oralmente e por escrito. São eficazes na ligação das ideias e têm facilidade na sua transmissão. Pensam utilizando palavras. Abaixo, para finalizar esta apostila, Zenhas dá dicas de como os professores/educadores podem ajudar os alunos no desenvolvimento desta inteligência: Modelando a utilização de uma linguagem correta. Motivando-os a escrever e apoiando o seu trabalho. Demonstrando formas eficazes de comunicação. Lendo alto para os alunos, com frequência. Criando/desenvolvendo o gosto pela leitura. 28 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" Dando aos alunos oportunidades para, individualmente, lerem, escreverem, ouvirem e falarem. Promovendo debatessobre assuntos do programa de qualquer disciplina. Criando jornais de turma/escola. Promovendo correspondência em português com alunos de outras escolas/países lusófonos ou em língua estrangeira com jovens de outros países. A língua materna é transversal a todo o currículo. Ela está presente em todas as disciplinas. Por conseguinte, as atividades sugeridas são pertinentes em qualquer disciplina. A língua materna está também presente em qualquer contexto da vida cotidiana. É na família que a criança começa a ter contato com ela. As sugestões dadas são exequíveis igualmente em contexto familiar. 29 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ALI, M. Said. Gramática secundária da língua portuguesa. 8. ed. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1969. ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 43. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. ARAÚJO, Inês Lacerda. Do signo ao discurso: introdução à filosofia da linguagem. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é como se faz. 14 ed. São Paulo: Edições Loyola, 1999. BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. Hucitec: São Paulo, 1997. BECHARA, Evanildo. 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UECE, Vestibular, Prova de Português, 2005, PP. 1-4. www.centroescolardecopacabana.com.br 32 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" AVALIAÇÃO 1) Foi a partir do início do século XIX, através do pensamento moderno sobre a linguagem, que apareceu a linguística comparativa. Marque a alternativa que apresenta o correto objeto de estudo da linguística comparativa. A( ) é a linguagem estática. B( ) são as formas no seu próprio processo de mudança. C( ) são as formas fora do seu próprio processo de mudança. D( ) n.d.a. (nenhuma das alternativas) 2) No século XX, ocorreu com Chomsky um outro movimento dos estudos linguísticos. Marque a alternativa correta sobre a fundamentação de Chomsky. A( ) Ele buscou fundamentar uma nova posição biológica para a linguagem através do cognitivismo, pensamento do século XVI. B( ) Para ele, a linguagem não está ligada à questão do pensamento, isto é, trata- se de um instrumento de expressão do próprio pensamento. C( ) Para Chomsky, a linguagem está ligada à questão do pensamento, isto é, trata-se de um instrumento de expressão desligada do próprio pensamento. D( ) Ele buscou fundamentar uma nova posição biológica para a linguagem através do cognitivismo do século XVII. 3) Chomsky lança a Gramática Gerativa e Transformacional que tem como foco o seguinte: A( ) focaliza as relações das unidades linguísticas entresi, ou seja, a morfologia. B( ) as pessoas falam porque têm um órgão da linguagem, isto é, a capacidade ou competência para falar é nata à medida em que é biológica. m1339983 Realce m1339983 Realce 33 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" C( ) Para este pesquisador, a capacidade ou competência para falar é inata à medida em que é psicológica. D( ) focaliza as relações das unidades linguísticas entre si, ou seja, a sintaxe. 4) Os linguistas dividem o estudo da linguagem em certo número de áreas que são estudadas mais ou menos independentemente. A alternativa abaixo contempla corretamente essas divisões mais comuns: A( ) Fonética: é o estudo dos diferentes recursos gráficos empregados em linguagem; B( ) Fonologia: é o estudo dos padrões da grafia de uma língua; C( ) Morfologia: é o estudo da estrutura interna das palavras; D( ) Sintaxe: é o estudo de como a linguagem combina palavras para formar léxicos gramaticais. 5) Nas gramáticas pedagógicas e nos livros didáticos adota-se a abordagem normativa da língua. O que esta apresenta está afirmado na seguinte alternativa: A( ) apresenta um conjunto de regras que não devem ser seguidas para a obtenção de uma fala e escrita correta, privilegiando a norma culta da língua. B( ) apresenta um conjunto de regras que devem ser seguidas para a obtenção de uma fala e escrita correta, mas não privilegia a norma culta da língua. C( ) apresenta um conjunto de regras que devem ser seguidas para a obtenção de uma fala e escrita correta, privilegiando a norma culta da língua. D( ) n.d.a. m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce 34 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" 6) As afirmações abaixo falam sobre a abordagem descritiva, mas apenas uma está correta. A( ) tem a preocupação com o efetivo uso, regras que não são usadas pelos falantes. B( ) tem a preocupação com o efetivo uso, com as regras que são seguidas pelos falantes, havendo a preocupação com a descrição e/ou a explicação do que acontece na realidade e não do que deveria acontecer. C( ) só tem preocupação com a descrição e/ou a explicação do que acontece na realidade. D( ) não tem a preocupação com o efetivo uso, com as regras que são seguidas pelos falantes. 7) Sobre a abordagem normativa, tem-se a afirmativa correta: A( ) a abordagem normativa não se preocupa com o que deve ser seguido, prescrevendo o que deve ocorrer. B( ) a abordagem normativa se preocupa com o que deve ser seguido, mas não prescreve o que deve ocorrer. C( ) Sobre a abordagem normativa, pode-se dizer que esta se preocupa com o que pode ser seguido, prescrevendo o que deve ocorrer. D( ) Sobre a abordagem normativa, pode-se dizer que esta se preocupa com o que deve ser seguido, prescrevendo o que deve ocorrer. 8) Sobre a abordagem descritiva, tem-se a afirmativa correta: A( ) a abordagem descritiva de nada orienta o trabalho dos linguistas, no intuito de descrever o que deve ser seguido. B( ) a abordagem descritiva orienta o trabalho dos linguistas e descreve o que deve ser seguido. m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce 35 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" C( ) a abordagem descritiva orienta o trabalho dos linguistas, embora não descreva o que deve ser seguido. D( ) n.d.a. 9) As citações (definições) abaixo correspondem corretamente com os autores que as formularam, exceto: A( ) De acordo com Chomsky (1978), cada língua em particular é uma manifestação específica do estado inicial uniforme. A língua no modelo gerativista é concebida como uma capacidade inata do ser humano devido aos fatores neuro- genético-biológicos. B( ) Segundo Crystal (1988), há vários conceitos para a palavra língua e um desses conceitos seria que o ato concreto de fala como um dos sentidos que a língua tem, em seu nível mais específico. C( ) De acordo com Perini (1985) a língua é tida como um conjunto de sentenças, sendo que cada uma delas é formada por uma cadeia de elementos, palavras e morfemas. D( ) Para Crystal (1988), a língua é um fenômeno interdisciplinar, sendo que em que cada uma das disciplinas que a estuda lhe conceitua da forma que melhor lhe convém, levando em consideração o seu objeto e objetivo. 10) Leia as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta: I – A relação da língua com os fatores sociais denomina-se, portanto, variação social. II – Quando alguns textos antigos, de séculos passados, apresentam registros linguísticos bem diferentes dos textos atuais temos um exemplo de variação histórica. m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce m1339983 Realce 36 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" III – Podemos considerar como exemplo de variação linguística uma pessoa de baixa escolaridade ouvir uma notícia jornalística (padronizada, com o uso da norma culta da língua), mas estar fora do conhecimento do ouvinte. A( ) todas as afirmativas são verdadeiras B( ) todas afirmativas são falsas C( ) somente é correta a afirmativa I D( ) somente é correta a afirmativa II m1339983 Realce m1339983 Realce 37 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" GABARITO Nome do aluno:_______________________________________ Matrícula:___________ Curso:_______________________________________________ Data do envio:____/____/_______. Ass. do aluno: ______________________________________________ Linguística da Língua Portuguesa 1)___ 2)___ 3)___ 4)___ 5)___ 6)___ 7)___ 8)___ 9)___ 10)___
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