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Aula 06 Linguística II

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Linguística II
Marilda Franco de Moura
Aula 6
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Objetivos
Descobrir como se dá a aquisição de uma língua;
Comparar diferentes abordagens teóricas sobre aquisição da linguagem;
Identificar implicações dos conceitos de competência, desempenho e gramaticalidade no uso da língua.
Discutir teoricamente o problema real de uso de linguagem colocado na prática dentro ou fora do contexto escolar. 
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Competência e Desempenho
Para Lyons (1981), o gerativismo está centrado na distinção entre competência e desempenho (performance). 
Competência - capacidade para adquirir e usar uma língua
Desempenho - uso que fazemos dessa competência ou o uso da própria língua.
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Assim, a competência pode ser descrita como um “conjunto de normas internalizadas, ou regras, que nos permite emitir, receber e julgar enunciados de nossa língua” 
 (PERINI, 1985, p. 27).
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O que é gramática?
GRAMA (letra) + TICA (arte e/ou técnica)
 Gramática - arte e/ou técnica das letras;
Segundo Aurélio “Estudo ou tratado dos fatos da linguagem e das leis naturais que a regulam.
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O que é gramática?
 Sírio Possenti
“Conjunto de regras – organização das expressões que os falantes utilizam”;
“Hipóteses sobre os conhecimentos que habilitam o falante a produzir frases ou sequências de palavras de maneira tal que essas frases e sequências são compreensíveis e reconhecidas como pertencendo a uma língua”; 
“Todos os que falam sabem falar”
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Gramática
Contexto histórico
Gramáticas - surgimento – século XVI;
Início do período clássico da literatura, período de forte influência da literatura e cultura greco-romana;
Padrão de boa cultura e de língua;
A gramática constitui-se na história como uma instrumentação das línguas enquanto arte (latim) ou técnica (grego);
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Gramática
Contexto histórico
Gramática - “um manual com regras de bom uso da língua”;
Um compêndio com normas para falar e escrever corretamente  
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Gramática tradicional parte da filosofia
Gramática Nocional (ou Tradicional) - estudos linguísticos desenvolvidos pelos romanos, pelos trabalhos especulativos da Idade Média e pelo estudo normativo dos gramáticos dos períodos subsequentes.
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Gramática Gerativo -Transformacional
Analisada a partir da sintaxe, semântica e fonologia
O componente sintático - sistema de regras que definem a formação das frases.
O componente semântico - sistema das regras que definem a interpretação das frases.
O componente fonológico ou fonético - sistema de regras que formam as frases a partir de uma sequência de sons.
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Gramáticas atuais
Gramática grega
Língua como “expressão do pensamento” (Gramática filosófica) - Surgiu na Idade Média e permeia as gramáticas do século XX.
“Certo x errado” - correto só o que estivesse de acordo com os clássicos
Classes de palavras - A categoria é um modo de dizer a “coisa”. A categoria “substância” representaria a “essência”. Na gramática, essa categoria tornou-se o substantivo, o “atributo” tornou-se o adjetivo, e assim por diante.
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Distinções de classes de palavras - os gregos trabalharam com os critérios: semânticos, sintáticos e morfológicos
Semântico (base para a atribuição de palavras a classes) - Ex. “substantivo é a palavra com que designamos os seres”/Advérbios - permitem especificação da ação, estado ou fenômeno descrito pelo verbo. 
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Sintático - atribuímos palavras a classes a partir de propriedades distribucionais (em que posições estruturais as palavras podem ocorrer) e/ou funcionais (que podem exercer na estrutura sintática).
EX1: O substantivo é a palavra que pode exercer a função de núcleo do sujeito, objeto e agente da passiva. 
EX2: A posição de núcleo frente a determinantes, como artigos, demonstrativos e possessivos, ou modificadores, como adjetivos e sintagmas preposicionados. 
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Dizemos que sapato é um substantivo porque podemos dizer “o sapato, meu sapato, este sapato, sapato bonito, sapato de Pedro.”
Já bonito não é um substantivo, pois não podemos dizer “o bonito, meu bonito, este bonito, bonito ou bonito de Pedro.”
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Morfológico - a atribuição de palavras a diferentes classes, a partir das categorias gramaticais que apresentam. Ex. substantivo – palavra que apresenta as categorias de gênero e número 
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Gramatical e Agramatical
Noam Chomsky
Chomsky acreditava que a competência de um falante fornece um conhecimento linguístico sobre o que é possível em sua língua e o que não é possível.
A criança, mesmo sem ter passado pela escolarização, é capaz de desenvolver um conhecimento sobre o que é aceitável em sua língua. 
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Pressupostos da Gramática Chomskyana
Os gerativistas vão contribuir para o estabelecimento de um conceito linguístico de gramatical/agramatical.
Gramatical - tudo aquilo que corresponde a formações de língua bem estruturadas. 
Agramatical - tudo que corresponde a formações de língua que são malformadas e rompem com a estrutura. 
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Nenhuma gramática pode limitar-se a elaborar listas de frases ou classificação de elementos;
Uma frase é gramatical (ou aceitável) quando está bem formada, fonológica e sintaticamente; em caso contrário dizemos que ela é agramatical. 
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Pressupostos da Gramática Chomskyana
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Gramática Gerativo -Transformacional Noções básicas 
Gerativa - fornece uma descrição estrutural (finita) para todos os objetos linguísticos (infinitos) que são gramaticais dentro da língua natural que se examina;
Transformacional - concebe e descreve estruturas de superfície como resultado de transformações operadas nas suas estruturas profundas; estuda as gerações e as transformações das frases.
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Gramática Gerativo-transformacional
Está baseada na ideia de transformação - “um conjunto de algoritmos de procedimentos que ocorrem em ordem prescrita e permitem que se converta uma sequência linguística em outra. Assim, uma transformação permite que se converta uma sentença ativa em uma sentença passiva, uma expressão afirmativa em uma negativa ou interrogativa” 
 (GARDNER, 2003, p. 203).
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Chomsky - o foco não está na língua ou no signo linguístico, como acontece com Saussure 
 (VIOTTI, 2007, p. 6). 
Chomsky coloca como central “os princípios que constroem signos linguísticos de um tipo particular, como sentenças” 
 (VIOTTI, 2007, p. 6). 
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Gramática Gerativo -Transformacional
As frases podem ser:
Bem formadas (sintaticamente) e dotadas de sentido
EX: O menino fará anos amanhã;
Bem formadas, mas sem sentido
EX: O menino sexagenário fará oitenta anos amanhã;
Mal formadas, mas dotadas de sentido
EX: O menino fazer anos amanhã;
Mal formadas e sem sentido
EX: Fará sexagenário amanhã anos o oitenta menino.
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Gramatical e Agramatical
Chomsky
Frases gramaticais - são bem formadas de acordo com as regras da língua. EX: Nós fomos embora (interpretável)
Frases agramaticais - não são bem formadas, porém são aceitas pelo falante. EX: O salsicha é boa (não é gramatical, contudo é interpretável).
EX: Carro menino um quebrou o do: não é gramatical nem interpretável.
Há graus de agramaticalidade e a interpretação depende do conhecimento do falante.
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Pressupostos da Gramática Chomskyana
A atividade linguística é um ato criativo:
Às vezes, foge à regra e é diferente. Pode-se entender essa criatividade como:
Mudança e desvio das regras (neologismos). Ex.: “caetanear”;
Sendo entendida como regida pelas regras (possibilidade de criar uma infinidade de frases).
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Relações Sintagmáticas
Uma oração é formada de sintagmas e não de palavras; 
Sintagmas: unidades formadas por uma ou várias palavras que, juntas, desempenham uma função na oração.
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Sintagmas 
Estrutura básica da frase: oração = um sintagma nominal (sujeito) + um sintagma verbal (predicado);
Nominal, verbal, adjetivo, adverbial e preposicional;
Sintagma nominal: um artigo ou pronome (determinante) + um substantivo ou um pronome (nome = núcleo).
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Sintagma verbal: um verbo (núcleo) + um outro sintagma complemento, como:
Sintagma nominal;
Sintagma adverbial (advérbio e locução adverbial = núcleo);
Sintagma preposicional (preposição ou locução preposicional – núcleo – e um sintagma nominal);
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Sintagmas 
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Sintagma adjetivo ou adjetival (adjetivo ou locução adjetiva = núcleo);
Os sintagmas preposicional e adjetivo - podem ocorrer também no sujeito e em outros sintagmas da oração. 
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Sintagmas 
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Sintagmas: esquema
O – SN + SV
SN – determinante + nome 
SV – V + SN
 V + S prep.
 V + S. adv.
 V + S. adj.
 V + SN + S prep. (ou S adv. ou S adj.)
S prep. – preposição + SN
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O homem compreendeu o caso.
SN: O homem
SV: compreendeu o caso.
O
SN SV
 determinante nome verbo SN
determinante nome
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O homem compreendeu o caso.
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Ele corre rápido.
SN: Ele
SV: corre rápido.
O
SN SV
determinante nome V S adv.
 X pronome advérbio
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Ele corre rápido.
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A peça foi magnífica.
SN: A peça
SV: foi magnífica.
O
SN SV
 determinante nome verbo S. adj.
adjetivo 
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O peça foi magnífica
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Referências
CEZARIO, Maria M.; MARTELOTTA, Mário E. Aquisição da linguagem. In: MARTELOTTA, Mário E. (Org .) Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2008. CHOMSKY, Noam. Aspects of the theory of syntax. Massachusetts: The MIT Press Cambridge, 1965. 
_____. Linguagem e a mente. In: LEMLE, Miriam; LEITE, Yonne (Org.). Novas perspectivas linguísticas. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1973. 
CORREA, Letícia Maria Sicuro. Aquisição da linguagem: uma retrospectiva dos últimos trinta anos. DELTA [online]. 1999, vol.15, n.spe, p. 339-383. 
DUARTE, Fábio B. O Empirismo, o mentalismo e o racionalismo nos estudos da linguagem. SOLETRAS, Rio de Janeiro – UERJ, v. 2, n. –, p. 18-31, 2000. 
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GREENE, Judith. Psicolinguística: Chomsky e a psicologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1980. 
LEMOS, Cláudia T. G. Desenvolvimento de linguagem e processo de subjetivação. Com Ciência, 2001. Disponível em: http://www.com-ciencia.br/reportagens/linguagem/ling17.htm . 
PAIVA, Vera L. M. O. Modelo da gramática universal. In: A complexidade da aquisição de segunda língua: revisando e conciliando teo¬rias. Mimeo, 2008. PASSMORE, John. Chomsky, os estruturalistas e a fundação da linguística moderna. Trad. Pedro Santos. In:____. Recent philosophers. London: Duckworth, 1985. 
PERINI, Mário Alberto. A gramática gerativa: introdução ao estudo da sintaxe portuguesa. 2. ed. Belo Horizonte: Vigília, 1985. 
STENBERG, Robert J. Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2000. 
VIOTTI, Evani. A língua para Noam Chomsky. In: Introdução aos estudos linguísticos. Florianópolis: UFSC, Mimeo, 2007.
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Referências
Linguística II
Marilda Franco de Moura
Atividade 6
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Soneto do amigo 
(Vinícius de Moraes)
Enfim, depois de tanto erro passado Tantas retaliações, tanto perigo Eis que ressurge noutro o velho amigo Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado Com olhos que contêm o olhar antigo Sempre comigo um pouco atribulado E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano Sabendo se mover e comover E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica Que só se vai ao ver outro nascer E o espelho de minha alma multiplica…
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Atividade
Os conceitos de “competência” e de “desempenho” ou performance foram desenvolvidos por Chomsky na perspectiva linguística do Gerativismo. Podemos associar corretamente a esses conceitos a seguinte formulação: 
Uma língua é um conjunto abstrato de regras psicológicas que constituem a competência de uma pessoa como falante. Essas regras colocam uma classe ilimitada de frases à disposição do falante, das quais ele fará uso em situações concretas. X
A competência refere-se às expressões produzidas pelos usuários da língua e o desempenho, por outro lado, refere-se à linguagem no sentido do que constitui a capacidade para falar uma língua. 
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O conceito de competência nos leva a concluir que a estrutura de uma língua é afetada e fica comprometida quando seus falantes fazem erros ao falar, assim como uma sinfonia é afetada quando não é bem executada.
Chomsky defende a ideia de que uma pessoa que aprendeu uma língua adquiriu um sistema de regras gramaticais que relacionam som e significado aleatoriamente, ou seja, ela internalizou antes mesmo da escola as regras da gramática normativa e as coloca em uso na produção e compreensão da fala. 
Competência e desempenho são conceitos que correspondem, exatamente, aos pares conceituais sincronia e diacronia propostos por Saussure.
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Conforme a teoria de Chomsky, quais frases podem ser consideradas “gramaticais”? Conforme a gramática escolar ou normativa, quais frases não são gramaticais?
“Nóis vai ao Mercadu Centrá, sábado, à tarde.” (Gramatical)
“As moça de Belzonti e de Minas Gerais é linda.” (Gramatical)
Mercadu ao Centrá, tarde à, vai sádoba nóis.” (Gramatical)
“Nós vamos ao Mercado Central, sábado, à tarde.” (Agramatical)
“As moças de Belo Horizonte e de Minas Gerais são lindas.” (Agramatical)
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Atividade
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Nasceu como uma teoria da sintaxe;
Nossa base: estudos do lingüista Noam Chomsky; 
Principais diferenças entre ela e as outras:
Não busca um “modelo” correto;
Não é taxionômica;
É geral, é teórica. 
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Gramatical e Agramatical:
Nenhuma gramática pode limitar-se a elaborar listas de frases ou classificação de elementos, tem de dar conta das estruturas e das transformações que tais estruturas podem sofrer;
Uma frase é gramatical (ou aceitável) quando está bem formada, fonológica e sintaticamente; em caso contrário dizemos que ela é agramatical. 
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Sua designação: 
É gerativa sempre que fornece uma descrição estrutural (finita) para todos os objetos lingüísticos (infinitos) que são gramaticais dentro da língua natural que se examina;
É transformacional sempre que concebe e descreve estruturas de superfície como resultado de transformações operadas nas suas estruturas profundas; estudas as gerações e as transformações das frases.
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Gramatical e Agramatical: as frases podem ser:
Bem formadas (sintaticamente) e dotadas de sentido: O menino fará anos amanhã;
Bem formadas, mas sem sentido: O menino sexagenário fará oitenta anos amanhã;
Mal formadas, mas dotadas de sentido: O menino fazer anos amanhã;
Mal formadas e sem sentido: Fará sexagenário amanhã anos o oitenta menino.
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Chomsky: frases gramaticais são bem formadas de acordo com as regras da língua e frases agramaticais não são bem formadas, porém são aceitas pelo falante:
Nós fomos
embora: é gramatical e interpretável.
O salsicha é boa: não é gramatical, contudo é interpretável.
Carro menino um quebrou o do: não é gramatical nem interpretável. 
Há graus de agramaticalidade e a interpretação depende do conhecimento do falante.
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3. A atividade lingüística é um ato criativo:
Às vezes foge à regra e é diferente. Pode-se entender essa criatividade como:
Mudança e desvio das regras (neologismos). Ex.: “caetanear”;
Sendo entendida como regida pelas regras (possibilidade de criar uma infinidade de frases).
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Uma oração é formada de sintagmas e não de palavras; 
Sintagmas: unidades formadas por uma ou várias palavras que, juntas, desempenham uma função na oração;
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Chomsky propõe a existência de uma estrutura básica da frase: oração = um sintagma nominal (sujeito) + um sintagma verbal (predicado);
Sintagma nominal: um artigo (determinante) + um substantivo ou um pronome (nome = núcleo);
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Sintagma verbal: um verbo (núcleo) + um outro sintagma nominal, ou um sintagma adverbial (advérbio e locução adverbial = núcleo), ou um sintagma preposicional (preposição ou locução preposicional – núcleo – e um sintagma nominal) ou um sintagma adjetivo (adjetivo ou locução adjetiva = núcleo);
Os sintagmas preposicional e adjetivo podem ocorrer também no sujeito (sintagma nominal da base estrutural da frase), e em outros sintagmas da oração. 
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Sintagma verbal: um verbo (núcleo) + um outro sintagma nominal, ou um sintagma adverbial (advérbio e locução adverbial = núcleo), ou um sintagma preposicional (preposição ou locução preposicional – núcleo – e um sintagma nominal) ou um sintagma adjetivo (adjetivo ou locução adjetiva = núcleo);
Os sintagmas preposicional e adjetivo podem ocorrer também no sujeito (sintagma nominal da base estrutural da frase), e em outros sintagmas da oração. 
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