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UNIP UNIVERSALIDADE PAULISTA ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS PARECER JURÍDICO DIREITO SUCESSÓRIO PROFESSOR ALEXANDRE PADILHA ALUNAS ANA PAULA DE PAIVA GENTILE (RA B8704D2) JULIANA ROBERTA VERÍSSIMO FERNANDES (RA B799AB4) LEILIANE COIMBRA PAVÃO ANDRADE (RA B91HAG5) LÍVIA LORENTE CUNHA (RA C042HE0) RIBEIRÃO PRETO NOVEMBRO/2017 2 PARECER JURÍDICO EMENTA: DIREITO SUCESSÓRIO – SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA – DISPOSIÇÃO DE ÚLTIMA VONTADE SOBRE A INTEGRALIDADE DOS BENS DO TESTADOR – EXISTÊNCIA DE HERDEIROS NECESSÁRIOS – IMPRESCINDIBILIDADE DA OBSERVÂNCIA À LEGÍTIMA – POSSIBILIDADE. Trata-se de uma consulta indagatória a respeito da forma com que o testador pretende dispor do seu patrimônio, uma vez que será submetido a uma cirurgia com risco de morte, devido a enfermidade que o acomete. O patrimônio do testador se resume a existência de uma casa, um carro e um apartamento pequeno. Logo, sua pretensão é deixar inteiramente o apartamento para o seu filho menor, concebido fora do matrimônio, como forma de compensá-lo pela não convivência entre os dois, bem como pretende deixar a casa e o carro, em partes iguais, para seu cônjuge e seus três filhos em comum, estes últimos ora consultantes, por achar que essa seria a melhor solução. Contudo, algumas questões devem ser trazidas a lume, já que, uma vez não observadas, podem ocasionar a redução das disposições testamentárias, ou até mesmo no rompimento do testamento, as quais serão expostas a seguir. Embora o Código Civil em seu art. 1.857, “caput”, permita a disposição da totalidade dos bens de uma pessoa natural, plenamente capaz, mediante testamento, essa liberalidade é restringida pelo §1º do mencionado artigo, que dispõe “a legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento”. Ao passo que a legítima dos herdeiros necessários compreende a metade da herança do testador, conforme reza o art. 1.846, do Código Civil. Ressalta-se que os herdeiros necessários são: os descendentes, os ascendentes e o cônjuge, contudo, quando da abertura da sucessão, respeita-se a ordem da vocação hereditária do art. 1.829, do mencionado dispositivo. No caso em tela, os descendentes concorrerão com o cônjuge. Assim, em havendo herdeiros necessários, o testador não poderá dispor livremente sobre a integralidade dos seus bens, mas deve observar à legítima, ou seja, 3 o testador só pode dispor livremente de 50 % (cinquenta por cento) do seu patrimônio, conforme regra do art. 1.789 do CC. O que por sua vez significa que o testador somente possuirá plena liberdade de testar caso não possua descendentes, ascendentes ou cônjuge. Desse modo, o testador somente poderá deixar o apartamento ao seu filho menor, se o valor desse bem não ultrapassar a quota disponível, caso contrário, este ato poderá ser passível de redução testamentária. A outra parte, pertencente a legítima, não poderá ser objeto de disposição, assim, concorrerá igualmente todos os herdeiros necessários, inclusive o filho menor do testador, ainda que beneficiado com parte determinada em testamento, conforme disposto no art. 1.849, do C.C., resguardando-se a quota do cônjuge sobrevivente que não pode ser inferior a quarta parte da herança, segundo art. 1.832. Subtende-se que o patrimônio é exclusivo do testador, pois, caso os bens que componham o seu patrimônio sejam em comum com o do cônjuge sobrevivente, adquiridos onerosamente durante a constância do casamento, ou caso se comuniquem, deve-se, primeiramente, ressalvar a meação para verificar qual é a quota disponível para que seja realizada as disposições pretendidas. Além disso, o regime de bens do casamento pode interferir diretamente na questão da transmissão da herança ao cônjuge sobrevivente. Frisa-se que a parte da herança pertencente a legítima é assegurada a todos os herdeiros necessários por força de lei, não podendo o testador invadi-la em testamento, devendo obedecer antes de tudo as disposições legais acerca da meação. Por fim, conclui-se que o testador não poderá dispor de todos os seus bens da forma pretendida, visto que almeja testar sobre a sua integralidade, sendo que é permitido tão somente dispor a quota disponível correspondente a 50% (cinquenta por cento) do seu patrimônio, da forma que bem entender, pelo fato de possuir herdeiros necessários. Desse modo, como já exposto, poderá o testador agraciar o seu filho menor com o apartamento se este não invadir a legítima, o que significa que a parte pertencente a legítima não poderá ser objeto de disposição diversa do que a estabelecida em lei. 4 Este é o meu parecer. Ribeirão Preto, 09 de novembro de 2017. Advogado OAB n°...
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