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Acordão 2015 70061632428 Destituição do Poder Familiar

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
SBM
Nº 70061632428 (N° CNJ: 0355805-64.2014.8.21.7000)
2014/Cível
APELAÇÃO CÍVEL. DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR DA GENITORA. ECA. POSTULAÇÃO DE GUARDA PELA AVÓ MATERNA. EXPOSIÇÃO DA MENOR À SITUAÇÕES DE RISCO. INVIABILIDADE DE MANTER O CONVÍVIO DA MENINA COM A FAMÍLIA NATURAL. PREVALÊNCIA DO INTERESSE DA CRIANÇA SOBRE O PRINCÍPIO DA PREVALÊNCIA DA FAMÍLIA NATURAL. SENTENÇA CONFIRMADA.
Situação de fato em que a menor foi acolhida institucionalmente logo a seguir do nascimento por quanto exposta, desde a gestação, a situação de risco em razão da conduta inapropriada da genitora, dependente química. Contesto probatório dos autos que não recomenda a guarda pela avó materna, que não apresenta plenas condições financeiras, sociais e psicológicas para assumir o encargo, mormente considerando que já detém, de fato ou judicialmente, a guarda de uma pluralidade de netos. 
APELO DESPROVIDO.
	Apelação Cível
	Sétima Câmara Cível
	Nº 70061632428 (N° CNJ: 0355805-64.2014.8.21.7000)
	Comarca de Caxias do Sul
	S.T.S.C.
..
	APELANTE
	M.P.
..
	APELADO
	D.S.L.
..
	INTERESSADO
DECISÃO MONOCRÁTICA
Vistos.
Trata-se de recurso de apelação interposto por SIRLEI TEREZINHA DA S. C. em face da sentença (fls. 149-52) proferida nos autos da ação de destituição do poder familiar movida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO contra sua filha, Deise da S. L., e em favor da menor (recém nascida), Ana Júlia, a qual determinou a imediata colocação da infante em família substituta, tendo em vista a eficácia da sentença de procedência já proferida no feito, em que pese a postulação de guarda manifestada pela apelante nos autos.
Afirma que há provas nos autos da veracidade das suas alegações, no sentido tanto de comprovar a sua vontade em manter a criança inserida no núcleo da família natural materna, quanto no sentido de comprovar que a avó detém condições de assumir os cuidados de que a criança necessita, assim como detém a guarda de outros netos. Nesses termos, pugna pelo provimento de sua irresignação (fls. 161-3).
Com as contrarrazões (fls. 191-3) e parecer do Parquet nesta Corte, opinando pelo desprovimento do recurso (fls. 212-5), vieram os autos conclusos para julgamento.
Registro que foi observado o disposto nos artigos 549, 551 e 552, do Código de Processo Civil, tendo em vista a adoção do sistema informatizado.
É o relatório.
Decido.
A meu sentir, a decisão agravada não deve ser reformada.
Antes de mais nada, aqui reproduzo os fundamentos de anterior decisão da minha relatoria, proferida nos autos do agravo de instrumento interposto pela ora apelante em insurgência ao recebimento do seu apelo no único efeito (AI nº 70061399127):
“(...)
Note-se que Ana Júlia foi mantida em acolhimento institucional desde o nascimento, estando agora com cerca de 08 (oito) meses de idade, e que desde o início do processo foram elaborados laudos técnicos em avaliação do núcleo familiar, os quais, além de apontarem a absoluta incapacidade da genitora, também apontam a inadequação da família extensa para manter a guarda da infante, especialmente no que se refere à avó.
Ademais, chama atenção o fato de que a agravante vem intervir diretamente no feito, na qualidade de terceira prejudicada, somente depois de proferida a sentença, não tendo sido localizada a demandada para intimação, ainda que ab initio estivesse ciente do abrigamento da neta, tendo sido indicada nos autos pela mãe para manter a guarda da menina.
Diante desse contexto, não verifico nenhuma situação excepcional a justificar uma decisão com o fito de imprimir quaisquer efeitos suspensivos ao recurso de apelação interposto pela agravante, pelo que a confirmação da decisão agravada, da lavra do Dr. Leoberto Narciso Brancher, por seus próprios fundamentos, é medida que se impõe. Destaco, da decisão, o seguinte trecho:
Ora, o devido processo que havia de assegurar-se à família biológica, nas circunstâncias do caso concreto, já se encontra esgotado. Sobretudo porque o direito à preservação dos vínculos sanguíneos e, sobretudo, afetivos, deve ser compreendido à luz dos interesses prevalentes da criança, e não dos familiares.
Corroboram essa conclusão os seguintes precedentes:
AGRAVO INTERNO. DECISÃO MONOCRÁTICA. ART. 557, CAPUT, DO CPC. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. MEDIDA DE PROTEÇÃO CUMULADA COM AVERIGUAÇÃO PSICOSSOCIAL, SUSPENSÃO E DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. PAIS DEPENDENTES QUÍMICOS. PEDIDO DE GUARDA PROVISÓRIA DAS CRIANÇAS, PELA AVÓ MATERNA. AMBIENTE FAMILIAR NÃO PROPÍCIO ÀS CRIANÇAS. DECISÃO LIMINAR DE INDEFERIMENTO DA GUARDA PROVISÓRIA MANTIDA. Agravo interno desprovido. (Agravo Nº 70040477713, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 23/02/2011)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ECA. PEDIDO DE GUARDA PROVISÓRIA FORMULADO PELOS TIOS-AVÓS DA GENITORA DA CRIANÇA INDEFERIDO. TRAMITAÇÃO CONCOMITANTE DE AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. SITUAÇÃO DE EXTREMO RISCO QUE RECOMENDA NÃO SEJAM MANTIDOS VÍCULOS DE QUALQUER ESPÉCIE COM A FAMÍLIA BIOLÓGICA. As particularidades do caso, que envolve um histórico familiar de abandono e desequilíbrio, impõe, para preservação dos interesses do menor com a colocação em família substituta, que não sejam alimentados vínculos de qualquer espécie com a família biológica. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Agravo de Instrumento Nº 70018295428, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 13/06/2007)
Ante o exposto, nego provimento ao recurso.”
Ademais que isso, a prova dos autos não corrobora as alegações da apelante, mas, ao contrário, indica que ela não detém as melhores condições, tampouco legítima vontade de manter a guarda da neta.
Da sentença da lavra do nobre Magistrado da infância de da juventude, Dr. Leoberto Narciso Brancher, extrai-se o resumo das conclusões resultantes dos estudos sociais e psicológicos realizados no curso da presente ação, os quais não recomendam o acolhimento da pretensão da apelante. Confira-se:
“(...)
A psicóloga do Abrigo, Miriam Rauber, afirmou que embora a avó materna tenha se disponibilizado a assumir a criança, esta não teria condições em razão de já cuidar de outras crianças (05 netos), possuindo uma renda mensal de R$ 1.500,00. Refere, ainda, que a apenas a avó vai visitar a nenê no abrigo e acontece raramente (fls. 111v/112v). 
A assistente social Simone Busellato Veicelli, ouvida pelo Juízo, afirmou que entendia pela entrega da criança à família substituta (fls. 112v/113v). Afirma que é a terceira gestação dela no Hospital, e que ela tem cinco filhos mas os três últimos ela ganhou no mesmo Hospital. Que ela chegou pra ganhar o bebê no dia 26 de dezembro, e que nesse mesmo mês teria sido acompanhada pela UBS anteriormente. Após o parto a nenê precisou ficar internada para tratamentos de Sífilis porque a Deise tinha Sífilis e não terminou o tratamento.
A assistente social judiciária Maria do Carmo, relatou que (fls. 115v/116) foi a responsável por fazer a visita domiciliar na casa da mãe e da avó (Dona Sirlei e Dona Celi), dizendo que em parecer técnico anterior à gravidez a avó Sirlei dizia que não iria cuidar de mais um neto, porém, após o nascimento, teria mudado de postura e estaria disposta a assumir. Quanto à renda familiar, disse que a avó afirmou que seu marido é motorista de táxi e recebe em torno de R$ 1.500,00 e R$ 2.000,00 mensais. Refere não acreditar que a ré irá mudar de postura conforme defende a sua mãe, afirmando que aquela é dependente química. Opina que seja a criança colocada em adoção para ter uma melhor oportunidade de vida. A acrescenta que considerando o número de crianças que estão sob os cuidados dos avós e bisavó, entende que eles deveriam se preocupar com os cuidados, com a educação com o bem-estar dos que eles já tem com eles. Quanto aos cuidados e condições dos demais menores que estão sob cuidados dos avós, acrescenta, ainda, que ‘estudando estão,cuidadas não, estavam lá brincando na rua, sujos, acho que a casa da dona Sirlei as condições não são das melhores da bisavó ainda seria melhor da dona Sirlei as condições são bem ruinzinhas, disseram que vão reformar o espaço físico que ai fica um quarto com várias crianças, dorme menino, menina tudo junto e sempre com a condição de nos vamos se organizar, nos vamos construir, nos vamos criar, nos vamos dividir, colocar meninos com meninos e meninas com meninas’. 
Por fim, ouvida a mãe da ré, Sirlei, esta relatou que gostaria de ficar com a menina Ana Júlia, narrando que assumiu a guarda de outros netos, contudo, a situação familiar por ela clareada permite identificar a impossibilidade da manutenção da criança junto à família natural: ‘Juiz: Quanto tempo a senhora não vê ela? Testemunha: desde segunda, ela saiu bater um raio-x do pé machucado e a Doutora do Hospital do postinho pediram pra ela qual o raio-x do pé pra ver se já tava no lugar aquele pé dela, por que dói né, o que tinha no pé que não sarou, daí ela saiu e não voltou. Com certeza tá se drogando’ (fls. 113v/115v).
(...)”
Sobre a destituição do poder familiar, dispõem o art. 1.638 do CCB e os arts. 19, 22 e 24 do ECA.[2: Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:I - castigar imoderadamente o filho;II - deixar o filho em abandono;III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.][3: Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.        § 1o  Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência        § 2o  A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência        § 3o  A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em programas de orientação e auxílio, nos termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei.][4: Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.][5: Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. ]
Inobstante a preferência que a própria legislação confere às situações de manutenção ou reintegração das crianças ou adolescentes à própria família, como, aliás, argumenta expressamente a avó materna, ora apelante, não há olvidar que o princípio maior que norteia as normas atinentes ao direito posto em liça é o interesse dos menores.
É, e sempre deverá ser, sob essa ótica, e não sob a ótica do interesse dos pais, da família extensa, ou de terceiros, que as situação de fato deverão ser analisadas judicialmente.
No caso concreto, todavia, não há nos autos, ao contrário do que alega a apelante, nenhum indicativo de que o melhor, do ponto de vista de Ana Júlia, seja a manutenção da sua guarda com a avó materna, em observação do princípio da prevalência da família natural.
Diversamente, ao que tudo indica, caso designada a guarda da infante à responsabilidade da apelante, não apenas os cuidados de que a menor necessita enfrentariam presumível situação de risco, como também os cuidados de que necessitam os autos netos menores da apelante, que já se encontram sob a sua guarda (de fato ou judicial) estariam prejudicadas. 
Na caso concreto, portanto, a pretensão da apelante se mostra dissociada dos princípios do ECA, dos interesses de sua neta e do núcleo familiar como um todo.
Ante o exposto, nego provimento ao recurso.
Intimem-se.
Porto Alegre, 05 de março de 2015.
Des.ª Sandra Brisolara Medeiros,
Relatora.
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