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19895598 O Existencialismo Terapia Existencial e Humanista

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O EXISTENCIALISMO
O pensamento filosófico traz em si uma gama de possibilidades de reflexão que funcionam como suporte à compreensão do homem. 
Tendo como principio a historicidade do homem, procura apreender a influência do pensar filosófico, para crescer na compreensão do mundo.
O existencialismo como doutrina é específico de um grupo numeroso de pensadores que utiliza os mais aperfeiçoados instrumentos técnicos que o trabalho filosófico ofereceu no decorrer dos séculos. A importância e o significado de seu trabalho estão no fato de que eles não estão fazendo mais que exprimir uma atitude que, por se enraizar no interior do homem, é-lhe imposta pelos deveres concretos que o esperam no mundo, agora e no futuro.
Hoje, mais do que nunca, o homem vive a unidade solidária de seu destino individual com o destino da comunidade a que pertence. O existencialismo o prepara para isso, mostrando-lhe a ligação essencial da existência com a coexistência e a impossibilidade do isolamento, que empobrece e anula a própria vida do eu.
O existencialismo inclui e faz valer na concretude da existência individual todas as exigências da vida propriamente humana. 
Nada do que é humano me é estranho. 
A ciência e a religião, a arte e a política encontram igualmente seu fundamento na existência efetiva á qual o existencialismo convoca. 
A realização do individuo e a solidariedade e o entendimento entre os homens, a vontade de domínio e de poder no mundo e a aspiração ao transcendente são igualmente realizados e justificados pela atitude existencialista, não em sua exclusão, nem em sua equivalência indiferente, mas como aspectos vitais e vitalmente unidos de um movimento único e simples.
Outro aspecto importante do existencialismo é sua capacidade de tornar atuais, os filósofos do passado. O existencialismo permite abordar o problema daquilo que nós mesmos somos agora; ele permite reconhecer a verdadeira personalidade de um filósofo do passado exatamente no ato pelo qual afirmamos nossa personalidade na urgência e na força das suas reivindicações. Desse modo, o existencialismo se rearticula com a genuína tradição filosófica sem sacrificar a ela nada do presente, justamente no ato de afirmar energicamente a originalidade e o valor do presente.
Kierkegaard e o nascimento do Existencialismo
Sören Aaybye Kierkegaard nasceu em 05 de maio de 1813, em Copenhague, Dinamarca. 
Desde muito cedo, Kierkegaard foi vítima de chacotas e toda de sorte de agressividade. 
Tudo isso por causa de sua ferrenha crítica de toda a cultura européia e da filosofia hegeliana, por sua exaltação da razão, bem como da filosofia romântica, naquilo em que elas demonstraram ser excessivamente parciais: a ênfase quase que exclusiva no universal e no coletivo em detrimento do individual.
Kierkegaard costumava dizer que seu tempo se caracterizava por uma ingênua aceitação das premissas burguesas e de ideias vindas de cima para baixo, sem questionamento. Tempo em que não se via quase nenhuma paixão e engajamento em valores espiritualmente significativos, criticando, por isso, a atitude preguiçosa e acomodada da Igreja.
Ser cristão, para ele, significara seguir, de verdade, na prática, toda a práxis deixada por Jesus:"O Cristianismo é de uma seriedade tremenda (...). Ser Cristão é sê-lo no espírito, é a inquietude mais elevada do espírito (...)". Entretanto, depois de dois mil anos, "tudo se tornou superficialidade na cristandade atual". O que há é uma disputa calculada para se manter o poder de consciências, e Kierkegaard se choca diante da realidade última de que, dentre todas as chamadas heresias, ninguém se dê conta da mais perigosa e sutil de todas: a de "fingir ou brincar de cristianismo", como o fazem as igrejas católica e protestante.
Kierkegaard doutorou-se aos vinte e oito anos com a tese O conceito de ironia em Sócrates. Para Kierkegaard, Sócrates era um pensador existencial, uma pessoa que focalizava toda a sua existência para dentro de sua reflexão filosófica.
Sua crítica aos românticos estava exatamente neste ponto: eles não refletiam suficientemente sobre o ser enquanto unidade ou totalidade individual, ente existente e original, indivíduo responsável por sua própria vida. De igual forma, Kierkegaard voltou-se contra a filosofia de Hegel enquanto "sistema" que era usado como uma espécie de paradigma infalível que tenderia a explicar tudo.
Para Kierkegaard, as "verdades objetivas" e a "filosofia especulativa", quando voltadas ao externo - como na filosofia hegeliana - eram muito pouco significativas para a qualidade existencial do homem enquanto indivíduo. Mais importante que a busca de uma, ou algumas, verdade(s) geral(is), era a busca por "verdades" que fossem significativas para a vida de cada indivíduo, para cada um.
Normalmente as pessoas que aderem rigidamente a uma teoria, e se orgulham de serem "objetivos", se esquecem que também são pessoas e que sua a adesão a um sistema teórico é mais uma questão de escolha e preferência do que de objetividade. A objetividade acaba sendo uma questão fantasiosa. 
Esquece-se de que é uma pessoa bem mais complexa do que pode ser entendida em meia dúzia de parágrafos racionalmente bem elaborados. 
Além do mais, quando atrelado de modo rígido à teoria, a pessoa fica na expectativa de observar comportamentos "esperados", e acaba por induzir outrem, de uma forma ou de outra, a agir conforme o esperado. O "outro" deixa de ser o outro per si, para ser um fantoche que age sutilmente de acordo com um enredo preestabelecido pela teoria. 
Kierkegaard não está interessado em construir uma teoria ou uma descrição genérica do ser humano. O que lhe interessa é o existir, o fato de haver uma pessoa aqui e agora, com tudo o que possa experimentar à sua volta. Ninguém vivencia a vida plenamente se ficar trancado dentro de uma biblioteca, teorizando ou discutindo sobre o que dizem que é a vida.
Apenas quando vivenciamos, quando agirmos, quando fazemos escolhas e ousamos experimentar é que nos relacionamos com a própria existência, portanto indo além de um mero projeto mental do que seja a existência. Quando alguém está sofrendo uma dor na alma ele não quer saber se isso é o resultado de um complexo de Édipo mal resolvido, ou se suas pulsões entram em conflito com um superego que pressiona o ego a controlar os anseios de um id, 
do mesmo modo como uma pessoa que é ferida por uma seta envenenada não tem qualquer interesse de saber de que tipo é o veneno que o ameaça. Ele quer o alívio e a cura que o possibilitem existir, quer alguém que lhe extraia a seta envenenada e o ajude a viver. E é isso que é essencialmente importante: viver, viver tanto quanto possa ser possível no curto período de tempo que passamos na terra. 
Não dá pra perder tempo especulando ou construindo um modelo teórico apenas com o objetivo de ser mais aceitável e melhor que qualquer outro sobre o mecanismo energético do psiquismo humano alimentado por uma energia de natureza sexual chamada libido, etc, funcionando como se fosse um aparelho hidráulico. Isso simplesmente é um modelo, ou um mapa, não o território, e ainda assim voltado apenas para um aspecto do complexo psíquico humano, portanto não pode ser uma descrição acurada da realidade. 
Kierkegaard também postulou que a verdade é subjetiva, pois o que é realmente importante é pessoal. 
Esse é um grande exemplo de que existem questões que não podem ser encaradas do frio e mecanicista ponto de vista teórico ou acadêmico, eivado de preconceitos. "Para alguém que se entender como algo que existe, trata-se aqui de uma questão de vida ou morte. E isso não se discute simplesmente porque se gosta de discutir." (Gaarder, 1995). 
Não são verdades genéricas e racionais o que mais nos interessa, mas o que é existencialmente significativo. Saber se alguém que estimamos também gosta da gente é algo significativo e envolvente. Saber que a soma dos ângulos de um triângulo é de cento e oitenta graus é apenas uma informação que pode ser algo prático, mas não essencial
principalmente frente a um belo pôr do sol.
Para Kierkegaard a sociedade urbana e burguesa reduziu o homem a um ponto perdido na multidão, um João igual a outros Joões, um ser amorfo, "conformista" e conformado em ser igual a todos os demais. Todos parecem estar fazendo e defendendo coisas parecidas, mas sem se entregarem realmente a nada. Ele apontou o fato de que a maioria sempre é facilmente influenciada.
O que Kierkegaard ataca firmemente é a pretensão que certos teóricos têm de explicar tudo e demonstrar a necessidade causal dentro e de acordo com uma teoria. Mas o sistema não consegue engaiolar a existência, que é muito mais rica que a visão de mundo do teórico, e o que ela evidencia é tão só uma parte de algo muito mais complexo, algo que está além do universo bidimensional que se escreve num pedaço de papel.
Para Kierkegaard é cômico que alguém possa acreditar num sistema teórico como sendo a verdade absoluta, do mesmo modo como é cômico um geógrafo que acredita apenas no que dizem os mapas e não ousa ir até às montanhas mais altas.
Para Kierkegaard, a verdade é subjetividade: ninguém pode se por no meu lugar. Sou eu quem devo fazer a escolha de ser o que posso ser ou de ser uma cópia do que se espera que eu seja, de acordo com os referencias que nos são dados por outrem ou pela cultura. A existência é o reino do vir a ser, é o reino da liberdade: o homem é o que ele escolhe ser quando consegue atingir um certo grau de lucidez, ele é o que se torna. 
Isso implica que o modo de ser da existência não é a realidade ou a necessidade, mas sim a possibilidade e isso traz a angústia, que é o sinal de que se atingiu uma "situação existencial". A pessoa pode ou não decidir se dará um salto para um estágio mais elevado de existência. Toda transformação é um renascimento e todo renascimento é também uma morte. Sai-se de um estágio para outro. 
A pessoa decide se quer ou não ir adiante, e o medo do novo traz a angústia. "A angústia é a possibilidade de liberdade: somente a angústia, através da fé, tem a capacidade de formar, enquanto destrói todas as finitudes". Ninguém poderá dar esse salto por você.
A angústia é o puro sentimento do possível, é o sentido daquilo que pode acontecer. "Se alguém souber tirar proveito da experiência da angústia, se tiver CORAGEM de ir mais além, então dará à realidade outra explicação: exaltará a realidade e, até quando ela pesar duramente sobre ele, recordar-se-á de que ela é muito mais leve do que era a possibilidade".
Kierkegaard, dedicou sua vida para entender o desespero no qual o ser humano, pela sua condição de estar no mundo, vive seu cotidiano.
A visão de Kierkegaard sobre o Ser ou não Ser
Kierkegaard escreveu 1849, sua obra "Desespero Humano - Doença até a Morte", uma espécie de estudo básico, no qual o filósofo procura refletir sobre o significado do desespero, ou melhor, dos desesperos e como podemos lidar com eles de uma maneira otimizada para a nossa existência.
O "DESESPERAR" é muito mais do que um fenômeno social, é também uma questão emocional, que nos leva ao fracasso ou ao triunfo.
"Todo desespero é fundamentalmente um desespero de sermos nós mesmos”.
Entre os inúmeros tipos de desesperos, dois são bastante comuns: 
 1- O desespero pelo desejo de não ser um eu próprio - denominado de desespero-fraqueza.
 2- O desespero pelo desejo de ser um eu próprio - denominado de desespero-desafio; 
Para Kierkegaard o homem em desespero tem o costume de se considerar uma vítima das circunstâncias, porque o desespero revela a miséria e a grandeza do homem, pois é a oportunidade que ele possui de chegar a ser ele mesmo, chegar a ser um eu próprio. O desespero é algo universal. Todos os homens vivenciam o desespero, mesmo não tendo consciência plena dessa situação.
O próprio Kierkegaard coloca para si o desejo de abraçar DESESPERO-DESAFIO, que é a aceitação da destruição de si, isto é, a morte do "EU ESCRAVO", para um pular ou arriscar ser, um eu de sua própria invenção. O grande desafio do indivíduo é superar a finitude e a necessidade de ser um eu próprio, construído através das suas forças. E isto, só é alcançado, mediante o "SALTO DA FÉ", que é experimentado mediante a liberdade, a sua própria decisão, sem qualquer influência do outro.
É a verdadeira afirmação da sua própria vontade. É a troca do "Tu-deves" irresponsável, pelo "EU QUERO" determinante.
É neste instante que diante do eu, o campo das suas possibilidades reais crescem e, o indivíduo, sem medo, parte para a procura daquilo que ele quer ser.
Se olharmos a palavra sobre a forma interpretativa de "TIRAR O ESPERADO OU TIRAR A ESPERANÇA = DES + ESPERO". Podemos notar que o indivíduo que se inclui no desespero-fraqueza, sempre faz e fez o que os outros "esperavam" dele. Todavia, aquele que se inicia no caminho do DESESPERO-DESAFIO, pode "TIRAR AQUILO QUE ESPERAM QUE ELE SEJA".
Portanto, o ser humano não é como uma coisa ou um simples objeto, que vive sendo determinado pelas circunstâncias da vida ou pelo outro. Mas, que tem a possibilidade de em olhando para si mesmo, ousando ser ele próprio, transformar e mudar ocorrências e eventos da sua vida.
Kierkegaard aponta o desespero do homem ao deparar-se com o vazio que não é preenchido nem pelos prazeres estéticos nem pelas obrigações éticas.
Segundo Kierkegaard, o indivíduo atravessa três estágios ao buscar sua realização, quais sejam:
Estágio estético: em que estão presentes as necessidades instantâneas (desejos) e a impossibilidade de realizá-las, o que traz a frustração e a sensação de vazio ao indivíduo;
Estágio ético: o indivíduo busca seu lugar dentro da vida social. Ao deparar-se com o vazio que não é preenchido nem pelos prazeres estéticos nem pelas obrigações éticas, o indivíduo é atingido por uma aflição extrema;
Estágio religioso: o indivíduo coloca-se diante de Deus, fazendo uma reflexão frente à sua existência; aqui, valoriza a
	possibilidade das escolhas no decurso da vida do indivíduo que é a opção que traz o caráter de um indivíduo existencial, enquanto vivencia uma existência autêntica.

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