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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

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LINGUA
ESCRITA
ALFABETIZAÇÃO
LETRAMENTO
CULTURA
1 – PREMISSAS BÁSICAS: KANT
A) NATUREZA:
	“É o reino da causalidade. Isto é, 	submetido às leis naturais de causalidade, Insuscetíveis da atuação humana”.
B) CULTURA. CONCEITO ANTROPOLÓGICO:
“É o campo instituído pela ação dos homens, que agem escolhendo livremente seus atos, dando a eles sentido, finalidade e valor porque instituem as distinções (inexistentes na natureza) entre bom e mau, verdadeiro e falso, útil e nocivo, justo e injusto, belo e feio, legítimo e ilegítimo, possível e impossível, sagrado e profano”. 
 B.1) CONDIÇÕES PARA EXISTÊNCIA DA CULTURA:
 
 * Pensamento, linguagem, trabalho, ação
 voluntária. 
DIVERSOS OUTROS CONCEITOS DE CULTURA
1 – Edward B. Tylor (1871). 
“É aquele todo complexo, que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem com membro da sociedade”.
2 – MALINOWSKI (1994).
“ O todo global consistente de implementos e bens de consumo, de cartas constitucionais para os vários agrupamentos sociais, de ideias e ofícios humanos”.
3 – FELIX M. KEESING (1958) 
“Comportamento cultivado, ou seja, a totalidade da experiência adquirida e acumulada pelo homem e transmitida socialmente, ou, ainda, o comportamento adquirido por aprendizado social”.
CLASSIFICAÇÃO DA CULTURA
1 – CULTURA MATERIAL (ERGOLOGIA) 
“Consiste em coisas materiais, bens tangíveis, incluindo instrumentos, artefatos e outros objetos materiais, frutos da criação humana e resultante de determinada tecnologia”.
“Abrange produtos concretos, técnicas, construções, normas e costumes que regulam seu emprego”.
Ex: machados de pedra, vasos de cerâmica, máscaras, vestuários, habitações, máquinas, navios, cruz etc
CLASSIFICAÇÃO DA CULTURA
2 – CULTURA IMATERIAL (ANIMOLÓGICO) 
“Refere-se a elementos intangíveis da cultura, que não têm substância material. Entre eles encontram-se crenças, conhecimentos, aptidões, hábitos, significados, normas valores etc”.
SÃO TOMÉ DAS LETRAS - MG
São Tomé das Letras ou São Thomé das Letras é um município brasileiro do Estado de Minas Gerais. Sua população estimada em 2008 era de 6 880 habitantes.
Alguns acreditam que São Tomé seja um dos sete pontos energéticos da Terra, o que atrai para o lugar místicos, sociedades espiritualistas, científicas e alternativas, o que dá razão a outro nome: Cidade Mística.
www.conscienciacosmica.com.br 
SÃO TOMÉ DAS LETRAS - MG
São Tomé das Letras ou São Thomé das Letras é um município brasileiro do Estado de Minas Gerais. Sua população estimada em 2008 era de 6 880 habitantes.
Alguns acreditam que São Tomé seja um dos sete pontos energéticos da Terra, o que atrai para o lugar místicos, sociedades espiritualistas, científicas e alternativas, o que dá razão a outro nome: Cidade Mística.
www.conscienciacosmica.com.br 
3 – CULTURA REAL 
“Aquela em que, concretamente, todos os membros de uma sociedade praticam ou pensam em suas atividades cotidianas.”
Ex: Costume jurídico – Cheque Pós-datado.
4 – CULTURA IDEAL (NORMATIVA)
“Um conjunto de comportamentos, que embora expressos verbalmente como bons, perfeitos, para o grupo, nem sempre são frequentemente praticados.”
Ex: Casamento indissolúvel é o ideal desejável pela sociedade judaico-cristã, mas o que ocorre e nem sempre é satisfatório ou atendo ao ideal; Virgindade etc. 
Homens de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto, têm visões desencontradas das coisas. Por exemplo, a floresta amazônica não passa para o antropólogo – desprovido de um razoável conhecimento de botânica – de um amontoado confuso de árvores e arbustos, dos mais diversos tamanhos e com uma imensa variedade de tonalidades verdes. 
A visão que um índio Tupi tem deste mesmo cenário é totalmente diversa: cada um desses vegetais tem um significado qualitativo e uma referência espacial. Ao invés de dizer como nós: “encontro-lhe na esquina junto ao edifício X”, eles frequentemente usam determinadas árvores como ponto de referência. 
Assim, ao contrário da visão de um mundo vegetal amorfo, a floresta é vista como um conjunto ordenado, constituído de formas vegetais bem definidas (LARAIA, 2013, p. 67). 
A Depender do Processo Civilizatório de um Povo, e de sua Cultura, o Homem pode Atribuir Sentidos Diversos para Uma Mesma Realidade
Língua é um sistema de signos convencionais usado pelos membros de uma mesma comunidade. Em outras palavras: um grupo social convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos representativos.
SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO
Signo = significante + significado.
Significante: Imagem acústica ou manifestação fônica do signo
Significado: Valor, sentido ou conteúdo semântico de um signo lingüístico.
 
ESCRITA
A escrita é o produto cultural por excelência;
A escrita também pode ser associada ao desenvolvi-
 mento social, cognitivo e cultural dos povos;
Como a mudanças profundas nos seus hábitos comuni-
 cativos;
Também costuma-se pensar que a escrita tem por fina-
 lidade difundir ideias;
O CARÁTER SOCIAL
DA ESCRITA
No entanto, em muitos casos ela funciona com o objetivo inverso, qual seja: ocultar para garantir o poder àqueles que a ela têm acesso;
Como ilustração, temos o caso da Índia, onde a escrita esteve intimamente ligada aos textos sagrados, que só eram acessíveis aos sacerdotes, e aos “iniciados”, isto é, àqueles que passavam por um longo processo de “preparação” (que era, no fundo, a garantia de que eles poderiam ler esses mesmos textos guardando segredo;
Aliás, o caráter hermético de algumas religiões, seus segredos e seus poderes, está relacionado com o maior ou menor controle de seus textos escritos;
Em outras palavras, é um instrumento de manutenção de privilégios de uma casta; 
A HISTORIA DA ESCRITA
https://www.youtube.com/watch?v=TVxmJoi-DDg
LETRAMENTO
É a condição de quem não só lê e escreve, mas, exerce práticas sociais de leitura e de escrita que circulam na sociedade em que vive, articulando-as ou dissociando-as das práticas sociais de interação oral.
Em outras palavras, é a capacidade de fazer uso adequado da leitura e da escrita socialmente utilizadas, conjugando-as com as práticas orais.
A escola precisa considerar a língua como um processo de interação entre sujeitos construtores de sentidos e significados.
Entender que os mesmos se constituem segundo as relações que um cada mantém com a língua, com o tema sobre o qual fala ou escreve, ouve ou vê, com seus conhecimentos prévios, atitudes e conceitos, segundo a situação específica em que interagem e o contexto social em que ocorre a tal comunicação.
O letramento focaliza os aspectos sócio históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade
Para Vygotsky (1984), o letramento representa o coroamento de um processo histórico de transformação e diferenciação no uso de instrumentos mediadores.
Representa também a causa da elaboração de formas mais sofisticadas do comportamento humano que são chamados os “processos mentais superiores”, tais como: raciocínio abstrato, memória ativa, resolução de problemas etc. 
Em termos sociais mais amplos, o letramento é apontado como sendo o produto do desenvolvimento do comércio, da diversificação dos meios de produção e da complexidade crescente da agricultura.
 
Ao mesmo tempo, dentro de uma visão dialética, torna-se uma causa de transformações históricas profundas, com o aparecimento da máquina a vapor, da imprensa, do telescópio, e da sociedade industrial como um todo. 
Ginzburg entende “que os instrumento linguísticos e conceituais” que o letramento coloca à disposição dos indivíduos não são neutros nem inocentes;
Ou seja, podem servir de instrumento de manipulação das
massas; 
https://www.youtube.com/watch?v=wIznCg__Ad0
ENTREVISTA DE MAGDA SOARES, QUEM PRIMEIRO NO BRASIL
FORMULOU A CONCEPÇÃO DO LETRAMENTO. 
ALFABETIZAÇÃO
Aquisição de habilidades que possibilitam as práticas de leitura e escrita. 
Apropriação da tecnologia de codificar e decodificar. 
Capacidade de identificar as letras do alfabeto e associá-las aos fonemas, às sílabas e às palavras.
DUAS ACEPÇÕES DE ALFABETIZAÇÃO
Processo de Aquisição individual de habilidades requeridas para leitura e escrita;
Processo de representação de objetos diversos, de naturezas diferentes; 
William Teale
“...a prática da alfabetização não é meramente a habilidade abstrata para produzir, decodificar e compreender a escrita; pelo contrário, quando as crianças são alfabetizadas, elas usam a leitura e a escrita para a execução das práticas que constituem sua cultura”.
PARA REFLETIR 
AS PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS
1- Será que ler e escrever são ajuntamentos de letras?
 
2 - É fazer a correspondência entre grafemas e fonemas? 
3 - É fazer cópias ou descrever letras até memorizá-las? 
4 - O que garante a alfabetização é a transmissão dos conteúdos escolares pelos professores? 
5 - É o fato de os professores cobrarem os conteúdos dos alunos?
FREIRE e GIROUX trazem uma reflexão crítica sobre a alfabetização nos moldes tradicionais, pois tais métodos também são instrumentos de alienação do indivíduo, pois a ideologia instrumental expressa-se através de uma abordagem puramente formalista da escrita, caracterizada por uma ênfase em regras, exortações sobre o que fazer e o que não fazer sobre o que se escreve.
Ao invés de tratar a escrita como um processo que é tanto o meio como o produto da experiência de cada um no mundo, esta posição despe a escrita de suas dimensões críticas e normativas e a reduz à aprendizagem de habilidades que, ao nível mais restrito, enfatiza o domínio de regras gramaticais. 
ALFABETIZAÇÃO ENQUANTO PROCESSO DE ALIENAÇÃO
DO SUJEITO 
Alguns questionamentos induzem à reflexão sobre a realidade educacional da alfabetização dos brasileiros, sobre os conhecimentos que adquiriram e sua atuação na sociedade, a forma como utilizam esses conhecimentos para reforçar o que existe ou transformar a educação de forma a proporcionar melhores condições de vida para todos.
Algumas crianças copiam textos com uma letra muito bonita, mas não conseguem ler o que escrevem. 
Outras leem, mas não conseguem escrever. 
Há, ainda, as que recitam letras de A a Z, mas não conseguem ler ou escrever, sem falar no nível de compreensão de um texto.
Aprender a ler e a escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codificar em língua escrita (escrever) e de decodificar a língua escrita (ler). Porém, somente adquirir não é o suficiente;
O E LETRAMENTO
É necessário se apropriar dela, fazer uso das práticas sociais de leitura e de escrita, articulando-as ou dissociando-as das práticas de interação oral, dependendo de cada situação vivida.
Isso quer dizer que não basta uma criança ser alfabetizada, ela precisa se tornar letrada.
É por isso que Emília Ferreiro afirma que a escrita não de ver apenas um código de transcrição gráfica das unidades sonoras, mas sim como um sistema de representação que evolui histórica e criticamente.
Ou seja, não se deve privilegiar a mera codificação ou decodificação de sinais gráficos da leitura e escrita, mas sim respeitar o processo de simbolização e este a criança vai percebendo que a escrita representa, na medida do próprio desenvolvimento de alfabetização.
https://www.youtube.com/watch?v=Ne0ImYjWuf8
https://www.youtube.com/watch?v=0XnRKmLU7DE
Alfabetização, Leitura e Escrita: 
Debate Sobre os Desafios Contemporâneos
Ensino
O ensino é uma forma sistemática de transmissão de conhecimentos. 
Aprendizagem
Aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais.
Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente.
Nesse enfoque centrado na aprendizagem, o conhecimento é construído e reconstruído continuamente. 
Os objetivos da aprendizagem são classificados em:
domínio cognitivo (ligados a conhecimentos, informações ou capacidades intelectuais). Ex: habilidades de memorização, compreensão, aplicação, análise, síntese e a avaliação
domínio afetivo (relacionados a sentimentos, emoções, gostos ou atitudes). Ex: habilidades de receptividade, resposta, valorização, organização e caracterização
domínio psicomotor (que ressaltam o uso e a coordenação dos músculos). Ex: habilidades relacionadas a movimentos básicos fundamentais, movimentos reflexos, habilidades perceptivas e físicas e a comunicação não discursiva
Objetivos da Aprendizagem
DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO EM
NOSSO PAÍS – Constituição Federal
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
“Educar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 21).
O espaço escolar deve sempre contribuir para a curiosidade, a criatividade, o raciocínio lógico, o estímulo à descoberta.
Cócco e Hailer (1996) descrevem a leitura e a escrita como instrumentos básicos de ingresso e participação do cidadão na sociedade letrada – portanto, exercem função social. 
São ferramentas facilitadoras da compreensão e realização da comunicação do homem na sociedade contemporânea. É a chave para a apropriação dos saberes conquistados pela humanidade.
Isabel Cristina Alves da Silva Frade (2003): 
“A concepção do ensino das primeiras letras tem se modificado ao longo dos tempos. 
Ressalta que não é suficiente decifrar o código linguístico, mas é fundamental ter habilidades que possibilitam saberes envolvidos no ler e escrever, além de participar dos benefícios envolvidos na cultura escrita, construir atitudes e representações dessa participação”.
A autora relaciona a escola como representante da cultura escrita e, portanto, constitui-se agente de letramento. 
A alfabetização, na visão do construtivismo, é vista como um processo de construção contínua de conceitos que tem início muito antes de a criança ser escolarizada.
É necessário ter claros as características do sistema de escrita e o uso funcional da linguagem.
Quando uma criança passa de um estágio menor de conhecimento para um estágio maior de conhecimento? 
Ou seja, quando ela avança no conhecimento? 
Jean Piaget
Para buscar as respostas, propôs uma perspectiva construtivista: o sujeito aprende por meio da ação, ou seja, o aprendizado se dá com a interação do sujeito com o objeto. 
Tudo passa a girar em torno da equilibração – conceitochave de sua teoria, pois o ser humano busca constantemente o equilíbrio em sua vida –, por meio de dois fatores básicos: assimilação (aceitar a novidade) e acomodação (transformar a informação em conhecimento).
A assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra (classifica) um novo dado perceptual, motor ou conceitual às estruturas cognitivas prévias (WADSWORTH, 1996). 
Ou seja, quando a criança tem novas experiências (vendo coisas novas, ou ouvindo coisas novas) ela tenta adaptar esses novos estímulos às estruturas cognitivas que já possui. 
ASSIMILAÇÃO
O próprio Piaget define a assimilação como (PIAGET, 1996, p. 13) : 
... uma integração à estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação.
Isto significa que a criança tenta continuamente adaptar os novos estímulos aos esquemas que ela possui até aquele momento. 
Por exemplo, imaginemos que uma criança
está aprendendo a reconhecer animais, e até o momento, o único animal que ela conhece e tem organizado esquematicamente é o cachorro. Assim, podemos dizer que a criança possui, em sua estrutura cognitiva, um esquema de cachorro.
Pois bem, quando apresentada, à esta criança, um outro animal que possua alguma semelhança, como um cavalo, ela a terá também como cachorro (marrom, quadrúpede, um rabo, pescoço, nariz molhado, etc.).
ACOMODAÇÃO
Notadamente, ocorre, neste caso, um processo de assimilação, ou seja a similaridade entre o cavalo e o cachorro (apesar da diferença de tamanho) faz com que um cavalo passe por um cachorro em função da proximidades dos estímulos e da pouca variedade e qualidade dos esquemas acumulados pela criança até o momento. 
A diferenciação do cavalo para o cachorro deverá ocorrer por um processo chamado de acomodação. 
Ou seja, a criança, apontará para o cavalo e dirá "cachorro" . Neste momento, uma adulto intervém e corrige, "não, aquilo não é um cachorro, é um cavalo". 
Quando corrigida, definindo que se trata de um cavalo, e não mais de um cachorro, a criança, então, acomodará aquele estímulo a uma nova estrutura cognitiva, criando assim um novo esquema. 
Esta criança tem agora, um esquema para o conceito de cachorro e outro para o conceito de cavalo.
Entrando agora na operação cognitiva da acomodação, iniciamos com definição dada por PIAGET (p. 18, 1996) : 
Chamaremos acomodação (por analogia com os "acomodatos" biológicos) toda modificação dos esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores (meio) ao quais se aplicam.
Assim, a acomodação acontece quando a criança não consegue assimilar um novo estímulo, ou seja, não existe uma estrutura cognitiva que assimile a nova informação em função das particularidades desse novo estímulo (Nitzke et alli, 1997a). 
Diante deste impasse, restam apenas duas saídas: criar um novo esquema ou modificar um esquema existente. Ambas as ações resultam em uma mudança na estrutura cognitiva. 
Ocorrida a acomodação, a criança pode tentar assimilar o estímulo novamente, e uma vez modificada a estrutura cognitiva, o estímulo é prontamente assimilado. 
Vygotskij
Lev S. Vygotsky nasceu em 1896, graduou-se em Literatura pela Universidade de Moscou. Foi professor, pesquisador e palestrante de literatura, pedagogia e psicologia. Ele era contemporâneo de Piaget, e viveu na Rússia até os 37 anos de idade, quando faleceu de tuberculose.
Suas pesquisas apontaram para o papel da linguagem e da aprendizagem no desenvolvimento do indivíduo, cujo pensamento se constrói em um ambiente histórico-cultural.
Para Vygotsky (1984, p. 127), a relação do homem com o mundo não é direta, mas mediada. 
O professor é um mediador entre o aluno e o conhecimento.
Ele investigou o desenvolvimento das capacidades intelectuais superiores do homem e identificou a linguagem como o principal fator do crescimento.
Definia a linguagem como um conjunto de símbolos que mantinha seu caráter histórico e social
Sua teoria embasava-se no desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico. 
E enfatizava o papel da linguagem no desenvolvimento, portanto sua tese foi considerada histórico-social.
Vygotsky enfatizava o papel da formação escolar, quando a criança, segundo ele, recebe informações socialmente construídas (experiências passadas) e transforma as situações do presente ou adquire consciência.
O sustentáculo da concepção de Vigotsky está no conceito de mediação, que é o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação, que passa de direta (sujeito x objeto) para indireta (sujeito x mediador x objeto) (Rosa, 2003, p. 20).
No contexto escolar, tais ideias modificaram a perspectiva relacional entre professor e aluno.
Nessa concepção, também defendida por Marta Koll de Oliveira (1993), a relação adulto-criança não é binária, não envolve somente aluno-professor. 
Não existe domínio de um sobre o outro, pois muitas “coisas” (informações) circulam nesse espaço relacional. 
A socialização, troca de significados aprendidos e transformados, dialoga construindo saberes e dizeres. 
A intersubjetividade, simpatia e oposição, gerada pelos conflitos se transformam em relações que mudam o paradigma da situação: professor-aluno.
Não se nega as reações biológicas (defendidas por Piaget), mas entende-se que a redução destas é uma condição para os eventos psicológicos defendidos por Vygotsky no conceito da percepção:
A criança no início de sua vida tem apenas sensações orgânicas – tensão, dor, calor –, principalmente nas áreas mais sensíveis. Quando a criança deixa de sofrer influência desses processos biológicos, passa a perceber a realidade. A percepção da realidade requer processos biológicos como determinantes de experiência, permitindo que seu organismo passe a ser afetado por fatores externos. Evidentemente, só a realidade dos fatores externos não determina completamente essa percepção. A informação de que esses processos biológicos tornam-se disponíveis no organismo é organizada pela própria criança por meio de experiência social e cultural. A criança passa a ver o mundo com sua própria visão, administrando sob seu ponto de vista (Vygotsky, 1984, p. 78).
Um conhecimento só se solidifica quando resulta em um instrumento de pensamento. 
A criança avança na aquisição de conceitos quando domina o abstrato e combina-o com um pensamento mais complexo. 
Com os passar do tempo, os conceitos tornam-se concretos e somam-se às habilidades adquiridas socialmente. 
Para ele, método é algo para ser praticado e não aplicado como o fim que justifica os meios, ou seja, não é ferramenta no alcance de resultados. Ferramenta e resultados se integram, ou se misturam e se somam, na
aprendizagem.
Vigotsky elaborou o conceito de “zona de desenvolvimento proximal” (distância entre o nível real – solução independente de problema – e o nível de desenvolvimento potencial – determinado por meio da solução de problema com a intervenção de alguém com mais experiência). 
Sua problemática era: quando o ser humano deixa de ser penas biológico para se tornar sócio-histórico?
Piaget dedicou seus estudos na pesquisa do sujeito cognoscente, e Vygotsky estudou o sujeito social (histórico).
Hoje se fala muito em propostas pedagógicas que sejam capazes de ver a criança como ser integral, global. 
Assim, não se pode negar que ambos trazem contribuições para a criança biopsicossocial, ou seja, a criança real.

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