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Das Pessoas Juridicas

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Direito Civil I 
Aula 6 – Pessoas Jurídicas. 
Prof. Luiz Felipe. 
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DAS PESSOAS JURÍDICAS: 
Conceito: são entidades em que a Lei empresta personalidade, capacitando-as a serem 
sujeitos de direitos e obrigações. 
Segundo Fabio Ulhoa Coelho, pessoa jurídica é a entidade abstrata com existência e 
responsabilidade jurídicas como, por exemplo, fundações, Cooperativas, Sociedades, 
Organização religiosas, associação, empresas, companhias, legalmente e juridicamente 
organizadas e devidamente registradas. 
Não são apenas as pessoas naturais que podem ser sujeitos de direito, pois, entes formados 
pelo agrupamento de pessoas, para fins determinados, também podem ser sujeitos de direito. 
Estes entes são as pessoas jurídicas, que se constituem pela unidade de pessoas ou de 
patrimônios, que visam a execução de determinadas finalidades, que passam a ter personalidade 
jurídica distinta dos seus componentes, reconhecidas pelo ordenamento jurídico como sendo 
sujeitos de direitos e obrigações. 
NATUREZA JURÍDICA: 
Existem algumas teorias que visam explicar a existência da pessoa jurídica e a razão da sua 
capacidade de direito. 
1. Teoria da Ficção (Windscheid/Savigny) – “Só o homem é capaz de ser sujeito de direito” 
(capacidade de direito), e conclui que a pessoa jurídica é uma ficção legal, uma criação artificial 
da Lei, para exercer direitos patrimoniais. Vareilles-Sommiéres, varia um pouco ao dizer que a 
pessoa jurídica tem existência apenas na inteligência dos juristas, apresentando-se como mera 
ficção da doutrina. 
Estas são inaceitáveis, posto que o Estado é uma pessoa jurídica, que se for considerado como 
ficção, o Direito que dele emana também o será. 
 
2. Teoria da Equiparação (Brinz) – “Pessoa Jurídica é o patrimônio equiparado, no tratamento 
jurídico, com as pessoas naturais.” 
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É inaceitável por elevar os bens a categoria de sujeito de direitos e obrigações, confundindo 
coisas com pessoas. 
 
3. Teoria da Realidade Objetiva ou Orgânica (Gierke e Zitelmann) – “Juntamente com as 
pessoas naturais (organismos físicos), existem as pessoas jurídicas (organismos sociais), que 
possuem vontade própria distinta de seus membros, tendo por finalidade realizar o objetivo 
social. 
Este teoria cai por terra quando afirma que a pessoa jurídica tem vontade própria, posto que o 
fenômeno volitivo é peculiar do ser humano, e não do ente coletivo. 
 
4. Teoria da Realidade Técnica (Saleilles) – Como a personalidade humana decorre do direito (os 
escravos por exemplo eram privados de sua personalidade), este (o Direito) pode também 
conceder personalidade jurídica ao agrupamento de pessoas ou bens, que tenham objetivo de 
realizar determinados interesses. 
Esta teoria é admitida pelo nosso ordenamento jurídico. 
A pessoa jurídica é, portanto, um atributo que o Estado defere a certas entidades, que se 
enquadram nos requisitos legais de constituição. 
 
REQUISITOS PARA A CONSTITUIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA: 
a) vontade humana – “affectio societatis”; 
b) licitude do objeto; 
c) observância das condições legais para a sua instituição (registro do ato constitutivo no órgão 
competente e, quando necessário, autorização governamental, ex: seguradoras, bancos e outros 
que precisam de autorização governamental); 
Surgimento da Pessoa Jurídica (artigo 45 do Código Civil): 
A personalidade da pessoa natural se dá com o nascimento com vida, quando passa a ser 
sujeito de direito e obrigações. Já a pessoa jurídica surge com o registro de seu Ato 
Constitutivo, Contrato Social (sociedades), Estatuto (associações), e Escritura Pública ou 
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Testamento (fundações), no órgão competente, no caso das Sociedades, na Junta Comercial, e 
no caso das associações e fundações, o Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas. 
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo 
no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-
se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
 
Em alguns casos exige-se também a autorização do Poder Executivo, como no caso de 
seguradoras, factoring, financeiras, bancos, administradoras de consórcio, administradoras de 
planos de saúde etc. 
Algumas pessoas jurídicas serão registradas em órgãos especiais como os partidos políticos 
no Tribunal Superior Eleitoral-TSE. 
CF artigo 17 § 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, 
registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. 
 
CLASSIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA: 
Pode-se classificar a pessoa jurídica quanto a sua Nacionalidade, quanto a sua Estrutura 
Interna, quanto as Funções e Capacidade. 
1. Quanto a Nacionalidade: se nacional ou estrangeira, tendo em vista sua articulação, e 
subordinação ao ordenamento jurídico que lhe conferiu personalidade – artigos 1.126 e 
1.134 do Código Civil. 
Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a 
sede de sua administração. 
Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização do Poder 
Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados 
os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira. 
 
2. Quanto a Estrutura Interna: 
“Universitas Personarum” – Conjunto de pessoas que coletivamente goza de certos 
direitos e os exerce por meio de uma vontade única. 
Exemplos: Sociedades e Associações. 
“Universitas Bonorum” – É o patrimônio personalizado, destinado a um fim que lhe dá 
unidade. 
Exemplo: Fundações. 
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3. Quanto as Funções e Capacidade: (artigos 40, 41, 42 e 44 do Código Civil): 
As pessoas jurídicas são de direito público interno ou externo e de direito privado. 
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. 
 Veja o organograma abaixo: 
 
 
1. Pessoa Jurídica de Direito Público Interno: 
Da administração direta (artigo 41, incisos I, II e III do Código Civil) – União, Estados, 
Município, Distrito Federal, Territórios, e Municípios. 
Da administração indireta – (artigo 41, incisos IV e V do Código Civil) – Autarquias, 
inclusive as associações públicas, e demais entidades de caráter público criadas por Lei. Estas 
são órgãos descentralizados criados por Lei, com personalidade jurídica própria para o exercício 
de atividades de interesse público. 
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Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I - a União; 
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios; 
IV - as autarquias; 
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005) 
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
 
Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno da Administração Indireta: Parágrafo único 
do artigo 41 do Código Civil. 
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado 
estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. 
Autarquias: São entidades autônomas, auxiliares e descentralizadas da administração 
pública, sujeitas à fiscalização e à tutela do Estado, seu patrimônio é constituído de recursos 
próprios, e seu objetivo é executar serviços de caráter estatalou interessantes à coletividade, 
como, entre outros, caixas econômicas e institutos de previdência. 
Exemplos: 
 INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social; INCRA – Instituto Nacional de 
Colonização e Reforma Agrária; IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico 
Nacional. 
Associações Públicas: São Consórcios Públicos com personalidade de Direito Público, que 
conjugam esforços para a execução de objetivos de interesse público. 
Exemplo: Consórcio COPATI formado por Municípios banhados pelo Rio Tabagí no 
Estado do Paraná, com a finalidade de preservação do Rio. 
Fundações Públicas: Possuem o patrimônio voltado para a execução de fins de interesse 
público. 
Exemplos: FUNASA – Fundação Nacional de Saúde; e FUNARTE – Fundação Nacional de 
Arte. 
Agências Reguladoras: Autarquias Federais especiais, incumbidas de fiscalizar e normatizar 
a prestação de certos bens e serviços públicos. 
Exemplos: ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária; ANATEL – Agência 
Nacional de Telecomunicações; ANP – Agência Nacional de Petróleo. 
 
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2. Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo: São regidas pelo Direito Internacional. 
Exemplos: Nações estrangeiras; Santa Sé; Uniões Aduaneiras (Mercosul – União Européia), e 
Organismos Internacionais (ONU – OEA – FMI). 
 
3. Pessoas Jurídicas de Direito Privado: artigo 44, incisos I a VI do Código Civil. 
• Fundações Particulares; 
• Associações; 
• Sociedades; 
• Organizações Religiosas; 
• Partidos Políticos; 
• Empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI) 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
I - as associações; 
II - as sociedades; 
III - as fundações. 
IV - as organizações religiosas; 
V - os partidos políticos; 
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência) 
 
FUNDAÇÕES PARTICULARES - artigo 62 parágrafo único do Código Civil, e 
Enunciados no’s 08 e 09 aprovados na 1a Jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de 
Estudos Jurídicos do Conselho da Justiça Federal. 
Conceito: Fundações constituem-se por um acervo de bens (propriedades, crédito ou 
dinheiro), ao qual o Direito atribui personalidade jurídica, e seus objetivos são estipulados por 
seu Fundador, que a institui por meio de Instrumento Público (Escritura ou Testamento), com a 
finalidade religiosa, moral, cultural ou assistencial. 
Exemplo: Fundação Roberto Marinho – finalidade cultural. 
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de 
bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. 
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de 
assistência. 
 
Enunciado 8 – Art. 62, parágrafo único: a constituição de fundação para fins científicos, educacionais ou de 
promoção do meio ambiente está compreendida no CC, art. 62, parágrafo único. 
Enunciado 9 – Art. 62, parágrafo único: o art. 62, parágrafo único, deve ser interpretado de modo a excluir 
apenas as fundações com fins lucrativos. 
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Constituição da Fundação – 4 fases: 
1a. Ato de Dotação ou de Instituição, que compreende a destinação de bens livres, com 
indicação dos fins a que se destinam e a maneira de administrá-los. 
Far-se-á por ato “inter vivus” através de Escritura Pública, ou “causa mortis” através de 
Testamento, ambos lavrados em Tabelionato de Notas. 
Este acervo de bens há de ser apto para produzir rendas ou serviços que possibilitem a 
execução dos fins desejados pelo seu instituidor, sob pena de se frustrar sua iniciativa. 
Caso o Patrimônio disponibilizado pelo Fundador seja insuficiente para a execução dos 
objetivos pretendidos, os bens destinados à Fundação, serão incorporados em outra Fundação 
com a finalidade semelhante, caso o Fundador não tenha estipulado outro destino ao patrimônio, 
previsto no instrumento público de constituição da Fundação – artigo 63 do Código Civil. 
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não 
dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. 
 
2a. A elaboração do Estatuto da Fundação, poderá ser direta – pelo próprio instituidor; ou 
fiduciária – por pessoa de sua confiança, por ele designada (artigo 65 do Código Civil). 
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, 
formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, 
à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. 
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em 
cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. 
 
3a. A aprovação do Estatuto pelo Ministério Público, que é a autoridade competente a que 
se refere o artigo 65 acima. Para a aprovação do Estatuto o M.P. verificará a licitude do objeto, 
se foram observadas as bases fixadas pelo instituidor, e se os bens são suficientes. 
4a. O Registro do Estatuto que se faz no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas 
conforme artigo 114 inciso I da Lei 6.015/73 L.R.P. 
Art. 114-LRP. No Registro Civil de Pessoas Jurídicas serão inscritos: 
I - os contratos, os atos constitutivos, o estatuto ou compromissos das sociedades civis, religiosas, pias, morais, 
científicas ou literárias, bem como o das fundações e das associações de utilidade pública; 
ASSOCIAÇÕES - artigo 53 do Código Civil, e, artigo 5 inciso XVII da Constituição 
Federal. 
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. 
Art. 5, inciso XVII da CF – É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. 
 
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 Conceito: Associações são a união de pessoas que se organizam para fins não econômicos, 
voltadas a atividades culturais, sociais, pias, religiosas, e recreativas. 
 Renda: A associação, embora não persiga lucro, não está impedida de gerar renda para 
manter-se. O que se observa é que seus membros não pretendem partilhar lucros ou despesas, 
como ocorre nas sociedades. A receita gerada é revertida em benefício da associação. 
O Ato Constitutivo: Sua existência legal surge com o Registro de seu Estatuto, 
representado por documento público ou particular, junto ao Cartório de Registro Civil de Pessoas 
Jurídicas, conforme artigo 114 inciso I da Lei 6.015/73 L.R.P. 
Art. 114-LRP. No Registro Civil de Pessoas Jurídicas serão inscritos: 
I - os contratos, os atos constitutivos, o estatuto ou compromissos das sociedades civis, religiosas, pias, morais, 
científicas ou literárias, bem como o das fundações e das associações de utilidade pública; 
 
O Estatuto consiste em um conjunto de cláusulas que vinculam os Fundadores aos novos 
Associados, que ao ingressar, se submetem aos seus comandos. 
Após o Registro do Estatuto, a Associação passa a ter capacidade de direito. 
A Associação sem o devido Registro será considerada Associação Irregular ou não 
Personificada (sem personalidade jurídica), sendo que mesmo irregular a Associação será 
representada ativa e passivamente pela pessoa que a administrar. 
Elementos essenciais para elaboração do Estatuto: artigo 54, incisos I a VII do Código 
Civil , e artigo 120 incisos I a IV da Lei 6.015/73 L.R.P. 
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: 
I - a denominação,os fins e a sede da associação; 
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; 
III - os direitos e deveres dos associados; 
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; 
V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos; 
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 
2005) 
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. 
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 
2005) 
 
Os Associados não possuem obrigações recíprocas entre si (artigo 53 § único do Código 
Civil). 
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. 
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. 
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A Assembléia Geral: O Estatuto designará o quorum necessário para a convocação da 
Assembléia Geral, contudo a Lei assegura que um quinto (1/5) dos Associados tem o direito de 
promovê-la (art. 60 do Código Civil). 
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos 
associados o direito de promovê-la. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005). 
 
Compete privativamente a Assembléia Geral: 
• A destituição dos Administradores; 
• A alteração do Estatuto. 
Exemplos de Associações: 
Associações Pias Beneficentes ou Filantrópicas: Tem por finalidade a caridade; 
Associações de Assistência Social: hospitais beneficentes, Santas Casas, creches, azilos; 
Associações de Utilidade Pública: Presta serviços sócio-assistenciais ou educacionais; 
Associações Secretas com fins lícitos: São humanitárias, educacionais, filosóficas, Morais, 
Religiosas, Científicas. Ex: Maçonaria; 
Associações Estudantis: São representadas por Grêmios, Centros acadêmicos, UNE, 
Associações de Pais e Mestres – visam atender ao corpo discente (alunos); 
Associações Recreativas: visam o entretenimento e divertimento de seus associados. 
Exemplo: clubes recreativos; 
Cooperativas: São associações em forma de sociedade, com número aberto de membros, 
sem fins lucrativos, visando estimular a poupança, a aquisição e a economia dos associados, 
mediante atividade econômica comum. 
 Desconsideração da personalidade jurídica: (art. 50 do Código Civil). 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão 
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no 
processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos 
administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
 
A Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica, foi desenvolvida pelos Tribunais 
Norte Americanos, chamada de “disregard doctrine” tendo em vista casos em que o 
controlador/administrador desviava a pessoa jurídica de suas finalidades. 
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Tem como objetivo impedir a fraude contra credores, levantando o véu corporativo da 
pessoa jurídica, desconsiderando assim sua personalidade, para alcançar as pessoas e os bens 
que utilizam da pessoa jurídica para fins ilícitos ou abusivos. 
Existe uma repressão por meio do ordenamento jurídico, ao uso indevido da 
personalidade jurídica, mediante desvio de seus objetivos ou confusão do patrimônio social para 
a prática de atos abusivos ou ilícitos, possibilitando assim a transferência da responsabilidade 
para aqueles que a utilizarem indevidamente. 
 
Responsabilidade civil das pessoas jurídicas: 
O Código Civil, no seu artigo 43 trata da responsabilidade civil das pessoas jurídicas de 
direito público interno: União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Município, Autarquias 
Públicas, inclusive Associações Públicas, e demais entidades de caráter público criadas por lei. 
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus 
agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se 
houver, por parte destes, culpa ou dolo. 
 Nos artigos 931, 932 inciso III, e 933, o Código Civil trata da Responsabilidade Civil das 
Pessoas Jurídicas que tem finalidade lucrativa ou empresarial, ou seja as Sociedades 
Empresárias, ao dispor que: “...respondem independentemente de culpa pelos danos causados 
por produtos postos em circulação.” 
Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas 
respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que 
lhes competir, ou em razão dele; 
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua 
parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. 
O artigo 37 § 6o da Constituição Federal trata da Responsabilidade Civil das Pessoas 
Jurídicas de Direito Público, e das Pessoas Jurídicas de Direito Privado prestadora de 
serviços públicos: 
Art. 37/CF. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão 
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o 
responsável nos casos de dolo ou culpa. 
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Cláusula Geral de Tutela da Responsabilidade Civil: O artigo 927, conjugado com os 
artigos 186 e 187 do Código Civil, trazem em linhas gerais, o Titular da Responsabilidade Civil. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a 
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites 
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
 
Extinção da pessoa jurídica: 
Assim como a pessoa natural, a pessoa jurídica completa o seu ciclo existencial, extinguindo-
se. 
A extinção da pessoa jurídica, poderá ser: 
• Convencional – é aquela deliberada entre os próprios sócios, respeitando o estatuto ou o 
contrato social; 
• Administrativa – resulta da cassação da autorização de funcionamento, exigida para 
determinadas sociedades se constituírem e funcionarem; 
• Judicial – observadas as hipóteses de dissolução previstas no estatuto ou no contrato 
social, o juiz, por iniciativa de qualquer dos sócios, poderá, por sentença, determinar sua 
extinção. 
Dissolução da Pessoa Jurídica: O artigo 51 do Código Civil trata dos casos da dissolução da 
pessoa jurídica, ou cassação da autorização de seu funcionamento: 
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela 
subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. 
 
Dissolução das Associações: O artigo 54 inciso VI do Código Civil, tratada dissolução 
convencional das Associações. 
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: 
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. 
A extinção das Fundações: artigo 69 do Código Civil. 
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua 
existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu 
patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, 
que se proponha a fim igual ou semelhante. 
AS ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS: artigo 44 inciso IV § 1o do Código Civil: 
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As Organizações Religiosas são pessoas jurídicas de direito privado, tem fins pastorais, de 
evangelização, de culto, de adoração e outros, que envolvem uma complexa questão de fé. 
Portanto, são livres a forma de criação, organização, estruturação interna e funcionamento. 
Representam o Direito à liberdade de crença, garantido pela Constituição Federal. 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) 
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, 
sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu 
funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) 
Enunciado 143 aprovado na III Jornada de Direito Civil, promovida pelo Centro de Estudos do Conselho da 
Justiça Federal-CJF: Art. 44: A liberdade de funcionamento das organizações religiosas não afasta o controle de 
legalidade e legitimidade constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexame pelo Judiciário da 
compatibilidade de seus atos com a lei e com seus estatutos. 
 
OS PARTIDOS POLÍTICOS: artigo 44 inciso V § 3o do Código Civil, e artigo 17 da 
Constituição Federal: 
Os Partidos Políticos tem natureza própria, seus fins são políticos. São regidos pela Lei 
9.096/95, que regulamenta o artigo 17 da Constituição Federal. 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) 
§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. (Incluído pela 
Lei nº 10.825, de 22.12.2003) 
 
CF - Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania 
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os 
seguintes preceitos: 
I - caráter nacional; 
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a 
estes; 
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; 
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. 
 
 
 
AS EMPRESAS INDIVIDUAIS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI). 
Uma novidade no rol das pessoas jurídicas de direito privado constantes do artigo 44 do 
Código Civil, a EIRELI – Empresa individual de responsabilidade limitada, criada pela Lei 
12.441 de 11 de Julho de 2011, possibilitou que antes não era autorizado, a constituição de uma 
pessoa jurídica de responsabilidade limitada composta por apenas uma pessoa. 
A criação desta lei certamente foi motivada pela necessidade de coibir uma prática muito 
comum na sociedade, a constituição de pessoas jurídicas de responsabilidade limitada compostas 
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por sócios detentores de cotas muito desiguais, ou seja, um dos sócios detém a maioria 
esmagadora das cotas, e o outro, normalmente parente ou amigo, é titular de insignificante parte 
do capital social, sem qualquer interesse real no negócio. 
A grande vantagem da EIRELI sobre o empresário individual é a responsabilidade pelas 
dívidas contraídas. O empresário individual responde com todo o seu patrimônio pessoal (pessoa 
natural), no caso da EIRELI a responsabilidade é limitada ao capital integralizado. 
Só que nem tudo são vantagens, para proteção de terceiros e por segurança jurídica, ao 
constituir uma EIRELI é necessário um capital mínimo de cem (100) vezes o maior salário 
mínimo vigente no país. Caso não houvesse tal limitação, certamente significaria o fim do 
empresário individual, pois não haveria sentido permanecer nesta condição se fosse possível criar 
livremente uma pessoa jurídica com responsabilidade patrimonial limitada. 
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da 
totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-
mínimo vigente no País. 
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a 
denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. 
§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em 
uma única empresa dessa modalidade. 
§ 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de 
outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração. 
§ 4º ( VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência) 
§ 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de 
serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, 
nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional. 
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as 
sociedades limitadas.

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