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Teoria do Conhecimento Nota de Aula 2014.1

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TEORIA DO CONHECIMENTO 
 
 
“Todos os homens, por natureza, desejam conhecer. Sinal disso é o prazer que nos proporciona nossos 
sentidos. (...) Conhecimento e compreensão pertencem antes à arte do que à experiência. Donde se 
conclui que a Sabedoria depende, antes de tudo, do conhecimento.” Aristóteles. 
 
 
O SUJEITO COGNOSCENTE E O OBJETO COGNOSCÍVEL: 
 
- René Descartes: no Discurso do Método criou a ideia de que o homem, graças à técnica, deveria se tornar 
mestre e senhor da natureza. O Eu pensante precisava transformar o mundo exterior para conhecê-lo e dominá-
lo. A racionalidade presente no sujeito capta a racionalidade presente no objeto. Homem e natureza, sujeito e 
objeto se bifurcam. Cria o sujeito epistemológico. Um sujeito do conhecimento destituído de sua psicologia, suas 
emoções, suas paixões e sua história. O sujeito cognoscente adequado é aquele que será pura consciência de 
si. Penso, logo existo é o emblema de todo saber irrefutável. Seu método é o geométrico-algébrico. O sujeito que 
conhece geometrizando o espaço desencanta o mundo. O objetivo é reduzir o campo de espanto e admiração 
do mundo. Uma natureza abstrata, formalizada e objetivada possibilita ao sujeito do conhecimento conhecê-la, 
controlá-la e dominá-la através de sua matematização. Crítica de Horkheimer: Descartes inviabilizou qualquer 
harmonia entre o homem e a natureza. Não há diálogo entre o sujeito e o objeto, mas tensão e luta. Ele cria o 
mito do racionalismo clássico. 
 
 
NOTAS SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS 
 
1) GNOSEOLOGIA(GNOSIOLOGIA): é o estudo, a doutrina ou o tratado sobre o conhecimento. Abrange os 
aspectos: lógico, psicológico e o crítico. Neste último sentido, vale como a teoria do conhecimento ou como 
preferem alguns, axiologia do conhecimento que é a parte da Filosofia que abrange o valor objetivo do 
conhecimento, aí incluído o seu alcance metafísico. Afirmar que a verdade é um valor significa: o verdadeiro 
confere às coisas, aos seres humanos, ao mundo um sentido que não teriam se fossem considerados 
indiferentes à verdade e à falsidade. 
2) EPISTEMOLOGIA: discurso sobre a ciência. Ainda que usado para significar a teoria do conhecimento, o 
termo emprega-se hoje preferentemente para designar o estudo crítico da forma da ciência e não de seu 
conteúdo. 
DISCIPLINA: Filosofia 
Prof.: Nicodemos F. Maia 
CARGA HORÁRIA: 
80h / a 
GRAU DE ENSINO: 
GRADUAÇÃO (Bacharelado) CURSO DE DIREITO 
CÓDIGO: 
31076 
 
NOTA DE AULA 
DISCIPLINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3) TEORIA DO CONHECIMENTO: é uma interpretação e uma explicação filosófica do conhecimento humano. O 
que é o conhecimento? A tríade compreende o sujeito, a imagem e o objeto. Espécies: 3.1) sensível: 
sensações; percepções (todo) e imagens – 3.2) intelectual: idéias e juízos. Sensações são pressupostos da 
percepção. Imagens: quando a sensação ou percepção cessa; é a representação de um objeto ao espírito. A 
imagem não é idêntica a um objeto. Segundo H. Bergson o objeto simples não pode ser, para nós, igual sempre 
a si próprio, mas, pelo contrário, é sempre diferente, segundo os modos pelos quais se apresenta e segundo os 
modos pelos quais os percebemos. Cada sensação e cada percepção de um objeto a de corresponder a uma 
imagem particular. Imaginação é a capacidade de conservar e reproduzir imagens. 
 
4) TEORIAS SOBRE A VERDADE: “A verdade nunca é descoberta num espaço vazio; a descoberta é um ato de 
diferenciação praticado em um ambiente bastante denso de opiniões; e, se a descoberta se refere à verdade da 
existência humana, chocará o ambiente em um amplo leque de suas mais arraigadas convicções.” “Uma teoria 
não é apenas a emissão de uma opinião qualquer a respeito da existência humana em sociedade; é uma 
tentativa de formular o sentido da existência, explicando o conteúdo de um gênero definido de experiências.” 
(ERIC VOEGELIN). MALATESTA: A verdade é a conformidade da noção ideológica com a realidade. 
4.1 - COMO REPRESENTAÇÃO: O conhecimento é verdadeiro na medida em que seu conteúdo concorda com 
o objeto visado. Logo, o conceito de verdade é relacional. Para Aristóteles, o conhecimento é a medida e o 
objeto é a coisa medida. A verdade é, pois, perceber e dizer o que se percebe. O falso e o verdadeiro não se 
encontram nas coisas, mas no pensamento (Metafísica). A essência do conhecimento está ligado ao conceito de 
verdade. 4.2 - RELATIVA: PROTÁGORAS admitia que o homem é a medida de todas as coisas, tanto das que 
são quanto das que não são. Platão o expressou a fórmula "Deus é a medida", em oposição à definição de 
Protágoras "o homem é a medida. 4.2.1 – RELATIVISMO NORMATIVO: não há verdades, mas apenas 
costumes variáveis de uma sociedade para outra. 4.2.2 – RELATIVISMO COGNITIVO: negação da possibilidade 
de conhecimento do real. Influência de fatores individuais, coletivos e ideológicos. 
4.3 - COMO DESCOBRIMENTO: é a verdade originária do ser. A reflexão heideggeriana sobre o ser encontra-se 
no encalço da interpretação grega da verdade como Aletheia. A questão da verdade é problematizada por 
Heidegger no âmbito do que poderíamos nomear de hermenêutica ontológica. Esta investiga as palavras 
geradoras dos pensadores originários da Grécia arcaica, os pré-socráticos (Heráclito). A retomada crítica que ele 
faz do significado de alethéia justifica-se como a pedra de toque que possibilita a compreensão do sentido do 
ser, pelo viés da interpretação. 
4.4 - DO CRISTIANISMO: Eu sou o caminho a verdade e a Vida, disse Jesus. 
4.5 - DO PRAGMATISMO: A relação entre nossa pretensão à verdade e o resto do mundo é aqui concebida como causal e 
não como representacional. 
4.6 – VERDADE NECESSÁRIA: é uma verdade que é sempre verdadeira em qualquer circunstância ou em todos os mundos 
possíveis(Leibniz). Ex.: os solteiros são não casados. Pra morrer é preciso viver. 
4.7 – VERDADE CONTINGENTE – é uma proposição verdadeira, mas poderia ter sido falsa. Depende de fatos que estão fora da 
linguagem. Ex.: é verdade que sou filósofo. 
4.8 – VERDADE COMO COERÊNCIA: é verdade que testamos as nossas crenças quanto à sua verdade à luz 
de outras crenças. Não podemos sair de nosso sistema de crenças e a experiência tem um papel fundamental 
neste aspecto. 
 
- PROBLEMAS CAPITAIS DA TEORIA DO CONHECIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5) É POSSÍVEL CONHECER? Vejam as escolas filosóficas que procuram responder essa indagação: 
 
5.1) DOGMATISMO: sim (do grego dogma - doutrina estabelecida). O conhecimento é crença estabelecida. 
Segundo TOCQUELIVILLE: as convicções dogmáticas podem mudar de forma e de objeto; mas ser ia impossível 
fazer com que não existam convicções dogmáticas, isto é, juízos que os homens recebam com confiança e sem 
discutir. O acesso a palavra é uma porta aberta aos delírios humanos. A dogmática está aí para fechar essa 
porta. A dogmática é hoje entendida como antítese da razão. O Direito é o último lugar onde o dogmatismo está 
explicitamente em obra. 
5.2) CETICISMO: não. PIRRO recomenda a suspensão do juízo: a EPOKHÉ. Não há certeza, apenas 
verossimilhança. Não há conhecimento: de dois juízos contraditórios um é tão verdadeiro quanto o outro. O 
ceticismo metafísico é chamado de positivismo (COMTE); é um estado de crise. Surge quando o espírito humano 
é chamadoa mudar de doutrina. Meio indispensável entre um dogmatismo e outro. 
5.3) SUBJETIVISMO E RELATIVISMO: sim. A verdade existe, mas é limitada no âmbito de sua validade. O 
primeiro coloca a dependência do conhecimento de fatores internos (O Homem é a medida de todas as coisas) e 
o segundo de fatores externos (cultura, meio ambiente, valores). Para ambos não há verdade universalmente 
válida; 
5.4) PRAGMATISMO: sim. Como o ceticismo abandona o conceito de verdade clássico como coerência entre o 
pensamento e objeto. O verdadeiro significa o útil, valioso. O intelecto não foi dado ao homem para conhecer e 
investigar, mas para que possa orientar-se na vida prática e é dessa determinação prática de fins que o 
conhecimento humano retira seu sentido e seu valor. Para Nietzsche: “A verdade não é um valor teórico, mas 
uma expressão para a utilidade, para a função do juízo que é conservadora de vida e servidora da vontade de 
poder.”; 
5.5) CRITICISMO: sim. Intermediário entre o dogmatismo e o ceticismo. Seu fundador é KANT. 
 
6) QUAL A ORIGEM DO CONHECIMENTO? 
 
.6.1) RACIONALISMO: Platão dizia que aquilo que é concebido pela opinião, com ajuda da sensação e sem 
ajuda da razão, está sempre em um processo de tornar-se e perecer, e nunca verdadeiramente é. Deste modo, 
os sentidos jamais fornecerão um conhecimento genuíno. 
6.1.1) TEORIAS DAS IDEIAS INATAS CARTESIANAS 
1. Idéias adventícias (isto é, vindas de fora): são aquelas que se originam de nossas sensações, percepções, 
lembranças. Por exemplo, a idéia de árvore, de pássaro, de instrumentos musicais, etc. São nossas idéias 
cotidianas e costumeiras. 
2. Idéias fictícias: são aquelas que criamos em nossa fantasia e imaginação, compondo seres inexistentes com 
pedaços ou partes de idéias adventícias que estão em nossa memória. Por exemplo, cavalo alado, fadas, elfos, 
duendes, dragões, Super-Homem, etc. São as fabulações das artes, da literatura, dos contos infantis, dos mitos, 
das superstições. Essas idéias nunca são verdadeiras, pois não correspondem a nada que exista realmente e 
sabemos que foram inventadas por nós, mesmo quando as recebemos já prontas de outros que as inventaram. 
3. Idéias inatas: são aquelas que não poderiam vir de nossa experiência sensorial porque não há objetos 
sensoriais ou sensíveis para elas, nem poderiam vir de nossa fantasia, pois não tivemos experiência sensorial 
para compô-las a partir de nossa memória. As idéias inatas são inteiramente racionais e só podem existir porque 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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já nascemos com elas. Por exemplo, a idéia do infinito (pois não temos qualquer experiência do infinito), as 
idéias matemáticas (a matemática pode trabalhar com a idéia de uma figura de mil lados, o quiliógono, e, no 
entanto, jamais tivemos e jamais teremos a percepção de uma figura de mil lados). Essas idéias, diz Descartes, 
são “a assinatura do Criador” no espírito das criaturas racionais, e a razão é a luz natural inata que nos permite 
conhecer a verdade. Como as idéias inatas são colocadas em nosso espírito por Deus, serão sempre 
verdadeiras, isto é, sempre corresponderão integralmente às coisas a que se referem, e, graças a elas, podemos 
julgar quando uma idéia adventícia é verdadeira ou falsa e saber que as idéias fictícias são sempre falsas (não 
correspondem a nada fora de nós). Ainda segundo Descartes, as idéias inatas são as mais simples que 
possuímos (simples não quer dizer “fáceis”, e sim não-compostas de outras idéias). A mais famosa das idéias 
inatas cartesianas é o “Penso, logo existo”. Por serem simples, as idéias inatas são conhecidas por intuição e 
são elas o ponto de partida da dedução racional e da indução, que conhecem as idéias complexas ou 
compostas. A tese central dos inatistas é a seguinte: se não possuirmos em nosso espírito a razão e a verdade, 
nunca teremos como saber se um conhecimento é verdadeiro ou falso, isto é, nunca saberemos se uma idéia 
corresponde ou não à realidade. 
 
6.2)EMPIRISMO: a experiência é a única origem do conhecimento. Percepção interna (autopercepção) e externa 
(percepção sensível). Contrariamente aos defensores do inatismo, os empiristas afirmam que a razão, a verdade 
e as idéias racionais são adquiridos por nós através da experiência. Antes da experiência, dizem eles, nossa 
razão é como uma “folha em branco”, onde nada foi escrito; uma “tábula rasa”, onde nada foi gravado. Somos 
como uma cera sem forma e sem nada impresso nela, até que a experiência venha escrever na folha, gravar na 
tábula, e dar forma à cera. Os empiristas ingleses: no decorrer da história da Filosofia muitos filósofos 
defenderam a tese empirista, mas os mais famosos e conhecidos são os filósofos ingleses dos séculos XVI ao 
XVIII, chamados, por isso, de empiristas ingleses: Francis Bacon, John Locke, George Berkeley e David Hume. 
Que dizem os empiristas? Nossos conhecimentos começam com a experiência dos sentidos, isto é, com as 
sensações. Os objetos exteriores excitam nossos órgãos dos sentidos e vemos cores, sentimos sabores e 
odores, ouvimos sons, sentimos a diferença entre o áspero e o liso, o quente e o frio, etc. As idéias, trazidas pela 
experiência, isto é, pela sensação, pela percepção e pelo hábito, são levadas à memória e, de lá, a razão as 
apanha para formar os pensamentos. A experiência escreve e grava em nosso espírito as idéias, e a razão irá 
associá-las, combiná-las ou separá-las, formando todos os nossos pensamentos. Por isso, David Hume dirá que 
a razão é o hábito de associar idéias, seja por semelhança, seja por diferença. O exemplo mais importante (por 
causa das conseqüências futuras) oferecido por Hume para mostrar como formamos hábitos racionais é o da 
origem do princípio da causalidade (razão suficiente). Fundador: LOCKE: a alma é um papel em branco. 
 
6.3) INTELECTUALISMO: ambos participam do processo de formação do conhecimento. Fundador: 
ARISTÓTELES: razão e experiência constituem o fundamento do conhecimento. As idéias não são um mundo a 
parte, pairando no vazio, são as formas essenciais das coisas. A razão atua como uma luz para que o homem 
possa perceber a realidade. O fator racional deriva do empírico. O conceito vem da experiência. 
 6.4) APRIORISMO: o fundador é KANT: conceitos sem intuições são vazios; intuições sem conceitos são 
cegas. Espaço e tempo são formas de intuição. São condições de qualquer conhecimento. A razão introduz 
ordem no mundo das sensações, percepções e imagens. Autonomia do sujeito. Como posso conhecer? Como 
você quiser. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7) QUAL A ESSÊNCIA DO CONHECIMENTO? Depende. Seu centro de gravidade está no sujeito ou no objeto? 
Se for no sujeito, temos o subjetivismo; se for no objeto, teremos o objetivismo: idealismo e realismo. No caso do 
objetivismo este é quem determina o sujeito. Para PLATÃO as idéias são realidades objetivamente dadas. Elas 
formam um reino objetivo, a parte. HUSSERL vai chamar essas idéias de intuição das essências. Subjetivismo: 
tenta ancorar a essência do conhecimento no sujeito. A realidade está fundada na consciência do sujeito. Todos 
os elementos metafísicos e psicológicos são eliminados do núcleo do pensamento. O sujeito não é metafísico, 
mas lógico. 
 
8) QUAL O CRITÉRIO DE VERDADE? Não basta que nosso juízo seja verdadeiro. Devemos alcançar a certeza 
de que ele é verdadeiro: a) ausência de contradição; b) evidência de percepção; c) evidência do pensamento 
conceitual. Questões de análise conceitual, de percepção e de valor: 
 
1)Os brasileiros consideram certos manter a natureza em posição inferior à dos homens? 
2) Você considera certo manter a natureza em posição inferior à dos homens? 
3) Pode alguém está certo sobre o que é certo? 
 
1)Temos a liberdade de votar como quisermos? 
2) A liberdade de votar como quisermos é algo positivo? 
3) Será que algum de nossos atos é realmente livre? 
 
1) É provável que o socialismo se espalhe pelo mundo? 
2) O socialismo é um sistema agradável de governo? 
3) O socialismo é compatível com a democracia?

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