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O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA FRENTE A EXECUÇÃO DA PENA ANTECIPADA

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Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS 
 
 
 
CARLOS WILLIAM LOPES DE CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA FRENTE A 
EXECUÇÃO DA PENA ANTECIPADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dourados 
2017 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS 
 
 
 
 
CARLOS WILLIAM LOPES DE CARVALHO 
012.7012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA FRENTE A 
EXECUÇÃO DA PENA ANTECIPADA 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Direito do Centro Universitário da 
Grande Dourados – UNIGRAN como 
requisito parcial para a obtenção do grau 
de Bacharel em Direito. 
 
Orientador: Profº Alberi Rafael Dehn 
Ramos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dourados 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UNIGRAN 
3
4 
C
322p 
Carvalho, Carlos William Lopes de 
 
 O principio da presunção de inocência frente a execução da pena 
antecipada. / Carlos William Lopes de Carvalho. – Dourados : 
UNIGRAN, 2017. 
 62f. 
 
 Orientador: Prof. Esp. Alberi Rafel Dehn Ramos 
Monografia (Graduação em Direito) – UNIGRAN. 
 
 
 1. Direito. 2. Presunção de inocência. 3. Afronta. 4. Princípios 
constitucionais. 5. Antecipação. I. Título. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como todos os outros, este trabalho é para os meus pais. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Uso esse corpo de letra que não reflete o tamanho da minha gratidão, meus agradecimentos 
de mais alta estima vão primeiramente aos meus pais, Luzia Lopes Pereira e Carlos Batista 
de Carvalho que me acompanharam por todo esse longo processo, que se empenharam ao 
máximo e principalmente me deram forças para seguir sempre em frente. 
Agradeço a todos os amigos que, em um momento ou em outro, me ajudaram, me 
instigaram a continuar, acompanharam meu desenvolvimento, escutaram meus lamentos 
e minhas reclamações e sempre me motivaram a seguir a diante. Não poderia deixar de 
mencionar a “galera do busão” que por mais de 162.000 Km de idas e vindas estavam ao 
meu lado me proporcionando tantas alegrias nas intermináveis horas até a faculdade. 
Também não poderia deixar de agradecer os amigos que durante essa jornada conquistei, 
os quais dividi as tristezas da vida universitária e multipliquei as alegrias, um 
agradecimento mais que especial a um grupo um tanto peculiar, sem sobra de dúvidas o 
mais estranho de toda essa universidade, que em incontáveis momentos choramos de tanto 
rir uns dos outros, e que infinitas vezes piadas sem sentido algum nos tiram o fôlego e vou 
levá-los para o resto da minha vida em meu coração, obrigado “panelinha que pisca!” por 
tonarem o fardo mais leve! 
Agradeço a Deus pelo dom da inteligência, por me dar a ambição pela sabedoria e pela 
infinita curiosidade de sempre ter vontade de aprender coisas novas. 
Sou grato a tantas pessoas, as que estão presentes em minha vida e as que infelizmente já 
se foram. Nomeá-las é uma tarefa difícil, mas aqui vou eu... 
Os meus agradecimentos de mais alta estima, vão para meu professor orientador Alberi 
Rafael Dehn Ramos que obstinadamente me emprestou da seus ouvidos e sabedoria, 
acreditando no meu potencial dando sugestões e conselhos, sem os quais a conclusão deste 
trabalho não seria possível. Obrigado professor! 
E também agradeço os membros do Ministério Público Estadual e Defensoria Pública 
Estadual da comarca de Ivinhema/MS, órgãos que tive o prazer de estagiar. Período este, 
de infinita aprendizagem e principalmente por acordar todos os dias com o ímpeto de fazer 
justiça. 
Por fim, agradeço aos professores do Centro Universitário da Grande Dourados – 
UNIGRAN, os quais me inseriram no mundo jurídico, o qual me abraçou de um jeito que 
eu mal consigo respirar, quiçá se desvincular dele. 
Muito obrigado a todos que me ajudaram durante esse processo, finalmente essa longa 
jornada chegou ao fim, pelo menos em parte... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desespero ou tolice? – disse Gandalf. – 
Desespero não, pois o desespero é para aqueles 
que enxergam o fim como um fato consumado. 
Não, não. É sábio reconhecer a necessidade, 
quando todas as outras soluções já foram 
ponderadas, embora possa parecer tolice para 
aqueles que têm falsas esperanças. Bem, que a 
tolice seja nosso disfarce, um véu diante dos 
olhos do inimigo! Pois ele é muito sábio, e 
pondera todas as coisas com exatidão, nas 
balanças de sua malícia. Mas a única medida 
que conhece é o desejo, desejo de poder; e 
assim julga que são todos os corações. Seu 
coração não cogita a possibilidade de qualquer 
um recusá-lo. 
A estrada deve ser percorrida, mas será muito 
difícil. – disse Elrond. – E nem a força nem a 
sabedoria nos levarão muito longe, 
caminhando por ela. Essa busca deve ser 
empreendida pelos fracos com a mesma 
esperança dos fortes. Mas é sempre assim o 
curso dos fatos que movem as rodas do mundo: 
as mãos pequenas os realizam por que 
precisam, enquanto os olhos dos grandes estão 
voltados para outros lugares. 
 
(O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel, J. R. R. Tolkien) 
 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho tem como objetivo fazer uma acurada análise no Habeas Corpus 126.292, 
julgado pelo Supremo Tribunal Federal no dia 17 de fevereiro de 2016, o qual ao ser 
julgado mudou orientação consolidada da Corte, admitindo a execução antecipada da pena 
após condenação por um juízo de segundo grau. Busca analisar se a medida tomada pela 
Suprema Corte é coerente com suas atribuições, ou se agindo dessa maneira fere princípios 
constitucionais como o da presunção de inocência, legalidade, tripartição dos poderes, 
vedação ao retrocesso. Quais são as premissas e garantias do Direito Penal e do Processo 
Penal, analisando o instituto das prisões com e sem pena frente a posição tomada pelo 
Supremo Tribunal Federal. Portanto, neste trabalho busca-se esclarecer e expor os votos 
dos Senhores Ministros, Teori Zavascki, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luís Fux, 
Cármem Lúcia, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Celso de Melo, com suas principais 
dissertações a respeito da medida tomada e qual as suas consequências fáticas. Por 
intermédio de uma interpretação jurídica e dos princípios constitucionais e até onde seus 
efeitos podem ser irradiados, se podem ser mitigados perante a morosidade do sistema 
judiciário atual e a incessante interposição de recursos de caráter protelatórios, se a 
resposta para essa medida é a mitigação de premissas já estabelecidas. 
 
Palavras-chave: Presunção de Inocência; Afronta; Princípios Constitucionais; 
Antecipação; Pena. 
 
 
 
SUMÁRIO 
AGRADECIMENTOS ................................................................................................. 5 
RESUMO ....................................................................................................................... 7 
CAPÍTULO I - DO PRINCÍPIO ................................................................................ 10 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10 
PRECEDENTES HISTÓRICOS .............................................................................. 11 
O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA .............................................14 
DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA COMO GARANTIA POLÍTICA.................................... 17 
DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA COMO REGRA DE TRATAMENTO ............................. 18 
DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA COMO REGRA DE JULGAMENTO ............................. 18 
APONTAMENTO FINAIS SOBRE O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA ...... 19 
BASE LEGAL ............................................................................................................ 20 
CONCEITO DE TRÂNSITO EM JULGADO ...................................................... 22 
DIFERENÇA DO IN DUBIO PRO REO E PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA .. 23 
CAPITULO II – DAS PRISÕES ............................................................................. 25 
CONCEITO ................................................................................................................ 25 
DIFERENÇAS ENTRE: PRISÃO COM PENA E PRISÃO SEM PENA ......... 27 
DA PRISÃO PARA EXECUÇÃO DE PENA ................................................................. 28 
PRISÃO EXTRAPENAL ......................................................................................... 28 
DA PRISÃO CIVIL DO NÃO PAGADOR DE PENSÃO ALIMENTÍCIA .......................... 28 
DAS PRISÕES SEM PENA ..................................................................................... 30 
PRISÕES SEM PENA .............................................................................................. 31 
DA PRISÃO EM FLAGRANTE .................................................................................. 31 
DA PRISÃO TEMPORÁRIA ...................................................................................... 32 
DA PRISÃO PREVENTIVA ...................................................................................... 34 
DA PRISÃO ADMINISTRATIVA .............................................................................. 34 
 
 
PRINCÍPIO FRENTE AS PRISÕES ..................................................................... 36 
O CONFLITO .......................................................................................................... 38 
APONTAMENTOS FINAIS SOBRE AS PRISÕES ............................................ 40 
CAPITULO III ........................................................................................................... 42 
DECISÕES DOS TRIBUNAIS SUPERIORES .................................................... 42 
HABEAS CORPUS 126.292 ..................................................................................... 44 
SEU CONTEÚDO..................................................................................................... 45 
PRINCIPAIS ARGUMENTOS UTILIZADOS PELOS MINISTROS ............. 46 
O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI .............................................................. 46 
O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN ................................................................. 47 
O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO ................................................ 48 
A SENHORA MINISTRA ROSA WEBER ................................................................. 50 
O SENHOR MINISTRO LUÍS FUX .......................................................................... 51 
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA ............................................................. 51 
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES ............................................................. 51 
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO ............................................................. 52 
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELO ............................................................... 52 
AFRONTA OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS .......................................... 53 
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO ........................................................... 54 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ................................................................................. 54 
PRINCÍPIO DA TRIPARTIÇÃO DOS PODERES ......................................................... 55 
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA ........................................................... 56 
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 58 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 62 
REFERÊNCIAS POR MEIO ELETRÔNICO...................................................... 64 
 
10 
 
CAPÍTULO I - DO PRINCÍPIO 
INTRODUÇÃO 
A grande missão do Direito Penal é a proteção aos bens jurídicos, esta que é garantida 
através das sanções penais. 
O Estado, por meio do poder legislativo, idealiza Leis Penais, discriminando sanções 
àqueles que vierem praticar uma conduta delituosa, nesse momento surge o direito de punir do 
Estado. 
Amolda-se uma pretensão abstrata de punir do Estado ao indivíduo infrator. 
Esse direito de punir sai do plano abstrato e se transforma no chamado jus puniendi in 
concreto, o que nada mais é que a possibilidade jurídica de impor a sanção. O Estado que tinha 
um poder abstrato genérico e impessoal passa ter então, o poder concreto de punir o indivíduo. 
Esse direito não é de coação direta, apesar do Estado deter o poder, ele não se admite 
uma aplicação imediata. 
Com o Estado tendo essa jurisdição, a qual não deve ser utilizada de qualquer maneira, 
temos como um dos efeitos desse poder a pena, a qual deve agir diretamente no indivíduo, 
porém, é indispensável o respeito aos direitos e garantias individuais, que nos custaram tão caro 
para serem reconhecidos. 
Em conjunto com outros princípios essenciais para a aplicação a Lei penal, o princípio 
da presunção de inocência, um dos mais importantes do nosso ordenamento jurídico, em suma, 
garante ao acusado de uma infração penal um julgamento justo. 
A Constituição Federal de 1988 expressamente em seu rol de direitos e garantias 
fundamentais nos traz o princípio da presunção de inocência explicitamente: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
11 
 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória;1 
 
O princípio de presunção de inocência é de eficácia e aplicabilidade imediata, ou seja, 
a própria constituição integra e garante que esse direito seja positivado. Tal princípio é basilar 
do Estado Democrático de Direito, o qual tem o fulcro de garantir as liberdades individuais e 
um julgamento justo. 
Esse princípio não declara a inocência do acusado, não obstante, protege o acusado de 
uma provável sanção penal de forma antecipada, ou seja, ser apenado pela prática de um delito 
sem ao menos um julgamento justo e respeito ao devido processo legal. 
Nesse seguimento, os princípios constitucionais são de suma importância e 
imprescindíveis para um bom funcionamento de um Estado Democrático de Direito. 
Como adverte sabiamente o exímio doutrinador Renato Brasileiro: “É a boa aplicação 
(ou não) desses direitos e garantias que permite, assim, avaliar a real observância dos 
elementos materiais do Estado de Direito e distinguir a civilização da barbárie.”2 
Esse, portanto é um dos grandes dilemas do Direito Penal e do Direito Processual 
Penal, de um lado da balança é indispensável a aplicação da pena e do outro lado, também, 
é imprescindível o respeito aos direitos e garantias individuais, portanto, devemos buscar 
um equilíbrio para a efetividade da aplicação do Direito. 
PRECEDENTES HISTÓRICOS 
Em 1764 em sua brilhante obra Dos Delitos e das Penas, Cesare Beccaria já trazia à 
baila a ideia do princípio dapresunção de inocência nos seguintes dizeres: “Ninguém pode ser 
condenado criminoso até que seja provada sua culpa, nem a sociedade pode retirar-lhes a 
proteção pública até que tenha sido provado que ele violou as regras pactuadas”.3 
 
1PLANALTO. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, 1988. Disponível em:< 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> 
2 LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. 3ª ed. Salvados:BA, Jurispodivm, 2015. 37 p. 
3 BECCARIA, Cessare. Dos delitos e das Penas.1ª ed. São Paulo: SP: Hunterbooks, 2012. 47p. 
12 
 
Mas somente em 1789 na França, a qual passava por um período soturno em sua história, 
a burguesia instigando a população, o que provocou a destruição da Bastilha (uma prisão 
símbolo do autoritarismo), a qual foi palco do evento conhecido como o assalto à Bastilha, 
dando início a revolução francesa. Posteriormente a esse marco histórico foi adotada uma 
Assembleia Nacional Constituinte, convocando os parlamentares para votar uma nova 
constituição para o país, estes que decidiram elaborar antes da votação uma carta de princípios 
que serviria de norte para a nova Carta Magna, nesse contexto nasce a Declaração dos Direitos 
do Homem e do Cidadão. 
Em seu artigo 9º nos traz a seguinte redação: “Artigo 9º- Todo o acusado se presume 
inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor não 
necessário à guarda da sua pessoa, deverá ser severamente reprimido pela Lei.”.4 
Nasce neste artigo a ideia do princípio da presunção de inocência, assegurando ao 
acusado de um ilícito o status de inocente até que provem sua culpa; outro ponto importante 
desta redação, é que também prevê a possibilidade da prisão do acusado, caso necessário. 
De forma semelhante, outro Diploma Legal que traz o princípio da presunção de 
inocência é a Declaração Americana de Direitos e Deveres no seu artigo XXVI, o qual traz a 
seguinte redação: 
 
Artigo XXVI 
Parte-se do princípio de que todo acusado é inocente, até que se prove sua 
culpabilidade. Toda pessoa acusada de um delito tem direito de ser ouvida em 
uma forma imparcial e pública, de ser julgada por tribunais já estabelecidos 
de acordo com leis preexistentes, e de que se lhe não inflijam penas cruéis, 
infamantes ou inusitadas.5 
 
Agregando ainda mais força ao princípio da presunção de inocência, evidenciando os 
aspectos de imparcialidade antes da condenação pela violação de alguma norma jurídica 
estabelecida. 
 
4USP. Biblioteca Virtual de Direitos Humanos, 2016. Disponível em: 
<http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-
cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao-de-
direitos-do-homem-e-do-cidadao-1789.html > 
5CIDH, Comissão Internacional de Direitos Humanos, 2016. Disponível em: < 
http://www.cidh.oas.org/Basicos/Portugues/b.Declaracao_Americana.html> 
13 
 
Posteriormente na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que tem como 
seu cerne traçar uma ordem pública mundial fundada no respeito da pessoa humana, ao 
consagrar fundamentos básicos a dignidade humana, ensejado novamente em resposta a um 
regime absolutista dos Estados. 
Em seu artigo 11 consagrou o princípio da presunção de inocência: 
 
Artigo 11. 
1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser 
presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo 
com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas 
as garantias necessárias à sua defesa. 6 
 
Ratificando essa garantia, que todo acusado tem o direito de ser presumido inocente e 
que tenha um julgamento justo para provar a sua culpabilidade. 
Assim sendo, consolidando uma ética universal para delinear uma ordem pública 
mundial fundada no respeito da dignidade da pessoa humana, tal declaração não é um tratado e 
não tem força de lei, foi adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas sob a forma de 
resolução e também tem como seu objetivo promover um reconhecimento universal dos 
Direitos Humanos. Entretanto, assume uma força jurídica obrigatória vinculante, pelo fato de 
impor aos Estados integrantes da comunidade internacional um código de atuação e conduta. 
Já em 1969 foi criada a Convenção Americana de Direitos Humanos, mais conhecida 
como Pacto de São José da Costa Rica, entrando em vigor somente no ano de 1978. O objetivo 
deste tratado internacional é a consolidação entre os países, unificando um sentimento de 
liberdade pessoal e justiça social com o único objetivo de efetivar o respeito aos direitos 
humanos. 
O princípio da presunção de inocência não poderia ficar de fora deste diploma 
internacional, no seu capítulo sobre as garantias judicias em seu artigo 8º, tópico 2 revela: 
 
Artigo 8º - Garantias judiciais 
 
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência 
enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda 
 
6 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional. 2ª ed. São Paulo:SP, Saraiva ,2011. 701 p. 
14 
 
pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas, 
(Grifei) 7 
 
No artigo supracitado traz inúmeras garantias ao processo, enfatizando em seu caput a 
presunção de inocência como uma garantia judicial do acusado. É evidente no corpo do texto a 
diferenciação de entre regra probatória e garantia jurisdicional, consolidando ainda mais a força 
deste instituto. Ademais, vale ressaltar que, para tal dispositivo a presunção de inocência 
deixaria de ser aplicada antes do momento do trânsito em julgado de uma sentença penal 
condenatória, se tratando por exemplo, uma sentença condenatória de primeiro grau. 
Esses diplomas internacionais influenciaram a nossa legislação, o que nos trouxe uma 
realidade a qual era necessária uma proteção à liberdade, à igualdade e principalmente à 
dignidade da pessoa humana. Mas somente em 1988 com o advento da nossa Carta Magna 
consagrou expressamente em seu artigo 5º, LVII o princípio da presunção de inocência. 
 
O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 
 
Embora Beccaria já nos trazer a ideia do princípio da presunção de inocência, devido ao 
sistema medieval acusatório onde, o acusado deveria provar ao Estado sua inocência. Em meio 
a esse sistema, o acusado era indiciado pela população, restando somente a pessoa denunciada 
provar a todos a sua inocência. 
Como sabido o princípio da presunção de inocência nasceu em meio a revolução 
Francesa século no XVIII, pela forte influência da ideia iluminista e devido a opressão de um 
Estado autoritário. 
Neste cenário, nasce os primeiros diplomas legais consagrando o princípio da presunção 
de inocência como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão na França em 1798 em 
seu artigo 9º, a Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas 
de 1948, em seu dispositivo XI, Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos em 1966 no 
 
7 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e Justiça Internacional. 1ª ed. São Paulo:SP Saraiva, 2015. 19 p. 
15 
 
seu artigo 14.2, e também um dos mais relevantes a Convenção Americana de Direitos 
Humanos de 1969, popularmente conhecida como Pacto São José da Costa Rica que também 
prevê tal princípio em seu artigo 8.2. 
Antes de conceituar tal princípio, precisamos delimitar uma pequena confusão 
terminológica sobre a “presunção de inocência” e “presunção de não culpabilidade”, como bem 
explanadopor Badaró: 
 
Não há diferença de conteúdo entre presunção de inocência e presunção de 
não culpabilidade. Procurar distinguir ambas é uma tentativa inútil do ponto 
de vista processual. Na verdade, buscar uma diferenciação serve para 
demonstrar posturas racionarias e um esforço vão de retorno a um processo 
penal voltado exclusivamente para a defesa social, que não pode ser admitido 
em um Estado Democrático de Direito.8 
 
Neste enfoque, é temerário ficar procurando a distinção entre “presunção de 
inocência” e “presunção de não culpabilidade” sendo que ambas têm o mesmo enfoque 
semântico. 
Todo indivíduo nasce livre, e essa liberdade é um de seus principais Direitos 
Fundamentais, não obstante, esse direito não é de caráter absoluto. O princípio da 
presunção de inocência é de extrema relevância para o indivíduo infrator, pois, a partir 
desse princípio o acusado passa a ser sujeito de direito dentro de uma relação processual. 
O cerne desse princípio é a proibição do excesso penal de forma antecipada, que 
nada mais é do que o indivíduo acusado não sofra as consequências sem ao menos ter 
cabalmente comprovada a sua culpa, através de uma sentença penal condenatória com 
trânsito em julgado. 
Mas somente em 1988 com o advento da nossa Carta Magna que consagrou o 
princípio da presunção de inocência em seu artigo 5º, LVII, que asseve ra “ninguém será 
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.9 
Isso nos garante, numa breve síntese, uma proteção à liberdade do indivíduo 
acusado, que é presumido inocente até o trânsito em julgado de sentença penal 
 
8BADARÓ, Gustavo Henrique. Ônus da prova no processo penal. São Paulo:SP, Revista dos Tribunais, 2003. 
16 p. 
9PLANALTO. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, 1988. Disponível em:< 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> 
16 
 
condenatória, tendo o Estado a missão de provar a sua culpabilidade, o que garante um 
julgamento justo e em respeito à dignidade da pessoa humana. 
Moraes traz o conceito em que elucida claramente as garantias advindas do 
princípio em tela: 
 
O princípio da presunção de inocência consubstancia-se, portanto, no 
direito de não ser declarado culpado senão mediante sentença judicial 
com trânsito em julgado, ao término do devido processo legal (due 
processo of law), em que o acusado pôde utilizar-se de todos os meios de 
prova pertinentes para sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da 
credibilidade das provas apresentadas pelo acusado (contraditório).10 
 
Tal princípio é de suma importância, visto que é um modelo basilar de todo o 
processo penal, e deve partir do primórdio da presunção de inocência e que a manutenção 
da liberdade é a regra. O princípio garante ao indivíduo acusado um “estado transitório de 
não culpabilidade”, no qual o acusado permanece até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória, por isso a prisão só se justifica após tal ato. 
Como costumeiro existem exceções, as prisões processuais, as quais não 
representam a antecipação dos efeitos da condenação, pois, tais prisões de caráter 
excepcional devem estar corroboradas com outros princípios constitucionais. Nesse 
sentido não pode restringir a liberdade de alguém de maneira desarrazoada. 
A pena é um reflexo do ato ilícito, embora o Estado detenha o poder/dever de 
aplicar as sansões àqueles que afrontam o seu Código, o Estado deve ser preciso e observar 
os princípios Constitucionais, tanto os intrínsecos quanto os extrínsecos. 
Tendo como início a presunção de inocência e não da presunção de culpabilidade, 
vincula importantes regras ao processo. A princípio a imputação ao réu é uma mera 
hipótese, a qual o juiz deve analisar os fatos e as provas, chegando a uma racionalização 
fática e jurídica sobre a condição do acusado; e em caso de dúvida ou de insuficiência 
probatória deve-se presumir inocente. Ademais, garante ao acusado não produzir prova 
contra si próprio. 
Importante colocação da presunção de inocência assentada por Badaró: 
 
10MORAES, Alexandre. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Infraconstitucional. São Paulo:SP, 
Atlas. 390 p. 
17 
 
 
A invocação do benefício da dúvida invocada pelo réu no processo penal 
remota aos tempos imemoriais. Desde os primórdios do processo penal 
acusatório vigorava a denominação da presunção de inocência. 
Atualmente, a doutrina analisa a presunção de inocência sobre vários 
enfoques: a) como garantia política do estado de inocência; b) como regra 
de julgamento do caso de dúvida: in dubio pro reo; c) como regra de 
tratamento do acusado ao longo do processo.11 
 
Por conseguinte, o princípio de presunção de inocência introduz importantes 
garantias ao processo, e pode ser interpretada por três principais aspectos: como garantia 
política; como norma de tratamento e como norma de julgamento. 
DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA COMO GARANTIA POLÍTICA 
A presunção de inocência estabelece garantias fundamentais ao longo do processo, 
assegurando a dignidade da pessoa humana, a verdade no processo, a segurança, e 
principalmente, a liberdade, ratificando o devido processo legal. 
Tal princípio como garantia política está ligada intimamente aos princípios favor 
rei e favor libertatis os quais estão ligados a liberdade do indivíduo. 
Denota-se que, essas garantias não devem ser somente observadas pelas 
autoridades judiciárias e sim por toda a sociedade, tratando-se de interesse comum 
constitucionalmente tutelado. 
E em exprimida síntese, nada mais é que, assegurar a todos sem nenhuma distinção, 
não ser considerado antecipadamente culpado, seja acusado ou investigado por ter 
praticado algum ilícito. 
 
11BADARÓ, Gustavo Henrique. Ônus da prova no processo penal. São Paulo:SP, Revista dos Tribunais, 2003. 
507 p. 
18 
 
DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA COMO REGRA DE TRATAMENTO 
Tratando-se de regra de tratamento, o investigado ou acusado não deve ser titulado 
como condenado, a presunção de inocência percorre todo o processo tanto na fase 
investigativa, quanto na fase processual. 
Isso garante ao acusado que, a mera investigação ou acusação não lhe trará efeitos 
prejudiciais. Somente com uma sentença transitada em julgado põe fim ao princípio e ao 
seu status de inocência. 
Ademais, é importante acentuar que qualquer espécie de punição antecipada, traz 
ao acusado o efeito prévio da culpabilidade. Referindo-se a norma de tratamento a qual 
tem como objetivo assegurar o resultado útil do processo, porém, é importante discernir, 
que há a possibilidade de expedir medidas cautelares, preenchendo seus requisitos. 
Como bem narra Fernandes “se o réu apenas pode ser considerado culpado após 
sentença condenatória transitada em julgado, a prisão, antes disso, não pode configurar 
simples antecipação da pena” 12 
Por fim, para a condenação do acusado exige-se a comprovação cabal de sua 
culpabilidade. 
DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA COMO REGRA DE JULGAMENTO 
A presunção de inocência como forma de julgamento, nos traz a ideia que não basta 
apenas as regras legais para demostrar a culpabilidade do acusado. 
Se não ficar cabalmente demonstrada, por meios lícitos de prova e elementos 
suficientes para a formação do convencimento jurisdicional, deve-se absolver o acusado. 
Neste enfoque nasce a ideia do in dubio pro reo. 
A falta de provas não é a única razão para a absolvição do acusado, como exemplo 
podemos citar o artigo 386 do Código de Processo Penal que prevê:12FERNANDES, Antônio Scarance. Processo Penal Constitucional. São Paulo:SP, Revista dos Tribunais. 328 p. 
19 
 
 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte 
dispositiva, desde que reconheça: 
I - estar provada a inexistência do fato; 
II - não haver prova da existência do fato; 
III - não constituir o fato infração penal; 
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; 
V– não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; 
VI– existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de 
pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), 
ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; 
VII– não existir prova suficiente para a condenação.13 
 
Como supracitado, há outros motivos que justificam o reconhecimento na 
inocência do acusado, para um decreto condenatório é indispensável a fundamentação 
adequada da decisão. 
APONTAMENTO FINAIS SOBRE O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 
Por derradeiro, o fato do indivíduo estar sendo investigado ou processado não retira 
o status que lhe confere o princípio, pelo motivo que não se admite qualquer tipo de 
estigmatização sobre a imputação de uma sentença sem o transito em julgado. Tal 
estigmatização afasta a inocência, e as restrições somente podem ocorrer após o trânsito 
em julgado de uma sentença penal condenatória. 
Assim sendo, o acusado de infringir alguma norma deve ser protegido de uma 
sansão penal antecipada/imediata deve-se garantir o devido processo legal e assegurando 
o contraditório e a ampla defesa para firmar um julgamento justo. 
Diante de todo o exposto, é de suma importância tal princípio constitucional, pois 
contém uma carga de relevância imprescindível para um Estado Democrático de Direito, 
onde todos são iguais perante a Lei, não podendo o Estado se precipitar na hora de julgar 
o acusado de infringir as Leis estabelecidas. E no caso de dúvidas sobre os fatos deve-se 
 
13PLANALTO. Código de Processo Penal Brasileiro, 1941. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm> 
20 
 
absolvê-lo, pois é preferível absolver um culpado do que condenar um inocente. Ademais, 
o princípio da presunção de inocência deve ser tratado além de uma regra probatória e sim 
uma garantia do transgressor. 
BASE LEGAL 
O Brasil adotou dois textos sobre o princípio da presunção de inocência, um deles 
é o Pacto São José da Costa Rica um tratado internacional devidamente recepcionado pela 
nossa Carta Magna, e o outro ratificando no corpo da própria Constituição Federal de 
1988 em seu artigo 5º, LVII. 
Em nossa pátria, princípio da presunção de inocência foi incorporado no nosso 
ordenamento pelo Decreto nº 678 de 1992, e o Decreto Legislativo nº 89 de 1998, ambos 
preveem a plena integração do princípio como precípua a Constituição Federal. 
Com a aprovação no Congresso Nacional o Decreto Legislativo de nº 27, de 1992, 
aprovou o texto da Convenção Americana dos Direitos Humanos (Pacto São José da Costa 
Rica) assim incorporando-o no ordenamento jurídico pátrio. Desta feita, consagrando o 
princípio da presunção de inocência, garantindo dessa maneira dois institutos sobre esse 
tema. 
A Constituição Federal em seu artigo 5º, § 2º que contém a seguinte redação: “Os 
direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do 
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte.”.14 
O dispositivo supracitado garante aos Tratados um status constitucional devido ao 
seu conteúdo de Direitos Humanos, sendo tão constitucional quando os dispositivos da 
própria Constituição. 
Nessa perspectiva de ideias, como bem leciona Flávia Piovesan: 
 
 
14PLANALTO. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, 1988. Disponível em:< 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> 
21 
 
A Constituição assume expressamente o conteúdo constitucional dos 
direitos constantes nos tratados internacionais dos quais o Brasil é parte. 
Ainda que esses direitos não sejam enunciados sob a forma de normas 
constitucionais, mas sob a forma de tratados internacionais, a Carta lhes 
oferece o valor jurídico de norma constitucional, já que preenchem e 
complementam o catálogo de direitos fundamentais previstos pelo Texto 
Constitucional. 15 
 
Desse modo, com a promulgação da Emenda Constitucional 45 de 2004 os tratados 
que tratem de Direitos Humanos entram em vigor e se equiparam as normas 
constitucionais. 
Destarte, os tratados estão somente abaixo da Constituição, portanto traçando uma 
representação teríamos a seguinte hierarquia: 
 
1º - Constituição Federal; 
2º - Tratados sobre de Direitos Humanos; 
3º - Leis Complementares e 
4º - Leis Ordinárias. 
 
Com o vigor desta Emenda Constitucional nº 45 de 2004, pôs fim a discussão sobre 
o status normativo destes tratos, impondo a prevalência das normas constitucionais 
internas e pareando os atos internacionais e normas infraconstitucionais de direito interno, 
criando assim uma hierarquia das normas sobre Direitos Humanos, os quais tem eficácia 
de norma constitucional, não dependendo de nenhum ato para entrar em vigor, já que, tal 
norma é de aplicabilidade imediata. 
 
 
 
15PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional. 2ª ed. São Paulo:SP, Saraiva, 2011. 107 p. 
22 
 
CONCEITO DE TRÂNSITO EM JULGADO 
 
 
Trânsito em julgado, é um marco no processo penal, que põe fim a uma fase 
instrutória, antes de tal momento não há que se falar em condenado e sim acusado. Esvaece 
essa qualidade após sentença penal condenatória da qual não cabe mais recurso, 
impossibilitando, dessa forma, a rediscussão do conteúdo da imputação. 
A sentença penal condenatória é o momento em que o juiz ratifica a 
responsabilidade criminal do acusado reconhecendo que praticou uma conduta típica, 
ilícita e culpável. 
O indivíduo que anteriormente gozava do status de “não culpabilidade”, agora com 
sua sentença prolatada passa a ser condenado e responsabilizado pelos atos de que antes 
era uma mera hipótese, a partir deste ato passa a ter um juízo de certeza sobre o réu. 
 Posto isto, cessando todas as garantias e tratamento decorrentes do princípio da 
presunção de inocência. 
O marco temporal que põe fim ao princípio de presunção de inocência tem 
diferença entre o pacto São José da Costa Rica e a Constituição Federal de 1988. 
Aspecto este interessante dos marcos temporais para o exaurimento do princípio é 
a sutil distinção entre o Pacto São José da Costa Rica e a nossa Carta Magna, o Pacto em 
seu texto normativo é um pouco amplo no qual diz: “Toda pessoa acusada de delito tem 
direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. 
Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias 
mínimas:...”, fazendo uma interpretação sistemática no texto deixa a ideia que o princípio 
da presunção de inocência e suas garantias se encerram com o exaurimento do duplo grau 
de jurisdição já o texto Constitucional é mais específico deixando claro que o fim do 
princípio em discussão é até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 
 
23 
 
DIFERENÇA DO IN DUBIO PRO REO E PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 
O in dubio pro reu não se confunde com a presunção de inocência, pois, trata-se 
de uma regra probatória, que a parte acusadora, ou seja, o Ministério Público ou o 
querelantetem o ônus de demostrar a culpabilidade do acusado. Nada mais é que, recai 
exclusivamente sobre a acusação demostrar que o acusado praticou o delito que lhe foi 
imputado. 
Tal regra de tratamento deve ser utilizada sempre que houver alguma dúvida 
razoável sobre os fatos, de modo contrário do que é garantido na presunção de inocência 
a qual tem a necessidade da certeza. O in dubio pro reo não se confunde com a presunção 
de inocência. Havendo dúvida sobre os fatos em discussão, é preferível a absolvição. É o 
que entende Renato Brasileiro de Lima: 
 
Presunção de inocência não se confunde com in dubio pro reo. Não 
havendo certeza, mas dúvida sobre os fatos em discussão em juízo, 
inegavelmente é preferível a absolvição de um culpado à condenação de 
um inocente, pois, em um juízo de ponderação, o primeiro erro acaba 
sendo menos grave que o segundo. 16 
 
A afirmação “é preferível a absolvição de um culpado à condenação de um 
inocente”, num primeiro momento pode parecer uma afirmação descabida, porém, 
traçando um juízo de ponderação de “menor injustiça” é preferível a absolvição de um 
culpado do que a condenação de um indivíduo inocente. 
Nos casos em que, não ficar de maneira cabal provada a existência do fato ilícito 
ou não existir prova suficiente sobre a infração penal para basear o juízo condenatório, o 
magistrado é obrigado a absolver o acusado, pois, não lhe pode imputar a culpa pelas 
circunstâncias ou por presunção. 
 
16LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. 3ª ed. Salvados:BA, Jurispodivm, 2015. 37 p. 
24 
 
Esclarecido que, do princípio da presunção de inocência deriva a regra probatória 
do in dubio pro reo, bem asseverado pela Juíza Federal do Rio de Janeiro Simone 
Schreiber, que diz: 
 
Mas o princípio da presunção de inocência não se aplica exclusivamente 
no campo probatório, o in dubio pro reo é apenas uma de suas 
repercussões. Deve ser dispensado tanto ao investigado quanto ao réu 
tratamento compatível com seu estado de inocente. A condição de 
investigado e de réu em processo criminal já traz, por si, indiscutível 
constrangimento. Em vista disso, todas as medidas restritivas ou 
coercitivas que se façam necessárias no curso do processo só podem ser 
aplicadas ao acusado na exata medida de tal necessidade. Se houver 
várias formas de conduzir a investigação, deve-se adotar a que traga 
menor constrangimento ao imputado e que enseje a menor restrição 
possível a seus direitos. Eventual prisão anterior à condenação definitiva, 
por exemplo, deverá estar pautada em decisão judicial que indique quais 
circunstâncias presentes no caso concreto autorizam e recomendam a 
excepcional privação da liberdade do réu. O mesmo ocorre com outras 
medidas que impliquem em restrição de direitos fundamentais, como se 
observa da necessidade de que a quebra de sigilo bancário e de 
comunicação telefônica, ou ainda a busca e apreensão no domicílio do 
acusado, sejam precedidas de decisão judicial devidamente 
fundamentada.17(grifei). 
 
Portanto, não é uma regra de apreciação de provas, e sim de valoração das provas: 
na dúvida, deve favorecer o imputado, pois, ele não tem a obrigação de provar praticou o 
crime. 
 
 
 
17FERNANDES, Antônio Scarance. Processo Penal Constitucional. São Paulo:SP: Revista dos Tribunais. 274 p. 
25 
 
CAPITULO II – DAS PRISÕES 
 
CONCEITO 
 
De um aspecto filosófico aludido por Michel Foucault, “a prisão foi denunciada 
como o grande fracasso da justiça penal, uma vez que, ao invés de ajudar para a 
diminuição da criminalidade, apenas agrava o problema, pois fabrica indiretamente 
delinquentes ao fazer cair na miséria à família do detento”. 
Ademais, o autor ainda discursa que a prisão ao invés de devolver a liberdade 
indivíduos regenerados, torna ainda maior a população de indivíduos marginalizados e 
perigosos, devido ao fato de ficarem apenas reclusos em celas ergástulas de que nada 
ajudam o indivíduo a se integrar novamente a sociedade. 
Já em um Estado Democrático de Direito tem como função basilar garantir o direito 
daqueles que habitam em seu território, e aos transgressores que violam os pactos 
estabelecidos, penalidades devem recair sobre tais ombros. A prisão é uma das 
consequências naturais imposta pelo Estado ao agente infrator. 
O conceito de prisão é amplo podendo ser conceituado por diversas perspectivas, 
partindo de um conceito geral em que qualquer restrição de liberdade é enquadrada como 
prisão e restringindo o seu campo dependendo do momento e da situação em que é 
empregada tal reprimenda. 
Nesse enfoque de ideias, Guilherme de Souza Nucci elucida o pensamento: 
 
A privação da liberdade, tolhendo-se o direito de ir e vir, através do 
recolhimento da pessoa humana ao cárcere. Não se distingue, nesse 
conceito, a prisão provisória, enquanto se aguarda o deslinde da instrução 
criminal, daquela que resulta de cumprimento de pena. Enquanto o 
Código Penal regula a prisão proveniente de condenação, estabelecendo 
as suas espécies, forma de cumprimento e regime de abrigo do 
condenado, o Código de Processo Penal cuida da prisão cautelar e 
26 
 
provisória, destinada unicamente a vigorar, enquanto necessário, até o 
trânsito em julgado da decisão condenatória.18 
 
Com o pensamento supracitado do exímio doutrinador nos traz um conceito um 
tanto quanto amplo, que pode ser traduzido em um conciso conceito que prisão é 
embaraçar o direito de ir e vir da pessoa humana. Outro não diferente da direção tomada 
por Nucci é o ilustre Fernando Costa Tourinho Filho que aduz: 
 
A supressão da liberdade individual, mediante a clausura. É a privação 
da liberdade individual de ir e vir, e, tendo em vista a prisão em regime 
aberto e a domiciliar, podemos definir a prisão como a privação, mais ou 
menos intensa, da liberdade ambulatória.19 
 
Percebe-se que os ilustres doutrinadores deixam a desejar na conceituação no 
assunto em tela, não dando o merecido enfoque ao que é trazido pela nossa carta magna 
em seu artigo 5º, LXI e respectivamente o art. 283 do Código de Processo Penal: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e 
à propriedade, nos termos seguintes: 20 
 
(...)LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem 
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos 
casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em 
lei; e 
 
“Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por 
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em 
decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso 
da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão 
preventiva.21 
 
18NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 11. ed. São Paulo:SP Revista dos 
Tribunais, 2012. 573 p. 
19TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. Vol. 3. 34. ed. São Paulo:SP, Saraiva, 2012. 429 p. 
20PLANALTO. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, 1988. Disponível em:< 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> 
21PLANALTO. Código de Processo Penal Brasileiro, 1941. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm> 
27 
 
 
Tais institutos legais elucidam e delimitam a ideia do que é prisão e qual é o seucaráter, com maestria impar o exímio Doutrinador Renato Brasileiro de Lima conceitua 
uma definição mais adequada ao instituto da prisão: 
 
A prisão deve ser compreendida como a privação da liberdade de 
locomoção, com o recolhimento da pessoa humana ao cárcere, seja em 
virtude de flagrante delito, ordem escrita e fundamentada da autoridade 
judiciária competente, seja em face de transgressão militar ou por força 
de crime propriamente militar, definidos em lei.22 
 
Podemos concluir que, a prisão deve-se ser compreendida como a privação da 
liberdade do indivíduo infrator, seja por ordem escrita, fundamentada ou flagrante, tendo 
a pena como foco o caráter retributivo e preventivo. 
Ademais, existem dois sistemas que norteiam o instituto da prisão, o sistema da 
legalidade ordinária no que consiste em período normal de um Estado Democrático de 
Direito onde a prisão é a privação da liberdade seja em virtude de flagrante, ordem escrita 
e fundamentada de autoridade competente ou na violação dos pactos do Estado. O segundo 
sistema é o de legalidade extraordinária, o qual é executado em um período excepcional 
de anormalidade como no estado de sítio e de defesa. 
Por fim, para conceituar o instituto da prisão não podemos nos limitar a preceitos 
penais e sim devemos partir de preceitos constitucionais em consonância com os penais. 
DIFERENÇAS ENTRE: PRISÃO COM PENA E PRISÃO SEM PENA 
Em nosso ordenamento jurídico pátrio é distinguindo três espécies de prisões sendo 
estas: prisão extrapenal, prisão penal também conhecida como prisão pena e prisão 
cautelar (prisão sem pena). 
 
22LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. 3. ed. Salvados: BA, Jurispodivm, 2015. 839 p. 
28 
 
A prisão extrapenal é aquela que engloba a prisão civil no caso do devedor de 
alimentos e a prisão militar. Já a prisão pena é aquela que decorre de sentença penal 
condenatória, não tem nenhum caráter acautelatório, pois, o seu foco já é a satisfação da 
pretensão executória do Estado. 
Por fim a prisão sem pena, é aquela decretada antes do trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória o cerne dessa modalidade de prisão é assegurar a eficácia das 
investigações ou do processo criminal em si. 
DA PRISÃO PARA EXECUÇÃO DE PENA 
Este tipo de prisão é regulamentada pela Lei de Execuções Penais nº 7.210/84, com 
a recente discussão pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, os quais entenderam que 
tal instituto só pode ser iniciado quando forem julgados todos os recursos cabíveis a serem 
interpostos. Contudo, a prisão para execução de pena se aplica aos condenados que 
responderam o processo em liberdade, uma vez que contra tais transgressores não fo i 
admitida a prisão preventiva. 
PRISÃO EXTRAPENAL 
DA PRISÃO CIVIL DO NÃO PAGADOR DE PENSÃO ALIMENTÍCIA 
Denota-se que, essa modalidade de prisão civil é a única permitida em nosso 
ordenamento. Esse tipo de prisão tem como objetivo fazer com que o pai ou até mesmo a 
mãe ou responsável cumpra com a obrigação de prestar alimentos ao menor. 
É cabível a prisão civil do alimentante inadimplente em ação de execução proposta 
quando se visa o recebimento de até as três últimas parcelas vincendas. 
29 
 
Em um julgamento no Tribunal de Justiça do Distrito Federal - Habeas Corpus: 
HC 20130020292052, explana claramente os requisitos para a imposição de tal 
reprimenda: 
HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. DEVEDOR DE ALIMENTOS. 
DESCUMPRIMENTO VOLUNTÁRIO E INESCUSÁVEL 
DEMONSTRADO. MEDIDA COERCITIVA CABÍVEL. 
1. NOS TERMOS DO ENUNCIADO Nº 309 DA SÚMULA DO 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, O DÉBITO ALIMENTAR A 
AUTORIZAR A PRISÃO CIVIL DO ALIMENTANTE É O QUE 
COMPREENDE AS TRÊS PRESTAÇÕES ANTERIORES AO 
AJUIZAMENTO DA AÇÃO, BEM COMO AS QUE SE VENCEREM 
NO CURSO DO PROCESSO. 
2. A PRISÃO DO DEVEDOR DE ALIMENTOS É MEDIDA 
EXCEPCIONAL QUE DEVE SER UTILIZADA COMO MEIO DE 
COERÇÃO AO PAGAMENTO, SOMENTE EM CASOS 
EXTREMOS. 
3. CONFIGURADA A NEGATIVA DE FORMA VOLUNTÁRIA E 
INESCUSÁVEL DA OBRIGAÇÃO LEGAL DE ALIMENTAR DO 
PACIENTE, NÃO SE MOSTRA ABUSIVA OU ILEGAL O SEU 
DECRETO PRISIONAL. 
4. DENEGADA A ORDEM. (grifei). 
 
Tal prisão pode ser vista como uma medida extrema, a obrigação alimentar deve 
ser percebida como um instrumento para garantir condições dignas e principalmente a 
vida. Sendo a única prisão civil existente, tendo em vista que sua natureza de obrigação 
alimentar e com o propósito de assegurar a subsistência, o Supremo Tribunal de Justiça 
tem entendido: 
 
STJ Súmula nº. 309 - Débito Alimentar - Prisão Civil - Prestações 
Anteriores ao Ajuizamento da Execução e no Curso do Processo. O débito 
alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende 
as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se 
vencerem no curso do processo.23 
 
Ficando claro que essa modalidade de prisão é medida excepcional, onde só se deve 
ser imposta nos casos em que o devedor dos alimentos ser desidioso com a obrigação que 
 
23STJ. Jurisprudências STJ - Súmulas. Disponível em 
<http://www.stj.jus.br/SCON/SearchBRS?b=SUMU&livre=309> 
30 
 
lhe é imposta, sendo claro os textos normativos para a proteção do alimentado garantindo-
lhe condições mínimas par sua sobrevivência. 
 
DAS PRISÕES SEM PENA 
 
A prisão sem pena pode ser abarcada como toda a maneira de prisão cautelar sendo 
elas: a prisão em flagrante, a prisão temporária e a prisão preventiva (stricto senso). Nesse 
carril de ideias, Nestor Távora: 
 
No transcorrer da persecução penal, contudo, é possível que se faça 
necessário. O encarceramento do indiciado ou do réu, mesmo antes do 
marco final do processo. 
Isto se deve a uma necessidade premente devidamente motivada por 
hipóteses estritamente previstas em lei, traduzidas no risco demonstrado 
de que a permanência em liberdade do agente é um mal a ser evitado. 
Surge assim a possibilidade da prisão sem pena, também conhecida por 
prisão cautelar, provisória ou processual, que milita no âmbito da 
excepcionalidade, afinal, a regra é que a prisão só ocorra como advento 
da sentença definitiva, em razão do preceito esculpido no art. 5º, inciso 
LVII da CF, pois "ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado de sentença penal condenatória.24 
 
Destarte, podemos ter o cerceamento da liberdade do indivíduo mesmo antes de ter 
findado o processo ou inquérito que lhe recai nos ombros. 
 
24TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal, 8. Ed. 2013. Jurispodivm. P. 548. 
31 
 
PRISÕES SEM PENA 
Como já mencionado, essa modalidade é decretada antes do trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória, é uma medida de urgência, por meio da qual visa que a 
decisão da causa ao ser proferida seja justa e satisfaça o direito da parte, ao contrário se 
essa medida não fosse tomada, não seria possível lhe efetivar o que lhe é de direito. 
As prisões sem pena são decretadas apenas quando não for possível a sua 
substituição por nenhuma outra medida cautelar 
DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
Flagrante vem do latim Flagrare é o que está queimando, está acontecendo. A 
prisão em flagrante se caracteriza pelo momento em que está sendo cometido o delito, é 
no momento em que a infração está acontecendo ou acabou de acontecer , autorizando até 
mesmo o agente sem competência judicial, como um instituto de autodefesa da sociedade. 
O Código de Processo Penal em seu artigo 302 nos traz as circunstâncias legais do 
instituto da prisão em flagrante: 
 
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
I- está cometendo a infração penal; 
II - acaba de cometê-la; 
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por 
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; 
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou 
papéis que façam presumir ser ele autor da infração.25 
 
Assim sendo, o flagrante em sentido próprio quando o indivíduo é surpreendido no 
cometimento da ação penal, o que incorre nos incisos I e II do artigo supramencionado. 
 
25PLANALTO. Código de Processo Penal Brasileiro, 1941. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm> 
32 
 
Já o flagrante impróprio é quando o indivíduo é perseguido, inciso III. E o flagrante 
presumido quando o indivíduo é encontrado posteriormente a prática do ilícito possuindo 
coisas que seriam objetos utilizados no crime. 
A Prisão em Flagrante tem várias funções interessantes as quais merecem destaque 
como: 
a) evitar a fuga do infrator; 
b) auxiliar na colheita de elementos informativos; 
c) impedir a consumação do delito e 
d) preservar a integridade física do preso. 
Esse tipo de prisão é uma medida “precautelar”, visto que seu objetivo é garantir 
o final do processo. 
DA PRISÃO TEMPORÁRIA 
No instituto da prisão temporária é prevista na Lei 7.960/89, em seu artigo 1º traz 
as hipóteses em que a Prisão Temporária admitida quando: 
 
Art. 1° Caberá prisão temporária: 
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; 
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos 
necessários ao esclarecimento de sua identidade; 
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova 
admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos 
seguintes crimes: 
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); 
b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); 
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); 
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); 
e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); 
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e 
parágrafo único); 
33 
 
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o 
art. 223, caput, e parágrafo único); 
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e 
parágrafo único); 
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); 
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal 
qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); 
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; 
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), 
em qualquer de suas formas típicas; 
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976); 
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 
1986). 
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.26 
 
Diversas correntes debatem se os requisitos da prisão temporária são cumulativo 
ou aplicado de forma intercalada, a corrente predominante é que somente é possível 
decretar a prisão temporária quando houver fundadas as razões de autoria ou participação 
do indiciado nos crimes listados no inciso III do artigo 1º, concomitantemente com à 
imprescindibilidade da segregação cautelar para a investigação policial ou a situação de 
ausência de residência certa ou identidade (sendo uma espécie de cautelar tem que estar 
presentes o fumus comisse delicti, consistente no artigo 1º inciso, III e o periculum 
libertatis constante nos incisos I e II no artigo em comento). 
Outro aspecto importante é quanto tempo desta prisão, qual consiste que o prazo é 
de 05 (cinco) dias prorrogáveis por igual período uma única vez, caso seja necessário e de 
30 (trinta) dias no caso de crimes hediondos (tortura, tráfico e terrorismo) e prorrogáveis 
a igual período, caso demonstrado a sua imprescindibilidade. 
 
 
 
26PLANALTO. Lei n.º 7.960 Dispõe sobre a prisão temporária, 1989. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm> 
34 
 
DA PRISÃO PREVENTIVA 
Já o instituto da Prisão Preventiva, é uma espécie de cautelar decretada por 
autoridade judiciária, policial competente ou a requerimento do Ministério Público, do 
querelante ou do assistente de acusação, em qualquer período de investigação ou do 
processo, sempre que os motivos autorizadores no artigo 312 e os requisitos do artigo 313 
ambos do Código de Processo Penal estiverem preenchidos: 
 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da 
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução 
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova 
da existência do crime e indício suficiente de autoria. e 
 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação 
da prisão preventiva: 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima 
superior a 4 (quatro) anos; 
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença 
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 
64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, 
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para 
garantir a execução das medidas protetivas de urgência;27 
 
Não obstante, caso não seja adequado as medidas cautelares diversas da prisão, 
artigo 319 do código de Processo Penal. 
 
DA PRISÃO ADMINISTRATIVA 
 
 
27PLANALTO. Código de Processo Penal Brasileiro, 1941. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm> 
35 
 
Tal modalidade de prisão é regrada pela Lei nº 12.403/2011, embora vigente tal 
instituto está carente de eficácia pelo motivo de não existir previsão legal que lhe autoriza. 
Os fundamentos jurídicos da prisão administrativa estavam elencados na redação anterior 
do artigo 319, Nestor Távora aduz sobre o assunto em comento: 
 
Nesse passo, restava ainda saber se os motivos e a finalidade da prisão 
administrativa continuavam em vigor. O texto anterior do art. 319 fazia 
a seguinte previsão, contemplando a prisão administrativa: 
I - contra remissos ou omissos em entrar para os cofres públicos com 
dinheiros a seu cargo, a fim de compeli-los a que o façam; 
O omisso é aquele que deixa de efetivar o recolhimento aos cofres 
públicos de valores que tenha recebido em razão da função, ao passo que 
o remisso é o que retarda tal entrega. Omisso ou remisso, o agente era 
tratado como depositário infiel, matéria esta disciplinada pela Lei na 
8.866/l994, e por força do art. 40, § 20: "Não recolhida nem depositada 
a importância, nos termos deste artigo, o juiz, nos quinze dias seguintes 
à citação, decretará a prisão do depositário infiel, por período não 
superior a noventa dias". Todavia, de acordo com o atual entendimento 
do STF, inclusive com a súmula vinculante nº 25, não é mais tolerável a 
prisão do depositário infiel. Portanto, o fundamento prisional neste caso 
já tinha perdido a razão de existir. 
II - contra estrangeiro desertor de navio de guerra ou mercante, surto em 
porto nacional; 
A prisão tinha cabimento para obrigá-lo a retornar a bordo, e o 
requerimento era feito pelo cônsul do país a que pertencesse o navio ao 
juiz federal competente. 
III - nos demais casos previstos em lei. 
Tínhamos aqui umaprevisão genérica, que sufragava o entendimento que 
outras situações, disciplinadas legislativamente, podiam autorizar a 
prisão administrativa, como ocorria na prisão do estrangeiro ou brasileiro 
naturalizado, nos casos de deportação, expulsão ou extradição (artigos 
61,69 e 81 da Lei nº 6.815/1980). De todo modo, a análise competia ao 
judiciário.28 
 
Nesse sentido, a prisão administrativa era construída aferição as quais são 1ª órgão 
decretante, 2ª motivo e 3º a Finalidade, sendo alçada a legitimidade para a autoridade 
judiciária e não mais a administrativa. 
 
 
28TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal, 8º Ed. 2013. Jurispodivm. P. 609 
36 
 
PRINCÍPIO FRENTE AS PRISÕES 
 
A nossa Carta Magna estabelece inúmeros princípios, todos tendo como norte a 
dignidade da pessoa humana visando consagrar concretamente os direitos e deveres de 
cada indivíduo e do indivíduo perante a sociedade, sendo tais princípios considerados 
fundamentais e os derivados. 
Dentre eles o de presunção de inocência sendo basilar para o andamento regular e 
imparcial do processo assegurando inúmeras garantias, não obstante possibilitando a 
prisão do indivíduo quando necessária. 
Tratando do conceito de princípio, denota-se que é fonte inicial de qualquer direito, 
ou seja, o começo. São todos os preceitos fundamentais, básicos e norteadores do direito. 
Neste enfoque, com mastreia Ivo Dantas: 
 
Por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce 
dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, 
compondo lhe o espírito e servindo de critério para sua exata 
compreensão e inteligência, precisamente porque define a lógica e a 
racionalidade do sistema normativo, conferindo-lhe a tônica que lhe dá 
sentido harmônico.29 
 
Como já sabido e ressabido, em um Estado Democrático de Direito a Liberdade é 
a regra, tendo ao lado do acusado o princípio da presunção de inocência. Mais a mais, vale 
ressaltar que nenhum cidadão será considerado culpado até o transito em julgado de 
sentença penal condenatória. 
Inobstante a isso, não são absolutos os princípios estatuídos em nosso ordenamento 
jurídico. É assim que explica, Luiz Antônio Câmara: 
 
O princípio da presunção de inocência impede que se admitam prisões 
que importem no reconhecimento da execução antecipada da pena ou que 
constituam consequência lógica da imputação, como ocorre nos casos de 
 
29DANTAS, Ivo. Instituições de Direito Constitucional Brasileiro. 2 ed. Curitiba:PR, Juruá, 2001. P. 331 
37 
 
prisão obrigatória, razão pela qual se contrapõe ao princípio a previsão 
legislativa que nega ao acusado direito à liberdade provisória.30 
 
É valido dizer que o princípio da presunção de inocência está intimamente ligado 
a ideia do favor rei. 
Além do mais, é dever do Estado para com os suspeitos da prática de um ilícito ou 
contravenção penal, proceder a acusação formal conforme o devido processo legal, e 
assim provar que o suspeito é o autor do crime em discussão. 
De resto, entende-se que o princípio da presunção de inocência do acusado não está 
apenas no âmbito do processo penal, mas também, no âmbito extraprocessual, sendo 
garantido ao indivíduo, ser tratado como não criminoso, até que se reconheça a sua culpa 
pelo sistema jurídico. 
Aury Lopes Junior nos traz três interessantes aspectos sobre o princípio em 
discussão: 
 
A) É um princípio fundante, em torno do qual é constituído todo o 
processo penal liberal, estabelecendo essencialmente garantias para o 
imputado frente à atuação punitiva estatal. 
B) É um postulado que está diretamente relacionado ao tratamento do 
imputado durante o processo penal, segundo o qual haveria de partir -se 
da ideia de que ele é inocente e, por tanto, deve reduzir-se ao máximo as 
medidas que restrinjam seus direitos durante o processo (incluindo-se, é 
claro, a fase pré processual). 
C) Finalmente, a presunção de inocência é uma regra diretamente referida 
ao juízo do fato que a sentença penal faz. É sua incidência no âmbito 
probatório, vinculando à exigência de que a prova completa da 
culpabilidade do fato é uma carga da acusação, impondo-se a absolvição 
do imputado se a culpabilidade não ficar suficientemente demonstrada .31 
 
Sendo assim, podendo ser relativizados o apontado, como nos casos das cautelares 
que se mostrem imprescindíveis ainda que o acusado seja primário, tenha bons 
antecedentes e residência fixa. Por tanto, as medidas cautelares só devem ser impostas em 
casos excepcionais, por se tratar de uma medida de exceção. 
 
30CÂMARA, Luiz Antônio. Prisão e Liberdade Provisória: Lineamentos e Princípios do Processo Penal 
Cautelar. Curitiba:PR Juruá, 1997. P. 4. 
31LOPES JUNIOR, Aury. Introdução Crítica ao Processo Penal. 4ed. Ver. Amp. E atual. Rio de Janeiro:RJ, 
Lumen Juris, 2006. P. 187-188. 
38 
 
 
O CONFLITO 
 
O conflito entre o princípio e as prisões é um tema bastante discutido, onde divide 
opiniões entre os que defendem as prisões e que não ofendem o princípio da presunção de 
inocência e os que afirmam que tais institutos ferem sim o princípio. 
A princípio o Supremo Tribunal Federal entendeu que o princípio da presunção de 
inocência não obsta a prisão do indivíduo infrator antes de sentença penal condenatória. 
Pela decisão majoritária, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal continha o 
sentido de que o princípio não deixava de levar o nome do réu no rol dos culpados, porém 
não inibiria a execução de pena provisória de sentença condenatória, mesmo que ainda 
fosse passível de recurso. 
Compreende-se que o princípio da presunção de inocência não é compatível com 
qualquer cumprimento de pena, salvo aquelas de caráter excepcional e fundamentada 
juridicamente. Assim, o cerceamento preventivo do indivíduo infrator não pode ser 
utilizado como um “castigo”. 
As cautelares não afrontam o princípio da presunção de inocência, uma vez que, 
existem critérios que fundamentam as prisões, que são aplicadas em casos isolados, que 
estão tipificados em lei. 
As medidas cautelares podem prejudicar o direito de ir e vir do indivíduo, porém 
são de extrema importância e se fazem necessárias, caso o Estado deixe de executá-las 
acarretaria um enfraquecimento na repreensão dos crimes. 
Asseverando nesse sentido Frederico Marque: 
 
A fim de tornar menor o risco que possa correr a Justiça, e com o intuito 
de sacrificar ao mínimo a liberdade do réu enquanto não houver sentença 
condenatória imutável, procura a lei cercar a prisão preventiva de 
cautelas e pressupostos, sem os quais não se pode privar o réu, com o 
carcer as custodiam, da sua liberdade de ir e vir. (...) 
39 
 
É, por isso que, além jurisdicional indeclinável, para a decretação, 
procura o legislador, com medidas eficazes, cercar o réu de garantias, só 
admitindo a sua prisão quando verificar o juiz todas as condições 
imprescindíveis para a decretação da medida ou providência 
cautelar.32(grifei). 
 
Decretada a prisão pelo simples fato de que o réu foi condenado, sem que sejam 
observados os requisitos subjetivos e objetivos, acarretaria em uma prisão 
inconstitucional, o que, por conseguinte feriria o princípio da presunção de inocência. 
Podemos assim concluir que, as prisões cautelares não ofendem a princípio da 
presunção de inocência do acusado, para elucidar melhor as jurisprudências do Superior 
Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, nos conduzem a aplicação do princípio 
não afasta a legitimidade das prisões cautelares.Com entrada em vigor das Leis 11.689/2008, 11,690/2008 e 11.719/2008, 
revogarem a súmula de nº 9 do Superior Tribunal de Justiça a que aduzia “A exigência da 
prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia constitucional da presunção de 
inocência”33 e também revogou o artigo 594 do Código de Processo Penal, e outros dois 
artigos que de maneira reflexa foram “implicitamente” revogados sendo eles o 311 e 595. 
E deu nova redação ao artigo 387 do Código de Processo Penal. 
No que infere o artigo 594 do Código de Processo Penal, que aduzia que o réu que 
não fosse primário e tivesse maus antecedentes o artigo 595 proíbe a apelação do réu que 
estiver em fuga, sendo assim “implicitamente” revogado. 
Já o 311 permite a decretação da cautelar de prisão preventiva apenas até o final 
da instrução criminal, também “implicitamente” revogado. 
E o artigo 387 que teve a sua redação modificada, determina expressamente em seu 
parágrafo único que o juiz de forma fundamentada decretara a prisão ou mesmo a sua 
manutenção. 
 
32MARQUES, José Frederico. Elementos do Direito Processual Penal. 2 ed. Atual. Campinas:SP, Millenium, 
2000. P. 64 
33STJ. Jurisprudências STJ - Súmulas. Disponível em 
<http://www.stj.jus.br/SCON/sumulas/toc.jsp?tipo_visualizacao=RESUMO&livre=%40docn&b=SUMU&p=fal
se&t=JURIDICO&l=10&i=580> 
40 
 
APONTAMENTOS FINAIS SOBRE AS PRISÕES 
Diante do exposto, podemos concluir de início que as cautelares apesar de 
aparentemente apresentarem um conflito com o princípio da presunção de inocência, são 
necessárias para o funcionamento do Estado e principalmente da Justiça Penal. Devendo 
assim serem utilizadas quando necessário e preencherem os requisitos, sob pena de serem 
arbitrárias e inconstitucionais. 
Vale ressaltar que, sobre a prisão preventiva denota-se que é de caráter excepcional 
e que tem justificativa expressa pela constituição Federal, servindo para assegurar a 
instrução criminal e a aplicação da pena. 
Os limites impostos pela prisão preventiva não devem jamais ser ultrapassados, 
contudo na prática forense é de se notar que alguns magistrados acabam aplicando de 
forma errônea o instituto em comento, ultrapassando os limites legais estabelecidos. 
Nesse seguimento, que um juiz que utilize de forma correta a prisão preventiva, 
deve seguir alguns “passos” observando detidamente o artigo 313 do Código de Processo 
Penal e ainda o fumus comissi delicti que se trata de prova de existência de crime e indícios 
de autoria e o periculum libertatis por tratar da garantia de ordem pública ou econômica, 
a necessidade de assegurar a instrução criminal, ou a aplicação da lei penal estão presentes 
no caso. 
Preenchido tais requisitos, a medida cautelar deve ser decretada pelo magistrado 
não deixando para trás toda a fundamentação que envolva o caso em concreto, o que é um 
requisito essencial para o cerceamento da liberdade. 
Já sobre a prisão em flagrante, é importante observar as suas espécies, por obvio 
não podendo extrapolar seus limites legais e com a devida atenção aos sujeitos passivo e 
ativo do flagrante. 
Sobre os sujeitos do flagrante é importante frisar que o sujeito ativo, pode ser 
qualquer pessoa do povo, conhecido também como flagrante facultativo, e também, pelas 
autoridades policiais e seus agentes, chamado de flagrante coercitivo. 
Já o sujeito passivo, pode ser qualquer pessoa que seja encontrada em flagrante 
delito. 
41 
 
Mais a mais, sobre as espécies de flagrantes as que já foram destacados sendo o 
flagrante próprio, impróprio e o presumido, estabelecido pelo artigo 302 do Código de 
Processo Penal. 
É importante ressaltar que, o instituto da prisão em flagrante é muito frágil e deve 
ser feito de uma maneira metódica, observando cada fase constante no instituto. Sempre 
que o flagrante for feito de maneira ilegal, deve-se de pronto decretar de imediato o 
relaxamento da prisão. 
No que diz respeito a prisão temporária, esta é regida por ordenamento próprio a 
Lei 7.960/1998, ela é uma espécie de cautelar que veio para substituir a prisão por 
averiguação, e é estabelecida antes do processo, durante o período de investigações. 
Na prisão temporária, como já foi visto, é uma cautelar que tem prazo pré-
estabelecido em lei, sendo de 05 (cinco) dias prorrogáveis por igual período. E nos casos 
de crimes hediondos passa a ter o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogáveis a mais 30 (trinta) 
dias. 
Portanto, é sabido que tais medidas cautelares existem vários requisitos e 
fundamentos legais a serem cuidadosamente observados e cumpridos pelo magistrado, não 
se tratando de uma mera escolha por princípios ou preceitos pessoais. 
No que tange sobre o princípio da presunção de inocência, a ideia central é a de 
que nenhum indivíduo não pode ser considerado culpado antes de sentença penal 
condenatória com trânsito em julgado, visando proteger o acusado para que não seja uma 
vítima de uma pena que é adotada para quem já foi condenado. 
O princípio é de extrema importância e deve ser sempre levado em consideração. 
Contudo, em alguns casos como nos supramencionados, as cautelares acabam afrontando 
o princípio à primeira vista. 
Por fim, como é notado há um conflito entre as cautelares e o princípio da 
presunção de inocência, porém, é indispensável o instituto das cautelares e devem 
continuar sua trilha no nosso ordenamento jurídico, pois, são medidas de segurança 
imprescindíveis para a população e o andamento do processo. 
 
42 
 
CAPITULO III 
 
DECISÕES DOS TRIBUNAIS SUPERIORES 
Até 2009 o Supremo Tribunal Federal entendia que o princípio da presunção de 
inocência não impedia a execução de pena confirmada em segunda instância. 
Com o julgamento do Habeas Corpus 84078, pacificou-se o entendimento que só 
haveria trânsito em julgado quando não coube mais recurso da decisão, sendo assim, 
pendentes recursos aos tribunais superiores não era possível a execução de pena, salvo as 
cautelares. Conforme decisão ipsis litteris: 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. INCONSTITUCIONALIDADE 
DA CHAMADA "EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA". 
ART. 5º, LVII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. DIGNIDADE 
DA PESSOA HUMANA. ART. 1º, III, DA CONSTITUIÇÃO DO 
BRASIL. 1. O art. 637 do CPP estabelece que "[o] recurso 
extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados 
pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira 
instância para a execução da sentença". A Lei de Execução Penal 
condicionou a execução da pena privativa de liberdade ao 
trânsito em julgado da sentença condenatória. A Constituição do 
Brasil de 1988 definiu, em seu art. 5º, inciso LVII, que "ninguém 
será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória". 2. Daí que os preceitos veiculados pela Lei 
n. 7.210/84, além de adequados à ordem constitucional vigente, 
sobrepõem-se, temporal e materialmente, ao disposto no art. 637 do 
CPP. 3. A prisão antes do trânsito em julgado da condenação 
somente pode ser decretada a título cautelar. 4. A ampla defesa, 
não se à pode visualizar de modo restrito. Engloba todas as fases 
processuais, inclusive as recursais de natureza extraordinária . 
Por isso a execução da sentença após o julgamento do recurso de 
apelação significa, também, restrição do direito de defesa, 
caracterizando desequilíbrio entre a pretensão estatal de aplicar a 
pena e o direito, do acusado, de elidir essa pretensão. 5. Prisão 
temporária, restrição dos efeitos da interposição de recursos em 
matéria penal e punição exemplar, sem qualquer contemplação, nos 
"crimes hediondos" exprimem muito bem o sentimento que 
EVANDRO LINS sintetizou na seguinte assertiva:

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