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PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 12 - Prof. Ricardo Torques
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Sumário
1 - Considerações Iniciais................................................................................................. 3
2 - Teoria Geral da Execução ............................................................................................ 3
2.1 - Introdução .......................................................................................................... 3
2.2 - Princípios ............................................................................................................ 3
2.3 - Disposições Gerais do NCPC .................................................................................. 7
2.4 - Legitimidade...................................................................................................... 11
2.5 - Competência ..................................................................................................... 16
2.6 - Requisitos ......................................................................................................... 18
2.7 - Características do título executivo ........................................................................ 28
2.8 - Responsabilidade patrimonial............................................................................... 30
3 - Espécies de Execução ............................................................................................... 37
3.1 - Disposições Gerais ............................................................................................. 37
4 - Execução para a entrega de coisa............................................................................... 42
4.1 - Entrega de Coisa Certa ....................................................................................... 42
4.2 - Entrega de Coisa Incerta..................................................................................... 45
5 - Execução das obrigações de fazer ou de não fazer........................................................ 46
5.1 - Obrigação de Fazer ............................................................................................ 46
5.2 - Obrigação de Não Fazer ...................................................................................... 48
6 - Execução por Quantia Certa ...................................................................................... 48
6.1 - Introdução ........................................................................................................ 48
6.2 - Disposições Gerais ............................................................................................. 49
6.3 - Citação do Devedor e do Arresto .......................................................................... 51
6.4 - Penhora, Depósito e Avaliação ............................................................................. 54
6.5 - Expropriação de Bens ......................................................................................... 79
6.6 - Satisfação do Crédito.......................................................................................... 94
6 - Execução contra a Fazenda Pública............................................................................. 96
7 - Embargos à Execução ............................................................................................... 98
7.1 - Introdução ........................................................................................................ 98
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7.2 - Ajuizamento ...................................................................................................... 99
7.3 ± Contagem do prazo.......................................................................................... 100
7.4 - Parcelamento da execução ................................................................................ 102
7.5 - Matéria arguíveis ............................................................................................. 104
7.6 - Rejeição liminar dos embargos .......................................................................... 107
7.7 - Efeitos dos embargos recebidos ......................................................................... 108
7.8 - Contraditório, instrução e julgamento ................................................................. 109
8 - Suspensão e Extinção da Execução........................................................................... 109
8.1 - Suspensão da Execução .................................................................................... 109
8.2 - Extinção do processo de execução...................................................................... 111
9 ± Bateria Extra de Questões ...................................................................................... 111
10- Considerações Finais.............................................................................................. 132
PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB
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1 - Considerações Iniciais
Chegamos ao 13º encontro do nosso curso. Essa aula constitui um desafio, pois
se trata de aula imbricada e extensa. Desse modo, sugere-se, inclusive, a leitura
em forma parcelada, a fim de facilitar a compreensão de todos os pontos que
analisamos.
Sem mais delongas, vamos ao conteúdo!
2 - Teoria Geral da Execução
2.1 - Introdução
Vamos iniciar o estudo da execução de títulos extrajudiciais.
Contudo, antes de começarmos a análise dos dispositivos do NCPC, é importante
uma observação: as regras que estudaremos aqui podem ser aplicadas ao
cumprimento de sentença, o que torna ainda mais importante esse assunto.
2.2 - Princípios
Os princípios, como sabemos, possuem dupla finalidade: normatizar
determinadas situações e constituir um parâmetro ou vetor interpretativo dentro
da legislação como um todo.
Dito isso, são vários os princípios da execução. Vamos destacar os principais para
fins de prova.
Princípio da nulla executio sine título
Esse princípio vem expressamente mencionado no NCPC nos seguintes
dispositivos:
ª art. 783, do NCPC:
Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação
certa, líquida e exigível.
ª art. 803, I, do NCPC:
Art. 803. É nula a execução se:
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível;
(...)
Esses dispositivos explicitam uma regra clara:
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Princípio da especificidade da execução
Esse princípio se aplica às obrigações de fazer, de não-fazer e às obrigações de
dar.
Em relação às obrigações de pagar quantia, a obrigação é naturalmente
específica, pois a regra é o devedor pagar em dinheiro e, caso não tenha dinheiro,
serão alienados os seus bens justamente com a pretensão de transformá-los em
dinheiro.
No caso das obrigações de fazer, de não fazer e de dar, a especificidade se aplica,
pois o interesse do credor é exatamente a prestação pretendida. A ideia é que o
juiz utilize dos meios indutivos, coercitivos, mandamentais ou sub-rogatórios a
fim de cumpri-la efetivamente.
É o que ocorre, por exemplo, na obrigação de entregar algum bem específico. A
parte não pretende outro bem sucedâneo, nem mesmo a conversão em perdas e
danos, mas o bem específico que lhe fora pretendido. Com fundamento no
princípio da especificidade da execução, o juiz deverá impor todos os meios
necessários a fim de queseja cumprida especificamente a obrigação.
Somente se despendido todos os esforços e mesmo assim não for possível a
prestação da obrigação específica, deixa-se de aplicar o princípio da
especificidade, abrindo espaço para a conversão da obrigação em perdas e danos.
É o que se extrai dos arts. 499 e 500 do NCPC:
Art. 499. A obrigação SOMENTE será convertida em perdas e danos se o autor o
requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente.
Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada
periodicamente para compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação.
Além disso, temos o art. 809, caput, do NCPC, que fala da obrigação de entrega
de título extrajudicial:
Art. 809. O exequente tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa,
quando essa se deteriorar, não lhe for entregue, não for encontrada ou não for
reclamada do poder de terceiro adquirente.
Temos, ainda, o art. 814 e seguintes do NCPC, em relação à obrigação de fazer
ou de não fazer.
Princípio da responsabilidade objetiva
Esse princípio tem previsão nos arts. 776 e 520, I, do NCPC:
ª art. 776, do NCPC:
Art. 776. O exequente ressarcirá ao executado os danos que este sofreu, quando a
sentença, transitada em julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a obrigação
que ensejou a execução.
ª art. 520, I, do NCPC:
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de
efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-
se ao seguinte regime:
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II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do
embargante.
Já estudamos o art. 776 na parte dos princípios, portanto, para finalizar a parte
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Art. 777. A cobrança de multas ou de indenizações decorrentes de litigância de má-fé
ou de prática de ato atentatório à dignidade da justiça será promovida nos próprios autos
do processo.
O dispositivo acima repete, em parte, a norma do art. 774, do NCPC, ao explicitar
que a condenação por ato atentatório à dignidade da justiça ou litigância de má-
fé na execução serão executadas nos próprios autos.
2.4 - Legitimidade
As partes no processo de execução são aquelas que constam do título executivo.
Se o título informa duas pessoas como credor e devedor, elas serão o exequente
e o executado, respectivamente, no processo de execução.
Isso não ocorre em relação ao processo de conhecimento, pois, muitas vezes,
quando ainda paira dúvidas sobre as situações jurídicas discutidas, não se sabe
ao certo quem são os autores e os réus.
Não obstante, temos legitimados ativos e passivos na execução, cuja disciplina,
no NCPC, abrange os arts. 778 a 780.
De acordo com a doutrina1:
Partes na execução é quem pede e contra quem se pede a tutela jurisdicional executiva.
Credor e devedor são conceitos de direito material e, como tais, devem ser evitados para
designar exequente e executado, na medida em que a incerteza é inerente ao direito litigioso
± ainda eu essa sua característica apareça de maneira mais atenuada na execução, haja
vista a presunção de certeza da obrigação consubstanciada no título executivo.
Legitimidade Ativa
Os legitimados ativos são classificados em:
ª ordinários;
ª ordinários derivada ou supervenientemente; e
ª extraordinários.
Esses três legitimados estão disciplinados no art. 778, do NCPC:
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo
[legitimado ordinário].
§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente
originário [legitimado derivado ou superveniente]:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
1 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 846.
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II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste,
lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por
ato entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2º A sucessão prevista no § 1º independe de consentimento do executado.
O legitimado ativo ordinário é o CREDOR.
A legitimidade ativa do credor atinge, também, o credor solidário que não
participou da relação processual. De acordo com a doutrina2, se a sentença é
fundada em questões comuns a todos os credores solidários e não disser respeito
a questões específicas ou pessoais daquele que promoveu a ação, admite-se a
execução pelo credor solidário.
Sigamos!
O legitimado ordinário derivado ou superveniente é aquele que RECEBEU O
CRÉDITO POR SUCESSÃO, causa mortis ou inter vivos.
É caso dos filhos que herdam o crédito do pai falecido.
Outro exemplo é o endosso do título em favor de terceiro, que o torna credor
superveniente ou derivado e, portanto, legitimado a requerer a execução.
Cumpre registrar que, de acordo com a legislação civil, o devedor não poderá
discordar ou se contrapor à cessão do crédito a terceiros. O que se exige nos
arts. 286 e seguintes do CC é que o devedor seja informado da cessão, até
mesmo para que ele possa efetuar o pagamento de forma correta.
O legitimado extraordinário é aquele que em NOME PRÓPRIO COBRA
CRÉDITO ALHEIO, tal como ocorre em relação ao Ministério Público,
expressamente autorizado pelo art. 18, do NCPC. Isso ocorre, por exemplo, no
caso de Lei de Ação Civil Pública (Lei 7.437/1985) que concede legitimidade ao
Ministério Público para que promova a execução de direitos concedidos em sede
de ação civil pública, quando o autor não promover a execução do prazo de 60
dias (art. 15, a Lei 7.347/1985).
Sintetizando...
2 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 848.
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exemplo, é de R$ 50.000,00), pois os débitos passam dos bens deixados pela
pessoa que faleceu.
A outra hipótese é a figura da CESSÃO DE DÉBITO (ou assunção de débito).
Na parte referente à legitimidade ativa vimos a cessão de crédito e, lá, estudamos
que a cessão independe da concordância da pessoa devedora, desde que seja
notificado o devedor.
Na cessão de débito temos um tratamento diferenciado. De acordo com o art.
299 a 303, todos do CC, a cessão de débito depende da concordância do credor.
No inc. IV temos a legitimidade passiva derivada do FIADOR, que constitui a
pessoa que garante a satisfação ao credor de uma obrigação assumida pelo
devedor caso ele não a cumpra.
Em relação ao fiador, cumpre um esclarecimento. A responsabilidade direta e
objetiva do fiador somente é possível nos casos em que ele foi constituído
judicialmente. O fiador convencional ou legal somente poderá ser
responsabilizado se tiver sido réu na ação, hipótese que, contra ele será formado
também o título executivo, tal como consta expressamente do art. 515, §3º, do
NCPC, e da Súmula STJ 268.
Súmula STJ 268
O fiador que não integrou a relação processual na ação de despejo não responde pela
execução do julgado.
Sigamos!
No inc. V temos a responsabilidade derivada da CONCESSÃO DE BEM DE
TERCEIROCOMO GARANTIA REAL do pagamento da dívida do devedor. Se o
devedor não quitar a dívida, o bem do garantidor poderá ser utilizado para quitar
o montante.
Por fim, podemos ter a legitimação passiva do responsável tributário nos
termos do inc. VI.
Em regra, temos dois institutos que tratam da responsabilidade patrimonial. O
primeiro deles é o débito, o outro é a responsabilidade. Geralmente, o débito e a
responsabilidade são acumulados na mesma pessoa. Dito de forma simples:
quem deve paga. Contudo, existem alguns casos que esses institutos não estão
concentrados na mesma pessoa. Nesses casos: quem deve não é
necessariamente quem paga.
Entre as hipóteses previstas temos os arts. 134 e 135, do CTN, que disciplinam
o responsável tributário. Nesses casos, há o débito conferido a uma pessoa, mas
a responsabilidade pelo pagamento é atribuída a outra. Isso ocorre em relação a
pessoas jurídicas que são as devedoras, contudo, como o administrador agiu com
excesso de poder e com violação da lei, o responsável pelo pagamento será o
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Segundo a doutrina3, admite-se a cumulação de execuções desde que observada
a tríplice identidade de partes, juízo e forma do processo. O art. 780, do NCPC,
estabelece que se o exequente pretender ingressar com execução de mais um
título, deverá observar as seguintes condições:
1ª CONDIÇÃO: mesmo executado;
2º CONDIÇÃO: competência do juiz para todas as execuções; e
3º CONDIÇÃO: igualdade de procedimento.
Essas condições são extraídas do art. 780, do NCPC:
Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, AINDA QUE fundadas em títulos
diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja
competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento.
Por exemplo, poderá o exequente promover um único procedimento de execução
para cobrar 5 cheques contra o mesmo réu, pois se trata do mesmo executado,
execuções com identifica competência e mesmo procedimento. O que não se
admite, por exemplo, é a execução de um cheque cumulada objetivamente com
uma execução de obrigação de fazer, cujos procedimentos são distintos.
Atente-se que a cumulação de execuções já era entendimento encampado pelo
STJ:
Súmula STJ 27
Pode a execução fundar-se em mais de um título extrajudicial relativos ao mesmo negócio.
Intervenção de terceiros
Como a intervenção de terceiros não convém para formação de título executivo,
no regime do CPC73, havia regra prevendo a impossibilidade de utilização do
instituto no procedimento de execução.
Com o NCPC temos uma regra diferente.
Com o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, mais
especificamente, o art. 134, do NCPC, há regra expressa no sentido de que essa
modalidade de intervenção de terceiros é admissível em TODAS as fases do
processo, incluída a execução.
2.5 - Competência
O NCPC traz regras objetivas que definem quem será o juízo competente para
promover a execução de títulos executivos extrajudiciais.
3 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 849.
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Para encerrar as regras de competência, confira o art. 782, do NCPC:
Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e o
oficial de justiça os cumprirá.
§ 1o O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados pelo juiz
também nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma
região metropolitana.
§ 2o Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força policial, o
juiz a requisitará.
§ 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado
em cadastros de inadimplentes.
§ 4o A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for
garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo.
§ 5o O disposto nos §§ 3o e 4o aplica-se à execução definitiva de título judicial.
Desse dispositivo, duas informações são importantes:
1ª REGRA: o oficial, responsável pelo cumprimento dos atos executivos, poderá praticá-los
sob determinação do juiz, não apenas na comarca sob jurisdição do juiz a que está
vinculado, mas também em comarcas contíguas e de fácil comunicação.
2ª REGRA: o juiz poderá determinar a inclusão do executado no cadastro de inadimplentes,
que será imediatamente cancelado no caso de pagamento, garantia da execução ou
extinção.
2.6 - Requisitos
Vamos analisar aqui os requisitos para realização da execução, que vale tanto
para a execução de título extrajudicial quanto para a execução de títulos judiciais
(tecnicamente, o cumprimento de sentença). De acordo com o NCPC, são dois
os requisitos.
1º REQUISITO: inadimplemento (situação de fato)
2º REQUISITO: título executivo (situação de direito)
O inadimplemento será aferido a partir do caso concreto razão pela qual
constitui uma situação de fato. Sobre esse primeiro requisito devemos conhecer
os arts. 786 e 787, do NCPC:
Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor NÃO satisfaça a obrigação
certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo.
Parágrafo único. A necessidade de simples operações aritméticas para apurar o crédito
exequendo não retira a liquidez da obrigação constante do título.
Assim, se não for satisfeita a obrigação que é certa, líquida e exigível, configura-
se a inadimplência que autoriza a execução.
Esse requisito, contudo, poderá não se verificar nas situações em que não
obstante a existência da dívida, faltar contraprestação do credor. Se isso ocorrer
na prática, a execução somente se torna exigíveis quando o credor provar que
adimpliu a contraprestação. É isso que temos disciplinado no art. 786, do NCPC:
Art. 787. Se o devedor não for obrigado a satisfazer sua prestação senão mediante a
contraprestação do credor, este deverá provar que a adimpliu ao requerer a execução,
sob pena de extinção do processo.
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Parágrafo único. O executado poderá eximir-se da obrigação, depositando em juízo a
prestação ou a coisa, caso em que o juiz não permitirá que o credor a receba sem cumprir
a contraprestação que lhe tocar.
De acordo com a doutrina, esse dispositivo traz a disciplina contratual da
exceção do contrato não cumprido. Quando houver obrigação bilateral, o
credor somente poderá exigir do devedor quando já tiver cumprido com a sua
parte.
Por exemplo, em um contrato de compra e venda, o adquirente do veículo não
poderá executar o contrato requerendo a entrega do veículo se ainda não efetuou
o pagamento da forma acordada.
Somente haverá inadimplemento se o credor comprovar que cumpriu com a sua
parte.
Além disso, de acordo com o parágrafo único acima, o devedor poderá se eximir
do devido com depósito judicial do valor. Contudo, para levantamento do valor,
o credor deverá provar nos autos que cumpriu o que devia.
O título executivo, que constitui situação de direito, está disciplinado nos art.
783 e 784, ambos do NCPC. Veja, inicialmente, o art. 783:
Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação
certa, líquida e exigível.
Temos títulos executivos judiciais, ou seja, que decorrem de processo judicial ou
de juízo arbitral, e títulos executivos extrajudiciais, que representam relações
jurídicas que se formam independentemente da atuação do poder judiciário, mas
que a lei confereo poder de títulos executivos.
O título executivo constitui um ato ou fato documentado ao qual a lei atribui
eficácia executiva. Dito de forma simples, o título executivo é o documento (em
papel!) ao qual a lei confere poder de ser exigido judicialmente por intermédio
de um procedimento de execução.
Adotamos, no direito brasileiro, a teoria segundo a qual o título é, ao mesmo
tempo, um documento e um ato.
É um documento capaz de demonstrar a existência de um crédito para que seja
executado e, também, um ato, na medida em que constitui manifestação
concreta da pretensão sancionatória do estado. Desse modo, o título indica a
legitimidade, objetivo e limites da execução.
Ao considerarmos o título um ato, ele valerá o que estiver representado no título,
o seu conteúdo. Ao passo que se considerarmos o título um documento, o que
interessa é a forma do título.
Na prática temos alguns títulos que a natureza de documento fica mais aparente,
em outros a natureza de ato se sobressai.
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A relevância dessa distinção está na possibilidade de execução de títulos com
base em cópias (xerox). Se o título for pautado preferencialmente para o
conteúdo, pelo ato, podemos executá-lo por cópia. Ao passo que, quando o título
estiver relacionado com o documento, ligado ao seu aspecto formal, não é
admissível a execução com cópia.
Por exemplo, notas promissórias, cheque, duplicadas (inc. I do art. 784 do NCPC)
somente podem ser executados por intermédio do documento original, de forma
que o título vale pelo que ele é. Por outro lado, um contrato ou uma sentença
podem ser executados por cópia, pois, nesse caso, prepondera o conteúdo do
documento.
Vamos em frente!
ª Veja, na sequência, quais são as espécies de títulos executivos:
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública,
pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador
credenciado por tribunal;
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e
aquele garantido por caução;
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como
de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício,
previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que
documentalmente comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de
emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas
estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.
§ 1o A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe
o credor de promover-lhe a execução.
Antes de analisarmos cada uma das hipóteses acima, é importante deixar claro
que esse rol é exemplificativo, embora somente possa ser fixado por lei. Desse
modo, outros títulos executivos não podem ser criados por uma interpretação
extensiva do aplicador do direito, contudo, o legislador poderá criar outras
hipóteses de títulos executivos extrajudiciais.
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Nesse contexto, cuidado com afirmações rasas no sentido de que o rol é taxativo
ou números clausus. Na realidade, o rol é fixado por lei, porém, não imutável.
Assim, o mais correto é afirmar que o rol do art. 784 é aberto.
Isso ocorre porque a possibilidade de diretamente ingressar com a execução em
face de um ato ou de um documento revela o exercício da soberania e também
da possibilidade de se invadir a esfera jurídica patrimonial de outra pessoa sem
uma ação de conhecimento prévio. Portanto, somente são considerados títulos
executivos extrajudiciais aqueles que constarem em lei, entre os quais estão os
previstos no art. 784, do NCPC.
Antes de analisamos os incisos dos dispositivos acima, é importante um
aprofundamento:
Há doutrina sustentando que as partes podem fixar títulos executivos
extrajudiciais. A partir da prerrogativa conferida às partes de formulação de
negócios jurídicos processuais (art. 190, do NCPC), desde que as partes sejam
capazes e tratem de direitos disponíveis (ou que admitam autocomposição).
Isso evidenciaria uma forma de neoliberalismo no direito processual brasileiro.
Essa posição, contudo, não possui muita relevância, pois entre as hipóteses de
títulos executivos extrajudiciais está o contrato formulado pelas partes e assinado
por duas testemunhas. Isso nada mais é do que uma espécie de negócio jurídico
processual firmado pelas partes, em uma relação privada, sem interferência do
Estado.
Vamos às hipóteses legais?!
1) Letra de câmbio, nota promissória, duplicata, debênture e cheque.
O rol acima traz os denominados títulos de crédito. Para a prova em Direito
Processual Civil é suficiente que você saiba o conceito de cada um deles:
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Súmula STJ 247
O contrato de abertura de crédito em conta corrente, acompanhado do demonstrativo de
débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.
A Súmula STJ 504 fixa o tempo para cobrança do débito a partir da prescrição da
nota promissória. Embora não seja possível efetuar a execução com fundamento
no título de crédito, porque já prescrito, nada impede que a pessoa se valha do
título como prova documental da dívida. Nesse contexto, o STJ fixou prazo de 5
anos para ajuizamento da ação de conhecimento (no caso, a ação monitória) a
contar do vencimento do título.
Súmula STJ 504
O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem
força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.
Em relação à duplicata, é importante destacar que, ao recebê-la, o devedor
poderá:
1 ± receber e devolver a duplicata aceita. Nesse caso, teremos constituído o título
executivo.
2 e 3 ± receber a duplicata e não aceitar ou receber e não devolver. Nesses casos, o credor
poderá fazer o protesto por indicação, apresentando cópia da mercadoria ou do serviço. A
partir do protesto, há formação do título executivo extrajudicial.
Em relação ao cheque, vamos tecer algumas observações.
O devedor do cheque é o subscritor, independentemente de a conta de origem
do cheque ser conjunta. A solidariedade entre os titulares da conta conjunta não
admite que ambos sejam executados. A solidariedade é em relação ao banco,
não em face do cheque expedido.
O cheque é ordem de pagamento à vista. Contudo, é corriqueiro a utilização do
que chefe pós-datado. Não obstante, um cheque pós-datado não tira a
exigibilidade do título de crédito. Ademais, a Súmula STJ 370 estabelece que o
descumprimento do pós datamento (entendido como uma cláusula adicional do
cheque) pode implicar indenização por dano moral.
Súmula STJ 370
Caracteriza dano moral a apresentaçãoantecipada de cheque pré-datado.
O cheque poderá ser cobrado se não prescrito, observando o prazo de 6 meses.
Passado o prazo, o cheque deixa de ser título executivo extrajudicial, contudo,
poderá ser usado, por exemplo, para utilização do cheque para ação de cobrança,
a exemplo da ação de cobrança. Nesse contexto veja a Súmula STJ 299:
Súmula STJ 299
É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.
Além disso, de acordo com a Súmula STJ 503, por se tratar de documento escrito
sem eficácia de título executivo, porque prescrito o cheque, o prazo prescricional
da dívida é de 5 anos a contar do dia seguinte da data da emissão do cheque.
Veja:
Súmula STJ 503
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O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força
executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula
Sigamos!
2) Escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor.
A escritura pública constitui modalidade especial de negócio que exige a lavratura
em cartório por agente público (tabelião), como condição para lhe conferir
validade.
Além disso, por documento público assinado pelo devedor devemos compreender
o documento produzido por autoridade, ou em sua presença, com a respectiva
chancela, desde que tenha competência para tanto4.
3) Documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas.
Note que o documento exige a assinatura de duas pessoas que, evidentemente,
não podem ter interesse no negócio jurídico, ainda que tenham assinado o
documento posteriormente a sua confecção.
No rol dos documentos particulares está o instrumento de confissão de dívida,
conforme explicita a Súmula STJ 300:
Súmula STJ 300
O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de abertura de
crédito, constitui título executivo extrajudicial.
Esse documento nada mais é do que uma declaração expressa, definitiva e
irretratável do devedor que reconhece que deve determinado valor a outrem.
Sigamos!
4) Instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela
Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos
transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal.
Trata-se de novidade no NCPC, decorrente da importância que
se concede às formas autocompositivas de solução de
conflitos.
Trata-se do instrumento de acordo referendado. Será considerado título
executivo desde que seja referendado pela autoridade habilitada:
ª MP;
ª Defensoria Pública;
ª advogado público;
4 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 853.
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ª advogados; e
ª conciliadores ou mediadores.
5) Contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito
real de garantia e aquele garantido por caução.
São contratos assegurados por direitos reais de garantia que permitem
diretamente a execução para satisfação da obrigação pactuada.
6) Contrato de seguro de vida em caso de morte.
Com falecimento da pessoa que instituiu o seguro de vida, admite-se a execução
direta do prêmio constante do seguro. A morte é o evento que confere certeza,
exigibilidade e liquidez à obrigação.
7) Crédito decorrente de foro e laudêmio.
O foro é uma taxa exigida pelo domínio útil de terras pertencentes à marinha, ao
passo que o laudêmio é a taxa paga em razão da transferência desses imóveis
pertencentes à marinha.
8) Crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de
imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas
de condomínio.
O contrato de locação constitui título executivo extrajudicial.
9) Certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos
na forma da lei.
As denominadas CDAs (certidões de título da dívida) de qualquer dos entes da
federação constituem título executivos extrajudiciais.
10) Crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de
condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em
assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas.
Se documentalmente comprovados, as despesas condominiais podem ser
executadas diretamente, contra quem estiver ocupando o imóvel (proprietário,
locatário, comodatário ou qualquer outro tipo de possuidor).
11) Certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a
valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela
praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei.
Os atos praticados pelos notários são dotados de presunção de veracidade e
legitimidade de modo que a certidão decorrente dos atos por eles praticados
podem ser executados diretamente.
12) Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei
atribuir força executiva.
Com base nessa última hipótese permite-se que a lei crie outras proposições de
títulos executivos extrajudiciais. Cita-se, como exemplo, o contrato de honorários
advocatícios (art. 24, da Lei 8.906/1994) ou termo de ajustamento de conduta
do ECA (art. 211).
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Temos uma observação importante! Temos títulos executivos que são ordens de
pagamento à vista (por exemplo cheque), outros, entretanto, constituem ordem
de pagamento a prazo (por exemplo, nota promissória).
Desse modo, essas condições que possam eventualmente constar do título devem
VHU�FRQVLGHUDGRV��1HVVH�FRQWH[WR��RV�DUWV�������,��³F´�H������DPERV�GR�1&3&,
tratam das obrigações sujeitas a condição ou termo.
Nesses casos, o vencimento depende da ocorrência da condição, ou do termo,
fixado no título. A partir desse momento caracteriza-se a exigibilidade da
obrigação, passível, portanto, de execução.
2.8 - Responsabilidade patrimonial
Para começar o estudo de responsabilidade patrimonial, é importante que você
saiba que esse assunto se aplica também ao cumprimento de sentença.
Veja o dispositivo inicial da matéria:
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, SALVO as restrições estabelecidas em lei.
A partir desse dispositivo vamos estabelecer duas premissas básicas para falar
de responsabilidade patrimonial:
1ª premissa: a regra geral é que a responsabilidade seja do devedor. É a situação na
qual o responsável é o próprio devedor.
2ª premissa: a responsabilidade é patrimonial (presente e futuro), embora ainda existam
alguns resquícios da responsabilização pessoal do devedor.
Um dos exemplos de responsabilização pessoal ainda existente é a possibilidade prisão
civil do devedor de alimentos.
A partir dessas premissas, vamos analisar os bens que poderão ser chamados a
responder pela execução.
Bens passíveis de execução
Nem todos os bens podem ser utilizados como pagamento em uma execução.
Temos várias limitações e flexibilizações que devem ser bem estudadas.
A primeira limitação que temos é de natureza lógica e está disciplinada no art.
836, do NCPC:
Art. 836. NÃO se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da
execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das
custas da execução.
§ 1º Quando não encontrar bens penhoráveis, independentemente de determinação
judicial expressa, o oficial de justiça descreverá na certidão os bens que guarnecem a
residência ou o estabelecimentodo executado, quando este for pessoa jurídica.
§ 2º Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será nomeado depositário
provisório de tais bens até ulterior determinação do juiz.
Trata-se da execução ou penhora frustradas. De acordo com o dispositivo, não
se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o valores dos bens do
executado não são suficientes para pagar nem mesmos as custas da execução.
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A segunda limitação é denominada de limitação política e envolve as
impenhorabilidades.
No art. 833, do NCPC, temos a relação das impenhorabilidades absolutas, ao
passo que no art. 834 há fixado o rol das impenhorabilidades relativas. Temos,
ainda, a Lei do Bem de Família (Lei 8.009/90) e o art. 100, do CC.
A terceira limitação é a possibilidade de renúncia voluntária, embora esse
assunto ainda não esteja bem definido na jurisprudência. À luz do art. 190, do
NCPC, há que afirme que é possível, por exemplo, abrir mão de um bem de
família para realizar um empréstimo.
Fora as limitações acima, todos os bens do devedor podem ser executados.
Como sabemos, a execução tem cunho patrimonial, assim, a pessoa não
responde pela execução, mas seus bens. Esses bens passíveis de execução estão
disciplinados no art. 790, do NCPC.
Vejamos:
Art. 790. São sujeitos à execução os bens:
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou
obrigação reipersecutória;
II - do sócio, nos termos da lei;
III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;
IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação
respondem pela dívida;
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do
reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.
Façamos, inicialmente, um aprofundamento doutrinário:
De acordo com a doutrina, o estudo da responsabilidade remete à compreensão
da dualidade entre shuld e haltung5:
Os bens de terceiros, por vezes, sujeitam-se à execução por dívida alheia. Há aí
responsabilidade (Haftung) sem débito (Shuld). Quando a responsabilidade patrimonial
recai sobre aquele a quem se imputa o débito, há responsabilidade primária; do contrário,
quando se imputa responsabilidade a quem não tem o débito, há responsabilidade
secundária.
Feito esse parêntese, vamos analisar cada um dos incisos?!
5 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 859.
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De acordo com o inc. I, os bens do sucessor a título singular responderão pela
dívida quando se tratar de execução de direito real ou fundada em obrigação
reipersecutória.
Dito de outro modo, quem for sujeito ativo do direito real ou de uma obrigação
reipersecutória (direito de sequela) pode perseguir o bem onde quer que ele se
encontre para integrá-lo ao seu patrimônio. Assim, se ocorrer sucessão desse
bem, o sucessor será responsável (o executado) na ação de execução.
De acordo com o inc. II, os bens do sócio podem responder pela dívida, quando
envolver a responsabilidade tributária e a desconsideração da pessoa jurídica,
por exemplo. Embora a dívida seja da pessoa jurídica, haverá responsabilidade
dos sócios.
Evidentemente que o sócio poderá se valer do benefício da ordem, que está
disciplinado no art. 795, do NCPC.
Art. 795. Os bens particulares dos SÓCIOS NÃO RESPONDEM PELAS DÍVIDAS DA
SOCIEDADE, senão nos casos previstos em lei.
§ 1o O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da sociedade, tem o direito
de exigir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade.
§ 2o Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1o nomear quantos bens da sociedade
situados na mesma comarca, livres e desembargados, bastem para pagar o débito.
§ 3o O sócio que pagar a dívida poderá executar a sociedade nos autos do mesmo
processo.
§ 4o Para a desconsideração da personalidade jurídica é obrigatória a observância do
incidente previsto neste Código.
O art. 795, do NCPC, fixa os parâmetros para a responsabilidade dos sócios. A
regra é a irresponsabilidade dos bens do sócio em face de dívidas da empresa.
Para que haja responsabilização é necessário o trâmite do incidente de
desconsideração de personalidade jurídica a fim avaliar a possibilidade de
responsabilização do sócio.
Ainda que fixada a responsabilização, há de se observar o benefício de ordem, ou
seja, o sócio tem o direito de exigir que primeiramente sejam utilizados os bens
da empresa. No que restar, o patrimônio do sócio será atingido. Para o exercício
do benefício de ordem, ao argui-lo, o sócio deverá indicar os bens da sociedade
que:
ª estejam na mesma comarca; e
ª estejam livres e desembaraçados para a execução.
Sigamos com a análise dos demais incisos que tratam dos bens passíveis de
execução.
No inc. III temos a possibilidade do bem do devedor responder, ainda que esteja
em poder de terceiros. Dito de outro modo, não interessa se o bem está ou não
em poder de terceiro para que haja a execução.
De acordo com o inc. IV temos a possibilidade de responsabilidade dos bens do
cônjuge ou companheiro em razão da dívida. Nesse caso, se as dívidas foram
contraídas a bem da economia doméstica, o cônjuge poderá ser executado.
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Importante registrar, embora não seja objeto direto de nossa análise nesse
momento, que nos casamentos em comunhão universal e em comunhão parcial,
as dívidas que forem contraídas a favor do casal são garantidas pelo patrimônio
comum de ambos, ainda que realizada por apenas um deles.
Além disso, é importante que você conheça o teor da Súmula STJ 251:
Súmula STJ 251
A meação só responde pelo ato ilícito quando o credor, na execução fiscal, provar que o
enriquecimento dele resultante aproveitou ao casal.
O STJ impõe ao credor a prova de que a dívida favoreceu à família na execução
fiscal.
Vamos em frente!
Temos também a possibilidade de bens alienados ou gravados responderem pela
dívida, quando essa estiver gravada com ônus real ou em casos de fraude à
execução.
No inc. VI, por sua vez, há atribuição de responsabilidade sob os bens cuja
alienação, ou gravação, com ônus real tenha sido anulada em razão do
reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores.
Por fim, nos termos do inc. VII, serão considerados para quitar a dívida os bens
do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.
Na sequência vamos analisar o art. 791.
No dispositivo citado do NCPC, temos uma regra específica tratando do direito de
superfície. De acordo com a doutrina6, destacado o direito de superfície do direito
de propriedade, pode cada um deles ser objeto autônomo de responsabilidade
patrimonial, que responderá pelas dívidas do respectivo titular. Trata-se de
hipótese específica que, se cobrada, explorará a literalidade. Veja:
Art. 791. Se a execução tiver por objeto obrigação de que seja sujeito passivo o proprietário
de terreno submetido ao regime do direito de superfície, ou o superficiário, responderá pela
dívida, exclusivamente, o direito real do qual é titular o executado, recaindo a penhora ou
outros atos de constrição exclusivamente sobre o terreno, no primeiro caso, ou sobre a
construção ou a plantação, no segundo caso.§ 1o Os atos de constrição a que se refere o caput serão averbados separadamente na
matrícula do imóvel, com a identificação do executado, do valor do crédito e do objeto sobre
o qual recai o gravame, devendo o oficial destacar o bem que responde pela dívida, se o
terreno, a construção ou a plantação, de modo a assegurar a publicidade da
responsabilidade patrimonial de cada um deles pelas dívidas e pelas obrigações que a eles
estão vinculadas.
6 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 862.
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§ 2o Aplica-se, no que couber, o disposto neste artigo à enfiteuse, à concessão de uso
especial para fins de moradia e à concessão de direito real de uso.
O art. 792 do NCPC trata da fraude à execução.
Segundo a doutrina:
A fraude a execução constitui ato atentatório à dignidade da Justiça e ilícito penal. Trata-se
de manobra do executado que visa a subtrair à execução bem de seu patrimônio. Se
reconhecida, a alienação ou oneração realizada em fraude à execução considera-se ineficaz
com relação ao exequente.
Assim, toda vez que o executado procurar, por meios ilegais, evitar a
expropriação de bens a fim de quitar o que deve, temos a configuração da fraude
à execução. Vejamos as hipóteses listadas no dispositivo do Código:
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem É CONSIDERADA FRAUDE À EXECUÇÃO:
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão
reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no
respectivo registro público, se houver;
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de
execução, na forma do art. 828;
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro
ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude;
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor
ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
V - nos demais casos expressos em lei.
O rol do art. 792 é exemplificativo na medida em que o inc. V viabiliza a
possibilidade de que a lei crie outras hipóteses de fraude à execução.
Duas observações iniciais são relevantes. Para a caracterização da fraude contra
credores é necessária a configuração da litispendência ao tempo da alienação
ou oneração do bem passível de execução.
Dito de outro modo, configura-se a fraude contra credores quando ao tempo da
prática dos atos pelo executado já existia processo de execução em trâmite.
Além disso, é desnecessária D� SURYD� GR� ³FRQVLOLXP� IUDXGLV´. Segundo a
doutrina, não é necessária a prova da intenção de fraudar para que se configure
a fraude à execução. Desse modo, o exequente não é obrigado a prova do
consilium fraudis, basta a configuração das hipóteses abaixo descritas.
Sigamos!
ª Alienação ou oneração de bem quando já houver averbação da existência de ação
envolvendo direito real ou pretensão reipersecutória.
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ª Averbação de certidão de que a execução foi admitida pelo juiz no registro de imóveis,
de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora. Nesse caso, a alienação ou
oneração na pendência de processo de execução é fraude contra credores.
ª Alienação ou oneração após averbação de hipoteca judiciária ou ato de constrição
judicial originário do processo em que fora arguida a fraude.
ª Alienação ou oneração de bens quando tramitava contra o credor ação capaz de reduzi-
lo à insolvência.
Conforme visto no conceito, se configurada algumas das hipóteses acima, a
alienação ou oneração não possui qualquer eficácia perante o exequente:
§ 1o A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.
Essa ineficácia se dá apenas em relação ao exequente. Significa dizer, a venda é
válida para todos os efeitos, contudo, ineficaz em relação ao exequente. De forma
objetiva, a venda é válida, mas o juiz poderá determinar a constrição sobre o
bem.
O resultado disso é que, se, após a alienação do bem, restar algum valor, esse
valor será do terceiro adquirente.
É justamente em face disso que o §4º, abaixo citado, estabelece que o juiz, antes
de declarar a fraude à execução, deverá intimar o terceiro adquirente para que
tenha ciência do processo e para que, no prazo de 15 dias, oponha embargos de
terceiro.
§ 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente,
que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no PRAZO DE 15 (QUINZE)
DIAS.
Em relação a bens que não dependam de registro, o terceiro, para provar a boa-
fé, se valerá de outros documentos hábeis que demonstrem que a compra foi
efetuada sem conhecimento da fraude. Poderá utilizar, como prevê o §2º,
certidões a serem obtidas no domicílio do devedor e no local onde se encontra os
bens.
Essa necessidade diz respeito apenas a bens que não necessitam de registro.
Quando o bem exigir o registro, a presunção da fraude contra credores é
absoluta, ao passo que no caso de bens móveis e semoventes, por exemplo ±
que não dependem de registro ± deve-se provar o desconhecimento da execução
pendente com certidões.
Veja:
§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o
ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição
das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o
bem.
Por fim, veja o §3º, cuja leitura é o suficiente:
§ 3o Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução
verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.
O art. 793, do NCPC, trata da possibilidade de retenção de bem pelo executado.
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O direito de retenção é uma forma de proteção exercida pelo exequente para
recebimento dos valores devidos. Se isso correr, prevê o dispositivo abaixo que
o exequente não poderá promover a execução sobre outros bens a não ser que
abra mão da retenção exercida.
Art. 793. O exequente que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente
ao devedor NÃO poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida
a coisa que se achar em seu poder.
O art. 794, do NCPC, trata da situação do fiador na execução de título executivo
extrajudicial. Na fiança, um terceiro assume a garantia da obrigação por dívida
de outro no momento da elaboração do contrato. Caso o devedor não cumpra a
obrigação, o fiador será o responsável patrimonial.
O fiador, portanto, poderá ser responsabilizado pela execução, mesmo não sendo
o devedor. De acordo com o caput do dispositivo abaixo, ele poderá exigir o
respeito ao benefício de ordem, exceto se renunciar a esse benefício.
Desse modo, antes de serem executados seus bens, devem ser executados os
bens do devedor desde que estejam:
ª na mesma comarca;
ª livres; e
ª desembaraçados.
Assim, uma vez demandado o fiador, ele deverá indicar os bens da mesma
comarca, livres e desembaraçados de forma pormenorizada.
Se não houver bens do devedor principal ou esses sejam insuficientes, teremos
a execução dos bens do fiador.
Se houver a execução dos bens do fiador, ele poderá, após o pagamento da
dívida, promover a execução contra o devedor principal nos mesmos autos do
processo.
Veja:
Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam
executados os bens dodevedor situados na mesma comarca, livres e desembargados,
indicando-os pormenorizadamente à penhora.
§ 1o Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do devedor, situados na mesma
comarca que os seus, forem insuficientes à satisfação do direito do credor.
§ 2o O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do mesmo
processo.
§ 3o O disposto no caput não se aplica se o fiador houver renunciado ao benefício de ordem.
Como o art. 795, do NCPC, já foi estudado, vamos analisar brevemente o
dispositivo final desse capítulo:
Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas, feita a partilha, cada
herdeiro responde por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe
coube.
Esse dispositivo trata da responsabilidade patrimonial do espólio de dívidas do
falecido. O importante dessa regra é destacar que se já houve partilha dos bens
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entres os herdeiros, a responsabilidade recairá sobre eles até o limite do quinhão
que tenha recebido.
3 - Espécies de Execução
3.1 - Disposições Gerais
Como forma de compelir o devedor a cumprir com as mais diversas obrigações,
temos a disciplina de procedimentos específicos.
Assim, se a obrigação é de dar, temos o procedimento de execução para entrega
de coisa; se a obrigação é de fazer ou não fazer, temos um procedimento
específico para executá-las, que visa preferencialmente a prestação da tutela
específica; e se a obrigação é pecuniária, temos a execução por quantia certa.
Paralelamente, o NCPC disciplina também formas específicas de execução: contra
a Fazenda Pública e de alimentos.
Antes de estudarmos as hipóteses específicas, vamos analisar os arts. 797 a 805,
do NCPC, que trazem conceitos gerais relativos às diversas espécies de execução.
Vamos lá!
O art. 797 já foi estudado, pois explicita o princípio da máxima efetividade da
execução. Vamos citá-lo novamente:
Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso
universal, realiza-se a execução no interesse do exequente que adquire, pela penhora,
o direito de preferência sobre os bens penhorados.
Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada exequente
conservará o seu título de preferência.
No art. 798, do NCPC, temos uma rega procedimental, que orienta o exequente
no ajuizamento da ação de execução. Essa ação deverá ser instruída com uma
série de documentos e informações específicas. Leia com atenção:
Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:
I - INSTRUIR A PETIÇÃO INICIAL com:
a) o título executivo extrajudicial;
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se
tratar de execução por quantia certa;
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso;
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou que
lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação
senão mediante a contraprestação do exequente;
II - INDICAR:
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser
realizada;
b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica;
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível.
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III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem
em relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada;
IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito
aquisitivo derivado de promessa de compra e venda registrada;
V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou concessionário, em caso de direito
de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de
direito real de uso, quando a penhora recair sobre imóvel submetido ao regime do direito
de superfície, enfiteuse ou concessão;
VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com regime de direito de superfície,
enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de
uso, quando a penhora recair sobre direitos do superficiário, do enfiteuta ou do
concessionário;
VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de quota social ou de ação de
sociedade anônima fechada, para o fim previsto no art. 876, § 7o;
VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes;
IX - proceder à averbação em registro público do ato de propositura da execução e dos atos
de constrição realizados, para conhecimento de terceiros.
Nas hipóteses acima se não houver a intimação, a alienação do bem será
considerada ineficaz em relação ao terceiro, conforme expõe o dispositivo abaixo.
As pessoas citadas no art. 799 precisam ser intimadas da alienação para que
sofram seus efeitos. Como elas possuem um direito sobre a coisa, a intimação da
alienação é obrigatória, sob pena de ser ineficaz em relação ao terceiro.
Art. 804. A alienação de bem gravado por penhor, hipoteca ou anticrese será
ineficaz em relação ao credor pignoratício, hipotecário ou anticrético não
intimado.
§ 1o A alienação de bem objeto de promessa de compra e venda ou de cessão registrada
será ineficaz em relação ao promitente comprador ou ao cessionário não intimado.
§ 2o A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído direito de superfície, seja do solo,
da plantação ou da construção, será ineficaz em relação ao concedente ou ao concessionário
não intimado.
§ 3o A alienação de direito aquisitivo de bem objeto de promessa de venda, de promessa
de cessão ou de alienação fiduciária será ineficaz em relação ao promitente vendedor, ao
promitente cedente ou ao proprietário fiduciário não intimado.
§ 4o A alienação de imóvel sobre o qual tenha sido instituída enfiteuse, concessão de uso
especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso será ineficaz em relação
ao enfiteuta ou ao concessionário não intimado.
§ 5o A alienação de direitos do enfiteuta, do concessionário de direito real de uso ou do
concessionário de uso especial para fins de moradia será ineficaz em relação ao proprietário
do respectivo imóvel não intimado.
§ 6o A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído usufruto, uso ou habitação será
ineficaz em relação ao titular desses direitos reais não intimado.
Na sequência das regras gerais, vamos analisar o art. 800, que trata das
obrigações alternativas. Essas obrigações se caracterizam pela existência de uma
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despacho ter sido lançado pelo juízo efetivamente competente, considera-se
interrompida a prescrição desde dia 01/02/2017.
É isso que descreve o art. 802, do NCPC:
Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a citação, desde que realizada em
observância ao disposto no § 2o do art. 240, interrompe a prescrição, ainda que proferido
por juízo incompetente.
Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à data de propositura da
ação.
Ainda sobre o art. 802, do NCPC, veja o que nos ensina a doutrina8:
Um dos efeitos da propositura da ação de execução é a interrupção da prescrição, desde
que a inicial seja deferida pelo juiz e que a citação do devedor seja promovida em dez dias,
isto é, providenciada, com o fornecimento do endereço do devedor, o pagamento da
diligência e outras providencias a cargo do exequente.
Existem algumas situações que obstam a execução. Assim, considera-seo
procedimento nulo. Confira:
Art. 803. É NULA a execução se:
I - o título executivo extrajudicial NÃO corresponder a obrigação certa, líquida e
exigível;
II - o executado NÃO for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo.
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício
ou a requerimento da parte, independentemente de embargos à execução.
Antes de analisarmos as três hipóteses de nulidade previstas acima, fixe:
ª Podem se pronunciadas de ofício ou a requerimento do executado; e
ª Quando ocorrer a requerimento do executado, pode ser requerido por simples petição,
sendo desnecessário oposição de embargos à execução.
O primeiro inciso trata da ausência das características que permitem a execução
de determinado título extrajudicial. Assim, se incerta, ilíquida ou inexigível a
obrigação é nula a execução.
A segunda hipótese retrata problema na integração do réu à lide, o que fulmina
a validade do procedimento pelo completo prejuízo ao exercício do contraditório.
A terceira hipótese envolve títulos executivos extrajudiciais que dependem de
implemento do termo ou condição para que possam se tornar exigíveis. Enquanto
não ocorrer o termo ou for implementada a condição prevista, não há como
executar o título por ausência de exigibilidade.
Para a prova...
8 DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. 19ª edição, rev. e atual.,
São Paulo: Editora Atlas S/A, 2016, p. 1131.
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Além disso, constará também do mandado ordem para imissão de posse (bem
imóvel) ou de busca e apreensão (bem móvel).
Art. 806. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo
extrajudicial, será citado para, em 15 (QUINZE) DIAS, satisfazer a obrigação.
§ 1º Ao despachar a inicial, o juiz poderá fixar multa por dia de atraso no cumprimento
da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, caso se revele insuficiente ou
excessivo.
§ 2º Do mandado de citação constará ordem para imissão na posse ou busca e
apreensão, conforme se tratar de bem imóvel ou móvel, cujo cumprimento se dará de
imediato, se o executado não satisfizer a obrigação no prazo que lhe foi designado.
A ideia de, no próprio mandato de citação, constar a previsão de multa de ordem
GH� LPLVVmR� GH� SRVVH� RX� GH� EXVFD� H� DSUHHQVmR� p� ³LQFHQWLYDU´� R� H[HFXWDGR� a
FXPSULU� ³YROXQWDULDPHQWH´�� VRE� SHQD� GH� VHUHP� GHVHQFDGHDGDV� RXWUDV�
consequências negativas para o executado.
Assim, citado, o executado pode:
ª entregar a coisa, situação em que aplicamos a regra do art. 807, abaixo;
ª apresentar embargos à execução (que remete ao estudo dos arts. 914 e seguintes do
NCPC); ou
ª não se manifestar, hipótese em que será executada a ordem de imissão de posse ou de
busca e apreensão.
Citado, se o executado efetuar a entrega será lavrado termo declarando satisfeita
a obrigação. A execução somente prosseguirá para cobrança de eventuais frutos
do bem ou de ressarcimento de prejuízos, se existirem.
Confira:
Art. 807. Se o executado entregar a coisa, será lavrado o termo respectivo e
considerada satisfeita a obrigação, prosseguindo-se a execução para o pagamento de
frutos ou o ressarcimento de prejuízos, se houver.
O art. 808, do NCPC, prevê a possibilidade do exequente reclamar o bem contra
terceiros, no caso de alienação de coisa já litigiosa. O importante desse
dispositivo para a nossa prova é a previsão de que somente será ouvido o terceiro
se depositar a coisa em juízo.
Art. 808. Alienada a coisa quando já litigiosa, será expedido mandado contra o terceiro
adquirente, que SOMENTE será ouvido após depositá-la.
O que o art. 808, do NCPC, estabelece é a possibilidade de o réu ingressar ou
não contra terceiro. Caso não opte por reclamar o bem contra terceiro, o
exequente poderá requerer indenização.
Além disso, nem sempre o recebimento da coisa será possível. O art. 809, do
NCPC, esclarece que nas situações em que houver deterioração do bem, ele não
for entregue, não for encontrada ou o exequente não a reclamar contra terceiro,
o exequente poderá optar pelo recebimento do valor da coisa além de perdas e
danos.
Confira:
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4.2 - Entrega de Coisa Incerta
Os arts. 811 a 813 tratam especificamente da entrega de coisa incerta,
compreendida11 como aquela determinável ao tempo do adimplemento pelo
gênero e pela quantidade.
É o exemplo de obrigação assumida de entregar um boi de determinada.
Nesses casos, o executado será citado para que entregue a coisa individualizada
se a obrigação lhe competir. Por outro lado, se a individualização da coisa couber
ao exequente, ele deverá fazê-lo na petição inicial.
Art. 811. Quando a execução recair sobre coisa determinada pelo gênero e pela quantidade,
o executado será citado para entregá-la individualizada, se lhe couber a escolha.
Parágrafo único. Se a escolha couber ao exequente, esse deverá indicá-la na petição inicial.
Independentemente de quem for o responsável pela individualização da coisa
incerta, uma vez indicada, corre prazo de 15 dias para impugnar a indicação
efetuada.
Assim, se a individualização ficar a cargo do exequente, o executado terá prazo
de 15 dias para impugnar. Caso o executado seja citado para individualizar o
bem, o exequente terá 15 dias para impugnar a individualização.
Art. 812. Qualquer das partes poderá, no PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS, impugnar a
escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano ou, se necessário, ouvindo perito de sua
nomeação.
Uma vez individualizado o bem, teremos seguimento da execução, de acordo com
as regras que vimos em relação à entrega de coisa certa.
Art. 813. Aplicar-se-ão à execução para entrega de coisa incerta, no que couber, as
disposições da Seção I deste Capítulo.
Para a prova....
11 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de
Processo Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2016, p. 877.
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Uma vez citado, o executado poderá efetuar a obrigação na forma descrito no
título ou apresentar embargos à execução no prazo e 15 dias.
Art. 816. Se o executado NÃO satisfizer a obrigação no prazo designado, é lícito ao
exequente, nos próprios autos do processo, requerer a satisfação da obrigação à
custa do executado ou perdas e danos, hipótese em que se converterá em indenização.
Parágrafo único. O valor das perdas e danos será apurado em liquidação, seguindo-se a
execução para cobrança de quantia certa.
Art. 817. Se a obrigação puder ser satisfeita por terceiro, é lícito ao juiz autorizar, a
requerimento do exequente, que aquele a satisfaça à custa do executado.
Parágrafo único. O exequente adiantará as quantias previstas na proposta que, ouvidas as
partes, o juiz houver aprovado.
Caso não seja atendida a ordem judicial de cumprimento o exequente poderá:
ª requerer conversão da obrigação em perdas e danos, na forma do art. 816, do NCPC;
ou
ª requerer seja determinado o fazimento da obrigação a custa do executado, na forma do
art. 817, do NCPC:
O art. 818, do NCPC, por sua vez trata do cumprimento da obrigação.
Nesse casos, se a parte executada cumprir com a obrigação de fazer, ambos
serão intimados a se manifestar para apresentar eventuais impugnações no prazo
de 10 dias. Sem qualquer irresignação, os autos serão extintos com a declaração
de cumprimento.Art. 818. Realizada a prestação, o juiz ouvirá as partes no PRAZO DE 10 (DEZ) DIAS
e, não havendo impugnação, considerará satisfeita a obrigação.
Parágrafo único. Caso haja impugnação, o juiz a decidirá.
Caso a responsabilidade por executar a obrigação seja transferida a terceiro, e
esse não a cumprir no prazo determinado ou cumprir, porém, de modo
incompleto ou defeituoso, o exequente poderá requerer ao juiz que, no prazo de
10 dias, autorize a conclusão ou conclusão a custa do contratante.
Art. 819. Se o terceiro contratado não realizar a prestação no prazo ou se o fizer de modo
incompleto ou defeituoso, poderá o exequente requerer ao juiz, no PRAZO DE 15
(QUINZE) DIAS, que o autorize a concluí-la ou a repará-la à custa do contratante.
Parágrafo único. Ouvido o contratante no PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS, o juiz mandará
avaliar o custo das despesas necessárias e o condenará a pagá-lo.
A situação acima, aplica-se, portanto, nas hipóteses em que o executado contrata
terceiro para que execute a obrigação constante do título executivo extrajudicial.
É possível, entretanto, que a execução se dê por conta do exequente. Nesse caso,
ele irá controlar a execução dos trabalhos necessários. O art. 820, do NCPC, prevê
que se o executado pretender a utilização de terceiros para execução da
obrigação de fazer, o exequente terá direito de preferência para optar pela
execução ou determinação de quem faça, podendo exercer tal opção no prazo de
cinco dias.
Art. 820. Se o exequente quiser executar ou mandar executar, sob sua direção e
vigilância, as obras e os trabalhos necessários à realização da prestação, terá
preferência, em igualdade de condições de oferta, em relação ao terceiro.
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Parágrafo único. O direito de preferência deverá ser exercido no prazo de 5 (cinco) dias,
após aprovada a proposta do terceiro.
Por fim, se a obrigação de fazer for pessoal, o juiz irá assinalar prazo para
cumprimento pelo próprio executado. Em não sendo cumprida, converte-se a
obrigação em perdas e danos, que passará a ser executada como obrigação de
pagar quantia certa.
Art. 821. Na obrigação de fazer, quando se convencionar que o executado a satisfaça
pessoalmente, o exequente poderá requerer ao juiz que lhe assine prazo para cumpri-la.
Parágrafo único. Havendo recusa ou mora do executado, sua obrigação pessoal será
convertida em perdas e danos, caso em que se observará o procedimento de execução
por quantia certa.
5.2 Obrigação de Não Fazer
Em relação à obrigação de não fazer, temos dois dispositivos no NCPC. Confira:
Art. 822. Se o executado praticou ato a cuja abstenção estava obrigado por lei ou
por contrato, o exequente requererá ao juiz que assine prazo ao executado para desfazê-
lo.
Art. 823. Havendo recusa ou mora do executado, o exequente requererá ao juiz que
mande desfazer o ato à custa daquele, que responderá por perdas e danos.
Parágrafo único. NÃO sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em
perdas e danos, caso em que, após a liquidação, se observará o procedimento de execução
por quantia certa.
O cumprimento da obrigação de não fazer abrange também a de desfazer. Assim,
caso haja receio de que a parte irá efetuar a prestação quando não o pode fazer
em face de um título perante a parte se, o interessado poderá ingressar com a
tutela em juízo. Caso haja, execução, incide a multa.
Por outro lado, caso executado, o magistrado poderá impor multa para que a
parte desfaça. Se a parte não desfizer, podemos ter a determinação para haja
desfazimento a custa do executado ou conversão em perdas e danos.
6 - Execução por Quantia Certa
6.1 - Introdução
A partir desse ponto da aula nossa ocupação será a compreensão da execução
de uma obrigação de dar específica: a entregar de dinheiro. Essa obrigação, por
envolve a prestação de dinheiro ± bem fungível por excelência ±, é a mais comum
no Direito Processual Civil.
Em face disso, a execução por quantia certa recebe a disciplina mais detalhada
dos procedimentos de execução. Para que você tenha ideia, vamos abranger
neste capítulo o estudo dos arts. 824 a 909, todos do NCPC.
Além disso, essa extensa regrativa se aplica também aos demais
procedimentos de forma subsidiária.
Podemos extrair de todo o procedimento de execução por quantia certa, quatro
fases bem delimitadas:
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De todo modo, vamos iniciar com a análise detalhada dos bens absolutamente
impenhoráveis.
O art. 833 prevê doze hipóteses, contudo, antes de você estudar cada uma delas
é fundamental que você compreenda que existem várias flexibilizações. Em
determinadas situações, ou sob determinadas condições, bens absolutamente
penhoráveis podem ser penhorados. São as exceções ao dispositivo!
Para você entender: por exemplo, os bens que
guarnecem a residência do executado, em regra
não será penhoráveis. Mas se nessa residência
houver um quadro famoso, de alto valor, esse
quadro poderá ser objeto de penhora.
Feito o alerta, vamos analisar o dispositivo:
Art. 833. SÃO IMPENHORÁVEIS:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência
do executado, SALVO os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades
comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, SALVO se de
elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os
proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as
quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do
devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de
profissional liberal, RESSALVADO o § 2o [pagamento de obrigação alimentícia e valores
superiores a 50 salários mínimos];
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros
bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, SALVO se essas forem
penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, DESDE QUE trabalhada pela
família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória
em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta)
salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos
da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de
incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
Vamos destrinchar objetivamente cada uma das situações descritas acima, com
as particularidades e exceções?!
SÃO ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEIS OS BENS INALIENÁVEIS E AQUELES
DECLARADOS POR ATO VOLUNTÁRIO.
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O bem que estiver gravado com a cláusula de inalienabilidade, na forma descrita
nos arts. 1.711 a 1.722 do NCPC, não podem penhorados.
Nesse inc. I está o bem de família que recebe, por intermédio da Lei 8.009/1990,
a proteção legal da impenhorabilidade absoluta.
Um exemplo de inalienabilidade por ato voluntário é o caso de testamento, no
qual a pessoa transfere a herança com cláusula de impossibilidade de venda do
bem.
ª SÃO ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEIS OS BENS DE USO PESSOAL, EXCETO OS DE ALTO
VALOR.

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