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Aula 9

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Aula 9
Inadequação do vocabulário
Como você já sabe, é muito comum cometer erros na hora de escrever.
Por isso, é importante conhecer muito bem a Língua Portuguesa para tornar sua escrita clara, concisa e coerente.
Mas não adianta ampliarmos nosso
vocabulário se não tivermos o cuidado
de usá-lo adequadamente, não é mesmo?
Equívocos na escrita
Vejamos, agora, alguns equívocos cometidos no momento da escrita:
Personificação do texto
Provavelmente, você já deve ter lido algo como: “O texto fala que...”.
Essa construção é inadequada, uma vez que o texto não é uma pessoa.
Logo, ele não fala, não comenta, não diz, e sim:
• Aponta para um fato;
• Sugere ou insinua algo;
• Leva-nos a compreender uma situação;
• Indica posicionamentos etc.
Uso da expressão “no texto” como sujeito
Não podemos usar a expressão “no texto” como sujeito da oração, como em:
No texto aborda o tema da acentuação.
Afinal, essa expressão contém a seguinte contração:
Sua união com o substantivo “texto” transforma tal elemento lexical em um adjunto adverbial deslocado, que aparece, geralmente, no início da frase e vem precedido de vírgula.
Para que “texto” seja sujeito da oração, é preciso retirar a preposição do sintagma e a vírgula posterior a ele. Sendo assim, teremos: 
Cuidados com usos da língua
Ao escrever um texto, atente para os seguintes termos e expressões:
TÃO POUCO X TAMPOUCO
A palavra “tampouco” possui valor negativo. Veja:
TAMPOUCO - advérbio = “também não”.
Exemplo 1
Por isso, não podemos usar outro vocábulo de negação antes dela, como “não” ou “nem”.
Quem não compreende um olhar tampouco entenderá uma longa explicação. Mário Quintana
Exemplo 2
Já a expressão “tão pouco” possui o sentido de “muito pouco”.
Veja como ela é formada: TÃO POUCO = TÃO (advérbio de intensidade) + POUCO (pronome indefinido)
Sabemos tão pouco do que estamos a fazer neste mundo, que eu me pergunto a mim próprio se a própria dúvida não está em dúvida. Lord Byron
REGISTRAR X INFORMAR
Exemplo
Estes dois verbos são muito utilizados na escrita cotidiana, mas a forma “registrar que” não é aceita pela norma culta com o mesmo sentido de “informar que”. No lugar daquela, devemos optar por “avisar”, “comunicar” etc.
CERCA DE X ACERCA DE X HÁ CERCA DE
Não confunda estas expressões:
CERCA DE = “mais ou menos”, “aproximadamente”;
ACERCA DE = “sobre”, “a respeito de”;
HÁ CERCA DE = “faz mais ou menos”, “existem”.
 
Exemplo 1
Alagoano de 14 anos cria aplicativo e fatura cerca de R$ 100 mil por mês.
Exemplo 2
Prezados senhores,
Em complementação a nosso último encontro acerca dos novos preços, solicitamos o envio da planilha de custos.
Atenciosamente,
André. P. Lima Filho.
Exemplo 3
Em Lisboa, há cerca de 500 alunos em escolas que deixaram de ter telefones.
APELAR A X APELAR PARA 
A preposição correta para o verbo “apelar” é “para”. Não se “apela a alguém”, mas sim “para alguém”.
Exemplo
“- Na sexta-feira, eu não tinha um time para montar. No sábado de manhã, Diego Souza pediu para não treinar, porque estava mal, e foi um momento de superação. Apelamos para o elenco, e eles responderam bem, como Neto Moura e Régis. Trabalhar com um grupo assim me dá orgulho, porque, no dia que não der taticamente, eles vão buscar no braço.”
Entretanto, em linguagem jurídica, podemos “apelar de”, com o sentido de “recorrer por apelação”.
Exemplo
O advogado apelou da sentença.
PREÇO CARO X PREÇO ALTO
O preço só pode ser “alto” ou “baixo”, nunca “caro” ou “barato” – atribuições relativas ao produto.
Exemplo 1
3
Exemplo 2
Os produtos da loja X são caros.
Os produtos da loja X possuem preços altos.
CUSTEI PARA X CUSTOU-ME
Na linguagem cotidiana, é comum as pessoas usarem frases do tipo:
A garota custou a entender a explicação.
Mas, quando possui o sentido de “ser custoso, difícil”, o verbo “custar” só pode ser empregado em 3ª pessoa.
Exemplo
Falta de lógica e erros de sintaxe
Como vimos ao longo da aula, escrever é uma tarefa bem difícil, porque há a possibilidade de nos equivocarmos com o uso de termos e de expressões que, geralmente, causam certa confusão – como os já mencionados.
Além disso, no momento da escrita, também é possível cometer erros de sintaxe e outros muito comuns que ferem a lógica textual.
Queísmo
O uso excessivo da partícula “que” prejudica a leitura do texto.
Exemplo:
O fato de que a mulher que seja bonita tenha de entender os erros dos outros e perdoá-los não parece que seja correto.
Você percebeu como essa frase ficou extensa demais e um tanto confusa?
O ideal é utilizar períodos mais curtos, sem a necessidade de muitos conectivos, tais como o “que”.
Interrupções
Analise o seguinte exemplo:
Sustentabilidade, na minha opinião,
é preservar o meio ambiente.
Se você não for uma autoridade no assunto, não é recomendável utilizar expressões como “na minha opinião”, “acho que”, “penso que” etc.
Expressões cristalizadas e clichês
Na escrita, devemos evitar expressões que, de tão consagradas por seu uso, acabaram se tornando cristalizadas ou, até mesmo, desnecessárias, pois isso
contribui para que o texto seja pobre e comum. Mas, às vezes, o clichê pode ser uma estratégia de marketing, tal como ocorre com a expressão “cabe no seu bolso”, presente na propaganda a seguir:
Truísmo
O uso de truísmo ou verdades evidentes torna nosso texto pobre, pois essas questões já são conhecidas por todos, ou seja, fazem parte do senso comum.
Exemplo
Todos os homens são mortais.
São Paulo: o maior centro industrial da América Latina.
Pelé é considerado o rei do futebol.
A criança de hoje será o adulto de amanhã.
Os idosos são pessoas que viveram mais que os jovens.
Gerundismo
Entre os problemas citados pelos estudiosos acerca do uso da Língua Portuguesa, está o gerundismo – alvo, aliás, de muita polêmica.
Você saberia quando usar o gerúndio de forma adequada em um texto? Vamos descobrir sua real função em nossa língua?
Para começar, leia o trecho de uma canção de Gilberto Gil:
Olha, lá vai passando a procissão
Se arrastando que nem cobra pelo chão 
As pessoas que nela vão passando Acreditam nas coisas lá do céu
As mulheres cantando tiram versos
E os homens escutando tiram o chapéu
Eles vivem penando aqui na terra
Esperando o que Jesus prometeu [...]
Como você percebeu, aqui, o gerúndio foi utilizado para descrever uma cena que se desenvolve enquanto a música é cantada, ou seja, algo que está acontecendo naquele momento.
Essa procissão é mostrada por meio de uma série de verbos na forma simples do gerúndio: passando, arrastando, cantando, escutando, penando, esperando.
Tal uso corresponde àquele prescrito pelas gramáticas: o que indica uma ação progressiva, um processo prolongado.
O gerúndio também pode ser usado quando tratamos de uma ação concomitante a outra.
Exemplo:
Sempre cozinho ouvindo música.
Mas, o problema em relação a esse tempo verbal reside no uso frequente de sua forma composta:
Sob o ponto de vista da gramática normativa, a frase a seguir está correta:
Vou estar cozinhando na hora da festa.
Afinal, aqui, o verbo indica uma ação que ocorrerá no momento de outra.
Entretanto, quando não queremos comunicar a ideia de eventos simultâneos, devemos evitar o gerúndio e o famoso fenômeno que deriva de seu uso inadequado: o gerundismo.
A oração em destaque enfatiza uma ação específica, pontual, que vai acontecer a partir de agora, do momento de fala. Nesse caso, sua duração NÃO é a preocupação dominante, e o uso do infinitivo representa garantia de seu cumprimento. 
Por isso, esse uso do gerúndio é inapropriado, porque perdemos a referência da ação em si, o que torna um evento que deveria ser preciso em uma situação em curso.
Exemplo:
Neologismos
Vamos conhecer, agora, os neologismos.
Trata-se de palavras novas, criadas pelo falante ou herdadas de outra língua.
Um exemplo
é o verbo “deletar”, que vem do inglês “delete”, mas com adaptações ao sistema lexical português, ou seja, às regras gramaticais da Língua Portuguesa.
Como se trata de um verbo, ele deve ter as características formais dessa classe de palavras. Disso resulta sua terminação referente à primeira conjugação: DELETAR.
Jargões
Vamos conhecer, agora, os jargões.
Trata-se de uma linguagem técnica, própria de determinada área de atuação. Por exemplo, há jargões das áreas jurídica, médica etc. Cada uma possui um vocabulário específico.
Mas CUIDADO ao usar esse tipo de linguagem para que não deixe ninguém perdido em casos como o apresentado na charge a seguir:
Temos de evitar o uso de jargões em situações que não sejam exclusivas daquele campo de atividade profissional. Isso também vale para o texto escrito: não podemos exagerar nos jargões se o texto vai ser lido por pessoas de qualquer área do conhecimento.

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