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Teoria do Ordenamento Jurídico
Nos capítulos anteriores você aprendeu que o Direito tem por finalidade regular comportamentos sociais (garantindo harmonia e equilíbrio) e o faz por meio de normas jurídicas que visam ordenar as condutas humanas, impondo deveres às pessoas em função de outras pessoas. Por isso, pode o Direito ser estudado sob o ponto de vista estático e sob o ponto de vista dinâmico.
Neste capítulo, você estudará o Direito sob o seu ponto de vista dinâmico, ou seja, daremos início ao estudo das relações jurídicas, relações que compõem o que se denomina conceitos jurídicos fundamentais.
O convívio em sociedade, sem dúvida, gera inúmeras e complexas relações que, enquanto não forem normatizadas, não podem ser tidas como jurídicas.
São denominadas relações sociais puras que decorrem de princípios éticos e do trato social e podem ser verificadas em uma infinidade de situações cotidianas como a amizade, a sociabilidade, os bons modos.
As relações sociais interessarão ao Direito quando a norma assim o determinar, querendo os sujeitos a ela se subordinar ou não. Dessa forma, as relações sociais, independente de sua natureza, quando subordinadas a uma norma, farão nascer o que se denomina relação jurídica, submetendo-se os seus sujeitos a um conjunto de deveres e obrigações determinados pela lei. Então, a relação jurídica pode ser considerada uma espécie do gênero relação social.
EXEMPLO
Convívio em sociedade
As relações de natureza moral e religiosa, enquanto mantidas dentro dos limites legais não interessam ao Direito, pois são meramente relações sociais."
Relação jurídica: conceito e distinções
CURIOSIDADE
As relações jurídicas seriam então formadas por:
UM ELEMENTO MATERIAL
Relação social entre os sujeitos
UM ELEMENTO FORMAL
O fato social, para Savigny, era determinante na formação da relação jurídica, o que significa afirmar que um fato social ganhará a qualidade de jurídico quando ocorrer entre duas ou mais pessoas para satisfazer interesses considerados legítimos, estando este vínculo normatizado pelo Direito.
Ao Estado, desta forma, cabe impor normas de conduta às diferentes relações sociais, selecionando aquelas que considera importantes ao ponto de se conferir uma tutela jurídica; ou seja, não havendo norma incidente a relação será apenas considerada social ou fática.
Fortemente influenciada por esta ideia de relação jurídica, desenvolveu-se a teoria brasileira.
COMENTÁRIO
Nas palavras do jurista brasileiro Miguel Reale: 
“Quando uma relação de homem para homem se subsume ao modelo normativo instaurado pelo legislador, essa realidade concreta é reconhecida como sendo relação jurídica.” (Lições Preliminares de Direito, p. 211.)
A afirmação de Reale significa que uma relação social (entre pessoas) transforma-se em uma relação jurídica quando seus efeitos podem ser subordinados às prescrições e determinações legais. Podendo-se, desta forma, afirmar que nem toda relação social será uma relação jurídica, mas toda relação jurídica é uma relação social.
No entanto, há controvérsia doutrinária sobre ser o Direito o criador da relação jurídica ou se esta preexiste à determinação jurídica.
A CORRENTE JUSNATURALISTA
Entende que o Direito tão somente reconhece a existência da relação que é preexistente, oferecendo-lhe proteção.
A CORRENTE POSITIVISTA
De fato, hoje se entende que há relações jurídicas que são preexistentes à normativa e outras que passam a existir a partir dessa. Qualquer que seja a hipótese, salientaPontes de Miranda, a relação jurídica é o lado eficacial da incidência das normas de direito sobre os suportes fáticos e, por isso, a relação jurídica se forma quando correspondente a uma conduta prevista na norma.
É preciso ter em mente que são as relações jurídicas que conferem dinamicidade ao Direito e, transformado o fato em fato jurídico (lato sensu = em sentido amplo) e, por isso, devem estar presentes os seguintes elementos:
Conteúdo da Relação Jurídica
Os homens, ao estabelecerem uma relação jurídica, criam entre si direitos e obrigações, decorrentes do direito subjetivo de uma das partes, ou mesmo das duas. Tais direitos e obrigações compõem o conteúdo da relação jurídica.
Em um contrato de locação, o conteúdo seria os direitos e obrigações do locador (o poder de exigir o preço e o dever da entrega da coisa para o uso manso e pacífico do locatário) e do locatário (o poder de exigir a entrega da coisa para seu uso e fruição sem ser perturbado e o dever de pagar o preço), sintetizado na expressão “locação”.
A constituição de uma relação entre sujeitos jurídicos, sendo o sujeito ativo titular de um direito subjetivo e o sujeito passivo titular de um dever jurídico. Trata-se, portanto, da formação de um vínculo de sujeição.
Os poderes do sujeito ativo incidirão sobre o objetivo imediato (prestação devida — dar, fazer ou não fazer) e sobre um objeto mediato (objeto propriamente dito).
Acontecimento idôneo que gerará as conseqüências jurídicas pretendidas pelas partes e (de)limitadas pela lei (vínculo de atributividade ou fato gerador).
tência de submissão de uma pessoa a outra (vínculo), em função de determinado fenômeno qualificado juridicamente (fato gerador), por meio do qual se lhe exige certa conduta (objeto mediato), que pode ser comportamento positivo (ação), ou negativo (omissão), em torno de um bem jurídico protegido (objeto mediato). De poderes, de deveres gerais e de sujeições (deveres e obrigações) compõem-se, assim, essas interações, na medida da realização dos valores protegidos e da consecução dos fins visados, individualmente, pelos envolvidos.
(Curso de Direito Civil, p. 49.)
Sabendo que a relação jurídica não envolve unicamente os sujeitos que dela fazem parte, mas também, o relacionamento destes com o ordenamento jurídico, pode-se classicamente representar a situação jurídica da seguinte maneira:
A teoria deve ser pensada quando do estudo da teoria da relação jurídica, sem extinguir por completo a necessidade de estudo dos elementos clássicos da relação jurídica.
Dos sujeitos da relação jurídica
Tratando-se a relação jurídica de vínculo intersubjetivo, em que sujeitos irão exercer determinada posição em uma situação jurídica (titularidade), presentes estarão:
	O sujeito ativo como titular do direito que terá a faculdade de exercê-lo em face do sujeito passivo, exigindo o cumprimento de um determinado dever jurídico.
	O sujeito passivo aquele que está subordinado ao direito do sujeito ativo.
Em cada um dos polos (ativo e passivo) poderemos identificar uma ou mais pessoas conforme a natureza do vínculo jurídico, podendo ser pessoas naturais ou jurídicas ou entes despersonalizados.
Para fazer parte de uma relação jurídica é necessário ser uma pessoa.
No Direito moderno, pessoa passou a ser sinônimo de sujeito de direitos ou sujeito de relação jurídica, ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações.
PESSOA FÍSICA OU NATURAL
É o ser humano com personalidade jurídica. (Denominação preferida pela doutrina mais moderna).
PESSOAS JURÍDICAS
Decorrem da união de pessoas ou patrimônios para a consecução de determinados fins, reconhecidos pela norma jurídica que lhes confere personalidade jurídica própria. (Pessoa moral, pessoa civil, pessoa fictícia, ser de existência moral).
Para caracterizar uma pessoa jurídica é necessário: licitude de objetivo/finalidade; capacidade jurídica e organização.
As pessoas jurídicas adquirem personalidade jurídica a partir do registro de seus atos constitutivos no Registro competente (art. 45, CC). O ato constitutivo tem origem em:
	Ato jurídico bilateral ou plurilateral inter vivos no caso das associações e sociedades.
	Ato jurídico unilateral inter vivos (escritura pública) ou causa mortis (testamento) no caso das fundações.
Há, ainda, sociedades que exigirão autorização do governo para adquirir personalidade como é o caso das seguradoras e das sociedades estrangeiras.
Os entes despersonalizados são aqueles que, embora sejam capazesde adquirir direitos e contrair obrigações, não adquiriram personalidade jurídica seja porque não preencheram os requisitos estabelecidos na lei, seja porque sua situação jurídica é considerada sui generis. São universalidades de direito (art. 91, CC) que podem ou não possuir capacidade processual. São, por exemplo, considerados entes despersonalizados: o camelô não regularizado, a massa falida, o espólio, o grupo de consórcio, entre outros.
Dessa forma, sujeito da relação jurídica poderá ser a pessoa natural, a pessoa jurídica e os entes despersonalizados.
RESUMO
Sujeito ativo — pessoa natural ou jurídica ou ente despersonalizado que possui uma faculdade de agir em face do sujeito passivo.
Sujeito passivo — pessoa natural ou jurídica ou ente despersonalizado que possui um dever de agir em face do sujeito ativo.
Do objeto da relação jurídica
O objeto é o meio para se atingir a finalidade da relação jurídica. Sobre o objeto o sujeito ativo exerce sua faculdade de agir, impondo ao sujeito passivo um dever jurídico.
O objeto imediato (direto) da relação jurídica é o que toca imediatamente o sujeito, ou seja, é a prestação, sempre representada por uma conduta humana: dar, fazer, não fazer.
Dar e fazer são condutas consideradas positivas, pois exigem uma ação do sujeito passivo em benefício do sujeito ativo. Já não fazer é considerada conduta negativa, pois exige uma abstenção (omissão) lícita do sujeito passivo em benefício do sujeito ativo.
EXEMPLO
Os contratos de compra e venda têm, por objeto imediato, uma obrigação de dar; os contratos de prestação de serviço uma obrigação de fazer e cláusulas que imponham uma abstenção como, por exemplo, nos contratos publicitários não aparecer em público utilizando outras marcas (cláusulas de exclusividade) têm por objeto imediato uma obrigação de não fazer.
Quando se pergunta dar, fazer ou não fazer o quê(?) a resposta identificará o objeto mediato (indireto), que são os bens jurídicos sobre os quais recai a relação jurídica.Bem jurídico é tudo aquilo que tem valor, utilidade ou interesse moral ou econômico e que é protegido pelo Direito. Por isso, se o objeto tem valor econômico diz-se que a relação jurídica é patrimonial; quando o objeto não tem valor econômico diz-se que a relação jurídica é não patrimonial.
Fato gerador ou vínculo de atributividade da relação jurídica
Fato gerador ou vínculo de atributividade da relação jurídica é o que transforma uma relação social em uma relação jurídica, ou seja, o que confere ao sujeito ativo a faculdade de exigir do sujeito passivo um determinado comportamento.
COMENTÁRIO
Nas palavras de Miguel Reale:
Entendemos por fato jurídico todo e qualquer fato, de ordem física ou social, inserido em uma estrutura normativa. Por dois modos essa correlação se opera. Em verdade, o elemento fático existe tanto quando se formula a hipótese normativa (‘Se F é’, isto é, se um fato ocorrer que corresponda à hipótese F) como quando, na mesma norma, se prevê a consequência que deverá ou poderá sobrevir por ter ou não ocorrido F: ‘deverá ser C ou D’. O fato, em suma, figura, primeiro, como espécie de fato prevista na norma (Fattispecie, Tatbestand) e, depois, como efeito juridicamente qualificado, em virtude da correspondência do fato concreto ao fato-tipo genericamente modelado na regra de direito: desse modo, o fato está no início e no fim do processo normativo, como fato-tipo, previsto na regra, e como fato concreto, no momento de sua aplicação.
Lições Preliminares de Direito, p. 200-201.
Assim, o fato considerado em uma estrutura normativa, dá origem ao fato jurídico ou a ele impõe consequências. Analisando-se o fato jurídico por meio da estrutura lógica da norma teríamos o que se denomina de suposto jurídico, ou seja, a hipótese da qual depende a realização dos efeitos predeterminados na lei (se A é, B deve ser). Dessa forma, o fato jurídico seria a realização do suposto da norma jurídica (hipótese) que produzirá os efeitos ou consequências previstos em lei.
Os fatos jurídicos englobam uma série de atos e fatos que podem ser resumir no quadro adiante:
Fatos jurídicos
FATO JURÍDICO LATO SENSU
São acontecimentos que produzem efeitos jurídicos, originando, a modificando ou extinguindo relações jurídicas. Assim, fato jurídico em sentido amplo é o elemento que dá origem aos direitos subjetivos, impulsionando a criação da relação jurídica, concretizando as normas jurídicas.
FATO JURÍDICO STRICTO SENSU
São acontecimentos independentes da vontade humana que produzem efeitos jurídicos (criando, modificando ou extinguindo direitos).
FATO ORDINÁRIO
São os mais comuns e de maior importância, pois previsíveis, regulares, comuns — nascimento, morte, maioridade, aluvião, avulsão, decurso do tempo (usucapião, prescrição e decadência) etc.
FATO EXTRAORDINÁRIO
São os que escapam à previsibilidade ou controle humano: caso fortuito e força maior. Caracterizam-se pela presença de dois requisitos: a) objetivo: inevitabilidade do evento; b) subjetivo: ausência de culpa na produção do acontecimento.
EXEMPLO
Na força maior conhece-se a causa que dá origem ao evento, pois se trata de um fato da natureza (raios, vendavais, enchentes etc.).
No caso fortuito o acidente que gera o dano advém de causa desconhecida, como cabo elétrico que se rompe e cai sobre fios telefônicos causando incêndio. No entanto, o caso fortuito também pode ser ocasionado por fato de terceiro como greve, motim, factum principis etc.
Atos jurídicos
ATO JURÍDICO LATO SENSU
São fatos jurídicos voluntários — decorrem da manifestação da vontade humana. São atos que constituem em simples declarações de vontade que produzem efeitos já estabelecidos na lei.
ATO LÍCITO 
São os praticados em conformidade com a lei, moral e bons costumes.
ATO ILÍCITO
É ato praticado com culpa em sentido amplo que produz lesão a um bem jurídico e faz nascer a obrigação de indenizar, como por exemplo, o abuso de direito previsto no art. 187, CC.
ATO JURÍDICO STRICTO SENSU
É o ato que gera consequências jurídicas previstas em lei e não pelas partes interessadas, como casamento, reconhecimento de paternidade, fixação de domicílio, apropriação de coisa abandonada etc. Surgem como mero pressuposto de efeito jurídico preordenado pela lei.
NEGÓCIO JURÍDICO
São atos jurídicos que consistem em declarações de vontade humana destinadas a produzir determinados efeitos, permitidos em lei e desejados pelo agente como contratos e testamentos.
ATO-FATO JURÍDICO
Ressalta-se a consequência do ato, o fato resultante, sem se levar em consideração a vontade de praticá-lo. Muitas vezes o efeito do ato não é buscado nem imaginado pelo agente, mas decorre de uma conduta e é sancionado pela lei, como no caso da pessoa que acha casualmente um tesouro. A conduta do agente não tinha por fim imediato adquirir-lhe a metade, mas tal acaba ocorrendo por força do disposto no art. 1.264, CC.
Espécies de relações jurídicas
As relações jurídicas podem ser classificadas em diferentes espécies que variam conforme os fatos sociais que lhes deram origem ou de acordo com a norma que a regulamenta.
ABSTRATAS E CONCRETAS
As relações jurídicas abstratas não individualizam os seus titulares até que o fato seja praticado por alguém.
As relações jurídicas concretas possuem seus titulares perfeitamente individualizados.
SIMPLES E COMPLEXAS
Simples é a relação jurídica constituída por um só direito subjetivo, havendo um sujeito no polo ativo e outro no polo passivo (ex.: doação simples).
Complexa é a relação jurídica que contém diversos direitos subjetivos, ocupando seus sujeitos simultaneamente o polo ativo e o polo passivo (ex.: contrato de compra e venda cujas obrigações são recíprocas).
PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS
As relações jurídicas principais são aquelas cuja existência não depende de nenhuma outra relação jurídica, são, portanto, autônomas (ex.: contrato de locação).
As relações jurídicas acessórias são aquelas cuja existência está diretamente determinada à existência e validadede uma relação principal (ex.: contrato de fiança).
PÚBLICAS E PRIVADAS
As relações jurídicas públicas são as tuteladas pelo Direito Público (p.ex. Direito Internacional Público, Direito Penal, Direito Constitucional) e, como um ente público faz parte da relação jurídica, são caracterizadas por serem relações de subordinação ou autoritárias. As relações jurídicas privadas são as tuteladas pelo Direito Privado (ex.: Direito Civil, Direito Empresarial).
PESSOAIS, OBRIGACIONAIS E REAIS
As relações jurídicas pessoais decorrem da relação entre o titular do direito e um determinado número de pessoas em que a conduta de uma delas destina-se a satisfazer o interesse da outra (ex.: direitos de personalidade).
As relações jurídicas reais decorrem de poderes ou faculdades de uma pessoa sobre uma coisa (ex.: posse e propriedade).
As relações jurídicas obrigacionais decorrem do vínculo entre credor e devedor conferindo àquele o direito de exigir uma determinada prestação e o direito e dever deste em cumpri-la (ex.: contratos).
ABSOLUTAS E RELATIVAS
As relações jurídicas absolutas são aquelas que se impõem erga omnes, ou seja, que vinculam aos seus efeitos todas as pessoas (ex.: propriedade, uso, habitação).
As relações jurídicas relativas são aquelas cujos efeitos só se produzem entre as partes diretamente envolvidas na relação – diz-se interpartes. (ex.: contratos em geral).
ESPECIAIS (SOLENES) OU INFORMAIS
Especiais são as relações jurídicas em que a lei impõe uma forma especial como elemento de validade ou de eficácia (ex.: art. 108, CC).
Informais são as relações jurídicas que geram efeitos independente de qualquer forma (ex.: compra e venda de bem móvel).
DURÁVEIS, NÃO DURÁVEIS E EFÊMERAS
Relações jurídicas duráveis são aquelas em que não há prazo determinado de duração (ex.: casamento); relações jurídicas não duráveis ou temporárias são as que determinam um vínculo jurídico por tempo ou fato determinado (ex.: locação por tempo determinado); relações jurídicas efêmeras são as que se extinguem em brevíssimo espaço de tempo (ex.: comprar um café na cantina).
TRIANGULARES (TRILATERAIS), BILATERAIS E PLURILATERAIS
As triangulares são relações jurídicas tipicamente processuais, ou seja, decorrem do vínculo entre o autor da ação, o requerido e o juiz. As bilaterais são relações típicas na formação dos contratos, por exemplo, em que uma pessoa se vincula a outra para a satisfação de uma determinada prestação. Nas relações plurilaterais poderá haver multiplicidade de sujeitos no polo ativo e/ou no polo passivo, como ocorre nos acordos coletivos.
Relação jurídica de Direito Material e de Direito Processual
Quando se pretende dar proteção judicial a uma relação jurídica a chamamos de tutela (defesa) do direito, devendo ser realizada por meio da intervenção do Poder Público (Poder Judiciário).
Pode-se afirmar que a todo direito subjetivo corresponde uma pretensão (faculdade de exigir uma prestação de outrem) e a toda pretensão corresponde uma ação (meio processual para se obter uma tutela do direito ameaçado ou violado).
ATENÇÃO
A proteção das relações jurídicas pode ser verificada por duas perspectivas:
OBJETIVA
É a proteção conferida pelas normas jurídicas a um direito subjetivo.
SUBJETIVA
É o poder conferido ao titular do direito de exigir de outrem o respeito e a observação a este direito.
Dessa forma, o titular de um direito subjetivo, tendo a faculdade de exercê-lo, conta também com a garantia de tutela deste direito pelo Estado.
O meio pelo qual se exerce a tutela do direito denomina-se ação (judicial), processo em que o titular de um direito ingressa em juízo para pleitear a sua defesa ou promoção, declaração ou extinção.
CONCEITO
O direito de ação (direito público subjetivo) é a faculdade de invocar (direito potestativo por ser um poder jurídico) o Estado para promover a defesa, proteção ou proteção de um direito.
Por isso, pode-se falar em relação jurídica de direito material (direito subjetivo) e relação jurídica de direito processual (pedido de proteção ou realização do direito subjetivo não observado ou não cumprido pelo sujeito passivo).
Assim, a norma de Direito Material prevê o direito subjetivo e a norma de Direito Processual prevê a forma como se exerce a tutela deste direito quando ocorrer sua ameaça ou violação.
Frise-se, no entanto, que, se embora a todo direito subjetivo corresponda uma ação judicial, a recíproca não será verdadeira, ou seja, há ações que visam esclarecer a existência de uma relação jurídica, portanto, será a partir da sentença procedente que o direito subjetivo passará a existir.
EXEMPLO
Uma ação de investigação de parentalidade ou paternidade.
A proteção dada aos direitos subjetivos ocorre especialmente pela sanção, que é a consequência jurídica imposta ao sujeito passivo que deixou de observar ou cumprir um dever jurídico.
As sanções jurídicas têm por principal característica o fato de serem predeterminadas e organizadas. Portanto, falar em sanção (norma secundária) é previamente pensar em descumprimento de um dever (norma primária) pelo sujeito passivo.
As normas primárias podem ser expressas ou implícitas. Dessa forma, as normas penais trazem expressamente as normas secundárias (sanções), deixando implícitas as normas primárias.
EXEMPLO
Art. 121, Código Penal: Art. 121. Matar alguém:
Pena — reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§1º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado§2°. Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena — reclusão, de doze a trinta anos.
Homicídio culposo
§3º. Se o homicídio é culposo:
Pena — detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
§4º. No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
§5º. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
§6º. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
Sendo a sanção a consequência do descumprimento de uma norma primária, a coação será a aplicação forçada da sanção. Ou seja, se o sujeito passivo além de descumprir o dever jurídico que lhe foi imposto, deixar de observar também a respectiva sanção (eficácia preventiva), poderá ser esta imposta coercitivamente pelo juiz (eficácia repressiva).
As sanções podem ser classificadas de acordo com o ramo do Direito:
Civis
Penais
Outras 
Resolução do contrato; prescrição e decadência; cláusula penal etc.
Quanto à natureza as sanções classificam-se em:
COATIVAS
Quando a força é utilizada como recurso para o cumprimento (prisão, apreensão de bens, despejo etc.)
NÃO COATIVAS
Vale, por fim lembrar, que movimentar a máquina judiciária para exigir a proteção ou promoção de um direito é um direito fundamental previsto no art. 5o., LXXIII, da Constituição Federal (cláusula pétrea).
Assim, o direito deação (art. 5o., XXXV, CF) é um direito subjetivo público que impõe ao Estado o dever jurídico de analisar a questão apresentada; ou seja, trata-se de direito de invocar a prestação jurisdicional evitando-se assim o exercício da autotutela ou da justiça com as próprias mãos.
RESUMO
Relação jurídica — vínculo jurídico entre pessoas que confere a uma (sujeito ativo) um direito subjetivo que pode ser exigido de outra (sujeito passivo) que possui um dever jurídico de cumprir a prestação.
Elementos da relação jurídica
Sujeito ativo e sujeito passivo.
Objeto imediato e objeto mediato.
Fato propulsor (fato gerador ou vínculo de atributividade).
Espécies de relações jurídicas
Relação jurídica de direito material — prevê os direitos subjetivos.
Relação jurídica de direito processual — prevê a forma de exercício da tutela dos direitos subjetivos.

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